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A RELEVÂNCIA DAS PERDAS POR IMPARIDADE DO GOODWILL NOS OITO
ANOS DE APLICAÇÃO DAS IAS/IFRS EM PORTUGAL
Carla Carvalho ([email protected])
Universidade de Aveiro Instituto Superior de Contabilidade e Administração
Ana Maria Rodrigues ([email protected]) Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Carlos Ferreira ([email protected]) Universidade de Aveiro
Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial
Área temática: A4) Relato Financeiro Palavras-chave: goodwill, perdas por imparidade, IFRS 3, concentração de atividades empresariais, manipulação dos resultados. Metodologia de investigação: M3) Empirical archival
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Abstract
A sujeição exclusiva a testes de imparidade relançou para a atualidade a discussão sobre a
mensuração subsequente do goodwill, designadamente no seio dos organismos
normalizadores, dada a complexidade e subjetividade associada à aplicação daqueles testes,
com apelo a um grande número de julgamentos profissionais e estimativas. Ainda
recentemente, em 1 de julho de 2013, o FASB emitiu o Exposure Draft “Intangibles -
Goodwill and Other (Topic 350) – Accounting for goodwill”, no qual se discute a relação
custo/benefício da aplicação dos testes de imparidade do goodwill.
Decorridos oito anos de prestação de contas em IAS/IFRS, este estudo tem por objetivo
analisar a relevância das perdas por imparidade do goodwill nas sociedades portuguesas com
valores cotados na Euronext Lisboa, durante o período de 2005 a 2012, procurando avaliar se
a crise económica, com início em 2008, tem incrementado a frequência e magnitude daquelas
perdas.
Ao contrário do que seria expectável, os resultados do nosso estudo evidenciam que a atual
crise económica não implicou um aumento significativo no valor das perdas por imparidade
do goodwill. Podemos assim concluir que, também em Portugal, a decisão de
reconhecimento daquelas perdas poderá estar a ser influenciada, não apenas por fatores
económicos, mas também por interesses da gestão, aproveitando alguma discricionariedade
permitida nas normas contabilísticas que regulam o goodwill.
Este estudo revela-se de grande oportunidade, tanto para académicos e empresas, como para
os normalizadores, não só pela relevância que o goodwill assume no balanço de muitos
grupos económicos, mas também porque a discussão acerca da mensuração subsequente do
goodwill se encontra novamente na ordem do dia dos mais importantes organismos
normalizadores.
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1. Introdução
As normas de contabilidade orientam para a identificação em separado dos intangíveis
adquiridos no âmbito de uma Concentração de Atividades Empresariais (CAE). Contudo, a
realidade é que o goodwill continua a ser apresentado com elevados valores no balanço
consolidado de muitos grupos económicos. PriceWaterhouseCoopers (2011) realizou um
estudo sobre a contabilização das CAE em 12 países da União Europeia (UE), em 2009,
concluindo que o valor afeto ao goodwill atinge 50% ou mais do custo de aquisição. Também
Carvalho et al. (2012) concluíram que, em Portugal, o goodwill representa 46% do custo de
aquisição das CAE realizadas pelas empresas do PSI 20 nos anos 2005 a 2009, sendo que no
ano 2009 o valor do goodwill chega a representar 66% dos capitais próprios daquelas
empresas, expondo os acionistas a um elevado risco de perda de capital. Já anteriormente
Rodrigues (2003) tinha concluído que, em 48,5% dos grupos portugueses analisados no
período de 1994 a 1998, o goodwill representa mais de 50% do custo de aquisição das CAE.
Desde 2005 que as sociedades com valores cotados na Euronext Lisboa aplicam a IFRS 3 –
Business Combinations, sujeitando o goodwill exclusivamente a testes de imparidade, ao
invés de ser amortizado sistematicamente. Embora o objetivo da IFRS 3 seja o de aumentar a
qualidade e a comparabilidade na contabilização do goodwill, os resultados de alguns estudos
revelam que aqueles objetivos nem sempre são atingidos (Jahmani et al., 2010; Shalev, 2009;
Carvalho et al., 2008). O novo tratamento contabilístico do goodwill tem afetado
negativamente a qualidade dos resultados de muitas empresas. Por exemplo, Bens et al.
(2011) demonstram uma negativa reação do mercado à não amortização do goodwill,
especialmente nas maiores empresas e com mais elevada assimetria de informação.
Semelhante evidência foi obtida por Armstrong et al. (2010), especialmente nos países da
common law, por não possuírem adequados mecanismos de enforcement.
A sujeição a testes de imparidade relançou para a atualidade a discussão sobre a mensuração
subsequente do goodwill, designadamente no seio dos organismos normalizadores. Em junho
de 2012, o presidente do IASB, Hans Hoogervost (IASB, 2012), vem questionar a adequada
aplicação prática dos testes de imparidade do goodwill e admite a sua revisão normativa.
Mais recentemente, em 1 de julho de 2013, o FASB emitiu o Exposure Draft “Intangibles -
Goodwill and Other (Topic 350) – Accounting for goodwill”, no qual se discute a relação
custo/benefício da aplicação dos testes de imparidade do goodwill.
4
De facto, a complexidade e subjetividade associada aos testes de imparidade do goodwill,
com apelo a um grande número de julgamentos e estimativas, permite alguma
discricionariedade na sua aplicação. Como consequência, aqueles testes podem ser mais
influenciados por interesses da gestão, do que pela substância económica do goodwill.
Desde 2008 que vivemos numa crise económica e financeira global, sendo a economia
portuguesa uma das mais afetadas. Este contexto de crise, que tem deteriorado os resultados
de muitas empresas nacionais, é um forte indício de declínio dos lucros futuros das empresas
adquiridas no âmbito de CAE e, consequentemente, de um provável aumento na frequência e
montante das perdas por imparidade do goodwill associado.
Decorridos que estão oito anos de prestação de contas em IAS/IFRS, importa analisar como
tem evoluído o reconhecimento das perdas por imparidade do goodwill em Portugal, com
especial interesse no período pós 2008, ano em que se dá o início da crise mundial.
Este estudo tem por objetivo analisar a relevância das perdas por imparidade do goodwill das
sociedades com valores cotados na Euronext Lisboa, durante o período de 2005 a 2012,
procurando avaliar se a crise económica tem incrementado a frequência e magnitude
daquelas perdas. Pretendemos contribuir para a discussão sobre a aplicação prática dos testes
de imparidade do goodwill, não só no meio académico mas também entre os principais
organismos normalizadores. É premente que estes conheçam a praxis contabilística e tomem
as medidas necessárias para minimizar a discricionariedade permitida nas normas que
regulam esta matéria.
O estudo tem a seguinte estrutura: na próxima secção é efetuada uma revisão da mais
relevante literatura sobre a temática. Posteriormente apresentamos a amostra e a metodologia
utilizada, analisamos os resultados e terminamos com as principais conclusões obtidas.
