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artigos Cromatografia de Líquidos e Interface LC-MS* ALEXANDRE J.C.D. BRITO**, PAULO J. SALVADOR*** E RAFAEL B. CHUST**** 1. INTRODUÇÃO Nos últimos anos, tem-se veri- ficado um constante desenvolvimento da instrumentalização e aplicações para Cromatografia de Líquidos (HPLC), procurandotiraro maiorpartido possível desta potente técnica analítica. O objectivo deste artigo centra- -se na apresentação e discussão dos desenvolvimentoslevados a cabo a nível de instrumentação (sistemas de injec- ção de amostras, bombeamento de solventes, detecção e tratamento de dados) pelo Departamento de Investi- gação e Desenvolvimento de KONIK INSTRUMENTS, relatando a sua evo- lução em paralelo com as necessidades actuais do cromatografista. Complementarmente, serão discutidos os últimos avanços a nível das interfaces LC-MS (Cromatografia de Líquidos—Espectrometria de Massa), assinalando a sua evolução até ao estágio actual e as tendências futuras neste campo analítico. 2. 0 CROMATOGRAFO DE LÍQUIDOS Vários passos se verificaram com o decorrer dos anos relativamente técnica e à instrumentação para cromatografia de líquidos, onde há a salientar: — a primeira experiência em cromatografia de líquidos, utilizando como meio impulsionador a gravidade, por M. S. Tswett(1872-1919)—tido como o "pai da cromatografia" — em 1906, na qual se levou a cabo a separação de pigmentos vegetais, conseguindo puri- ficar a clorofila por cromatografia de adsorção; — o primeiro Prémio Nobel (Quí- mica) para a Cromatografia, obtido por A. J. P. Martin e R. L. M. Synge (Reino Unido), em 1952; — a construção do primeiro cromatógrafo de líquidos, em 1964, por Csaba Horvath (1930—), o qual permitia pressões de trabalho da ordem de 4000 psi (270 atm). e passando pela primeira sepa- ração por gradiente de solventes (1967 — Csaba Horvath — EUA) até aos instru- mentos, acessórios e consumíveis actualmente em comercialização, muitas barreiras tecnológicas foram ultrapassadas e muitos problemas analíticos resolvidos. 2.1 — Configuração de um Cromatógrafo de Líquidos Moderno A configuração de um croma- tógrafo de líquidos engloba pelo menos quatro componentes fundamentais: Sistema de Injecção ou Injec- tor Sistema de Bombagem ou Bomba de Solventes Sistema de Detecção ou De- tector Sistema de Tratamento de Dados De seguida, procuraremos sa- lientar os passos mais importantes na sua evolução até ao estágio actual. 2.2— Sistemas de Injecção Relativamente aos sistemas de injecção, a evolução foi na realidade relativamente pequena, dado que os engenheiros industriais obviaram muito dos passos necessários para ir de encontro aos requisitos exigidos pelos cientistas e investigadores em cro- matografia de líquidos, os quais afortunadamente apenas tiveram de adaptarválvulasvulgarmente utilizadas na indústria para a injecção croma- tográfica. As primeirasválvulas utilizadas por Csaba Horvath foram as válvulas "deslizantes" de 4 entradas, onde se dispunha de dois canais alternativos: um de injecção ou carga de amostra (load) e outro de injecção no croma- tógrafo (inject). Com o aumento de pressão, estas válvulas demonstraram- -se limitadas por se revelarem pouco estanques. Actualmente, são universal- mente utilizadas as válvulas de injecção de 6 vias, cuja concepção e/ou fa- bricante permitem que sejam válvulas de injecção de volume fixo ou de volu- me variável — dependendo a sua fun- cionalidade da sua própria estan- quicidade. 2.3— Sistema de Bombagem Foi precisamente em relação aos sistemas de bombagem que sur- giram as primeiras limitações tecno- lógicas no desenvolvimento dos cro- matógrafos de líquidos. Como se afirmava em 1941, num artigo no Jou rn al of Biochemistry(1358- 1368, 1941), da autoria de A. J. P. Martin (1910- (e R. L. M. Synge (1914-), em cro- matografia de líquidos "a única forma de obter a mais baixa HETP (altura equivalente a um prato teórico) sera utilizando partículas com a menor dimensão possível e uma elevada diferença de pressões ao longo da coluna". Assim sendo, e havendo a possibilidade tecnológica de obter partículas de pequenas dimensões (menos de 60 microns), seria necessário desenvolver um sistema de bombagem que permitisse gerar e suportar altas pressões na cabeça da coluna, por forma a garantir uma diferença de pressões entre esta e a pressão á saída da mesma (cujo valor será de 1 a 5 atm), gerando ainda pulsações de fluxo tão reduzidas quanto possível. Assim, as características fun- damentais de um Sistema de Bombagem deverão ser as seguintes: fluxo estável e isento de pul- sações, por forma a prevenir contri- buições indesejáveis a nível do sistema de detecção; ampla gama de fluxos, per- mitindo uma maior flexibilidade; reprodutibilidade do volume deslocado, por forma a permitir repro- dutibilidade de tempos de retenção, salientando as características quali- tativas da cromatografia de líquidos; resistência a altas pressões (400 a 500 atm), pelas razões previa- mente enunciadas. 2.3.1 — Sistema de Bombagem de Pistão Simples O primeiro sistema utilizado, no fim da década de 50 — ainda antes de Csaba Horvath — baseou-se numa bom- ba de pistão simples, cuja concepção se inspirou nas bombas de seringa, a qual se completava com a fase móvel desejada e posteriormente seria despejada a cadência e consequen- temente ao fluxo desejado. As vantagens óbvias de tal sistema residiam na inexistência de pulsações, dado que o movimento de esvaziamento do pistão é constante, e facilidade de controle de fluxos, uma

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    Cromatografia de Lquidose Interface LC-MS*ALEXANDRE J.C.D. BRITO**,PAULO J. SALVADOR***E RAFAEL B. CHUST****

    1. INTRODUONos ltimos anos, tem-se veri-

    ficado um constante desenvolvimentoda instrumentalizao e aplicaes paraCromatografia de Lquidos (HPLC),procurandotiraro maiorpartido possveldesta potente tcnica analtica.

