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- 37 - 3. Integração das Tecnologias da Informação e Comunicação em Contexto Educativo

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33.. IInntteeggrraaççããoo ddaass TTeeccnnoollooggiiaass ddaa IInnffoorrmmaaççããoo ee

CCoommuunniiccaaççããoo eemm CCoonntteexxttoo EEdduuccaattiivvoo

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“ As tecnologias de informação e comunicação não são

mais uma ferramenta didáctica ao serviço dos professores e

alunos… elas são e estão no mundo onde crescem os jovens que

ensinamos” (ADELL,1997)

A integração das tecnologias da informação e da comunicação (TIC) no ensino é

encarada como essencial para o desenvolvimento de um país através da formação de

cidadãos mais e melhor preparados para um mundo em constante mudança. São

necessários indivíduos com educação abrangente em diversas áreas, que demonstrem

flexibilidade e capacidade de comunicação. Tornou-se primordial a promoção de uma

educação e formação para todos os cidadãos ao longo da vida. As TIC prometem

desempenhar um papel significativo potenciando professores e alunos. Melhor acesso e

eficiência da educação e da formação são essenciais para o desenvolvimento.

Embora geralmente se aceite que as TIC podem ser usadas de modo a facilitar a

educação e a formação, existe um grande fosso entre os potenciais usos das TIC e o

concretizado. Dificilmente se encontra outra área de aplicação onde o fosso entre os

imagináveis benefícios e a realidade seja tão grande como na educação e formação.

As políticas de introdução das TIC no ensino em Portugal datam de 1985. Este

capítulo é não só um olhar sobre essas políticas e suas repercussões mas também o que

isso significa a nível das estratégias e metodologias a adoptar de modo a dar resposta às

necessidades mencionadas.

UUttiilliizzaaççããoo ddaa IInntteerrnneett eemm PPoorrttuuggaall

Compreender a importância da escola na facilitação do acesso às TIC é

fundamental. Procurar a sua integração no ensino sem ter em conta esse papel seria no

mínimo desajustado da realidade de um país que tende a acordar tarde para as inovações

tecnológicas. Interessa por isso conhecer a realidade do país no que diz respeito ao

acesso às tecnologias da informação.

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A utilização da Internet em Portugal ainda não se generalizou, verificando-se

diferenças significativas entre classes sociais14

. Dos que possuem acesso à Internet

13,1% não a utilizam. Não possuem acesso à Internet 61,0% dos portugueses.

Relativamente aos que a utilizam e segundo os últimos dados, 80% dos indivíduos que

costumam utilizar a Internet utilizam o correio electrónico, que se posiciona assim como

a ferramenta mais frequente junto destes indivíduos. A transferência de ficheiros é outra

das utilizações mais frequentes, com 46,5% de referências no período (trimestre móvel

de Setembro a Novembro de 2002). Da mesma forma, a utilização de IRCs ou Chats é

também frequente e situa-se nos 32,5%, ao passo que outras utilizações, como jogos on-

line ou a consulta de newsgroups, obtêm menores índices (16,2% e 12,9%,

respectivamente). No que diz respeito às finalidades de utilização da Internet, a

formação pessoal, bem como fins profissionais, a obtenção de notícias e o divertimento

são os mais referidos, seguindo-se os fins académicos, a procura de produtos e serviços,

o convívio e outros (Gráfico 3-1)

.

Gráfico 3-1 Finalidades de utilização da Internet

De assinalar o facto de a utilização com fins académicos aparecer em quinto

lugar atrás do divertimento e a formação pessoal em primeiro. Sinal de uma inequívoca

importância dada à Internet na formação pessoal. Mais de metade das pessoas que

costumam utilizar a Internet fazem-no em seu benefício a nível da formação.

14Valores obtidos em 23 de Abril 2003 no site da empresa Marktest que realiza desde 1996 estudos de

penetração da Internet em Portugal. Disponível em

(http://www.marktest.pt/produtos_servicos/Bareme_Internet/default.asp?c=1013&n=451 )

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AAllgguunnss ddaaddooss ssoobbrree aass TTIICC nnaass eessccoollaass

O número de computadores nas escolas por aluno segundo dados de 2002 é de

19 alunos por computador15

. Destes cerca de metade está ligado à Internet perfazendo

38 alunos por computador.