2. Revisão da literatura
A mensuração subsequente do goodwill tem sido oportunisticamente utilizada pelos gestores
para práticas de manipulação dos resultados. São vários os estudos que comprovam a
existência destas práticas, particularmente as denominadas big bath, no ano de transição para
o novo tratamento contabilístico do goodwill (Carvalho et al., 2008; Jordan et al., 2007; Sevin
e Schroeder, 2005; Jordan e Clark, 2004).
Mesmo nos períodos subsequentes à transição, os testes de imparidade do goodwill são
utilizados para satisfazer interesses da gestão. Hayn e Hughes (2006) constataram que o
5
reconhecimento das perdas por imparidade do goodwill ocorre, em média, entre 3 a 4 anos
após a sua imparidade económica, medida por indicadores de desempenho. Este substancial
atraso pode refletir a gestão discricionária do momento do reconhecimento daquelas perdas,
para servir determinados objetivos da gestão. Também Poel et al. (2008), com uma amostra
de empresas cotadas em 15 países da UE, nos anos 2005 e 2006, corroboram as expectativas
iniciais de que os gestores não aplicam os testes de imparidade do goodwill com o mesmo
grau de diligência nos diferentes países. Já Comiskey e Mulford (2010) e Carlin e Finch
(2010) concluíram que a determinação do valor recuperável do goodwill e a seleção das
respetivas taxas de desconto é muito heterogénea entre empresas, demonstrando Petersen e
Plenborg (2010) que algumas entidades nem sequer definem as unidades geradoras de caixa
(UGC), tal como é exigido nas normas. Pieri (2010) analisou a evolução dos valores do
goodwill em Itália, no período de 2005 a 2009. O autor concluiu que o goodwill continua a
assumir elevados valores no balanço devido, entre outras razões, ao reconhecimento de
insignificantes perdas por imparidade, mesmo em ambiente de evolução desfavorável da
economia, o que indicia atitudes de ocultação intencional de efetivas perdas de valor do
goodwill. A semelhante conclusão chegaram Jahmani et al. (2010) para o mercado norte-
americano.
Também a informação divulgada pelas empresas sobre as perdas por imparidade do goodwill
é insuficiente e muito heterogénea, existindo estudos que comprovam um reduzido nível de
cumprimento com os requisitos de divulgação das normas (Glaum et al., 2012; Carlin e Finch,
2010; Shalev, 2009).
Os determinantes do reconhecimento de perdas por imparidade do goodwill podem ser
variados, desde fatores relacionados com as características da empresa, até motivações da
gestão. Ramanna e Watts (2012) e Beatty e Weber (2006) concluíram que são os incentivos
contratuais os que mais afetam a decisão das empresas de acelerar, ou atrasar, o
reconhecimento das perdas por imparidade do goodwill. A estes fatores, outros autores
acrescentam a mudança recente nos órgãos de gestão (Saastamoinen e Pajunen, 2012;
AbuGhazaleh et al., 2011). Mais recentemente, num estudo realizado em Espanha para o
período 2005-2011, concluiu-se que a dimensão das empresas é um dos fatores que mais
influenciam a frequência das perdas por imparidade do goodwill, estando os respetivos testes
a ser utilizados oportunisticamente pelos gestores, especialmente durante a crise, para
alisamento de resultados (Pardo e Giner, 2013). No mesmo sentido, Poel et al. (2008)
concluíram que as perdas por imparidade do goodwill estão altamente associadas a incentivos
6
de gestão, sendo reconhecidas quando os resultados são inesperadamente elevados, ou quando
são inesperadamente baixos.
3. Amostra e metodologia
O universo do nosso estudo é constituído pelas sociedades portuguesas com valores cotados
na Euronext Lisboa no período de 2005 a 2012.
Daquele universo excluímos as sociedades desportivas, dada a especificidade das suas
atividades. Foram igualmente excluídas as sociedades que não apresentavam goodwill nos
seus balanços consolidados em 31 de dezembro dos anos 2005 a 2012 e que, em simultâneo,
não efetuaram qualquer movimento na rúbrica goodwill. A determinação da amostra final
pode ser observada na Tabela 1.
Tabela 1 – Determinação da amostra
Na Tabela 2 apresentamos a distribuição da amostra por setor (de acordo com a classificação
da Euronext Lisboa). Como se pode verificar, ao longo dos oito anos o setor com maior
representatividade é o da Indústria (inclui 28% das empresas no total dos oito anos),
seguindo-se o dos Serviços ao Consumidor (25%).
Tabela 2 – Distribuição da amostra por setor de atividade
Descrição 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Sociedades portuguesas com valores cotados 48 47 47 49 48 46 46 45
Sociedades excluídas da amostra:
Setor desportivo -2 -2 -3 -3 -3 -3 -3 -3
Com QE do goodwil = 0 e sem movimentos no período -10 -9 -9 -8 -7 -6 -6 -5
Total 36 36 35 38 38 37 37 37
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 N.º %Indústria 33% 31% 26% 29% 26% 27% 27% 27% 83 28%Serviços ao consumidor 28% 25% 26% 24% 24% 24% 24% 24% 73 25%Financeiro 6% 8% 9% 11% 11% 11% 11% 11% 28 10%Tecnologia 8% 8% 9% 8% 11% 8% 8% 8% 25 9%Bens de consumo 8% 8% 9% 8% 8% 8% 8% 8% 24 8%Materiais básicos 8% 8% 9% 8% 8% 8% 8% 8% 24 8%Telecomunicações 6% 6% 6% 5% 5% 5% 5% 5% 16 5%Energia 3% 3% 6% 5% 5% 5% 5% 5% 14 5%Gás e petróleo 0% 3% 3% 3% 3% 3% 3% 3% 7 2%
Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 294 100%
Setor de atividadeTotalAnos
7
Já os setores Financeiro, Tecnologia, Bens de Consumo e Materiais Básicos, têm uma
representatividade muito similar, que varia entre os 10% e os 8% no total dos oito anos. Os
setores menos representativos são Telecomunicações e Energia, agregando cada um 5% das
empresas, e o setor do Gás e Petróleo, composto por apenas 1 grupo económico a partir de
2006. Ainda no que respeita à caracterização da amostra1, o número de empresas que
integram o PSI 20, nos oito anos em análise, é muito próximo do número de sociedades que
não compõem aquele índice.
Tabela 3 – Distribuição da amostra pelo PSI 20
Como se pode observar na Tabela 3, o ligeiro maior peso relativo das empresas que compõem
o PSI 20 nos anos 2005, 2006 e 2007 foi-se perdendo, de forma moderada, nos períodos
seguintes até que, em 2012, são as empresas que não integram aquele índice que maior
representatividade têm na nossa amostra. Esta inversão resulta do facto de, a partir de 2008 o
PSI 20 passar, por um lado, a englobar uma empresa estrangeira (não integra o universo em
estudo) e, por outro lado, o Banif, SGPS, S.A. integrar, a partir de 2011, o índice mas ter sido
excluído da amostra por não possuir goodwill nos seus balanços consolidados.
