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03/07/22 1 Copyright © 2008. Reprodução e distribuição autorizadas desde que mantido o “copyright”. É vedado o uso comercial sem prévia autorização por escrito da autora. Rosinete Cavalcante da costa Mestre em Direito: Relações Privadas e Constituição Professora da Faculdade Batista de Vitória-ES (Fabavi) Professora da Faculdade Nacional (FINAC) Advogada e Consultora Jurídica www.mestremidia.com.br TEORIA GERAL DOS CONTRATOS Princípios Gerais dos Contratos

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Copyright © 2008. Reprodução e distribuição autorizadas desde que mantido o “copyright”. É vedado o uso comercial sem prévia autorização por escrito da autora.

Rosinete Cavalcante da costaMestre em Direito: Relações Privadas e Constituição

Professora da Faculdade Batista de Vitória-ES (Fabavi)Professora da Faculdade Nacional (FINAC)

Advogada e Consultora Jurídica

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1. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE:• Liberdade das partes de estipular o que melhor lhes convier.

1.1. Formas distintas de se apresentar:

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a) Liberdade de contratar: É a faculdade de realizar ou não determinado contrato; se refere a possibilidade de realizar ou não um negócio.

a) Liberdade contratual: É a possibilidade de estabelecer o conteúdo do contrato; importa na fixação das modalidades de sua realização.

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1.1.1 . Liberdade de contratar•

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Tem sido mantida em termos gerais, sofrendo restrições em virtude da ordem pública, que representa a projeção do interesse social nas relações.

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1.1.1. Liberdade contratual

• Permite a criação de contratos atípicos (não regulamentados pelo direito vigente), importando na possibilidade de derrogar as normas supletivas ou dispositivas, dando um conteúdo próprio e autônomo ao instrumento lavrado.

• Tem sofrido ampla restrições, especialmente no tocante à faculdade de fixar o conteúdo do contrato (liberdade contratual), pois muitos contratos são hoje contratos de adesão.

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1.1.3. LIMITAÇÃO À LIBERDADE DE CONTRATAR - EXCEÇÕES AO PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE

a) O ordem pública: A Lei de ordem pública fixa, no direito privado, as bases jurídicas

fundamentais sobre as quais repousa a moral da sociedade.Toda a vez que o interesse individual colidir com o da sociedade, o desta

última prevalecerá - "ius publicum privatorum pactis derrogare non potest" - os princípios de ordem pública não podem ser alterados por convenção entre particulares.

b) Os bons costumes: Bons costumes são hábitos baseados na tradição e não na lei, o princípio da

autonomia da vontade esbarra nas regras morais não reduzidas a escrito, mas aceitas pelo grupo social.

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1.2. POLÊMICAS SOBRE O PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE E O PRINCIPIO DA AUTONOMIA PRIVADA

1.2.1. Princípio da autonomia privada: Substitui o antigo princípio da autonomia da vontade. Autores que sustentam isso: Renan Lotufo, Fernando Noronha e Francisco Amaral.

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1.2.2. Razões pelas quais se fala em autonomia privada:

a) A autonomia não é da vontade, é da pessoa. Luiz Diez Picazo. Tendência da personalização do direito privado;

b) A vontade está em crise, surgindo outros elementos na formação do contrato, a saber:

• Imposição de cláusulas pela lei e pelo Estado – Dirigismo Contratual;

• Condutas de comportamento impostas pelo meio social (sede de consumir);

• Exploração dos meios de marketing;• Fatores políticos.

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1.2.2. Razões pelas quais se fala em autonomia privada:

c) Prevalecem os contratos de adesão que são maioria no mercado. Orlando Gomes, quanto aos contratos padronizados, apresenta alguns conceitos:

c.1) Contrato de adesão: situação em que há imposição de cláusula com um monopólio a favor do estipulante;

c.2) Contrato por adesão: imposição de cláusulas contratuais sem que haja monopólio;

c.3) Contrato normativo: – conteúdo imposto pela lei, gerando contrato de adesão.

Ex.: contrato individual de trabalho, convenção coletiva de trabalho.