Comparando estes valores com os do relatório europeu dos indicadores básicos

de integração das TIC no ensino (EURYDICE, 2002) verificamos que Portugal ainda

tem de realizar um largo esforço para acompanhar os seus parceiros europeus que já

atingiram as metas propostas nos planos estratégicos16

. Verifica-se que a média europeia

se situa entre 8,6 alunos por computador e 14,9 alunos por computador com ligação à

Internet.

Gráfico 3-2 Número de alunos por computador (ISCED2,3)

fonte :(Eurydice,2002)

IInnttrroodduuççããoo ddaass TTIICC nnoo eennssiinnoo:: bbrreevvee ppeerrccuurrssoo hhiissttóórriiccoo

Nos finais da década de 80 iniciou-se o que agora é conhecido por revolução

tecnológica no domínio das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). No

relatório “Educação, um tesouro a descobrir”, recomenda-se “que os sistemas

educativos devem dar resposta aos múltiplos desafios das sociedades da informação, na

perspectiva dum enriquecimento contínuo dos saberes e do exercício duma cidadania

adaptada às exigências do nosso tempo” (UNESCO, 1996). Na Europa lançou-se em

1999 a iniciativa"eEurope –Sociedade da Informação para Todos"17

com o objectivo de

15Informação do DAPP disponível on-line em 23 Abril 2003 em http://www.dapp.min-

edu.pt/d/estat/01_02/ep_racios.html16

A estratégia nacional está norteada pelas políticas europeias – eEurope e Plano de Acção eLearning,

designing tomorrow’s education - que pretendem fomentar a utilização das TIC, nomeadamente da

Internet, para melhorar a qualidade do ensino-aprendizagem.

17http://www.europa.eu.int/comm/elearning

EU

B

DK

D

EL

E

F

IRL

I

L

NL

A

P

FIN

S

UK

U.EUR.

BELGICA

DINAMARCA

ALEMANHA

GRECIA

ESPANHA

FRANÇA

IRLANDA

ITALIA

LUXAMBURGO

HOLANDA

AUSTRIA

PORTUGAL

FINLANDIA

SUECIA

REINO UNIDO

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disseminar rapidamente as novas tecnologias e promover as competências necessárias a

todos os cidadãos. Para o período 2000-2004 a Comissão europeia lançou o plano de

acção eLearning de modo a explorar as potencialidades das TIC no ensino.

Em Portugal o “Projecto Minerva” (Meios Informáticos No Ensino:

Racionalização, Valorização, Actualização) que decorreu entre 1985 e 1994 com o

objectivo de introduzir os meios informáticos no ensino constituiu a primeira grande

iniciativa neste domínio. O “Projecto Minerva” esteve longe de solucionar todos os

problemas inerentes à introdução das TIC na educação mas lançou as bases para novos

desenvolvimentos das escolas no domínio das TIC (SILVA, 2001). A evolução das

tecnologias deu-se igualmente de forma surpreendente tendo surgido em 1996 o

“Programa Nónio – Século XXI”. A aposta era no domínio das tecnologias multimédia

e das redes de comunicação.

No contexto da iniciativa eEurope, o Governo Português e no sector da

Educação criou um Grupo Coordenador dos programas de introdução, difusão e

formação em TIC, encarregado de produzir um Plano de Acção para a Educação no

âmbito das TIC para dar continuidade ao Programa Nónio. O documento de referência

(Estratégias, 2001) projecta para um horizonte até 2006. O formato do documento é um

misto de documento de estratégias e de documento para a acção.

Em 2001-2002 com as reformas do 3º ciclo do EB e do ES as TIC entram de

forma explícita nos currículos nacionais.

RReeppeerrccuussssõõeess ccuurrrriiccuullaarreess ddaa iinntteeggrraaççããoo ddaass TTIICC nnaa eessccoollaa

Da análise dos Projectos Nónio, sobressai o facto que na concepção e

apresentação dos mesmos por parte das escolas há objectivos comuns que podem

personificar a identidade das Escolas Nónio, tais como (SILVA e SILVA, 2001):

• Formar a comunidade escolar para as novas Tecnologias de Informação e

Comunicação (TIC);

• Proporcionar a emergência de novas práticas educativas;

• Proporcionar aos alunos hábitos e competências baseados na consulta,

tratamento e produção da informação;

• Garantir uma maior igualdade de oportunidades no acesso dos alunos às TIC;

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• Proporcionar o intercâmbio com outras escolas;

• Promover o desenvolvimento da Escola.

