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III ENCONTRO DA CADEIA PRODUTIVA DA OLIVICULTURA 6ª ExpoAzeite 11,12,13 e 14 de setembro de 2012 Local: Instituto Agronômico - IAC Campinas (SP) Coordenadores Angelica Prela PANTANO Edna Ivani BERTONCINI Juliana Rolim Salomé TERAMOTO

3 Encontro Da Cadeia Produtiva Da Olivicultura

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oliveiras cultivo manual

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  • III ENCONTRO DA CADEIA

    PRODUTIVA DA OLIVICULTURA

    6 ExpoAzeite

    11,12,13 e 14 de setembro de 2012

    Local: Instituto Agronmico - IAC

    Campinas (SP)

    Coordenadores

    Angelica Prela PANTANO

    Edna Ivani BERTONCINI

    Juliana Rolim Salom TERAMOTO

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  • CULTIVO DE OLIVEIRAS NO ESTADO DE SO PAULO Edna Ivani Bertoncini1, Anglica Prela-Pantano2, Juliana Rolim Salom Teramoto3

    1Eng. Agr. Dr. Pesquisadora Cientfica, SAA/APTA Plo Centro Sul, Rodovia SP 127, km 30 CP 28, CEP 13.400-970, Piracicaba, SP, e-mail: [email protected]; 2Eng. Agr. Dr Pesquisadora Cientfica, SAA/IAC Instituto Agronmico, Campinas, SP; 3Eng. Agr. MSc. Pesquisadora Cientfica, SAA/IAC Instituto Agronmico, Campinas.

    A produo de oliveiras concentra-se em pases de clima mediterrneo, que produzem 3,1 milhes de toneladas de frutos por ano, e 95% da produo mundial, sendo que 73% destes so provenientes de pases da Unio Europia (COI, 2012). A produo da Argentina e Chile est ao redor de 1,0 e 0,3% da produo mundial, respectivamente (Chile Oliva, 2012), despontando como promissores concorrentes neste mercado.

    O Brasil totalmente dependente da importao e azeitonas e azeites, com consumo suprido em 86,5% pela Comunidade Econmica Europia, e 13,4% pela Argentina (Embrapa, 2012). Em 2011, a importao brasileira de azeites foi de 63 mil toneladas, com gastos anuais em torno de 500 milhes de reais (CONAB, 2012), sendo o estado de So Paulo responsvel por 50% desse volume importado (Embrapa, 2012).

    Na ltima dcada, houve aumento de 476 e 317% no volume de azeites e azeitonas importados pelo Brasil (COI, 2012). Este aumento deve-se a fatores como: (i) divulgao de benefcios da dieta mediterrnea na sade; (ii) entrada de produtos no mercado interno com preos mais acessveis; (iii) aumento de poder aquisitivo de algumas classes sociais.

    Embora, o Brasil seja o terceiro importador mundial de azeites, atrs apenas dos Estados Unidos e Unio Europia, o consumo per capita do brasileiro, 0,2 kg/habitante/ano, muito baixo quando confrontado a pases como a Espanha e Itlia, com consumo de 23 kg/habitante/ano (COI, 2012).

    O mercado consumidor aquecido aliado a iniciativas de pesquisa e cultivo de oliveiras em alguns estados, assim como a regulamentao do registro e comercializao dos azeites importados pela Instruo Normativa Nmero 1 do Ministrio da Agricultura (MAPA, 2012) que objetiva eliminar a comercializao de azeites fraudados e/ou com caracterizao qumica e sensorial diferente daquela apresentada no rtulo do produto, tm impulsionado inmeros investidores no cultivo das oliveiras.

    A planta de oliveira caracteriza-se por certa rusticidade, no exigindo solos muito frteis, nem regime hdrico especial. Contudo, cultivos comerciais exigem solos bem aerados e frteis. A necessidade de gua anual da cultura em torno de 600-800 mm. Excesso de umidade na poca de florescimento prejudica a fecundao das flores, pois o gro de plen absorve gua, incha e a antera explode antes do momento da fecundao.

  • Excesso de gua na maturao propicia frutos com maior teor de gua e menor teor de azeite, dificultando a centrifugao do azeite, e reduzindo sua qualidade. Tambm, o excesso de gua, nesta poca, pode favorecer a ocorrncia de doenas de fruto como a antracnose (Gloeosporium olivae) causando defeitos no azeite.

    Em cultivos paulistas foram observados nos ltimos veres, rachaduras profundas no caule de oliveiras cultivadas em terrenos mal drenados e/ou com acmulo de gua no colo da planta, decorrentes da ocorrncia de antracnose (Bertoncini et al., 2010). Tambm, a ocorrncia de antracnose nos frutos por ocasio de sua maturao freqente em olivais paulistas, cujo perodo de colheita inicia-se a fevereiro e prossegue at maro/abril, poca de chuvas intensas no estado de So Paulo. Chuvas de granizo nos meses de junho a outubro tm sido observadas em algumas regies produtoras paulistas, causando danos a folhas e caules (Figura 1I), e tambm aos frutos em formao.

    A exigncia nutricional da oliveira no elevada, mas diferenciada das plantas cultivadas em solos sob condies tropicais. Prefere solos com textura mdia e com boa drenagem, com valores de pH em torno de 6,0-6,5, sendo exigente em clcio. Ressalta-se, que a planta de oliveira oriunda de regies mediterrneas, em que os solos apresentam-se naturalmente neutros ou alcalinos. Em nossas condies so necessrios estudos para observar, realmente, se a valores de pH abaixo de 6,0 ocorre produo de azeitonas, e azeites de boa qualidade. So necessrias adubaes foliares da planta com micronutrientes, como o cobre, zinco e boro, pois em condies de neutralidade do solo, pode ocorrer indisponibilidade dos elementos s plantas.

    Antes do plantio, recomenda-se preparo profundo do solo, e calagem em rea total, no ultrapassando valores maiores que o dobro da necessidade de calagem exigida por outras frutferas, de modo que seja mantido o equilbrio com outros nutrientes do solo. Utilizar calcrio dolomtico, e monitorar constantemente o valor de pH do solo, de modo a efetuar novas calagens para manuteno da condio de neutralidade do solo.

    A fosfatagem e gessagem do solo em rea total so recomendveis antes do plantio. Embora, a oliveira apresente sistema radicular superficial, o preparo inicial do solo visando seu aprofundamento, melhora o estabelecimento da cultura e resistncia a perodos secos. Recordar que a oliveira uma planta perene, centenria, com exemplares milenares no mediterrneo, necessitando de um excelente preparo inicial do solo para sua implantao.

    O cultivo de oliveiras em condies paulistas ocorre em regies de alta altitude, como se observa nas paisagens das Figuras 1J e 1K, acima de 900 metros chegando a 1900 metros (Figura 1 C), expondo a cultura a fortes ventos. Observa-se em muitos casos, curvamento das plantas (Figura 1H), e exposio inclusive do sistema radicular da planta.

  • Assim, um tutoramento inicial da planta, efetuado com madeiras e no realizados com bambus frgeis fundamental para o estabelecimento da planta.

    O preparo do solo em rea total, calagem e fosfatagem considerando camadas mais profundas, como por exemplo, a camada 0-0,40 m, ao invs de 0,20 m, e o uso de gesso agrcola quando o teor de Al3+ em subsuperfcie (camada 0,20-0,40 m) estiver acima de 0,5 cmolc dm-3 solo, o teor de Ca2+ for menor 0,4 cmolc dm-3, e a saturao por alumnio (m) maior que 30%, so medidas que proporcionam o aprofundamento do sistema radicular da planta e seu melhor estabelecimento inicial. Ressalta-se que a dose de gesso agrcola aplicada deve ser calculada por critrios agronmicos, e acompanhamento constante por meio de anlise de solo, pois pode carrear bases para camadas mais profundas, em que sistema radicular da planta no absorve, ocasionando perdas econmicas e ambientais.

    Evitar o plantio em covas e o coroamento da planta, como se faz com outras frutferas, procedimentos que concentram o sistema radicular e promove acmulo de gua no colo da planta. Efetuar o plantio em sulcos, como ocorre com o plantio de eucalipto, deixando o colo da planta em posio mais alta em relao ao terreno. O tutoramento das plantas jovens, escolhendo o ramo mais vigoroso para sua conduo fundamental para a implantao do olival.

    Evitar taxas elevadas de adubaes nitrogenadas (aplicar no mais que 30-60 kg/ha de nitrognio), pois, no plantio, no h resposta da planta, e posteriormente ocasiona seu crescimento vegetativo excessivo em detrimento produo de frutos, exigindo maiores gastos com a operao de poda. A aplicao de nitrognio e potssio no solo deve ser evitada em perodos chuvosos, em que as chances de perdas dos elementos por lixiviao so grandes em solos paulistas.

    Em olivais em produo, dados indicam que para a produo de 100 kg de azeitonas, h uma exportao de 0,9; 0,2 e 1,0 kg de nitrognio, fsforo e potssio (Pannelli, 2012), e se considerarmos a produo mdia de 25 kg de azeitonas/planta, e nmero de plantas/ha em torno de 300, teramos a reposio em torno de 70, 15 e 75 kg ha-1 de N, P, K, respectivamente. A necessidade de N, P2O5, K2O, Ca, e MgO, de acordo com Alfei & Panelli, 2002, est em torno de 30-50; 15-30; 50-100; 35-70; e 10-20, respectivamente.

    Taxas maiores de aplicao de fertilizantes podem incorrer no excesso vegetativo da planta, especialmente sob condies de clima subtropical e temperado, reduzindo sua produo, e alterando a qualidade do azeite. H indcios a serem investigados que taxas elevadas de N e K aplicados a solos em nossas condies tenham proporcionado azeites com baixos teores de polifenis, em cultivares como a Coratina e Koroneiki, que produzem

  • frutos ricos nestas substncias, que conferem o amargo e picante do azeite, elevando sua qualidade e valor agregado.

    A oliveira uma planta helifita, necessitando de luz direta para a formao de biomassa, e produo de frutos. Iluminao escassa dos ramos, principalmente no inverno, desfavorece a entrada de luz nas gemas, incidindo negativamente sobre a induo floral, sobre a morfologia floral, e sobre o processo de frutificao (Pannelli & Alfei, 2002). A carncia sucessiva de luz reduz o peso, a cor e o contedo de azeite nos frutos.

    A implantao do pomar com densidade de plantas adequada, e a poda freqente das rvores, alm de melhorar o florescimento e desenvolvimento dos frutos, facilita operaes de manejo e colheita, reduzindo custos de produo. No Brasil, em funo das condies climticas, e do limitado pacote tecnolgico disponvel para a cultura da oliveira, recomenda-se a implantao de pomares com espaamentos entrelinhas e entre plantas mais conservadores, como 6,0 x 6,0 m; 6,0 x 5,0 m; 5,0 x 5,0 m (Bertoncini et al., 2010).

    Inmeros pomares em condies paulistas implantados em espaamentos adensados (5 x 4; 6 x3 m), necessitam, no momento, arrancar as plantas intermedirias, para reduzir o sombreamento, medida drstica a ser tomada, que reverte em custos desnecessrios ao produtor. O espaamento adensado implantado em pases como o Chile, caracteriza-se pelo investimento de grandes grupos econmicos, em condies de clima mais ameno que as condies brasileiras, em que o crescimento vegetativo da planta menor, e a reforma do olival se faz necessria aps poucas dcadas de cultivo, em funo das condies de poda, e mecanizao que estressam as plantas, reduzindo drasticamente sua produo ao longo dos anos.