O método de recolha de dados consistiu na análise de conteúdo dos relatórios e contas
consolidadas das empresas da amostra, no período de 2005 a 2012, o que implicou a análise
de informação quantitativa e narrativa de 294 relatórios anuais. A recolha de dados incidiu,
essencialmente, sobre algumas rubricas do balanço consolidado, da demonstração dos
resultados por naturezas e a informação disponível no Anexo relativa às alterações do
goodwill, com particular ênfase nas perdas por imparidade reconhecidas no período.
4. Resultados
4.1. A relevância do goodwill no balanço
A Tabela 4 é ilustrativa da relevância do valor do goodwill no balanço dos grupos da nossa
amostra. Quando analisamos a sua proporção no total dos ativos intangíveis, verificamos que
1 De sublinhar que, embora a nossa amostra seja apenas composta por grupos económicos com valores cotados em Portugal, a verdade é que a dimensão daqueles grupos é bastante heterogénea e tal reflete-se nos valores absolutos das diversas rubricas das demonstrações financeiras. Veja-se, a título de exemplo, que em 2012 o valor mínimo do Ativo Total é de 86.789 milhares de € e o valor máximo atinge os 89.744.039 milhares de €.
Sociedades que: 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total Integram o PSI 20 53% 53% 54% 47% 47% 49% 49% 46% 49,7% Não integram o PSI 20 47% 47% 46% 53% 53% 51% 51% 54% 50,3%
Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
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o goodwill é o mais importante componente dos ativos intangíveis de cada um dos grupos
analisados: em 2005 atinge uma percentagem média de 70% e em 2012 desce para os 62%.
Esta diminuição progressiva do peso relativo do goodwill justifica-se pelo facto de
assistirmos, nos últimos anos e por efeitos da crise, a um menor número de CAE e, em
simultâneo, a uma diminuição do respetivo custo de aquisição e, consequentemente, do valor
do goodwill. Refira-se, ainda, que em 7 grupos o goodwill chega a representar no período em
análise mais de 95% do valor dos seus ativos intangíveis.
Tabela 4 – Peso relativo do goodwill sobre algumas rubricas do balanço
Ao analisarmos a proporção do goodwill no total do ativo, verificamos que o goodwill tem
ganho, em termos médios, algum peso relativo no total dos ativos (passou de 13%, em 2005,
para 15% em 2012), não tendo contudo sofrido grandes oscilações.
O rácio “goodwill / total do capital próprio” é muito importante porquanto permite-nos, não
só analisar a importância relativa do goodwill, mas também dá-nos uma indicação da
vulnerabilidade da empresa a uma possível perda por imparidade do goodwill reconhecido no
seu balanço. Ora, na nossa amostra, em média o goodwill começou por representar 43% dos
capitais próprios em 2005, decresceu para os 38% em 2008, para chegar a ser, em 2009,
superior aos capitais próprios. Em 2010 este rácio desceu para os 82%, subindo para 95% em
2012. Importa referir que para estes elevados valores médios em muito contribuiu o rácio de
algumas empresas em particular, nas quais o valor do goodwill chega a ser superior ao valor
dos capitais próprios em mais de 200%, atingindo uma empresa mais de 1000%. Ou seja, em
termos médios, os capitais próprios das empresas da nossa amostra estão significativamente
expostos ao risco de reconhecimento futuro de perdas por imparidade do goodwill.
4.2. Tipologia de movimentos reconhecidos no goodwill
De modo a identificar as principais operações que deram origem aos movimentos na rúbrica
goodwill e a aferir qual a importância que as perdas por imparidade têm no total daqueles
movimentos (em frequência e em valor), procedemos à reconciliação da quantia escriturada
do goodwill, no início e no final de cada período, para todas as empresas da nossa amostra.
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Goodwill / Total dos Ativos Intangíveis (incluindo goodwill) 70% 69% 69% 70% 70% 63% 61% 62%
Goodwill / Total do Ativo 13% 14% 13% 14% 15% 14% 14% 15%
Goodwill / Total do Capital Próprio 43% 64% 46% 38% 119% 82% 72% 95%
AnosRácios (valores médios)
9
Tabela 5 – Frequência do tipo de movimentos no goodwill
Como se pode observar nas Tabela 5 e Tabela 6, o principal movimento que deu origem a
aumentos na quantia reconhecida do goodwill foram as aquisições (quer as que configuram
CAE, quer as que consubstanciam aumentos de participação no capital de subsidiárias),
representando mais de metade (52%) das operações de aumento do goodwill e 66% do seu
valor. Regista-se, contudo, a partir do ano 2008 uma considerável diminuição, quer do
número, quer do valor das aquisições que deram origem ao goodwill. Tal como já
documentámos em trabalho anterior (Carvalho, et al., 2012), esta diminuição será reflexo da
atual crise financeira de alcance mundial, fator que provavelmente terá diminuído, por um
lado, o número de CAE em Portugal e, por outro lado, o número de aquisições que deram
origem ao goodwill, por força do natural decréscimo do custo de aquisição daquelas
operações.