Percebe-se que os professores, reconhecem as TIC não apenas como

instrumentos que permitem uma interacção ao nível dos conteúdos mas que as TIC

contêm potencial estratégico para renovar a escola. As repercussões provocadas pela

integração das TIC, no âmbito do Nónio, são reconhecidas (SILVA e SILVA, 2001) a

nível: da organização, da relação com os conteúdos e da metodologia.

RReeppeerrccuussssõõeess oorrggaanniizzaattiivvaass aaoo nníívveell ddaass iinnssttâânncciiaass ddee ddeecciissããoo

� Escolas - na reorganização e gestão do tempo, espaços, recursos financeiros e

humanos. A avaliação é positiva tendo-se verificado por exemplo uma

reorganização pedagógica e administrativa profunda.

� Centros de Competência e Meio envolvente (como Câmaras Municipais, Juntas

de Freguesia e outros como agentes económicos e sociais como associações de

pais) que cederam equipamentos, espaços e material didáctico. Apesar de nas

escolas do primeiro ciclo ter sido positivo ficou de uma maneira geral aquém do

esperado. Já com os Centros de Competência, a avaliação é considerada positiva

quer no apoio prestado às escolas quer na forma como se evoluiu na prestação

desse apoio.

� Ministério da Educação. Principal fonte financeira não correspondeu às

expectativas tendo-se verificado cortes nos projectos para além de que a forma

não foi considerada adequada.

� Infra-estruturas tecnológicas ao nível dos espaços e equipamentos com a criação

de espaços próprios e a aquisição de equipamentos.

RReeppeerrccuussssõõeess eemm rreellaaççããoo aaooss ccoonntteeúúddooss

� Desenvolveram-se actividades concretas como por exemplo a produção do

Jornal da Escola. Desenvolvimento de trabalho em equipa por professores,

utilização em contexto dos currículos alternativos e de apoio pedagógico

acrescido. Intercâmbio entre escolas a nível nacional e internacional

RReeppeerrccuussssõõeess eemm rreellaaççããoo àà mmeettooddoollooggiiaa

� Prende-se com o facto de se criarem metodologias singulares e variadas,

adaptadas ao perfil dos alunos e contextos de aprendizagens.

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� Comportamentos e aprendizagens – Os resultados apontam para um impacto

favorável e positivo nos diferentes domínios de aprendizagem. Nomeadamente a

nível de novas estratégias de acesso à informação, ao saber e ao conhecimento e

de competências relacionadas como trabalho de grupo. Nos professores a nível

da prática pedagógica salienta-se uma mudança de atitudes na planificação e

organização de actividades interdisciplinares e transdiscisplinares.

� Formação dos professores. Vertente assumida desde início é avaliada de forma

positiva tendo-se traduzido na realização de cursos de formação propostos aos

centros de formação e de workshops.

PPrriimmeeiirraass uuttiilliizzaaççõõeess ddoo ccoommppuuttaaddoorr nnaa ddiisscciipplliinnaa ddee FFííssiiccaa--QQuuíímmiiccaa

Em meados de 80 apareceram os primeiros computadores divulgados e a custos

acessíveis. O Sinclair Zx-Spectrum, por exemplo, era uma máquina muito comum e que

era ligada a um simples televisor. O entusiasmo foi grande até porque era usada por

muitos jovens como máquina de jogos. As primeiras aplicações eram muito simples e as

listagens dos programas divulgados nos manuais escolares. A ênfase era colocada na

programação, já que eram os próprios alunos que passavam o programa para a máquina.

A linguagem utilizada era o Basic e várias foram as propostas apresentadas,

nomeadamente:

• na visualização da trajectória no lançamento de projécteis onde os alunos

eram convidados a acertar num alvo a uma determinada distância.

• e no caso da química a produção de riscas espectrais recorrendo ao modelo

de Borh (SÁ, 1985).