    A tcnica de poda do vaso policnico parece ser indicada para nossas condies de cultivo, pois prtica, econmica, eficaz na reduo do sombreamento entre plantas, e no interno da copa, e recomendada tanto para colheita manual como mecnica (Pannelli & Alfei, 2002). A tcnica do vaso policnico reduz a altura e volume desnecessrio de biomassa, e proporciona iluminao em todas as partes da planta.

    A poda de formao fundamental para o estabelecimento da cultura (Figura 1B), e evita a poda drstica da planta futuramente (Figura 1G), necessria para a reestruturao da planta, e pode retardar a entrada do olival em produo. A poda realizada sempre em condies repouso desenvolvimento da planta, nos meses aps a colheita, em que se inicia o perodo seco e frio, nos meses de abril a junho. A poda aliada a fatores como falta de gua e frio, induzem o inicio do processo reprodutivo da planta.

    Para as condies gerais brasileiras, e especialmente para o estado de So Paulo, o fator mais limitante ao florescimento e a frutificao da oliveira a reduzida quantidade de

  • horas de frio que a planta submetida ao longo do ano. O florescimento da oliveira ocorre por meio da transformao das gemas vegetativas, que do origem aos galhos/ramos e folhas, em gemas vegetativas ou botes florais.

    Para que isso ocorra so necessrias temperaturas baixas (5 a 7 C) no perodo de inverno, e alternncia de temperaturas entre o dia e noite de 4 a 18 C (Alfei & Pannelli, 2002). A quantidade exata de horas com temperaturas baixas necessrias para o florescimento de cada cultivar no bem conhecida, uma vez que a oliveira predominantemente cultivada em regies em que estas condies so naturais. Estudos (Loussert & Brousse, 1980), e dados de produtividade da oliveira em regies mais quentes, indicam que cultivares como a Arbequina e Koroneiki, so menos exigentes em frio.

    No Brasil, observaes de campo mostram que cultivares idnticos de oliveira tem florescido e frutificado desde 200 at 1000 horas de temperaturas abaixo de 10 C, e a ausncia destas condies tem contribudo para o fracasso da implantao da cultura em locais de clima quente. A cultura, tambm, no tolera invernos muito rigorosos, e atividade fotossinttica da planta inibi-se a temperaturas superiores a 35 C (Alfei & Pannelli, 2002).

    A escolha de cultivares fator relevante na implantao de olivais. Para condies de cultivo brasileiras, deve-se escolher cultivares que exijam menores quantidades de horas de frio, e cujo desenvolvimento vegetativo seja menos vigoroso. Os cultivares comerciais Arberquina, Arbosana e Koroneiki tm sido testados com sucesso no Brasil para extrao de azeite, e o cultivar Ascolana para a produo de azeitonas de mesa.

    A diversificao de cultivares no pomar deve ser priorizada, pois mesmo o cultivar Arberquina tido como autopolinizante, apresenta insucesso no processo de frutificao. O plantio de 3-4 cultivares em cada mdulo de plantio evitaria tal insucesso, alm de reduzir riscos de perdas com pragas e doenas. Recomenda-se realizar o plantio de cada cultivar em fileiras, planta-se um cultivar em cada fileira, facilitando inclusive a colheita, pois a poca de maturao dos frutos para cada cultivar diversa (Alfei, 2012). Ressalta-se que as fileiras intercaladas devem ser cultivadas com cultivares que apresentem perodo de florescimento prximo, como por exemplo, Arbequina, Picual e Koroneiki que so precoces, e Arbosana, Frantoio e Grapollo que so tardias.

    Cabe alertar ao produtor que a compra de mudas e material vegetativo deve ser feita apenas em viveiros idneos e certificados pelo Ministrio da Agricultura, e a entrada de material do exterior no permitida, a no ser que seja via processo de quarentenrio, de modo que se impea a propagao de pragas e doenas ainda no existentes no Brasil.

    A qualidade de um azeite depende em 30% do sistema de extrao, 30% da poca da colheita, 20% do cultivar, 10% do tempo de estocagem, 5% do sistema de transporte e

  • 5% do mtodo de colheita (Alfei & Panelli, 2002), mostrando a importncia do processo de extrao na produo de azeites de qualidade. Na azeitona, o azeite encontra-se armazenado no vacolo da clula vegetal, em teores que variam de 16,5 a 23,5 na polpa, e 1-1,5% no caroo, sendo ambos esmagados para obteno do azeite (Testa, 2009).

    A extrao de azeites no Brasil tem sido realizada com equipamentos importados, s vezes com baixa eficincia de extrao, e falta de assistncia tcnica e manuteno. A compra de extratoras de azeite nem sempre vivel aos pequenos produtores, que certamente tero que se unir para sua aquisio e uso, em associaes ou cooperativas.

    A extrao deve ocorrer no prazo mximo de 24 horas aps a colheita, apenas por processos mecnicos ou fsicos, em condies de temperatura no superiores a 35 C (nem a frio, nem a quente) que no cause alterao no azeite, seguidas dos processos de centrifugao e filtrao, sem qualquer outro processo qumico.

    Estados brasileiros com clima mais ameno como Rio Grande do Sul e Santa Catarina apresentam cultivo de oliveira e extrao crescente de azeite. Estimativas indicam que para o ano de 2012, a rea plantada com oliveiras no Rio Grande do Sul ser de 600 ha, e produo de 20.000 litros de azeites (AUED, 2012), sendo o cultivo apoiado pela Embrapa Clima Temperado e Universidade Federal do Rio Grande do Sul, aliado a recursos dos prprios produtores e suas associaes.

    Outra opo de cultivo so as regies com microclimas favorveis a cultura, como o caso da Serra da Mantiqueira, com altitudes variando de 1000 a 2.798 m, e rea cultivada de cerca de 750 ha (Oliveira, 2012), abrangendo 40 municpios mineiros com apoio e estudos pioneiros da EPAMIG, e os municpios paulistas: So Bento do Sapuca, Campos do Jordo, Natividade da Serra, So Sebastio da Grama, Esprito Santo do Pinhal, guas da Prata, Santo Antonio do Pinhal, Esprito Santo do Pinhal, Pedra Bela, Cssia dos Coqueiros, Monte Verde.

    Na Serra da Bocana, que apresenta altitudes variando de 1.000 a 2.080 metros, com temperaturas mdias anuais de 16,0 C (vero), 14,2 C (primavera), 13,6 C (inverno) observam-se cultivos nas cidades de Silveiras (Figura 1C) e Cunha. No sul do estado de So Paulo, h condies climticas favorveis a cultura, e iniciam-se cultivos na regio de Piedade (Figura 1D), Pilar do Sul.

    H registro de plantas de oliveiras introduzidas em praas pblicas, como o caso de plantas na Vila Mariana, So Paulo, capital, assim plantios que se iniciam em cidades que j tiveram histrico de cultivo de oliveiras associados produo de uva, como o caso de So Roque (Figura 1D).

  • Em abril de 2011, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de So Paulo, criou a Comisso Tcnica para Assessoramento Tcnico-Cientfico do Projeto OLIVA SP, com atribuies de organizar aes conjuntas de pesquisa, desenvolvimento e transferncia de tecnologias, propondo medidas para promover a explorao comercial da cultura da oliveira no Estado de So Paulo (Dirio Oficial, 2011). O grupo formado por pesquisadores dos Institutos de Pesquisa de So Paulo, em parceria com Institutos/Universidades de outros estados, e exterior (Figura 1E).

    Estudos tm sido conduzidos pelo grupo OLIVA SP, testando cultivares no que concerne : fertilidade do solo e nutrio da planta, deteco e manejo de pragas e doenas, controle do mato; uso de fitoreguladores para induo de florescimento; poda das rvores; identificao e caracterizao de produtores paulistas de oliveiras; levantamento de condies climticas visando zoneamento climtico; aperfeioamento de anlises fsico-qumicas de azeites para atender as normas de comercializao e registro de produtos, e anlise sensorial de azeites (Figura 1F).

    Entre as aes do grupo cita-se: - realizao de cursos sobre manejo cultural e anlise sensorial de azeites (Figuras 1A; 1F); - visitas tcnicas, orientaes a produtores e investidores (Figuras 1B; 1D; 1G; 1H; 1J, 1K); - coleta de material vegetal para anlise de doenas; - coleta e interpretao de anlise de solo; instalao e monitoramento de estaes meteorolgicas em propriedades olivcolas, realizao de poda em olivais.

  • A- Cursos em Piracicaba e So Bento Sapuca

    Visitas tcnicas Maria da F e So Bento Sapuca

    B- Poda de formao em Piedade (A) e Silveiras (B)

    C- Oliveiras produzindo em Silveiras, SP, outubro/2011. Foto de Anbal Cury.

    D- Inico de cultivos em Piedade (A) e So Roque (B).

    E- Curso internacional de poda de oliveiras

    Ancona, Marche, Itlia, janeiro de 2012.

    F- Cursos de anlise sensorial de azeites, ExpoAzeite

    G- Poda drstica em planta com idade de 04 anos.

    H- Plantas curvadas (vento)

    I- Rachadura caule (granizo)

    J- Olival So Sebastio da Grama

    K- Olival Joanpolis/Monte Verde

  • Referncias citadas

    ALFEI, B.; PANELLI, G. Guida alla razionale coltivazione dellolivo. Ancona: ASSAM- Agenzia Servizi Settore Agroalimentare, 2002, 239p. AUED, J.A. Hora de abrir a colheita das olivas. Publicado em 5 de abril de 2012 por Olivas do Sul. Disponvel em: http://www.olivasdosul.com.br/hora-de-abrir-a-colheita-das-olivas/. Acesso em 12 de abril de 2012. BERTONCINI, E.I.; TERAMOTO, J.R.S; PRELA-PANTANO Desafios para produo de azeite no Brasil. 2010. Artigo em Hypertexto. Disponvel em: http://www.infobibos.com/Artigos/2010_4/DesafioOliva/index.htm. Acesso em: 12/8/2012 Chile Oliva Asociacion de Productores de Aceite de Oliva. Informe Anual del Mercado de Aceite de Oliva 2010. Disponvel em: http://www.chileoliva.cl/files/INFORME%20ANUAL%20DEL%20MERCADO%202010.pdf Acesso em 14/04/2012 COI INTERNATIONAL OLIVE COUNCIL - http://www.internationaloliveoil.org/news/view/618-year-2011-news/137-market-newsletter-april-2011. Acesso em: 12 de abril de 2012. CONAB Companhia Nacional de Abastecimento. Balana Comercial do Agronegcio. Braslia, 2012. Disponvel em: CONAB. Balana Comercial do Agronegcio. Braslia, 2010. Disponvel em: http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a=547&ordem=titulo. Acesso em: 12 de abril de 2012. Dirio Oficial do Estado de So Paulo. Comisso Tcnica para Assessoramento Tcnico-Cientfico do Projeto OLIVA SP. Portaria APTA n 230, de 31-3-11, Seo I, 121 (61), 1 de abril de 2011. EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria. Cultivo de Oliveira (Olea europaea L.)- Embrapa Clima Temperado Sistemas de Produo, 16. ISSN 1806-9207 Verso Eletrnica. Dez./2011. Disponvel em: http://www.cpact.embrapa.br/publicacoes/catalogo/tipo/sistemas/sistema16_novo/11_mercados_e_comercializacao.htm. Acesso em: 12 de abril de 2012. LOUSSERT, R.; BROUSSE, G. El olivo. Madrid: Mundi-Prensa, 533p, 1980. MAPA Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento. Instruo Normativa Nmero 1, de 30 de janeiro de 2012 Regulamento Tcnico do Azeite de Oliva e do leo de Bagao de Oliva. Dirio Oficial da Unio, 01/02/2012 - Seo 1. OLIVEIRA, N. Minas Gerais se rende ao azeite de oliva. Notcias Agrovalor. 09/04/2012. Disponvel em: http://www.agrovalor.com.br/2011/o-olhar-do-criador/3342-minas-gerais-se-rende-ao-azeite-de-oliva. Acesso em: 12 de abril de 2012. PANNELLI, G.; ALFEI, B. Uma buona illuminazione assicura um ottimo prodotto. Olivo & Olio, n.2, p.38-42, 2010. ALFEI, B. Progettazione e Impianto Olivetto. In: XIII Corso Professionale di Potatura dellOlivo. ASSAM Osimo, Ancona, Itlia, 17 a 20 de janeiro de 2012. CD-ROM. PANNELLI, G. Interventi di tecnica coltorale sul terreno e sulla pianta per uma olivicultura economica e sotenible. In: XIII Corso Professionale di Potatura dellOlivo. ASSAM Osimo, Ancona, Itlia, 17 a 20 de janeiro de 2012. p.1-22. CD-ROM. PRELA-PANTANO; TERAMOTO, J.R.S; BERTONCINI, E.I. Anlises preliminares das condies climticas do estado de So Paulo para o cultivo de oliveiras. 2010. Artigo em Hypertexto. Disponvel em: http://www.infobibos.com/Artigos/2010_3/ClimaOliva/index.htm>. Acesso em: 12/8/2012 TESTA, U. Introduo a anlise sensorial de azeite de oliva. Curso realizado em 23/11/2009 na APTA - Plo Centro Sul, Piracicaba, SP. Disponvel em: http://www.apta.sp.gov.br/olivasp/.

