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Relata sobre a atuação do psicopedagogo na instituicão
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2. edio2009
Mari Angela Calderari Oliveira
Interveno PSICOPEDAGGICA
na Escola
Esse material parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informaes www.videoaulasonline.com.br
IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel Curitiba PR 0800 708 88 88 www.iesde.com.br
Todos os direitos reservados.
Capa: IESDE Brasil S.A.
Imagem da capa: Jupiter Images/DPI Images
2007-2009 IESDE Brasil S.A. proibida a reproduo, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autoriza-o por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
CIP-BRASIL. CATALOGAO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
O45i2.ed.
Oliveira, Mari Angela CalderariInterveno psicopedaggica na escola / Mari Angela Calderari Oliveira. 2.ed.
Curitiba, PR : IESDE Brasil, 2009.260 p.
Inclui bibliografiaISBN 978-85-387-0367-9
1. Psicologia educacional. 2. Psicologia escolar. I. Ttulo.
09-2026. CDD: 370.15CDU: 37.015.3
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Mestre em Educao pela Pontifcia Universidade Catlica do Paran (PUCPR). Es-pecialista em Psicologia Social pela PUCPR. Especialista em Psicopedagogia pelo Centro de Especializao em Psicopedagogia de Curitiba (CEP Curitiba). Gradua-da em Psicologia pela PUCPR. Diretora Adjunta do curso de Psicologia da PUCPR e responsvel tcnica pelo Ncleo de Prtica em Psicologia da PUCPR. Supervisora em Psicopedagogia Clnica e Institucional. Professora de Graduao e Ps-Gradu-ao da PUCPR. Professora dos cursos de Psicopedagogia da Faculdade Bagozzi e da Faculdade Esprita.
Mari Angela Calderari Oliveira
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Sumrio
Um pouco mais sobre Psicopedagogia ............................ 11
Revendo alguns conceitos ..................................................................................................... 11
Algumas consideraes sobre o objeto de estudo da Psicopedagogia ................ 12
A viso sistmica e a Psicopedagogia ............................... 27
A Teoria Geral dos Sistemas ................................................................................................... 28
Psicopedagogia atuando no mbito da instituio ..... 41
A escola enquanto instituio ............................................. 55
Os elementos do sistema escolar ........................................................................................ 59
O sistema escolar ....................................................................................................................... 62
A interveno psicopedaggica na instituio educacional .................................................... 69
A demanda da escola para a interveno psicopedaggica ..................................... 71
O que interveno psicopedaggica? ......................................................................... 72
Recursos psicopedaggicos para interveno na instituio educacional ......... 74
O diagnstico psicopedaggico: matriz diagnstica ................................................................... 85
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Matriz do Pensamento Diagnstico ................................................................................... 87
Diagnstico psicopedaggico: instrumentos e tcnicas ......................................................... 97
Entrevista para exposio de motivos ............................................................................... 97
Enquadramento do processo diagnstico ....................................................................... 98
Observao e anlise do sintoma........................................................................................ 99
Organizao do primeiro sistema de hipteses ...........................................................100
Escolha de instrumentos de investigao ......................................................................100
Levantamento do segundo sistema de hipteses ......................................................101
Pesquisa da histria ................................................................................................................101
Terceiro sistema de hipteses .............................................................................................101
Devolutiva e o informe diagnstico .................................................................................102
Mudanas na ao educativa: do ensinar para o aprender ................................................113
O fazer psicopedaggico na relao educador-educando ......................................113
A afetividade na sala de aula ...............................................................................................116
O que modalidade de aprendizagem ..........................................................................119
Contribuies da Psicopedagogia na relao famlia e escola ..................................................131
Contextualizando a famlia ..................................................................................................132
A famlia e os problemas de aprendizagem ..................................................................133
A relao famlia e escola .....................................................................................................136
Um olhar psicopedaggico sobre as dificuldades de aprendizagem ........................149
