Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas à Competição Sae Aerodesign

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    1/49

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    2/49

    PAULO MIGUEL MOREIRA E OLIVEIRA

    PROJETO CONCEITUAL E PRELIMINAR DE AERONAVESDESTINADAS COMPETIO SAE AERODESIGN

    Monografia apresentada ao Departamento deEngenharia Eltrica do Centro de CinciasExatas e Tecnolgicas da UniversidadeFederal de Viosa, para a obteno doscrditos da disciplina ELT 490Monografiae Seminrio e cumprimento do requisito

    parcial para obteno do grau de Bacharel emEngenharia Eltrica.Orientador: Prof.Ms. Paulo Czar Bchner.

    VIOSA2012

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    3/49

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    4/49

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    5/49

    PAULO MIGUEL MOREIRA E OLIVEIRA

    PROJETO CONCITUAL E PRELIMINAR DE AERONAVESDESTINADAS COMPETIO SAE AERODESIGN

    Monografia apresentada ao Departamento de Engenharia Eltrica do Centro de CinciasExatas e Tecnolgicas da Universidade Federal de Viosa, para a obteno dos crditos da

    disciplina ELT 490 Monografia e Seminrio e cumprimento do requisito parcial paraobteno do grau de Bacharel em Engenharia Eltrica.

    Aprovada em 06 de setembro de 2012.

    COMISSO EXAMINADORA

    Prof.Ms. Paulo Czar Buchner - OrientadorUniversidade Federal de Viosa

    Prof. Dr. Denilson Eduardo Rodrigues - MembroUniversidade Federal de Viosa

    Prof.Ms. Geice Paula Villibor - MembroUniversidade Federal deViosa

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    6/49

    No se espante com a altura do vo. Quanto mais alto, mais longe do perigo. Quanto mais

    voc se eleva, mais tempo h de reconhecer uma pane. quando se est prximo do solo que

    se deve desconfiar.

    (Alberto Santos Dumont)

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    7/49

    Dedicado aos alunos da UFV entusiastas das Cincias Aeronuticas, e a todos a

    quem este trabalho possa ser til.

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    8/49

    Agradecimentos

    Agradeo a todos os integrantes que passaram pela equipe Skywards de Aerodesign nos

    ltimos anos, pois cada um deles contribui de alguma forma para este trabalho.

    Agradeo tambm ao professor Paulo Cezar Bchner por acolher nosso projeto desde o incio,

    e ao professor Ricardo Capcio, por orientar a bolsa de iniciao da qual esta monografia se

    originou.

    Por fim, agradeo ao CNPq por financiar a bolsa de iniciao que originou este projeto, e a

    FAPEMIG, por financiar o projeto Aerodesign da UFV nos ltimos trs anos.

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    9/49

    Resumo

    Ao longo deste trabalho, pretende-se desenvolver um compendio sobre os trs anos de

    experincia em projeto de aeronaves na equipe Skywards de Aerodesign da UFV. Ser

    descrita e testada uma metodologia para o projeto conceitual e preliminar das aeronaves da

    equipe. Tal metodologia utiliza conceitos de projeto baseados tanto na bibliografia genrica

    para projeto de mquinas como tambm bibliografias especficas da engenharia aeronutica,

    tanto genricas quanto as voltadas para a competio Aerodesign. Dessa forma, aps uma

    anlise dos requisitos de projeto, utilizando ferramentas como o QFD e listas de requisitos,

    sero propostas solues para o formato conceitual da aeronave, que sero valoradas a fim dedefinir qual a melhor soluo para o projeto. A seguir ser proposto um mtodo para o projeto

    preliminar de aeronaves, avaliando as melhores solues geomtricas para as formas

    propostas pelo projeto conceitual. Por fim, conclui-se que as aeronaves geradas por este

    mtodo conseguem o objetivo de cumprir os requisitos da aeronave na competio, alm de

    abrir novas possibilidades para a efetivao deste projeto.