    O objectivo deste artigo centra--se na apresentao e discusso dosdesenvolvimentoslevados a cabo a nvelde instrumentao (sistemas de injec-o de amostras, bombeamento desolventes, deteco e tratamento dedados) pelo Departamento de Investi-gao e Desenvolvimento de KONIKINSTRUMENTS, relatando a sua evo-luo em paralelo com as necessidadesactuais do cromatografista.

    Complementarmente, serodiscutidos os ltimos avanos a nveldas interfaces LC-MS (Cromatografiade LquidosEspectrometria de Massa),assinalando a sua evoluo at aoestgio actual e as tendncias futurasneste campo analtico.

    2.0 CROMATOGRAFO DE LQUIDOSVrios passos se verificaram

    com o decorrer dos anos relativamentetcnica e instrumentao para

    cromatografia de lquidos, onde h asalientar:

    a primeira experincia emcromatografia de lquidos, utilizandocomo meio impulsionador a gravidade,por M. S. Tswett(1872-1919)tido comoo "pai da cromatografia" em 1906, naqual se levou a cabo a separao depigmentos vegetais, conseguindo puri-ficar a clorofila por cromatografia deadsoro;

    o primeiro Prmio Nobel (Qu-mica) para a Cromatografia, obtido porA. J. P. Martin e R. L. M. Synge (ReinoUnido), em 1952;

    a construo do primeirocromatgrafo de lquidos, em 1964, porCsaba Horvath (1930), o qual permitiapresses de trabalho da ordem de 4000psi (270 atm).

    e passando pela primeira sepa-rao por gradiente de solventes (1967 Csaba Horvath EUA) at aos instru-

    mentos, acessrios e consumveisactualmente em comercializao,muitas barreiras tecnolgicas foramultrapassadas e muitos problemasanalticos resolvidos.

    2.1 Configurao de umCromatgrafo de Lquidos Moderno

    A configurao de um croma-tgrafo de lquidos engloba pelo menosquatro componentes fundamentais:

    Sistema de Injeco ou Injec-tor

    Sistema de Bombagem ouBomba de Solventes

    Sistema de Deteco ou De-tector

    Sistema de Tratamento deDados

    De seguida, procuraremos sa-lientar os passos mais importantes nasua evoluo at ao estgio actual.

    2.2 Sistemas de Injeco

    Relativamente aos sistemas deinjeco, a evoluo foi na realidaderelativamente pequena, dado que osengenheiros industriais obviaram muitodos passos necessrios para ir deencontro aos requisitos exigidos peloscientistas e investigadores em cro-matografia de lquidos, os quaisafortunadamente apenas tiveram deadaptarvlvulasvulgarmente utilizadasna indstria para a injeco croma-togrfica.

    As primeirasvlvulas utilizadaspor Csaba Horvath foram as vlvulas"deslizantes" de 4 entradas, onde sedispunha de dois canais alternativos:um de injeco ou carga de amostra(load) e outro de injeco no croma-tgrafo (inject). Com o aumento depresso, estas vlvulas demonstraram--se limitadas por se revelarem poucoestanques.

    Actualmente, so universal-mente utilizadas as vlvulas de injecode 6 vias, cuja concepo e/ou fa-bricante permitem que sejam vlvulasde injeco de volume fixo ou de volu-me varivel dependendo a sua fun-cionalidade da sua prpria estan-quicidade.

    2.3 Sistema de Bombagem

    Foi precisamente em relaoaos sistemas de bombagem que sur-

    giram as primeiras limitaes tecno-lgicas no desenvolvimento dos cro-matgrafos de lquidos.

    Como se afirmava em 1941, numartigo no Journal of Biochemistry(1358-1368, 1941), da autoria de A. J. P. Martin(1910- (e R. L. M. Synge (1914-), em cro-matografia de lquidos "a nica formade obter a mais baixa HETP (alturaequivalente a um prato terico) serautilizando partculas com a menordimenso possvel e uma elevadadiferena de presses ao longo dacoluna".

    Assim sendo, e havendo apossibilidade tecnolgica de obterpartculas de pequenas dimenses(menos de 60 microns), seria necessriodesenvolver um sistema de bombagemque permitisse gerar e suportar altaspresses na cabea da coluna, porforma a garantir uma diferena depresses entre esta e a presso sadada mesma (cujo valor ser de 1 a 5 atm),gerando ainda pulsaes de fluxo toreduzidas quanto possvel.

    Assim, as caractersticas fun-damentais de um Sistema de Bombagemdevero ser as seguintes:

    fluxo estvel e isento de pul-saes, por forma a prevenir contri-buies indesejveis a nvel do sistemade deteco;

    ampla gama de fluxos, per-mitindo uma maior flexibilidade;

    reprodutibilidade do volumedeslocado, por forma a permitir repro-dutibilidade de tempos de reteno,salientando as caractersticas quali-tativas da cromatografia de lquidos;

    resistncia a altas presses(400 a 500 atm), pelas razes previa-mente enunciadas.

    2.3.1 Sistema de Bombagemde Pisto Simples

    O primeiro sistema utilizado, nofim da dcada de 50 ainda antes deCsaba Horvath baseou-se numa bom-ba de pisto simples, cuja concepose inspirou nas bombas de seringa, aqual se completava com a fase mveldesejada e posteriormente seriadespejada a cadncia e consequen-temente ao fluxo desejado.

    As vantagens bvias de talsistema residiam na inexistncia depulsaes, dado que o movimento deesvaziamento do pisto constante, efacilidade de controle de fluxos, uma

  • artigos

    vez que apenas temos de controlar avelocidade linear de um nico eixo.

    Tais vantagens eram contraba-lanadas por um rol de vrias desvan-tagens, entre as quais se contam anecessidade de completar o cilindroonde se movimenta o pisto ao fim decada cromatograma e a bvia dificul-dade em garantir uma elevada estan-quicidade, a despressurizao do sis-tema sempre que se completa o cilindro,pondo em causa a estabilidade do leitocromatogrfico, a dificuldade no de-senvolvimento de mtodos, dado sernecessrio trabalhar com o cilindrocompleto com uma fase mvel de dadacomposio, obrigando, caso no sejaa fase mais adequada 6 separao, areench-lo aofim de cada cromatogra-ma, redundando em falta de flexibilidadeno desenvolvimento de aplicaes e aum gasto suplementar de solventes etempo e, por ltimo, o aparato instru-mental necessrio, dado que sendo asdimenses das partculas relativamenteelevadas (40-60 microns contra os 3-5--lo microns actuais), osfluxos deveriamser forosamente baixos para permitiruma boa resoluo e por outro lado ostempos de anlise desusadamenteelevados actualmente, separamos 4cidos nucleicos em 5 minutos a umfluxo de 1 ml/min (o que implica umgasto de cerca de 5 ml de eluente),enquanto a mesma separao tomavamais de 2 horas a 0,2 ml/min (o queimplica 5 vezes mais gasto de eluente),bem como a quase impossibilidade deoperao em gradiente de solventes,por todas as razes anteriormentereferidas.