O modelo nosogrfico: uma proposta psicopedaggica .........................................152
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A aprendizagem sob o enfoque da Neuropsicologia ..........................................165
Aprendizagem e as bases neuropsicolgicas ...............................................................165
A Neuropsicologia e o processo de aquisio da leitura e escrita .........................168
Alfabetizao: o processo de leitura e escrita ...............................................................171
Princpios para trabalhar com grupos na escola .........185
O funcionamento grupal ......................................................................................................185
Algumas contribuies da tcnica de grupos operativos ........................................189
Contribuies da Psicopedagogia no uso do ldico .....................................................................199
O valor educativo dos jogos ................................................................................................201
Contribuies da Psicopedagogia no trabalho com projetos ....................................................215
Realizao de um projeto .....................................................................................................216
Caixa de trabalho: uma contribuio da Psicopedagogia ............................229
Como operacionalizar a caixa de trabalho para o espao da sala de aula .........232
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Apresentao
Considerar a atuao psicopedaggica como uma possibilidade de levar o su-jeito que aprende a se tornar mais consciente e ativo no seu prprio processo de aprender, requer do psicopedagogo olhar e escuta diferenciados. Embora as fronteiras dessa atuao precisem ser definidas e delimitadas, o carter interdisci-plinar est intimamente relacionado com a possibilidade da interveno no pro-cesso de aprendizagem. A leitura deste livro possibilitar o conhecimento mais profundo da proposta pr-tica da Psicopedagogia, destacando a amplitude de possibilidades de interven-o na instituio educacional.Para isso, inicialmente, ser apresentada uma breve retomada da caminhada da Psicopedagogia, caracterizando seu objeto de estudo e o processo de aprendiza-gem, sob o enfoque da Epistemologia Convergente de Jorge Visca. Essa teoria faz referncia Psicopedagogia e ir nos subsidiar teoricamente para que se aproprie de um dos mbitos da Psicopedagogia: o institucional. Dessa forma, retoma-se alguns conceitos, alm de se possibilitar a construo de novos conhecimentos.O contexto em questo ser a instituio educacional. Estudaremos a escola em seu status de instituio, pensando sobre sua organizao e funcionamento, tendo como referencial a Teoria Geral dos Sistemas.O principal objetivo deste curso, no entanto, est focado na interveno psicope-daggica na escola e nas contribuies que essa rea fornece como subsdio para o desenvolvimento da funo do educador.Alm de aspectos especficos da atuao dos profissionais que se especializam em Psicopedagogia, trataremos de aspectos que auxiliam os educadores que procuram um referencial a mais para sua funo na instituio educacional.Para isso, ser proposta uma reflexo sobre a relao entre educador e educando, bem como sero estudadas as contribuies da Psicopedagogia no que diz res-peito s dificuldades de aprendizagem.Sero tambm enfocados alguns aspectos da Neuropsicologia no que se refere aprendizagem e construo da leitura e da escrita. Importante tambm, para a Psicopedagogia, sero os captulos sobre o trabalho com grupos e as contribui-es do trabalho com o ldico como modalidade de interveno na aprendiza-gem, bem como o trabalho com projetos e a proposta psicopedaggica da caixa de trabalho.Outro aspecto bastante discutido dentro das escolas, que ser enfocado nesse livro, a relao entre famlia e escola, com a proposta de refletirmos sobre que contribuio a Psicopedagogia pode nos dar.Espera-se que este estudo seja muito proveitoso, de maneira que as reflexes que realizarem sejam um diferencial significativo, no s na vida profissional, mas tambm para uma vivncia enquanto seres humanos.
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Enfocar o estudo da Psicopedagogia no mbito da instituio requer um conhecimento anterior que perpassa pelo conceito de Psicopeda-gogia como rea de estudo, bem como compreender sua abrangncia quando se define seu objeto de estudo como o ser cognoscente, aquele que busca conhecimento e aprende. Caracterizar a atuao da Psicopeda-gogia na instituio requer a compreenso das inter-relaes das diferen-tes unidades de anlise da Psicopedagogia, indivduo, grupo, instituio e comunidade.
Portanto, se tomarmos como base o que nos fala Barbosa (2000, p. 103), devemos ter cuidado somente para no fragmentar a Psicopedagogia a ponto de descaracteriz-la.
A Pscicopedagogia Institucional e a Psicopedagogia Clnica esto in-seridas em uma mesma disciplina que atua em diferentes mbitos. No podemos caracterizar prticas diferenciadas em cada uma delas, pois es-taramos salientando quatro diferentes psicopedagogias.
Para Barbosa (2001, p. 104),
[...] sempre que estivermos lendo referncias sobre a Psicopedagogia Institucional, leia-se Psicopedagogia atuando no mbito institucional, e, por isto, apresentando especificidades, o que no impede de relacionarmos seus contedos aos indivduos, aos grupos, s comunidades e s culturas que fazem parte da construo de uma instituio.