  • LEVANTAMENTO E CARACTERIZAO CLIMTICA DAS LOCALIDADES COM CULTIVO DE OLIVEIRAS ESTADO DE SO PAULO

    Anglica Prela-Pantano, Edna Ivani Bertoncini e Ludmila Bardin-Camparotto 1 Eng. Agr. Dr Pesquisadora Cientfica, SAA/IAC Instituto Agronmico, Campinas,SP. e-mail: [email protected]; 2 Eng. Agr. Dr. Pesquisadora Cientfica, SAA/APTA Plo Centro Sul, Piracicaba, SP e-mail: [email protected]; 3 Eng. Amb. Dra, SAA/IAC Instituto Agronmico, Campinas, SP e-mail: [email protected]

    RESUMO: O Estado de So Paulo apresenta relevo acidentado, posio geogrfica e diferentes influncias de massas de ar que proporciona grande diversidade climtica. A agricultura paulista reflete essa variabilidade, com diferenas significativas em potenciais de produtividade agrcola. O objetivo desse estudo foi analisar as condies climticas das atuais regies produtoras de azeitonas no estado de So Paulo. Verificou-se que a produo de oliveiras, no estado, ocorre em clima Cwa e Cwb, em regies de altas altitudes, com temperaturas baixas nos meses de inverno, sempre abaixo de 17C, e precipitao mdia anual acima de 1300 mm. Cultivos iniciais tm sido constatados no sul do estado de So Paulo, que se caracteriza por regio de reas planas e clima temperado, com mdia mxima de 21C e mdia mnima de 14C. Contudo, nessas reas, as plantas so ainda juvenis, e no apresentaram florescimento e frutificao. Palavras-chave: Olea europea L., condies climticas, florescimento, frutificao

    ABSTRACT So Paulo state presents geografical position and influence of air masses that provides great climatic diversity, and the agricultural activities is a reflection of these natural variability. The aim of this study was to analyze the climatic conditions for current situation of olive production in So Paulo state. It was observed that the olive production is located in climate Cwa Cwb, in regions of high altitude, low temperatures in the winter months, always below 17 C, and average annual rainfall above 1300 mm. Recents olive crops have been found in the southern state of Sao Paulo, which is characterized by flat areas and temperate climate, with average maximum of 21 C and mean minimum of 14 C. However, in these areas, the plants are still young, has not yet flowering and fruiting. Keywords: Olea europea L., climatic conditions, flowering, fructification

    INTRODUO No Estado de So Paulo, devido ao seu relevo acidentado, posio geogrfica e

    diferentes influncias de massas de ar constatam-se grandes diversidades climticas, sendo complexo seu estudo. Segundo Pinto et al. (1972), o prprio tipo e desenvolvimento da agricultura paulista so reflexos desta complexidade, acarretando diferenas significativas

  • em potenciais de produtividades agrcolas. Setzer (1966) realizou o ltimo mapeamento dos tipos de clima para o Estado de So Paulo usando o Sistema de Classificao Climtica de Kppen (ROLIM et al. 2007).

    Segundo Coutinho et al. (2009), no Brasil, a oliveira foi introduzida h vrios sculos e em quase todos os estados, porm com maior freqncia nas regies sul e sudeste de Minas Gerais, Rio de Janeiro, So Paulo, Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, sendo os maiores cultivos atualmente nos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

    O grupo de estudos Oliva SP, ligado Secretaria da Agricultura do estado de So Paulo, identificou diversos cultivos no estado de So Paulo e vem acompanhando e desenvolvendo estudos na rea com objetivo de identificar reas aptas ao cultivo bem como manejo adequado de forma a obter-se o produto final, azeite de qualidade satisfatria.

    O objetivo desse estudo foi analisar as condies climticas de regies onde j se encontram oliveiras no estado, e verificar a semelhana entre esses locais, para futuramente elaborar um zoneamento agroclimtico, o que poder possibilitar a expanso da olivicultura no estado de So Paulo.

    MATERIAL E MTODOS Para identificao dos locais de cultivo de oliveiras, foram realizadas pesquisas junto

    a Casas da Agricultura, visitas a campo e contato direto com produtores de diversas regies do estado. Os dados climticos (temperatura e chuva) foram adquiridos junto ao Ciiagro, Centro de Informaes Agrometeorolgicas na Agricultura, do Instituto Agronmico em Campinas, e a classificao climtica basearam-se em Kppen (Figura 1). Com base nas coordenadas geogrficas elaborou-se o mapa do estado ressaltando as localidades onde j foi identificado o cultivo de oliveiras.

    Figura 1 - Chave para a classificao climtica de Kppen simplificada por SETZER (1966), modificada para a incluso do tipo climtico Am (Tropical Monnico).

    Novos cultivos de oliveiras esto sendo introduzidos no sul do estado de So Paulo, em que as condies climticas no se caracterizam por altitudes elevadas, mas por

  • condies climticas tpicas de clima temperado, com mdia mxima de 21C e mdia mnima de 14C. Contudo, nessas reas, as plantas so ainda juvenis, e no apresentaram florescimento e frutificao, sendo necessrio o acompanhamento dos cultivos e estabelecimento de produes para que entrem como caso de sucesso nos futuros estudos de zoneamento climtico da cultura.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    Na Figura 2 observam-se os municpios onde foram identificados cultivos de oliveiras no estado de So Paulo. De acordo com a classificao climtica de Kppen, as localidades produtoras de oliveiras do estado de So Paulo so classificadas como Cwa e Cwb (Figura 1). Localidades de clima tipo Cwa so consideradas tropical de altitude, com inverno seco, e temperaturas do ms mais quente maior que 22C. O clima Cwb, indica tropical de altitude, com temperatura do ms mais quente inferior a 22C, o que ocorre apenas em Campos do Jordo e Santo Antnio do Pinhal, dentre as localidades analisadas.

    Nestas localidades foram observadas caractersticas climticas semelhantes (Tabela 1) como: - altitude: todos os locais encontram-se a altitude elevada, sempre acima de 700 m. Alguns olivais esto a mais de 1500 m de altitude, como caso de cultivos em Campos do Jordo e no municpio de Silveiras, onde h registro de cultivos a mais de 1800 m de altitude, pois esto em regies montanhosas e ocorre uma grande variao na altitude, quando em macrorregies, como na Serra da Bocaina. - temperatura mdia do ms mais frio: abaixo de 17C - precipitao mdia anual acima de 1300 mm

  • Figura 2 Mapa do estado de So Paulo, com identificao de localidades com cultivo de oliveiras em 2012.

    Tabela 1- Caracterizao climtica de localidades com cultivo de Oliveiras, no estado de So Paulo, 2012.

    Local Altitude (m)

    Temp. Mdia ms mais frio

    (C) Temp. Mdia

    ms mais quente (C)

    Chuva mdia ms mais

    seco (mm)

    Chuva mdia

    anual (mm) Classificao Climtica (Kppen)

    guas da Prata

    840 17,0 23,0 27,4 1583,4 Cwa

    Campos do Jordo

    1597 11,5 17,6 38,0 1891,0 Cwb

    Cssia dos Coqueiros

    890 17,0 22,6 24,8 1598,0 Cwa

    Cunha 860 14,4 20,9 25,0 1458,0 Cwa Esp. Santo do Pinhal

    880 16,2 22,3 27,0 1540,6 Cwa

    Joanpolis 930 15,2 21,7 32,7 1510,0 Cwa Natividade da Serra

    720 16,6 23,5 31,8 1249,6 Cwa

    Piedade 800 15,9 23,0 46,0 1354,7 Cwa So Bento do Sapuca

    880 15,9 22,3 28,0 1986,0 Cwa

    Santo Ant. do Pinhal

    1100 14,0 20,4 31,5 1702,9 Cwb

    So Roque 780 15,7 22,6 38,0 1339,0 Cwa Silveiras 700 17,2 23,7 33,5 1546,8 Cwa

  • CONCLUSES - As atuais regies de cultivo de oliveira no estado de So Paulo, caracterizam-se por regies de elevadas altitudes, de clima Cwa e Cwb, com mdias anuais de precipitao acima de 1300 mm e com temperaturas baixas nos meses de inverno, sempre abaixo de 17C.

    LITERATURA CITADA COUTINHO, F.E.; RIBDEIRO, F.C; CAPPELLARO, T.H. Cultivo de Oliveira (olea europaea L.) Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2009.

    PINTO, H.S., ORTOLANI, A.A., ALFONSI, R.R. Estimativa das temperaturas mdias mensais do Estado de So Paulo em funo de altitude e latitude. So Paulo: IG/USP, 1972. 20p. (Cincias da Terra, Caderno 23).

    ROLIM, G.S.; CAMARGO, M. B. P.; LIMA, D.G.; MORAES, J.F.L. Classificao Climtica de Kppen e de Thornthwaite e sua Aplicabilidade na determinao de zonas agroclimticas para o estado de So Paulo. Bragantia, Campinas, v.66, n.4, p.711-720, 2007

    SETZER, J. Atlas climtico e Ecolgico do Estado de So Paulo. Comisso Interestadual da Bacia Paran-Uruguai, 1996. 61p.

  • ESTIMATIVA DO NMERO DE HORAS DE FRIO NA SERRA DA MANTIQUEIRA (SP) E APTIDO PARA O CULTIVO DE OLIVEIRAS

    Anglica Prela-Pantano1, Edna Ivani Bertoncini2, Juliana Rolim Salom Teramoto3 Laura Fernanda Gonalves de Oliveira Lussich4

    1 Eng. Agr. Dr Pesquisadora Cientfica, SAA/IAC Instituto Agronmico, Campinas,SP e-mail: [email protected]., 2 Eng. Agr. Dr. Pesquisadora Cientfica, SAA/APTA Plo Centro Sul, Piracicaba,SP e-mail: [email protected],3 Eng. Agr.MSc. Pesquisadora Cientfica, SAA/IAC Instituto Agronmico, Campinas,SP e-mail: [email protected], 4 Hotelaria - Integrante voluntria do projeto Oliva SP; e-mail: [email protected]

    RESUMO

    Foi estimado o nmero de horas de frio com temperaturas abaixo de 13C para localidades da Serra da Mantiqueira, na regio pertencente ao estado de So Paulo. Verificou-se grande variabilidade climtica na Serra da Mantiqueira, e nem todas as localidades que pertencem a essa macrorregio possuem condies ideais para o cultivo e desenvolvimento de oliveiras Para as localidades como Campos do Jordo, Santo Antnio do Pinhal e So Bento do Sapuca, que esto em altitude acima de 800 m, foram estimadas nmero de horas de frio acima de 500, e caracterizam-se como locais de produo de azeitonas no estado de So Paulo.