    De seguida, no incio da dcadade 60,foram desenvolvidos os primeirossistemas baseados em bombas depisto simplesentre os quais se contao sistema de Csaba Horvth cujaoperao se baseia no movimento devai-vm de um pisto numa cmara devolume limitado, dispondo de duasvlvulas anti-retorno (6 entrada esada), e que, por forma a diminuir aspulsaes,

    utiliza uma velocidade deavano (impulso de solvente) conside-ravelmente mais lenta (cerca de 8 a 10vezes) que a velocidade de retrocesso(alimentao do pisto). Tal sistemaprovou-se fivel, resistente e resolveutecnologicamente (pela incorporaodas vlvulas anti-retorno e vedantes dealta resistncia) um dos problemasmaiores da cromatografia de lquidos a alta presso de trabalho. Outravantagem bvia a possibilidade deutilizao de duas ou mais bombas emparalelo para obteno de gradientesde solventes. No entanto, tal sistema(ainda utilizado por alguns fabricantesactuais, dada a sua simplicidade e baixo

    custo), tem uma desvantagem inerentesua prpria concepo: a gerao de

    pulsos, os quais transmitidos ao detec-tor, do origem a picos "fantasmas" ,osquais no sendo demasiado notadosem detectores espectrofotomtricos(UV-VIS e fluorimtricos), impedem asua utilizao com detectores altamentesensveis a pulsos, como sejam osdetectores de ndice de refracodiferencial, electroqumico, de condu-tividade electroltica e, o mais sensvelde todos, o espectrmetro de massa(cujas razes sero explanadas maisadiante).

    2.3.2 Sistema de Bombagemde Pisto Duplo

    No ltimo estgio de desenvol-vimento, que o actual, o sistema debombagem utilizado o de duplo pistode movimento recproco, que tal comoo sistema de pisto simples anterior-mente descrito, dispe de distintasvelocidades consoante a fase em quese encontram mais lenta quando emfase de impulso e mais rpida quandoem fase de carga.

    Este sistema apresenta van-tagens sobre todos os demais, dadoque, dispondo das mesmas caracte-rsticas mecnicas das bombas depisto simples, suprime as pulsaesatravs do movimento alternado dosseus pistes (carga pisto 1/ descargapisto 2 seguida de descarga pisto 1 /carga do pisto 2).

    Resumidamente, temos comovantagens fundamentais dos sistemasde duplo pisto recproco, e quase comoextrapolao do sistema de pistosimples, uma relativa simplicidademecnica, elevada fiabilidade, possibi-lidade de operar a altas presses eausncia de pulsaes.

    Os cromatgrafos de lquidosKONIK HPLC 500 B utilizam o sistema debombagem de duplo pisto recprocoem srie, ao que adicionamos umavelocidade diferencial de movimentode pisto com o fim de reduzir asvariaes de presso (pulsaes). Oprincpio de funcionamento consiste emutilizar duas cmaras e apenas duas"check valves" (vlvulas anti-retorno):uma entrada do pisto 1 (ou dealimentao) e outra sada do pisto 2(ou de bombagem). Alm disso, o pisto1 trabalha a uma velocidade cerca de30% mais rpida que o pisto 2 talresulta em que evitamos os momentos"mortos" do pisto 2 (que devido

    suamenor velocidade quase no apresentapulsaes) garantindo uma bomba-gem constante atravs do pisto 1(muito mais rpido porm muito maispulsante).

    Como exempla das unidadesmais modernas, podemos referir que ascaractersticas fundamentais do sis-tema de bombagem do cromatgrafode lquidos KONIK HPLC 500 B so asseguintes:

    total ausncia de pulsaesem toda a gama de fluxos, permitindo aoperao em HPLC microbore e ana-ltica, dado o conceito dinmico domovimento dos pistes;

    opes de cabeas analtica(0,01 a 8 ml/min) e semi-preparativa (0,06a 48 ml/min), permitindo uma maiorflexibilidade na utilizao do sistema;

    opo biocompatvel/inica,com peas fixas e mveis em PEEK(cabegas),Teflon(retentores),rubi(vl-vulas anti-retorno) e safira (pistes),permitindo a sua utilizao com solu-es e tampes de pH entre 1 e 14;

    possibilidade de operara altaspresses (500 atm -7000 psi), em quais-querdasopes(analtica,semi-prepa-rativa ou biocompatvel);

    sistema de lavagem automti-ca de mbolo em todas as verses,como equipamento standard, prevenin-do a precipitao de tampes nospistes e diminuindo a necessidade deinterveno/assistncia tcnica aoequipamento;

    2.3.3. Controle de Sistemas deBombagem. Gradientes de Solventes

    Outra rea de desenvolvimentoem que se verificou uma grande evolu-o foi no controle do sistema debombagem. Nos primeiros sistemascomercializados, a seleco do fluxoefectuava-se por passos discretos,geralmente de 0.1 ml/min, por meio deum controle analgico que transmitiaatravs de um circuito elctrico/electrnico uma frequncia de refe-rncia para o motor elctrico.

    Actualmente, apesar de algunsfabricantes utilizarem nosseus modelosde baixo de gama o sistema analgico,o controle dos cromatgrafos efec-tuado por meio de um microprocessadorincorporado o qual permite noapenas controlar os caudais da bombacomotambm a presso da mesma (porprogramao

    de mximos e mnimos), aprogramao de gradientes (sejam elesa baixa ou a alta presso), acessriosexternos (injectores

    automticos,fornos de colunas, detectores progra-mveis, sistemas de tratamento dedados, vlvulas de comutao, etc.) eoutros.

    A evoluo dos sistemas debombagem aponta para sistemas total-mente controlados atravs de um com-putador e por meio de um programa deaplicaes (software) dedicado e de

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    uma interface tipo RS-232, permitindo'ento no s o controle de fluxos comoa integrao, sob o mesmo ambiente,do controle dos sistemas de deteco,injeco e tratamento de dados.