Com a vulgarização dos PC´s nas escolas e dos sistemas de aquisição de dados,

verificou-se alguma dinamização na utilização do computador como ferramenta nos

laboratórios. A proliferação de software promovido através de concursos realizados por

instituições do estado e desenvolvido no país foi incentivada assim como as editoras de

manuais escolares têm procurado, ainda que timidamente, desenvolver alguns projectos

específicos para a disciplina de Física-Química. Neste âmbito destaca-se o portal

MOCHO18 dedicado à ciência.

18 http://www.mocho.pt/

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AAss TTIICC nnoo ccuurrrrííccuulloo:: ddiiffeerreenntteess ppeerrssppeeccttiivvaass

As abordagens possíveis com vista a integração das TIC no ensino são diversas e

condicionadas pela forma como os diferentes intervenientes perspectivam o Ensino.�

Uma forma de introduzir as TIC nos currículos é a criação de mais uma disciplina para

formação em TIC e que não exclui obviamente a utilização das TIC nas diversas

disciplinas.

A outra perspectiva privilegia a integração e a transversalidade como a

inicialmente adoptada na primeira proposta de reorganização curricular do ensino básico

recentemente iniciada no nosso país (2002). Esta última, promove um ensino menos

compartimentado, mais ligado à realidade e que procura uma dimensão global e

integrada (CURR.NAC, 2001). Tal significa que, no currículo deste nível de ensino, as

TIC passam a ter presença inequívoca na acção pedagógica em todas as disciplinas e

áreas disciplinares, bem como nas áreas curriculares não disciplinares19. Constitui ainda

formação transdisciplinar de carácter instrumental a utilização das tecnologias de

informação e comunicação, a qual deverá conduzir, no âmbito da escolaridade

obrigatória, a uma certificação da aquisição das competências básicas neste domínio.

No entanto e no decurso de alterações de ordem política foram introduzidas

alterações a essa primeira proposta no que concerne a introdução das TIC. No ensino

básico foi introduzida no último ano (9º ano de escolaridade) uma disciplina específica

assim como nos anos seguintes já no Ensino Secundário. A esse propósito pode ler-se

em documentação do ministério da Educação:

“A transversalidade potencia a desigualdade de acesso e de

desenvolvimento educativo, beneficiando os que usufruem de um ambiente

familiar com maior capital cultural, mas relegando para a iliteracia digital os

social e culturalmente desfavorecidos. O ensino obrigatório das TIC é um

imperativo educativo, mas também social e cultural.

Não basta saber aceder à Internet, substituir a máquina de escrever por

um processador de texto ou construir um gráfico a partir de uma folha de

cálculo. As técnicas e o domínio dos processos de sistematização e tratamento

de informação, das aplicações ligadas ao desenho assistido por computador, ou

a capacidade de produzir conteúdos para Internet, são domínios estratégicos do

conhecimento a que não poderemos ficar alheios.

Não nos podemos circunscrever à formação de potenciais consumidores

de informação. Pelo contrário, o desafio da escola do futuro está na capacidade

de formar para a produção, tratamento e difusão de informação.” (REFORMAES, 2003)

19 Área projecto, Estudo Acompanhado e Formação Cívica

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Estas alterações têm no entanto sido alvo de uma acesa discussão. A criação de

disciplinas específicas são vistas por muitos como algo limitador e negativo. A esse

propósito cita-se (PEREIRA, 2003):

“parece-me imperioso afirmar que não faz qualquer sentido no

secundário uma disciplina independente de Tecnologias de Informação e

Comunicação,(…) . As TIC, nesta fase, deverão ser assumidas duma forma

generalizada e transversal e se houver alguma necessidade de as incluir de uma

forma descontextualizada no currículo, tal só faria sentido no 1º e/ou 2º ciclo do

Ensino Básico!”

Reforçando a ideia de que a existência de uma disciplina específica, a existir

deverá ocorrer cedo no currículo mínimo obrigatório.

Ainda acerca da reforma:

“Tanto o CNE como as associações de professores se insurgiram contra

esta opção nos pareceres enviados à tutela, alegando que a disciplina não tem

conteúdo. Mas para o ministro trata-se de uma questão de princípio: alterar

seria contrariar a filosofia da revisão.” (PUBLICO, 2003)

A argumentação por uma utilização educativa das TIC integrada em contexto

curricular incide na versatilidade e no significado que podem adquirir as aprendizagens

nestas condições.

Ao defender-se a transversalidade todos os professores são professores de TIC.