    Palavras-chave: Olea europaea L., florescimento, altas altitudes, temperaturas de inverno

    ABSTRACT

    It was estimated the number of hours with temperatures below 13 C for locations as the Mantiqueira Mountains located in So Paulo State. There was great spacial climatic variability in the Mountain region, and not all sites that belong to this macro-region presented ideal conditions for the olive cultivation. For places like Campos do Jordao, Santo Antonio do Pinhal and So Bento do Sapuca, places above 800 m of altitude, were estimated number of hours with temperatures below 13 C, over 500 hours, and these sites have flowering and olive production.

    Key words: Olea europea L., flowering, high altitude, chilling requirement

    INTRODUO

    Algumas espcies agrcolas perenes como as frutas de clima temperado, tem exigncias em baixas temperaturas, que lhes condicionam repouso, permitindo

  • florescimento e frutificao, normalmente aps inverno (ANGELOCCI et al, 1979). Essa exigncia trmica pode ser quantificada pelo nmero de horas de frio (NHF), definido como o total de horas em que a temperatura do ar permanece abaixo de determinada temperatura. No caso das oliveiras essa temperatura foi definida como 12,5 C (TAPIA et al. 2003).

    Os relatos de cultivo das oliveiras mais antigos que se tem na literatura, indicam a regies de clima mediterrneo. Diante disso, presumi-se que as temperaturas adequadas para frutificao no devem ser superiores a 35C. No vero podem suportar temperaturas prximas a 40C, sem queimaduras, porm a atividade fotossinttica j comea a ser inibida, com temperaturas acima de 35C (COUTINHO et al. 2007).

    Segundo Navarro e Parra (2008), a planta sensvel ao frio, mas ocorre um aumento gradual de tolerncia provocada pela ocorrncia de baixas temperaturas no outono, o que estimula a dormncia. Assim, a planta resiste a temperaturas at inferiores a 0C, em um curto perodo de tempo. Porm podem ocorrer leses em brotos e ramos novos, caso a temperatura permanea entre 0 e 5C, e ocorrer danos definitivos quando abaixo de -10C, podendo ser irreversvel e levar a planta morte.

    No estado de So Paulo o cultivo de oliveiras recente, e vem se expandindo rapidamente em reas vizinhas ao estado de Minas Gerais, sendo a Serra da Mantiqueira a regio em que concentra-se maior nmero de reas cultivadas.

    Apesar da modernizao no monitoramento climtico e coleta de dados meteorolgicos, o nmero de postos meteorolgicos instalados no estado de So Paulo, ainda considerado insuficiente para determinar com preciso o numero de horas de frio de um determinado local, pois para isso o monitoramento deve contar especificamente com estaes meteorolgicas automticas, para coleta de dados em escala horria, sendo que em muitas localidades a coleta ainda mecnica e se faz em escala diria. Diante dessa dificuldade, alguns pesquisadores desenvolveram equaes de regresso que auxiliam na estimao da quantificao do nmero de horas de frio de determinado local (PEDRO Jr et al. 1991 e BARDIN et al. 2010).

    O objetivo desse estudo estimar o nmero de horas de frio para localidades da Serra da Mantiqueira, no estado de So Paulo averiguando a possibilidade de cultivo de oliveiras nessa regio.

    MATERIAL E MTODOS As localidades escolhidas fazem parte da regio da Serra da Mantiqueira (Tabela

    1). Foram consideradas como temperatura basal 13C para a contabilizao do NHF, por ser um valor considerado mximo de temperatura necessrias na fase de dormncia para frutas de clima temperado, como o caso das oliveiras (PEDRO Jr. et al. 1979). Foram utilizados

  • dados de temperatura mdia mensal, por meio do banco de dados do Instituto Agronmico (IAC), da rede do Ciiagro. Para os locais onde no havia srie histrica ou posto meteorolgico, a temperatura mdia mensal foi estimada a partir do mtodo das coordenadas geogrficas, com os coeficientes determinados por Pedro Jr. et al. (1991), para o estado de So Paulo, o qual se baseia na temperatura mdia do ms mais frio do ano, (julho) para a estimativa de NHF abaixo de 13C, anual.

    Para isso adotou-se a seguinte equao: NHF

  • Tabela 2: Nmero de horas de frio com temperaturas abaixo de 13C, estimadas pelo Mtodo de Pedro Jr. et al. (1991) para a Serra da Mantiqueira, SP. Local NHF Local NHF Queluz 135 Piquete 412 Lavrinha 205 Pindamonhangaba 413 Cruzeiro 228 Monteiro Lobato 667 Lorena 251 So B. do Sapuca 806 Guaratinguet 254 Santo Ant. Pinhal 1245 Taubat 343 Campos Jordo 2586 So Jos Campos

    390

    Considerando regies aptas ao cultivo de oliveiras localidades com NHF acima de 500, nessa regio destaca-se: Monteiro Lobato, So Bento do Sapuca, Santo Antonio Pinhal e Campos do Jordo. No entanto necessrio que sejam acompanhados cultivos instalados ou que possam ser instalados em outras localidades dessa regio, para um monitoramento das condies climticas e desempenho da cultura. Ainda no se sabe com certeza, qual a exigncia em NHF para a frutificao de oliveiras no estado de So Paulo, e talvez localidades consideradas marginas, ou seja, com NHF prximo a 500, como Piquete (412) e Pindamonhangaba (413), tambm possuam tenham condies para o cultivo.

    CONCLUSES - O estudo, mostrou a variabilidade climtica que h na Serra da Mantiqueira, e que nem todas as localidades que pertencem a essa macrorregio possuem condies ideais para o cultivo e desenvolvimento de oliveiras. - As localidades de Monteiro Lobato, So Bento do Sapuca, Santo Antonio Pinhal e Campos do Jordo, apresentam NHF acima de 500, que poderia ser considerada ideal para o cultivo de oliveiras. - necessria a implantao e acompanhamento do desenvolvimento da cultura em localidades consideradas marginais, pois no se conhece exatamente a necessidade de horas de frio necessrias a cultura, assim como sua adaptabilidade nas diferentes condies.

    LITERATURA CITADA ANGELOCCI, L.B.; CAMARGO, M.B.P.; PEDRO JR., J.M.; ORTOLANI, A.A.; ALFONSI, R.R. Estimativa do total de horas abaixo de determinada temperatura-base atravs das medidas dirias da temperatura do ar. Bragantia, Campinas, v.38, n.1, p.123-130. 1979.

  • BARDIN, L; PEDRO JR. M.; MORAES, J.F.L. Risco Climtico de ocorrncia de doenas fngicas na Videira Niagara Rosada na regio do Plo Turstico do Circuito das frutas do estado de So Paulo. Bragantia, Campinas, v. 69, n. 4, p1019-1026, 2010. COUTINHO, E.F. A cultura da oliveira. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2007. 143 p. NAVARRO, C.; PARRA, M.A. Plantacin. 6. ed. In: BARRANCO, D.; FERNADEZ-ESCOBAR, R. El cultivo del olivo. Madri: Mundi-Prensa, 2008. p.188-238.

    PEDRO JNIOR, M.J.; ORTOLANI, A.A; RIGITANO, O.; ALFONSI, R.R.; PINTO, H.S.; BRUNINI, O. Estimativa de horas de frio abaixo de 7 e de 13C para regionalizao da fruticultura de clima temperado no Estado de So Paulo. Bragantia, Campinas, v.38, p.123-130, 1979.

    PEDRO JNIOR, M.; MELLO, M. H. A.; ORTOLANI, A. A.; ALFONSI, R. R.; SENTELHAS, P. C. Estimativa das temperaturas mdias mensais, das mximas e das mnimas para o Estado de So Paulo. Boletim Tcnico IAC, Campinas, n. 142, 1991. 11 p.

    TAPIA, et al. Manual del cultivo del olivo. La Cerena: INIA, 2003. 128p. (INIA. Boletim, 101).

  • COCHONILHAS ASSOCIADAS CULTURA DA OLIVEIRA NO RIO GRANDE DO SUL

    Wolff, V. R. S.*1; Silva, D. C.1; Souza, G. C.2; Paes, C. C.1; Oliz, C. B.1

    *1Fundao Estadual de Pesquisa Agropecuria, Rua Gonalves Dias, 570, CEP.: 90130-060, Porto Alegre, RS. E-mail: [email protected] ; 2Ps-graduao Fitotecnia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

    Avenida Bento Gonalves, 7712, CEP 91540-000, Porto Alegre, RS. E-mail: [email protected]

    RESUMO: A presena de cochonilhas (Hemiptera; Coccoidea) foi verificada em amostragens ocasionais realizadas em 2010 e 2011, em alguns cultivos de Olea europaea L. (Oleaceae), no Rio Grande do Sul. Em 2012 foi iniciada uma pesquisa para realizar o levantamento e a identificao das cochonilhas e dos parasitoides a elas associados no Estado. At o momento, foram realizadas amostragens em Caapava do Sul, Cacequi, Cachoeira do Sul, Encruzilhada do Sul, Veranpolis e Viamo. Foram observadas cochonilhas na fase reprodutiva, com ovos e ninfas, e com perfuraes provocadas pela emergncia de parasitoides, indicando algum controle natural destas populaes. Foram identificadas: Saissetia oleae (Olivier) e S. coffeae Walker da famlia Coccidae; Acutaspis paulista (Hempel) e Aonidiella aurantii (Maskell) de Diaspididae. No Brasil o primeiro registro de A. aurantii em oliveira. PALAVRAS CHAVE: Coccidae, Diaspididae, insetos-praga, Olea europaea, parasitides.

    ABSTRACT: The presence of scale insects (Hemiptera, Coccoidea) was detected in occasional samples taken in 2010 and 2011, in some cultures of Olea europaea L. (Oleaceae), in Rio Grande do Sul, Brazil In 2012 a study was initiated to survey and identification of scale insects and parasitoids associated with them in the State. So far, samples taken in Caapava do Sul, Cacequi, Cachoeira do Sul, Encruzilhada do Sul and Viamo. Scale insects were observed in the reproductive phase, with eggs and nymphs, and perforations caused by the emergence of parasitoids, indicating some natural control of these populations. Were identified: Saissetia oleae (Olivier) and S. coffeae Walker family Coccidae; Acutaspis paulista (Hempel) and Aonidiella aurantii (Maskell) from Diaspididae. In Brazil it is the first record of A. aurantii in olive. KEY WORDS: Coccidae, Diaspididae, insect pests, Olea europaea, parasitoids.

    INTRODUO A produo de mudas e o desenvolvimento das plantas podem ser afetadas pela

    infestao de cochonilhas. Alm do dano pela suco da seiva, as cochonilhas excretam grande quantidade de substncia aucarada, que atrai formigas e favorece o desenvolvimento da fumagina, que dificulta a fotossntese depreciando a rvore, diminuindo a brotao e a produo (Coutinho et al., 2009).

