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Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [171–193] 171 ESTUDO COMPARATIVO DE COMPORTAMENTOS DE INDISCIPLINA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM DOIS CONTEXTOS ESCOLA- RES DIFERENCIADOS. Sena Lino, Luís; Ramos Oliveira, Paulo Universidade da Madeira, Escola Básica 2º e 3º Ciclos de Arazede, Portugal Introdução e objectivos: A indisciplina, por parte dos alunos, cons- titui um problema que se tem vindo a constatar nas nossas escolas, em todos os domínios, inclusive, no da Educação Física. Tratando-se de um tema recorrente no ensino, o mesmo tem sido objecto de diversos trabalhos de investigação, não só a nível do ensino geral (Doyle, 1986; Estrela, 1986; Kounin, 1970), como também no da Educação Física (Beckers-Ledent et al., 1995; Brito, 1986; Mendes, 1995; Piéron & Emonts, 1988; Rosado, 1990). O objectivo do estudo centrou-se na caracteri- zação e análise comparativa dos comportamentos de indiscipli- na verificados nas aulas de Educação Física, em turmas de Currículo Normal e em turmas de Currículo Alternativo, quer em Meio Urbano, quer em Meio Rural. Material e métodos: A amostra utilizada foi constituída por qua- tro turmas, duas de currículo normal e duas de currículo alter- nativo, pertencentes a escolas de meio urbano e de meio rural, num total de dois professores e de sessenta e seis alunos. As aulas, num total de dezasseis, foram registadas em vídeo, tendo-se posteriormente codificado os diferentes comporta- mentos de indisciplina, através de um registo de ocorrências, com base num sistema de observação adaptado para o efeito (Sarmento et al.; 1998). O índice de fidelidade, intra-observa- dor, foi de 97,4%. Os dados recolhidos foram tratados estatisti- camente através da prova Teste Z para a diferença de propor- ções entre duas amostras independentes. Principais resultados e conclusões: Globalmente e segundo a variá- vel Currículo, as turmas de currículo normal registaram um maior número de comportamentos de indisciplina (384-58,8%) do que as de currículo alternativo (269-41,2%). Por outro lado, e de acordo com a variável Meio, as turmas de meio urbano revelaram-se mais indisciplinadas (339-51,9%) do que as de meio rural (314-48,1%). No que respeita à distribuição dos comportamentos de indisciplina dos alunos pelas diferentes dimensões de análise, a dimensão Comportamentos Dirigidos à Actividade foi a que registou um maior número de ocorrências (413-63,3%), tendo-lhe seguido as dimensões: Alunos Dispensados (142-21,7%), Comportamentos Dirigidos ao Professor (30-4,6%) e Comportamentos Dirigidos aos Colegas (68-10,4%). Numa visão de conjunto e tendo por base os 653 incidentes de indisciplina registados, foi possível constatar que os rapazes foram mais indisciplinados do que as raparigas. Esta circunstância verificou-se, quer quando comparada a nível dos currículos (normal e alternativo), quer quando comparada a nível dos meios (urbano e rural). Estatisticamente revelaram diferenças significativas as turmas de meio urbano e de meio rural com currículos diferentes. Assim, a turma de currículo normal, em meio urbano, é mais indisciplinada do que a de currículo alternativo. De igual modo, em meio rural, a turma de currículo normal é mais indisciplinada do que a de currículo alternativo. Palavras-chave: indisciplina, escola urbana/rural, currículo nor- mal/alternativo. [email protected] ESTUDO DAS CRENÇAS E DOS PROCEDIMENTOS DE CONTROLO DOS PROFESSORES FACE AOS COMPORTAMENTOS DE INDISCIPLI- NA DOS ALUNOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Oliveira, M. Teresa Escola Superior de Educação, Instituto Superior Politécnico de Viseu, Portugal. Introdução e objectivos: A disciplina e indisciplina na escola e na sala de aula constituem sérias preocupações para todos os que se interessam pela problemática do ensino. A indisciplina reflecte, em primeiro lugar, a importância social que se atribui à disciplina na escola, na pluralidade de perspectivas e de posi- ções mais ou menos acantonadas em torno de escalas de valo- res conflituantes. Em segundo lugar é um tema que resiste tei- mosamente a soluções milagrosas ou definitivas, ainda que as segregue continuada e abundantemente. No caso dos professo- res, confrontados que são diariamente com situações que exi- gem uma intervenção de carácter disciplinar, é-lhes pedida uma participação activa no debate sobre a reordenação da vida na escola, que equacione as regras do seu funcionamento. São objectivos deste estudo: (i)Ponderar o efeito da experiência de ensino na incidência da indisciplina e nas formas de a conceber e de como com ela lidar; (ii) conhecer a relação entre as cren- ças sobre a indisciplina e as práticas dos professores de Educação Física. Hipóteses: (1) A experiência docente distinta induz alterações significativas nos níveis de mudança do primeiro para o segun- do momento de observação, no que concerne aos comporta- mentos de indisciplina dos alunos e aos procedimentos de con- trolo do professor; (2) as crenças que os professores possuem em relação à indisciplina e ao ensino produzem um elevado nível de desenvolvimento no trabalho prático das aulas de Educação Física. Variáveis de estudo: independentes - as que dizem respeito à experiência docente dos professores; depen- dentes - os procedimentos de controlo do professor relativos aos comportamentos de indisciplina do aluno (dimensões: antecipação, tutorial, punição e ignora). Material e métodos: A amostra foi constituída por 12 professores com experiências docentes diferenciadas, perfazendo um total de 96 aulas observadas. Foram observados 1050 alunos. Instrumentos e procedimentos: entrevista (Muchielli, 1975; Grawitz, 1984); PEPCI (Henkel, 1991); T-Teste de simultâneos, Regressão Múltipla (Stepwise Regressions); DM Manova (Schutz e Gessroli, 1987). O nível de significância foi de 0,05. Principais resultados e conclusões: Em termos globais, a experiência docente provocou um efeito positivo nos comportamentos indisciplina durante o ano lectivo. O grupo de professores sem experiência docente, não apresentou melhorias nos procedi- mentos de controlo dos alunos. Confirma-se que as crenças que os professores possuem, sobre a indisciplina e o ensino da Educação Física, produzem um elevado nível de desenvolvi- mento no trabalho prático do professor nas aulas. Em conclu- são: (i)a grande diferença nos professores, com experiência docente, é que as crenças relativas à indisciplina se prendem com a prática da aula, onde privilegiaram os procedimentos antecipatórios; (ii) ao contrário, os professores inexperientes crêem que as causas da indisciplina são o planeamento e a rela- PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA

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Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [171–193] 171

ESTUDO COMPARATIVO DE COMPORTAMENTOS DE INDISCIPLINANAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA EM DOIS CONTEXTOS ESCOLA-RES DIFERENCIADOS.

Sena Lino, Luís; Ramos Oliveira, Paulo

Universidade da Madeira, Escola Básica 2º e 3º Ciclos de Arazede,

Portugal

Introdução e objectivos: A indisciplina, por parte dos alunos, cons-

titui um problema que se tem vindo a constatar nas nossas

escolas, em todos os domínios, inclusive, no da Educação

Física. Tratando-se de um tema recorrente no ensino, o mesmo

tem sido objecto de diversos trabalhos de investigação, não só

a nível do ensino geral (Doyle, 1986; Estrela, 1986; Kounin,

1970), como também no da Educação Física (Beckers-Ledent et

al., 1995; Brito, 1986; Mendes, 1995; Piéron & Emonts, 1988;

Rosado, 1990). O objectivo do estudo centrou-se na caracteri-

zação e análise comparativa dos comportamentos de indiscipli-

na verificados nas aulas de Educação Física, em turmas de

Currículo Normal e em turmas de Currículo Alternativo, quer

em Meio Urbano, quer em Meio Rural.

Material e métodos: A amostra utilizada foi constituída por qua-

tro turmas, duas de currículo normal e duas de currículo alter-

nativo, pertencentes a escolas de meio urbano e de meio rural,

num total de dois professores e de sessenta e seis alunos. As

aulas, num total de dezasseis, foram registadas em vídeo,

tendo-se posteriormente codificado os diferentes comporta-

mentos de indisciplina, através de um registo de ocorrências,

com base num sistema de observação adaptado para o efeito

(Sarmento et al.; 1998). O índice de fidelidade, intra-observa-

dor, foi de 97,4%. Os dados recolhidos foram tratados estatisti-

camente através da prova Teste Z para a diferença de propor-

ções entre duas amostras independentes.

Principais resultados e conclusões: Globalmente e segundo a variá-

vel Currículo, as turmas de currículo normal registaram um

maior número de comportamentos de indisciplina (384-58,8%)

do que as de currículo alternativo (269-41,2%). Por outro lado,

e de acordo com a variável Meio, as turmas de meio urbano

revelaram-se mais indisciplinadas (339-51,9%) do que as de

meio rural (314-48,1%). No que respeita à distribuição dos

comportamentos de indisciplina dos alunos pelas diferentes

dimensões de análise, a dimensão Comportamentos Dirigidos à

Actividade foi a que registou um maior número de ocorrências

(413-63,3%), tendo-lhe seguido as dimensões: Alunos

Dispensados (142-21,7%), Comportamentos Dirigidos ao

Professor (30-4,6%) e Comportamentos Dirigidos aos Colegas

(68-10,4%). Numa visão de conjunto e tendo por base os 653

incidentes de indisciplina registados, foi possível constatar que

os rapazes foram mais indisciplinados do que as raparigas. Esta

circunstância verificou-se, quer quando comparada a nível dos

currículos (normal e alternativo), quer quando comparada a

nível dos meios (urbano e rural). Estatisticamente revelaram

diferenças significativas as turmas de meio urbano e de meio

rural com currículos diferentes. Assim, a turma de currículo

normal, em meio urbano, é mais indisciplinada do que a de

currículo alternativo. De igual modo, em meio rural, a turma

de currículo normal é mais indisciplinada do que a de currículo

alternativo.

Palavras-chave: indisciplina, escola urbana/rural, currículo nor-

mal/alternativo.

[email protected]

ESTUDO DAS CRENÇAS E DOS PROCEDIMENTOS DE CONTROLODOS PROFESSORES FACE AOS COMPORTAMENTOS DE INDISCIPLI-NA DOS ALUNOS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA.

Oliveira, M. Teresa

Escola Superior de Educação, Instituto Superior Politécnico de Viseu,

Portugal.

Introdução e objectivos: A disciplina e indisciplina na escola e na

sala de aula constituem sérias preocupações para todos os que

se interessam pela problemática do ensino. A indisciplina

reflecte, em primeiro lugar, a importância social que se atribui

à disciplina na escola, na pluralidade de perspectivas e de posi-

ções mais ou menos acantonadas em torno de escalas de valo-

res conflituantes. Em segundo lugar é um tema que resiste tei-

mosamente a soluções milagrosas ou definitivas, ainda que as

segregue continuada e abundantemente. No caso dos professo-

res, confrontados que são diariamente com situações que exi-

gem uma intervenção de carácter disciplinar, é-lhes pedida uma

participação activa no debate sobre a reordenação da vida na

escola, que equacione as regras do seu funcionamento. São

objectivos deste estudo: (i)Ponderar o efeito da experiência de

ensino na incidência da indisciplina e nas formas de a conceber

e de como com ela lidar; (ii) conhecer a relação entre as cren-

ças sobre a indisciplina e as práticas dos professores de

Educação Física.

Hipóteses: (1) A experiência docente distinta induz alterações

significativas nos níveis de mudança do primeiro para o segun-

do momento de observação, no que concerne aos comporta-

mentos de indisciplina dos alunos e aos procedimentos de con-

trolo do professor; (2) as crenças que os professores possuem

em relação à indisciplina e ao ensino produzem um elevado

nível de desenvolvimento no trabalho prático das aulas de

Educação Física. Variáveis de estudo: independentes - as que

dizem respeito à experiência docente dos professores; depen-

dentes - os procedimentos de controlo do professor relativos

aos comportamentos de indisciplina do aluno (dimensões:

antecipação, tutorial, punição e ignora).

Material e métodos: A amostra foi constituída por 12 professores

com experiências docentes diferenciadas, perfazendo um total

de 96 aulas observadas. Foram observados 1050 alunos.

Instrumentos e procedimentos: entrevista (Muchielli, 1975;

Grawitz, 1984); PEPCI (Henkel, 1991); T-Teste de simultâneos,

Regressão Múltipla (Stepwise Regressions); DM Manova (Schutz

e Gessroli, 1987). O nível de significância foi de 0,05.

Principais resultados e conclusões: Em termos globais, a experiência

docente provocou um efeito positivo nos comportamentos

indisciplina durante o ano lectivo. O grupo de professores sem

experiência docente, não apresentou melhorias nos procedi-

mentos de controlo dos alunos. Confirma-se que as crenças

que os professores possuem, sobre a indisciplina e o ensino da

Educação Física, produzem um elevado nível de desenvolvi-

mento no trabalho prático do professor nas aulas. Em conclu-

são: (i)a grande diferença nos professores, com experiência

docente, é que as crenças relativas à indisciplina se prendem

com a prática da aula, onde privilegiaram os procedimentos

antecipatórios; (ii) ao contrário, os professores inexperientes

crêem que as causas da indisciplina são o planeamento e a rela-

PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA

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Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [171–193]172

ção professor/alunos, embora na prática estes professores utili-

zem com frequência procedimentos tutoriais e punitivos.

Palavras-chave: indisciplina, professores experientes, professores

inexperientes.

[email protected]

PERCEPÇÃO DA GRAVIDADE DOS COMPORTAMENTOS DE INDISCIPLINA ENTRE ALUNOS E PROFESSORES.

Corda, Manuela; Rosado, António

Faculdade de Motricidade Humana, Universidade Técnica de Lisboa,

Portugal.

Introdução e objectivos: Uma dimensão importante das represen-

tações de alunos e professores acerca da indisciplina tem a ver

com a percepção da importância relativa, ou da gravidade per-

cebida, desses comportamentos por parte dos diversos interve-

nientes, nomeadamente, professores e alunos. Essa diferencia-

ção das percepções de gravidade pode, evidentemente, afectar

aspectos decisivos da comunicação interpessoal e da regulação

dos comportamentos inapropriados. Nesse sentido formulamos

as seguintes questões de pesquisa: Qual a percepção da gravi-

dade que os professores e os alunos têm relativamente aos

diversos comportamentos de indisciplina que ocorrem na sala

de aula? Será que existem diferenças significativas entre a per-

cepção dos alunos e dos professores, relativamente ao grau de

gravidade dos incidentes disciplinares?

Material e métodos: A amostra foi retirada de várias escolas do 2º

e 3º ciclos do ensino básico e do secundário, situadas na Zona

da Grande Lisboa e é constituída por 160 indivíduos, sendo 78

do género feminino e 82 do género masculino. Dos 160 indiví-

duos, 40 são professores de Educação Física e 120 são alunos.

Relativamente à variável independente, considerámos dois gru-

pos: professores e alunos. As variáveis dependentes analisadas

foram a percepção de gravidade dos comportamentos de indis-

ciplina dos alunos, integrados em três dimensões e subdividi-

dos em 18 categorias. Utilizámos como instrumento de medida

um questionário tipo Likert, tendo-se garantido a sua validade

de construção e de conteúdo. Os grupos foram comparados

recorrendo a estatísticas paramétricas (Anova One-Way), após

controlo dos requisitos estatísticos correspondentes.

Principais resultados e conclusões: Verificámos que a totalidade da

amostra percepcionou, relativamente ao grau de gravidade dos

comportamentos de indisciplina dirigidos à actividade, todos os

comportamentos como graves, à excepção do comportamento

“chegar atrasado”, considerado como pouco grave. A percepção

relativamente ao grau de gravidade dos comportamentos de

indisciplina dirigidos ao professor é considerada “grave” para

os comportamentos “desobedecer ao professor” e “interromper

constantemente o professor na sua exposição”, e “muito grave”

para os restantes. Todos os sujeitos consideram como muito

graves os comportamentos de indisciplina dos alunos que cons-

tituam insultos, ameaças ou agressões aos professores. A maio-

ria dos professores respondeu que considera muito grave as

agressões, quer verbais, quer físicas aos professores, aos cole-

gas ou a qualquer interveniente no processo educativo. Como

pouco graves, as respostas encontradas são muito variadas, mas

apontam, fundamentalmente, para o não-cumprimento das

regras estabelecidas na aula. Na análise comparativa, tanto nos

comportamentos dirigidos à actividade, como nos comporta-

mentos dirigidos ao professor e nos comportamentos dirigidos

aos colegas, são sempre os professores a apresentarem maior

percepção do grau de gravidade dos comportamentos. Nos

comportamentos dirigidos à actividade, os mais frequentes no

quotidiano das aulas, verificaram-se, por exemplo, diferenças

significativas em 5 dos 9 comportamentos considerados nesta

dimensão. Concluímos que, de uma maneira geral, existem

divergências significativas nas valorizações de professores e

alunos, potenciando dificuldades de comunicação e de controlo

disciplinar.

Palavras-chave: indisciplina, percepção de gravidade.

[email protected]

REFLEXOS DA DISCIPLINA NO CORPO DO ALUNO: QUAL DISCIPLINA?

Soares, Artemis; Silva, Francileny

Universidade Federal do Amazonas; Secretaria de Educação do Estado

do Amazonas, Brasil.

Introdução e objectivos: O presente trabalho teve por objetivo ana-

lisar a influência que tem a disciplina escolar no corpo do aluno,

bem como observar as resistências dos mesmos às normas dis-

ciplinares adotadas nas escolas. A justificativa do estudo deveu-

se à necessidade de fazermos uma reflexão sobre o corpo do

aluno e sobre o que a disciplina escolar produz nesse corpo.

Material e métodos: Para a coleta dos dados utilizou-se a técnica do

questionário com perguntas abertas e fechadas, buscando dados

importantes sobre aspectos da disciplina, da liberdade de ir e vir

na escola, tanto por parte dos alunos como de professores.

Principais resultados e conclusões: Ao final do trabalho pudemos

concluir que a escola continua a ser a principal repressora da

livre manifestação da corporeidade do aluno, como também

que a norma escolar tem forte influência sobre o corpo das pes-

soas. Neste sentido, verificou-se que a disciplina é vista como

forma de poder e controle da conduta. Também foi possível

perceber que dentro do espaço escolar existem diversos desa-

fios que podem ser superados, sendo possível equilibrar liber-

dade e compromisso para que haja uma educação satisfatória,

através da participação e divisão do poder decisório. Assim o

educando poderá sentir-se responsável para a promoção do

bem-comum.

Palavras-chave: disciplina, corpo, normas disciplinares.

[email protected]

A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS SOBRE O AMBIENTE DE APRENDIZA-GEM NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA. UM ESTUDO NOSAÇORES.