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    10/49

    Abstract

    Throughout this work, is intended the development of a compendium concerning three years

    of experience in aircraft design by the Skywards Aerodesign team of the UFV. A

    methodology will be described and tested for the conceptual and preliminary design of the

    aircraft. This methodology uses design concepts based both on literature for generic machine

    design as well as bibliographies of specific aeronautical engineering, including the generic

    ones as those facing the Aerodesign competition. Thus, after an analysis of design

    requirements, using tools such as QFD and lists of requirements, solutions will be proposed

    for the conceptual format of the aircraft, which will be valued in order to define the bestsolution for the project. In the sequence, will be proposed a method for the preliminary design

    of aircraft, evaluating the best solutions to geometric forms proposed by the conceptual

    design.Finally, it is concluded that the aircraft generated by this method can in order to meet

    the requirements of the aircraft in the competition, besides opening new possibilities for the

    realization of this project.

    .

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    11/49

    Sumrio

    Sumrio

    1. Introduo .................................................................................................... 141.1. Objetivo ................................................................................................................... 15

    2. Reviso Bibliogrfica .................................................................................. 162.1. Nomenclatura Aeronutica ...................................................................................... 162.2. Projeto de Aeronaves ............................................................................................... 212.3. Projeto Conceitual de Aeronaves ............................................................................ 222.4. Projeto Preliminar de Aeronaves ............................................................................. 232.5. Projeto Detalhado de Aeronaves ............................................................................. 242.6. Metodologia da Equipe Skywards de Aerodesign ................................................... 25

    3. Materiais e Mtodos .................................................................................... 283.1. Proposta de projeto a ser executado ........................................................................ 283.2. Materiais utilizados ................................................................................................. 283.3. Testes da aeronave ................................................................................................... 28

    4. Desenvolvimento da Aeronave ................................................................... 294.1. Execuo do projeto conceitual ............................................................................... 294.1.1. Misso e Desempenho almejado ......................................................................... 294.1.2. Estudos preliminares ........................................................................................... 294.1.3. Delimitao do Prottipo ..................................................................................... 324.2. Projeto preliminar da aeronave ................................................................................ 37

    5. Resultados e discusso ................................................................................ 415.1. Anlises aerodinmicas da aeronave ....................................................................... 415.2. Anlises de desempenho e estabilidade da aeronave............................................... 43

    6. Concluso .................................................................................................... 486.1. Consideraes Finais ................................................ Erro! Indicador no definido.

    7. Bibliografia ................................................................................................. 49

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    12/49

    L ista de F iguras

    Figura 1 - Anatomia bsica de uma aeronave(Roskam J. , 1985) 16Figura 2 - Eixos do corpo (a) e de estabilidade (b)(Roskam & Lan, 1985) 17Figura 3 - Eixos do vento(Roskam & Lan, 1985) 18Figura 4 - Planta em 3 vistas de uma asa genrica(Pullin, 1976) 18Figura 5 - Alguns conceitos de aeronave 21Figura 6 - Exemplos de projetos conceituais (TU Delft) 23Figura 7 - Detalhes do projeto preliminar da aeronave 24Figura 8 - Projeto detalhado da fuselagem da aeronave 2012 da equipe Skywards 25Figura 9 - Sequncia de projeto (Barros, Uma metodologia para o desenvolvimento de

    aeronaves leves subsnicas, 2000) 26Figura 10 - Funo Global da Aeronave 32Figura 11 - Estrutura de funes de uma aeronave radio-controlada 33Figura 12 - Perfis Eppler 423 (esq) e NACA 0009 (direita) 37Figura 13 - Fluxograma de deciso para a avaliao de uma aeronave 38Figura 14 - Planta em 3 vistas da aeronave desenvolvida 40Figura 15 - Modelo tridimensional da aeronave 41Figura 16 - Distribuio das foras de sustentao ao longo da asa 42Figura 17 - Polar de arrasto da aeronave 43Figura 18 - Modelo da aeronave em decolagem(Roskam & Lan, 1985) 44Figura 19 - Grfico de distncia de decolagem 44Figura 20 - Distncia de pouso x peso 45Figura 21 - Posies de equilbrio de um balde e de uma bola 46Figura 22 - Grficos que representam uma aeronave estvel, neutra e instvel. 47Figura 23 - Coeficiente de momento x angulo de ataque 47

    http://c/Users/Paulo%20M/Desktop/UFV/Monografia/TCC-final.docx%23_Toc336783357http://c/Users/Paulo%20M/Desktop/UFV/Monografia/TCC-final.docx%23_Toc336783357http://c/Users/Paulo%20M/Desktop/UFV/Monografia/TCC-final.docx%23_Toc336783357
  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    13/49