Desenvolveu-se paralelamente um vasto consenso em torno do facto de que as TIC

podem favorecer aprendizagens baseadas na curiosidade, na descoberta e na

experimentação (RELATÓRIO, 2000).

De modo a se compreender a reforma inicialmente prevista atente-se no quadro

que se segue (ESE, 2001):

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Tabela 3-1- Algumas notas reforma no ensino básico face às TIC

Princípios orientadoresRealização de aprendizagens significativas

(contextualização dos saberes), diversidade de metodologias eactividades de aprendizagem com recurso às TIC

Novas áreas curriculares

(articuladas entre si e com as áreasdisciplinares, incluindo uma componente detrabalho dos alunos com as TIC)

3 novas áreas curriculares não disciplinares

(Área de projecto, Estudo Acompanhado, Formação Cívica) ... eensino experimental das ciências. Da responsabilidade doprofessor da turma (1º ciclo) e Conselho de Turma (2º e 3º ciclos)

Desenvolvimento do CurrículoNovas práticas de gestão curricular (flexibilidade face aoscontextos: projecto curricular de escola e de turma)

EscolaEspaço de educação para a cidadania...oferecendo espaços deefectivo envolvimento dos alunos e actividades de apoio ao estudo

Educação para a cidadania, domínio da língua portuguesa e valorização da dimensão humana do

trabalho e utilização das TIC

Área de Projecto

Concepção, realização e avaliação de projectos (articulando saberesdas diversas áreas em torno de problemas ou temas depesquisa/intervenção de acordo com necessidades e interesses dosalunos)

Estudo AcompanhadoApropriação de métodos de estudo e trabalho com vista a uma maiorautonomia na realização das aprendizagens

Formação CívicaDesenvolvimento da consciência cívica com recurso ao intercâmbio deexperiências vividas pelos alunos e à sua participação na vida daturma, escola e comunidade

Fo

rma

ções

Tra

nsd

isci

pli

na

res

Formação para autilização das TIC

Conduz a uma certificação da aquisição das competências básicas nestedomínio

Actividades de enriquecimento docurrículo Facultativas, de carácter lúdico e cultural (no domínio desportivo,

artístico, científico e tecnológico)

Avaliação

Diagnóstico (articulada com estratégias de diferenciação pedagógica)

Formativa (regulação do ensino e da aprendizagem)

Sumativa

Provas nacionais de aferição

Avaliação do desenvolvimento do currículo, não produzindo efeitos naprogressão escolar dos alunos

Formação de Professores Modalidades centradas na escola e nas práticas profissionais, comatenção especial às áreas curriculares não disciplinares

Nas alterações introduzidas (introdução de uma disciplina específica de TIC)

não se invalida a utilização das tecnologias nas outras disciplinas. A sua aplicação

decorre naturalmente como uma adaptação às necessidades da nossa sociedade e das

orientações curriculares do ensino básico que não foram alteradas.

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AAss ooppççõõeess nnaa EEuurrooppaa

Na maioria dos países europeus as TIC, no ensino obrigatório, são utilizadas

como ferramentas de trabalho em outros assuntos. De uma maneira geral são usadas

como ferramentas em projectos, na promoção da interdisciplinaridade entre outros usos.

Existem ainda países que, pelo menos até 2001 (EURYDICE, 2002), não incluíam as

TIC no currículo (ISCED 1)20 (Grécia, Itália, Republica Checa, Chipre, Látvia, Lituânia

e Eslováquia). Em alguns países as TIC para além da sua utilização como ferramenta

são também matéria obrigatória no currículo mínimo: Holanda, Reino Unido (excepto

Irlanda do Norte), Islândia, Polónia e Eslovénia. A Hungria e a Roménia apenas a

incluem como assunto específico do currículo.

Gráfico 3-3 - Uso das TIC no ensino obrigatório na Europa (ISCED 1) - 2000/2001

(fonte: Eurydice, 2001)

No 3º ciclo (ISCED2) verifica-se uma alteração de postura em grande parte dos

países, passando a ser um tema tratado isoladamente. No entanto, em Portugal, as TIC

continuavam até 2002 integradas e usadas como ferramentas em outros assuntos. A

manterem-se as recentes alterações de Abril de 2003 passa Portugal a incluir as TIC

como assunto específico.