Condessa, Isabel

Universidade dos Açores, Portugal.

PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA

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Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [171–193] 173

Introdução e objectivos: O facto do ambiente das aulas práticas

em educação física ser vulgarmente complexo e dinâmico e

existir uma grande heterogeneidade de características pessoais

dos alunos, tem feito sentir a necessidade de se dar relevo às

condições de organização da aprendizagem, pontos de análise

determinantes para a sua qualidade. O presente estudo preten-

de contribuir para a compreensão da percepção pelos alunos

sobre o ambiente de aprendizagem nas aulas de Educação

Física e os seus objectivos do estudo foram: (1) identificar gru-

pos perfil, de alunos, em função da sua percepção do ambiente

de aprendizagem; (2)relacionar esta percepção dos alunos com

as suas expectativas pessoais sobre esta disciplina e as suas

actividades praticadas (as mais praticadas nas aulas; as preferi-

das; aquelas em que apresentam um maior domínio).

Material e métodos: Neste estudo participaram alunos dos 2º e 3º

Ciclos do Ensino Básico e do Ensino Secundário, distribuídos

pelas diversas escolas do ensino regular do Arquipélago dos

Açores. Recorreu-se a uma tradução/adaptação do PELES

(Physical Education Learning Environment Scale), instrumento

apresentado por Mitchell (1996) para avaliar a percepção dos

alunos sobre o ambiente de aprendizagem nas aulas de

Educação Física. Para o tratamento estatístico utilizou-se uma

análise multivariada - Análise Factorial e de Clusters - para

investigar grupos de alunos/perfis. Posteriormente, recorreu-se

a técnicas descritivas, comparativas e relacionais.

Principais resultados e conclusões: Face aos resultados obtidos

podemos dizer que, de um modo geral, as respostas dos alunos

sobre a sua percepção sobre o ambiente de aprendizagem per-

mitiram identificar cinco grupos distintos quanto a essas per-

cepções e que se relacionam com a sua idade, nível de escolari-

dade e género. Estes grupos também diferem quanto às expec-

tativas que têm relativamente à disciplina de Educação Física.

Os grupos constituídos maioritariamente por alunos do 3º

Ciclo, com uma percepção de competência mais positiva, são os

que desenvolvem melhores expectativas relativamente aos

resultados escolares nessa disciplina. Contrariamente, o grupo

constituído por alunos mais velhos, e sobretudo do género

feminino, com baixos índices de auto-estima e de competência

percebida, é o que apresenta expectativas menos favoráveis. No

respeitante ao envolvimento dos alunos nas actividades curri-

culares de Educação Física, observa-se que as práticas de activi-

dades que correspondem ao “jogo” independentemente do seu

grupo de pertença, são em geral as “mais praticadas”, as “prefe-

ridas” e aquelas em que os alunos se sentem “melhor prepara-

dos”. Concluindo: Em geral, os alunos apresentaram uma

representação positiva sobre o ambiente de aprendizagem das

suas aulas de E.F.. As respostas desses alunos sobre a sua per-

cepção sobre o ambiente de aprendizagem nessas aulas, permi-

tiram identificar grupos/perfis que se relacionam com algumas

das características extrínsecas dos alunos e com as expectativas

que eles têm relativamente à disciplina. No respeitante ao

envolvimento dos alunos nas actividades curriculares de

Educação Física, observa-se que as suas preferências diferem

pouco nos vários grupos, e que se relacionam sobretudo com as

actividades mais praticadas nessas aulas.

Palavras-chave: ambiente de aprendizagem E.F., percepção dos

alunos sobre E.F., expectativas dos alunos E.F..

[email protected]

OS PROFESSORES DO 1º CICLO DO ENSINO BÁSICO E A EDUCAÇÃOFÍSICA. O QUE FAVORECE? O QUE CONSTRANGE?

Neves, Rui1; Moreira, António1; Carreiro da Costa,

Francisco2

(1) Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa, Universidade

de Aveiro; (2) Faculdade de Motricidade Humana, Universidade

Técnica de Lisboa, Portugal.

Introdução e objectivos: A problemática da abordagem curricular

da Educação Física (EF) no contexto da escola do 1º Ciclo do

Ensino Básico (1º CEB) tem sido associada à atitude dos pro-

fessores deste nível de ensino (Moreira, 1992, Neves, 2001), o

que não pode ser descontextualizado das suas condições de

exercício profissional. A necessidade de garantir sustentabilida-

de à área de EF neste ciclo, justifica questionar os seus profes-

sores que, intervindo num modelo de monodocência, sentem

de forma singular as mais fortes e menos fortes influências na

construção curricular da EF no 1º CEB. Assim, pretendemos

identificar e analisar os factores que mais favorecem ou cons-

trangem neste ciclo o desenvolvimento da área de EF, aos olhos

dos seus professores.

Material e métodos: Foram inquiridos 150 professores do 1º CEB

em exercício de funções docentes através de questionário, com-

pondo uma amostra estratificada de 5 grupos de 30, em função

do seu tempo de serviço docente (menos de 5 anos; 6 a 10

anos; 11 a 15 anos; 16 a 20 anos e mais de 21 anos). A partir

de duas questões - “Quais são para si os dois factores que mais

favorecem a prática regular e sistemática da EF no 1º CEB?” e

“Quais são para si os dois factores que maiores constrangimen-

tos colocam à prática regular e sistemática da EF no 1º CEB?” -

recolheu-se e tratou-se informação através de análise de con-

teúdo (Bardin,1977) e por recurso ao “Sistema de

Categorização dos Factores de Sucesso e Insucesso

Profissional” (Carreiro da Costa et al 1992), utilizado pelos

autores em estudos similares e já submetido a procedimentos

de validação.

Principais resultados e conclusões: Os resultados globais distin-

guem os factores que favorecem ou constrangem a abordagem

curricular da EF no contexto da escola do 1º CEB. Como favo-

recedores salientam-se as categorias “Condições da Própria

Relação Educativa” (44%), “Condições Locais da Situação

Educativa” (23%) e “Não Responde” (12.7%), enquanto que

nos constrangedores se salientam as categorias “Condições

Locais da Situação Educativa” (64%), “Condições Gerais da

Instituição Educativa” (16.4%) e “Não Responde” (11%).

Podemos dizer que os professores associam mais os constrangi-

mentos às condições de cada escola, (ex: “boas condições de

espaços e materiais”, “boas instalações para a prática”, “quali-

dade dos materiais”) enquanto que sentem que o que favorece

a realização da EF está mais próximo daquilo que releva da

própria relação educativa (ex: “um maior convívio e integração

entre os alunos”, “carácter lúdico”, “o favorecimento do espíri-

to de equipa, do aceitar das regras, da disciplina”). Para os pro-

fessores do 1º CEB há factores que, de forma diferente, favore-

cem e constrangem a dinâmica de construção curricular da EF

na escola do 1º CEB, enquanto que outros factores se encon-

tram mais associados ao seu incremento. A apresentação destes

dados, que integram um estudo mais vasto sobre o conheci-

mento profissional dos professores do 1º CEB no contexto da

área de EF, permite-nos salientar como estes identificam facto-

PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA

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Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [171–193]174

res que, indo do micro ao macro-contexto na influência que

exercem na construção curricular da área de EF na escola do 1º

CEB, assumem valorizações contextualizadas e subjectivas ao

longo do seu percurso profissional.

Palavras-chave: educação física, professores 1º CEB, construção

curricular.

[email protected]

EDUCAÇÃO FÍSICA E CONHECIMENTO ESCOLAR NOS QUATROANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL.

Freire, Elisabete

Universidade Presbiteriana Mackenzie; Universidade São Judas Tadeu;

Brasil.

Introdução e objectivos: O ensino da educação física na educação

básica, da mesma forma que os demais componentes curricula-

res, deve apresentar conteúdos próprios e únicos no sentido de

tornar possível aos alunos a aprendizagem de conhecimentos

específicos que, considerados no contexto geral e integrado da

educação escolar, possam contribuir para o seu pleno desenvol-

vimento e a sua formação para a cidadania. Nessa perspectiva,

este estudo foi realizado com o objetivo de verificar as caracte-

rísticas do conhecimento a ser aprendido nas aulas da educação

física nos quatro anos iniciais do ensino fundamental, identifi-

cando-o em termos de sua natureza conceitual, procedimental

e atitudinal e discutindo sua pertinência no ambiente escolar.

Material e métodos: Para o seu delineamento, a literatura pedagó-

gica da área foi definida como o critério de referência a ser

investigado. A indicação da aludida literatura foi obtida a partir

de entrevistas realizadas com docentes de instituições de ensi-

no superior, envolvidas com a preparação de professores de

educação física, situadas na cidade de São Paulo. A literatura

selecionada, representada por 13 obras escritas, foi tratada pela

técnica de análise de conteúdo.

Principais resultados e conclusões: Os resultados da análise efetua-

da possibilitaram inferir que o conhecimento escolar relaciona-

do com o ensino da educação física, no nível considerado, é

composto por fatos, princípios, conceitos, procedimentos, ati-

tudes, normas e valores. Contudo, esses elementos do conheci-

mento foram apresentados de forma fragmentada e nem sem-

pre significativa, não havendo consenso entre os autores sobre

os objetivos da aprendizagem correspondente. Verificou-se uma

tendência em priorizar a aprendizagem relacionada com o

conhecimento de natureza procedimental, haja vista a ênfase

considerável dada a esse tipo de conhecimento na literatura

analisada. Com relação ao conhecimento de natureza conceitual

e ao conhecimento de natureza atitudinal os mesmos foram

abordados superficialmente e nem sempre caracterizaram-se

como específicos e únicos da educação física. Assim, embora

tenha sido possível identificar as estruturas do conhecimento

escolar relacionado com a educação física para os anos iniciais

do ensino fundamental, entende-se que ainda é necessário uma

apresentação organizada e sistematizada dessas estruturas, o

que exige, inicialmente, uma formulação clara, precisa e con-

sensual de seus objetivos.

Palavras-chave: educação física, conhecimento escolar, ensino

fundamental.

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O AUTO-ESTUDO DE UMA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA EM TIMORLOROSAE: UMA ABORDAGEM NARRATIVA.

Gomes, Ana Rita1; Graça, Amândio2

(1)EEB23 da Corga;

(2) Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física,

Universidade do Porto, Portugal.

Introdução e objectivos: Tendo como pano de fundo a abordagem

narrativa da experiência pedagógica dos(as) professores(as),

abordagem essa que pressupõe que o mundo não é o que exis-

te, mas é o que acontece, esta comunicação procura contribuir

para a compreensão dos propósitos, potencialidade e viabilida-

de da narrativa enquanto instrumento de investigação e de

transformação pessoal e social. São inúmeros os autores que

defendem insistentemente a indissociação entre experiência e

conhecimento, salientando a importância da construção lin-

guística da experiência. O objectivo da comunicação será apre-

sentar uma reflexão sobre um estudo que teve como ponto de

partida uma narrativa de uma experiência pessoal.

Material e métodos: Catalogado como viagem, este trabalho de

investigação evidenciou-se pelo desafio, desde a assunção do

problema - como é reconstruída linguisticamente uma expe-

riência pessoal vivenciada por uma formadora em Timor

Lorosae e quais os dados pertinentes que podem ser obtidos a

partir dessa reconstrução - às possíveis respostas para ele

encontradas, elas próprias desafiadoras de uma nova viagem. O

estudo estrutura-se numa série de passos encadeados que

incluem a redacção da narrativa (Gartner et al, 2000), a análise,

interpretação e discussão dos dados do material da narrativa,

com base no modelo de Labov (1997), e a reflexão pedagógica

sobre a experiência.

Principais resultados e conclusões: A reconstrução narrativa da

experiência pedagógica de uma professora de educação física no

projecto “Férias em Português em Timor Lorosae” põe em evi-

dência a utilidade das narrativas pessoais num contexto peda-

gógico. O narrador, ao organizar a sua experiência e ao reportá-

la detecta nexos e causalidades não detectáveis pela simples

vivência da experiência e, neste sentido, o narrador que termi-

na a narração é diverso daquele que a iniciou, tendo percorrido

um caminho quase iniciático de descoberta de si próprio, dos

outros e do real. A construção de instrumentos de análise das

narrativas permite filtrar e detectar os nexos lógicos das infor-

mações que nela surgem, bem como cruzá-los com outros

dados, de modo a que muito daquilo que era da dimensão do

conhecimento tácito exposto na narrativa, se torne visível pela

análise sistemática e estruturada deste enunciado.

Palavras-chave: narrativa, autoconhecimento, metodologia.

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VIDEOGAME: UM EXEMPLO DE VIRTUALIZAÇÃO DO ESPORTE.POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR.

PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA

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Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [171–193] 175

Feres Neto, Alfredo

Universidade Católica de Brasília, Brasil.

Introdução e objectivos: Os jogos eletrônicos, ou videogames, cons-

truídos a partir de imagens de síntese, compõem uma das face-

tas mais interessantes no que vem sendo denominado de vir-

tualização do esporte. A interação com esta tecnologia nos inci-

ta a repensar por completo o significado de experiência vital, na

medida em que a relação sujeito/mundo se torna cada vez mais

híbrida, por se constituir no próprio objeto da experiência, não

apenas uma condição a priori dentro da qual esta viria se inscre-

ver. Os objetivos deste trabalho são: 1. Discutir os significados

desta nova vivência, a partir das categorias virtual/virtualiza-

ção, do filósofo francês Pierre Levy; 2. levantar algumas impli-

cações para a educação física escolar, principalmente com rela-

ção a mudanças em sua prática pedagógica.

Material e métodos: Trata-se de pesquisa bibliográfica combinada

com a análise valorativa de depoimentos de praticantes e traba-

lhos acadêmicos que versaram sobre o assunto, bem como a

vivência, por parte do autor, em jogos eletrônicos.

Principais resultados e conclusões: Os resultados apontaram para

uma identificação do videogame com um movimento generaliza-

do de virtualização do esporte, por este se caracterizar como

uma mutação de identidade deste fenômeno cultural, que apre-

senta como traço mais marcante um embaralhamento entre prá-

tica e assistência, uma das características do que Félix Guattari

denominou de produção de novas subjetividades. A partir des-

tes elementos, vislumbramos também novas possibilidades para

a educação física escolar, com base em uma ação pedagógica que

amplie a motricidade do aluno ao combinar a vivência prática do

esporte com as novas tecnologias de comunicação, o que possi-

bilitaria a criação de novas formas de sensibilidade e inteligibili-

dade, a partir de um processo de subjetivação (incorporação de

diferentes modalidades vivências que se somam a prática) e

objetivação (produção de videos, de novos videogames, exposição

de fotos, construção de novas realidades virtuais). Concluímos

que a incorporação dos videogames não deve ser pensada em ter-

mos de impacto, mas como mais um elemento do processo de

humanização, e que portanto deve ser apropriado crítica e criati-

vamente pela escola, o que inclui, entre outros, abordá-lo inter-

disciplinarmente, contribuindo assim para o aumento da inteli-

gência coletiva no universo escolar.

Palavras-chave: videogame, educação física, virtualização.

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A EDUCACÃO FÍSICA E A FORMAÇÃO CORPORAL EM UMA ESCOLAPROGRESSISTA: UM OLHAR ETNOGRÁFICO.

Lucas, Bianca B.; Soares, Antônio J.G.

Universidade Gama Filho, Brasil.

Introdução e objectivos: O Centro Educacional Anísio Teixeira

(CEAT) é uma escola particular localizada na cidade do Rio de

Janeiro que se auto-identifica como progressista. A instituição

na década de 1980 se transformou em uma sociedade sem fins

lucrativos, construindo uma nova maneira de trabalhar a educa-

ção, cuja aplicabilidade é garantida pelo corpo de funcionários e

docentes. Nessa instituição a formação corporal não se limita à

Educação Física (EF), todos os alunos, a partir do segundo seg-

mento (CA à 3ª série do ensino fundamental), possuem em seu

currículo aulas na oficina de artes (música, teatro, corpo e artes

plásticas). Neste contexto, a pesquisa busca compreender como

a EF participa do projeto de formação corporal nesta escola. O

objetivo é levantar uma base de dados que possa iluminar a

construção de propostas pedagógicas de educação corporal,

bem como observar os obstáculos e avanços que a EF vive, na

medida em que a formação corporal no currículo não está res-

trita a esta disciplina.

Material e métodos: A metodologia utilizada foi a pesquisa etno-

gráfica, envolvendo professores, funcionários, alunos do CEAT.

Principais resultados e conclusões: Os resultados apontam que a

escola perfila numa perspectiva progressista, entretanto, a

construção de um projeto que pense a formação corporal ainda

enfrenta desafios, como a falta de um trabalho sistematizado e

a abertura de diálogo com os profissionais de outras áreas,

principalmente da EF. A EF e outras disciplinas, também volta-

das para a formação corporal, vivem conflitos de ordem peda-

gógica e de emulação de status. Todavia, esse deve se encarado

como positivo no espaço da construção de projetos democráti-

cos na educação.

Palavras-chave: educação física, formação corporal, escola pro-

gressista.

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A INSERÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO PROJETO PEDAGÓGICO DEUMA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL: ESTUDO DEUMA PROPOSTA TRADICIONAL.

Merida, Marcos

Universidade Presbiteriana Mackenzie, Brasil.

Introdução e objectivos: Este trabalho é o segundo de uma série

de estudos que visam analisar a inserção das diversas propostas

de educação física nos projetos pedagógicos das escolas.

Segundo a Lei Nº 9394/96 (LDBEN), a educação física deve ser

entendida como componente curricular da educação básica

integrada à proposta pedagógica da escola. De acordo com os

Parâmetros Curriculares Nacionais, a proposta pedagógica de

cada escola deve ser construída coletivamente, de forma a arti-

culá-la com a realidade local da comunidade escolar. Portanto,

torna-se importante estudar a inserção da educação física no

projeto pedagógico das escolas. Nesse sentido, o objetivo deste

estudo foi analisar a inserção da educação física escolar no pro-

jeto pedagógico de uma escola pública municipal de São Paulo

de ensino fundamental, onde este componente tem uma pro-

posta tradicional, para verificar e levantar seu significado e os

caminhos adotados.

Material e métodos: Analisou-se o documento final da proposta

pedagógica da escola, denominado Projeto Político Pedagógico

e realizaram-se entrevistas semi-estruturadas com as duas pro-

fessoras efetivas de educação física, com a coordenação pedagó-

gica, com a direção escolar e com os alunos (por amostragem).