    L ista de Tabelas

    Tabela 1- Configuraes possveis para uma aeronave ............................................................ 20Tabela 2 - Requisitos conceituais propostos............................................................................. 31Tabela 3-Requisitos tcnicos propostos ................................................................................... 31Tabela 4Esquema classificatrio das possveis solues de cada subfuno da aeronave ... 34Tabela 5 - Caractersticas Analisadas ....................................................................................... 35Tabela 6 - Variante de soluo adotada .................................................................................... 36Tabela 7 - Clculo de peso e posio do CG ............................................................................ 39Tabela 8 - Dados aerodinmicos da aeronave .......................................................................... 43

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    14/49

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    15/49

    1. Introduo 15

    metodologia que contempla fases, ferramentas, fluxo de informao, processo de tomadas de

    decises, dentre outras etapas do projeto da aeronave, tendo como base as bibliografias

    aeronuticas comumente utilizadas pela equipe, associadas metodologia de projeto de

    mquinas. Esta metodologia, porm, ainda no foi aplicada completamente em uma aeronave

    pela equipe, tendo sua eficcia testada nas diversas etapas do projeto. Desta forma, prope-se

    aqui a descrio desta metodologia, bem como a verificao da aeronave desenvolvida atravs

    de ferramentas computacionais comumente utilizadas na competio, visto que os projetos da

    equipe sempre foram realizados com um forte embasamento terico e se mostraram

    competitivos, porm, devido falta de um documento que compreendesse todos estes

    mtodos, ocorriam atrasos no projeto, o que prejudicava a construo da aeronave, atrasando

    e prejudicando seus resultados em voo.

    1.1. Objetivo

    Este trabalho tem por objetivo descrever e testar os mtodos desenvolvidos ao longo

    dos ltimos trs anos pela equipe de Aerodesign da UFV para realizar seu projeto conceitual e

    preliminar.

    Sero descritos aqui os mtodos empregados, bem como o embasamento terico do

    projeto, visando detalhar o conhecimento armazenado, permitindo um rpido treinamento de

    novos membros, o que resultar em maior rapidez para a aquisio de conhecimentos mais

    avanados na rea.

    Dentre os objetivos especficos, destacam-se:

    Aplicar a metodologia desenvolvida para o projeto conceitual e preliminar daaeronave;

    Verificar, por meio de simulaes computacionais, se a aeronave desenvolvida atravsdesta metodologia possui caractersticas satisfatrias de voo, sendo estvel e

    controlvel, e cumprindo seus requisitos de projeto.

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    16/49

    2.Reviso Bibliogrfica

    2.1. Nom enc latu ra Aeronut ica

    A ttulo de esclarecimento so apresentadas as nomenclaturas da aeronutica, as quais

    sero utilizadas ao longo do presente texto.

    A anatomia bsica de uma aeronave convencional composta, segundo (Torenbeck,

    1981) por cinco subsistemas principais: asa, fuselagem, empenagem, motor, e trem de pouso,

    como dispostos na Figura 1.

    Figura 1 - Anatomia bsica de uma aeronave(Roskam J. , 1985)

    Na asa, superfcie responsvel por gerar a fora de sustentao que ir fazer com que a

    aeronave voe, so encontrados dispositivos (superfcies mveis), segundo (Barros, Introduo

    ao Projeto de Aeronaves Leves, 1989), com diferentes funes: flaps e slats so elementos

    denominados hipersustentadores, pois auxiliam a decolagem e o pouso, que ocorrem embaixas velocidades, aumentando a sustentao atravs de mecanismos de aumento do

    arqueamento do perfil da asa e retardamento do descolamento da camada limite na asa,

    enquanto os ailerons so superfcies de controle que defletem assimetricamente (exemplo:

    aileron esquerdo para baixo e aileron direito para cima) para controlar o rolamento da

    aeronave. A fuselagem, em geral, abriga a carga a ser transportada e integra os demais

    subsistemas. A empenagem um conjunto de superfcies aerodinmicas responsveis por

    estabilizar e controlar a aeronave longitudinal e direccionalmente. A empenagem vertical composta por uma parte fixa (estabilizador vertical) e uma parte mvel (leme) que controla a

