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4. MODELO CONCEITUAL PRELIMINAR
Os dados obtidos na presente etapa foram interpretados visando formular hipóteses a
respeito das características das fontes de contaminação, das prováveis vias de
transporte dos contaminantes, da distribuição espacial da contaminação e dos
prováveis receptores e bens a proteger, que possam vir a ser potencialmente
atingidos. Desta forma, foi estabelecido o Modelo Conceitual Preliminar para a área
em questão.
A área do Lixão Alvarenga, alvo desta investigação, apresenta área aproximada de
330000m², está inserido na Bacia Hidrográfica da Billings dentro dos limites da área de
proteção de Mananciais (conforme a Lei nº 1.172 de 1976), situada na maior parte no
município de São Bernardo do Campo e foi iniciado em 1972/73 a partir de uma gleba
de utilidade pública para aterro sanitário. Este terreno tem como coordenadas centrais
UTM SAD 69 7373600N e 335500E.
Anteriormente nessa área havia uma lavra de argila e/ou areia. Desde 1976 não
houve mais controle da disposição dos resíduos nessa área, tendo sido depositados
resíduos domésticos, industriais, hospitalares e entulho de construção civil, este
último mais recentemente, na encosta oeste do lixão.
Em 1987 houve o fechamento do acesso para o lixão a partir de São Bernardo do Campo,
no entanto, as atividades de disposição de resíduos se mantiveram a partir de Diadema,
sendo encerradas oficialmente em 16 de julho de 2001.
A análise multitemporal da área do Lixão Alvarenga mostrou que em 1970 nessa área havia
uma lavra de argila/areia, e que em 1977 já estavam sendo realizadas as atividades de
disposição de resíduos, sendo que em 1998 verificou-se a maior extensão dessa disposição,
inclusive extrapolando e alterando os limites previamente definidos para o presente estudo.
Observou-se ainda, nessas imagens, a construção e instalação de residências nessa área e
entorno. Na foto de 2003 foram observadas evidências da parada das atividades, com o
aumente da vegetação.
Segundo estimativa feita pela CETESB – Companhia de Tecnologia e Saneamento
Ambiental, em quase 30 anos, de 1972, quando foi criado, até os dias de hoje, cerca de 2
22
milhões de toneladas de lixo foram depositados na área do Lixão do Alvarenga, tratando-se de
um local de disposição de grande porte (JICA,2002).
O lixão foi implantado em uma micro-bacia que drena de norte para sul, sentido represa
Billings.
É possível considerar que os resíduos estejam relativamente estabilizados a julgar pelo
tempo decorrido, mas as medidas de estabilidade não são adequadas na área. Devido à
inexistência de um sistema de escoamento e drenagem adequado há a possibilidade de
que águas contaminadas e/ou chorume já tenham, ou ainda venham a atingir, a Represa
Billings, uma vez que o fluxo das águas superficiais e subterrâneas é dado de norte para
sul, sentido represa.
Outro impacto importante é a formação de bolsões de gases, entre os quais se destaca o
gás metano, decorrentes de reações químicas resultantes do processo de decomposição
da matéria orgânica existente no lixo, que podem vir a provocar combustão espontânea,
conforme há relatos no local por moradores.
Atualmente, a maior parte dos resíduos encontra-se recoberto por vegetação, mas em
alguns locais é possível observar lixo exposto, devido a declives fortes ou ainda pela
erosão pluvial. Há ainda má drenagem com pontos onde se formam poças e brejos.
A área de estudo situa-se regionalmente nos domínios das rochas do embasamento
cristalino, relacionados aos metassedimentos e às suítes graníticas, fácies Cantareira e
seus derivados milonitizados. Com relação à hidrogeologia, o sistema desenvolvido nessas
rochas é o Sistema Aquífero Cristalino.
Os atuais moradores do local (potenciais receptores), assim, como os situados mais
diretamente em sua vizinhança, estão sujeitos tanto a efeitos de potencial contaminação,
como a riscos decorrentes de solapamentos, subsidências e escorregamentos, devido à
instabilidade do maciço, e a efeitos da emissão de metano, como combustões
espontâneas nas áreas das residências.
Assim, uma vez verificada a inexistência dos controles necessários à contenção dos
impactos referentes ao lixo depositado no local, a área deverá ser tratada como uma AS –
Área Suspeita de Contaminação, e realizada a investigação confirmatória do local.
23
5. INVESTIGAÇÃO AMBIENTAL CONFIRMATÓRIA
As atividades descritas nesse capítulo visaram o atendimento do item 4 constante no
documento nº 001/10/TACR emitido pela CETESB.
5.1. Descrição das Atividades Realizadas e dos Métodos Empregados
Todos os procedimentos de campo foram realizados de acordo com as normas e
regulamentos ambientais em vigor:
CETESB – Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas (2006);
ABNT, NBR 15495-1 e 15495-2 – Poços de Monitoramento de águas
subterrâneas em aqüíferos granulares –);
20ª Edição do Standard Guide for the Examination of Water and Wastewater.
CETESB – Decisão de Diretoria nº 103/2007/C/E de 22/06/2007.
5.2. Delimitação da Área de Trabalho
Esta etapa foi realizada para definir quais os pontos a serem investigados para
caracterização da contaminação potencial decorrente de sua atividade. Para tanto,
utilizaram-se planta do local, histórico do ocorrido, características sobre o meio físico
local e regional, uso e ocupação da área, além de características sobre os
contaminantes a serem encontrados.
5.3. Caracterização do Meio e das Fontes de Contaminação
Para a caracterização do meio e das fontes de contaminação foram realizadas
sondagens, instalados poços de monitoramento e coletadas amostras de solo e de
água subterrânea, além da execução de interpretações técnicas. Os trabalhos foram
conduzidos da seguinte forma:
24
5.4. Definição dos Pontos de Amostragem
O plano de amostragem foi estabelecido para a caracterização da área de interesse e
foi direcionado de forma a identificar possíveis passivos ambientais, assim como o
entendimento da provável distribuição dos contaminantes.
Foram realizadas 19 sondagens, sendo que 2 sondagens foram realizadas
exclusivamente para amostragem de solo e 17 sondagens foram realizadas para
instalação de poços de monitoramento. As investigações foram distribuídas de forma a
abranger toda a área de interesse, considerando-se o sentido preferencial de fluxo da
água subterrânea, e ainda, influências passíveis de interferir no meio.