Principais resultados e conclusões: Chegou-se aos seguintes resulta-

dos: (1) A educação física teve o mesmo tratamento teórico dos

outros componentes curriculares no Projeto Político

Pedagógico, sendo apresentado em seu plano de ensino, contu-

PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA

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do destoa da proposta sócio-cultural da escola. Nele ainda apa-

rece registrado um único projeto/atividade da área: campeona-

to Iíntercalasses e não há menção de atividades com a comuni-

dade; (2) na opinião da direção escolar e das coordenadoras

pedagógicas, as professoras têm uma postura rígida, cobram o

uso do uniforme e trabalham basicamente com o ensino dos

esportes. Porém enfatizam que elas são responsáveis, dedica-

das, realmente dão aulas e, não apenas, deixam os alunos joga-

rem como outros professores de educação física. Acreditam que

a disciplina de educação física é importante para o desenvolvi-

mento integral dos alunos; (3) na opinião das professoras de

educação física, o componente é bem aceito pelos alunos e os

educam por meio do desenvolvimento das modalidades esporti-

vas e condicionamento físico. Acham difícil realizar atividades

com a comunidade; (4) na opinião dos alunos, o componente é

prazeroso e importante para aprendizagem dos esportes e para

a saúde. Concluiu-se que essa proposta tradicional de educação

física escolar é baseada numa visão tecnicista, esportivista e

biologicista; tem pouca integração com a comunidade e com os

outros componentes; e, mesmo destoando da proposta sócio-

cultural da escola, é respeitada pela dedicação e “responsabili-

dade” das professoras.

Palavras-chave: educação física escolar, educação físca, ensino

fundamental.

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COMPREENDENDO A DIALÉTICA DA INCLUSÃO/EXCLUSÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR.

Silva, Ana P.1; Sousa, Fabiana R.2; Maia, Julio3

(1) UFRJ e Uniabeu; (2) Faculdade Mercúrio, Uniabeu e UGF; (3)

Uniabeu e EEFD/UFRJ, Brasil.

Introdução e objectivos: Na perspectiva histórica da dialética entre

inclusão/exclusão e da construção dos parâmetros filosóficos,

baseado nos princípios da tão sonhada “Escola para todos”,

seus conceitos norteiam a discussão de inclusão no sentido da

reformulação dos parâmetros curriculares, capacitação profis-

sional e o levantamento histórico da segregação escolar impos-

ta ao aluno. A escola que chamamos “para todos” é algo que se

desenvolve desde o fim do século XIX e ao longo do século XX

em países como Inglaterra, França, Estados Unidos, Alemanha,

a antiga Prússia e a Áustria. Os países da Europa central come-

çaram antes. É uma escola sob um contrato social estabelecido

entre essa escola para todos: muitas vezes nascida na igreja ou

na fábrica é, nessa altura, estatizada. Torna-se uma escola ofi-

cial, do Estado-nação, e acompanha o desenvolvimento do capi-

talismo industrial. Encontramos uma escola meritocrática, que

se desenvolve com a preocupação de proporcionar o acesso a

todos na base da igualdade de oportunidades (Stoer, 2003).

Nos aspectos conceituais e estruturais da educação física esco-

lar, percebemos que no acesso ao saber, em espaços que trans-

mitiam e em que se criavam conhecimentos, evidenciavam-se

teorias e práticas sociais de cunho segregadoras, desde os mais

remotos tempos. Tais aspectos de exclusão/inclusão estariam

ligados a um processo de diálogos entre diversas identidades

(étnicas, episódicas, setoriais, de consumo, etc), onde cada

grupo não estaria preparado para lidar com a diversidade (o

outro). Na era atual, uma nova proposta de educação fortalece-

se para romper com essa prática de exclusão, norteada por um

novo olhar acerca das necessidades educacionais de alunos, a

chamada política de inclusão. Sob esse enfoque, o presente

estudo pretende abordar apenas a relação existente entre o

princípio de inclusão e a Educação Física escolar tendo em

vista a exclusão como componente histórico da disciplina.

Material e métodos: Será realizado um estudo empírico, de caráter

descritivo, do ponto de vista da forma de abordagem do proble-

ma, ele se classifica como pesquisa qualitativa, uma vez que foi

definida a análise interpretativa dos dados. Quanto aos objeti-

vos, classifica-se como pesquisa do tipo exploratório, pois os estu-

dos exploratórios permitem ao investigador aumentar sua experiência

em torno de determinado problema (Trivinos, 1993, p.109). Os res-

pondentes que constituíram a amostra pertencem a um grupo

de discussão, via internet, sobre Educação Física e totalizam 247

(duzentos e quarenta e sete) componentes, entre professores e

alunos, que, desde que aceitem sem resistências e dificuldades,

responderam o instrumento de coleta de dados, no caso um

questionário. Com o resultado da pesquisa será feita a análise

de conteúdo que se trata de um conjunto de técnicas de análise das

comunicações. Não se trata de um instrumento, mas de um leque de ape-

trechos; ou, com maior rigor, será um único instrumento, mas marcado

por uma grande disparidade de formas e adaptável a um campo de apli-

cação muito vasto: as comunicações (Bardin, 1977).

Principais resultados e conclusões: A partir da análise de conteúdo

do questionário acima citado chegamos às seguintes conclu-

sões: em relação ao significado da Educação Física escolar hoje,

os respondentes mostraram estar bastante atrelados ao conteú-

do específico da disciplina com suas concepções e ações peda-

gógicas. No entanto, o que mais nos chamou a atenção foi a

mudança por nós observada na forma de conceituar a discipli-

na, não mais como atividade física. A conceituação foi feita

com bastante seriedade referindo-se a valores (sociais e intelec-

tuais), passando pelo lado afetivo de uma disciplina até então

marginalizada. Além disso surgiram aspectos que mostraram

que a disciplina evoluiu buscando a cidadania dos alunos e não

mais a performance física, não esquecendo das condições de

trabalho. Quanto ao princípio de inclusão os respondentes o

caracterizaram de forma satisfatória, demonstrando uma boa

relação verbal com o termo. Relataram características específi-

cas do princípio de inclusão, se manifestando da sua origem à

conscientização, também, foram citados fatores que limitam o

processo e constam nessa relação os alunos “ditos normais - os

rotulados especiais”. A relação feita pelos respondentes entre o

princípio de inclusão e a educação física escolar, na nossa opi-

nião, foi bastante satisfatória, mostrando estarem atrelados aos

dois conceitos. Observa-se que a educação física escolar possui

traços da educação inclusiva e há uma preocupação com o direi-

to de todos, mas a Educação Física Escolar continua carregando

traços da sua história de exclusões. No entanto, hoje a discipli-

na apresenta aspectos de respeito, responsabilidade e seriedade

adquiridos com o passar do tempo. Os principais dados levan-

tados pela nossa pesquisa foram: (i) o grande número de não

respondentes (241), apesar de terem informações a respeito do

assunto; e (ii) o fato de os professores preferirem ignorar o

assunto - não sabemos se por medo de assumirem as suas pró-

prias dificuldades, ou por acharem mais fácil ignorá-lo – não

obstante as questões referentes a inclusão estarem presentes

no nosso dia a dia em sala de aula. Para caminharmos rumo a

uma Educação Física que dê oportunidade a todos, no mínimo,

temos que refletir sobre o assunto.

PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA

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Palavras-chave: inclusão, exclusão, educação física escolar.

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A EDUCAÇÃO FÍSICA E O PROCESSO INCLUSIVO: AS INTER-RELAÇÕES DISCENTES.

Filus, Josiane F.; Pereira, Vanildo R.; Lima, Sonia M. T.

Departamento de Educação Física, Universidade Estadual de Maringá,

Brasil.

Introdução e objectivos: Muitas questões sobre o ensino inclusivo

têm ocorrido nas escolas desde a sua implantação. Com a exis-

tência de diferentes variáveis, nossa pesquisa objetivou analisar

as inter-relações dos alunos incluídos em uma turma do ensino

regular.

Material e métodos: O grupo amostral foi composto por uma

turma de vinte e nove alunos, da 3ª série do ensino regular,

que possuía dois alunos com deficiência mental leve, sendo um

menino e uma menina com quatorze e quinze anos respectiva-

mente. Como instrumento de pesquisa foi utilizado a sociome-

tria, tendo como análise a Teoria dos Sistemas Ecológicos de

Bronfenbrenner (apud KREBS, 1995; 1997).

Principais resultados e conclusões: Os resultados demonstraram

que os dois alunos com deficiência esbarraram em alguns obs-

táculos, destacando-se o preconceito dos pais dos alunos e a

falta de preparo dos professores que acabaram sendo superados

na prática pelo desenvolvimento de atividades e estratégias de

ensino para atender a todos. Paralelamente, as professoras pro-

moveram reuniões com os pais informando-os sobre os alunos

e a nova realidade escolar. Outro resultado apresentado foi que,

mesmo com a discrepância na idade e na estatura, os alunos

com deficiência demonstraram relações afetivas, lúdicas e de

liderança com alguns colegas da sala. Apesar disso, a professora

de sala considera que um dos alunos poderia ter melhor apro-

veitamento estando em sala especial. Conclui-se que as aulas

de Educação Física oportunizam um ótimo ambiente para o

desenvolvimento dos aspectos afetivo, lúdico e liderança, pois

os alunos tiveram a oportunidade de participar das aulas, crian-

do novas atividades e estabelecendo possibilidades para a inclu-

são. As aulas de Educação Física demonstraram também que a

inclusão acontece de forma natural entre as crianças, pois elas

aceitam buscar e fazer as atividades sem qualquer discrimina-

ção aos alunos incluídos, mesmo estes se apresentando tão

diferentes em relação à idade e estatura.

Palavras-chave: inclusão, educação física, sociometria.

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INCLUSÃO NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO BÁSICA SOB A ÓTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA.

Marques, André E.; Denari, Fátima E.

Universidade Federal de São Carlos, Brasil.

Introdução e objectivos: Este estudo teve por objetivo verificar

como vem ocorrendo o processo de inclusão de alunos com

necessidades especiais nas escolas municipais de educação bási-

ca (EMEBs), a partir do olhar do professor de educação física.

Material e métodos: Para tanto, foram realizadas entrevistas semi-

estruturadas, gravadas em fita magnética e devidamente trans-

critas, com 08 professores e diretores das EMEBs que man-

têm alunos com necessidades especiais (deficiência visual,

auditiva e física), em seus quadros.

Principais resultados e conclusões: A análise dos dados, tanto sob a

ótica dos professores, quanto dos diretores apontou para algu-

mas categorias que salientam, entre outras providências ime-

diatas: a adaptabilidade funcional dos prédios; a difusão, entre

todo o pessoal escolar - corpos técnico-administrativo, docente,

discente - bem como a comunidade envolvida, de informações a

respeito das necessidades especiais e o aluno recebido; a prepa-

ração, desde a graduação e em serviço, do professor de

Educação Física para o trabalho com alunos com necessidades;

a importância de uma equipe multidisciplinar, visando um

atendimento mais eficaz, envolvendo a família do aluno.

Especificamente em relação aos professores, os dados salien-

tam um certo desconforto e insegurança na realização do traba-

lho, fatores tais atribuídos ao contato e informações insuficien-

tes, durante o curso de formação e no decorrer das atividades.

Os professores reclamam uma ação mais direta por parte da

equipe de gestores, no sentido de uma orientação mais pontual

e próxima à realidade com a qual lidam cotidianamente.

Apontam ainda, como imprescindível, a inserção de disciplinas

obrigatórias nos cursos de licenciatura em Educação Física,

cujas ementas abordem temas da área de Educação Especial.

Palavras-chave: inclusão, necessidades especiais, educação física.

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EDUCAÇÃO FÍSICA E INCLUSÃO NO IMAGINÁRIO SOCIAL DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA.

Montenegro, Eduardo; Garcia, Rui; Teves, Nilda.

Universidade Federal de Alagoas, Brasil; Faculdade de Ciências do

Desporto e de Educação Física, Universidade do Porto, Portugal;

Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, Brasil.

Introdução e objectivos: A questão central desse estudo tomou

como ponto de referência o modo de produção de sentidos que

emanaram dos discursos dos professores de Educação Física

em relação as mediações estabelecidas em suas aulas que carac-

terizassem práticas inclusivas ou não. O estudo partiu do

seguinte questionamento: qual o imaginário social dos profes-

sores de Educação Física e como se dão as mediações, utiliza-

das por estes em suas práticas pedagógicas, que viabilizam ou

inviabilizam práticas de inclusão em escolas estaduais de ensi-

no fundamental no município de Maceió, Alagoas? Esse estudo

teve como objetivos: identificar e analisar o imaginário social

de professores de Educação Física; identificar e analisar como

se dão às mediações utilizadas pelos professores de Educação

Física que viabilizam ou inviabilizam práticas de inclusão nas

aulas de Educação Física. Considerando a linguagem como

principal exterioridade do pensamento do homem em suas

diferentes formas de expressão, ela se impõe neste estudo

como o principal material de análise. Assim, o estudo guiou-se

pelos pressupostos epistemológicos do imaginário social

PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA

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(Castoriadis, 1982).

Material e métodos: A amostra do estudo foi composta, de forma

aleatória, por um total de 28 (vinte oito) professores de

Educação Física e por 6 (seis) escolas (unidades-caso) que

atenderam ao critério da representatividade qualitativa. Para

análise e interpretação dos dados utilizou-se o método de análi-

se do discurso (Orlandi,1988).

Principais resultados e conclusões: Respondendo a questão central

do estudo, os imaginários sociais dos professores de Educação

Física se desvelaram nas representações de atleta-professor, de

técnico-professor e de professor-esportista em relação aos sen-

tidos de professor de Educação Física, educação física e prática

pedagógica. Este estudo revelou a presença, por vezes dentro

de uma mesma instituição, de imaginários sociais distintos

entre os professores de Educação Física, apontando formas bas-

tante peculiares de organizar o seu dia-a-dia no contexto ins-

trucional da escola, conformando padrões normativos de com-

portamento que se diferenciam com conseqüências distintas

frente à questão da inclusão. Pode-se concluir que os professo-

res que compuseram o grupo professor-esportista compreen-

dem que sua prática pedagógica não se constitui num fim em si

mesma, ela permite a construção de um ser humano inspirada

nos valores de respeito à diferença, da cooperação e do entendi-

mento de que a formação do indivíduo faz parte de uma pers-

pectiva maior, ou seja, da inclusão de todos no contexto educa-

cional e social, numa perspectiva de que se educa o homem

para o mundo. Quanto à disciplina curricular Educação Física,

conclui-se que quando empreendida por educadores tem um

importante papel na escola e o esporte, enquanto bem cultural

da humanidade, é um contributo inquestionável para a forma-

ção da pessoa humana.

Palavras-chave: imaginário social, representações sociais, inclu-

são.

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CARACTERIZAÇÃO DAS CONCEPÇÕES DOS ORIENTADORES DEESTÁGIO PEDAGÓGICO E A SUA INFLUÊNCIA NA FORMAÇÃO INI-CIAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA.

Albuquerque, Alberto1; Graça, Amândio2; Januário, Carlos3

(1)Instituto Superior da Maia;

(2)Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física,

Universidade do Porto;

(3)Faculdade de Motricidade Humana, Universidade Técnica de Lisboa,

Portugal.

Introdução e objectivos: As concepções sobre o ser professor

variam em função de diferentes paradigmas e orientações. As

imagens têm sido numerosas e, por vezes, contraditórias.

Glorifica-se o professor eficaz, competente, técnico, profissio-

nal, decisor, investigador, reflexivo, etc. Cada uma destas ima-

gens repercute-se nos conteúdos, métodos e estratégias da for-

mação de professores, e interage com as concepções de forma-

dores e formandos. O orientador de estágio, elemento decisivo

do estágio pedagógico, dá corpo ao objecto de estudo que pre-

tende investigar as suas orientações conceptuais relativas à for-

mação, o seu saber, a sua experiência, os seus propósitos e

modos de acção, as suas percepções sobre as preocupações e as

carências dos estagiários, e o tipo de relações que estabelece

com eles.

Material e métodos: O estudo inspirou-se no modelo Grossman

(1990) sobre o conhecimento profissional para o ensino e

recorre ao quadro teórico de Feiman-Nemser (1990) relativo às

orientações conceptuais da formação de professores.

Participaram 15 orientadores de estágio de Educação Física de

escolas do distrito do Porto. O estudo é constituído por quatro

estudos parcelares: 1) as concepções dos orientadores de está-

gio sobre a sua influência na formação inicial em educação físi-

ca; 2) percepção pessoal das experiências formativas dos orien-

tadores de estágio e suas concepções sobre a organização do

estágio em educação física; 3) como é que os orientadores

comunicam as perspectivas de ensino e de aprender a ensinar;

4) como é que os professores estagiários caracterizam os seus

orientadores de estágio. No primeiro e segundo estudos, a

recolha da informação foi feita por intermédio da aplicação de

entrevistas estruturadas de resposta aberta. No terceiro estudo

procedeu-se à gravação áudio de uma das reuniões semanais

interactivas entre orientadores e estagiários, complementada

com entrevistas antes e após a reunião. O quarto estudo con-

templa a análise dos relatórios finais de estágio de todos os

estagiários (41) orientados pelos 15 orientadores. A gravação

das entrevistas e das conversas mantidas durante as reuniões

de grupo, assim como as referências aos orientadores constan-

tes dos relatórios de estágio foram gravadas, transcritas e intro-

duzidas no programa QSR NUDIST 4. Foram procurados siste-

maticamente indicadores comuns e perspectivas opostas nas

concepções explicitadas pelos orientadores e nas opiniões emi-

tidas pelos estagiários. As medidas de controle de qualidade

dos dados fizeram-se por pesquisa activa e sistemática de casos

negativos.

Principais resultados e conclusões: Os orientadores transportam

consigo toda a carga da sua própria formação e experiência.

Estas são as fontes que suportam os conhecimentos que trans-

mitem aos estagiários, o que sugere a necessidade de uma for-

mação específica e especializada. Há também acentuações e

graus de preocupação diferentes na explicitação da relação

entre a função de ajudar a aprender e a função de avaliar.

Formadores, modelos de formação, experiências formativas são

relacionados com actuais concepções de formação dos orienta-

dores a partir de uma avaliação da sua utilidade prática, da coe-

rência e consistência da base conceptual do seu discurso e da

direcção e intensidade da carga afectiva estabelecida.

Palavras-chave: orientações conceptuais, orientadores de estágio,

formação de professores EF.

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EXPERIÊNCIAS DE PRÉ-SOCIALIZAÇÃO NA PROFISSÃO DE PRO-FESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA. IMPLICAÇÕES PARA AS EXPERIÊN-CIAS DA FORMAÇÃO INICIAL.

Matos, Zélia1; Batista, Paula1; Pinheiro, Cláudia2

(1) Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física,

Universidade do Porto, Portugal.

(2)Instituto Superior da Maia, Portugal.