    Por sua vez, o gradiente de sol-ventes e a sua programao tambmcontaram com uma notvel evoluo,principalmente no decorrer da decadede 70 e 80. Os primeiros sistemas utili-zados baseavam-se na tcnica dosfluxos parciais, ou seja, consoante acontribuio parcial desejada de cadasolvente, operava-se manualmente ofluxo de cada sistema de bombagempor forma a obter-se o fluxo finalpretendido. Como facilmente se de-preende, tal sistema requeria a totaldedicao do seu operador, pois aobteno de um cromatograma demo-rava em media 1 a 2 horas, revelando--se a sua operao totalmente contra-produc ente.

    No incio da decade de 70,foramdesenvolvidos os primeiros sistemas degradientes com controle automatizado,onde se permitia controlar o fluxo deduas bombas isocrticas cada umadelas com um dos solventes desejadospermitindo a programao da variaodos seus fluxos parciais por determi-nado perodo de tempo e por conse-guinte, da composio do eluente. Estesistema denomina do sistema degradiente binrio a alta presso eencontra-se actualmente "em vias deextino".

    As principais vantagens dosistema de gradientes a alta pressoresumem-se a ausncia de "bolhas"durante a mistura de solventes, dadoque a mesma ocorre a uma pressogeralmente superiora 80-100 atm, sendoesta mistura bastante optimizada pelofacto de dar-se a alta presso, garan-tindo uma elevada reprodutibilidade domtodo (desde que se use o mesmosistema cromatogrfico), somando porltimo a vantagem adicional de que emcaso de avaria de uma das unidades debombagem, continuar a dispr-se deum cromatgrafo isocrtico.

    As desvantagens de um tal sis-tema residem na irreprodutibilidade deresultados/composies de solventesaquando da sua passagem a um sistemaisocrtico, dado que uma mistura a altapresso, e considerando as distintascompressibilidades dos solventes, notem forosamente a mesma composi-o que uma mistura efectuada pres-so atmosfrica, bem como a irreprodu-tibilidade de resultados/composiesde solventes de sistema para sistema,dadas as distintas compressibilidadesobtidas por distintos sistemas debombagem. Por outro lado, temos umamaior complexidade mecnica, pela

    existncia de duas bombas de sol-ventes, que devem actuar de formacoordenada e por conseguinte ori-ginando um frequente recurso aassistncia tcnica e um elevado custona aquisio e manuteno, pelasmesmas razes.

    Em 1984, KONIK INSTRUMENTSdesenvolveu o seu segundo croma-tgrafo de lquidos, o KONIK KNK-500G(precursor do KONIK HPLC-500-G e quesubstituiu o seu predecessor KONIKKNK-8800, lanado em 1979), onde pelaprimeira vez se empregou, a nvel mun-dial,osistema de gradientes quaternrioa baixa presso. Neste sistema, ogradiente de solventes obtido atravsda abertura e fecho coordenados deuma vlvula de quatro vies, a qual actuaproporcionalmente a composio deeluente desejada.

    As principais vantagens destesistema em relao ao sistema degradientes a alta presso encontram--se ao nvel da simplicidade efiabilidademecnicadado que se necessita ape-nas de uma bomba ao invs de dues exigindo porm um sofisticado controlepor microprocessador. Comovantagemadicional, temos que a mistura doscomponentes do eluente ocorre bpresso atmosfrica, permitindo a di-recta aplicao a um sistema isocrticode um mtodo isocrtico desenvolvidopor tal sistema de gradientes, mistu-rando na composio encontrada oscomponentes da fase mvel, o que noocorre com o sistema a alta presso,dadas as distintas compressibilidadesde cada um deles. A nica eventualdesvantagem com que nos defrontamos a necessidade de utilizar um sistemade desgasificao porasperso de hliopara evitar a formao de bolhas de are optimizar a mistura dos componentesdo eluente, o que em todo o caso aconselhvel em qualquer sistemacromatogrfico seja ele de mistura aalta ou de baixa presso, de gradientesou isocrtico.

    Resumidamente, temos a con-cluir como vantagens do sistema degradientes a baixa presso os seguintesfactores:

    simplicidade mecnica, dadoapenas necessitar de uma bomba desolventes;

    mistura de solventes a pres-so atmosfrica, o que garante totalreprodutibilidade de composies desolventes para a sua utilizao iso-crtica;

    total reprodutibilidade demtodos, independentemente do siste-ma cromatogrfico, dado o j anterior-mente exposto;

    custo reduzido; reduzidas dimenses, o que

    permite uma razovel economia de es-pao laboratorial;

    controletotalmente automati-zado por meio do microprocessadorincorporado na unidade cromatogr-fica, necessitando de uma minimainterveno do utilizador;

    capacidade para gradientesde ate 4 solventes.

    e como desvantagens:necessidade de aspergir um

    gs inerte (usualmente hlio) nos sol-ventes, porforma a satur-los e prevenira eventual formao de "bolhas" de ardurante a mistura;

    necessidade de controle pormicroprocessador incorporado naunidade cromatogrfica.

    Attulo de referncia, os termos"high performance liquid chromatogra-phy (HPLC)" (cromatografia de lquidosde alta eficcia CLAE), "eluioisocrtica" (pare descrever o uso deuma fase mvel de composio cons-tante ao longo do tempo) e "gradientede eluentes" (para descrever o uso deuma fase mvel de composio varivelao longo do tempo) aplicados cro-matografia de lquidos devem-se aCsaba Horvath.

    2.4 Sistemas de Deteco

    Em relao aos sistemas dedeteco, a sua evoluo pode serresumida a adaptao e adequao deequipamentos j conhecidos (espec-trofotmetros, espectrofluormetros,refractmetros, etc.) a utilizao emfluxo constante, ou seja, adequando asclulas de fluxo continuo a uma geo-metria miniaturizada que evite as con-tribuies de eventual refraco dofeixe luminoso durante a passagem daamostra (pare no comprometer a suaperformance) e a formao de "volu-mes mortos", bem como a evoluosofrida a nvel electrnico pela minia-turizao requerida.