Tabela 6 – Valor dos movimentos no goodwill
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 N.º Emp. %Si Goodwill 36 36 35 38 38 37 37 37 294 -Aumentos no período: 46 34 36 56 40 43 25 31 311 100% Aquisições 27 23 25 28 19 17 12 10 161 52% Variações cambiais positivas 10 3 4 2 9 11 5 7 51 16% Outros movimentos não explicados 4 4 3 13 4 5 3 4 40 13% Alterações no perímetro de consolidação 2 3 2 4 1 2 1 15 5% Anulação de PI acumuladas (liquidação, venda ou QE = 0) 2 4 4 1 3 14 5% Correção no custo de aquisição de CAE de anos anteriores 1 1 2 2 2 3 1 12 4% Transferências 1 1 2 2 3 9 3% Conclusão da imputação do custo de CAE de anos anteriores 2 3 1 2 8 3% Efeito de cisões 1 1 0%Diminuições no período: 21 32 33 44 36 38 48 40 292 100% Perdas por imparidade reconhecidas no período 3 10 8 11 9 8 16 15 80 27% Alienações 10 8 7 6 11 8 9 2 61 21% Variações cambiais negativas 7 5 10 4 2 9 10 47 16% Outros movimentos não explicados 4 4 2 3 3 6 2 3 27 9% Conclusão da imputação do custo de CAE de anos anteriores 1 3 4 6 4 2 20 7% Transferências 1 1 2 3 1 3 3 3 17 6% Abates 1 4 1 3 3 3 15 5% Alterações no perímetro de consolidação 1 1 5 2 2 1 1 13 4% Correção no custo de aquisição de CAE de anos anteriores 1 3 1 1 6 2% Efeito de cisões 2 1 1 4 1% Liquidações 1 1 2 1%
Sf Goodwill 36 36 35 38 38 37 37 37 294 -
TotalMovimentos no goodwill
Anos
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Valor %Si Goodwill 6.967.558 7.414.653 8.643.952 10.030.659 10.964.953 11.278.685 10.758.316 11.237.203 - -Aumentos no período: 1.456.149 1.380.106 2.176.040 1.611.234 592.402 754.179 1.082.042 2.596.972 11.649.124 100,0% Aquisições 941.838 1.308.838 2.044.989 1.461.856 178.501 293.922 1.026.565 417.037 7.673.546 66% Alterações no perímetro de consolidação 101.285 61.979 2.396 25.735 280 751 1.702.302 1.894.728 16% Variações cambiais positivas 404.763 1.301 104.147 26.884 313.971 245.614 14.990 32.100 1.143.770 10% Conclusão da imputação do custo de CAE de anos anteriores 71.531 51.960 450 205.830 329.771 3% Transferências 27 835 44.584 201.923 71.876 319.245 3% Anulação de PI acumuladas (liquidação, venda ou QE = 0) 9.527 10.845 8.187 24.837 162.080 215.476 2% Outros movimentos não explicados 1.139 7.447 14.981 12.065 2.589 3.417 13.422 5.021 60.081 1% Correção no custo de aquisição de CAE de anos anteriores 1.011 541 1.483 517 365 1.778 726 6.421 0% Efeito de cisões 6.086 6.086 0%Diminuições no período: -970.134 -126.221 -853.129 -676.940 -278.670 -1.274.548 -603.155 -661.668 -5.444.465 100% Alienações -877.842 -16.550 -355.747 -26.022 -77.632 -896.159 -40.696 -3.835 -2.294.483 42% Variações cambiais negativas -67.469 -46.169 -403.613 -15.659 -2.279 -209.768 -197.428 -942.385 17% Perdas por imparidade reconhecidas no período -3.799 -38.131 -10.620 -58.507 -32.996 -181.878 -277.468 -178.633 -782.032 14% Conclusão da imputação do custo de CAE de anos anteriores -223.687 -88.026 -126.463 -60.705 -18.317 -7.651 -524.849 10% Transferências -2.515 -1.621 -86.018 -74.385 -5.962 -89.649 -16.611 -84.608 -361.369 7% Abates -2.212 -10.845 -3.691 -2.733 -25.759 -162.069 -207.309 4% Alterações no perímetro de consolidação -25.555 -1.775 -62.503 -4.842 -34.861 -8.601 -5.618 -143.755 3% Efeito de cisões -55.343 -65.802 -2.200 -123.345 2% Outros movimentos não explicados -5.080 -638 -45 -6.091 -4.438 -6.284 -2.725 -21.290 -46.591 1% Correção no custo de aquisição de CAE de anos anteriores -2.409 -11.829 -3.210 -536 -17.984 0% Liquidações -37 -326 -363 0%
Sf Goodwill 7.453.573 8.668.538 9.966.863 10.964.953 11.278.685 10.758.316 11.237.203 13.172.507 - -
Movimentos no goodwill (milhares de euros) TotalAnos
10
A seguir às aquisições, são as variações cambiais positivas o tipo de movimento reconhecido
com maior frequência pelas sociedades da nossa amostra (16%), representando cerca de 10%
do valor dos aumentos, percentagem expressiva para alterações de valor. Com 13% do
número dos movimentos no goodwill contribuíram os “Outros movimentos não explicados”,
embora o seu valor seja insignificante. Este dado é bastante interessante uma vez que
evidencia que as empresas apenas residualmente, e para valores materialmente irrelevantes,
não apresentam qualquer explicação para alguns movimentos reconhecidos no goodwill,
cumprindo assim com a característica qualitativa da relevância da informação financeira. Esta
mesma situação acontece nos outros movimentos não explicados que deram origem a
diminuições do goodwill. Um outro tipo de movimento que, embora tenha sido pouco
frequente (apenas reconhecido em 15 relatórios ao longo dos 8 anos em análise) assume
algum peso relativo em termos de valor (16,3%), são as alterações no perímetro de
consolidação. Os restantes tipos de movimentos de aumento do goodwill são pouco
significativos, quer em frequência, quer em montante.
No que respeita aos movimentos que deram origem a diminuições do goodwill, o
reconhecimento de perdas por imparidade foi o registo mais frequente (27%), embora em
montante tenha sido apenas o terceiro mais relevante (14%). Contudo, a partir de 2008, as
perdas por imparidade têm contribuído de forma crescente para a diminuição do valor do
goodwill. Em termos de valor, o movimento mais relevante foram as alienações de
participações financeiras com goodwill associado (representando 42% do valor total das
diminuições), embora apenas 21% do número de movimentos de diminuição se devam a
alienações. Outros movimentos com algum peso são as variações cambiais negativas, quer em
número de registos (16%), quer no montante das diminuições (17%), e a “Conclusão da
imputação do custo de CAE de anos anteriores” (7% em frequência e 10% em valor).
4.3. Reconciliação das perdas por imparidade acumuladas do goodwill
Na Tabela 7 apresentamos uma reconciliação de todos os movimentos reconhecidos na
rúbrica “Perdas por imparidade acumuladas” do goodwill, em frequência e em valor, pelas
empresas da nossa amostra2 nos oito anos de aplicação das IAS/IFRS.
2 Nos anos 2009 a 2012 foram acrescentadas à nossa amostra 2 grupos (Compta e Lisgráfica) porque, embora nunca tenham apresentado goodwill no balanço, em 2008 reconheceram goodwill e no mesmo período registaram uma perda por imparidade pela totalidade do goodwill reconhecido no período, o que fez com que tivessem perdas por imparidade acumuladas do goodwill nos períodos seguintes.
11
Tabela 7 – Tipos de movimentos em perdas por imparidade acumuladas do goodwill
Os aumentos nas perdas por imparidade acumuladas do goodwill são justificados, na sua
generalidade, pelo reconhecimento de perdas por imparidade do período (96%). Numa análise
da evolução do reconhecimento de perdas por imparidade do goodwill, que aprofundaremos
adiante, verifica-se um aumento na frequência daquelas perdas, especialmente nos anos 2011
e 2012.
Embora as perdas por imparidade do goodwill não possam ser revertidas, existem outros
movimentos que podem justificar diminuições no valor das perdas por imparidade
acumuladas. Assim, no período de 2005 a 2012, 10 grupos (responsáveis por 18% das
diminuições) eliminaram parte das perdas por imparidade acumuladas por abate à respetiva
quantia bruta, em situações em que a quantia escriturada do goodwill era nula. As perdas por
imparidade acumuladas foram, ainda, eliminadas por variação do perímetro de consolidação.