Foi considerado o levantamento de informações com antigos residentes e
trabalhadores do lixão sobre as principais áreas de disposição de resíduos, além das
áreas onde atualmente estão situadas residências. Ressalta-se que PM-17 foi instalado
com o objetivo deste poço representar o background da área, pois encontra-se fora
da área de influência dos depósitos de lixo, como alternativa a se obter pontos de
montante, uma vez que o antigo lixão está situado em um local com a conformação
de um anfiteatro, e o lixo ocupa inclusive os pontos mais altos próximos ao limite, na
divisa de bacias, não foi possível instalar poços de montante “brancos”, pois nos
pontos mais altos as sondagens não interceptaram o nível d’água, tendo encontrado o
topo rochoso impenetrável.
No entanto, foram realizadas tentativas de instalação de poços de monitoramento no
alto dos morros, na porção norte e oeste do terreno, mas como as cotas são muito
altas, não foi atingido o nível d’água até os 26,80 metros perfurados, tendo sido
encontrado o topo rochoso impenetrável sem ser atingido o nível d’água. A oeste, no
SPT-04 e a leste, no SPT-05, também houve a perfuração até 14,5m e 12,5m,
respectivamente, e não foi atingido o nível de água subterrâneo, mas sim o nível
impenetrável.
Na Tabela 5.4.1.1 pode ser observada a relação dos pontos de investigação e a
justificativa de localização dos mesmos. O Desenho 04 – Anexo I apresenta os
pontos de investigação realizados na área de estudo.
25
Tabela 5.4.1.1 Relação dos pontos de investigação e justificativa de locação.
Pontos de Investigação Localização das Investigações
PM-01 Jusante das casas que apresentaram relatos de emissões de metanoPM-02 Centro-sul da área, próximo à antiga balança de caminhõesPM-03 Jusante das casas que apresentaram relatos de emissões de metanoPM-04 No centro da área avaliada PM-05 Jusante das residências da porção nordeste da área PM-06 Margem esquerda da drenagem PM-07 A norte da delimitação da área do lixão (Município de Diadema)PM-08 A nordeste da delimitação da área do lixão (Município de Diadema)PM-09 A oeste da área, jusante do "lixo químico"PM-10 A sudoeste da área avaliada, jusante do "lixo químico"PM-11 A sul da área avaliada PM-12 A sul da área avaliada, na estrada de entrada do AterroPM-13 A sul da área avaliada PM-14 Na porção central da áreaPM-15 Vertente sul do lixão PM-16 Vertente norte do lixão (Diadema) PM-17 Vertente oeste do lixãoPE-02 Ponto de coleta de amostra de solo a oeste do poço PM-02PO-09 Ponto de coleta de amostra de solo, a noroeste do poço PM-05
26
5.4.1. Sondagens à Percussão
Foram realizadas seis sondagens geotécnicas à percussão para avaliação das
características geotécnicas do terreno, visando a futuras obras do local, utilizando-se
a metodologia SPT (Standart Penetration Test - Ensaio de Penetração Padronizado).
Este ensaio é realizado a cada metro, durante o transcorrer da sondagem. Utiliza-se
um barrilete-amostrador padrão, que é cravado no fundo da sondagem através de
golpes de um peso (martelo) de 65 Kg, caindo livremente de uma altura de 75 cm
sobre a composição de hastes que está ligado ao amostrador. São assinalados nas
hastes três trechos de 15 cm, e a seguir anotados o número de golpes necessários à
penetração de cada trecho.
O valor da resistência à penetração obtido consistirá no número de golpes necessários
à cravação dos 30 cm finais do barrilete-amostrador. O critério de paralisação de
sondagem adotado para o trabalho foi atingir mais de 15 golpes (no mínimo) em três
ensaios seguidos, ou mais de trinta golpes em 15 cm. Alternativamente, entre os
trechos de ensaio se utilizou a lavagem por tempo acima de 30 minutos para 15
centímetros como critério para paralisação. Os perfis descritivos e os valores de
penetração encontrados aparecem no Anexo V. A localização das seis sondagens
realizadas é mostrada na Figura 5.
5.4.2. Sondagens
Foram realizadas na área 19 sondagens para coleta de solo e para instalação dos
poços de monitoramento com profundidade máxima de 16,40 metros. O Desenho 04
– Anexo I apresenta os pontos de investigação realizados na área de estudo.
Solo e fragmentos de rocha coletados durante as perfurações foram examinados
quanto a características organolépticas, como cor, odor, e descritos pelo técnico de
campo. Além disso, foram anotadas profundidades e propriedades das camadas
detectadas e diferentes características geológicas observadas em cada sondagem.
Essas características geológicas estão apresentadas nos perfis descritivos de
sondagem no Anexo VI.
27
FIGURA 5. LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS SPT
28
5.4.3. Instalação de Poços de Monitoramento
Os poços de monitoramento foram instalados usando-se como referência a norma
ABNT NBR 15495 (Junho/2007) – “Poços de Monitoramento de águas subterrâneas em
aqüíferos granulares”. Os perfis construtivos desses poços encontram-se no Anexo
VI.
Os poços de monitoramento foram revestidos com tubos de PVC Geomecânico, com 2”
de diâmetro e seção filtrante de 2 e 3 metros.
Foram instalados, na área investigada, poços de monitoramento, com profundidade
máxima de 16,40m. Os poços apresentam as mesmas características construtivas,
tendo sido instalados com tubos de PVC Geomecânico de 2’’ de diâmetro e seção
filtrante de 2 e 3 metros.
O espaço anelar entre a seção filtrante e a parede da sondagem foi preenchido com
pré-filtro, areia grossa lavada, no intuito de evitar a possível entrada de material
particulado no poço, contudo, permitindo a máxima entrada de água em seu interior.
O espaço anelar entre a coluna de revestimentos e a parede de solo foi vedada, logo
acima da seção filtrante, com uma camada de bentonita pelletizada. Acima dessa
camada, foi realizado preenchimento do espaço anelar com solo-cimento. Na porção
final, junto à superfície, executou-se a proteção sanitária, com selo de bentonita e
cimento.
Após instalação, os poços foram desenvolvidos até que a turbidez da água fosse
significativamente reduzida (remoção do excesso de sedimentos finos e outros
materiais em suspensão).