    Como referncia, podemos in-dicer que os detectores mais utilizadosem cromatografia de lquidos so o de-tector espectrofotomtrico (UV-VIS), odetector de ndice de refracodiferencial, o detector espectrofluo-rimtrico, o detector condutimtrico e odetector electroqumico ou amperom-trico, chamando-se a ateno pare quea investigao levada a cabo sobrenovos sistemas de deteco pare HPLCoriginou novas categories de detectoresuniversais e selectivos, como sejam odetector de rede de diodos (PDA), o de-tector de infra-vermelhos (IR e FT-IR), odetector fototrmico (PTD), o detectorpolarimtrico ou de rotao ptica, o

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    detector de foto-ionizao (PID), o de-tector de ionizao de chama (FID) epor Ultimo, o espectrmetro de massa(MS), sobre o qual nos debruaremosem detalhe a seguir.

    2.5 Sistemas de Tratamentode Dados

    Tambm os sistemas de trata-mento de dados em cromatografiasofreram avanos sensveis em relaoaos sistemas de h trs dcadas.

    Os primeiros sistemas utilizadosbasearam-se em registadores poten-ciomtricos, os quais aps o registodos picos obrigavam o operador aquantific-los manualmente por plani-metria, triangulao ou pesagem.

    Em meados da dcada de 70assiste-se ao surgimento da primeiragerao de integradores electrnicosdigitais, com os quais se permitequantificar os picos automaticamente,por integrao de rea e/ou clculo daaltura de pico. Estes sistemas, a prin-cpio de operao bastante complexa elimitada, deram origem aos actuaisintegradores, que no apenas integramreas como tambm permitem amemorizao de mtodos e respectivascurvas de calibrao para cada pico,memorizao de cromatogramas e oseu reprocessamento, seleco dediversos mtodos de quantificao(rea, altura de pico, padro interno,padro externo, adio de padro, etc.)e dispem j de interfaces tipo RS-232para conexo a computadores pes-soais.

    Com a expanso e quase bana-lizao verificada na utilizao decomputadores pessoais, no princpioda dcada de 80 alguns fabricantes decromatgrafos, entre os quais se contaKONIK INSTRUMENTS, iniciaram odesenvolvimento de sistemas detratamento de dados baseados empa cotes integrados interface A/D(analgica/digital) + programa infor-mtico (software) dedicado. Estes sis-temas, alm de cumprirem excelen-temente as funes de um integradorde altas prestaes, permitem tambmelaborar um arquivo de dados per-manente em discos flexveis (floppydisks) e adicionam uma maior rapidezno processamento de dados com aflexibilidade conferida pelos actuaisprogramas informticos para proces-samento de texto, criao de base dedados e folhas de clculo e conexo asistemas em rede tipo LAN (Local AreaNetwork) e/ou LIMS (Laboratory Infor-mation Management System), paragesto integrada e total automatizaodo laboratrio. Em 1992, a KONIK inicioua comercializao do sistema de tra-

    tamento de dados computorizadoKONIKROM,que constitui uma evoluodos seus precedentes PEAKMASTER eEASYCHROM, o qual permite na suaverso bsica o tratamento de dadosde ate 4 detectores e a expanso ateum mximo de 16 detectores simul-taneamente, permitindo o armazena-mento de at 100 mtodos e respectivascurvas de calibrao para cada umadas substncias a analisar, uma altaresoluo para cromatografi capilar,um mdulo opcional para GPC (Gel Per-meation Chromatography) e compati-bilidade com redes LAN e LIMS, tudoisto por um custo cerca de 20% superiora um integrador de 2 canais.

    3. INTERFACES LC-MS

    Como fabricantes de equipa-mentos para cromatografia desde 1976,KONIK INSTRUMENTS teve a opor-tunidade de acompanhara evoluo donvel de exigncias dos utilizadores dastcnicas cromatogrficas, as quaiscresceram muito mais rpida e for-temente do que a tecnologia empreguena fabricao das unidades instru-mentais, concretamente a nvel dasensibilidade e especificidade dedeteco de compostos.

    Por outro lado, os nveis desensibilidade, especificidade e a pos-sibilidade de somar as suas capaci-dades analticas qualitativa e quanti-tativa para compostos orgnicos daespectrometria de massa (MS),semprecativaram os cromatografistas, ansio-sos por poder juntar a estas a capa-cidade separativa da cromatografia,pelo que ainda na dcada de 60 sedesenvolveram as primeiras interfacesGC-MS (cromatografia de gases espectrometria de massa).

    Desde o incio se revelaramcrticos os problemas de introduo deumfluxo de gs na cmara de ionizaodo espectrmetro de massa, a qual seencontra sob vcuo, dado que osanalizadores de massa necessitam deum valor de vcuo relativamente ele-vado da ordem dos 105 a 10-6 mbarpara trabalharem de forma optimizadae isenta de interferncias de camposelectrostticos e magnticos externos.No havendo ainda acesso tecnologiadas colunas capilares, foram criadosdistintos mtodos de acoplamento,entre os quais se contam as interfacesGC-MS tipo "open-split", com o intuitode reduzir a quantidade de gs aintroduzir no espectrmetro de massa.Actualmente as interfaces GC-MS soefectuadas pela prpria coluna capilar,inserida num "tubo" termostatizado(para prevenir uma indesejada conden-sao), dados os baixos fluxos de gs

    portador a que se opera a separaocromatogrfica em colunas capilares.

    A espectrometria de massa,como tcnica analtica quantitativa equalitativa de alta sensibilidade eespecificidade, d-nos no s umaindicao precisa do peso molecularda substncia em anlise comotambmuma informao extraordinariamentedetalhada da sua forma estrutural,traduzindo-se numa "impresso digital"real da substncia em anlise. Com-binada de forma dinmica com acromatografia de gases, a espectro-metria de massa d origem ao mtodoanaltico mais especfico e sensvel decaracterizao de substncias presen-tes numa mistura voltil complexa,mesmo se estivermos em presena depicos cromatogrficos sobrepostos.

    Por outro lado, a cromatografiade lquidos permite levar a cabo aseparao de substncias que no sosuficientemente estveis e/ou volteispara serem analisadas por GC, o queinfelizmente ocorre com a vasta maioriade compostos orgnicos conhecidos;desta forma, a combinao dinmicada espectrometria de massa com acromatografia de lquidos estende agama de substncias que podem seranalisadas por espectrometria demassa, que com a sua especificidade,permite obter poder adicional a nvelanaltico na resoluo de substnciascom eluio sobreposta, o que no sepode obter em LC com deteco con-vencional (espectrofotometria de UV--VIS, fluorescncia, etc.).

