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Aqueles exemplares integram o catálogo que se encontra no fim de cada subcapítulo, onde consta a sua descrição e desenho, acompanhando artefactos produzidos em outros materiais. Em 1995, antes de prosseguirmos a escavação para sul, solicitámos ao Professor Doutor Fernando de Almeida, do Departamento de Geociências, da Universidade de Aveiro, a reali- zação de prospecção electromagnética daquele local (Fig. 30). Esta permitiu verificar a boa permeabilidade do solo para a utilização deste método e, ainda, localizar sectores de paredes que, a sul, delimitavam espaço habitacional, então em parte identificado, presenças que a escavação ulterior viria a confirmar. 3. Estruturas, estratigrafias e espólios 3.1. Camada 1 É o estrato reconhecido sob o piso, de pedras e saibro, que constituía duas das alame- das do actual jardim e que se encontra, do mesmo modo, debaixo das terras superficiais da zona ajardinada. Foram identificadas duas subcamadas, comuns a toda a zona escavada, a C1A e a C1B. A primeira subcamada (C1A) ofereceu potência variável, entre 0,06 m e 0,60 m, sendo composta por terras activas, pouco compactas, e contendo abundante matéria orgânica. Apresenta cor castanha escura (2.5YR 3/4) 1 e algum espólio arqueológico, em especial peças dos séculos XIV a XVI. A segunda subcamada (C1B), mostrava espessura que variava entre 0,20 m e 0,70 m. Era constituída por terras pouco activas, mais compactadas que as da subcamada anterior, com cor castanha (2.5YR 4/4), e nela foram recolhidos alguns fragmentos de cerâmica, sobretudo do período muçulmano, assim como numismas da I Dinastia. Nos quadrados marcados junto ao pano de muralha, a camada 1 era mais profunda devido aos remeximentos efectuados durante as obras de restauro do Castelo, identificando- -se mais duas subcamadas (C1C e C1D), a primeira contendo grande percentagem de pedras miúdas e a segunda embalando algumas cerâmicas muçulmanas. A camada 1 integrava restos de dois pavimentos e troços de muros, pertencentes a estru- turas habitacionais cristãs, que reutilizaram elementos arquitectónicos retirados dos níveis muçulmanos. A uma daquelas construções pertenciam sectores de dois muros, que se associavam a pavimento (Qs 40, 41, 54, 82 e 83), com larguras que mediam entre 0,46 m e 0,60 m. Encontravam-se muito destruídos devido, possivelmente, aos trabalhos de jardinagem e às cotas elevadas que mostravam, aproveitando o maior, pré-existências islâmicas. O pavimento revestido com lajes de arenito vermelho, situava-se a 0,68m, no seu ponto mais elevado, acima do pavimento almoada e a 0,35 m abaixo do nível do solo actual. Restos de uma segunda edificação (Qs 171-173, 198 e 199), mostravam planta de forma rectangular, conservando 3,50 m de comprimento e 1,84 m de largura, encontrando-se, ainda, delimitada por três muros, situados a nascente, norte e poente (Fig. 31). Aqueles mediam 0,50 m de largura e foram demolidos até ao nível dos alicerces. Este compartimento, orientado segundo o seu eixo maior no sentido norte-sul, foi identificado a 0,50 m de profundidade, em relação ao nível actual do solo, e a 0,80 m acima do pavimen- to almoada. 41 A ALCÁÇOVA

3. Estruturas, estratigrafias e espóliospatrimoniocultural.gov.pt/media/uploads/trabalhosdearque... · 2010-02-19 · Q4/C1 Q11/C1 Q5/C1 Q7/C1 ... 251, 253 e 254). Este muro encontrava-se

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