Como a Psicopedagogia chegou at a instituio?
Como de conhecimento de todos, o campo de conhecimento da Psi-copedagogia teve sua origem no atendimento aos problemas relaciona-dos com as dificuldades de aprendizagem. Porm, os estudos realizados nessa rea voltam-se cada vez mais para uma ao preventiva, pois foi se percebendo ao longo do tempo que preciso uma ao anterior ao apa-recimento dos problemas encaminhados clnica.
Acreditando-se que muitas dificuldades com que os sujeitos deparam- -se na construo da aprendizagem devam-se s relaes institucionais, escolares e familiares que influenciam diretamente nesse processo os
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trabalhos que foram sendo desenvolvidos por profissionais que atuaram dire-tamente com os problemas de aprendizagem mostraram que a interveno di-recionada ao sujeito identificado como portador de dificuldades muitas vezes adaptava-o a uma situao externa pretendida, deslocando o sintoma e no o eliminando.
Dessa forma, os profissionais que atuavam junto s questes que envolviam o objeto de estudo da Psicopedagogia foram ampliando seu campo de atua-o para mbitos mais abrangentes de forma a atuar no mbito etiolgico dos obstculos na aprendizagem, bem como foram transformando suas prticas em aes de cunho preventivo, onde a prioridade localiza-se no funcionamento da aprendizagem e no nos obstculos. Esse aspecto facilita a ao psicopedag-gica, pois so as potencialidades que devem ser ativadas para que obstculos sejam vencidos.
Voltado, ento, para as instituies que constituem o sujeito da aprendiza-gem, com aes mais preventivas do que remediativas, o psicopedagogo trans-forma a ateno individual em grupal. O suporte da abordagem sistmica, que produz no psicopedagogo uma mudana que alcana seu olhar e sua escuta, transforma a viso reducionista e mecanicista dos fenmenos em uma viso de circularidade e totalidade. Ele deve considerar a gama de relaes e ter um olhar direcionado para o todo e conceber a realidade por inteiro. As questes indivi-duais devem ser pensadas em relao ao contexto em que so produzidas e s relaes que so estabelecidas.
Para Bossa (2000, p. 89)
[...] a Psicopedagogia Institucional caracteriza-se pela prpria intencionalidade do trabalho. Atuamos como psicopedagogos na construo do conhecimento do sujeito, que neste momento a instituio com sua filosofia, valores e ideologia. A demanda da instituio est associada forma de existir do sujeito institucional, seja ele a famlia, a escola, uma empresa industrial, um hospital, uma creche, uma organizao assistencial.
O carter interdisciplinar da Psicopedagogia coloca-a como um campo que teoriza contemporaneamente sobre a questo da aprendizagem, efetivando sua prtica na relao entre aprendizagem e saberes mltiplos. No se funda-menta em bagagens conteudistas, mas sim em saberes que disputam prazer, configurando uma relao positiva com a aquisio de conhecimentos. Isso nos faz pensar a Psicopedagogia de forma articulada, sem rupturas e sem barreiras, com o objetivo de entender como as pessoas aprendem diante das experincias vivenciadas no cotidiano institucional.
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Psicopedagogia atuando no mbito da instituio
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Tradicionalmente, pode-se pensar a Psicopedagogia exclusivamente como um trabalho voltado para a instituio educacional. Porm, o olhar sobre a apren-dizagem que ela se prope a estabelecer oferece espao para a Psicopedagogia nas mais diversas instituies, visto que o processo de aprendizagem um pro-cesso constante no desenvolvimento do sujeito, inserido em todo o contexto.
A Psicopedagogia Institucional prope-se, portanto, a estar atenta s inme-ras possibilidades de construo do conhecimento e valorizar o imenso universo de informaes que nos circunda.
Dessa forma, se pensarmos na criana hospitalizada que ter novas rotinas inseridas na sua vida, ou vai saber sobre doenas, sobre o que pode ou no pode fazer, o psicopedagogo tem espao nos hospitais. Se pensarmos no motorista de nibus que dever aprender novas trajetrias, ter em mente uma nova distribui-o espacial da cidade, vai aprender a estabelecer novas relaes, h espao em uma empresa de nibus para o psicopedagogo. Assim, o psicopedagogo pode, nos mais diversos contextos institucionais, atuar sobre a aprendizagem.