Introdução e objectivos: A socialização do professor é antecedida

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Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [171–193] 179

por vivências que marcam a forma como o futuro profissional

valoriza as experiências da formação inicial (FI). As experiências

como aluno são apontadas como as mais relevantes no período

de pré-socialização. Quanto ao futuro professor de Educação

Física (EF) as vivências, como aluno ou como praticante des-

portivo, são fonte de conhecimento acerca do que é o trabalho

do professor (C. da Costa et. al., 1996). Também Koppe (1994)

acentua que a carreira desportiva parece influenciar a forma

como este percepciona o ensino da EF. Acresce que, tradicional-

mente, muitos “formandos” de EF são desportistas cujas con-

cepções assentam no modelo de desporto orientado para a

competição e o rendimento desportivos. Importa averiguar o

perfil de quem inicia a FI em EF e Desporto, através das con-

cepções percebidas acerca do “bom professor” “bom aluno” e

bom ensino”, por forma a conceber e organizar uma FI em que

as concepções resultantes da socialização antecipatória sejam

modificadas e enriquecidas. Ou seja, verificar as percepções

acerca do “bom professor” e do “bom aluno” em EF e

Desporto e relacionar as experiências desportivas da pré-sociali-

zação com as percepções acerca do ensino em EF e Desporto.

Material e métodos: A amostra foi constituída por 246 alunos do

1º ano do curso de EF e Desporto (123 da universidade pública

e 123 do instituto privado). Foi utilizado um inquérito por

questionário, com questões abertas e fechadas, adaptado de

Carreiro da Costa et al. (1996). Para tratamento das questões

fechadas utilizamos as medidas descritivas média, desvio-

padrão, frequências absolutas e relativas e para as questões

abertas o programa NUDIST. As categorias de análise foram

pré-estabelecidas com base em C. da Costa et al. (1996),

podendo incluir-se outras categorias.

Principais resultados e conclusões: Não foram encontradas diferen-

ças significativas entre os “formandos” da escola pública e da

privada: o “bom professor” relaciona-se, em 1º lugar, com

aspectos relacionais/personalidade: respeitador, amigo, diverti-

do e responsável, só depois aparece associada a competência

(pedagógica e científica). Ao “bom aluno” também surgem

associados, em 1ºlugar, aspectos relativos à atitude (interesse,

dedicação, aplicação e empenho) e, logo depois, a “ligação do

aluno ao mundo do desporto”. Os “formandos” praticantes de

desporto fora da escola (federado e não federado) valorizam, no

“bom professor”, o rendimento desportivo–motor e a “compe-

tência pedagógica e científica”. Os “formandos” só com expe-

riência desportiva nas aulas de EF valorizam os aspectos de ati-

tude e relação. Comparando com outros estudos, nomeada-

mente com C. da Costa et al. (1996), não existem alterações

significativas: o conteúdo da socialização antecipatória interfere

nas concepções prévias do futuro professor de EF. Aos progra-

mas de formação chegam “formandos” que na sua valorização

ou destacam os aspectos relacionais, ou valorizam aspectos

específicos da EF, mas referenciados a modelos de desporto

exteriores à escola. Sendo a socialização do professor, responsá-

vel pela formação de teorias subjectivas (Bento, 1995), ou concep-

ções de ensino de EF e Desporto (Carreiro da Costa et. al.,1996),

a FI (1ª etapa da socialização) deve reforçar o seu papel na

(des)construção do que contribui para um ensino de qualidade.

Parafraseando Meinberg (1991) que a FI permita ao futuro pro-

fessor rever o seu entendimento prévio, corrigir e completar o

pré-entendimento de que parte, clarificar os conceitos centrais

e os conselhos e recomendações sobre como se pode e deve

agir na práxis.

Palavras-chave: pré-socialização, socialização, formação inicial

em educação física.

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O IMAGINÁRIO SOCIAL NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DOS PRO-FESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA: REVENDO O PROCESSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA.

Montenegro, Patricia; Teves, Nilda; Resende, Helder.

Universidade Federal de Alagoas; Universidade Gama Filho,

Rio de Janeiro; Brasil.

Introdução e objectivos: O objetivo deste estudo é refletir sobre o

processo de formação profissional da educação física, utilizan-

do-se da teoria de Castoriadis (1982), sobre o imaginário social

a partir das categorias de autonomia e alienação. Por entender

que fenômenos complexos como a educação são impregnados e

dirigidos pela subjetividade dos atores que dele participam,

torna-se importante aprofundarmos nosso olhar para o proces-

so de formação profissional nos cursos de educação física, a fim

de que possamos trazer alguma contribuição para estes cursos

neste momento por que passam, em vista de um novo processo

de reforma curricular desencadeado pela legislação brasileira

atual. Recorreu-se à teoria do poder simbólico de Bourdieu

(2000) para a identificação das representações sociais dos ato-

res sociais envolvidos e, para a construção do referencial teóri-

co, nos apoiamos na teoria da instituição imaginária da socie-

dade, desenvolvida por Castoriadis (1982). Este referencial

possibilitou a compreensão das categorias do simbólico e das

significações imaginárias sociais sobre formação profissional,

docência e conhecimento específico da área, que circulam entre

os professores que formam o curso de educação física da

Universidade Federal de Alagoas.

Material e métodos: O estudo se caracterizou como um estudo de

caso de natureza qualitativa e, a partir de uma amostragem

aleatória estratificada de docentes do curso, por departamentos

ou áreas de conhecimento que compõem o currículo do referi-

do curso. Foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas com

diretores, coordenadores e professores destes cursos, recorren-

do a critérios de inclusão para a seleção da amostra. Buscamos

coletar os discursos dos professores, atores deste estudo, a par-

tir de entrevistas semi-estruturadas, gravadas em fitas k7.

Principais resultados e conclusões: Estes discursos estão sendo anali-

sados a partir da técnica de análise de discurso desenvolvida por

Orlandi (1988), que nos possibilitará identificar os processos de

constituição do fenômeno lingüístico que se caracteriza nos dis-

cursos dos atores sociais, que, por sua vez, materializam suas

representações sociais. Este estudo encontra-se em andamento.

Palavras-chave: representações sociais, imaginário social, forma-

ção profissional.

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TIPOS DE PLANEAMENTO E METODOLOGIAS DE ABORDAGEM DOJOGO DESPORTIVO COLECTIVO FUTEBOL UTILIZADOS NA DISCI-PLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, NA REGIÃO AUTÓNOMA DAMADEIRA, PELOS ESTAGIÁRIOS DA UNIVERSIDADE DA MADEIRA.

PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA

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Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [171–193]180

Silva, Ricardo; Mateus, João

Departamento de Educação Física e Desporto, Universidade da

Madeira, Portugal.

Introdução e objectivos: “...A perícia desportiva emerge da interac-

ção de inúmeros factores, os quais se apresentam de uma forma

singular para cada atleta, por isso, essa variabilidade deverá ser

encarada como norma, na construção de qualquer caminho para

o sucesso” (Davids, 2001). Não oferece hoje grande discussão

que uma actividade/sistema complexo como o futebol exige um

planeamento pró-activo e uma abordagem dinâmica, ecológica e

de gestão emergente da percepção-acção em tempo real

(Mateus, 2003). Quisemos saber se é isto que se passa na nossa

realidade de ensino da Educação Física e Desporto. Neste senti-

do, fomos caracterizar o desempenho dos estagiários da UMa na

construção (tipos de planeamento) e implementação (metodolo-

gias de abordagem) do futebol nas aulas de educação física no

3º Ciclo do Ensino Básico, da R.A.M.

Material e métodos: Para o efeito, analisámos as unidades didácti-

cas de futebol, expressas numa amostra aleatória que totaliza

27 dossiers de estagiários, entre 1993 e 2002. No que concerne

ao planeamento da unidade didáctica, propusemo-nos verificar: (i)

Se assenta, sobretudo, numa lógica eminentemente linear

(P.E.L.) de sequência rígida dos acontecimentos, na qual todo o

processo está pré-definido, sujeito a escassas ou nenhumas

alterações ao longo da unidade didáctica ou se, em alternativa,

(ii) apresenta um carácter eminentemente não linear (P.E.N.L.),

dinâmico, o qual, sem perder de vista o objectivo, prevê uma

adaptação flexível e constante aos acontecimentos, aula a aula,

momento a momento. Quanto à metodologia de abordagem ao

futebol, analisámos se esta é feita com base: (i) numa aborda-

gem eminentemente técnica (A.E.T.), seguindo uma lógica de

«reprodução de modelos» e «progressões pedagógicas», sendo o jogo

decomposto em elementos técnicos no pressuposto, mais ou

menos assumido, de que “o todo é igual à soma das partes”, ou

(ii) numa abordagem eminentemente táctica (A.E.TT.), a qual

assenta na aprendizagem por «resolução de problemas», conside-

rando a variabilidade das acções que caracteriza a essência

deste jogo desportivo.

Principais resultados e conclusões: Verificámos que a A.E.T. prevale-

ce, numa relação de 74% para 26% de uma A.E.TT. Uma dife-

rença de similar magnitude foi novamente observada na análise

dos tipos de planeamento, ou seja, sobressai o P.E.L., com uma

proporção em relação ao P.E.N.L. de 70% para 30%, respectiva-

mente. Constatámos também que o P.E.L. está significativa-

mente associado à A.E.T., com um nível de confiança de 90%

(z2= 4). Posto isto, e ao contrário do esperado, os resultados

obtidos levam-nos a concluir que os professores estagiários

apresentam uma tendência clara para a adopção de planeamen-

tos eminentemente lineares, associados a abordagens eminen-

temente técnicas.

Palavras-chave: futebol, ensino, educação física.

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ESTUDO DO IMPACTO DO MÉTODO DE AÇÃO INTERDISCIPLINARUTILIZADO EM UM PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PELO ESPORTE:CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO PROFISSIONAL.

Santos, Suzana; Kissmann, Daniel.

Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, Brasil.

Introdução e objectivos: As constantes mudanças na sociedade

contemporânea sugerem uma revisão de modelos e concepções

teóricas que norteiam os caminhos da universidade, levando a

rever sistematicamente o seu papel e a sua função social. O

objetivo desse estudo descritivo-exploratório foi analisar o

impacto gerado na construção de conceitos relativos a saúde e

educação por parte de estudantes universitários que atuam

num programa de extensão universitária de ação interdiscipli-

nar, referenciado na tecnologia social de educação pelo esporte;

esta tem o esporte como meio de intervenção sócio-educativa,

articulando três grandes áreas: apoio a escola, saúde e arte.

Material e métodos: Os sujeitos foram os estudantes da

Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS/Brasil),

oriundos de dez diferentes áreas do conhecimento, participan-

tes do Programa Escolinhas Integradas (PEI), integrante do

Programa de Educação pelo Esporte (PEE) do Instituto Ayrton

Senna (IAS) e Audi. Quanto aos procedimentos, foi aplicado

um questionário, com questões abertas e fechadas, em: 30

monitores, que atuam no PEI, dos quais responderam volunta-

riamente 16; 7 ex-monitores/acadêmicos; e 3 gestores. A amos-

tra de acadêmicos que atuam no programa foi composta por 9

diferentes cursos: educação física (3), pedagogia (2), psicologia

(3), nutrição (1), secretariado executivo bilíngüe (1), biologia

(2), jornalismo (1), serviço social (2) e análise de sistemas (1).

Destes 81% eram do sexo feminino e 86% estavam entre o

segundo e o terceiro semestre de atuação no PEI, com média

de idade de 23 anos. Quanto aos ex-monitores/acadêmicos,

houve predominância do sexo feminino, com média de idade de

26 anos, das áreas da educação física (3), psicologia (3) e secre-

tariado executivo bilíngüe (1), participantes do PEI entre

1999 e 2003. Os gestores, de 4 diferentes áreas do conheci-

mento (educação física, psicologia, serviço social e desenho e

plástica), eram 50% do sexo masculino, com idade entre os

28 e 55 anos, que ingressaram entre 2001 e 2003.

Principais resultados e conclusões: Os dados levantados quanto aos

impactos e contribuições que foram gerados a partir do ingres-

so dos acadêmicos no programa, nos três diferentes grupos,

destacam as aprendizagens relativas ao trabalho interdiscipli-

nar, ao planejamento de ações e projetos sócio-educativos, ao

exercício de liderança e tomada de decisão, e à articulação entre

teoria e prática como aspectos mais significativos na formação

dos acadêmicos. A triangulação de dados a respeito da percep-

ção de diferentes grupos sobre o mesmo fenômeno, o impacto

gerado por esta extensão, ratificam a atual importância da par-

ticipação dos acadêmicos na extensão universitária, pois possi-

bilita uma formação diferenciada: a construção de saberes não

compartimentados, uma formação acadêmica engajada com as

demandas sociais e éticas, vivências que vão além da aplicação

de conhecimentos técnicos, e comprometimento com o desen-

volvimento da capacidade de gerir ações que envolvam o racio-

cinar reflexiva, lógica e criticamente. Este estudo apontou para

a necessidade permanente de investigar as metodologias utili-

zadas na formação e no aperfeiçoamento profissional, em sinto-

nia com as demandas do contexto regional brasileiro, e fez

emergir importantes questionamentos sobre os atuais métodos

utilizados na graduação, indicando novas problemáticas para

investigações na área educacional.

Palavras-chave: educação pelo esporte, formação profissional,

PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA

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Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [171–193] 181

interdisciplinaridade.

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A DISCIPLINA BASQUETEBOL NO CONTEXTO DA FORMAÇÃO DOPROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FISICA: QUE ESPAÇO É ESSE...?

Nepomuceno, Zila

Faculdade de Educação Física Pontifícia; Universidade Católica de

Campinas, São Paulo, Brasil.

Introdução e objectivos: Este trabalho é fruto do entendimento

dos professores da Faculdade de Educação Física, especialmen-

te dos que ministram Basquetebol, quanto à importância de

um enfoque multidisciplinar voltado à formação de profissio-

nais mais críticos e com competência, pensando-se o esporte

referido de maneira plural, vendo-o não só pelo ângulo do seu

conhecimento técnico ou pedagógico. O trabalho multidiscipli-

nar revela o compromisso com a formação do profissional pela

visão do ser humano por inteiro. Com base nesses pressupos-

tos, preocupa-se em dar uma formação contínua aos participan-

tes do processo. Certamente, a disciplina de Basquetebol não

pode resumir-se a uma transmissão de técnicas, táticas ou ao

preparo físico de excelência, o que constitui uma forma de tra-

balho que levará a um aproveitamento mecânico, quando as

reais capacidades e possibilidades inerentes ao aluno deixam

muitas vezes de ser exploradas significativamente. Ensinar não

significa recapitular a técnica e/ ou a tática, mas, sim, possibili-

tar, por meio de atividades significativas, maior criatividade de

acordo com as aptidões exigidas, razão por que defende-se aqui

a metodologia da reflexão para o ensino desta disciplina. A

característica da imprevisibilidade dos movimentos no jogo

pede ações coordenadas, nas quais a criatividade e a parceria

devem sobrepujar o emprego do gesto técnico e tático, e possi-

bilitar sua liberdade para criar. Trata-se, portanto, de um traba-

lho de base motora com as habilidades fundamentais, antes da

especialização, exploradas em todas as suas nuanças, como,

também, a exploração das inteligências múltiplas, por meio de

atividades, jogos adaptados, sincronizados, sociais e de coope-

ração, objetivando a organização espacial e temporal, bem

como a precisão das habilidades especificas inerentes aos

aspectos técnicos, táticos, físicos. As habilidades motoras espe-

cificas do jogo são uma conseqüência das competências percep-

tivas e intelectuais, que se projetam pela ótica metodológica

reflexiva, e que fundamentam a percepção e a interpretação,

bem como toda a infra-estrutura onde está apoiada a técnica do

jogo. As variedades de ações provocadas pela dinâmica usada

para o ensino/aprendizagem não devem nunca ser deixadas de

lado pelos professores quando de sua aplicação, nas quais a

construção do conhecimento seja elemento preponderante.

Valendo-se desse suporte teórico, propõe-se como objetivo da

pesquisa verificar os fatores endógenos e exógenos intervenien-

tes no ensino/aprendizagem do basquetebol nesta instituição,

tendo em vista oportunizar aos alunos a construção de seu pró-

prio conhecimento.

Material e métodos: Esta pesquisa teve caráter qualitativo, e foi,

alicerçada pelas pesquisas bibliográfica e documental e de estudo

exploratório de campo. Os sujeitos foram os alunos da Faculdade

de Educação Física da Puc-Campinas, e os trabalhos desenvolve-

ram-se por meio de questionários e observação direta das ações

profissionais durante o processo ensino e aprendizagem.

Principais resultados e conclusões: Os dados obtidos desvelaram

que os modelos vivenciados segundo um suporte multidiscipli-

nar, um planejamento embasado na tendência da pedagogia cri-

tica superadora durante o ensino/aprendizagem, possibilitou a

construção do conhecimento em relação às dimensões históri-

co/sócio/cultura/técnico/pedagógicas do esporte, de maneira

consciente e consistente.

Palavras-chave: basquetebol, multidisciplinar, construção do

conhecimento.

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FORMAÇÃO CONTÍNUA: ESTUDO EXPLORATÓRIO DAS “ACÇÕES DEFORMAÇÃO” DESENVOLVIDAS NO ÂMBITO DOS ESTÁGIOS PEDA-GÓGICOS EM EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO DA UNIVERSIDADEDA MADEIRA (1993–2003).

Gouveia, Rúbio; Lopes, Helder

Departamento de Educação Física e Desporto, Universidade da

Madeira; Portugal.

Introdução e objectivos: O presente trabalho representa uma das

vertentes analisadas na monografia realizada no 5º ano da

licenciatura em Educação Física e Desporto da Universidade da

Madeira no ano lectivo 2002/2003. O objectivo do presente

estudo assenta na caracterização das acções de formação desen-

volvidas no âmbito dos estágios pedagógicos da licenciatura em

Educação Física e Desporto da Universidade da Madeira, de

forma a estabelecer o seu enquadramento temático e temporal.

Material e métodos: A metodologia utilizada centra-se na consul-

ta de fontes documentais, quer através de contactos pessoais

com os promotores das actividades, quer com os respectivos

orientadores. A classificação das acções de formação foi efec-

tuada a partir da taxonomia desenvolvida por Almada (1992),

no que respeita às actividades desportivas e criando outras 4

categorias para as acções de formação que não estavam directa-

mente relacionadas com elas. Assim, e para o caso das activida-

des desportivas a taxonomia desenvolvida por Almada (1992),

identifica seis categorias: desportos individuais, desportos

colectivos, desportos de confrontação directa, desportos de

adaptação ao meio, desportos dos grandes espaços e desportos

de combate. Para as acções de formação que não estavam direc-

tamente relacionadas com as actividades desportivas, foram

também consideradas como sub-categorias: educação

física/genéricos, educação física/necessidades educativas espe-

ciais, educação física/saúde e educação/escola/sociedade.