  • No Brasil so conhecidas em oliveira, da famlia Coccidae, as espcies Coccus hesperidum Linnaeus, Saissetia coffeae (Walker), S. oleae (Olivier), e de Diaspididae, Acutaspis paulista (Hempel), Aspidiotus nerii Bouch, Hemiberlesia lataniae (Signoret), H. rapax (Comstock), Parlatoria oleae (Colve)(Claps & Wolff, 2003, Ben-Dov et al., 2012).

    As informaes sobre as espcies de cochonilhas que ocorrem em oliveira no Rio Grande do Sul foram obtidas em amostragens casuais.

    Objetivou-se inventariar e identificar as cochonilhas associadas s oliveiras nas principais regies de cultivo comercial no Rio Grande do Sul; avaliar a riqueza, a diversidade a dominncia e o desenvolvimento das espcies de cochonilhas ao longo de um ano, possibilitando indicar a melhor poca de realizar o controle destas espcies nas oliveiras.

    MATERIAL E MTODOS Amostragens mensais foram realizadas em dois pomares comerciais, em Caapava

    do Sul (pomar 1: 30 56' 31'' S ; 53 40' 36'' W; pomar 2: 30 33' 30'' S; 53 24' 09'' W), com o mtodo da parcela ao acaso em 10 oliveiras (Arbequina), de cada um, por data de amostragem. De cada quadrante das rvores, foram cortados com tesoura de poda, dois ramos de 20 a 30 cm com folhas, ao acaso, um interno e outro externo na copa, e um ramo direcionado com cochonilhas. Os ramos foram individualizados em sacos com etiquetas de identificao e transportados ao laboratrio de Entomologia da FEPAGRO, em Porto Alegre, para triagem.

    Foram preparadas lminas com fmeas adultas de cochonilhas, para exame em microscpio ptico, seguindo mtodo adaptado por Claps & DeHaro (1995). Na identificao das cochonilhas utilizaram-se chaves sistemticas e bibliografia especializada (Ferris, 1942; Claps & Wolff, 2003).

    No Centro de Pesquisa da FEPAGRO Serra do Sudeste, em Encruzilhada do Sul e no Centro de Pesquisa em Viamo foram realizadas observaes mensais, nas colees de oliveiras, com 10 cultivares (Alfafara, Arbequina, Arbosana, Cipressino, Coratina, Frantoio, Koroneiki, Leccino, Manzanilla, Picual). Selecionou-se uma planta de cada cultivar, sendo marcado um ramo infestado, onde mensalmente realizou-se contagem das cochonilhas identificadas, estado de desenvolvimento e localizao na planta.

    Amostragens ocasionais foram realizadas em outras regies do Rio Grande do Sul para ampliao da diversidade e distribuio das cochonilhas em oliveiras no Estado. As amostragens devero continuar pelo menos durante um ano para que os dados sejam submetidos anlise estatstica. A intensidade de ataque de cochonilhas ser estimada com base no nmero de indivduos presentes (jovens e adultos) nas pores de ramos coletados ou observados.

  • RESULTADOS E DISCUSSO Foram identificadas S. oleae e S. Coffeae da famlia Coccidae; e, A. paulista e

    Aonidiella aurantii (Maskell) de Diaspididae. Em todas elas foram encontrados indivduos na fase reprodutiva, com ovos e ninfas, bem como perfuraes provocadas pela emergncia de parasitoides.

    Aonidiella aurantii ocorre em 256 espcies de plantas hospedeiras no mundo, incluindo a oliveira (Ben-Dov et al., 2012). Esta cochonilha tem registro em oliveira na Argentina, porm no Brasil ocorre em mais de 20 plantas hospedeiras, no havendo registros em oliveiras (Claps & Wolff, 2003).

    CONCLUSES Foram confirmadas as ocorrncias de S. oleae, S. coffeae, A. paulista, e o primeiro

    registro de A. aurantii, em oliveira no Brasil. Os vestgios de parasitismo indicam a ao de inimigos naturais, os quais devem ser

    preservados. A presena de ninfas caracteriza a fase em que as cochonilhas esto mais vulnerveis, podendo indicar a melhor poca de realizar o controle destas espcies nas oliveiras, no Rio Grande do Sul.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS BEN-DOV, Y.; MILLER, D. R.; GIBSON, G. A. P. ScaleNet, scales on a host, natural enemies and associates of a scale query results. Disponvel em: . Acesso em: 04 junho 2012. CLAPS, L. E.; De HARO, M. E. Conociendo nuestra fauna IV. Familia Diaspididae (Insecta: Homoptera). Morfologia y biologia. Serie Monografica y Didactica Facultad de Ciencias Naturales e Instituto Miguel Lillo UNT, San Miguel de Tucuman, v. 20, p. 1-21, 1995. CLAPS, L. E.; WOLFF, V. R. S. Cochinillas Diaspididae (Hemiptera: Coccoidea) frecuentes en plantas de importancia econmica de la Argentina y Brasil. Revista de La Sociedad Entomolgica Argentina, San Miguel de Tucumn, v.3, p.1-59, 2003. COUTINHO, E. F.; RIBEIRO, F. C.; CAPPELLARO, T. H. (Ed.). Cultivo de Oliveira (Olea europaea L.). 1.ed. Pelotas, RS, 2009. 125p. FERRIS, G. F. Atlas of the Scale Insects of North America. Serie IV. Stanford, Stanford Univ, 1942, 243p.

  • 1

    DESEMPENHO DE SUBSTRATOS NA CAPACIDADE DE ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE OLIVEIRA

    Silva, D.F.1; Villa, F.*2; Vieira Neto, J.3; Medeiros, R.M.L.4 Graduando em Cincias Biolgicas, Universidade Estadual do Oeste do Paran (UNIOESTE), Cascavel, PR. E-mail: [email protected]; 2D.Sc., Professora Adjunto, Universidade Estadual do Oeste do Paran

    (UNIOESTE), Centro de Cincias Agrrias (CCA), Rua Pernambuco, 1777, Centro, CEP.: 85960-000, Marechal Cndido Rondon, PR. 3D.Sc., Pesquisador, Empresa de Pesquisa Agropecuria (EPAGRI),

    Caixa Postal 121, Ituporanga, SC. 4D.Sc., Pesquisadora, Empresa de Pesquisa Agropecuria de Minas Gerais (EPAMIG), Maria da F, MG.

    RESUMO: A obteno de mudas de boa qualidade o primeiro passo para se ter um pomar de sucesso. A olivicultura vem cada vez mais ganhando espao no Brasil, contudo ainda muito pequeno o numero de informaes e produtores de mudas da espcie para as condies climticas do Brasil. O trabalho objetivou avaliar substratos para o enraizamento de estacas de oliveira pelo mtodo de estaquia. Foram utilizados os substratos areias e perlita e dez cultivares distribudas em trs blocos de 20 estacas semilenhosas. O enraizamento ocorreu em casa de vegetao por um perodo de 70 dias e os melhores resultados foram para Alto Douro, Galega, JB1 e Penafiel enraizadas em areia. PALAVRAS-CHAVE: Olea europea, propagao vegetal, olivicultura, azeitona

    ABSTRACT: The achievement of good quality seedlings is the first step to having a successful orchard. The olive is increasingly gaining ground in Brazil, but is still very small number of producers of information and seedlings of the species to the climatic conditions of Brazil. The study evaluated substrates for rooting of olive by grafting method. We used the sand and perlite substrates and ten cultivars distributed in three blocks of 20 semi-hardwood cuttings. Rooting occurred in a greenhouse for a period of 70 days and the best results for Alto Douro, Galega, JB1 e Penafiel rooted in the sand. KEYWORDS: Olea europea, plant propagation, olive

    INTRODUO A estaquia o mtodo mais utilizado na propagao de oliveira, podendo ser enraizadas estacas semilenhosas com o auxilio de reguladores de crescimento em substituio as estacas lenhosas de 60 cm enraizadas diretamente no local de plantio, que demandam muito material vegetal (CABALLERO & DEL RIO, 2004). O enraizamento de estacas semilenhosas varia entre cultivares. Em oliveira, a auxina um fator limitante para o enraizamento, sendo o cido indolbutrico a auxina mais utilizada.

  • 2

    Outros fatores internos e externos podem afetar o enraizamento, dentre eles o substrato utilizado, que deve apresentar algumas caractersticas desejveis para o sucesso dessa etapa. Vrios substratos podem ser utilizados, como perlita, areia, vermiculita ou mistura. Diante do exposto, o presente trabalho foi conduzido com o objetivo de estudar o enraizamento de estacas semilenhosas de 10 cvs. de oliveira em dois tipos de substratos e acondicionado em dois tipos de casa de vegetao.

    MATERIAL E MTODOS O experimento foi instalado em casa de vegetao, na EPAMIG, em Maria da F, MG. Para instalao do experimento, foram utilizadas plantas de dez cultivares cujos frutos so utilizados tanto para mesa quanto para azeite (Alto Douro, Cornicabra, Frantoio, Galega, JB1, JB2, Mission, Penafiel SP, Picual e Santa Catalina), sendo colhidas destas, estacas semilenhosas. As estacas foram preparadas com aproximadamente 12 cm de comprimento e quatro folhas, e tratadas por 5 segundos com 3000 mg L-1 de AIB.

    Foram utilizados dois tipos de leito: bancas elevadas preenchidas com perlita e com circulao de gua aquecida por tubulao de cobre; e canteiros preenchidos com areia lavada. Ambos foram mantidos sob sistema de nebulizao intermitente e umidade de 80%.

    Os substratos de enraizamento (areia e perlita) foram irrigados antes do plantio das estacas, sendo tambm realizado tratamento com oxicloreto de cobre. As avaliaes foram realizadas 70 dias aps o plantio das estacas. Avaliaram-se a porcentagem de estacas com calos e enraizadas, nmero e comprimento mdio de razes. Os dados coletados foram analisados estatisticamente (Sisvar, FERREIRA, 2011), sendo a comparao de mdias feita pelo teste Tukey, a 5% de significncia, para os nveis dos fatores qualitativos.

    RESULTADOS E DISCUSSO Pode-se verificar resultados significativos para o enraizamento das cvs. de oliveira

    estudadas somente no substrato areia. As quatro cvs. Que apresentaram melhor desempenho foram Alto Douro, Galega, JB1 e Penafiel (Tabela 1). Este resultado destoa aos obtidos por Oliveira et al. (2008), onde a perlita agrcola apresenta-se como melhor substrato para enraizamento de oliveira, se comparado a outros substratos com caractersticas desejveis. Em relao ao nmero de razes emitidas pode-se observar que Alto DOuro, Galega e Penafiel mostraram-se superiores (Tabela 2). Quanto aol comprimento de raiz, no houve interao significativa entre as cvs.

    Houve uma grande variao no nmero de estacas com calos no substrato areia com destaque para a cv. JB2. Estes resultados demonstram que variedades especficas demandam tempo de enraizamento especfico conforme a variedade e as caractersticas do substrato de enraizamento (CABALLERO & del RO, 2004).

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    Tabela 1. Nmero de estacas enraizadas e calejadas de cvs. de oliveira. EPAMIG, Maria da F, MG. Substratos Areia Perlita Areia Perlita Cultivares Nmero estacas enraizadas Nmero estacas calejadas Alto DOuro 3,599aA* 2,353aB 2,134bA 1,344bB JB1 3,456aA 1,739aB 0,707dA 1,184bA Galega 3,159aA 1,689aB 0,926bA 0,966bA Penafiel SP 2,518bA 1,346aB 1,435cA 0,707bA Santa Catalina 2,218bA 1,689aA 1,507cA 2,034aA Cornicabra 2,207bA 2,076aA 1,966bA 2,076aA Picual 1,978bA 1,184aA 1,652cA 1,635aA JB2 1,633cA 1,798aA 3,252aA 1,931aB Frantoio 1,465cA 1,184aA 2,218bA 2,129aA Mission 1,217cA 1,217aA 1,919bA 1,643aA

    *Mdias seguidas de mesma letra minscula na coluna e maiscula na linha no diferem entre si pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade.