Ndia Bossa (2000, p. 89) cita Fagali, que aborda a Psicopedagogia Institucio-nal, dizendo:
Dependendo da natureza da instituio, a Psicopedagogia pode contribuir trabalhando em vrios contextos:
Psicopedagogia familiar: ampliando a percepo sobre os processos de aprendizagem de seus filhos, resgatando a famlia no papel educacional, diferenciando as mltiplas formas de aprender e respeitando as diferenas dos filhos.
Psicopedagogia empresarial: ampliando formas de treinamento, resgatando a viso do todo, as mltiplas inteligncias, trabalhando a criatividade e os diferentes caminhos para buscar sadas, desenvolvendo o imaginrio, a funo humanstica e dos sentimentos na empresa, ao construir projetos e dialogar sobre eles.
Psicopedagogia hospitalar: possibilitando a aprendizagem, o ldico e as oficinas psicope- daggicas com os internos.
Psicopedagogia escolar: priorizando diferentes projetos.
Diagnstico da escola.
Busca da identidade da escola.
Definies de papis na dinmica relacional em busca de funes e identidade diante do aprender.
Instrumentalizao de professores, coordenadores, orientadores e diretores sobre prticas e reflexes diante de novas formas de aprender.
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Interveno Psicopedaggica na Escola
Reprogramao curricular, implantao de programas e sistemas avaliativos.
Oficinas para vivncia de novas formas de aprender.
Anlise de contedo e reconstruo conceitual.
Releitura, ressignificando sistemas de recuperao e reintegrao do aluno no processo.
O papel da escola no dilogo com a famlia.
A ao interventiva do psicopedagogo ressaltar as aprendizagens mltiplas construdas no contexto do sujeito, o aproveitamento de antigas aquisies e a sua reestruturao psicolgica, por intermdio da crena na sua capacidade de aprender sempre.
Segundo Visca (1991, p. 15), [...] a ampliao no mbito da Psicopedagogia nos deu a possibilidade tanto de estudar o sujeito individual em profundidade, quanto de extrapolar estes conceitos para o macrossistema, os quais antes no tinham sido pesquisados.
A partir desse pressuposto, ele prope uma anlise do processo de aprendi-zagem a partir de quatro unidades de anlises, determinando diferentes mbi-tos: o indivduo, o grupo, a instituio e a comunidade (VISCA, 1997, p. 22).
Indivduo
Grupo
Instituio
Comunidade
(VIS
CA, 1
997.
Ada
ptad
o)
No que se refere ao indivduo, que se caracteriza como a primeira unidade de anlise, Visca elaborou um quadro que mostra a evoluo da ateno ao indiv-duo com dificuldade de aprendizagem at o atendimento no nvel preventivo.
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Psicopedagogia atuando no mbito da instituio
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Crianas, adolescentes, adultos e terceira idade.5. momento
4. momento
3. momento
2. momento
1. momento
Aprendizagem sistemtica
Crianas, adolescentes, adultos e terceira idade.
Crianas, adolescentes, adultos e terceira idade.
Diagnstico e tratamento de adolescentes, adultos e terceira idade.
Diagnstico e tratamento de crianas.
Assistncia AssistnciaPreveno Preveno
(VIS
CA, 1
997,
p. 2
3. A
dapt
ado)
A segunda unidade de anlise, o grupo, vista como funcional que tambm aprende. A tarefa da Psicopedagogia consiste em aprender a aprender por meio de atividades que emergem do grupo como uma forma de resoluo de confli-tos cognitivo-afetivos. Portanto, ele pode ser estudado, em funo do vetor de aprendizagem, sendo importante diferenciar, na unidade funcional da aprendi-zagem grupal, a aprendizagem do grupo e a aprendizagem em grupo. Deve-se considerar que saber compreender a aprendizagem do grupo implica em uma tarefa mais complexa e completa. Portanto, o grupo constitui um nvel de inte-grao superior ao indivduo, um sistema ativo, no qual possvel reconhecer processos que so estratgias e mecanismos intrapsquicos (do prprio sujei-to) como tambm aprendizagens intragrupais, configurando-se no alcance de todos os graus de estabilidade.
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Interveno Psicopedaggica na Escola
A terceira unidade diz respeito instituio, o que nos interessa particular-mente, nesta disciplina. A instituio, nesta viso, concebida como um conjun-to de normas, costumes, usos etc. que permanecem por um tempo em funcio-namento e servem como referencial para a conduta grupal.