20 Classificação internacional da educação (ver Apêndice - C)

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Gráfico 4-4 Uso das TIC no ensino obrigatório na Europa (ISCED 2) - 2000/2001

(fonte: Eurydice, 2001)

AA tteeccnnoollooggiiaa ee oo eennssiinnoo

As tecnologias da informação até à década de 80 no ensino eram perspectivadas

sob três pontos de vista: como “tool” “tutor” e “tutee”. Assim tínhamos educadores que

advogavam o seu uso como ferramentas,"tools, (processadores de texto, folhas de

calculo), os que o viam essencialmente como auxiliares de ensino “tutor”, (tuturiais,

simulações, exercícios) e os que acreditavam que o seu potencial se encontrava na

programação "tutee". Cada uma destas utilizações tinha o seu lugar. Nos últimos anos

temos testemunhado alterações profundas na sociedade.

No passado os objectivos da educação reflectiam a ênfase da sociedade na

necessidade de competências básicas (ler, escrever e aritméticas) e num conjunto de

informações consideradas essenciais. No entanto a quantidade de informação

considerada importante é cada vez maior. O mundo está em rápida mudança e não é

possível confinar os objectivos da educação a conhecimentos ou competências

específicas.

A ênfase deverá ser colocada em outras capacidades, o aprender a aprender, que

ajudará no futuro os cidadãos a lidar com as inevitáveis mudanças. O conhecimento, em

rápida desactualização implica o desenvolvimento de estratégias metacognitivas e a

aposta na formação ao longo da vida. Trata-se de formar pessoas preparadas para esta

nova sociedade: a Sociedade da Informação. Trata-se de formar não conhecedores mas

aprendedores (Tabela 3-2).

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Tabela 3-2 O conhecedor versus aprendedor

Conhecedor Aprendedor

� Consulta a informação do passado

� Acomoda factos e conceitos

� Armazena factos e conceitos sem

os relacionar

� Aplica os conhecimentos a

problemas específicos

� Modifica os estímulos externos

para se adaptarem à compreensão

� É passivo, espera que lhe chegue a

informação.

� Projecta a informação no futuro

� Aplica e experimenta o

conhecimento

� Cria e elabora redes conceptuais

� Cria soluções específicas para cada

problema

� Modifica a compreensão para

explicar os estímulos

� É pró activo – procura avidamente

novas experiências

EEssttrraattééggiiaass

O Gráfico 3-5, sobre a eficácia de diversas estratégias dá indicações das

potencialidades das TIC para a implementação das estratégias mais eficazes assim como

da forma como devemos pensar essa integração.

Proporcionar experiências de aprendizagem onde o aluno possa experimentar e

aplicar o conhecimento é proporcionar a construção do conhecimento pelo indivíduo.

Interagindo com o mundo que o rodeia, constrói, testa e refina representações cognitivas

Gráfico 3-5 Eficácia de estratégias no ensinoFonte : “Effectiveness of instructional strategies”- National Training Laboratories, Bethel,

Maine(1986)

5

10

20

30

50

75

90

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Taxa m édia de retenção %

Palestra

Leitura

Audio-visual

Dem onstração

Grupo

Pratica experiem ental

Ensinar outros\uso im ediato do

conhecim ento

Eficácia de estratégias

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de modo a compreender esse universo. Trata-se de “ensinar construtivamente uma

ciência construtivista” (PEREIRA, 2001). Para muitos educadores (ROBLYER et al,

1996) não é possível construir um currículo que reflicta características construtivistas

sem as tecnologias. As metodologias construtivistas assentam em alguns preceitos

fundamentais:

• Dar relevo a competências ancorando-as em experiências de aprendizagem

significativa, autenticas e altamente visuais

• Desempenho de um papel activo por parte dos alunos em actividades

interactivas e problemas motivantes;

• Ensinar os alunos a trabalhar em conjunto na resolução de problemas quer

em grupo quer em actividades de colaboração

• Ênfase na motivação com actividades motivadoras.

Os sete princípios de Cunningham (BOYLE, 1997) formam uma rede muito útil

para o desenho de ambientes de aprendizagem construtivistas:

1. Proporcionar experiências do processo de construção do conhecimento –

experiências de aprendizagem.