5.4.4. Amostragem
5.4.4.1. Amostragem de Solo
A amostragem foi realizada de modo a assegurar a obtenção de informações
confiáveis a respeito da existência, concentração e distribuição na área investigada,
de determinadas substâncias de interesse.
29
Não foram coletadas amostras de solo em todos pontos, devido ao nível d’água
subterrâneo ter sido atingindo muito superficialmente, portanto, as amostras foram
coletadas em pontos onde o solo não estava saturado.
Em alguns pontos, onde houve a perfuração de camada de lixo, houve a coleta em
duas profundidades de solo para todos os parâmetros. Nos pontos em que não havia
lixo, houve a coleta de Metais, PCB e Pesticidas em porções rasas e VOC e SVOC
foram coletadas na franja capilar, nas amostras onde não foram observadas
concentrações de gases.
Para a amostragem de solo, foram retiradas duas alíquotas de solo, sendo uma
mantida em frascos apropriados para avaliação analítica dos parâmetros químicos de
interesse (liner de polietileno), armazenada sob refrigeração, e outra colocada em
saco plástico auto-selante, para a medição da concentração de gases, ainda no
campo.
As leituras de gases no solo (ppm) foram realizadas com o uso do equipamento
Thermo Gastech Serie Innova, devidamente calibrado, conforme relatório de
calibração apresentado no Anexo VII. Foram lidos os valores, tanto incluindo o
Metano, assim como excluindo a concentração do mesmo para comparação..
Todas as amostras para os parâmetros de interesse foram acondicionadas em frascos
de vidro de boca larga, totalmente preenchidos, e com tampas com vedação em teflon
e preservadas através de refrigeração ainda em campo, para garantir sua qualidade.
Para garantir o sigilo do trabalho e a qualidade dos resultados, a BTX adota uma
identificação interna para cada uma das amostras coletadas, conforme apresentado na
Tabela 5.4.4.1.1. O Desenho 04 – Anexo I apresenta os pontos de investigação
realizados na área de estudo.
30
Tabela 5.4.4.1.1. Correspondência entre a nomenclatura das amostras de
solo e a numeração da cadeia de custódia enviada ao laboratório.
Ponto de Amostragem
Identificação BTXData da Coleta
Profundidade da Coleta (m)
Conc. De Gases. Incluindo CH4
(ppm)
Conc. De Gases. (ppm) Excluindo CH4
(ppm)Parâmetros Analisados
1404.01-S-0056 19-jan-10 0,3 220 110
1404.01-S-0057 19-jan-10 1,3 220 180
PE-02 1404.01-S-0058 20-jan-10 0,3 2820 0
1404.01-S-0051 26-jan-10 0,90 380 0
1404.01-S-0060 26-jan-10 0,3 160 0
PO-09 1404.01-S-0052 28-jan-10 0,3 180 0
PM-05 1404.01-S-0053 28-jan-10 0,3 580 0
PM-01 1404.01-S-0059 26-jan-10 0,3 0 0
1404.01-S-0054 29-jan-10 0,3 180 0
1404.01-S-0055 29-jan-10 0,80 560 0
0,3Metais, Pesticidas Organoclorados, Pesticidas
Organofosforados e PCB
14 VOC (Varredura), SVOC (Varredura),
0,3Metais, Pesticidas Organoclorados, Pesticidas
Organofosforados e PCB
6 VOC (Varredura), SVOC (Varredura),
0,3Metais, Pesticidas Organoclorados, Pesticidas
Organofosforados e PCB
2 VOC (Varredura), SVOC (Varredura),
Metais (Ag, As, Be, Cd, Cu, Cr, Hg, Ni, Pb, Sb, Se, e Zn),
PM-02
PM-03
PM-06
PM-15
1404.03-S-2304
PM-18
1404.03-S-2308PM-17
1404.03-S-2307PM-16
PM-13
1404.03-S-2303PM-12
22-jun-10
18-jun-10
17-jun-10
17-jun-10
21-jun-10
6-jul-10
1404.03-S-2309
1404.03-S-2306
0,3 120 0
Metais, VOC (Varredura), SVOC (Varredura), Pesticidas Organoclorados, Pesticidas Organofosforados e PCB
0 0
0 0
Metais, VOC (Varredura), SVOC (Varredura), Pesticidas Organoclorados, Pesticidas Organofosforados e PCB
Metais, VOC (Varredura), SVOC (Varredura), Pesticidas Organoclorados, Pesticidas Organofosforados e PCB
0,3 0 0
0,3 0 0
0 0
5.4.4.2. Amostragem de Água Subterrânea
Visando o entendimento da potencial contaminação na água subterrânea local, a
presente investigação consistiu da avaliação dos 17 poços de monitoramento
instalados no presente estudo.
31
Uma vez que a água estagnada dentro do poço de monitoramento e da região do pré-
filtro possui equilíbrio físico-químico diferente da água do aqüífero, adotou-se
previamente a amostragem de água, a retirada de volume de água correspondente a
pelo menos três vezes o volume contido em cada poço. Cita-se que este procedimento
foi realizado com amostrador descartável do tipo bailer, baixado lentamente no
interior do poço, de forma a não ocasionar o efeito “cascata”, perturbando
minimamente o aqüífero em questão.
A amostragem de água ocorreu após a recuperação do nível d’água a valores
compreendidos entre 70% e 100% do nível original. Cita-se que o intervalo entre a
purga e a amostragem de água não ultrapassou 24 horas.
Conforme consta no item 4.3 do documento nº 001/10/TACR, foram coletadas
amostras de água para determinação das substâncias contidas na lista 1 deste
documento (N-Amoniacal, COD (Carbono Orgânico Dissolvido), COT (Carbono
Orgânico Total), Ferro, Manganês, Alumínio, Nitrato, Cloreto e Sulfato), em dois poços
dentro da área avaliada (PM09 e PM-09) e em 1 poço localizado fora da área de
influência do depósito de lixo (poço de background – PM-17), conforme relatado no
item 5.3 deste relatório sobre a dificuldade de se instalar poços a montante.
A água subterrânea coletada foi armazenada em frascos apropriados sendo 1 frasco
plástico para Metais Totais, 1 frasco plástico para Sulfato e Cloretos, 1 Frasco de
vidro para COD e COT e 1 Frasco plástico para Nitrato e N-Amoniacal. Na Tabela
5.4.4.2.1 é apresentada a correlação de identificação interna das amostras. O
Desenho 04 – Anexo I apresenta os pontos de investigação realizados na área de
estudo.