    Tabela 2. Nmero mdio de razes por estacas de cvs. de oliveira. EPAMIG, Maria da F, MG.

    Cultivares Nmero de razes

    Alto DOuro 3,110a* Galega 2,786a Penafiel 2,377a JB1 2,178b Cornicabra 2,117b Frantoio 1,804b JB2 1,662b Santa Catalina 1,656b Picual 1,570b Mission 1,450b

    *Mdias seguidas de mesma letra minscula na coluna no diferem entre si pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade.

    CONCLUSES A areia mostrou-se superior perlita, onde maior enraizamento foi verificado nas cvs. Alto DOuro, Galega e Penafiel. Todas as cvs. apresentaram estacas enraizadas, havendo grande variao quanto ao nmero de estacas calejadas em areia. Pelo baixo ndice de enraizamento das cvs. JB2, Frantoio e Mission, pode-se inferir a enxertia.

    LITERATURA CITADA CABALLERO, J. M.; del RO, C. Mtodos de multiplicacin. In. BARRANCO, D; FERNANDZ-ESCOBAR, R.; RALLO, L. (Ed.) El cultivo del olivo, 5. ed. Madrid: Mundi-Prensa/Sevilla: Consejera de Agricultura y Pesca de la Junta de Andalcia, 2004. FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Cincia & Agrotecnologia, Lavras, v. 35, n. 6, p. 1039-1042, nov./dez., 2011. OLIVEIRA, A. F.; VIEIRA NETO, J.; ALVARENGA, A. A.; MESQUITA, H. A.; GONALVES, E.D. Aspectos tcnicos da cultura da oliveira. Boletim Tcnico, n.88, Belo Horizonte, 2008.

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    CORTES SUCESSIVOS EM JARDINS CLONAIS DE OLIVEIRA VISANDO SUA PROPAGAO POR ESTAQUIA

    Villa, F.*; Vieira Neto, J.1; Silva, L. F. O.2; Oliveira, A. F.3

    *D.Sc., Professora Adjunta, Universidade Estadual do Oeste do Paran (UNIOESTE), Centro de Cincias Agrrias (CCA), Rua Pernambuco, 1777, Centro, CEP.: 85960-000, Marechal Cndido Rondon, PR. E-mail: [email protected]; 1D.Sc., Pesquisador, Empresa de Pesquisa Agropecuria (EPAGRI), Caixa Postal 121, Ituporanga, SC; 2Mestrando em Fitotecnia, Departamento de Agricultura (DAG), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras, MG; 3 D.Sc., Pesquisador, Empresa de Pesquisa Agropecuria de Minas Gerais (EPAMIG), Lavras, MG.

    RESUMO: O trabalho teve por objetivo avaliar o desempenho de jardins clonais de oliveira em cortes sucessivos visando sua propagao por estaquia. O estudo foi conduzido na EPAMIG de Maria da F, MG. Foram avaliadas duas cvs. (Ascolano 315 e Arbequina) e trs anos de cortes. O delineamento utilizado foi blocos ao acaso com parcelas subdivididas no tempo e cinco repeties. Avaliaram-se altura da planta, dimetro do tronco, comprimento mdio de ramos, rendimento de estacas e massa verde total acumulada. Em todas as caractersticas avaliadas, melhores resultados foram observados na cv. Ascolano 315. Os cortes sucessivos podem se estender por um perodo superior a trs anos. PALAVRAS CHAVE: Produo de mudas, propagao vegetativa, Olea europaea L.

    ABSTRACT: The work was aiming to evaluate the performance of clonal olive tree gardens in successive cuts at its propagation by cutting. The study was conducted in the EPAMIG of Maria da F, Brazil. Were evaluated two cvs. (Ascolano 315 e Arbequina) and cuts in three years. The design was randomized blocks with split plots in time and five replicates. There were evaluated the plants height, torso diameter, average length of branches, yield of cutting number and total green mass accumulated. In all feature evaluated, better results were observed in the Ascolano 315. The successive cuts may be extended for a period exceeding three years. KEY WORDS: Production of seedlings, vegetative propagation, Olea europaea L.

    INTRODUO A estaquia o mtodo de propagao mais utilizado na produo de mudas de

    oliveira. Porm esta tcnica requer ateno para determinados fatores que influenciam no enraizamento, como disponibilidade e tipo de material vegetativo a ser utilizado. A implantao de jardins clonais com o objetivo de fornecer material propagativo torna-se vantajoso, pois alm de permitir a coleta de ramos durante todo o ano, podem apresentar

  • 2

    caractersticas favorveis ao enraizamento (CABALLERO & DEL RIO, 2006). Diante do exposto, objetivou-se avaliar o desempenho de jardins clonais de oliveira visando sua propagao por estaquia, sob cortes sucessivos em intervalos de 12 meses de cultivo.

    MATERIAL E MTODOS O trabalho foi conduzido na Fazenda Experimental da EPAMIG, Maria da F, MG. Os

    jardins clonais foram instalados em maro de 2006, em rea previamente corrigida de acordo com anlise de solo. Avaliaram-se as cvs. de oliveira Ascolano 315 e Arbequina, e 3 cortes sucessivos (maro de 2007/2008/2009). Os plantios foram realizados a partir de mudas oriundas de estacas enraizadas, em sulcos com 40 cm de profundidade.

    O delineamento estatstico utilizado foi blocos ao acaso com parcelas subdivididas com 5 repeties e subparcelas no tempo (cortes). As parcelas experimentais foram constitudas de trs linhas de um metro de comprimento, com trs plantas em cada linha, 0,5 m uma da outra, totalizando nove plantas por parcela. Para avaliao, as trs plantas foram podadas a 20 cm de altura do solo, a cada 12 meses de cultivo, sendo avaliados, altura da planta (m), comprimento mdio de ramos (m) e rendimento em nmero de estacas. Os dados coletados foram analisados estatisticamente (EMBRAPA, 1997).

    RESULTADOS E DISCUSSO A quantidade de estacas de Ascolano 315, foi 2,1 vezes maior que o nmero de

    estacas de Arbequina (Figura 1). Esta diferena se deve ao fato da Ascolano apresentar, caracteristicamente, hbito de crescimento mais intenso. O terceiro corte proporcionou maior nmero de estacas para as duas cvs. A altura das plantas tambm foi influenciada pelo nmero de cortes. Esta varivel um importante ndice tcnico, interferindo diretamente no planejamento de produo de mudas (Tabela 1). Quanto ao comprimento dos ramos, observou-se resultado mais acentuado na Ascolano 315 (Tabela 2).

    Figura 1. Rendimento do nmero de estacas (RNE) para cvs. de oliveira e cortes sucessivos. EPAMIG, Maria da F, MG. *Mdias no seguidas da mesma letra diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.

  • 3

    Tabela 1. Altura mdia da planta para cortes sucessivos. EPAMIG, Maria da F, MG. Cortes sucessivos Altura mdia (m)

    1 1,97 a 2 1,25 b 3 2,23 a

    CV 14,77 % * Mdias no seguidas da mesma letra diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

    Tabela 2. Comprimento dos ramos (m) para cvs. e cortes. EPAMIG, Maria da F, MG. Cortes sucessivos

    Cultivares 1 2 3 Ascolano 315 0,7820 aB 0,9553 aB 1,8913 aA

    Arbequina 0,4760 aB 1,0433 aAB 1,2953 bA CV 17,60 %

    * Mdias no seguidas da mesma letra minscula na vertical e maiscula na horizontal diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

    O comportamento das cvs. estudadas diz respeito s caractersticas intrnsecas aos gentipos. Ambos os materiais so importantes na implantao comercial da olivicultura no sul de MG. Com isso, pretende-se empregar esta tcnica em plantios comerciais brasileiros.

    CONCLUSES Ascolano 315 apresentou melhores resultados do que Arbequina em todas as

    caractersticas agronmicas avaliadas. Os cortes sucessivos podem se estender por perodo superior a trs anos.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS CABALLERO, J. M.; DEL RO, C. Propagao da Oliveira por enraizamento de estacas semilenhosas sob nebulizao. Informe Agropecurio, Belo Horizonte: Azeitona e azeite de oliva -tecnologias de produo, v.27, n.231, p.33-38, mar/abr. 2006. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa Tecnolgica em Informtica para a Agricultura. Ambiente de software NTIA, verso 4.2.2: Manual do usurio - Ferramental Estatstico. Campinas: EMBRAPA/CNPTIA, 1997. 258p.

  • Ocorrncia de doenas fngicas em olivais do estado de So Paulo. 1Tfoli*, J.G.; 1Domingues, R.J.; 1Ferrari, J.T.; 1Nogueira, E.M.C.; 2Berti, A.J.; 2Bueno, S.C.S.

    1Instituto Biolgico, Av. Cons. Rodrigues Alves 1252, 04014-002, So Paulo - SP ; 2Ncleo de Produo de Mudas de So Bento do Sapuca, Caixa Postal 22, CEP 12.490-000. [email protected].

    RESUMO O objetivo desse estudo foi identificar as doenas fngicas presentes em olivais paulistas no perodo de novembro de 2011 a abril de 2012. As doenas detectadas nesse levantamento foram mancha olho de pavo (Fusicladium oleagineum); cercosporiose (Pseudocercospora cladosporioides), antracnose (Colletotrichum spp.), septoriose (Septoria spp.) e podrido de frutos (Alternaria alternata, Cladosporium sp.). O trabalho descreve a sintomatologia, as condies favorveis para ocorrncia e as medidas recomendadas para o manejo dessas doenas. Palavras-Chave: controle, fungos, azeitona, Olea europea.

    ABSTRACT The aim of this study was to identify fungal diseases present in olive groves in So Paulo in the period November of 2011 to April of 2012. The diseases observed in this survey were peacock spot (Fusicladium oleagineum) cercosporiose (Pseudocercospora cladosporioides), anthracnose (Colletotrichum spp.), septoriose (Septoria spp.) and fruit rot (Alternaria alternata, Cladosporium sp.) The paper presents the symptoms, favorable conditions and recommended measures to control these diseases. Keywords: control, fungi, olive, Olea europea,

    INTRODUO A olivicultura uma nova alternativa para a agricultura paulista. Atualmente a cultura

    encontra-se instalada em mais de 15 municpios, com destaque para So Bento do Sapuca, Campos do Jordo, Silveiras, Lorena, Natividade da Serra, Esprito Santo do Pinhal e guas da Prata, contando com mais de 50.000 plantas (Teramoto et al., 2010). O alto potencial econmico dessa cadeia produtiva nas reas de extrao de azeite, conservas, fitomedicamentos e cosmsticos tem incentivado empreendimentos no estado.

    A oliveira pode ser afetada por inmeras doenas das mais variadas etiologias (Trapero & Blanco, 2008). As doenas fngicas esto entre as mais importantes dessa cultura, podendo causar a desfolha, a queda e o apodrecimento de frutos e, em algumas situaes, a morte das plantas. As doenas afetam diretamente o rendimento, a qualidade e o resultado econmico da atividade.

  • Sendo o cultivo comercial da oliveira, relativamente recente em So Paulo, no h relatos e nem estudos sobre a ocorrncia de doenas no estado. Esse trabalho teve o objetivo de identificar e caracterizar as doenas existentes em olivais no estado de So Paulo, visando estudos futuros de manejo integrado.