Apesar desta última operação ter ocorrido em apenas 3 sociedades, os seus valores são
bastante significativos, representando cerca de 77% do total das diminuições. O outro
movimento que justificou a diminuição de perdas por imparidade acumuladas diz respeito à
alienação de participações que tinham afeto goodwill em imparidade em anos anteriores.
Da análise da Tabela 7 podemos, ainda, verificar que o número de sociedades com um saldo
final de perdas por imparidade do goodwill tem vindo a aumentar, naturalmente por força do
acréscimo de reconhecimento daquelas perdas. Assim, em 2005, apenas 6 empresas tinham
um saldo positivo de perdas por imparidade acumuladas, sendo que em 2012 aquele número
mais que quadruplicou, sendo já 29 as sociedades com aquele saldo positivo.
De sublinhar, por fim, que existe a concentração de um elevado número de movimentos em
poucos grupos económicos. Com efeito, 28% das 29 sociedades com saldo em perdas por
imparidade acumuladas é responsável por 53% dos movimentos efetuados naquela rúbrica.
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012Si Perdas por imparidade acumuladas: 36 36 35 38 39 39 39 39 - - - -
Empresas com Si perdas por imparidade acumuladas = 0 31 30 24 23 21 18 16 12 - - - - Empresas com Si perdas por imparidade acumuladas > 0 5 6 11 15 18 21 23 27 - - - -Aumentos no período: 3 10 8 11 10 9 16 16 83 100% 782.227 100,0% Reconhecimento de perdas por imparidade do período 3 10 8 11 9 8 16 15 80 96% 781.232 99,9% Variação cambial 1 1 1 3 4% 995 0,1%Diminuições no período: 2 4 4 3 3 16 100% -232.770 100,0% Eliminação de PI por abate de goodwill com QE = 0 1 4 3 1 1 10 63% -41.417 17,8% Eliminação de PI por alienação de participações 1 1 2 13% -12.769 5,5% Eliminação de PI por variação do perímetro de consolidação 1 2 3 19% -178.389 76,6% Variação cambial 1 1 6% -195 0,1%
Sf Perdas por imparidade acumuladas 36 36 35 38 39 39 39 39 - - - - Empresas com Sf perdas por imparidade acumuladas = 0 30 25 21 20 18 16 12 10 - - - - Empresas com Sf perdas por imparidade acumuladas > 0 6 11 14 18 21 23 27 29 - - - -
N.º de empresas por ano
N.º empresas Valor (milhares de €)
TotalReconciliação
12
4.4. Frequência de reconhecimento de perdas por imparidade do goodwill
A frequência de reconhecimento de perdas por imparidade do goodwill, por ano e por setor,
pode ser observada na Tabela 8. Em termos globais, 27% das empresas que compõem a nossa
amostra reconheceram, em pelo menos um dos anos de 2005 a 2012, perdas por imparidade
do goodwill. Quanto à evolução da frequência de reconhecimento, em 2005 apenas 3
empresas registaram perdas por imparidade do goodwill, aumentando para 10 empresas em
2006 e mantendo-se este número com ligeiras oscilações até 2010. Em 2011 verifica-se um
acentuado aumento no número de empresas que reconheceu perdas por imparidade do
goodwill (16 empresas), sendo igualmente o ano em que se verificou o maior número de
registos daquelas perdas (o que equivale a 43% das empresas). Este cenário manteve-se em
2012, com apenas menos uma empresa a registar perdas por imparidade do goodwill.
Podemos, assim, concluir que o maior incremento no reconhecimento de perdas ocorre apenas
3 anos após o início da crise económica que ainda hoje vivemos, indo de encontro aos
resultados do estudo de Hayn e Hughes (2006) de que o reconhecimento das perdas por
imparidade do goodwill ocorre, em média, entre 3 a 4 anos após a sua imparidade económica.
Tabela 8 – Frequência do reconhecimento de PI do goodwill por ano e por setor
Numa análise detalhada da evolução por setor, verificamos que são os setores dos Serviços ao
Consumidor e da Indústria os responsáveis pelo aumento acentuado de registo de perdas por
imparidade do goodwill em 2011. Por outro lado, se ponderarmos o número de empresas que
reconheceram perdas por imparidade do goodwill no setor, com o número total de empresas
do mesmo setor, verificamos que o setor com maior reconhecimento de perdas por imparidade
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012N.º
empresas com PI
N.º empresas do setor
% Empresas com PI no
setor
Gás e Petróleo 1 1 1 3 7 43%
Bens de Consumo 2 2 2 1 1 1 1 10 24 42%
Serviços ao Consumidor 2 2 4 3 3 2 5 3 24 73 33%
Energia 1 1 1 1 4 14 29%
Indústria 1 1 4 2 1 4 7 20 83 24%
Tecnologia 1 1 1 1 1 1 6 25 24%
Financeiro 1 2 2 1 6 28 21%
Materiais Básicos 2 1 1 1 5 24 21%
Telecomunicações 1 1 2 16 13%
Total de empresas com reconhecimento de PI 3 10 8 11 9 8 16 15 80
N.º empresas da amostra 36 36 35 38 38 37 37 37 294
% Empresas com PI sobre o total de empresas da amostra 8% 28% 23% 29% 24% 22% 43% 41% 27%
Anos
Setor de atividade
Total
13
é o do Gás e Petróleo (43%), seguindo-se o dos Bens de Consumo (42%), o dos Serviços ao
Consumidor (33%) e o da Energia (29%). O setor com menor reconhecimento de perdas por
imparidade do goodwill é o das Telecomunicações.
Ponderando, agora, o número de anos que cada sociedade reconheceu perdas por imparidade
do goodwill, com o número total de anos que a mesma sociedade integrou a nossa amostra, no
período de 2005 a 2012, construímos a Tabela 9, na qual distribuímos a frequência com que
cada empresa reconheceu aquelas perdas.
Tabela 9 – Percentagem de anos que cada empresa reconheceu PI do goodwill
Dos 44 grupos económicos analisados3, 15 nunca reconheceram, desde o ano 2005, qualquer
perda por imparidade do goodwill. A segunda classe, na qual se inclui o maior número de
empresas, é aquela em que reconheceram perdas por imparidade do goodwill até 25% dos
anos. Já 9 grupos reconheceram perdas por imparidade entre 25% e 50% dos anos que
integraram a amostra e apenas 3 grupos (Impresa, Corticeira Amorim, e Ibersol)
reconheceram entre 50% e 75%. Por fim, os grupos que, com maior frequência, reconheceram
perdas por imparidade do goodwill foram a Sonae e a Martifer (em 88% e 83% dos anos,
respetivamente, ou seja, apenas não reconheceram perdas em um dos anos em que integraram
a amostra). Dois grupos (Lisgráfica e Compta) reconheceram perdas em 100% dos anos
porque as registaram, precisamente, no único ano em que integraram a nossa amostra.