TABELA 5.4.4.2.2– Identificação das Amostras de Água Subterrânea
enviadas ao Laboratório para Análise Química – Lista 1.
Local da ColetaIdentificação da
Amostra Data de Coleta Parâmetros Analisados
PM-17 1404.03-A-3646 7-out-10
PM-09 1404.03-A-3647 7-out-10
PM-12 1404.03-A-3648 7-out-10
N-Amoniacal, COD (Carbono Orgânico Dissolvido), COT
(Carbono Orgânico Total), Ferro, Manganês, Alumínio, Nitrato e
Sulfato
32
As coletas foram realizadas com amostradores descartáveis de polietileno do tipo
bailer, sendo o primeiro volume de água descartado e os seguintes amostrados.
Foram também coletadas amostras de água subterrânea para análise dos parâmetros
das listas 2 e 3 do constantes no documento 001/10/TACR em atendimento ao item
4.3 do mesmo.
A água subterrânea coletada foi armazenada em frascos apropriados sendo 2 vials de
40 ml com HCl para VOC (Compostos Orgânicos Voláteis), 1 Âmbar de 1 litro para
SVOC (Compostos Orgânicos Semi-Voláteis), 1 Âmbar de 1 litro para Pesticidas
Organoclorados e Organofosforados (POC e POF), 1 Âmbar de 1 litro para PCB
(Bifenilas Policloradas), e 1 frasco plástico de 500 ml com HNO3 para Metais. Visando
garantir o sigilo do trabalho e a qualidade dos resultados adotou-se para cada uma
das amostras coletadas uma identificação interna da BTX, apresentada na Tabela
5.4.4.2.2.
Todas as amostras foram preservadas em caixas térmicas com gelo enquanto
permaneceram no campo e, posteriormente, conservadas em refrigerador a 4ºC até o
envio ao laboratório.
Após a amostragem de água, os poços foram fechados e lacrados para evitar
interferências futuras de pessoas não autorizadas.
33
TABELA 5.4.4.2.2– Identificação das Amostras de Água Subterrânea
enviadas ao Laboratório para Análise Química – Listas 2 e 3.
Local da Coleta Identificação da Amostra Data de Coleta Parâmetros Analisados
PM-01 1404.01-A-0061 3-fev-10
PM-02 1404.01-A-0062 8-fev-10
PM-03 1404.01-A-0063 8-fev-10PM-04 1404.01-A-0064 3-fev-10PM-05 1404.01-A-0065 3-fev-10PM-06 1404.01-A-0066 8-fev-10PM-01 1404.03-A-2927 19-ago-10PM-02 1404.03-A-2928 19-ago-10PM-03 1404.03-A-2929 19-ago-10PM-06 1404.03-A-2932 19-ago-10PM-07 1404.03.A-2901 17-ago-10PM-08 1404.03.A-2902 17-ago-10PM-09 1404.03.A-2903 17-ago-10PM-10 1404.03.A-2904 17-ago-10PM-11 1404.03.A-2905 17-ago-10PM-12 1404.03.A-2906 17-ago-10PM-13 1404.03.A-2907 17-ago-10PM-14 1404.03.A-2908 17-ago-10PM-15 1404.03-A-3623 4-out-10PM-16 1404.03-A-3624 4-out-10PM-17 1404.03-A-3625 7-out-10
Metais* (Ag, As, Be, Cd, Cu, Cr, Hg, Ni, Pb, Sb, Se, e Zn),
Metais*, VOC (Varredura), SVOC (Varredura),
Pesticidas Organoclorados, Pesticidas
Organofosforados e PCB
Metais*, VOC (Varredura), SVOC (Varredura).
Pesticidas Organoclorados, Pesticidas Organofosforados e PCB
Em agosto, na campanha de amostragem para coleta de POC, POF e PCB, observou-
se que o poço PM-04 estava destruído e o PM-05 estava seco.
5.4.4.3. Amostragem de Água Superficial
A amostragem de água superficial foi efetuada em cinco pontos dispostos por toda a
área do antigo lixão. A amostragem foi realizada manualmente, através da inserção
dos frascos na água, a profundidade média de 10-15 cm da superfície.
A água superficial coletada foi armazenada em frascos apropriados sendo 2 vials de
40 ml com HCl para VOC (Compostos Orgânicos Voláteis), 1 Âmbar de 1 litro para
34
SVOC (Compostos Orgânicos Semi-Voláteis), 1 frasco plástico de 500 ml com HNO3
para Metais, 1 frasco plástico para Nitrito, 1 Frasco de vidro para DBO, 1 Frasco de
vidro para DQO, 1 Frasco de vidro para Sólidos Dissolvidos Totais, 1 Frasco de vidro
para Fósforo e 1 Frasco plástico para Nitrato e N-Amoniacal.
Para garantir o sigilo do trabalho e a qualidade dos resultados a BTX adota para cada
amostra coletada uma identificação interna. A identificação das amostras é
apresentada na Tabela 5.4.4.3.1. O Desenho 04 – Anexo I apresenta os pontos
de amostragem de água superficial realizados na área de estudo.
Tabela 5.4.4.3.1. Correspondência entre a nomenclatura das amostras de
água superficial.
Local da Coleta Identificação da Amostra Localização Data de Coleta Parâmetros Analisados
AS-01 1404.01-A-0067 A nordeste do PM-02
AS-02 1404.01-A-0068Na porteira a leste, próximo à
antiga balança
AS-03 1404.01-A-0069A jusante da área das residências,
leste do PM-01
AS-04 1404.01-A-0070Leste do PM-06, montante das
residências a sul
AS-031404.03-A-3649
A jusante da área das residências, leste do PM-01
AS-04 1404.03-A-3650Leste do PM-06, montante das
residências a sul
AS-05 1404.03-A-3651A sul da área avaliada, próximo ao
poço PM-13
Nitrito, Nitrato, DBO, DQO, Totais de Sólidos Dissolvidos, Nitrogênio Amoniacal e Fósforo
7-out-10
Metais (Ag, As, Be, Cd, Cu, Cr, Hg, Ni, Pb, Sb, Se, e Zn), VOC (Varredura), SVOC
(Varredura). 3-fev-10
35
5.5. Análises Químicas
No presente trabalho foram analisados os parâmetros Metais (Ag, As, Be, Cd, Cu, Cr,
Hg, Ni, Pb, Sb, Se, e Zn), VOC (Compostos Orgânicos Voláteis), SVOC (Compostos
Orgânicos Semi Voláteis), PCB (Bifenilas Policloradas), POC (Pesticidas
Organoclorados), POF (Pesticidas Organofosforados) Nitrito, Nitrato, DBO, DQO,
Totais de Sólidos Dissolvidos e Fósforo, N-Amoniacal, COD (Carbono Orgânico
Dissolvido), COT (Carbono Orgânico Total), Ferro, Manganês, Alumínio e Sulfato. A
relação das amostras enviadas encontra-se no Anexo VIII (Cadeia de Custódia).