    Com a tentativa de acoplar acromatografia de lquidos espectro-metria de massa, os problemas deoptimizar uma interface agravaram-se,dada a quase impossibilidade de manterfluxos suficientemente baixos a pres-ses to elevadas de trabalho no LC e dificuldade emtransferir os solutos paraa fase gasosa, fundamental na cmarade ionizao (sob vcuo), pelo que osfabricantes se viram na necessidadede desenvolver interfaces dedicadaspara conexo LC-MS e que diferem emmuito da simplicidade previamentereferida das conexes GC-MS.

    As interfaces LC-MS que deseguida discutiremos so as seguintes:Moving Belt (MB)Continuous Flow FAB (CF-FAB)Thermospray / Plasmaspray (TSP/PSP)Particle Beam (PB)Electrospray (ESI)

    De salientar que a maior partedestas interfaces so compatveistantocom espectrmetros de massa quadru-polares como de sector magntico. Aopo por um ou outro sistema serdefinida pela capacidade analtica

  • Fig. 1

    1 - Analisador

    2- Fonte El/CI

    3 - Vaporizador de Amostra

    4 - Escova do Vaporizador

    5 - Ligao a Bomba de Vcuo 2

    6- Ligao Bomba de Vcuo 1

    7 - Escova

    8 - Rolamento Director

    9 - Amostra proveniente do HPLC

    10- Cinta Condutora

    11 - Vedantes do Tnel

    desejada; enquanto que a mximaespecificidade e sensibilidade em MSse obtm com espectrmetros de massade sector magntico de alta resoluo(geometrias BE, EB ou EBE)ou sistemashbridos MS-MS (geometrias GO, EBC1,EBEC1 ou ainda EBEBE), para anlisesde rotina sera suficiente um sistemaquadrupolar, que se apresenta como asoluo de menor custo associada auma excelente fiabilidade, reproduti-bilidade e robustez.

    3.1 Moving Belt (MB)

    A interface "Moving Belt" (CintaMvel) (fig. 1) foi a primeira interfaceLC-MS idealizada e colocada em fun-cionamento de forma bem sucedida,tendo sido tambm a primeira interfacecomercialmente disponvel.

    Tal sistema, hoje praticamenteem desuso, consiste em depositar oeluente proveniente do LC sobre umacinta em movimento continuo umaplataforma rolante transportando aamostra ate fonte de ionizao doespectrmetro de massa.

    Durante o processo de trans-ferncia, a substncia dissolvida noeluente e depositada sobre a cintaatravessa uma srie de comportas devcuo diferencial (vacuumlocks), sendode seguida o solvente evaporado porefeitotrmico, deixando a substncia aanalisar sob a forma de uma "mancha"ou "borro" slido sobre a superfcieda cinta que entrada do espectrmetrode massa, na fonte de ionizao El/CI, instantaneamente vaporizado.

    Por forma a evitar (ou atenuar)o "efeito de memria" inter-amostras,

    so utilizados os sistema de "escovas"ou de sobreaquecimento da cinta, natentativa de retirar da superfcie damesma quaisquervestgios da amostraque possam ainda existir aps a va-porizao instantnea desta.

    Como principais vantagens do"Moving Belt" temos a destacar:

    permite obter espectros "cls-sicos" em ionizao El e CI, possibi-litando a sua posterior pesquisa embibliotecas de espectros;

    6 compatvel comtcnicas deionizao que actuam sobre superfcies,tais como o FAB e o Cs-SIMS;

    permite a anlise tanto decompostos ligeiramente polares comoaltamente polares.

    Entre as suas desvantagens,contam-se as seguintes:

    elevada complexidade mec-nica;

    elevada dificuldade em anularos "efeitos de memria" inter-a mostras,independentemente do sistema utili-zadorescovas"ousobreaquecimento);

    baixa sensibilidade paraamostras volteis, dado o tratamentotrmico a ser sofrido pelas amostras;

    baixa tolerncia a fases m-veis com elevado teor de gua.

    3.2 Continuous Flow FastAtom Bombardment (CF-FAB)

    A interface/fonte de ionizaoCF-FAB (Ionizao por Bombardea-mento Atmico de Fluxo Continuo) (Fig.2), usualmente referida tambm comoDynamic-FAB (FAB Dinmico), consistenuma modificao das fontes deionizao convencionais por FAB ouSIMS, por forma a permitir a suaadaptao a uma situao de fluxocontinuo.

    5

    Fig. 21 - Analisador2- Extremidade da Sonda3 - Isolador Trmico4 - Capilar de Silica Fundida5 - Amostra proveniente do HPLC6- Eixo da Sonda7 - Bloco de Cobre Aquecido8 - Feixe Primrio

    Tal modificao consiste emsubstituir a sonda convencional (queresumidamente um tubo metlicodispondo de uma extremidade plana,onde se deposita uma gota de amostra)por uma sonda "oca", a qual permiteque um fluxo continuo de eluente +amostra seja bombeado ate ao "alvo"do canho de ies, situado na suaextremidade superior, o qual dispe deum difusor adequado que regula a suadisperso na cmara de ionizao.

    Ao distinguir o difusor ("alvo"(,

    as molculas da amostra diludas nosolvente so bombardeadas por tomosneutros (FAB) ou ies Cs (SIMS). Aionizao tem ento lugar por meio doimpacto atmico gerado e os ies daamostra assim formados so "extra-dos" da matriz lquida e "pulverizados"na fase gasosa, permitindo a posterioranlise de massas.

    A ionizao por FAB conside-rada uma tcnica de ionizao "fraca",que optimiza prioritariamente a anlisea nvel de pesos moleculares. Porformaa optimizar o processo de ionizao, oeluente usualmente contm entre 3 a10% de glicerol.

    Outro dado importante que,por forma a manter o alto vcuo reque-rido na fonte de ionizao, o fluxo m-ximo permitido por uma interface LC-MS tipo CF-FAB est limitado a 10 pl/min.

    Como principais vantagens do"CF-FAB" temos a destacar:

    simplicidade mecnica;sendofundamentalmente uma

    tcnica de ionizao "fraca", permiteobter uma vasta informao a nvel depesos moleculares;

    permite a anlise tanto decompostos polares como inicos.