4.5. Montante reconhecido de perdas por imparidade do goodwill
Analisando apenas as empresas que, em pelo menos um dos oito anos, reconheceu perdas por
imparidade do goodwill (o que totaliza 214 relatórios) constatámos que 58% do valor total das
perdas foram reconhecidas por apenas 2 empresas (BCP e Cimpor), tendo contudo o BCP só
reconhecido perdas em 2 anos e a Cimpor em 3 anos. Por outro lado, apenas 6 empresas
(BCP, Cimpor, EDP, Martifer, Imprensa e Sonae), que representam 21% daquela amostra,
reconheceram 82% da totalidade das perdas por imparidade durante o período de 2005 a 2012.
3 Note-se que, no período de 2005 a 2012, houve anos em que alguns destes 44 grupos não tiveram as suas ações cotadas na Euronext Lisboa, razão pela qual a nossa amostra (cf. Tabela 1) por ano é inferior a 44 sociedades.
0% >0% e ≤25% >25% e ≤50% >50% e ≤75% >75% e <100% 100%
N.º de empresas que reconheceu perdas por imparidade do goodwill entre 2005 e 2012
15 13 9 3 2 2 44
% (n.º anos de reconhecimento de perdas por imparidade / n.º anos na amostra)
Total
14
Esta análise não tem, contudo, em consideração a dimensão da empresa e, consequentemente,
o valor do seu goodwill. Para uma análise mais rigorosa, procedemos à ponderação, por
empresa, do montante das perdas por imparidade do goodwill reconhecidas em cada período,
com o valor do goodwill (antes das perdas por imparidade do período, eliminando o efeito das
mesmas), de que resultou a Tabela 10.
Tabela 10 – Peso relativo das perdas por imparidade sobre o valor do goodwill, por empresa
Considerando, numa primeira análise, todos os anos das empresas que, em pelo menos um
ano, reconheceram perdas por imparidade, e ponderando o valor total destas perdas
reconhecidas entre 2005 e 2012 com o valor total do goodwill (antes de perdas por
imparidade), em média as empresas que reconheceram perdas por imparidade em maior
Valor total do goodwill
(antes de perdas por imparidade) (milhares de €)
% Perdas por imparidade / Goodwill
Valor total do goodwill
(antes de perdas por imparidade) (milhares de €)
% Perdas por imparidade / Goodwill
Compta - Equipamentos e Serviços de Informática, S.A. 298 298 100,0% 298 100,0%
Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, S.A. 17.629 17.629 100,0% 17.629 100,0%
Martifer, SGPS, S.A. 48.276 247.887 19,5% 214.541 22,5%
Corticeira Amorim, SGPS, S.A. 17.779 122.970 14,5% 77.343 23,0%
Estoril Sol, SGPS, S.A. 10.553 79.756 13,2% 16.425 64,2%
BANIF, SGPS, S.A. 2.348 24.882 9,4% 7.186 32,7%
Banco Comercial Português, S.A. 307.779 3.444.096 8,9% 883.699 34,8%
VAA - Vista Alegre Atlantis, SGPS, S.A. 2.610 47.955 5,4% 13.817 18,9%
Brisa - Auto-Estradas de Portugal, S.A. 8.048 238.753 3,4% 61.667 13,1%
Teixeira Duarte, S.A. 7.449 329.727 2,3% 129.917 5,7%
Sociedade Comercial Orey Antunes, S.A. 1.988 111.110 1,8% 10.580 18,8%
Banco Espírito Santo, S.A. 8.979 539.398 1,7% 112.634 8,0%
Impresa, SGPS, S.A. 40.456 2.510.769 1,6% 1.596.755 2,5%
Inapa - Investimentos, Participações e Gestão, S.A. 15.122 1.120.585 1,3% 146.269 10,3%
Cimpor - Cimentos de Portugal, SGPS, S.A. 145.158 11.731.834 1,2% 5.432.957 2,7%
Grupo Media Capital, SGPS, S.A. 16.173 1.352.650 1,2% 501.048 3,2%
Grupo Soares da Costa, SGPS, S.A. 3.606 449.069 0,8% 87.631 4,1%
Mota-Engil, SGPS, S.A. 6.836 981.032 0,7% 595.490 1,1%
Sonae SGPS, S.A. 32.298 4.840.293 0,7% 4.099.554 0,8%
Reditus, SGPS, S.A. 1.501 288.322 0,5% 112.512 1,3%
SONAECOM, SGPS, S.A. 13.000 3.951.278 0,3% 1.052.411 1,2%
Glintt - Global Intelligent Technologies, SGPS, S.A. 2.194 761.113 0,3% 166.414 1,3%
EDP - Energias de Portugal, S.A. 64.198 24.060.753 0,3% 12.297.602 0,5%
Galp Energia, SGPS, S.A. 2.284 1.104.091 0,2% 268.584 0,9%
Cofina, SGPS, S.A. 1.050 725.853 0,1% 94.750 1,1%
Novabase, SGPS, S.A. 213 197.838 0,1% 26.963 0,8%
Sumol+Compal, S.A. 667 644.712 0,1% 164.699 0,4%
Semapa - Sociedade de Investimento e Gestão, SGPS, S.A. 2.494 2.594.599 0,1% 1.320.445 0,2%
Ibersol, SGPS, S.A. 246 314.365 0,1% 228.833 0,1%
Total 781.232 62.833.617 1,2% 29.738.653 2,6%
Nome
Total das perdas por imparidade
reconhecidas entre 2005 e 2012 (milhares de €)
Considerando todos os anos das empresas que reconheceram PI em pelo menos 1 ano
Considerando apenas os anos em que as empresas reconheceram PI
15
percentagem de goodwill foi a Compta e a Lisgráfica (100%)4, seguidas das Martifer (19,5%),
da Corticeira Amorim (14,5%), da Estoril Sol (13,2%), do Banif (9,4%) e do BCP (8,9%).
Numa segunda análise, considerámos no valor total do goodwill (antes de perdas por
imparidade) de cada empresa, apenas os períodos em que foram reconhecidas perdas por
imparidade do goodwill. O nosso objetivo foi eliminar o efeito da frequência de
reconhecimento das perdas por imparidade e, deste modo, ter uma melhor perceção da
percentagem média de goodwill abatido em cada período em que as perdas foram
reconhecidas. Ora, analisando a Tabela 10, verificamos que foi a Estoril Sol a abater, em
média, maior valor do seu goodwill em cada período de reconhecimento de perdas por
imparidade (64,2% do goodwill), embora entre 2005 e 2012 apenas tenha reconhecido perdas
por imparidade num total de 13,2% do seu goodwill. Segue-se o BCP que, em apenas 2 anos,
reconheceu 34,8% do goodwill daqueles períodos, embora apenas tenha reconhecido no total
dos oito anos 8,9% de perdas por imparidade do seu goodwill. Em terceira posição está o
Banif (32,7%), seguido da Corticeira Amorim (23%) e da Martifer (22,5%).