As análises foram realizadas nos laboratórios CORPLAB do Brasil Ltda e ANALYTICAL
TECHNOLOGY. Os métodos analíticos utilizados para as análises foram descritos pela
USEPA (United States Environmental Protection Agency), conforme descrito:
SVOC, segundo os métodos USEPA 3550C e 8270D para solo, e segundo os
métodos USEPA 3510C e 8270D para água;
VOC, segundo o método USEPA 8260B para solo e água subterrânea;
Metais, segundo o método USEPA 3050B e 6010C para solo, e segundo os
métodos USEPA 3005A e 6010C para água subterrânea;
Mercúrio, segundo o método USEPA 7471B para solo e para água subterrânea;
PCB, segundo o método USEPA 8082A para solo e para água subterrânea;
POC, segundo o método USEPA 8081B para solo e para água subterrânea;
POF, segundo o método USEPA 8081B para solo e para água subterrânea
Cloreto, segundo o método SM 4500 para água subterrânea
Sulfato, segundo o método USEPA 375.4 para água subterrânea
Amônia e Derivados, segundo o método EPA 350.2 para água subterrânea
Nitrato, segundo o método USEPA 353.3 para água subterrânea
Nitrito, segundo o método SM 4500 para água subterrânea
Sólidos Totais, segundo o método USEPA 160.3 para água subterrânea
DBO, segundo o método SM 5210 B para água subterrânea
DQO, segundo o método SM 5220 B para água subterrânea.
36
5.6. Topografia e Potenciometria
Com o objetivo de se obter a carga hidráulica do nível de água nos poços de
monitoramento, foi realizado o cadastramento topográfico e nivelamento dos poços,
para que se obtivesse uma potenciometria representativa da área avaliada. O
levantamento topográfico foi realizado com GPS Geodésico de amarração com
coordenadas UTM, em atendimento ao item 6 do documento nº 001/10/TACR.
Através do nivelamento das tampas das proteções sanitárias dos poços de
monitoramento e das medições dos níveis d’água, foram estabelecidas as cotas do
nível d’água em todos os poços instalados. Estes dados foram plotados e interpolados
entre as diferentes cotas, obtendo-se como produto final o mapa potenciométrico
para a área.
5.7. Determinação da Condutividade Hidráulica (K)
Através dos ensaios de recuperação executados em quatro poços (PM-05, PM-08,
PM-09 e PM-12) instalados em diferentes camadas (Anexo IX), foram obtidos valores
de condutividade hidráulica no meio analisado. Esse ensaio consistiu basicamente em:
Medição com sonda elétrica do nível estático da água no poço;
Bombeamento até que o poço fosse esgotado, ou seja, o nível de água
atingisse o fundo do poço;
Medição com sonda elétrica de forma sistemática do tempo de subida do nível
de água, até que este atingisse o nível estático ou ficasse estável;
Interpretação dos dados utilizando a equação de Bower & Rice (1976), para os
ensaios realizados no aqüífero livre.
5.8. Determinação da Velocidade de Fluxo
Com base nos valores de condutividade hidráulica, do gradiente verificado no mapa
potenciométrico, e da porosidade efetiva de 12% admitida pela CETESB (2009) em
suas Planilhas de Risco foi calculada a velocidade linear média para a água
subterrânea, de acordo com a fórmula:
37
v = K x i / ne
onde:
v = velocidade linear real;
K = condutividade hidráulica;
i = gradiente hidráulico, e
ne = porosidade efetiva.
5.9. Procedimentos para Garantia da Qualidade
Durante todo o procedimento de coleta e manuseio das amostras foram utilizados
somente materiais descartáveis. As amostras coletadas foram armazenadas em
frascos apropriados para cada grupo de análises, preservadas em caixas térmicas com
gelo, enquanto no campo, e posteriormente conservadas em refrigerador a 4º C até
análise laboratorial.
Visando a eliminação de interferências cruzadas, foi realizada a limpeza dos materiais
de sondagem e amostragem em campo, através da lavagem com sabão neutro e
enxágüe com água limpa e destilada, enxágüe com ácido clorídrico 5 %,
posteriormente novo enxágüe com água destilada e Hexano, antes de se iniciar a
próxima sondagem. Durante a coleta e manuseio das amostras foram utilizadas luvas
descartáveis. Desta forma, priorizou-se também, que todos os equipamentos de
perfuração e de amostragem (com exceção dos descartáveis) fossem limpos
preferencialmente no próprio local investigado, agilizando a campanha de amostragem
e evitando a saída de material potencialmente contaminado da área.
5.10. Regulamentação e Padrões Aplicáveis
Para a interpretação dos resultados obtidos, no que concerne ao seu potencial risco à
saúde humana e ao meio ambiente, optou-se, no presente relatório, por utilizar como
base comparativa de dados, tanto para as amostras de água subterrânea quanto de
solo, os valores estabelecidos pela Lista de Valores Orientadores da CETESB -
38
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (2005), o órgão ambiental do
estado de São Paulo.
Porém, uma vez que a lista de valores orientadores da CETESB não contempla todos
os compostos investigados, optou-se, em segunda estância, pela utilização dos
valores máximos permitidos da Portaria 518 do Ministério da Saúde e dos valores de
intervenção da RSL (USEPA, 2010) uma vez que são freqüentemente aceitos pelos
órgãos brasileiros.
5.11. Geofísica
Este relatório também apresenta os resultados do levantamento geofísico realizado
em fevereiro de 2010 na área do antigo Lixão do Alvarenga.