    MATERIAL E MTODOS No perodo de novembro de 2011 a abril de 2012 foram realizadas visitas tcnicas a

    olivais instalados nos municpios paulistas de So Bento do Sapuca, Sapuca Mirim e Piedade, de onde foram coletadas amostras com sintomas e sinais da presena de fungos para anlises laboratoriais. Nesse estudo tambm foram consideradas amostras provenientes dos municpios de Esprito Santo do Pinhal, So Roque e So Paulo, enviadas para anlise para o Instituto Biolgico.

    Foram coletadas amostras de folhas, frutos, ramos, troncos e razes das cultivares Grapolo, Verdial, Frantoio, Arbequina e Arbosana. As amostras foram observadas ao microscpio estereoscpico para observao da presena de sintomas e estruturas fngicas. As tcnicas utilizadas para identificao da etiologia da doena foram a cmara mida, para favorecer a exteriorizao de sinais dos patgenos, e o isolamento do patgeno em meio de cultura batata-dextrose-gar (BDA). As amostras foram mantidas em BOD 25 C, pelo perodo de 7 a 10 dias. A identificao dos fungos foi feita com auxlio de microscpio ptico e tambm com auxlio da literatura internacional.

    RESULTADOS E DISCUSSO As principais doenas fngicas observadas nesse estudo foram:

    1) Olho de Pavo (Fusicladium oleagineum (Castagne) Ritschel & U. Braun 2003). Esta doena considerada uma das mais importantes e destrutivas da oliveira em

    condies de temperaturas amenas (10 a 20 C) e alta umidade (chuvas, neblina e orvalho). Nas folhas, os sintomas iniciais so leses circulares, concntricas, com colorao marrom, amarelo ou verde. Ao evoluir, essas se tornam escuras e apresentam o centro claro. A doena pode causar intensa desfolha das plantas afetadas, causando o seu enfraquecimento e a queda da produo. Entre os fatores que podem favorecer a doena destacam-se baixa incidncia de sol, baixa circulao de ar entre as plantas, plantios em reas de baixada, irrigaes excessivas, podas insuficientes, plantios prximos a fontes de gua (rios, audes, lagos), excesso de adubao nitrogenada e carncia de clcio e potssio.

    2) Cercosporiose (Pseudocercospora cladosporioides (Sacc.) U. Braun 1993)

  • Inicialmente as folhas atacadas no se distinguem das normais. Com passar do tempo essas se tornam amareladas, podendo apresentar necroses pardas irregulares. Nos frutos, as leses so deprimidas, marrom-acinzentadas e apresentam tamanhos e formato varivel. O fungo pode causar intensa desfolha das plantas e a queda de frutos atacados. A cercosporiose favorecida por alta umidade e temperaturas na faixa de 22 a 28 C. Em alguns casos, pode ocorrer associada ao olho de pavo.

    3) Antracnose (Colletotrichum acutatum J.H. Simmonds 1968 e Colletotrichum gloeosporioides (Penz.) Penz. & Sacc. 1884)

    Nos frutos, a antracnose causa leses escuras, depressivas, circulares ou irregulares recobertas por uma massa rsea ou alaranjada composta por condios do fungo. A doena favorecida por temperaturas entre 23 e 28 C e alta umidade, sendo mais frequente prximo ao amadurecimento dos frutos. De maneira geral, as azeitonas atacadas apresentam queda de peso, reduo do rendimento graxo e so muito cidas. Nas folhas, as leses so castanhas, circulares ou irregulares, e podem curvar-se. Desfolhas e queda de frutos so frequentes em ataques severos dessa doena.

    4) Septoriose (Septoria spp.) Nas folhas a doena causa leses circulares ou irregulares com centro claro e bordos

    bem definidos. A doena favorecida por temperaturas amenas (20 a 24 C) e alta umidade. Em condies de alta severidade a doena pode causar a queda de folhas.

    5) Podrido em frutos (Alternaria alternata (Fr. : Fr.) Keissl. 1912, Cladosporium sp.) As podrides so causadas por patgenos secundrios e, em alguns casos,

    saprfitasque penetram nos frutos maduros, em processo de maturao ou danificados, afetando seu rendimento graxo e a qualidade do azeite. Os frutos afetados por Alternaria alternata apresentam leses secas e negras, enquanto que os infectados por Cladosporium sp. apresentam um mofo esverdeado.

    Para o manejo dessas doenas recomendam-se medidas integradas de controle, tais como evitar o plantio adensado em reas favorveis doena e sujeitas ao acmulo de umidade; poda correta das plantas de forma a favorecer a circulao de ar e penetrao de luz no interior da copa; plantio de cultivares com algum nvel de resistncia; adubao equilibrada; eliminao e destruio de folhas e frutos e frutos doentes/mumificados; colheita antecipada dos frutos.

    O uso de fungicidas uma prtica amplamente utilizada em outros pases produtores, porm no Brasil ainda no existem produtos registrados para a cultura da oliveira.

    Etapas futuras desse estudo pretendem definir os danos causados por essas doenas e programas de manejo que viabilizem a sustentabilidade da olivicultura no estado de So Paulo.

  • LITERATURA CITADA TERAMOTO, J.R.S; BERTONCINI, E.I.; PRELA-PANTANO Histrico da introduo da cultura da oliveira no Brasil. 2010. Artigo em Hypertexto. Disponvel em: . Acesso em: 25/6/2012

    TRAPERO, A.; BLANCO, M.A. Enfermedades. In: BARRANCO D., FERNANDEZ-ESCOBAR, R.; RALLO, L. Mundi-Prensa. p. 595-656, 2008.

  • ANLISE DOS COMPOSTOS BIOATIVOS PRESENTES NO AZEITE DE OLIVA

    EXTRA VIRGEM ORGNICO NACIONAL

    Caldas, L. B. S.1, Medeiros, R.M.L.2, Santos, B.M.3, Souza, F.C.1, Celeghini, R.M.S. 1*

    1Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade de Campinas - UNICAMP, Rua Monteiro Lobato 80,

    13083-862 Campinas, So Paulo, Brazil; 2EPAMIG, Rua Washington Alvarenga Viglione s/n, 35517-000, Maria

    da F, Minas Gerais, Brazil; 3Faculdade de So Loureno Rua Madame Schimidt 90, 37470-000, So Loureno,

    Minas Gerais, Brazil- [email protected]

    RESUMO

    Pesquisas demonstraram que o consumo regular de azeite de oliva ajuda a prevenir

    doenas e retarda o envelhecimento. Os compostos bioativos presentes na frao

    insaponificvel do azeite de oliva virgem, protegem o organismo contra agentes externos e

    do desenvolvimento de doenas. Dentre estes compostos, o esqualeno tem sido apontado

    como um fator para a menor incidncia de cncer nas populaes mediterrnicas. O -

    tocoferol, a clorofila e os compostos fenlicos so potentes antioxidantes e seqestradores

    de radicais livres. O Olival Santa Maria, situado no Vale do Gamarra em MG, em parcerias

    com a Emater e a Epamig,produziram a primeira safra de azeite orgnico. Diante dessa

    situao, torna-se necessrio e importante, estudar as caractersticas deste azeite nacional

    em relao aos compostos da frao insaponificvel. O objetivo deste trabalho foi avaliar os

    compostos bioativos (Clorofila, fenis totais, -Tocoferol e esqualeno) presentes na frao

    insaponificvel. A concentrao de clorofila (21,34 mg/Kg), -Tocoferol (25,12 mg/100g),

    esqualeno (149,33 mg/100g) e fenis Totais (154,04 mg/kg), presentes no azeite de oliva

    extra virgem orgnico nacional, esto de acordo com os resultados encontrados na literatura

    para azeites de olivas extra virgem.

    PALAVRAS-CHAVE: clorofila, compostos fenlicos, -tocoferol, esqualeno, orgnico

    ANALYSIS OF BIOACTIVE COMPOUNDS PRESENT IN THE BRAZILIAN

    ORGANIC EXTRA VIRGIN OLIVE OIL

    ABSTRACT

    Researches have shown that regular consumption of olive oil helps preventing disease and

    the premature aging. The bioactive compounds present in the unsaponifiable fraction of

    virgin olive oil protect the body against external agents and diseases. Among these

    compounds, squalene has been appointed as a factor for the lower incidence of cancer

    among mediterranean populations. The -tocopherol, chlorophyll and phenolic compounds

    are potent antioxidants and free radical scavengers. The Santa Marias Olive Trees, situated

    in Gamarra Valey in MG, in a partnership with EMATER and EPAMIG, produced the first

    harvest of organic olive oil. Considering the situation, it is important and necessary to study

    the characteristics of this national olive oil in relation to compounds of the unsaponifiable

  • fraction. The purpose of this job was to evaluate bioactive compounds (chlorophyll, total

    phenols, -tocopherol and squalene) presents in the unsaponifiable fraction. The

    concentration of chlorophyll (21,34 mg/Kg), -tocopherol (25,62mg/100g), squalene (149,33

    mg/100g) and total phenols (152,5 mg/Kg) presents in the national organic olive oil are

    conformed with the standards shown in the literature for extra virgin olive oil.

    KEYWORDS: chlorophyll, total phenols, -tocopherol, squalene, organic

    INTRODUO

    Dentre os leos vegetais comestveis comercializados mundialmente, o azeite de

    oliva um dos mais importantes e antigos. O azeite de oliva o produto obtido de azeitonas

    maduras, procedentes de oliveiras sadias, cujo processamento tenha sido realizado com

    frutos frescos evitando qualquer tratamento que altere a natureza qumica de seus

    componentes (Goodacre et al.,1993).

    A oliveira tem muitas variedades que apresentam maiores ou menores diferenas

    fenotpicas e genticas. Atualmente, as diferenas no tamanho, cor, teor de leo,

    composio de cidos graxos e outras propriedades so verificadas como caractersticas de

    origem dos principais pases que cultivam oliveiras (Fourati et al., 2002).

    A frao insaponificvel do azeite de oliva virgem representa de 1-2% do azeite em

    massa. Consiste em vrios componentes, tais como: compostos orgnicos volteis, fenis,

    tocoferois, pigmentos, esteris, esqualeno, entre outros, que so responsveis pelo sabor,

    estabilidade e propriedades nutricionais do azeite de oliva (Saba et al., 2005).

    A presena de clorofila nos leos tem um significado importante no processo de

    auto-oxidao, podendo ser um sensibilizador do oxignio, na presena de luz, agindo como

    prooxidante, e na ausncia de luz atuar como antioxidante (Endo et al., 1985). Os tocoferois

    tem significado especial devido a sua atividade vitamnica (vitamina E) e por serem

    antioxidantes naturais. O azeite de oliva contm tambm quantidades variveis de

    substncias fenlicas, potentes antioxidantes que apresentam importante papel na

    estabilidade oxidativa dos azeites (Murkovic et al., 2004).

    Tornando-se dependente da importao para abastecimento interno, sem uma

    produo prpria de azeitonas e azeite de oliva, o Brasil apostou no desenvolvimento de

    trabalhos de pesquisa e cultivo de oliveiras. A Empresa de Pesquisa Agropecuria de Minas

    Gerais (EPAMIG) iniciou um trabalho de cultivo e propagao de oliveiras na fazenda

    Experimental de Maria da F no sul de Minas Gerais.