Tabela 11 – Peso relativo das perdas por imparidade sobre o valor do goodwill, por setor
Na Tabela 11 apresentamos a evolução do peso relativo das perdas por imparidade, sobre o
valor do goodwill, por setor de atividade. Da sua análise ressalta, desde logo, que é o setor
Financeiro aquele que maior valor do goodwill abateu por força do reconhecimento de perdas
por imparidade (7,4% do valor do goodwill). Este facto não é surpreendente uma vez que foi
precisamente no setor Financeiro que se deu o epicentro da atual crise económica. Contudo,
4 Esta percentagem é justificada pelo facto de estas duas empresas terem reconhecido perdas por imparidade pelo valor total do goodwill no período em que o mesmo foi registado no âmbito de uma CAE. Acresce que ambas as empresas apenas foram incluídas na nossa amostra um ano, que coincidiu precisamente com o período em que reconheceram o goodwill e respetivas perdas por imparidade.
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Financeiro 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,2% 22,2% 31,5% 0,2% 7,4%
Bens de Consumo 0,0% 6,9% 1,8% 2,6% 0,2% 3,7% 4,4% 1,6% 2,6%
Indústria 0,0% 0,1% 0,2% 1,1% 1,2% 0,9% 0,3% 4,2% 1,4%
Serviços ao Consumidor 0,2% 0,7% 0,3% 0,5% 0,1% 0,2% 2,4% 0,3% 0,6%
Tecnologia 0,6% 0,3% 0,0% 0,0% 0,1% 0,9% 0,4% 0,3% 0,3%
Energia 0,0% 0,3% 0,0% 0,5% 0,1% 0,0% 1,1% 0,0% 0,3%
Materiais Básicos 0,0% 1,8% 0,0% 0,2% 0,0% 0,1% 0,0% 0,0% 0,3%
Gás e Petróleo - 3,5% 2,6% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,5% 0,2%
Telecomunicações 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,3% 0,4% 0,1%
Total 0,1% 0,4% 0,1% 0,5% 0,3% 1,7% 2,4% 1,3% 0,9%
Setor de atividade TotalAnos
16
numa análise evolutiva, a maior proporção de goodwill reconhecido em perdas por
imparidade ocorreu em 2011, cerca de três anos após o início da crise, embora já em 2010
aquela percentagem fosse elevada (22,2%).
Seguidamente são os setores de Bens de Consumo (2,6%) e o da Indústria (1,4%) que
registaram uma maior parcela do goodwill em perdas por imparidade. Curiosamente, no setor
de Bens de Consumo, o ano em que tal proporção foi mais elevada foi em 2006 (6,9%),
período de ainda alguma estabilidade económica. Mas, seguindo a mesma tendência do setor
Financeiro, também é nos anos 2011 (4,4%) e 2010 (3,7%) que se registou uma maior
proporção de perdas por imparidade do goodwill. Já no setor da Indústria, é em 2012 que se
regista um maior reconhecimento de perdas (4,2%), período no qual os restantes setores
registaram insignificantes perdas. Com efeito, em 2012 a percentagem global das perdas por
imparidade reconhecidas do goodwill foi de apenas 1,3% do seu valor, tendo o seu máximo
sido atingido em 2011 (2,4%), depois de em 2010 se situar nos 1,7%.
Dos dados apresentados podemos concluir que, embora se tenha verificado, em termos
globais, um aumento na percentagem de goodwill abatido através de perdas por imparidade no
período de 2005 a 2012, com maior expressão nos anos 2010 e 2011, a verdade é que aquelas
percentagens continuam a ser muito reduzidas. Curiosamente, em 2012, ano de profunda crise
económica nacional e em que (cf. Tabela 8) a frequência de reconhecimento de perdas por
imparidade do goodwill se mantém relativamente elevada, até se verifica uma diminuição na
proporção de perdas por imparidade do goodwill reconhecidas. Ou seja, neste último ano, as
sociedades reconheceram com maior frequência perdas por imparidade do goodwill mas por
montantes inferiores.
Em suma, o valor do goodwill apresentado no balanço dos grupos portugueses com valores
cotados foi, em média, pouco ou, em alguns casos, nada afetado pela maior crise económica
dos últimos tempos, sendo os nossos resultados consistentes com os documentados em outros
estudos para outros países da UE (PriceWaterhouseCoopers, 2011; Jahmani et al., 2010; Pieri,
2010).
São diversas as explicações possíveis para esta situação, a qual, numa primeira apreciação,
não seria expectável. Tal como sugere PriceWaterhouseCoopers (2011), uma primeira
justificação prende-se com o facto de o valor recuperável do goodwill, afeto às UGC das
sociedades com valores cotados, poder ter sofrido um substancial declínio, mas manter-se
ainda acima da sua quantia escriturada, não dando origem ao reconhecimento de qualquer
17
perda por imparidade do goodwill. Uma outra razão, para a diminuta expressão das perdas por
imparidade do goodwill, reside na circunstância de a eventual perda de valor do goodwill
adquirido, no âmbito de uma CAE, poder estar a ser compensado pelo goodwill gerado
internamente na UGC a que o goodwill adquirido foi afeto. Porquanto, na determinação da
quantia recuperável do goodwill, é difícil autonomizar os fluxos de caixa gerados pelo
goodwill adquirido, dos fluxos que têm origem no goodwill que foi entretanto gerado
internamente e que não é reconhecido no balanço das empresas. Deste modo, na opinião de
PriceWaterhouseCoopers (2011), poderá inclusive existir uma certa tentação, por parte dos
gestores, de alocar o goodwill adquirido às UGC com maior propensão para gerarem
internamente goodwill, de modo a evitar o futuro reconhecimento de perdas por imparidade.
Esta última justificação entronca numa problemática, profusamente apontada na revisão da
literatura: a discricionariedade permitida nas normas na realização dos testes de imparidade
do goodwill, por apelarem a um grande número de julgamentos e estimativas, altamente
subjetivos, permitindo aos gestores reconhecer o nível desejado de perdas por imparidade,
motivados por fatores diversos.
Numa tentativa de procurar antecipar um primeiro determinante do reconhecimento, ou não,
de perdas por imparidade do goodwill, dividimos a nossa amostra inicial em duas categorias:
as que reconheceram, em pelo menos um dos anos de 2005 a 2012, perdas por imparidade do
goodwill; e as que nunca reconheceram naquele período perdas por imparidade do goodwill.
Tabela 12 – Perdas por imparidade por magnitude do goodwill
Da análise da Tabela 12 podemos concluir que, ao longo do período 2005 a 2012, foram as
sociedades com maior valor do goodwill que nunca reconheceram perdas por imparidade.