Considerando esse conceito, o enfoque psicopedaggico nos leva a perceber que no interior da instituio os grupos interagem entre si, ao mesmo tempo em que so configurados por normas prprias, porm sob a rigidez da ao ins-titucional. Os conflitos frente a esta ao nos ajudam a entender o processo da aprendizagem institucional.
Quando o nvel institucional permite o desenvolvimento da aprendizagem, fcil perceber um movimento adequado de crescimento, que desarticula qualquer possibilidade de ocluso ou cristalizao e fecha-se a intercmbios, impossibilitando a concretizao de um processo de aprendizagem conseguin-te quele que a constitui.
Considerando, portanto, essa reflexo terica, muitos profissionais esto di-recionando sua atuao psicopedaggica para diferentes instituies: empre-sas, hospitais, Ongs, associaes de bairros, unidades de sade etc. Essa atuao prope, segundo Bossa (2000, p. 89), um dilogo com um complexo que se ma-nifesta como um sistema particular, sendo o sujeito da aprendizagem a institui-o, com sua complexa rede de relaes.
Partindo desses pressupostos da Psicopedagogia Institucional, voltaremos nosso foco para a instituio educacional, ou melhor, prtica da Psicopeda-gogia no mbito da instituio educacional. Vocs devem ter percebido que a rede de relaes que permeia a ao do psicopedagogo exige, desse pro-fissional, um estudo aprofundado de todos os aspectos que se constituem como fundamentais para essa ao.
A instituio educacional cumpre uma importante funo social, socializan-do conhecimentos disponveis, promovendo o desenvolvimento cognitivo e a construo de regras de conduta, dentro de um projeto social mais amplo. Porm, por outro lado, o espao escolar sistematizado vem ao longo de sua his-tria priorizando a dimenso cognitiva em detrimento de um lugar para instn-cia afetiva, no que diz respeito ao processo de aprendizagem.
Esse posicionamento contribui para que o fenmeno da aprendizagem con-tinue a ser percebido como um processo racional, no qual o educador manipula o cognitivo, repetindo informaes que devem ser acumuladas e memorizadas.
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Psicopedagogia atuando no mbito da instituio
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O agente educativo que se disponibiliza a se especializar na rea de Psicope-dagogia, j mostra um sinal de que h um movimento nesse posicionamento frente aprendizagem. Tornar-se especialista em Psicopedagogia assumir um novo papel frente ao mundo, pois essa rea propicia uma transformao, que deve atingir inicialmente a instncia pessoal para assim modificar a instncia profissional.
Texto complementar
A questo dos sentidos: modos de pensar (e movimentar) o aprenderensinar nas
organizaes do sculo XXI(BEAUCLAIR, 2007)
IntroduoAnda, quero te dizer nenhum segredo / Falo nesse cho da nossa casa / Vem
que t na hora de arrumar. (O sal da terra, Beto Guedes e Ronaldo Bastos)
De acordo com Fagali (2004) um dos nossos maiores desafios o apren-der a transitar. No Brasil, a Psicopedagogia, j validada socialmente a partir de seus percursos e trajetrias, anseia por sua regulamentao profissional e, particularmente, acredito que uma das formas de ampliarmos parcerias neste sentido adentrarmos e transitarmos, cada vez mais, pelos espaos das organizaes.
interessante destacar que, neste sentido, o profissional de Psicopedago-gia brasileiro possui um ponto muito positivo a favor, visto que ele acaba por construir seu prprio movimento de saber-fazer, ou seja, a partir do fato de nossa profisso ainda no estar regulamentada e que a questo do aprender e do ensinar est cada vez mais presente no campo organizacional, amplia- -se suas perspectivas de trabalho. Alguns cuidados precisam ser tomados para no cairmos na tentao de construirmos novas especializaes. Laura Monte Serrat Barbosa nos alerta:
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Interveno Psicopedaggica na Escola
A meu ver, a Psicopedagogia uma s; acontece em diferentes espaos, com objetivos especficos, mas a forma de pensar sobre o aprendiz, de ver o processo de aprendizagem, de considerar o mundo e o conhecimento a mesma. O objeto de estudo a aprendizagem o mesmo e, por isso, no precisamos seguir modelos mdicos e psicolgicos e subdividir nossa rea. Somos especialistas em aprendizagem, independente do espao no qual essa aprendizagem se processa.