    O Olival Santa Maria, situado no Vale do Gamarra em MG a 1.800 m de altitude com

    clima tropical e temperatura anual mdia de 20,6C, em parcerias com a Emater e a Epamig,

    produziram a primeira safra de azeite orgnico. Diante dessa situao, torna-se necessrio

    e importante estudar as caractersticas deste azeite nacional atravs da avaliao dos

  • compostos da frao insaponificvel que contm micronutrientes como o -tocoferol,

    clorofila e compostos fenlicos que protegem o organismo contra agentes externos e o

    desenvolvimento de doenas.

    MATERIAL E MTODOS

    Extrao: A extrao do azeite de oliva extra virgem foi realizada no Ncleo Tecnolgico de

    Azeitona e Azeite (NTAA), na EPAMIG de Maria da F (MG) em parceria com a Associao

    dos Olivicultores dos contrafortes da Mantiqueira. As azeitonas da variedade Alberquina,

    produzidas no olival Santa Maria, situado no Vale do Gamarra (Baependi-MG), atravs da

    agricultura orgnica, foram processadas logo aps a colheita. As azeitonas foram colhidas

    manualmente, selecionadas, sanitizadas e enxaguadas em gua corrente. As azeitonas

    foram trituradas na mquina extratora de azeite e batidas por cerca de 50 minutos, para

    liberao do leo da pasta. A pasta de azeitona foi transferida para a centrfuga onde

    ocorreu a separao do leo, da gua e dos resduos. Aps a extrao o azeite foi

    envasado em vidros previamente esterilizados e mantidos a -18C.

    Mtodos de anlises: A anlise de clorofila foi realizada atravs de anlises

    espectrofotomtricas pelo mtodo Ch 4-91 (AOCS, 2004). O resultado foi expresso em mg

    de pigmentos totais de clorofila por quilograma de azeite. A quantificao do -Tocoferol foi

    realizada de acordo com o mtodo Ce 8-89 (AOCS, 2004) por cromatografia lquida de alta

    eficincia (CLAE). A anlise de fenis totais foi adaptada do mtodo proposto por

    GUTFINGER (1981) e a quantificao do esqualeno foi realizada de acordo com o mtodo

    proposto por Nenadis e Tsimidou (2002).

    RESULTADOS E DISCUSSO

    A Tabela 1 apresenta os resultados dos compostos bioativos analisados na amostra

    de azeite de oliva extra virgem orgnico nacional.

    Tabela 1- Concentraes de compostos bioativos presentes na amostra de azeite de oliva extra virgem orgnico nacional

    Compostos Biativos Concentrao

    Clorofila (mg feofitina a/kg) 21,34 0,08

    -Tocoferol(mg/100g) 25,12 0,66

    Fenis totais(mg c.glico/kg) 154,04 2,28

    Esqualeno (mg/100g) 149,33 0,74

    Segundo Tsimidou (1998), uma ampla faixa de teor de compostos fenlicos totais

    tem sido relatada, mas os valores so geralmente entre 100 e 300 mg/kg cultivar, o que est

    de acordo com o resultado (152,50 mg/kg) encontrado neste experimento. O teor de -

    tocoferol encontrado na amostra deste experimento (256,20 mg/Kg) est de acordo com a

    faixa de 98 a 370 mg/kg obtida de 90 amostras de azeites analisadas por Psomiadou et al.

    (2000). Quanto ao teor de clorofila, segundo Psomiadou e Tsimidou (2001), o azeite de oliva

    virgem contm at 40 mg/kg, expresso em feofitina a. Os mesmos autores, ao analisarem

  • quatro diferentes amostras de azeite extra virgem gregos, encontraram valores que variaram

    de 9,1 a 23 mg feofitina a/kg. O valor de 21,34 mg de feofitina a/kg encontrado no azeite

    usado neste experimento est de acordo com o obtido pelos autores citados. Grigoriadou et

    al. (2007), quantificaram 171,8 mg/100g de esqualeno em amostras de azeite Grego. Estes

    valores esto prximos ao encontrado na amostra de azeite de oliva extra virgem orgnico

    nacional que foi de 149,33 mg/100g.

    CONCLUSES

    Foi possvel quantificar a presena de compostos funcionais em nveis considerveis

    na amostra de azeite de oliva nacional, caracterizando-se como um alimento funcional,

    principalmente pelo seu carter antioxidante, importante no combate aos radicais livres no

    organismo humano. Atravs destes resultados, podemos concluir que o Brasil um pas

    capaz de produzir azeites de excelente qualidade, com condies favorveis para

    introduo deste tipo de cultura, antiga para vrias regies do mundo, mas nova para o

    Brasil.

    AGRADECIMENTOS: FAPESP e CNPq

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  • Azeite de oliva: sistemas de embalagem e conservao da qualidade Olive oil: packaging and quality conservation

    Botti, L.C.M*1, Anjos, C.A.R1 e mail: [email protected]

    1 Faculdade de Engenharia de Alimentos-FEA UNICAMP Rua Monteiro Lobato 80, 13083-862 Campinas, So Paulo, Brazil

    RESUMO Acompanhando as tendncias de saudabilidade, preocupao com a sade e bem estar o consumo de azeite de oliva (AO) tem crescido no mundo todo. O uso de uma embalagem adequada, alm de valorizar o produto comercialmente, visa preservao da cor, do sabor e dos nutrientes presentes no azeite. Assim, neste estudo foi feita uma reviso sobre a influncia e as principais caractersticas do sistema de embalagem de AO visando manuteno da qualidade do produto envasado. Conclui-se que h necessidade de uma maior interao entre os setores ligados a pesquisa, indstria e comrcio do AO. E que as condies de estocagem dos AO na maioria dos pontos de venda no so as mais indicadas para a preservao da qualidade do produto.

    Palavras-chave: azeite, oxidao, PET, vida de prateleira, vidro

    ABSTRACT Following the trends of healthful, concern about health and wellness consumption of olive oil (OO) has grown worldwide. The use of appropriate packaging in addition to enhance the product commercially is to preserve color, flavor and nutrients in OO. In this study a review was made on the influence and the main characteristics of the packaging system of OO in order to maintain quality of the packaged product. It is concluded that there is need for greater interaction between the sectors linked to research, industry and commerce of the OO.. And that the OO storage conditions in supermarkets are not the most suitable for the preservation of product quality.

    Keywords: oil, oxidation, PET, shelf life, glass

    1. INTRODUO

    Cada vez mais novos consumidores tm inserido o azeite de oliva (AO) em suas refeies dirias, segundo Santosa (2010) os motivos seriam: benefcios sade e sabor caracterstico. Devido composio qumica, estabilidade e elevado teor de compostos antioxidantes diversos estudos relacionam o consumo de AO reduo dos riscos de doenas coronarianas, preveno de tumores e reduo de doenas inflamatrias (Bendini et al., 2007; Servili et al., 2004; Trichopoulos & Lagiou, 2007). A vida de prateleira do AO limitada pela foto oxidao, auto oxidao e liplise. Durante o processo de degradao do azeite ocorre uma srie de reaes qumicas envolvendo cidos graxos insaturados, luz, umidade e oxignio que levam formao de hidroperxidos. Estes se decompem em inmeros outros compostos incluindo aldedos, cetonas, lcoois e hidrocarbonetos (Arajo, 2008).. Nesse sentido o uso de uma embalagem adequada, alm de valorizar o produto comercialmente, visa preservao da cor, do sabor e dos nutrientes (Cecchi et al, 2010). Em se tratando de embalagens para leos e gorduras, uma das caractersticas mais

  • importantes a propriedade de barreira contra agentes pr-oxidantes (Faria, 2004; Sacchi et al., 2008). Entretanto, seguindo tendncias do mercado, observa-se a crescente reduo da espessura das embalagens, o aumento do tempo de vida de prateleira dos alimentos e a substituio de materiais de embalagem at ento considerados tradicionais. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho avaliar resultados obtidos em estudos cientficos com relao a influencia do sistema de embalagem sobre os ndices de qualidade de AO e relacion-los com o que se tem disponvel no mercado brasileiro de embalagens para AO.

    2. DESCRIO DO ASSUNTO Atualmente no Brasil, o AO comumente encontrado em embalagens de vidro. Uma

    pequena parcela ainda permanece em latas e outra parte, que vem crescendo, agora acondicionada em garrafas de polietileno tereftalato (PET). Assim como em outros pases importadores, a populao brasileira em sua maioria, tradicionalmente compra o AO em supermercados (Delgado & Guinard, 2011). Dessa maneira, os consumidores no so expostos s caractersticas sensoriais do produto e suas escolhas se baseiam em fatores extrnsecos como o material da embalagem, o tipo de fechamento, o rtulo e o design (Delgado & Guinard, 2011). No mercado h predomnio de embalagens de vidro transparente de 500 e 250 mL com tampa rosquevel de metal e lacre. Cada marca utiliza ainda algum tipo de dosador para facilitar o uso do produto. H variaes na colorao do vidro, recentemente as prateleiras foram tomadas por verses especiais de azeite de oliva extra virgem (AOEV) acondicionados em garrafas de vidro pigmentado. Encontra-se disponvel tambm a embalagem plstica de PET de colorao escura: prtica, inquebrvel e de fcil manuseio (Cocineiro, 2012); e uma quantidade limitada de latas de folha de flandres de 250 e 500 mL das marcas mais tradicionais. O vidro e as latas so impermeveis a gases, em contrapartida o vidro e o PET possuem baixa barreira a luz, e ainda, as latas no apresentam um bom sistema de fechamento aps abertas.

    Concomitantemente tem sido feito estudos com AO nos mais diversos centros de pesquisa espalhados pelo mundo. Estudos de Mndez & Falqu (2007) compararam os ndices de qualidade de AOEV acondicionados em cinco diferentes tipos de embalagem de 330 mL. A embalagem plstica e opaca, apesar de proteger o azeite contra a luz se mostrou bastante permevel ao oxignio tal qual a tradicional permitindo que as reaes oxidativas se iniciassem e consequentemente degradassem o alimento. Observou-se tambm que as perdas de qualidade acontecem mais rapidamente nos trs primeiros meses de estocagem e posteriormente as reaes ocorrem de forma mais lenta. Por fim, se conclui que as embalagens tradicionalmente disponveis nos supermercados so inadequadas para conservao do AOEV. As garrafas de plstico transparente seriam as menos aconselhveis, pois permitem a ao da luz e do oxignio induzindo a rpida deteriorao

  • do azeite. Normalmente associadas a produtos de alta qualidade, as garrafas de vidro transparente tambm no foram capazes de manter os atributos desejveis no produto final. Neste estudo as latas e as embalagens cartonadas se mostraram as embalagens mais apropriadas e indicadas para o acondicionamento de AOEV considerando um perodo de 6 meses. Em relao s propriedades dos materiais de garrafas de azeite de oliva virgem (AOV), Del Nobile et al (2002), aprofundaram seus estudos nos processos de difuso de oxignio atravs da embalagem e suas possveis conseqncias para o produto final, o azeite. Basearam seus estudos em embalagens de PET tradicional e PET com absorvedor de oxignio, variando o volume e o headspace dos recipientes. Desta maneira simularam a cintica das reaes de oxidao. As equaes preditas indicam que logo aps o envase as reaes de oxidao dos lipdios dependem principalmente da quantidade de oxignio dissolvido no azeite. Com o passar do tempo este oxignio vai sendo consumido e ento comea a ser substitudo pelo oxignio que permeia atravs do material da embalagem. Assim, a adio de absorvedores de oxignio pode representar uma alternativa, uma vez que estes retardariam a cintica da oxidao ao dificultar a permeabilidade de oxignio e ainda consumir o gs dissolvido no azeite. Apesar de no se considerar as reaes de fotooxidao, os autores sugerem que o tempo de vida de pr