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    17/49

    2. Reviso Bibliogrfica17

    guinada. A empenagem horizontal composta por uma parte fixa (estabilizador horizontal) e

    outro mvel (profundor) que controla a arfagem. O motor propulsiona a aeronave, e em

    geral envolto por uma carenagem aerodinmica denominada nacele, que quando integrada

    asa, feita atravs de uma estrutura chamada pilone. Por fim, o trem de pouso composto por

    um componente principal, sobre o qual se apoia a maior parte do peso da aeronave, e outra

    secundria responsvel pelo controle direcional em solo.

    O movimento do avio pode ser representado por um modelo de corpo rgido,

    definindo-se trs eixos e suas correspondentes foras e momentos, segundo (Roskam & Lan,

    1985). Quando esses eixos so solidrios ao avio e a origem do sistema de coordenadas est

    no centro de gravidade da aeronave, so chamados eixos do corpo (Figura 2a): eixo X sai do

    nariz, eixo Y da asa direita, e eixo Z para baixo da fuselagem. Como as foras e momentosexperimentados pelo avio possuem origem aerodinmica comum se definir outro sistema

    de eixos chamados de eixos de estabilidade (Figura 2b), usualmente adotados pela mecnica

    de voo, obtidos pela rotao dos eixos do corpo em torno do eixo Y de (ngulo de ataque),

    respectivamente associados aos coeficientes adimensionais de fora CX, CY, CZ e momento

    CR, CM, CN.

    Figura 2 - Eixos do corpo (a) e de estabilidade (b)(Roskam & Lan, 1985)

    Um terceiro sistema de eixos utilizado em aerodinmica possui referncia no vento

    (escoamento), chamado eixos do vento (Figura 3), obtido atravs de uma rotao de (ngulo

    de derrapagem) em torno do eixo Z a partir dos eixos de estabilidade. Nos eixos do vento, os

    coeficientes de fora de arrasto CD (paralelo ao vetor velocidade), de fora lateral CY, e fora

    de sustentao CL (perpendicular ao vetor velocidade) sero iguais aos coeficientes de fora

    CX, CY, e CZ sempre que o ngulo de derrapagem for nulo.

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    18/49

    2. Reviso Bibliogrfica18

    Figura 3 - Eixos do vento(Roskam & Lan, 1985)

    As principais caractersticas geomtricas de um avio so descritas primordialmente

    pelas caractersticas geomtricas de suas superfcies aerodinmicas (asas, empenagem

    horizontal, e empenagem vertical). Um desenho em trs vistas de uma asa genrica est

    disposto na Figura 4 para ilustrar a terminologia que descreve sua geometria.

    Figura 4 - Planta em trs vistas de uma asa genrica(Pullin, 1976)

    Segundo (Pullin, 1976), a envergadura b a distncia medida de uma ponta outra da

    asa. A rea S aquela projetada no plano horizontal, e inclui as pores onde possa haver

    superposio entre a asa e fuselagem, por exemplo. O comprimento de uma seo transversal

    qualquer da asa denominado corda c, e de grande interesse em trs posies principais: a

    corda na raiz da asa cr, a corda na ponta ct, e a corda mdia aerodinmica MACou, cuja

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    19/49

    2. Reviso Bibliogrfica19

    posio est entre a raiz e a ponta. O ngulo de enflechamento medido entre o bordo de

    ataque e uma linha reta de referncia. O ngulo de diedro medido entre a semi-

    envergadrura e o plano horizontal. Existem ainda outros parmetros geomtricos de interesse

    derivados dos parmetros definidos anteriormente que sero base para descrever importantes

    propriedades aerodinmicas mais adiante. O alongamentoAR definido pela razo da rea do

    quadrado de lado igual a envergadura sobre a rea da asa (AR = b/S). O afilamento

    definido pela razo da corda na ponta sobre a corda na raiz ( = ct/cr) . E finalmente, a corda

    mdia aerodinmica MAC a corda que uma asa retangular de mesma rea teria (MAC =

    S/b).