2. Proporcionar a experimentação e a apreciações de perspectivas múltiplas.

3. Aprendizagem realizada em contexto real e relevante. Realização de tarefas

autenticas e com significado, tarefas baseadas na resolução de problemas

relevantes para o mundo real.

4. Encorajar a apropriação e participação no processo de aprendizagem. Encorajar

os alunos a escolher os problemas a abordar, assumindo maior responsabilidade

pelo processo de aprendizagem.

5. Aprendizagem realizada em contexto social. Configurações colaborativas

diversas, como a relação do tipo mestre-aprendiz ou entre pares. Na primeira o

professor desempenha um papel de facilitador, providenciando pistas,

comentários e levando a cabo as tarefas que os alunos ainda não conseguem

realizar sozinhos. Gradualmente o professor vai retirando o seu apoio

proporcionando uma cada vez maior independência do aluno. No segundo tipo

de colaboração supõe-se que os indivíduos apreendem bastante melhor os

processos de construção do conhecimento, negociação e refinamento numa

comunidade de pares.

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6. Encorajar modos de representação múltiplos.

7. Encorajar a consciencialização do processo de construção do conhecimento -

metacognição.

Assente nestes princípios apresentam-se algumas propostas de estratégias para a

integração das TIC baseada em modelos construtivistas:

• Integração para gerar motivação na aprendizagem.

• Integração para promoção da criatividade.

• Integração para facilitar a auto analise e a meta cognição.

• Integração para aumentar a transferência de conhecimento na resolução de

problemas.

• Integração para promover a cooperação em grupo.

AAccttiivviiddaaddeess

As actividades realizáveis são centradas basicamente num uso da tecnologia que

permita:

• Comunicar e trocar ideias.

• Aceder e analisar informação.

• Resolver problemas.

• Produzir e apresentar ideias.

Várias actividades tipo com vista a integração das TIC em contexto educativo,

são possíveis de modo a implementar as estratégias mencionadas (ROERDEN, 1997):

• Correspondência. Promover a comunicação por e-mail com outros alunos

mais velhos; listas temáticas (newsletters), listas de grupos (onde todo o

grupo recebe a mensagem enviada por um dos elementos).

• Orientação por peritos.

• Tirar partido dos recursos na Internet.

• Colaboração em rede – com outras escolas em projecto.

• Consulta de opinião – Votações, fóruns.

• Desafio cooperativo – os alunos vão procurar resolver um problema de

forma cooperativa.

• Acção Social – os alunos identificam um problema e procuram soluciona-lo

através dos serviços disponíveis.

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• Ligação à comunidade desenvolvimento de jornais on-line, clubes.

• Simulação – recurso a simulações e na recriação de situações.

• Publicação na Internet de sites (da turma por exemplo, de cada aluno).

• Multimédia – actividades com recurso a ferramentas multimédia (vídeos,

fotografias etc.).

Claro que o uso do computador se estende para além destas actividades,

nomeadamente como ferramenta de treino. No entanto a sua utilização não integrada

numa actividade real poderá remeter a aprendizagem para outros modelos educacionais.

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Neste contexto onde o tipo de actividades está centrado no aluno e no

desenvolvimento das suas competências o papel do professor, altera-se sendo

necessários professores com um perfil diferente do tradicional. Os professores devem

ser capazes de decidir qual a melhor metodologia que se adapta aos objectivos da

aprendizagem a realizar, como utilizar as TIC e identificar as metodologias adequadas

para as integrar no ensino (PICTTE, 2000). A escolha de uma determinada metodologia

deve ser baseada na participação dos alunos. Na prática o professor deixa de ser o

detentor do conhecimento e avaliador de conhecimento, passa a ser mais a de facilitador

da aprendizagem, motivador e avaliador da construção dessa aprendizagem. Cabe-lhe

proporcionar experiências diversas com vista ao desenvolvimento das competências

desejáveis tais como promover discussões, disponibilizar acesso à informação,

promover experiências de aprendizagem diversificadas, dar ajuda na medida necessária

gerindo a sua intervenção.

Mas as suas funções não se resumem a funções pedagógicas, pois na prática e

por motivos logísticos acrescem-se sempre outras tais como:

• Coordenador e gestor dos recursos

• Preparador de equipamento

Este novo perfil exige uma formação diferente. Tornam-se fundamentais a

formação técnica ao nível das ferramentas e instrumentos – competência técnica – mas

também a aquisição e desenvolvimento de novas competências didácticas e

pedagógicas.