Principais resultados e conclusões: Num total de 222 acções de for-

mação, a sua maioria (90%) enquadravam-se no âmbito da

educação física e desporto e, dentro destas, 56% diziam respei-

to às actividades desportivas e 44% a áreas relacionadas com a

saúde, necessidades educativas especiais e outras mais genéri-

cas. No âmbito das actividades desportivas, os desportos indivi-

duais, desportos colectivos e desportos de confrontação directa

concentraram a ampla maioria das acções de formação (26%,

25% e 22%, respectivamente). Ao nível dos desportos indivi-

duais, o maior número de acções abordaram a patinagem, a

natação e a ginástica. Nos desportos colectivos temos o futebol,

o basquetebol, o voleibol e o andebol. Finalmente, nos despor-

PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA

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Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [171–193]182

tos de confrontação directa a maior preferência recaiu sobre o

ténis de mesa, o badminton e o madeirabol. Pensamos que os

resultados obtidos são reflexo da grande flexibilidade e margem

de manobra que é dada aos estagiários, bem como à estimula-

ção da sua capacidade produtiva em áreas que considerem

essenciais. A continuação do trabalho deverá passar pelo apro-

fundamento da dimensão qualitativa das referidas acções de

formação e da análise da sua importância no processo de for-

mação de quadros e consequentemente do desenvolvimento

desportivo regional.

Palavras-chave: estágio, formação, taxonomia.

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EDUCAÇÃO FÍSICA E A FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSORGENERALISTA: UM ESTUDO DE CASO NA ESCOLA MUNICIPAL DEEDUCAÇÃO INFANTIL DE SÃO PAULO.

Ferraz, Osvaldo; Piragibe, Valentina

Escola de Educação Física e Esporte, Universidade de São Paulo, Brasil.

Introdução e objectivos: Os programas de formação continuada de

professores no Brasil podem ser considerados, fundamental-

mente, em três perspectivas: artesanal, técnica e hermenêutica-

reflexiva. Na primeira perspectiva o ensino é considerado uma

tarefa artesanal, concretizada pelo acúmulo de conhecimentos e

por tentativa e erro, sendo transmitido de geração em geração.

Este enfoque valoriza a experiência, entretanto não trata da

reflexão sistemática sobre essa experiência. Na perspectiva téc-

nica valoriza-se a teoria originada por especialistas. Durante a

formação a ênfase é dada à transmissão de conteúdos, desvalo-

rizando o saber do professor. Geralmente, quando esse tipo de

trabalho não alcança os resultados esperados, a culpa recai

sobre o professor, que não se enquadrou no modelo ideal. No

enfoque chamado hermenêutica-reflexiva o ensino é considera-

do em sua forma complexa e singular. Segundo Ferraz (2000) é

complexa porque o professor atua com e nas relações humanas,

em situações de desenvolvimento pessoal com seus alunos e

colegas, além da gestão da aula propriamente dita, mediante

conteúdos, espaços e materiais diversificados. Singular porque

administra relações intrapessoais carregadas de conteúdos afe-

tivos específicos, como desejos, inseguranças, medos, entre

outros, precisando estabelecer em cada aluno a disponibilidade

para aprender. Neste processo, a autonomia do professor é fun-

damental e pode ser estimulada quando ele constrói sua prática

pedagógica reflexivamente. De acordo com Shon (1992) a refle-

xão ocorre a partir de situações reais da prática e implica em

três níveis de conhecimento: o conhecimento prático (conheci-

mento na ação, saber-fazer); a reflexão na ação (a transforma-

ção do conhecimento prático em ação); e uma reflexão sobre a

ação e sobre a reflexão na ação (nível reflexivo). Nóvoa (1992)

enfatiza a necessidade de considerar-se a escola como o locus da

formação e desenvolvimento deste conhecimento. Para formar

o professor com tais capacidades é preciso diversificar os mode-

los e as práticas de formação em que as relações dos processos

com o saber pedagógico e científico sejam renovadas. Sendo

assim, o objetivo desta pesquisa foi analisar a influência de um

programa de formação continuada em educação física numa

Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI), visando verifi-

car sua contribuição ao processo de reflexão dos professores

sobre a prática pedagógica em aulas de educação física.

Material e métodos: A pesquisa consistiu de reuniões quinzenais

com os professores em que se abordavam temas teórico-meto-

dológicos do ensino da educação física e da análise dos diários

de aula ministradas, elaborados pelos professores durante um

ano letivo. Os diários de aula foram analisados seguindo-se as

orientações metodológicas de Zabalza (1994).

Principais resultados e conclusões: Em termos gerais, os resultados

indicam que o diário de aula foi um instrumento eficiente de

investigação do pensamento dos professores, possibilitando a

reprodução da vivência das aulas e da experiência didática acu-

mulada. Pode-se verificar não somente o decorrer da ação, mas

também, o que é mais importante, a evolução do pensamento

dos professores ao longo do decurso de tempo percorrido pelos

diários. Este aspecto é considerado fundamental quando se

estuda o pensamento do professor. Em termos específicos, os

resultados serão apresentados e analisados mediante os temas

de planejamento e implementação do programa, a saber, objeti-

vos, conteúdos, estratégias de ensino e avaliação.

Palavras-chave: educação física escolar, formação de professores,

educação infantil.

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O CONHECIMENTO LÚDICO NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA NA CIDADE DE SÃO PAULO, BRASIL.

Oliveira, Nara; Oliveira, Diná; Souza, Adalberto; Polato,

Thelma

Universidade Cruzeiro do Sul, Brasil.

Introdução e objectivos: Uma discussão que tem merecido desta-

que na área de educação física, esporte e lazer, refere-se à pos-

sibilidade de atuação do profissional de educação física na esfe-

ra do lazer com o público infantil. As manifestações lúdicas,

observadas nas brincadeiras e nos jogos, são expressões cultu-

rais e práticas sociais a serem tratadas crítica e pedagogicamen-

te por educadores físicos, agentes comunitários, animadores

sócio-culturais que atuam no campo do lazer com crianças.

Dessa forma, a orientação de atividades lúdicas na esfera do

lazer tem um importante papel a desempenhar na sociedade,

qual seja, o de favorecer a apreensão do conhecimento produzi-

do significativamente e acumulado pela humanidade ao longo

do tempo e desenvolver com todos os seres humanos os recur-

sos culturais essenciais para o protagonismo social. Neste con-

texto, nosso estudo busca investigar a formação profissional

em educação física (compreendendo-a como uma das áreas que

intervém no campo do lazer), relacionada ao trato com o

conhecimento lúdico na infância, expresso nos jogos e brinca-

deiras. Especificamente, como esta questão se apresenta na for-

mação em Educação Física dos cursos de graduação da cidade

de São Paulo/SP, Brasil. Assim, este estudo tem como objetivo

geral identificar como se apresenta nos projetos pedagógicos

dos cursos de Educação Física o conhecimento lúdico da infân-

cia. E como objetivos específicos: a) discutir a relação entre o

conhecimento lúdico infantil na esfera do lazer e a atuação do

profissional de Educação Física; b) aprofundar a discussão

sobre o conhecimento lúdico na formação do graduado em edu-

PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA

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Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [171–193] 183

cação física; c) ampliar o conhecimento à luz da educação lúdi-

ca e da teoria do jogo para a Educação Física; d) identificar o

espaço, tempo e características que assume, na formação supe-

rior em educação física, o conhecimento lúdico; e) conhecer a

realidade, referente ao conhecimento lúdico, dos cursos de gra-

duação em educação física da cidade de São Paulo/SP, Brasil.

Material e métodos: Quanto à metodologia, tomamos como refe-

rência para nossa trajetória investigativa a pesquisa qualitativa.

Como amostra, delimitamos oito cursos de graduação. A pes-

quisa está sendo realizada com base nas seguintes ações: revi-

são bibliográfica sobre a temática, análise de conteúdo dos pro-

jetos pedagógicos dos cursos delimitados na amostra e entre-

vista com os coordenadores dos mesmos.

Principais resultados e conclusões: A pesquisa encontra-se em

andamento, em fase de sistematização e análise dos dados cole-

tados, com previsão para término no mês de junho. É impor-

tante enfatizar que esta investigação, além de discutir sobre a

relevância do conhecimento lúdico na sociedade e na educação

física, também poderá apontar um rol de elementos da cultura

lúdica a serem considerados na formação do profissional de

educação física.

Palavras-chave: lúdico, educação física, formação profissional.

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ARGUMENTOS UTILIZADOS PARA JUSTIFICAR A PRESENÇA DOJOGO NA ESCOLA: UMA ANÁLISE DA PRODUÇÃO TEÓRICA DAEDUCAÇÃO FÍSICA.

Santos, Fernanda N.L.; Resende, H. G.

Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, Brasil.

Introdução e objectivos: O jogo, entendido como um fenômeno

sociocultural de inegável presença no interior da instituição

escolar, vem sendo amplamente refletido no que diz respeito as

suas formas de sistematização, especialmente nas aulas de

Educação Física. Uma das formas de utilização identificadas é

aquela que caracteriza o ‘jogo-meio’, que é concebida como

estratégia pedagógica de ensino com o objetivo de atingir finali-

dades educativas externas ao jogo em si. A outra forma identi-

ficada é aquela que caracteriza o ‘jogo-fim’, que se constitui

numa atividade livre e autônoma, fonte de conhecimento, de

possibilidades e de vivências corporais, que se justifica como

um fim em si mesma. O objetivo deste estudo foi analisar, em

trabalhos acadêmicos, quais os argumentos explicitados para

justificar a sua presença nas aulas de Educação Física escolar.

Material e métodos: O corpus de investigação foi constituído por

vinte e oito trabalhos completos publicados em Anais do

Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (CONBRACE) e

dos Encontros Fluminenses de Educação Física Escolar (ENFE-

FE). Para a análise dos textos foi utilizada a técnica de análise

de conteúdo (Bardin, 1977).

Principais resultados e conclusões: Concluiu-se que os argumentos

apresentados para justificar a presença e a utilização do jogo

nas aulas de Educação Física escolar são: (a) preservação e res-

gate da cultura lúdica infantil; (b) a sua utilização como um

recurso motivador e facilitador da aprendizagem de outros con-

teúdos da Educação Física, bem como de outras disciplinas; (c)

possibilidade que ele suscita em prol da formação moral dos

alunos; (d) vivência do fenômeno lúdico e a criação de um

ambiente lúdico na escola; e (e) a defesa do jogo como um dos

conhecimentos de ensino da Educação Física. A forma como o

jogo vem sendo caracterizado e defendido na escola sugere um

paradoxo entre a dimensão do ‘jogo essencial’ e a tradição ins-

trumentalizadora da escola. Existe, desta forma, uma tensão

entre as duas formas de se tratar o jogo, na qual os autores

analisados parecem desvalorizar a perspectiva do ‘jogo-meio’

como forma de legitimar a perspectiva do ‘jogo-fim’.

Palavras-chave: jogo, educação física escolar, produção do conhe-

cimento.

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ANÁLISE DOS PROGRAMAS DOS CURSOS DE FORMAÇÃO DE PRO-FESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA: REFLEXÕES SOBRE A EDUCA-ÇÃO GERONTOLÓGICA.

Craveiro, Anna CR; Faria Junior, Alfredo G.

IEG, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil.

Introdução e objectivos: O objetivo do estudo é investigar como,

no momento da pesquisa, os cursos de formação de professores

de educação física abordavam em suas disciplinas a temática de

uma educação para, sobre e no envelhecimento. Decidiu-se

delimitar o estudo nas Instituições de Ensino Superior (IES)

com localização no Município do Rio de Janeiro e com existên-

cia na estrutura acadêmica em que estão inseridas, de universi-

dade aberta à terceira idade (UNATI) ou organização similar.

São elas: a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a

Universidade Gama Filho (UGF) e a Universidade Estácio de

Sá (UNESA).

Material e métodos: A investigação efetuada é, no entender de

Francis J. Rummel (1972), uma ‘pesquisa bibliográfica’ e impli-

cou na realização de um ‘estudo documentário’ (p.156). Para

desenvolvê-lo usou-se uma das técnicas de ‘análise de conteú-

do’ (Bardin, 1972; Rummel, op.cit. p.158) com as categorias

extraídas do ‘Systematisation of Research Approaches in

Physical Education’ - SRAPE (Faria Junior, 1987). Para inter-

pretação dos dados coletados utilizou-se, como referencial, o

quadro teórico da ‘educação gerontológica’ (Faria Junior, 2000;

Ferreira, 2000; Glendenning, 1985; Radecliffe, 1985).

Principais resultados e conclusões: Das dezesseis disciplinas seme-

lhantes oferecidas pelas três Instituições de Ensino Superior

(IES), apenas uma disciplina aborda a temática de uma educa-

ção para, sobre e no envelhecimento. Das cento e nove discipli-

nas divergentes nas três IES, apenas oito disciplinas abordam a

temática em questão. Embora comece a aparecer nos currícu-

los de formação de professores de educação física das três IES

estudadas, não há um corpo teórico que fundamente a inclusão

da educação gerontológica nos cursos de formação de professo-

res de educação física da Universidade do Estado do Rio de

Janeiro (UERJ), da Universidade Gama Filho (UGF) e da

Universidade Estácio de Sá (UNESA).

Palavras-chave: educação gerontológica, programas educação físi-

ca, formação professores.

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PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA

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USO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NAFORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTO.

Nascimento, Ronaldo1; Barreto, Herminio2, Marchessou,

François3, Diniz, José2

(1) Universidade Estadual de Londrina, Brasil; (2) Faculdade de

Motricidade Humana, Universidade Técnica de Lisboa, Portugal; (3)

Université de Poitiers, França.

Introdução e objectivos: O tema deste estudo está, essencialmen-

te, centrado na utilização de uma plataforma tecnológica e

pedagógica de Gestão de Ensino a Distância, através da Internet

(Sistema EDU), bem como em dois sistemas multimídia

(Módulo Winscope e Basketutor) e do manual impresso em duas

versões (papel e eletrônica) capazes de trabalhar conteúdos de

ensino e formação de forma interativa, em suportes como o

CD-ROM ou o DVD, todos aplicados na aprendizagem do

Basquetebol. Pretendeu-se verificar quais as condições de pro-

cesso, de contexto, e de programa que conferem maior eficácia

no ensino a distância e no ensino convencional, utilizando-se

os respectivos meios tecnológicos, no contexto de formação ini-

cial de professores de Educação Física.

Material e métodos: O sistema que estamos estudando integra o

ensino a distância com multiplicidade de meios (Livros, CD-

ROM’s, DVD’s, etc.), a telemática, com a sua rapidez, versatili-

dade e capacidade de busca (Internet, hipermídia, etc.) e o mul-

timídia, com a qualidade de imagem e o armazenamento de

grandes quantidades de informação (Módulo Winscope e

Basketutor) e da versão eletrônica do manual impresso. Partindo

das preocupações antecedentes colocamos as hipóteses que

buscamos desenvolver ao longo deste estudo: H1. Existem con-

dições no processo ensino-aprendizagem em que a utilização

dos meios de ensino a distância traz vantagens na qualidade da

formação inicial; H2. Os alunos apresentam resultados distin-

tos com a utilização dos meios tecnológicos de ensino a distân-

cia, em função das suas características individuais e das condi-

ções de contexto, de processo e de programas que lhes são pro-

porcionados.

Principais resultados e conclusões: Sendo que em relação à primeira

hipótese, temos a confirmação da existência de uma relação signi-

ficativa entre a avaliação inicial e a final, comparando-se os resul-

tados obtidos pela avaliação teórica do grupo que teve acesso aos

meios tecnológicos de ensino a distância e o grupo que não teve

acesso a eles. E em relação à segunda hipótese, o fato de não se

notarem diferenças estatisticamente significativas, não pode ser

confundido com a inexistência de uma melhoria evidente no con-

junto de comportamentos observados. Muito provavelmente, a

existirem diferenças significativas, estariam elas associadas a uma

modificação comportamental que se caracterizaria por uma transi-

ção do nível introdutório para o nível avançado, na grande maio-

ria das categorias consideradas. No entanto, o quadro de resulta-

dos aponta para uma predominância do nível intermédio ao nível

da avaliação final, pelo que, considerando-se que no início do pro-

cesso se verificava uma relevância do nível introdutório, pode-se

entender que a melhoria de competências deste grupo de alunos,

na situação de jogo, evoluiu de fato. Apesar da inexistência de

diferenças significativas, registrou-se uma melhoria evidente, mas

não a aquisição do comportamento desejado. Isso significa afir-

mar que muito provavelmente estão criadas condições para que,

muito rapidamente, as modificações operadas nos sujeitos envol-

vidos se manifestem em competência de prática.

Palavras-chave: tecnologias, ensino aberto e a distancia, educa-

ção física.

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INTERNET NA EDUCAÇÃO FÍSICA: VINCULANDO A TECNOLOGIANAS AULAS.

Armacolo, Edina M.1; Silva, Marcelo LA1; Sobrinho, Gabriel

M.1; Nascimento, Ronaldo J.v; Marchessou, François2

(1) Universidade Estadual de Londrina, Brasil; (2) Université de

Poitiers, France.

Introdução e objectivos: A utilização da internet se configura cada

vez mais como um fato com tendências a uma popularização

cada vez maior em uma sociedade globalizada. Na educação,

vem como uma ferramenta inovadora possibilitando ao aluno

uma melhor assimilação do conteúdo que é ministrado em sala

de aula. Temos como objetivo no presente trabalho comparar

níveis de desempenho motor e cognitivo nas aulas de educação

física em alunos de terceira série do ensino fundamental inse-

rindo a internet como meio didático.

Material e métodos: Utilizamos um delineamento experimental

com dois grupos, cujo grupo controle se configurou com alu-

nos em regime convencional presencial, com um total de 26

alunos. O grupo experimental de alunos em regime convencio-

nal presencial, e com a utilização dos meios tecnológicos vincu-

lados à internet, tendo um total de 32 alunos.

Principais resultados e conclusões: A partir da análise dos resulta-

dos podemos considerar que a internet proporciona um avanço

significativo no rendimento acadêmico, em relação aos alunos

que não dispuseram dos recursos tecnológicos da internet em

suas aulas de educação física, tendo o grupo experimental com

média de 6,72, enquanto o grupo de controle foi de 3,11; já

sendo submetidos ao teste t, o grupo experimental e o de con-

trole, na avaliação pós diferenciam-se significativamente (p =

0,001).

Palavras-chave: internet, educação física, voleibol.

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INTERVENÇÃO PROFISSIONAL DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃOFÍSICA EM INÍCIO DE CARREIRA: PERCEPÇÃO SOBRE O MERCADODE TRABALHO.

Verenguer, Rita C.G.

Faculdade de Educação Física, Universidade Presbiteriana Mackenzie,

Brasil.