    O conceito da aeronave apresentada nas figuras anteriores chamado convencional, e

    um de inmeros conceitos possveis para uma aeronave. Apesar desta grande variedade, osprincipais subsistemas apresentados nestas figuras esto presentes na maioria dos casos. A

    ttulo de exemplo, a Tabela 1 apresenta vrias configuraes possveis por subsistema e a

    Figura 5, exemplos de alguns conceitos.

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    20/49

    2. Reviso Bibliogrfica20

    Tabela 1- Configuraes possveis para uma aeronave

    Pode-se observar que a tabela com o resumo das vrias configuraes de subsistemas

    de um avio pode ser combinada para formar diversos conceitos de aeronaves diferentes,

    como os seis conceitos apresentados na Figura5.

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    21/49

    2. Reviso Bibliogrfica21

    Figura 5 - Alguns conceitos de aeronave

    Para que uma dada configurao seja uma soluo tima para as especificaes erequisitos da aeronave desejada, necessrio que seja realizado um projeto eficiente, baseado

    em uma metodologia bem fundamentada, que ser apresentada a seguir.

    2.2. Projeto de Aeronaves

    Para que se possa projetar uma aeronave, bem como qualquer produto a ser

    desenvolvido, necessrio especificar a funo a que se destina o projeto. No caso das

    aeronaves, esta funo denominada misso. As especificaes da misso de uma aeronave

    vm em diferentes formas, dependendo do tipo de aeronave, do fabricante, e at mesmo do

    cliente ao qual o produto destinado (Roskam & Lan, 1985).

    Este projeto, comumente chamado de design de aeronaves, no apenas um

    desenvolvimento de uma forma especfica de uma aeronave, e sim, da escolha de um formato

    de aeronave adaptado s necessidades, bem como todo o processo analtico para determinar

    tal formato, quais solues devero ser desenvolvidas, e quais as modificaes devero ser

    feitas ao longo do projeto para atender aos requerimentos e especificaes (Raymer, 1992).

    Ao longo deste processo diversas ideias surgem, dando fluidez criao e propiciando

    aos projetistas grandes oportunidades de desenvolverem solues que, se no aplicveis no

    projeto atualmente em desenvolvimento, podem ser utilizadas em outras oportunidades,

    gerando um intenso ciclo de produtividade que engloba as diversas reas envolvidas no

    projeto de uma aeronave.

    Para que tal processo acontea, faz-se necessria a utilizao de uma metodologia deprojeto condizente com as necessidades de cada tipo de aeronave, empresa ou at mesmo de

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    22/49

    2. Reviso Bibliogrfica22

    cliente, o que possibilita um projeto gil e lucrativo, tanto do ponto de vista financeiro como

    cientfico.

    Um tipo especfico de aeronave a ser projetado so as aeronaves leves subsnicas, que

    so, mais especificamente, pequenas aeronaves monomotoras, como aeronaves de

    treinamento, aeronaves agrcolas e aeronaves no tripuladas de pequeno porte, as quais

    obedecem a uma mesma metodologia de projeto e tambm s mesmas normas

    regulamentadoras (FAA, 1996). Tais aeronaves, por serem de fcil construo e com larga

    aplicabilidade, so muito teis para validao de conceitos cientficos que podem ser

    aplicados a aeronaves maiores, bem como a outras cincias.

    Desta forma, o projeto de uma aeronave, mesmo em escala reduzida, representa um

    grande desafio, e a Equipe Skywardsde Aerodesign da UFV tem como objetivo realizar umprojeto nestes moldes, conforme proposto pela competio SAE Aerodesign.

    2.3. Projeto Conceitual de Aeronaves

    O projeto de aeronaves, segundo (Raymer, 1992), inicia-se pelo projeto conceitual,

    onde so definidas as caractersticas externas bsicas da aeronave. Para (Barros, Uma

    metodologia para o desenvolvimento de aeronaves leves subsnicas, 2000), esta etapa se

    divide em duas, sendo que na primeira so definidas especificaes e requisitos para a

    aeronave, e em seguida, so realizados estudos preliminares, a fim de delimitar o prottipo da

    aeronave.