    Entre as suas desvantagens,contam-se as seguintes:

    necessidade de adicionaruma elevada percentagem de glicerolfase mvel, o que restringe o desen-volvimento de mtodos em HPLC ou anecessidade de uma bomba suple-mentar para adio ps-coluna daquantidade de glicerol necessria,implicando maior complexidade mec-nica;

    limitaes crticas a nvel defluxos de solvente, os quais devem serinferiores a 10 pl/min;

    necessidade de recorrer acolunas capilares para HPLC caso sedeseje proceder a anlises LC-MS "on-line", d ad as as srias restries defluxo;

    3.3 Thermospray/Plasmas-pray (TSP/PSP)

    A interface/fonte de ionizaoTSP/PSP a tcnica de conexo LC-MS

    24cn

    C7

  • 13

    artigos

    de mais vasta utilizao, dada a suasimplicidade.

    Tal tcnica consiste em sobre-aquecer e vaporizar o eluente entradada fonte, o qual passa de seguidaatravs de um pequeno orifcio dandoorigem a um jacto tipo "aerosol",ocorrendo ento a vaporizao eionizao da amostra em simultneo.

    A interface/fonte de ionizaoTSP convencional requer um tampovoltil(electrlito)diludo na fase mvel,por forma a obter ies reactivos quepermitem ionizar as molculas da amos-tra em soluo. Tal facto d origem aque a ionizao sejatanto mais efectivaquanto mais polar seja a amostra.

    As fontes de ionizao TSPmodernas, denominadas Plasmaspray(PSP) (fig. 3), incorporam elctrodos dedescarga ou filamentos aquecidos quepossibilitem que as amostras apoiarespossam ser ionizadas eficazmente.Outra inovao adicional nas actuaisfontes de ionizao PSP a existnciade um elctrodo de repulso inica (ionrepeller electrode) o qual d origem areaces de fragmentao no interiorda prpria fonte, o que optimiza sig-nificativamente a anlise estrutural daamostra.

    Como principais vantagens dasfontes de ionizao TSP/PSP temos adestacar:

    tal como as fontes CF-FAB, asfontes TSP/PSP sofontes de ionizao"fracas", optimizando a anlise a nvelde pesos moleculares;

    a incorporao de um elc-trodo de repulso inica permite induziruma fragmentao molecular perfeita-mente controlada;

    a ionizao por TSP/PSP atcnica mais amplamente utilizada emLC-MS, dispondo portanto de uma vastabibliografia;

    as contribuies relativas composio e ao fluxo do eluente somnimas, sendo portanto as suas even-tuais restries perfeitamente negligen-civeis;

    permite a anlise tanto decompostos polares como inicos.

    Entre as desvantagens destatcnica, contam-se as seguintes:

    necessria a utilizao deum tampo voltil, para optimizar avaporizao e ionizao da amostra;

    as amostras devem apresen-tar-se isentas de matria slida, pois deoutra forma poder-se- obstruir o vapo-rizador

    apresenta uma elevada sensi-bilidade composio qumica dasoluo (solvente + amostra), a qualexerce uma elevada influncia naoptimizao dos mtodos.

    3.4 Particle Beam (PB)

    A interface LC-MS "ParticleBeam" (Feixe de

    Partculas) (fig. 4)consiste em um elaborado sistema quesuplantoutotalmente as interfaces tipo"Moving Belt" como mtodo de eleiopara ionizao El e Cl em LC-MS. Talinterface distingue-se pela sua extremafacilidade de operao a qual se deveessencialmente sua simplicidademecnica.

    O princpio de funcionamentoda interface PB consiste emfazer passaro eluente atravs de um nebulizadorpneumtico (o qual consiste basica-mente num t em cujas extremidadesse conecta respectivamente o HPLC,uma garrafa pressurizada de hlio e acmara de dissoluo), de forma aproduzir uma nuvem de vapor formadapor gotculas pulverizadas da misturaamostra + solvente. Estas gotculas sotransportadas atravs de uma cmarade dissoluo aquecida, onde se iniciaa formao de pequenos agregados departculas da amostra, sendo ossolventes volatilizados e retirados pormeio de um separador de vcuodiferencial de dois estgios, cujoconceito muito similar ao "jet separa-tor" utilizado em GC-MS. As partculasremanescentes, que constituem aamostra a analisar, so seguidamenteintroduzidas na fonte de ionizao El/CIonde so vaporizadas e ionizadas.

    Os espectros obtidos ao utilizaruma interface PB seguida de ionizaoEl/CI dispem de uma informao a nvelestrutural consideravelmente maiscompleta que a obtida por ionizaoTSP/PSP, pelo que estas tcnicas soconsideradas complementares.

    Como principais vantagens dainterface PB LC-MS temos ento adestacar:

    simplicidade mecnica, ha-

    Fig. 41 - Analisador2- Linha de Tranferncia de Gases3 - Fonte El/CI4 - Linha de Transferncia5 - Skimmer 2

    Fig. 31 - Amostra proveniente do HPLC2 - Spray de Aerosol3 - Elctrodo de Plasmaspray4 - Elctrodo Repulsor5- Ligao Bomba de Vcuo6- Entrada para o Analisador7 - Vaporizador Capilar Aquecido

    vendo por isso substitudo quasetotalmente a interface "Moving Belt";

    permite obter espectros "cls-sicos" em ionizao El e Cl, possibi-litando a sua pesquisa em bibliotecasde espectros;

    as contribuies relativas composio e ao fluxo do eluente somnimas sendo portanto as suaseventuais restries perfeitamentenegligenciveis;

    permite a anlise tanto decompostos ligeiramente polares comofortemente polares.

    Entre as suas desvantagens,contam-se as seguintes:

    6 necessrio que as amostrasseja apenas parcialmente volteis, poisde outra forma grande pa rte serarrastada juntamente com o solvente;

    6 bastante restrita a utilizaode tampes insolveis, os quais sovulgarmente utilizados em HPLC.

    3.5 Electrospray (ESI)

    A interface/fonte de ionizaoElectrospray (fig. 5) a tcnica mais

    6- Ligao Bomba de Vcuo 17 - Skimmer 18 - Entrada de Hlio9- Nebulizador

    10 - Amostra proveniente do HPLC11 - 0-Ring12- Cmara de Dissoluo13- Ligao a Bomba de Vcuo 2

    11

    10

  • 4Presso

    BombaAtmosfrica

    Difusora(cerca de105 mbar)

    artigos

    recente de combinao LC-MS, sendoa interface que tem demonstradoconstituir o passo mais importante ateao momento actual no sentido de obteruma interface LC-MS "universal".