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1.3. QUESTÃO PRÁTICA:

1-) A (pessoa física) contrata com B (American Express) o uso de cartão de crédito.

• Pergunta-se:- Usado o cartão de na compra de mercadorias e não

pagas à administradora do cartão, pode esta emitir notas promissórias e executá-las em nome do usuário?

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1.3. QUESTÃO PRÁTICA:

• Resposta:- As empresas de cartão de crédito introduzem uma cláusula de mandato

em seus contratos de adesão, com o que podem as administradoras emitir notas promissórias ou letras de câmbio de responsabilidade do usuário.

- Nesses contratos, há uma cláusula estabelecendo que o usuário concorda que o valor das despesas contabilizadas, a seu cargo, constitua dívida liquida e certa.

- Essa obrigação, segundo o contrato, pode ser representada por notas promissória, porque o usuário constitui a credora como sua procuradora. Não havendo abuso de direito, o mandato em questão é novidade decorrente das exigência de consumo e de crédito da vida moderna.

- O contrato de adesão é válido e não contraria qualquer finalidade.

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2. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA

2.1. Noções

• O sentido literal da linguagem não deve prevalecer sobre a intenção inferida da declaração de vontade das partes.

• Considera a ética e a boa conduta das partes, deste as tratativas até a execução completa das obrigações.

• Busca-se a proteção da confiança, exigindo-se que as partes atuem de acordo com os padrões usuais.

• A regra de boa-fé objetiva configura-se como cláusula geral.

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2.2. BOA-FÉ OBJETIVA:

• O intérprete parte de padrão de conduta comum, do homem médio, naquele caso concreto, levando em consideração os aspectos sociais envolvidos.

• Se traduz de forma mais perceptível como uma regra de conduta, um dever de agir de acordo com determinados padrões sociais estabelecidos e conhecidos.

• Como no caso do empregador para com o empregado.

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2.2.1. A boa-fé objetiva pode ser encontrada:

• Art. 113, CC – negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé objetiva;

• Art. 187, CC – aquele que desrespeita a boa-fé objetiva comete abuso de direito, que gera responsabilidade objetiva – Enunciado 37, CJF;

• Art. 422, CC – a boa-fé objetiva deverá estar presente em todas as fases contratuais.

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2.2.2. Funções da boa-fé objetiva 

a) CÂNONE HERMENÊUTICO-INTEGRATIVO: atua o princípio como cânone hábil ao preenchimento de lacunas, uma vez que a relação contratual consta de eventos e situações nem sempre previstas pelos contratantes.

b) CRIAÇÃO DE DEVERES JURÍDICOS: deveres instrumentais ou anexos: derivados ou de cláusula contratual, ou de dispositivo de lei, ou da incidência da boa-fé objetiva.

c) LIMITE AO EXERCÍCIO DE DIREITOS SUBJETIVOS: apresenta-se como norma que não permite condutas que contrariem o mandamento de agir com lealdade e correção, mesmo calcadas em direitos subjetivos.

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2.3. Boa-fé subjetiva:

• O manifestante de vontade crê que sua continua é a correta, tendo em vista o grau de conhecimento que possui de um negócio.

• Para ele há um estado de consciência ou aspecto psicológico que deve ser considerado.

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2.4. DEVERES ANEXOS – INERENTE A QUALQUER NEGÓCIO: trazidos por Judith Martins Costa:

• Dever de cuidado em relação à outra parte;• Dever de cooperação ou colaboração;• Dever de respeito à confiança;• Dever de informar a outra parte quanto ao conteúdo do negócio;• Dever de lealdade;• Dever de agir conforme a equidade, a razoabilidade e a “boa

razão”.

- O desrespeito a um dever anexo gera a violação positiva do contrato – espécie de inadimplemento, independentemente de culpa – gera a responsabilidade objetiva. Enunciado 21, CJF.

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• Na pacta sunt servanda o acordo de vontade faz lei entre as partes.

• Decorre desse princípio a intangibilidade do contrato.

3. PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS (FORÇA OBRIGATÓRIA DOS CONTRATOS)

- Pacta sunt servanda: é o Princípio da Força Obrigatória, segundo o qual o contrato obriga as partes nos limites da lei.

- É uma regra que versa sobre a vinculação das partes ao contrato, como se norma legal fosse, tangenciando a imutabilidade. A expressão significa “os pactos devem ser cumpridos”.

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• Tais contratos referentes a safra dos anos de 2002/03 e 2003/04, não foram cumpridos por agricultores que se sentiram prejudicados pela alta de preços no mercado entre a assinatura dos termos e a entrega das produções.

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3.1. A pacta sunt servanda e o caso dos contratos da soja verde

• Ações que tramitam na Justiça Brasileira envolvendo contratos de venda antecipada de soja firmados entre produtores e indústrias processadoras do grão.

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3.1. A pacta sunt servanda e o caso dos contratos da soja verde

• O ponto principal das disputas, mais evidente em 2003/04, é a valorização de preços da soja entre o segundo semestre de 2003, quando os contratos antecipados da safra 2003/04 foram assinados, e o primeiro semestre de 2004, quando os frutos da colheita tinham de ter sido entregues.

• De agosto de 2003 a maio de 2004, as cotações da soja na bolsa de Chicago subiram quase 50%. Houve alta similar no mercado interno, e os produtores que se sentiram lesados entraram na Justiça em busca da diferença, baseados no art. 478 do CC.

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JURISPRUDÊNCIAS: APELAÇÃO CÍVEL N.º 02.001108-3 – NATAL/RN Apelante:        BANCO BMG S/A Advogado:      Dr. Carlos Henrique dos Santos Apelado:         ALBERTO FRANKLIN AIRES DE BARROS Advogados:    Dr. Augusto Cezar Bessa de Andrade e outro Relator:          Desembargador OSVALDO CRUZ  EMENTA:  APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. CONTRATO BANCÁRIO.

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. AÇÃO DE REVISÃO DE CONTRATO. ANULAÇÃO DE CLÁUSULAS LEONINAS. JUROS REMUNERATÓRIOS NA BASE DE 12% A.A., REAJUSTADOS PELO INPC. VEDAÇÃO AO ANATOCISMO. AFASTADA A COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. JUROS DE MORA (LEGAIS) DE 1% AO MÊS. RELATIVIZAÇÃO DO PRINCÍPIO DO PACTA SUNT SERVANDA. IMPERATIVIDADE DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO E DO RESPEITO A BOA-FÉ OBJETIVA.

- As relações de particulares com instituições financeiras são consideradas relações de consumo. Tutela protetiva do hipossuficiente.

- As relações de direito privado embora detenham caráter de extrema liberdade não se excluem da nova ordem legal fundada na função social do contrato e na boa-fé objetiva.

- Relação jurídica relativizada. Onerosidade excessiva que permite a revisão das cláusulas contratuais. - Conhecimento e improvimento do apelo.

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3.2. TEORIA DA IMPREVISÃO X CLÁUSULA REBUS SIC STANTIBUS

• Concepção que defende a não exigência da impossibilidade da prestação para que o devedor se libere do liame contratual, basta que, através de fatos extraordinários e imprevisíveis, a prestação se torne excessivamente onerosa para uma das partes, podendo a prejudicada pedir a rescisão do negócio. Corresponde, sem dúvida, à cláusula rebus sic stantibus do direito privado.

• Não é, pois, a simples elevação de preços em proporção suportável, como álea própria do contrato, que rende ensejo ao reajuste da remuneração contratual avençada inicialmente entre o particular e a Administração; só a álea econômica extraordinária e extracontratual é que autoriza a revisão do contrato" (Licitação e Contrato Administrativo, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 7ª ed., 1987).

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Questão Prática:

• A adquiriu de B (agente do SFH) uma casa popular. Grávida. A dá a luz a um filho com defeitos congênitos, que a obriga a mudar-se para São Paulo e socorrer seu filho. Sem recursos alugou a casa para C.