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Valor do goodwill
(milhares de €) 2.342.969 2.591.481 2.388.790 2.723.174 2.934.088 2.200.455 3.048.157 3.222.075 21.451.189
% s/ total do goodwill 31% 30% 24% 25% 26% 20% 26% 24% 25%
N.º empresas 24 26 27 28 28 27 27 27 214
% s/ total empresas 67% 72% 77% 74% 74% 73% 73% 73% 73%
Valor do goodwill
(milhares de €) 5.114.403 6.115.188 7.588.693 8.300.286 8.376.806 8.739.682 8.466.709 10.131.850 62.833.617
% s/ total do goodwill 69% 70% 76% 75% 74% 80% 74% 76% 75%
N.º empresas 12 10 8 10 10 10 10 10 80
% s/ total empresas 33% 28% 23% 26% 26% 27% 27% 27% 27%
Valor do goodwill
(milhares de €) 7.457.372 8.706.669 9.977.483 11.023.460 11.310.894 10.940.137 11.514.866 13.353.925 84.284.806
N.º empresas por ano 36 36 35 38 38 37 37 37 294
Total
Divisão das empresas Total
Anos
Empresas que reconheceram perdas por imparidade em pelo menos um
ano
Empresas que não reconheceram perdas por imparidade em qualquer
ano
18
Com efeito, estas sociedades, que representam 27% da nossa amostra, têm um valor de
goodwill escriturado (antes de imparidades) que ascende a 75% do goodwill total da nossa
amostra para os oito anos analisados. Ou seja, podemos inferir que serão as empresas de
menor dimensão que tendem a reconhecer perdas por imparidade do goodwill.
Um outro resultado preliminar do nosso estudo, é o de que parecem ser as empresas com
resultados negativos a reconhecer um maior volume de perdas por imparidade (ver Tabela
13). Dividindo as empresas/ano em que foram reconhecidas perdas por imparidade em dois
grupos, as que tiveram Resultados Antes de Impostos (RAI) (antes de imparidades do
goodwill) positivos e as que tiveram RAI negativos, verificamos que metade do valor das
perdas por imparidade foi reconhecida pelas 21 empresas/ano com RAI negativos, as quais
representam apenas 26% das empresas/ano da amostra. Neste grupo de empresas com RAI
negativos, as perdas por imparidade do goodwill pioraram os resultados em 13%. Como seria
de esperar, a maior parte destas empresas (75%) não integraram o PSI 20 no ano em que
reconheceram perdas por imparidade do goodwill, tendo sido precisamente nestas que as
perdas por imparidade reconhecidas mais afetaram negativamente os seus resultados (16%).
De referir que, das 6 empresas/ano desta amostra com RAI negativos, metade são do setor
Financeiro.
Tabela 13 – Perdas por imparidade do goodwill e desempenho das sociedades
Já as 59 empresas/ano que tiveram um desempenho positivo (74% da amostra), reconheceram
os outros 50% das perdas por imparidade, contribuindo estas negativamente para o RAI das
empresas em apenas 3%. Destas, 53% integraram o PSI 20 no ano em que reconheceram
perdas por imparidade do goodwill, tendo estas perdas afetado negativamente o seu
desempenho em apenas 2%. Por seu lado, as empresas que não integraram o PSI 20, viram os
Valor (milhares de €) % N.º %
Sim 279.025 71% 31 53% 14.045.656 2%
Não 111.838 29% 28 47% 767.683 15%
Total 390.863 100% 59 100% 14.813.339 3%
Sim 311.827 80% 6 29% -2.433.974 13%
Não 78.542 20% 15 71% -495.509 16%
Total 390.369 100% 21 100% -2.929.483 13%
781.232 - 80 - - -
Total de perdas por imparidade do goodwill
Total de empresas/ano que reconheceram PI entre 2005-
2012Indicador
Valor total do RAI (antes de PI goodwill )
(milhares de €)
% Perdas por imparidade /
RAI
PSI 20
Total
RAI <0
RAI >0
19
seus RAI serem afetados negativamente em 15%, percentagem bem mais significativa do que
as do PSI 20.
Não obstante estes resultados necessitarem de ser complementados com outro tipo de testes,
mais robustos, sugerem-nos, nesta primeira análise e à semelhança dos resultados do estudo
de Pardo e Giner (2013), que as empresas mais lucrativas tendem a reconhecer menores
perdas por imparidade do goodwill, em consistência com a estratégia de alisamento de
resultados. Por outro lado, parecem ser as sociedades que integram o PSI 20 as que menos
reconhecem tais perdas, sejam positivos ou negativos os seus resultados. Ora, estas últimas
empresas são as que possuem maior capitalização bolsista e, concomitantemente, são de
maior visibilidade no mercado e, por isso, mais escrutinadas e tendem a ser de maior
dimensão.
5. Conclusões
Num cenário de profunda crise económica, como a que vivemos atualmente em Portugal, se
os testes de imparidade fossem apenas influenciados por fatores económicos e financeiros,
seria expectável assistir-se a um substancial aumento no reconhecimento de perdas por
imparidade do goodwill.
Contudo, e ao contrário do que seria expectável, os resultados do nosso estudo evidenciam
que a atual crise não implicou um aumento significativo no valor das perdas por imparidade
do goodwill. Em termos de frequência, foi nos anos 2011 e 2012 que se registou o maior
número de registos de perdas por imparidade do goodwill (43% das empresas), pelo que, o
maior incremento no reconhecimento daquelas perdas, ocorre apenas 3 anos após o início da
crise económica, indo de encontro aos resultados do estudo de Hayn e Hughes (2006).
Dos nossos resultados podemos também concluir que, embora se tenha verificado um
aumento na percentagem do goodwill abatido através de perdas por imparidade entre 2005 e
2012, com maior expressão nos anos 2010 e 2011, a verdade é que aquelas percentagens
continuam a ser muito reduzidas. Com efeito, em 2011 as perdas por imparidade do período
representavam apenas 2,4% do valor do goodwill. O setor Financeiro foi aquele que maior
valor do goodwill abateu por força do reconhecimento de perdas por imparidade, facto não
surpreendente uma vez que foi neste setor que se deu o epicentro da atual crise económica.
Por fim, e relativamente aos possíveis determinantes do reconhecimento das perdas por
imparidade do goodwill, os nossos resultados preliminares indicam que parecem ser as
20
empresas com menor valor do goodwill e com resultados negativos a reconhecer um maior
volume de perdas por imparidade. As empresas mais lucrativas e que integram o PSI 20
tendem a reconhecer menores perdas por imparidade do goodwill, em consistência com a
estratégia de alisamento de resultados. Em síntese, a decisão de reconhecimento daquelas
perdas poderá estar a ser influenciada, não apenas por fatores económicos, mas também por
interesses da gestão, aproveitando alguma discricionariedade permitida nas normas.
Este estudo revela-se de grande oportunidade, tanto para académicos e empresas, como para
os normalizadores, não só pela relevância que o goodwill assume no balanço de muitos
grupos, mas também porque a discussão acerca da mensuração subsequente do goodwill se
encontra novamente na ordem do dia dos principais organismos normalizadores.
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