    Esta fonte de ionizao conta-se como a mais "fraca" entre qualqueroutra at hoje desenvolvida, permitindoanalisar pela primeira vez molecules deelevada instabilidade trmica por LC-MS, sendo possvel encontrar nabibliografia j existente aplicaes bemsucedidas de anlise de protenas depesos moleculares na ordem de 150.000Dalton.

    Na fonte de ionizao ESI, asmolculas da amostra so simultanea-mente nebulizadas e ionizadas a pres-so atmosfrica da seguinte forma: asoluo que contm a amostra in-troduzida atravs de um tubo capilarem ago inox situado a poucos milmetrosde um elctrodo de forma cncava edispondo de um orifcio central, entreos quais mantida uma diferena depotencial de 4 a 6 kV, de forma a que osolvente que emerge do capilar dorigem a um "spray" electrosttico emdireco ao referido elctrodo (fig. 6).Os ies em fase gasosa formados apresso atmosfrica pela evaporaoinica descrita so ento sugadosatravs do orifcio existente no elc-trodo para o alto vcuo do espectr-metro de massa.

    Um espectro "em estado bruto"de um nico componente obtido por ESIfrequentemente apresenta series depicos representando ies com cargasdistintas. Este tipo de dados "em bruto"so posteriormente processados pelosistema de tratamento de dados porforma a permitir a identificao de umnico pico identificativo do verdadeiropeso molecular. Por outro lado, as maissofisticadas fontes de ionizao ESIfrequentemente incluem a possibilidade

    Fig. 51 - Amostra proveniente do HPLC2- Capilar3- Ligao Bomba Rotative (cerca de 1 mbar)4- Analisador5 - Skimmer6- Orifcio de Amostragem7 - Elctrodo de Vrtex

    de induzir fragmentaes molecularespor coliso, onde a anlise estruturalda amostra o objectivo a atingir.

    As fontes ESI clssicas, talcomo as fontes CF-FAB, esto restrin-gidas a fluxos da ordem dos 10 til/min.As fontes mais modernas e sofisticadas,que incluem acessrios de nebulizaopneumtica (sistemas similares aosutilizadores nas fontes PB) do "spray"electrosttico, permitem utilizar fluxossuperiores a 0.1 ml/min, constituindoassim a fonte ESI a fonte de eleiopara

    colunas microbore.As principais vantagens da in-

    terface/fonte de ionizao Electrosprayso as seguintes:

    o facto de ser a mais "fraca"fonte de ionizao (no actual estgio dedesenvolvimento tecnolgico), Per-mitindo a obteno de uma preciso noclculo de pesos moleculares melhorque 0.01%;

    permite a anlise de mol-culas com peso molecular de 100 a maisde 100.000 Dalton;

    permite induzir de formaperfeitamente controlada a fragmen-tao molecular;

    constitui o mtodo de eleiopara a anlise de digestes enzimticasde protenas;

    permite a sua aplicao naanlise de molculas polares, inicas ede elevada termo-sensibilidade.

    As desvantagens desta fonteso as seguintes:

    restrio defluxo do eluente avalores da ordem de 0.1 a 0.2 ml/min;

    requer amostras compostaspor molecules polares.

    4. CONCLUSESApesar do objectivo da maior

    parte dos investigadores e principaisfabricantes seja conceber e utilizaruma interface LC-MS "universal",como pudemosverificar nenhuma delaso .

    Tal facto leva a que a maiorparte dos laboratrios utilize parale-lamente mais de uma das tcnicas decombinao LC-MS descritas porformaa garantir a maior e mais flexvel gamade potencialidades analticas, o queimplica elevados custos tanto a nvelinstrumental como a nvel de manu-teno.

    H a referir que, como fabri-cantes de equipamentos de croma-tografia de lquidos e espectrometriade massa, o Departamento de Inves-tigao e Desenvolvimento de KONIKINSTRUMENTS encontra-se nestemomento a desenvolver intensa acti-vidade na explorao das potencia-

    lidadesfuturas dasfontes de ionizao/interface tipo electrospray na conexoHPLC-MS, pelas razes anteriormenteapontadas.

    Glossrio

    B - Sector MagnticoCF - Fluxo ContinuoCI - Ionizao QumicaE - Sector ElectrostticoEl - Ionizao por Impacto ElectrnicoESI - Ionizao por ElectrosprayFAB - Ionizao por BombardeamentoAtmicoGC - Cromatografia de GasesHPLC - Cromatografia de Lquidos deAlta EficinciaLC - Cromatografia de LquidosLSIMS - Espectrometria de Massa deIes Secundrios em Fase LquidaMB - Cinta MvelMS - Espectrometria de MassaPSP - Ionizao por Plasmaspray

    - GuadrupoloTSP - Ionizao por Thermospray

    Referncias

    R. B. Chust, Bol. Soc. Port. Qum. 39(1990) 43-53L. S. Et-tre, Int. Lab. 21 )8) (1991) 18-24L. S. Et-tre, Int. Lab. 21 (9) (1991) 18-27

    Agradecimentos

    Desejamos apresentar os nos-sos sinceros agradecimentos ao Eng.Josep Mestre (Director de Investigaoe Desenvolvimento de KONIK INSTRU-MENTS), ao Doutor Jose M. Gilbert(Presidente e Director Geral do GrupoKONIK), ao Doutor Martins Montes (Di-rector do Laboratrio de InvestigaoAplicada de KONIK INSTRUMENTS) emuito especialmente aos nossos nu-merosos clientes e utilizadores em Por-tugal pelo suporte prestado na ela-borao deste trabalho.

    * O contedo deste artigo foi objectode uma conferncia sob o mesmottulo no decorrer do 13.0 Encontro

    Anual da Sociedade Portuguesade Qumica (Instituto Superior

    Tcnico, Lisboa, Janeiro 1992).**Consultor Tcnico-Comercial, KONIKINSTRUMENTS (Porto)*** Director do Laboratrio de Apli-caes, KONIK INSTRUMENTS (Lisboa)**** Director Geral, KONIK INSTRU-MENTS (PORTUGAL)

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    C)