O método geofísico utilizado no levantamento de campo foi a Eletorresistividade,
empregando-se os arranjos de campo de Sondagem Elétrica Vertical (SEV) e
Caminhamento Elétrico (CE), onde é possível a detecção de contrastes nas
propriedades elétricas dos materiais presentes em subsuperfície e que podem ser
correlacionadas à variação das feições geológicas naturais e os resíduos depositados
no local (material antropogênico).
5.11.1. Metodologia Empregada
Os métodos geofísicos são técnicas de rastreamento em superfície, não invasivos e,
portanto, não destrutivos, empregados em aplicações como meio ambiente,
geotecnia, engenharia e mineração, entre outros, para a avaliação de feições
geológicas e hidrogeológicas, bem como para a determinação da presença de
contaminantes em subsuperfície.
O comportamento físico das rochas depende das propriedades, do modo de agregação
de seus minerais e da forma, volume e conteúdo dos poros (geralmente água ou ar).
No estudo das águas subterrâneas, os métodos geoelétricos são comprovadamente
bem eficientes e economicamente viáveis. Estes métodos se baseiam no estudo de
propriedades elétricas ou eletromagnéticas das rochas, sendo geralmente, a
magnitude mais significante a resistividade elétrica (ou sua inversa, a condutividade
elétrica).
39
A resistividade elétrica das rochas, considerando apenas seus minerais constituintes, e
da água pura, é muito elevada, ou seja, elas são praticamente isolantes elétricos. No
entanto, os tipos de águas presentes na natureza apresentam condutividade elétrica
apreciável, pois sempre tem algum sal dissolvido, sendo que a quantidade e classe
destes sais depende da natureza das rochas com que as águas tiveram contato em
seu movimento subterrâneo ou na superfície do terreno, ou ainda dos gases em
contato durante a sua precipitação.
No caso das rochas, todas possuem poros e/ou fissuras em proporção maior ou
menor, as quais podem estar ocupados total ou parcialmente por eletrólitos, do que
resulta no conjunto, as rochas se comportarem como condutores iônicos, de
resistividade muito variável conforme o caso.
Assim, como descrito anteriormente, empregou-se o método da eletrorresistividade na
área investigada, uma vez que este responde sensivelmente às variações geoelétricas
existentes em subsuperfície provocadas tanto pela presença de resíduos domésticos
depositados, como pelos sais inorgânicos oriundos de sua decomposição.
5.11.2. Método de Eletrorresistividade
O método geofísico de eletrorresistividade, cujos fundamentos se baseiam na injeção
de corrente elétrica no solo, na resistividade elétrica dos materiais de subsuperfície e
nas variações de voltagem (ddp) provocados pelos elementos anteriores.
Quando uma corrente elétrica é injetada no solo por meio de um par de eletrodos, os
padrões de fluxo subsuperficial de corrente refletem a resistividade da subsuperfície.
Esses padrões de corrente podem ser mapeados na superfície através de um outro
par de eletrodos que mede as variações de voltagem. Essas voltagens são uma
medida da energia que deve ser despendida para a passagem da corrente através do
meio geológico, associadas, portanto, com a resistividade elétrica dos materiais
constituintes do terreno.
Através deste método geofísico é possível obter de forma indireta os valores de
resistividade elétrica (.m) das camadas geológicas de subsuperfície, bem como
estimar a litologia, a profundidade e a espessura desses estratos.
40
No levantamento geofísico realizado foram empregadas duas técnicas de campo
distintas que são as Sondagens Elétricas Verticais (SEV´s) e os Caminhamentos
Eletricos (CE´s).
5.11.2.1. Sondagem Elétrica Vertical (SEV)
De forma geral, através da técnica de Sondagem Elétrica Vertical (SEV) procura-se
definir a espessura e resistividade elétrica dos estratos geológicos, como também
identificar o posicionamento do embasamento (rocha sã).
Nesta técnica, obtêm-se, para um ponto central do arranjo de campo os valores de
resistividade aparente das camadas de diferentes profundidades. Posteriormente,
através do modelamento geofísico, é possível se determinar as resistividades
verdadeiras e as espessuras das camadas geoelétricas investigadas.
A execução desta técnica em campo dá através da injeção de corrente elétrica (I) no
solo e da leitura da diferença de potencial obtida (V). A corrente elétrica é transmitida
através de dois eletrodos cravados no solo, designados por AB ou eletrodos de
corrente. A diferença de potencial (ddp) que se estabelece no local é medida por um
milivoltímetro ligado a outro par de eletrodos, também colocados no solo, designados
por MN ou eletrodos de potencial.
O ponto de investigação é estabelecido entre os eletrodos e fixo no centro do arranjo.
A profundidade atingida depende do meio que a corrente elétrica atravessa em
subsuperfície e da distância entre os eletrodos de corrente (AB). Desta forma, a
medida que se afastam os eletrodos de corrente durante a execução dos trabalhos de
campo, maiores profundidades de investigação poderão ser alcançadas.
Como a corrente elétrica atravessa camadas mais superficiais até atingir a
profundidade de interesse, o valor de resistividade elétrica obtido é denominado
resistividade aparente (ra). Este valor é calculado pela fórmula valor da
41
corrente injetada, DV é a tensão (ddp) obtida no milivoltímetro e K é o fator
geométrico de distância entre os eletrodos de corrente e potencial.
As resistividades verdadeiras e as espessuras das camadas elétricas são obtidas a
partir da interpretação das curvas de campo das SEV´s utilizando-se programas
específicos de modelamento geofísico. Os gráficos dessas curvas representam os
valores de resistividade aparente em função da abertura dos eletrodos de corrente
(AB/2), plotados em escala logarítmica (bi-log).
Neste arranjo a condição geométrica de comprimentos é AB 5MN, onde a distância
MN, teoricamente, tende a zero em relação à distância AB, o que facilita tanto a
execução dos levantamentos de campo, como a interpretação dos dados obtidos. No
arranjo Schulumberger o fator geométrico de distâncias entre eletrodos K é dado por:
onde AM é a distância entre o eletrodo de corrente A e o eletrodo de potencial N; AN
é a distância entre os eletrodos A e N; e MN é a distância entre os eletrodos de
potencial M e N.