Introdução e objectivos: No Brasil, a educação física escolar tem

sido alvo de inúmeras pesquisas: estuda-se seu papel, seus

objetivos, seus conteúdos, as políticas públicas e a preparação

profissional. Pouco se sabe, no entanto, sobre como os profes-

sores vêem suas carreiras e o mercado de trabalho. O objetivo

deste estudo foi analisar como os professores em início de car-

reira percebem o mercado de trabalho e quais são suas perspec-

tivas para a carreira.

PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA

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Material e métodos: Para alcançar o objetivo proposto optou-se

pela metodologia qualitativa, tendo como técnica de coleta de

dados a entrevista semi-estruturada e a análise do discurso

como estratégia de análise dos dados coletados. Os sujeitos, em

número de 16, foram escolhidos respeitando o tempo de carrei-

ra de até 3 anos que, segundo Huberman (1995), caracteriza-se

pela fase de exploração e o local da intervenção (âmbito esco-

lar). Todos os entrevistados, embora trabalhem preferencial-

mente na escola e desejem construir carreira nela, possuem

algum vínculo com a área não-escolar, podendo, assim, comple-

tar seus ganhos. É importante lembrar que essa fase da carreira

caracteriza-se por uma opção provisória, na qual o professor

está se confrontando com o cotidiano profissional, procurando

sobrevivier e, ao mesmo tempo, entusiasmado por participar de

um grupo profissional.

Principais resultados e conclusões: Os entrevistados acreditam que

a construção da carreira está vinculada ao investimento e aper-

feiçoamento do conhecimento, mas fazem uma crítica ao cur-

sos de graduação: estes deveriam dar ênfase ao conhecimento

sobre a intervenção. Tal crítica vem ao encontro da tese segun-

do a qual a educação física, enquanto área de intervenção pro-

fissional, deve produzir conhecimentos aplicados e os cursos de

graduação devem possibilitar a intervenção profissional super-

visionada, enfatizando os projetos de extensão. Por trabalharem

no âmbito escolar, os entrevistados consideram que estão pro-

tegidos das perdas dos direitos trabalhistas observadas no

âmbito não-escolar, mas reconhecem que seu trabalho não é

devidamente reconhecido. Acreditam que a educação física na

escola está em um novo momento, recuperando seu papel

enquanto componente fundamental da educação, devido ao fato

de que os professores estarem mais bem formados e os pais

mais exigentes.

Palavras-chave: intervenção profissional, mercado de trabalho,

construção da carreira.

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MERCADO DE TRABALHO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL: SIG-NIFICADO DA INTERVENÇÃO PROFISSIONAL À LUZ DA CONSTRU-ÇÃO DA CARREIRA.

Verenguer, Rita C.G.

Faculdade de Educação Física, Universidade Presbiteriana Mackenzie,

Brasil.

Introdução e objectivos: O mercado de trabalho em educação física

no Brasil vem sofrendo constantes mudanças: o aumento de

interesse por essa carreira, o crescimento do número de cursos

de graduação, a regulamentação da profissão, a legislação traba-

lhista, entre outras. Este estudo foi desenvolvido com o objeti-

vo de analisar como se dá a construção da carreira do profissio-

nal de educação física, considerando a reestruturação das rela-

ções de trabalho e o conceito de profissão (expertise, credencia-

lismo e autonomia).

Material e métodos: Para alcançar o objetivo proposto neste tra-

balho, optou-se pela metodologia qualitativa, tendo como téc-

nica de coleta de dados a entrevista semi-estruturada e a análi-

se do discurso como estratégia de análise dos dados coletados.

Os sujeitos, em número de 15, foram escolhidos respeitando o

tempo de carreira (acima de 20 anos) e o local de intervenção

(fora do âmbito escolar). Nenhum deles está comprometido

com funções administrativas ou gerenciais.

Principais resultados e conclusões: Todos os entrevistados conside-

ram que o mercado de trabalho em educação física está em

expansão, sobretudo quando relacionado à idéia de saúde,

bem-estar e qualidade de vida. Tal associação, segundo os

entrevistados, confere status social ao profissional de educação

física, embora admitam que exista, também, subserviência em

relação à área médica. Os entrevistados consideram também

que o conhecimento e o aperfeiçoamento constante são funda-

mentais na construção da carreira, inclusive porquê suas inter-

venções profissionais são marcadas pelo diagnóstico das neces-

sidades dos clientes, pela definição dos objetivos, pela orienta-

ção das atividades e pela sua avaliação, e não pela execução

das mesmas. Neste sentido, embora haja na área um grande

apelo pelo profissional jovem, os entrevistados consideram a

idade um fator positivo, porque se traduz em experiência,

amadurecimento e competência. Sobre as relações de trabalho,

os entrevistados têm consciência da relação de exploração na

qual estão inseridos, no entanto, reconhecem que usufruem

do valor simbólico de terem seus nomes vinculados às institui-

ções de prestígio. Na relação trabalhista não há unanimidade

sobre as vantagens dos contratos baseados na prestação de

serviços terceirizados.

Palavras-chave: mercado de trabalho, intervenção profissional,

construção da carreira.

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A PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO BREJO PARAIBANO SOBRE O CÓDIGO DE ÉTICA.

Souza, Thiago; Vale, Lindalva

Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Brasil.

Introdução e objectivos: Dentre os principais argumentos do

MNCRPEF (Movimento Nacional Contra a Regulamentação do

Profissional de Educação Física), dois deles nortearam esta pes-

quisa: falta de esclarecimento por parte do CONFEF (Conselho

Federal de Educação Física)/CREFs (Conselho Regional de

Educação Física); a regulamentação não resolverá a presença de

leigos no mercado, pois não existe fiscalização nos locais de

práticas corporais. Diante desta problemática, os objetivos

deste estudo foram: verificar, no brejo paraibano, através de

questionários, a percepção dos profissionais de educação física

sobre o código de ética; verificar se há, realmente, a ocorrência

de pessoas sem graduação em educação física atuando como

profissionais nesta área.

Material e métodos: Para isso foram utilizados questionários apli-

cados de forma individual aos profissionais de educação física

desta região.

Principais resultados e conclusões: Depois da coleta e análise dos

dados descobriu-se que: 57.17% dessa população não tinha

conhecimento da existência de um Código de Ética do

Profissional de Educação Física; 82.61% não sabem dizer qual

o dever fundamental do profissional de educação física, segun-

do o código de ética; 78.26% nunca leram este código de ética;

vale ressaltar que 56,52% das pessoas pesquisadas não tem

PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA

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registro no CREF e nem graduação em educação física embora

atuem na área. Então se conclui que os dois argumentos do

MNCRPEF, citados acima, condizem com a realidade do brejo

paraibano, demonstrando assim a necessidade de medidas por

parte do sistema CONFEF/CREFs para melhorar esse quadro.

Palavras-chave: código de ética, educação física, regulamentação.

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A EDUCAÇÃO EM VALORES. VALORAÇÕES APRESENTADAS PELOSALUNOS COMO PONTO DE REFLEXÃO DA ACTIVIDADE PEDAGÓGI-CA. ESTUDO REALIZADO EM ALUNOS DO 3º CICLO DO ENSINOBÁSICO E DO ENSINO SECUNDÁRIO.

Matos, Zélia; Batista, Paula; Israel, Natividade

Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, Universidade

do Porto, Portugal.

Introdução e objectivos: Tal como a realidade social, os alunos não

são uma massa uniforme e indistinta, pelo contrário, são mar-

cados por experiências, interesses e vontades heterogéneas. De

acordo com Cruz (2001) a escola deve constituir-se como uma

entidade integradora, capaz de lidar com as contradições que

nela existem, ou seja, ser capaz de lidar com as diferenças,

levar os alunos a respeitá-las e, comprometer-se, deste modo,

na construção de valores. A educação em valores realiza-se em

todos os momentos, permeia o currículo, acontece em todas as

interacções interpessoais na escola e nas relações desta com a

família e com a sociedade (Valente, 1989). Também na aula de

Educação Física (EF). Ao rejeitar a tradicional doutrinação, a

educação actual propõe que os professores ajudem os alunos a

clarificar os seus próprios valores, a assumi-los e a pô-los em

prática. Tentar perceber os gostos dos alunos, através das suas

escolhas livres, inscreve-se num primeiro patamar da preocupa-

ção da educação em valores. Ou seja: verificar as “coisas” que

os alunos gostam mais de fazer, as que não gostam de fazer, escla-

recer a quais é que atribuem risco e as que gostam de fazer sozi-

nhos ou acompanhados.

Material e métodos: Foi constituída uma amostra de 384 alunos:

204 do 3º Ciclo do Ensino Básico (CEB) e 180 do Ensino

Secundário (ES). Seguindo as estratégias de clarificação de

valores, apresentadas por Valente, (1989), foi pedido aos alu-

nos que escrevessem, tão rapidamente quanto possível, as 10

“coisas” que mais gostam de fazer, seguida da identificação de

quais dessas “coisas” envolvem risco e de quais gostam de fazer

sozinhos ou acompanhados (utilizando um código previamente

definido) e, por último, 10 “coisas” que não gostam de fazer. Foi

garantido o anonimato e foi realçado que não há respostas cer-

tas, ou erradas, acerca dos gostos das pessoas. Na leitura dos

dados foi nossa preocupação detectar, de forma discriminada,

todas as “coisas”, pelo que estas não foram categorizadas de

acordo com as classificações tradicionais. Contudo, os dados

foram lidos utilizando dois pólos de referência: a classificação

das necessidades de Maslow, citado em Marina (1996:23) e a

categorização de valores de Patrício (1991).

Principais resultados e conclusões: A estrutura da hierarquização das

“coisas” que mais gostam de fazer altera-se em função do sexo,

da localização da escola e do ano de escolaridade ainda que exis-

ta regularidade nas actividades referidas. Quanto às “coisas”

que menos gostam: no geral são mais diversas e acentua-se a

diferente hierarquização: surgem “regionalismos” como ir à

missa, pessoas falsas, imposições, trabalhar. Há, contudo, referências

que aparecem sempre: num primeiro lugar destacado a activida-

de estudar/ir à escola. Também são comuns embora em menor

percentagem limpar a casa/trabalhos domésticos, comer/beber e acor-

dar/deitar cedo. Os dados relativamente ao risco atribuído e sozi-

nho/acompanhado carecem de uma inquirição mais adequada,

dado que as respostas revelam uma interpretação restrita das

noções pedidas. A principal conclusão encontra-se na constata-

ção da valorização de “coisas” novas relativamente ao conteúdo

das categorias das classificações tradicionais acerca de valores. A

verificação de um dado redundante, mas sempre esclarecedor: o

que menos gostam de fazer é ir à escola e estudar. As activida-

des referidas reportam-se muito à rotina do dia a dia, em que as

necessidades básicas e as imposições modulam, em grande

parte, as escolhas realizadas. De acentuar a maior regularidade

das “coisas” que mais gostam, e a acentuação da diversidade das

que “coisas” que menos gostam.

Palavras-chave: educação para os valores, gostos dos alunos.

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EDUCAÇÃO FÍSICA E A DIMENSÃO ATITUDINAL: UM ESTUDO DE CASO.

Nicoletti, Lucas P.1; Rangel, Irene CA.2

(1) UNIFEV e UNIRP; (2) Universidade Estadual de São Paulo;

Brasil.

Introdução e objectivos: Com o início da construção dos

Parâmetros Curriculares Nacionais em 1994 torna-se explícita a

preocupação quanto ao ensino e aprendizagem dos conteúdos

relacionados às normas, aos valores, às regras e às atitudes,

convencionalmente chamados de dimensão atitudinal dos con-

teúdos. Assim, esperava-se minimizar a manifestação do currí-

culo “oculto” nos processos educacionais em todos os compo-

nentes curriculares. Esta pesquisa observou como esta dimen-

são é tratada na Educação Básica, mais especificamente em

aulas de Educação Física, nos dois primeiros ciclos do Ensino

Fundamental (1ª a 4ª séries). O valor que é dado a esta dimen-

são passa a adquirir peso e importância em relação às outras

duas dimensões (conceitual e procedimental), além do fato da

aula de Educação Física ser um terreno fértil e propício para se

lidar com as questões atitudinais, contribuindo para mudanças

e justificando sua presença na escola e não apenas como um

componente curricular com ênfase na dimensão procedimental.

Material e métodos: Utilizamos, enquanto metodologia, a aborda-

gem qualitativa de estudo de caso. Empregamos a técnica da

observação de aulas e a elaboração de um questionário para

entrevista aplicado ao professor observado.

Principais resultados e conclusões: Pudemos constatar que a dimen-

são atitudinal dos conteúdos é encarada como objeto de ensino

e aprendizagem pelo professor e que a maioria das interven-

ções do docente acontece a partir de situações oriundas da aula

cotidiana.

Palavras-chave: educação física, dimensão atitudinal, conteúdos

da educação.

PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA

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A RELAÇÃO ENTRE ESPORTE E EDUCAÇÃO NA PERSPECTIVA DOSALUNOS.

Berwanger, Carlos E.

Centro Universitário La Salle, Brasil.

Introdução e objectivos: O esporte é hoje um dos maiores fenôme-

nos sociais da humanidade e faz parte direta ou indiretamente

da vida de milhões de pessoas no mundo todo. Desta forma

exerce influências em diferentes instituições sociais, dentre elas

a escola. Na escola é o conteúdo predominante nas aulas de

Educação Física e objeto dos projetos extra-curriculares, como

as equipes esportivas. Portanto, neste contexto, o esporte deve

estar comprometido com os processos de aprendizagem e estes

devem caminhar no sentido do projeto político pedagógico da

escola. Assim, buscamos neste estudo analisar esta relação

entre o esporte e a formação educativa na perspectiva dos alu-

nos do terceiro ano do ensino médio de três escolas particula-

res de Porto Alegre. Como objetivo geral desta investigação

tínhamos a resolução do seguinte problema de investigação:

Como os alunos do terceiro ano do ensino médio das escolas

particulares de Porto Alegre percebem o esporte na escola e

qual a relação que eles estabelecem entre o esporte e seus pro-

cessos de formação educativa? Como objetivos secundários

tinhamos: identificar quais aprendizagens são promovidas pelo

esporte escolar, quais os objetivos do esporte na escola e quais

as contribuições do esporte no processo de formação eram

identificadas pelos alunos.

Material e métodos: Esta investigação teve como opção metodológi-

ca um estudo de corte qualitativo do tipo etnográfico, pois no

entendimento do autor esta representava a melhor maneira de

descrever, interpretar, explicar e compreender o fenômeno que

ora estava sendo estudado. Como instrumentos de coleta de

informações foram utilizados a entrevista semi-estruturada, a

observação participante, a análise documental e o diário de

campo. Ao todo foram realizadas 27 observações e 38 entrevistas.

Principais resultados e conclusões: Após analisadas e interpretadas

as informações coletatas, foram identificadas quatro categorias

de análise com duas subcategorias cada: 1)A prática esportiva

nas escolas - a) O conceito de esporte e as experiências esporti-

vas, b) A Educação Física escolar; 2)O esporte na perspectiva

dos alunos - a) O esporte na escola e fora da escola, b) Os

objetivos do esporte na escola; 3)Esporte e aprendizagem - a)

O aprendizado através do esporte, b) As contribuições na for-

mação pessoal e educativa; 4)A escola na perspectiva dos alu-

nos - a) As disciplinas escolares, b) As funções da escola. As

conclusões finais indicam que o esporte deve ser repensado em

todos os aspectos dos seus procedimentos de ensino. O

ambiente educativo necessita de uma resignificação pois é um

fenômeno social que poderia contribuir significativamente com

a formação dos nossos alunos se melhor orientado.

Palavras-chave: esporte escolar, educação física, educação.

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REFLEXÕES SOBRE OS VALORES DO DESPORTO COLETIVO.

Lettnin, Carla C.; Shigunov, Viktor

Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil.

Introdução e objectivos: Esta pesquisa, de tipo bibliográfica, teve

como propósito apontar os aspectos presentes no ambiente de

treinamento de qualquer modalidade esportiva coletiva e cons-

cientizar todos os envolvidos de forma direta ou indireta sobre

o valor educativo, logo formativo, que são desenvolvidos por

essas práticas.

Material e métodos: Para tanto, foi consultada a bibliografia

recente sobre o assunto e estudos divulgados através de anais

de eventos científicos que referenciavam de alguma forma essa

temática, proporcionando assim as informações necessárias ao

estudo. Sabe-se que o desporto coletivo é um dos utilizados

para educar e desenvolver seus praticantes na integra, levando

em consideração os aspectos: físico, emocional, intelectual e

social. Autores da educação comprovam que um ambiente onde

norteiam os quatro pilares do conhecimento, e esses: aprender

a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a

ser, obrigatoriamente levam a educação global do indivíduo

enquanto pessoa e membro da sociedade. Considerando que no

ambiente de treinamento esses aspectos estarão presentes,

tanto no planejamento dos conteúdos quanto nos processos do

agir pedagógico, alguns valores foram relacionados com esses

quatro aspectos que compõem a base para a formação global do

indivíduo.

Principais resultados e conclusões: O estudo apontou que no aspec-

to físico os valores encontrados estão voltados para a saúde,

qualidade de vida, bem estar, rendimento, entre outros. No

aspecto emocional os valores presentes estão ligados a auto-

confiança, personalidade, auto-estima, compreensão, tolerância,

liderança, persistência. No que diz respeito ao aspecto intelec-

tual, os valores como autonomia, raciocínio imediato, capacida-

de de solucionar problemas, criatividade, ser crítico, inteligên-

cia tática, vão estar presentes. E por fim, no aspecto social,

estarão as questões voltadas para a cidadania, respeito, respon-

sabilidade, franqueza, solidariedade, cooperação, espírito de

grupo, convivência social. Logo, reconhece-se que os valores

apresentados até então, são muitas vezes esquecidos, por esta-

rem em sua maioria de forma intrínseca no ambiente de treina-

mento. No entanto, acredita-se na possibilidade de uma forma-

ção global pelo desporto, onde o foco deve centrar-se no senti-

do de descobrir o caminho que permite chegar até esta forma-

ção, ou seja, há necessidade de se reencontrar no ambiente des-

portivo, os elementos físicos, emocionais, intelectuais, e sociais

que permitem o acesso a essa formação de forma autêntica. No

mundo atribulado de hoje, neste sistema competitivo, poucos

estão atentos para o desenvolvimento da criança como criança.

O desporto quando orientado de forma coerente permite que a

criança viva cada fase de sua vida, experimentando múltiplas

situações que o tornarão um adulto sadio, além de possuírem

melhores relações interpessoais, tão valorizadas nos dias de

hoje.

Palavras-chave: desporto, valores, formação educacional.

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PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA

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Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [171–193]188

EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA: POSSIBILIDADES DE VEICULARVALORES PARA O TEMPO LIVRE.

Santiago, Leonéa; Braga, Raquel; Cunha, Elsa; Maia,

Sandra; Silva, Rute

Instituto Superior da Maia, Portugal.