Assim, somos convocados a enfrentar o desafio de aprender a transitar por outros campos de conhecimento e aes humanas, mas sem perder a viso de que a Psicopedagogia trata do tema aprendizagem e de suas mlti-plas interaes, presentes nas atividades humanas. Nesse sentido, devemos nos movimentar com a finalidade de elaborarmos
[...] de modo consciente, nossas aes e prticas cotidianas, onde nossos valores, saberes e rituais se constituem numa elaborao-aprendizagem que se confunde com a construo de nossas subjetividades, de nossa profissionalidade, de nossa formao pessoal. Este um movimento de construo, que devemos perceber como processo de articulao com o outro, com o mundo e com os nossos tantos dilemas, presentes no nosso acionar cotidiano. (BEUCLAIR, 2007, p. 81)
[...]
Learning organization: diferentes espaos e tempos da aprendizagemS posso compreender um todo se conheo, especificamente, suas partes.
Mas s posso compreender as partes, se conheo o todo. (Pascal, filsofo)
Na atualidade, sabemos que diferentes programas de aprendizagem so colocados em movimento nas organizaes como modo de buscarem van-tagens que as diferenciem, de maneira competitiva, no mercado. Assim, o grande desafio que se configura transformar a organizao em uma learning organization, ou seja, trazer para a organizao a ideia de ser uma organizao que aprende ou, como gosto de falar, uma organizao aprendente.
O que caracteriza uma organizao aprendente, a meu ver, o envolvi-mento de todos os sujeitos que dela fazem parte em processos de incorpo-rao das cinco disciplinas de aprendizagem caracterizadas por Peter Senge (1997): domnio pessoal, modelos mentais, viso compartilhada, aprendizado em equipe e pensamento sistmico. Senge percebe que, no cotidiano das or-ganizaes, a importncia da tecnologia da informao para o aprendizado organizacional relativa e que processos de treinamento assim tambm se apresentam. De acordo com suas ideias, os sujeitos aprendem no cotidiano e no decorrer de suas experincias.
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Psicopedagogia atuando no mbito da instituio
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[...]
Aqui reside um ponto significativo para atuao do profissional de Psico-pedagogia nas organizaes: de que modo o psicopedagogo pode trabalhar questes importantes, tais como aprendizagem, liderana, conhecimento, in-formao e relaes interpessoais neste espao social? Que tipo de interven-o pode esse profissional realizar ao transitar por espaos e tempos to singulares?
[...]
Novos desafios no aprenderensinar nas organizaesFeliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina. (Cora Co-
ralina)
Antes de ampliar este item, cabe um esclarecimento: porque grafar apren-derensinar desta maneira? Penso e insisto, sempre, que preciso criar novos modos para falarmos sobre coisas j ditas, mas que necessitam de novas reconfiguraes. No mbito psicopedaggico de grande valia construir campos de sentido novos s nossas aes, intervenes e palavras. Aqui, a pa-lavra aprenderensinar pode ser percebida claramente como uma juno dos processos essenciais de construo do conhecimento: aprender e ensinar.
Esclarecido este ponto, vejamos os desafios que considero emergentes nas organizaes de nosso tempo.
Primeiro desafio:
Compreender que uma organizao simultaneamente um sistema cul-tural, um sistema simblico e um sistema imaginrio que, combinados geram a cultura organizacional. Para o trabalho psicopedaggico nas organizaes preciso que se compreenda, de modo efetivo, todo esse processo.
Segundo desafio:
Ampliar as capacidades criativas das organizaes, promovendo novos modos de fazer circular dados, informao e conhecimento, facilitando, assim, o desenvolvimento do pensamento sistmico ao fazer proposies de interligao entre as partes e o todo. Com movimentos cotidianos de trans-misso de conhecimentos se vivencia o estar junto com, e assim, os sujeitos aprendem de modo contnuo.
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Interveno Psicopedaggica na Escola
Terceiro desafio:
Ateno especfica s revises paradigmticas de nosso tempo. Urge, nos espaos e tempos organizacionais, ampliar vises de futuro a partir da aprendizagem, percebendo que para acontecer novos movimentos, neces-srio se faz abandonar os que se encontram desgastados com o tempo e que no possuem serventia na contemporaneidade.
Quarto desafio:
Desenvolvimento de estruturas mais flexveis que sejam propulsoras de aprendizagens, independente dos ambientes se apresentarem de modo es-tveis ou instveis. Aqui a maior percepo que podemos ter que a aprendi-zagem transforma o sujeito aprendente, primeiro em seus aspectos internos (auto-organizao) e, a posteriori, nos aspectos externos (complexificao).