- Pergunta-se: O descumprimento da cláusula secundária

plenamente justificada pelas circunstâncias, autoriza a rescisão do contrato?

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Questão Prática:

• Resposta:- Segundo "Orlando Gomes", "a teoria da imprevisão constitui

exceção no princípio da intangibilidade do conteúdo dos contratos e se caracteriza pela ocorrência de alteração de circunstâncias iniciais de tal ordem que tornem excessivamente onerosa a prestação devida e que não tenha podido ser prevista"- "in" contratos Forense pág. 38 e 39.

- O nascimento de um filho com deformidade congênita, necessitando de assistência médica permanente, constitui um fato extraordinário e imprevisível.

- Estando a mutuaria com suas prestações em dia, o descumprimento da cláusula secundária justificada pela circunstância do momento, não autoriza a SFH a rescindir o contrato.

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4. PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS CONTRATOS

• A regra geral é que o contrato só ata aqueles que dele participaram.

• Seus efeitos não podem nem prejudicar, nem aproveitar a terceiros.

• Este princípio não se aplica tão-somente às partes, mas também em relação ao objeto.

- O contrato não produz efeito em relação a terceiros, a não ser nos casos previstos em lei.

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4.1. Exceções: • Há obrigações que

estendem seus efeitos a terceiros. São efeitos externos. Tal é o caso das estipulações em favor de terceiro (arts. 436 a 438), assim como as convenções coletivas de trabalho e fideicomisso constituído inter vivos.

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QUESTÃO PRÁTICA:

• A, por testamento, deixa sua parte disponível à B, sua concubina.

- Pergunta-se:

Sendo A casado com C, sua manifestação de última vontade é válida?.

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QUESTÃO PRÁTICA:

• Resposta:- A vida social alicerça-se em alguns princípios gerais, cuja

existência não pode ser afastada por ajustes entre os jurisdicionados, sob pena de ameaça à própria estrutura social.

- Assim o é com as normas que regem a instituição da família. No caso em exame, a ordem pública impede que o autor da herança deixe sua parte disponível à sua concubina. (art. 1719, III do C.C).

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5. PRINCÍPIO DA JUSTIÇA CONTRATUAL

a) ONEROSIDADE EXCESSIVA: desequilíbrio por fato superveniente e imprevisível

• Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.

• Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato.

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5. PRINCÍPIO DA JUSTIÇA CONTRATUAL

• Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.

- ONEROSIDADE EXCESSIVA E ALTERAÇÃO DA BASE OBJETIVA: Esta permite a intervenção judicial ainda quando inexistente a imprevisibilidade e a vantagem excessiva para o credor; está fundada no exame das condições concretas, objetivas, do negócio (CDC, art. 6º, V).

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5. PRINCÍPIO DA JUSTIÇA CONTRATUAL

b) LESÃO: vício de consentimento e desequilíbrio genético

• “Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.”

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6. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL

• Preponderância de interesses coletivos sobre individuais, distribuição dos benefícios dos contratos;

• “Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.”

- TJ/PR:

“1. Os contratos de financiamento habitacional devem cumprir com sua função social. A função social do contrato é princípio constitucional que se instrumentaliza nas normas do Código de Defesa do Consumidor, nucleadas nos princípios do equilíbrio nas relações de consumo e da boa-fé objetiva.

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6. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL

• Preponderância de interesses coletivos sobre individuais, distribuição dos benefícios dos contratos;

• “Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.”

• Emerge de princípios constitucionais, entre os quais o da dignidade da pessoa humana (artigo 1º, III da Constituição Federal).

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6. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL

- TJ/PR:

“1. Os contratos de financiamento habitacional devem cumprir com sua função social. A função social do contrato é princípio constitucional que se instrumentaliza nas normas do Código de Defesa do Consumidor, nucleadas nos princípios do equilíbrio nas relações de consumo e da boa-fé objetiva.

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Referências:

• DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

• GOMES, Orlando. Direito civil: Contratos. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005.

• MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil: Parte Geral. 37 ed. São Paulo, 2003.

• WALD, Arnaldo. Obrigações e contratos. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

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