Introdução e objectivos: Discutir a escola e consequentemente a

educação não é uma tarefa fácil, pois para compreendermos o

carácter da educação temos que compreender a complexidade

da natureza humana, que está inicialmente orientada pelas

coordenadas tempo e espaço. A organização temporal das

sociedades, o tempo do trabalho e do não trabalho, os tempos

ocupados e livres também estão inclusos no âmbito das ques-

tões complexas do nosso tempo. Saviani (1997) afirma que o

trabalho não é qualquer actividade, mas uma acção adequada a

finalidades. E com a intervenção humana na natureza, esta

humaniza-se, ao criar elementos. Ao fabricar utensílios o ser

humano produz cultura. Tem-se então a acção humana inter-

vindo na natureza criando o mundo do trabalho, um mundo

que abunda a produção de cultura. E assim o mundo do traba-

lho, como o mundo da vida de um modo lato, é repleto de

sentidos e significados partilhados socialmente. Este estudo de

natureza qualitativa, procurou indagar em que medida a escola

enquanto instituição que busca garantir o saber, o conheci-

mento sistematizado a todos os seus educandos, tem abordado

questões afectas ao trabalho e consequentemente ao tempo

livre? Mais especificamente no âmbito da disciplina Educação

Física. Quais as possibilidades da Educação Física veicular

valores dos seus conteúdos, que possam ser aproveitados no

tempo livre?

Material e métodos: E para tal utilizou-se como fonte para colecta

de dados a pesquisa bibliográfica, o que propiciou a elaboração

de um quadro teórico composto por livros, relatórios de simpó-

sios, anais de congressos, periódicos nacionais e internacionais.

Devido à proximidade das pesquisadoras em relação ao fenô-

meno estudado, foi possível elaborar categorias à priori para a

análise de dados.

Principais resultados e conclusões: A análise confirmatória eviden-

ciou as seguintes categorias: (i) para a escola: local de respon-

sabilidades sociais, formadora de opinião, transmissão de edu-

cação, cultura e ética para a vida; (ii) para a especificidade da

disciplina Educação Física: trabalha o corpo, admissão de con-

teúdos, movimentos iguais para todos os alunos, discrimina os

pouco habilidosos, veicula valores de hábitos higiénicos/corpo-

rais. As categorias confirmadas levam-nos a concluir que a

escola é representada como local de formação e transmissão de

valores culturais e éticos, no entanto não identificam questões

relativas à discussão do tempo livre. Conquanto a disciplina

Educação Física apresenta tais possibilidades de discussão, na

medida em que é a única a trabalhar especificamente com os

movimentos corporais, nela está centrada conteúdos da cultura

corporal por excelência. Inculcar o valor da actividade física,

para a manutenção de uma vida saudável, quer seja em idade

escolar ou adulta, é uma das possibilidades desta disciplina

fomentar a discussão sobre os tempos livres. E assim concorda-

mos com a abordagem de Saviani (1997) onde a educação é

representada como um trabalho não-material. Urge a escola e a

Educação Física a preocupação com o tempo livre pois, tanto o

aluno como o professor são consumidores do produto aula no

acto da sua realização.

Palavras-chave: escola, educação física, tempo livre.

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EVOLUÇÃO, AO LONGO DE TRÊS ANOS, DAS CRENÇAS DE ESTU-DANTES DE DESPORTO E DE EDUCAÇÃO FÍSICA ACERCA DOSOBJECTIVOS E VALORES DA EDUCAÇÃO FÍSICA.

Graça, Amândio; Botelho Gomes, Paula; Queirós, Paula;

Silva, Paula

Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, Universidade

do Porto, Portugal.

Introdução e objectivos: Após 8 anos de vivências na disciplina

escolar de Educação Física (EF) é suposto que os estudantes

que optaram pela licenciatura em desporto e educação física

tragam consigo ideias, crenças e atitudes acerca do que a EF

deve ser, ou qual o seu contributo para a educação e desenvol-

vimento de crianças e jovens (Hutchinson, 1993). Conhecendo-

se o poder da aprendizagem por observação, a literatura refere

que é muito difícil alterar, durante a sua formação universitária,

as crenças acerca do ensino e da aprendizagem em EF, e como

essas crenças influenciam o modo como os estudantes interpre-

tam e integram a nova informação (Crum, 1993; Graham,

1991; Rovegno & Bandhauer, 1997). O objectivo deste estudo é

conhecer quais as crenças que os estudantes expressam no 1º

ano do curso e verificar se sofrem alterações no 2º e 3º anos.

Material e métodos: Aplicou-se uma versão traduzida e adaptada

de Teachers’Attitudes Toward Curriculum in Physical Education Scale

de Kulinna e Silverman (1999). A amostra é constituída por

quase a totalidade de estudantes que frequentaram o primeiro

ano, n = 110, (2001-02), que transitaram para o segundo, n=

104, (2002-03), e para o terceiro, n=86, (2003-04). O instru-

mento foi sempre aplicado no início de cada ano lectivo. Para a

análise dos dados, por ano curricular e sexo foram utilizados

procedimentos estatísticos descritivos e univariados.

Principais resultados e conclusões: Os resultados disponíveis de

momento, os referentes à primeira aplicação do instrumento -

estudantes do 1º ano, revelam que os estudantes, de ambos os

sexos, assinalam a aptidão física associada à saúde como 1º

objectivo da EF.

Palavras-chave: crenças, educação física, formação de professo-

res.

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MODELOS DE PRÁTICA DO DESPORTO ESCOLAR REFLECTIDOSNOS DOCUMENTOS ORIENTADORES OFICIAIS E NAS CONCEPÇÕESDOS PROFESSORES.

Pinto, Miguel1; Graça, Amândio2

(1)Escola Secundária de Caldas de Vizela

(2)Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física,

Universidade do Porto, Portugal.

Introdução e objectivos: Um desporto plural de motivos para a sua

prática não despreza nenhuma das suas expressões. O que se

PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA

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Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [171–193] 189

pode esperar do Desporto Escolar dependerá, numa primeira

análise, dos paradigmas que orientam a prática desportiva. Os

trabalhos de Kirk e Goreli (2000) foram decisivos para a defini-

ção de dois modelos caracterizadores da prática desportiva - o

modelo piramidal e o modelo inclusivo. Não se tratou de pro-

curar alguma evidência que nos permitisse afirmar que um dos

modelos é prescindível, até porque os produtos que geram e os

processos que utilizam podem ser legitimados em determina-

dos contextos da prática. O que se procurou perceber é se

algum deles serve melhor os desígnios da Escola actual, marca-

damente unidimensional que, não sendo “Cultural”, nunca

abandonou, pelo menos nos termos da Lei (LBSE - Lei nº

46/86), a ideia de uma escola inclusiva. Através do quadro de

referência definido foi o nosso propósito: identificar os mode-

los de prática que são reflectidos nos documentos orientadores

do desporto escolar; descrever as interpretações do programa

do desporto escolar evidenciadas pelos responsáveis da

Direcção Regional de Educação do Norte e do Centro de Área

Educativa de Braga; descrever as concepções de desporto esco-

lar dos professores e identificar os factores que influenciam

essas interpretações.

Material e métodos: Decidimos realizar três estudos (designados

por Estudo 1, Estudo 2 e Estudo 3), apresentando e discutindo

os resultados separadamente. Quanto ao Estudo 1, recorremos

à técnica qualitativa - análise de documentos, socorrendo-nos

do procedimento de investigação - análise de conteúdo. Para os

Estudos 2 e 3 escolhemos a entrevista como instrumento meto-

dológico de recolha de dados. O tipo de entrevista indicada

para a resolução dos nossos problemas de estudo foi a entrevis-

ta semidirectiva e na análise dos dados adoptámos os procedi-

mentos do Estudo 1.

Principais resultados e conclusões: Deste trabalho destacamos as

principais conclusões: O programa do desporto escolar promo-

ve, preferencialmente, o modelo de prática piramidal, é o resul-

tado de uma tendência evolutiva caracterizada pelo retoque

deste modelo, que vai resistindo à emergência de um modelo

alternativo - inclusivo, que responderá melhor às exigências de

um desporto plural. As Direcções Regionais da Educação e os

Centros de Área Educativa fazem parte de um modelo organi-

zativo de tipo piramidal, têm como incumbência principal aferir

e controlar a prática das equipas e dos alunos, procurando que

essa prática se aproxime da excelência. O programa do despor-

to escolar não induz alterações nas concepções de desporto

escolar dos professores que mantêm inalteradas as suas cren-

ças, nomeadamente, a importância do rendimento, do treino,

da competição, e da evolução das equipas no desporto escolar;

a pretensa analogia com o trabalho desenvolvido nos clubes.

Palavras-chave: desporto escolar, modelo inclusivo, escola cultural.

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O MUNDO FANTASIA E O MEIO LIQUIDO: O PROCESSO ENSINOAPRENDIZAGEM DA NATAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM O FAZ-DE-CONTA.

Duran, Mauricio; Andries Júnior, Orival; Dalpoz, Mônica

Faculdade de Educação Física, UniFMU; UNICAMP, Brasil.

Introdução e objectivos: A criança ingressa na escola da vida no dia

em que também inicia sua educação desportiva. Cada vez que a

iniciação desportiva se volta para a busca incessante do talento e

do rendimento, maiores serão os abandonos e os desprazeres

vivenciados pela criança. Esta dissertação vem expor um olhar

diferente acerca do ensino e da iniciação desportiva, especifica-

mente voltado para a natação. Para isso propõe-se a ressaltar

que, através da relação existente entre o professor e o aluno,

entre o educador e o educando, entre o que é ensinado e o que

é aprendido, podemos ir ao encontro das necessidades da crian-

ça sem ferir seus preceitos de alegria e prazer. Sendo assim, o

trabalho propõe a criação de um ambiente lúdico-educativo para

que nele ocorra todo processo ensino/aprendizagem.

Material e métodos: Para a criação desse ambiente, foi escolhido

como ferramenta de trabalho um dos elementos do componen-

te lúdico da cultura, o faz-de-conta. Através dele pode-se criar

um mundo fantasia, abrindo possibilidades que somente são

possíveis através da imaginação. Assim, para o desenvolvimen-

to dessa dissertação recorremos, sem perder as exigências

necessárias de um trabalho científico, ao mundo da criança

naquilo que mais lhe é atrativo, a história contada. Portanto, na

história o referencial teórico é contado, através da descrição de

duas cidades, Ludicidade e Rigorocidade, apontando suas carac-

terísticas e duas formas diferentes de se viver e ensinar. A pri-

meira é o local do lúdico, da alegria, por onde qualquer um

passa durante sua infância; a outra cidade caracteriza a rigidez

e o rigor de um ensino tradicional. A fundamentação científica

deste trabalho, que se dá durante os acontecimentos da histó-

ria, também ocorre durante a formação universitária de um

professor chamado Merlyn, que tendo aulas com vários profes-

sores aprende uma nova forma de enxergar a educação. A pes-

quisa de campo é narrada através das aulas de natação que

Merlyn ministra no Lago da Águas Claras, mostrando como foi

possível fazer a relação entre o faz-de-conta e a aprendizagem

da natação e que, mesmo quando se trabalha com a aprendiza-

gem técnica dos nados, é possível criar um ambiente lúdico-

educativo.

Principais resultados e conclusões: Por ser um trabalho onde se

busca despertar a imaginação e criatividade tanto do educador,

como do educando, não pretendemos dar a ele aspectos conclu-

sivos, pois a história contada deve ter elementos em seu final,

que estimule mais ainda a imaginação do leitor. Portanto, parti-

mos para o que denominamos como moral da história. Nesse

momento procuramos dar apenas a visão de um leitor que ao

final do texto, além de conceber suas próprias conclusões, de

subsídios para quem quiser que conte outra.

Palavras-chave: natação, aprendizagem, ludicidade.

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RETENÇÃO DE INFORMAÇÃO EM EPISÓDIOS INSTRUCIONAIS TÍPICOS EM TREINO DESPORTIVO.

Breia, Ezequiel; Rosado, António

Faculdade de Motricidade Humana, Universidade Técnica de Lisboa,

Portugal.

Introdução e objectivos: A evidência do treino tem demonstrado

que uma parte significativa das mensagens se perde entre o

momento da emissão e o da recepção, que existem perdas sig-

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nificativas ao nível da retenção e da compreensão da informa-

ção transmitida pelo treinador. Não é, ainda, no entanto, sufi-

cientemente clara a dinâmica deste processo. Parece pertinente,

que relativamente a episódios típicos de instrução nas sessões

de desporto, se possa saber qual é o grau de retenção de infor-

mação dos atletas e que tipos de unidades de informação são

melhor retidas. Assim, definimos como objectivo principal

deste estudo, avaliar o grau de retenção de informação que os

atletas manifestam em diferentes episódios instrucionais do

treino em função do género, idade, nível de escolaridade e nível

de habilidade motora.

Material e métodos: Para este efeito foram observadas sessões de

ginástica acrobática realizadas em ambiente normal de treino,

nas quais foi solicitado aos atletas que repetissem aquilo que o

treinador lhes comunicou, referente aos episódios instrucionais.

Principais resultados e conclusões: Do presente estudo, destacamos

as seguintes conclusões: (1) os atletas não conseguem recordar

toda a informação que lhes é dirigida em episódios instrucio-

nais no treino; (2) os episódios instrucionais não constituem

factor significativo de diferenciação na retenção de informação.

Palavras-chave: retenção de informação, episódios instrucionais,

treino.

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ANÁLISE DA INSTRUÇÃO DO TREINADOR DE FUTEBOL.COMPARAÇÃO ENTRE A PRELECÇÃO E A COMPETIÇÃO.

Crispim-Santos, Alexandre; Rodrigues, José

Escola Superior de Desporto de Rio Maior, Portugal.

Introdução e objectivos: O treinador, através da sua instrução ver-

bal e não verbal, aconselha, motiva, opina, avalia, dirige, corri-

ge, prescreve e informa os seus jogadores, para que estes consi-

gam em todos os momentos adequar o seu comportamento

com vista ao rendimento mais eficaz quer em treino quer em

competição. De acordo com Lima (2000), todos os procedimen-

tos anteriores à competição deverão ser organizados com por-

menor e rigor, como tal, parece-nos fundamental que o treina-

dor apresente uma elevada congruência da instrução entre a

prelecção de preparação e a competição, pois a primeira tem

como objectivo central preparar cognitivamente a segunda.

Assim, o objectivo do nosso estudo reside na análise compara-

tiva entre a prelecção de preparação e a competição, ao nível da

instrução transmitida pelo treinador de futebol.

Material e métodos: A amostra foi constituída por 12 prelecções e

12 competições. A competição engloba 3 momentos: antes do

jogo, durante o jogo e intervalo do jogo. Foram observados 6

treinadores de futebol (2 sessões cada) do escalão de seniores

masculinos da 2ª Divisão B. Como instrumento de recolha dos

dados, foi utilizado o Sistema de Análise da Informação em

Competição (SAIC) (Pina e Rodrigues, 1993) para avaliar a ins-

trução. Utilizou-se um registo de ocorrências, para posterior-

mente se codificar todas as unidades de informação em 3

dimensões de análise: objectivo, direcção e conteúdo da infor-

mação. Afim de se pesquisar as diferenças existentes entre a

instrução do treinador na prelecção de preparação e na compe-

tição, utilizou-se o teste estatístico não paramétrico Wilcoxon

Test, com um grau de probabilidade de erro p≤ 0,05.

Principais resultados e conclusões: Entre a prelecção e a competição

(antes do jogo) temos os seguintes resultados: no objectivo da

informação, existem diferenças nas categorias prescritiva e des-

critiva, contudo, estas categorias em ambos os momentos

abrangem 90% da instrução; na direcção da informação mais de

90% da instrução não apresenta diferenças; no conteúdo, verifi-

ca-se em ambos os momentos mais de 90% de instrução táctica

e psicológica. Entre a prelecção e a competição (durante o

jogo) temos: quanto ao objectivo, aproximadamente 80% da

instrução não apresentam diferenças; na direcção da informa-

ção, os valores encontrados revelam diferenças significativas

nas categorias mais importantes (atleta e equipa); relativamen-

te ao conteúdo, verificamos que mais de 85% da instrução não

apresenta diferenças significativas. Entre a prelecção e a com-

petição (intervalo do jogo)temos os seguintes resultados: no

objectivo e na direccionalidade da informação não existem

quaisquer diferenças significativas; relativamente ao conteúdo,

mais de 90% da informação não apresenta diferenças significa-

tivas. A informação transmitida, quer na prelecção, quer nos

vários momentos da competição, tem um objectivo marcada-

mente prescritivo e descritivo e um conteúdo maioritariamente

táctico e psicológico. Em suma, podemos concluir que, embora

existam algumas diferenças significativas, os treinadores de

futebol apresentam uma elevada congruência da instrução,

entre a prelecção de preparação e a competição, demonstrando

assim, um perfil de instrução coerente.

Palavras-chave: instrução, futebol, pedagogia do desporto.

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AVALIAÇÃO DO PERFIL DAS INTERVENÇÕES DE CONTEÚDO PEDA-GÓGICO. ESTUDO COMPARATIVO ENTRE UM TREINADOR/PROFES-SOR E UM TREINADOR/MONITOR NO MINIBÁSQUETE.

Pinto, Dimas; Freixo, Ana; Graça, Amândio

Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física,

Universidade do Porto, Portugal.

Introdução e objectivos: O presente estudo centra-se na avaliação

do perfil das intervenções de conteúdo pedagógico do treinador

de Minibasquetebol, durante o treino. Como objectivos foram

seleccionados os seguintes: (1) Comparar diferenças no perfil

das intervenções de conteúdo pedagógico entre um

treinador/professor e um treinador/monitor; (2) analisar em

que conteúdos centram a sua intervenção; (3) a quem dirigem

preferencialmente as suas intervenções; (4) quando é que

transmitem as suas intervenções; (5) verificar se os objectivos

e conteúdos do plano de treino são congruentes com o perfil

das intervenções de conteúdo pedagógico dos dois treinadores

registadas em vídeo.

Material e métodos: A amostra foi constituída por dois treinado-

res de Minibasquetebol de dois clubes da Associação de

Basquetebol de Viana do Castelo e que participaram nos encon-

tros e torneios organizados por essa associação na época de

20001/02. A metodologia de investigação consistiu numa aná-

lise qualitativa, através de entrevistas semi-estruturadas e uma

análise quantitativa, resultante da aplicação de um instrumento

de observação sistemática adaptado de Gilbert et al. (1999) às

filmagens em vídeo das sessões de treino.