Quinto desafio:
Construir culturas de teias sistmicas, onde as diferentes percepes dos sujeitos aprendentes nos espaos e tempos organizacionais sejam validadas a partir da constatao de que cada um de ns s alguma coisa pelo fato de sermos seres de relao. Nossas ancestralidades comprovam que s che-gamos at aqui, em nossa histria de evoluo enquanto espcie biolgi-ca, porque somos seres que se agregam e se relacionam. Na atualidade, o resgate necessrio se faz presente na noo de interdependncia, ou seja, ns somos e nos definimos a partir do conjunto de relacionamentos que possumos.
Sexto desafio:
Na configurao do mundo atual, vivemos a sociedade do conhecimen-to que, para o seu pleno desenvolvimento, exige a competncia do apren-der a aprender, envolvendo tudo e todos. Organizaes aprendentes so organizaes onde se busca transformar em realidade concreta o seguinte pensamento:
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Psicopedagogia atuando no mbito da instituio
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Na sociedade do conhecimento as pessoas precisam aprender a aprender. Na verdade, na sociedade do conhecimento as matrias podem ser menos importantes que a capacidade dos estudantes para continuar aprendendo e que a sua motivao para faz-lo. A socieda-de ps-capitalista exige aprendizado vitalcio. (FANTOVA, 2005)
Stimo e ltimo desafio:
Promover a convivncia dos contrrios e favorecer a unidade na diferena tarefa/desafio essencial em nosso tempo presente. Somos convocados, en-quanto sujeitos, a uma postura rigorosa focada no resgate de condutas e ati-vidades pr-sociais que tragam qualidade de vida para todos. O mundo do trabalho uma importante parcela da vida humana, onde o sujeito dedica tempo, fora e energia. Entretanto, muito ainda temos a fazer para que pos-samos ampliar o prazer e a alegria de estar trabalhando.
Nos espaos e tempos de atuao profissional, o resgate da amorosidade, do respeito, da afabilidade e da mansido favorece ao crescimento de todos. Estratgias significativas podem ser utilizadas pelo profissional psicopeda-gogo para sensibilizar coraes e mentes para o outro, respeitando as dife-renas e percebendo que nenhum humano possui todas as competncias, capacidades e habilidades presentes em nossa espcie: cada um, com sua constituio, colabora para a formao do belo mosaico da vida humana. [...]
Dica de estudoAcesse o site do Instituto de Desenvolvimento do Potencial Humano .
Nele h dicas de leitura, artigos interessantes para uma leitura reflexiva e muitas informaes relevantes para o gestor educacional e o psicopedagogo institucional.
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Interveno Psicopedaggica na Escola
Atividades1. Comente a seguinte afirmativa, tomando como base a proposta terica da
rea de estudo da Psicopedagogia: O enfoque da Psicopedagogia Institu-cional a relao de saberes construdos pelo sujeito em seu contato com a instituio em que se insere (VASCONCELOS, 2003).
2. Assinale a afirmativa que contempla as diferentes aes que a Psicopedago-gia pode desenvolver no mbito institucional.
a) Avaliao clnica das dificuldades da aprendizagem e aulas de matemtica.
b) Instrumentalizao de professores, reprogramao curricular e oficinas para vivncia de novas formas de aprender.
c) Diagnosticar o aluno em sala de aula e realizar interveno individual.
d) Gesto de uma escola particular e seleo de professores.
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Psicopedagogia atuando no mbito da instituio
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3. Relacione a coluna da direita com a da esquerda, de maneira que os contex-tos institucionais que o psicopedagogo pode atuar se relacionem com as prticas possveis.
( 1 ) Psicopedagogia Empresarial ( ) Oficinas com internos
( 2 ) Psicopedagogia Familiar ( ) Diversificar o treinamento
( 3 ) Psicopedagogia Hospitalar ( ) Resgatar o papel educacional dos pais
( 4 ) Psicopedagogia Escolar ( ) Resgatar a relao famlia e escola
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Psicopedagogia atuando no mbito da instituio1. No interior da instituio os grupos interagem entre si, ao mesmo tem-
po que so configurados por normas prprias, porm sobre a rigidez da ao institucional.
2. B
3. 3, 1, 2, 4
Gabarito
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