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No Tabela 3-3 apresenta-se o perfil definido no âmbito do projecto europeu

Profiles in ICT for teachers education (2000)

Tabela 3-3 Perfil do professor em TIC

Atitudes

Abertura à inovação tecnológicaAceitação da tecnologia

Capacidade de adaptação/mudança do papeldo professor.

Ensino centrado no aluno, aberto àparticipação do aluno.Professor como mediador e facilitador dacomunicação.

Ensino geral

Metodologias de ensino com as TIC.Planeamento das aulas com as TICIntegração dos mediaMonitorização/avaliaçãoAvaliação de conteúdos TIC

Questões de segurança, de ética e legais nautilização das TIC.

Ensino da disciplina

Actualização científica.Investigação.Avaliação de recursos.Integração na comunidade científicaLigação a possíveis parceirosUtilização de materiais em outras línguas.

Participação em newsgroups.Competências

Competências TIC

Actualização de conhecimentos emTIC/plataformas e ferramentas TIC.

Familiarização com ferramentas que sirvampara:

� Comunicar� Colaborar� Pesquisar� Explorar� Coligir dados� Processar dados� Expandir conhecimentos

Integrar ferramentas

AA aavvaalliiaaççããoo ddooss aalluunnooss

Esta abordagem do ensino é diferente da tradicional e modelos diferentes de

ensino implicam diferentes abordagens também no que diz respeito à avaliação. Uma

visão radical da avaliação é apresentada por Cunningham, que rejeita a ideia de uma

avaliação objectiva. Defende que a avaliação é inerente à conclusão da tarefa: “..

quando o ensino é envolto de situações onde os estudantes se envolvem em tarefas

reais, a avaliação surge naturalmente dessas situações” (CUNNINGHAM, 1991). As

importantes competências a desenvolver não se reflectem em testes realizados fora do

contexto de aprendizagem. No entanto, torna-se necessário que quer os objectivos

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traçados quer a avaliação sejam aceitáveis pelas partes interessadas da comunidade

educativa (pais, alunos, professores, etc.). Um dos principais problemas desta avaliação

reside na ênfase dado ao trabalho em grupo e tarefas colaborativas: “Como saber que os

indivíduos que constituem um grupo aprenderam? “.

Alguns instrumentos de avaliação podem ser implementados de modo a

ultrapassar em parte algumas das dificuldades. A nível da avaliação formativa a

realização de testes on-line sempre disponíveis para os alunos assim como jogos

proporcionam o feedback necessário quer ao professor quer ao aluno. Outros

instrumentos como portfólios e realização de uma “avaliação da performance”

proporcionam uma avaliação do processo de construção realizado pelo aluno. Na

avaliação da performance os alunos demonstram o que sabem aplicando o

conhecimento, numa exposição, demonstração, projectos etc. A sua implementação

assenta fundamentalmente em dois princípios (ROERDEN, 1997):

• Definição clara dos critérios de sucesso.

• Que os estudantes demonstrem o que aprenderam em contexto real.

Na avaliação da performance (Tabela 3-4) dever-se-á procurar que todas as

partes envolvidas participem na avaliação. Assim num projecto realizado em grupo o

aluno não só realiza a avaliação global do desempenho e resultado final como faz a

auto-avaliação e hetero-avaliação de todos os participantes, contribui igualmente com a

sua apreciação para a avaliação dos trabalhos apresentados por outros grupos.

Tabela 3-4 Avaliação da performance

• Permite avaliar de forma global e integrada um

projecto

• A avaliação está integrada na formação.

• Recurso a portfólios com amostras dos trabalhos dos

alunos.

• Deriva directamente de critérios claros e conhecidos

dos alunos.

• Permite a avaliação por várias pessoas.

• Está relacionada intimamente com aprendizagens a

realizar.

• Promove nos alunos a capacidade de avaliar o seu

próprio trabalho.

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Na avaliação do trabalho de grupo o conhecimento dos critérios de avaliação por

parte dos alunos é um elemento central na promoção do seu desempenho. O

conhecimento por todos dos critérios de avaliação das competências do trabalho em

grupo (ouvir, ajudar, respeitar, questionar, partilhar, participar, persuadir) funciona

como elemento orientador do desempenho.