O resistivímetro utilizado para a obtenção dos dados de campo se constitui em uma
fonte de corrente de até 1000mA e tensão máxima de 1000 Volts de saída, com
leituras digitais da corrente transmitida ao solo e do potencial resultante.
O sistema instrumental associado ao resistivímetro de campo utilizado, foi composto
por transmissor de corrente elétrica (fonte), voltímetro (receptor), milivoltímetro
externo, bateria externa de 12V, caixa comutadora universal (para multi-eletrodos)
carretilhas, eletrodos, fios e cabos.
5.11.2.2. Caminhamento Elétrico (CE)
A segunda técnica utilizada neste trabalho foi o Caminhamento Elétrico (CE). A teoria
da propagação da corrente elétrica em subsuperfície para esta técnica é a mesma
utilizada para as SEV´s. O diferencial se encontra na disposição espacial dos eletrodos
de corrente e potencial, pois com estas mudanças na geometria dos eletrodos
42
passamos a fazer uma investigação das variações laterais da subsuperfície, ao invés
de fazermos uma investigação vertical e pontual como nas SEV´s.
O Caminhamento Elétrico consiste em se executar uma série de medidas de
resistividade aparente na superfície do terreno, com um arranjo fixo de eletrodos de
corrente e potencial (AB=MN), ao longo de um perfil, constituindo-se numa varredura
lateral da área de interesse, com intuito de se investigar a continuidade das feições
ou estruturas em subsuperfície.
No arranjo dipolo-dipolo, os eletrodos de corrente A e B possuem o mesmo
espaçamento dos eletrodos de potencial M e N. Observa-se que X=AB=MN, sendo que
a profundidade de investigação cresce com a separação entre os eletrodos de
corrente e potencial (R) e teoricamente corresponde a ½R.
As medidas que são feitas a várias profundidades de investigação, no caso
correspondem aos níveis n=1,2,3,4 e 5 e são atribuídas na intersecção das linhas que
partem a 45o dos centros AB e MN. A cada estação os dois dipolos são deslocados de
uma distância igual a X, e os dados obtidos são plotados nas posições n=1,2,3,4.e
interpolados, gerando uma pseudo-seção de resistividade aparente, onde a
interpretação de estruturas é feita de forma qualitativa, posteriormente modelados
quantitativamente através de programas específicos.
O resultado deste rastreamento lateral origina, assim, as chamadas pseudo-seções,
onde são apresentados os valores plotados das resistividades aparentes medidas,
tanto na sua magnitude, como na sua posição espacial (horizontal e em
profundidade).
5.11.3. Serviços executados em campo
Foram executadas 05 Sondagens Elétricas Verticais (SEV´s), adotando-se a abertura
máxima dos eletrodos de corrente de até 200 metros (distância AB), suficientes para
alcançar profundidades maiores que 50 metros.
43
As SEV´s foram locadas em pontos previamente definidos, distribuídos pela área e
próximos dos locais dos Caminhamentos Elétricos, para que os resultados obtidos
desses dois tipos de arranjos pudessem ser aferidos.
Além das SEV´s, foram realizados 04 Caminhamentos Elétricos (CE´s), com arranjo
dipolo-dipolo, de 20m de abertura entre eletrodos (AB=MN=20m) e proporcionando
05 níveis de investigação, permitindo a modelagem geofísica até mais de 30 metros
de profundidade.
5.12. Monitoramento de Gases e Determinação do Volume de Metano
na Área
As atividades aqui descritas visaram o atendimento do item 4.4 constante no
documento nº 001/10/TACR emitido pela CETESB, e tem como objetivo apresentar as
atividades executadas para o ensaio piloto e a metodologia de quantificação do
reservatório atual de Metano na área.
5.12.1. Instalação dos Poços de Extração e Observação de Gases
Nos dias 19, 20, 21, 27 e 28 de janeiro e 18 e 19 de fevereiro de 2010, foram
instalados quinze poços na área, sendo quatro poços de extração (PE-01, PE-02,
PE-03 e PE-04) e onze poços de observação (PO-01 ao PO-11) para a execução do
ensaio de extração.
Os poços de extração e observação foram perfurados com trado manual de 4" e
instalado com tubo pvc geomecânico de 2" de diâmetro e seção filtrante localizada na
zona não saturada, com profundidade final máxima de 5,56m (PE-04). O espaço
anelar entre a coluna de filtros (seção filtrante) e a perfuração foi preenchido com
pré-filtro composto por areia selecionada, visando permitir a máxima entrada de água
no interior da coluna do poço. Já o espaço anelar, entre a coluna de revestimentos
(seção não filtrante) e as paredes do solo, foi vedado, acima da seção filtrante, com
camadas de bentonita pelletizada expansiva e cimento.
Os perfis descritivos das sondagens podem ser observados no Anexo X.
A Figura 6 apresenta o layout da área e a localização dos poços instalados na área.
44
Figura 6 – LOCALIZAÇÃO DOS POÇOS INSTALADOS PARA EXECUÇÃO DE ENSAIOS
45
5.12.2. Monitoramento da Presença de Gases no Solo
Visando atender o monitoramento da presença de gases no solo foram realizadas
medições de compostos orgânicos voláteis (VOC), Metano e Limite Inferior de
Inflamabilidade (L.I.I.) nos poços de observação (PO-01, PO-02, PO-03, PO-04, PO-
05, PO-06, PO-10 e PO-11).
Antes da medição de gases, os poços de observação foram purgados a uma vazão de
200ml/min até que fossem removidos 3 vezes o volume de cada poço; visando a
quantificação mais representativa de gases da zona não saturada.
5.12.3. Execução do Ensaio Piloto de Extração de Gases
Nos dias 11, 12 e 24 de fevereiro de 2010 foram realizados na área ensaios de extração de
Metano através de sistemas de SVE, com o intuito de avaliar a viabilidade de extração de
Metano.
Para realização dos ensaios os poços PE-01, PE-02 e PE-04 atuaram como poços de
extração e os poços PO-01, PO-02, PO-03, PO-04, PO-05, PO-06, PO-10 e PO-11 foram
utilizados como poços de observação.
Os poços PO-01, PO-02 e PO-03 estão localizados respectivamente a 5,00m, 7,00m e
3,00m de distância do PE-01. Os poços PO-04, PO-05 e PO-06 estão localizados
respectivamente a 3,00m, 5,00m e 7,00m de distância do PE-02. Os poços PO-10 e PO-11
estão localizados respectivamente a 3,00m e 5,00m de distância do PE-04.