PEDAGOGIA DO DESPORTO E DA EDUCAÇÃO FÍSICA

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Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [171–193] 191

Principais resultados e conclusões: As principais conclusões suge-

rem que: O treinador/professor incide mais as suas interven-

ções de conteúdo pedagógico sobre a técnica individual ofensi-

va e sobre as regras que o treinador/monitor; o

treinador/monitor oferece mais intervenções sobre a forma de

instrução geral do que o treinador/professor; o treinador/pro-

fessor transmite maior número de intervenções de conteúdo

pedagógico, por minuto, do que o treinador/monitor; o ataque

é, relativamente à defesa, a fase do jogo mais privilegiada por

ambos os treinadores; em geral, os treinadores preferem trans-

mitir intervenções de conteúdo pedagógico durante a acção; o

treinador/professor transmite mais instrução sobre a forma de

instrução específica do que o treinador/monitor; por outro

lado, o treinador/monitor intervém mais sobre a forma de

combinação instrução/feedback do que o treinador professor; os

treinadores preferem dirigir as suas intervenções de conteúdo

pedagógico aos atletas individualmente; os objectivos e conteú-

dos das sessões de treino são congruentes com o perfil das

intervenções de conteúdo pedagógico dos treinadores durante o

treino.

Palavras-chave: minibasquetebol, intervenção de conteúdo peda-

gógico, treinador.

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AS CONDUTAS DO TREINADOR DE BASQUETEBOL INFANTIL NA COMPETIÇÃO.

Montero, Antonio; Buceta, José María; Ezquerro, Milagro

Universidad Nacional de Educación a Distancia (España);

Instituto Nacional de Educación Física de Galicia; Espanha.

Introdução e objectivos: A análise da conducta do treinador en

diversas categorías teñen sido un dos campos de interese nas

últimas décadas. Moitos traballos desenvolvense neste senso

(Gilbert, 2002), de cara a articular unha mellor formación e un

desempeño máis axeitado dos treinadores aos obxectivos do

deporte infantil. O obxectivo deste traballo é caracterizar as

conductas dos treinadores de basquetebol na categoría de idade

(13-15 anos) nas situacións de competiçao e nos periodos de

participación activa (cando o xogo se está a desenvolver).

Material e métodos: O desenrolo desta investigaçao tivo lugar na

cidade da Coruña (Espanha) dentro da competición masculina

e a franja etaria sinalada anteriormente. O número de treinado-

res participantes foi de 7 e os xogos analizados de 43. Para a

avaliación das conductas dos mesmos desenrolouse un sistema

denominado Sistema de Evaluación de las Conductas del Entrenador

(S.O.C.E.). Este sistema toma como base o Coaching Behavior

Assessment System (C.B.A.S.) de Smith, Smoll e Hunt (1977), ao

que se lle engadiron tres novas categorías (outras categorías

tras acerto, outras categorías tras erro e outras categorías

espontáneas) e dúas novas dimensións: as do momento en que

se emite a conducta do treinador e a do referente a quen está

dirixida a mesma. O proceso de rexistro conlevou un treina-

mento dos observadores cara a lograr un nivel de concordancia

mínimo do 0.80 nas diferentes escalas e dimensión contempla-

das no estudio. Unha vez acadado este nivel, analizouse cada

un dos xogos, cun total de 21.187 rexistros cos resultados que

presentamos a continuación. Para efectuar a comparación entre

os diversos treinadores aplicaronse algúns estadísticos que per-

mitirían establecer se existen ou non diferencias estadística-

mente significativas entre as diversas categorías e treinadores.

Neste senso efectuaronse análises de Kruskall-Wallis, a proba

da mediana, a proba de chi-cadrado e a V de Cramer, como

estadístico que indica o nivel de asociaçao entre as variables

contempladas no estudo.

Principais resultados e conclusões: Os resultados indican, por unha

banda a diferencia estadística significativa entre as diferentes

categorías e análises propostos. Doutra banda, os treinadores

sinalan unhas pautas comportamentais de inhibición tras acer-

to ou erro dos xogadores, asdemade como un maior numero de

conductas de instrucción xeral. Os análises de significación

estadística empregados indican a diferencia entre os treinado-

res nas categorías engadidas (Outras accións tras acertos ou

erros e Outras conductas Espontáneas) e tras accións de xogo

cun resultado de acerto (Reforzo Positivo e Non Reforzo). As

conductas dos treinadores nos periodos de participación activa

no xogos de basquetebol infantil, ordenan as categorías regis-

tradas do seguinte xeito: Instrucción Técnica Xeral; Non refor-

zo; Ignora Erro; Comunicación Xeral; Ánimo Xeral; Reforzo

Positivo; Ánimo tras Erro; Instrucción Técnica tras Erro;

Outras Conductas tras Erro; Organización Xeral; Outras

Conductas tras Acerto; Castigo; Instrucción Técnica Punitiva;

Outras conductas Espontáneas e Manter Control. Desta orde-

nación poderánse establecer novas hipótesis de traballo acerca

das conductas que deben ser potenciadas en función dos obxec-

tivos prantexados.

Palavras-chave: avaliación, conductual, treinador.

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A COMUNICAÇÃO DO TREINADOR DE BASQUETEBOL EM COMPETI-ÇÃO: DO DESPORTO ESCOLAR À ALTA COMPETIÇÃO.

Maia, Pedro; Fonseca, António M.

Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física,

Universidade do Porto, Portugal.

Introdução e objectivos: O modo como os atletas e as equipas se

preparam e se comportam em situação de competição desportiva

tem, ao longo dos tempos, provocado a atenção e o interesse não

só dos espectadores e entusiastas do fenómeno desportivo em

geral, mas também dos investigadores em particular. Todavia,

quando comparamos a atenção que neste domínio tem sido dedi-

cada aos responsáveis pela direcção daqueles atletas e equipas –

isto é, aos seus treinadores – verificamos que ela, comparativa-

mente à verificada em relação a atletas e equipas, é substancial-

mente mais reduzida, designadamente no que se refere à situa-

ção de competição. Nessa medida, foi definido como principal

propósito deste estudo analisar a comunicação que os treinado-

res de basquetebol estabelecem com os seus atletas e equipas em

situação de competição, procurando comparar dois grupos de

treinadores com características claramente distintas: um grupo

de treinadores de equipas que participavam em competições no

âmbito do desporto escolar e um outro grupo de treinadores

cujas equipas competiam ao mais elevado nível nacional.

Material e métodos: Recorrendo para o efeito ao Coaching Behavior

Assessment System (CBAS), ligeiramente modificado, foram

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observados e analisados os comportamentos de 10 treinadores

(5 de alta competição e 5 de desporto escolar) em 26 jogos (19

relativos aos treinadores profissionais e 7 aos treinadores de

equipas de desporto escolar).

Principais resultados e conclusões: Da análise dos dados recolhidos

resultaram como principais conclusões que, tanto no caso dos

treinadores profissionais, como no dos treinadores de desporto

escolar, os atletas individualmente e a equipa em geral foram o

alvo de quase 80% dos seus comportamentos durante o jogo, e

que sensivelmente metade das instruções fornecidas, quer por

uns quer por outros, correspondia a instruções técnicas de

carácter geral. Mais ainda, apesar de, por exemplo, os treinado-

res do desporto escolar terem interagido muito mais com os

elementos que estavam nos seus bancos, enquanto os treinado-

res profissionais dedicaram mais tempo à comunicação com os

árbitros, com os adjuntos e até com eles próprios (isto é, à

auto-conversa), em termos gerais, importa sublinhar que não

foram detectadas diferenças significativas entre o modo como

os dois grupos de treinadores comunicavam com os seus atle-

tas e equipas durante os jogos observados.

Palavras-chave: comunicação, treinador de basquetebol, âmbitos

de prática.

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A APTIDÃO FÍSICA, A EDUCAÇÃO FÍSICA E O TREINO. ESTUDO DES-CRITIVO E COMPARATIVO, EM CRIANÇAS E JOVENS DE AMBOS OSSEXOS, PARTICIPANTES APENAS EM AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICAE PARTICIPANTES EM AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E EM MODALI-DADES DESPORTIVAS FEDERADAS.

Eira, Avelino; Pacheco, Hugo

Pólo de Lamego da Escola Superior de Educação de Viseu do ISPV,

Portugal.

Introdução e objectivos: Ao longo dos tempos vários investigado-

res têm procurado identificar factores que quando relacionados

com tarefas motoras, usualmente utilizadas na avaliação da

prestação motora, permitem a apresentação de um constructo

avaliativo da Aptidão Física (AF). A pertinência do presente

estudo, dentro do que se tem feito no panorama nacional, é

comparar a AF de indivíduos que apenas realizam actividade

física no âmbito da disciplina Educação Física (EF) com indiví-

duos que, para além de estarem matriculados em escolas e

terem também a referida disciplina, estão em equipas de

Desporto Federado (DF). Neste estudo é ainda avaliada a evo-

lução dos níveis de AF ao longo do ano lectivo assim como dos

níveis de adiposidade. Os objectivos do estudo são: (i)

Comparar a AF em indivíduos cuja actividade física passa ape-

nas pela participação em aulas de EF com indivíduos que aliam

a participação nas aulas de EF à prática federada; (ii) Estudar a

influência da prática federada no desenvolvimento da AF; (iii)

Conhecer a evolução dos níveis da AF ao longo do ano lectivo;

(iv) Conhecer os níveis de adiposidade da amostra. Estes objec-

tivos permitem-nos formular o seguinte quadro de hipóteses:

(i) Existe diferença significativa entre os níveis de AF dos dois

grupos constituintes da amostra; (ii) Os indivíduos que aliam o

treino e competição federada às aulas de EF têm maior desen-

volvimento da AF; (iii) Existe uma evolução do princípio do

ano para o final, ao nível da AF.

Material e métodos: A amostra é constituída por 237 indivíduos

(128 do sexo masculino e 109 do sexo feminino) com idades

compreendidas entre os 12 e os 16 anos, pertencentes a escolas

e clubes dos concelhos de Lamego e do Peso da Régua. Desta

amostra, 85 indivíduos são praticantes no DF, os restantes 152

apenas participam nas aulas de EF. Ambos os grupos de indiví-

duos foram submetidos, em dois momentos distintos, aos testes

da bateria FACDEX e ao teste da adiposidade, através do adipó-

metro, no início do 1º Período e no início do 3º Período. Para a

obtenção dos resultados, procedemos aos métodos da estatística

descritiva, média e desvio padrão. Para testar as médias entre si

recorremos ao t-teste de medidas independentes.

Principais resultados: Os indivíduos pertencentes ao DF apresen-

tam resultados com valores médios superiores, em todos os

testes, no 1º momento de avaliação, relativamente aos indiví-

duos cuja actividade física se circunscreve exclusivamente às

aulas de EF. Esta diferença tem significado estatístico para as

provas de corrida 10x5m (seg.) (X±sd. 20,24±1,40 vs.

20,81±1,41; p=0,003) e de corrida de 12 minutos (metros)

(X±sd. 2542,94±464,52 vs. 2362,92±444,31; p=0,004). No

segundo momento de avaliação houve uma evolução, nos indi-

víduos dos dois grupos, no que concerne à melhoria de resulta-

dos. Contudo mantiveram-se superiores os valores médios dos

indivíduos que praticam DF. Assim, este grupo apresentou dife-

renças com significado estatístico nas provas de corrida 10x5m

(seg.) (X±sd. 19,24±1,18 vs. 20,66±1,40; p=0,000), de corri-

da de 12 minutos (metros) (X±sd. 2599,41±459,52 vs.

2440,92±458,31; p=0,011) e adiposidade (X±sd. 12,68±3,08

vs. 15,02±6,54; p=0,021).

Principais conclusões: Em função dos resultados obtidos, pode-

mos confirmar as nossas hipóteses, onde se afirma, globalmen-

te, que a EF aliada ao DF desenvolve significativamente a AF

de crianças e jovens.

Palavras-chave: aptidão física, educação física, desporto federado.

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O EFEITO DE UM PROGRAMA DE TREINO DE FORÇA EM RAPARIGAS E RAPAZES PRÉ-PÚBERES.

Monteiro, António Miguel; Faro, Ana; Lopes, Vítor Pires;

Barbosa, Tiago

Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física, Universidade

de Coimbra; Escola Superior de Educação, Instituto Politécnico de

Bragança, Portugal.

Introdução e objectivos: Parece que os ganhos de força obtidos

antes da puberdade serão resultantes de adaptações neuromus-

culares e não tanto devidos à hipertrofia. O objectivo deste

estudo foi o de investigar os efeitos de um programa de treino

de força-resistência durante 10 semanas, no desenvolvimento

da Força Máxima Isométrica Voluntária (FMIV), nas alterações

da espessura muscular e na actividade neuromuscular.

Material e métodos: A amostra foi constituída pelo grupo experi-

mental (GE, n =17) e o grupo de controlo (GC, n = 17), que

compreendia 20 raparigas (9,44 ± 0,28 anos) e 15 rapazes

(9,34 ± 0,30 anos), no estádio I de maturação sexual. O GE foi

submetido a um programa de treino de exercícios calisténicos 3

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Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, nº 2 (suplemento) [171–193] 193

vezes por semana (90 minutos cada sessão), durante 10 sema-

nas, consistindo em treinos de push-ups e pull-ups modificados e

2 exercícios com elásticos (flexão e extensão dos cotovelos e

extensões dos braços acima da cabeça) até à exaustão. O volu-

me foi gradualmente adaptado de 3 séries, entre a 1ª semana e

a 3ª semana, para 4 séries entre a 4ª semana e a 6ª semana,

para 5 séries entre a 7ª semana e a 10ª semana. A FMIV (dina-

mómetro TSD121C da Biopac Systems Inc) e o sinal electro-

miográfico (EMG) foram registados quando os sujeitos realiza-

ram um único exercício de arm curl. Durante o arm curl foi colo-

cado um eléctrodo de superfície (TSD 150A da Biopac System

Inc.) em cada bícep (FMIVARM). O eléctrodo de terra estava

preso ao olecrâneo direito. Os sinais EMG foram ampliados por

um amplificador diferencial (impedância de entrada de 2 MΩ),

um ganho de 1000 e com uma banda passante (entre os 15 e

os 450Hz). Os sinais EMG foram rectificados e suavizados, per-

mitindo determinar o integral do sinal de EMG (iEMG) em

ambos os bíceps (ARMD e ARME). O iEMG foi relativizado de

acordo com a duração da contracção. A espessura muscular de

ambos os bíceps (ESPMBD e ESPMBE) e de ambos os triceps

(ESPMTD e ESPMTE), e as pregas de ambos os tríceps

(SKINTD e SKINTE), foram medidos pela ultrasonografia B-

mode, (scanning head de 7.5MHz; Ecocamera Aloca SSD-500).

Os perímetros braquiais relaxados (PBRD e PBRE) e braquiais

contraídos (PBCD e PBCE) de ambos os bíceps foram também

medidos (procedimentos antropométricos); avaliámos ainda o

número máximo de push ups (PUSHUP) e pull-ups modificados

(PULLUP) e a distância percorrida pela bola de hóquei

(LANÇ). A alteração entre o pré-teste e o pós-teste, em ambos

os sexos, foi analisada, em ambos os grupos, através do teste

de Wilcoxon (p≤ 0,05). As alterações significantes foram: no

GE masculino [(PBRD, p≤ 0,04; PBRE; p≤ 0,04; PBCD, p≤ 0,03;

PBCE, p≤ 0,04; PUSHUP, p≤ 0,03; PULLUP, p≤ 0,03; LANÇ,

p≤ 0,03)] e no GC [(PBRD, p≤ 0,71; PBRE, p≤ 0,74; PBCD,

p≤ 0,89; PBCE, p≤ 0,58; PUSHUP, p≤ 0,83; PULLUP, p≤ 0,28;

LANÇ, p≤ 0,50)]; e no GE feminino: [(PBRD, p≤ 0,01; PBRE;

p≤ 0,04; PBCD, p≤ 0,00; PBCE, p≤ 0,01; PUSHUP, p≤ 0,00;

PULLUP, p≤ 0,00; LANÇ, p≤ 0,02)] e no GC [(PBRD, p≤ 0,11;

PBRE; p≤ 0,07; PBCD, p≤ 0,03; PBCE, p≤ 0,07; PUSHUP,

p≤ 0,06; PULLUP, p≤ 0,78; LANÇ, p≤ 0,09)]. Os pré-púberes

podem aumentar a força, seguindo um programa de treino que

inclua exercícios calisténicos. Este não aparenta ter efeitos sig-

nificantes no desenvolvimento da FMIV. Os ganhos de força

não foram acompanhados por um aumento da espessura mus-

cular e nem da actividade neuromuscular. Parece que os ele-

mentos que sustentam os aumentos e ganhos de força podem

ser relacionados ao aumento da coordenação do movimento.

Palavras-chave: força, pré-púberes, força resistência.

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EFEITOS DE UM PROGRAMA DE TREINO DE FORÇA EM CONTEXTOESCOLAR. UM ESTUDO EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES DOS 12AOS 14 ANOS DA CIDADE DE MAPUTO, MOÇAMBIQUE.

Guila, Jacinto1, Marques, António2, Prista, António1

(1) Faculdade de Ciências da Educação Física e do Desporto, Universidade

Pedagógica, Maputo, Moçambique; (2) Faculdade de Ciências do Desporto

e de Educação Física, Universidade do Porto, Portugal.

Introdução e objectivos: O objectivo desta investigação foi estudar

o efeito de um programa de treino de força em crianças e

jovens, no contexto das aulas de educação física.

Material e métodos: 125 alunos do sexo masculino foram subme-

tidos a um programa de intervenção. Os alunos foram divididos

em quatro grupos, nomeadamente dois grupos pré-puberes,

sendo um experimental (Epre) e outro de controlo (Cpre) e

dois pós-puberes, sendo um experimental (Epos) e outro de

controlo (Cpos). A avaliação do estado maturacional foi efec-

tuada através dos caracteres sexuais secundários utilizando a

escala de Tanner. A força foi avaliada antes e depois da aplica-

ção do programa tendo sido utilizados 5 tipos de testes: dina-

mometria manual (DM), salto horizontal sem corrida prepara-

tória (SH), sêxtuplo (SX), sit-up’s (SUP) e suspensão estática na

barra (SEB). Os grupos experimentais foram submetidos a um

programa de intervenção realizado nas aulas de educação física

e consistindo em exercícios de força geral, durante 9 semanas,

duas vezes por semana.

Principais resultados e conclusões: Em ambos os grupos experimen-

tais (Epre, Epos) os ganhos de força foram estatisticamente

significativos (P<0.001) em todas os testes e numa amplitude

que variou entre os 11 a 37%. No grupos de controlo (Cpre,

Cpos) não foi observada nenhuma diferença significativa em

qualquer dos testes. Foi concluído que através de um programa

de nove semanas com duas unidades semanais de treino em

crianças e jovens, é possível melhorar a força no contexto das

aulas de educação física.

Palavras-chave: treino de força, crianças e jovens, aula de educa-

ção física.

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