Foram executados ensaio de extração de vapores com a aplicação de vácuo nos poços
de extração: PE-01, PE-02 e PE-04. Para realização desses ensaios, a vazão da bomba
foi escalonada em 40 e 50 m3/h.
Para aplicação do vácuo, utilizou-se uma bomba de vácuo de 5 cv, com vazão nominal
de 90 m3/h.
Durante o ensaio foram realizadas medições do vácuo refletido nos poços de
observação (PO-01, PO-02, PO-03, PO-04, PO-05, PO-06, PO-10 e PO-11) e na linha,
além da medição de compostos orgânicos voláteis (VOC) e Metano nos poços de
observação e saída do compressor.
46
Além disso, foram coletadas amostras de gases para análise de Metano. As amostras
foram encaminhadas em bags de 5L para o laboratório Analytical Solutions, localizado
no Rio de Janeiro.
As amostras enviadas para o laboratório foram encaminhadas com numeração interna
da BTX, conforme apresentado a seguir:
Local da coleta ID da amostraHora e Data da
Coleta Parâmetro Analisado
Entrada do Tratamento de Gases (PE-01) 1404.01-G-0524 13:10 (11/02/2010)Entrada do Tratamento de Gases (PE-01) 1404.01-G-0525 16:10 (11/02/2010)Entrada do Tratamento de Gases (PE-02) 1404.01-G-0526 11:30 (12/02/2010)Entrada do Tratamento de Gases (PE-02) 1404.01-G-0527 12:30 (12/02/2010)Entrada do Tratamento de Gases (PE-02) 1404.01-G-0528 13:45 (12/02/2010)Entrada do Tratamento de Gases (PE-04) 1404.01-G-0542 08:30 (24/02/2010)Entrada do Tratamento de Gases (PE-04) 1404.01-G-0543 10:00 (24/02/2010)Entrada do Tratamento de Gases (PE-04) 1404.01-G-0544 12:00 (24/02/2010)Entrada do Tratamento de Gases (PE-04) 1404.01-G-0545 15:00 (24/02/2010)
Metano
As cadeias de custódia, check-lists e laudos analíticos podem ser observados no
Anexo VIII.
Ressalta-se que não foi possível realizar o ensaio de extração no conjunto de poços
do PE-03, uma vez que após a instalação dos mesmos foi observada presença de água
subterrânea dentro do mesmo, pois a posição do lençol encontrava-se muito elevada
na ocasião do ensaio.
Como não foi executado ensaio piloto de extração na sub-área 4, os dados obtidos na
sub-área 1 foram extrapolados para a outra sub-área.
As fotos da execução dos ensaios e dos poços instalados podem ser observadas no
Anexo XI.
5.12.4. Tratamento dos Dados do Ensaio de Extração
Para a interpretação dos dados foram elaborados gráficos de variação de vácuo/pressão
nos poços de observação em função do tempo, variação de VOC e Metano em função do
tempo, e vácuo estabilizado em função da distância.
47
5.12.5. Ensaio Passivo de Extração
Para a determinação da produção atual de Metano na área foi realizada a medição de
taxa de emissão passiva de Metano. Para isso, foi conectado um bag ao poço PE-02 e
foi cronometrado o tempo necessário para encher o bag de volume conhecido (5L),
sendo, portanto, obtido a vazão de emissão de gases produzidos no volume de
influência de um poço.
Para determinação do volume de influência do poço foi considerada uma
circunferência em torno do poço com raio de 0,12m, e a espessura média do resíduo
em cada sub-área, que foi determinado através do levantamento geofísico nas SEV’s
de cada sub-área. Como a área do Lixão Alvarenga é muito extensa e a espessura de
resíduos variou muito ao longo da área, foram realizados cálculos separados para as
sub-áreas 1 e 4, sub-área 2 e sub-área 3, que foram estabelecidas de acordo com as
características homogêneas e cada sub-área.
A Figura 7 apresenta a área do Lixão Alvarenga e sub-áreas consideradas para os
cálculos.
Através da análise da amostra de gás, foi possível obter a concentração de Metano
presente e, conseqüentemente, a Taxa de Produção de Metano por poço, e por sub-
área.
5.12.6. Cálculo do Reservatório Atual de Metano
Para a determinação do reservatório atual de Metano foram realizados cálculos de
volume de resíduos sólidos (incluindo entulho) situados acima do nível de água. Para
isso, a área total do lixão foi dividida em quatro sub-áreas de maior homogeneidade,
nomeadas de sub-áreas 1, 2, 3 e 4. Essas sub-áreas foram consideradas de acordo
com o levantamento geofísico executado na área. Tal levantamento utilizou o método
de Eletrorresistividade empregando-se os arranjos de campo de Sondagem Elétrica
Vertical (SEV) e Caminhamento Elétrico (CE), onde é possível a detecção de
contrastes nas propriedades elétricas dos materiais presentes em subsuperfície e que
48
podem ser correlacionadas à variação das feições geológicas naturais e os resíduos
depositados no local (material antropogênico).
Os volumes de resíduos sólidos totais para cada sub-área, ou seja, incluindo o volume
abaixo do nível de água, foram calculados através da extrapolação dos
caminhamentos elétricos para toda a sub-área.
Para obter os volumes de resíduos sólidos capaz de armazenar Metano foram
excluídos os volumes de resíduos abaixo do nível de água, sendo que os níveis de
água em cada sub-área foi determinado nas SEV’s e através dos poços de
monitoramento.
Segundo Machado, S. et al (2005) o índice médio de vazios de resíduos sólidos urbanos é
de 1,6. Através do índice de vazios foi calculada a porosidade média através da fórmula:
Onde:
n = porosidade;
e = índice de vazios.
Com o volume total de resíduos e a porosidade foi possível calcular o volume de vazios,
que foi considerado o volume de gases no interior do maciço.
Com o resultado analítico da concentração do Metano foi possível calcular a massa de
Metano Total no reservatório. Ressalta-se que o resultado utilizado foi o da primeira
amostragem realizada durante o ensaio em cada sub-área.
Conhecendo-se a densidade do metano, foi possível calcular o volume de Metano atual
disponível.
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Figura 7 – Localização das Sub-áreas