    Para a etapa de especificaes e requisitos, definida a finalidade da aeronave, qual

    o desempenho almejado pela mesma, suas misses tpicas a serem realizadas, ou seja, o

    conjunto de manobras a que ela se destina (como pouso, decolagem, possveis acrobacias, etc)

    e suas caractersticas desejveis, a fim de elaborar uma lista de requisitos, que serve de base

    para a realizao dos estudos prelimares, que culminaro com a delimitao de um esboo

    inicial de projeto (Barros, Introduo ao Projeto de Aeronaves Leves, 1989).

    Para a delimitao deste esboo, utilizam-se mtodos comparativos entre as diversas

    aeronaves existentes para identificar caractersticas essenciais e desejveis para a aeronave a

    se projetar. No Aerodesign, como estes dados so muitas vezes restritos, utilizam-se diversas

    estimativas, obtidas tanto da anlise de fotografias de outras aeronaves, como observaes

    feitas em apresentaes orais de projeto de outras equipes. Uma fonte comumente usada a

    pontuao do ano anterior, da qual possvel observar caractersticas de carga paga (peso dacarga transportada internamente pela aeronave e que no responsvel pelo seu

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    23/49

    2. Reviso Bibliogrfica23

    funcionamento), peso vazio, bonificaes, dentre outras caractersticas que permitem avaliar

    se aquele formato de aeronave possui caractersticas desejveis ou no.

    Utilizando essas observaes, possvel elaborar uma lista de prioridades para a

    aeronave, que permite a avaliao das diversas caractersticas da mesma, de forma a definir

    um prottipo, estimando suas caractersticas externas bsicas, como posicionamento de asas,

    motor e empenagens e parmetros bsicos de desempenho, como estimativas de peso

    desejado, possvel rea alar e envergadura da asa (Barros, Uma metodologia para o

    desenvolvimento de aeronaves leves subsnicas, 2000).Com base nestes dados, escolhe-se o

    propulsor para a aeronave, estimam-se suas caractersticas de potencia, e inicia-se a etapa de

    projeto preliminar da mesma.

    A Figura (6) abaixo nos mostra exemplos de projetos conceituais de aeronaves, cadauma sendo gerada a partir da variao de quatro elementos constituintes, visando o mesmo

    objetivo de transportar um elevado nmero de passageiros, cada um contemplando um

    aspecto diferente, como maior velocidade, capacidade de carga, dificuldade de produo e

    manuteno, dentre outros:

    Figura 6 - Exemplos de projetos conceituais (TU Delft)

    2.4. Projeto Prel imin ar de Aeronaves

    Para dar prosseguimento ao projeto, realizada a etapa de projeto preliminar da

    aeronave.(Raymer, 1992)define esta etapa como sendo a que se inicia quando no h mais

    mudanas profundas a serem feitas no esboo da aeronave, sendo que aqui so realizadas

    definies geomtricas mais precisas e fundamentadas na bibliografia de projeto

    aeronutico.(Roskam J. , 1985) e (Torenbeck, 1981) indicam um mtodo baseado em

    equacionamentos e levantamentos estatsticos de aeronaves existentes para que esta parte seja

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    24/49

    2. Reviso Bibliogrfica24

    concluda, mas que no aplicvel ao Aerodesign. (Barros, Uma metodologia para o

    desenvolvimento de aeronaves leves subsnicas, 2000), por sua vez, introduz uma etapa

    chamada Anteprojeto, na qual o esboo inicial tem sua forma em planta da asa definida, bem

    como suas caractersticas de estol, ou seja, a distribuio de sustentao ao longo da asa. A

    seguir, feita uma estimativa dos pesos da aeronave, como carga paga e peso vazio, para que

    sejam feitas estimativas de estabilidade e controle da mesma, para que sejam selecionados os

    perfis de asas, dimenses de empenagens e suas perfilagens. A seguir, o centro de gravidade,

    importante para o equilbrio da aeronave, estimado, para que se possa definir um modelo

    geomtrico final da mesma, a ser estudado em um posterior projeto detalhado. A Figura (7)

    abaixo exibe os resultados do projeto preliminar final da aeronave 2011 da equipe Skywards

    de Aerodesign, e contm o detalhamento das dimenses da aeronave, bem como algunsgrficos que mostram caractersticas bsicas da aeronave, como desempenho e estabilidade

    em voo:

    Figura 7 - Detalhes do projeto preliminar da aeronave

    2.5. Projeto Detalhado de Aero naves

    Para finalizar o projeto, realizada a etapa de projeto detalhado da aeronave, em que

    so realizados os clculos finais que garantem que a aeronave cumpre seus requisitos, alm de

    serem desenhadas e fabricadas as peas constituintes da aeronave, bem como so definidos os

    processos de fabricao, teste e validao da aeronave, segundo (Raymer, 1992). Para

    (Barros, Introduo ao Projeto de Aeronaves Leves, 1989), esta etapa se traduz em Projeto,onde so realizados os clculos de aerodinmica, estabilidade e controle e desempenho. A

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    25/49

    2. Reviso Bibliogrfica25

    partir destes, as cargas na aeronave so definidas e seus componentes estruturais so

    dimensionados. A seguir vem a etapa de fabricao, na qual a aeronave construda de acordo

    com suas especificaes, sendo em seguida realizados testes em solo, como ensaios de

    estruturas, motores, componentes eletro-eletrnicos, hidrulicos, dentre outros. Por fim,

    considerando-se que a aeronave est apta ao voo, so realizados os testes de voo, para definir

    as caractersticas finais de desempenho da aeronave.

    A ttulo de exemplo, exibe-se na Figura 8 a seguir o desenho detalhado para a

    fabricao da fuselagem da aeronave 2012 da aeronave da equipe Skywards, em que so

    exibidas dimenses, materiais e instrues de fabricao.

    Figura 8 - Projeto detalhado da fuselagem da aeronave 2012 da equipe Skywards

    2.6. Metodolo gia da Equipe Skywards de Aerod esign

    A metodologia adotada usualmente pela equipe de Aerodesign da UFV a

    metodologia proposta por (Barros, Introduo ao Projeto de Aeronaves Leves, 1989),

    ilustrada na Figura (9) abaixo, porm ajustada as necessidades e limitaes da equipe, visto

    que algumas limitaes so impostas devido inexperincia e ao fato de informaes de

    outras aeronaves serem pouco disponibilizadas pelas equipes.

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    26/49

    2. Reviso Bibliogrfica26

    Figura 9 - Sequncia de projeto (Barros, Uma metodologia para o desenvolvimento de aeronaves levessubsnicas, 2000)

    Desta forma, o projeto se inicia com a anlise da documentao da competio, queconsiste no regulamento oficial da competio, bem como dos registros relativos

    participao da equipe em anos anteriores, como materiais utilizados, metodologias de

    projeto, memrias de clculo, dentre outros, bem como a anlise das outras equipes

    concorrentes, criando um banco de dados til para a definio dos objetivos da equipe. Tais

    objetivos, associados anlise comparativa com elementos e dados conhecidos de aeronaves

    de destaque no ano anterior, so transformados em requisitos de projeto, sintetizados no

    mtodo QFD que, segundo (Pahl & Beitz, 2005), til para o planejamento do produto e do

    processo, e voltado para preencher os requisitos do cliente, que so convertidos em

    caractersticas do produto, e essas, novamente, em sequenciamentos de fabricao e

    exigncias de produo, que aqui utilizado com eficcia para escalonar as prioridades da

    equipe, visando no apenas a delimitao do prottipo, mas tambm como ferramenta de

    tomada de decises no decorrer do projeto, para que a equipe obtenha a maior pontuao

    possvel.

    A principal ferramenta deste mtodo, que visa integrar todas as sub-etapas do processo

    de criao de um produto, a chamada casa da qualidade, a qual permite converter as

    vontades do cliente, usualmente descritas de forma vaga, em caractersticas de qualidade do

    produto a ser desenvolvido, e suas principais qualidades esto relacionadas uma melhor

    elaborao da lista de requisitos do projeto; identificao das funes crticas do projeto, bem

    como definio das exigncias tcnicas crticas (Pahl & Beitz, 2005).

    Desta forma, utilizando os dados e concluses obtidos do QFD, desencadeado um

    processo criativo orientado, utilizando a metodologia proposta por (Pahl & Beitz, 2005), que

    consitste na elaborao de uma lista de requisitos tcnicos desejados, utilizados para definir

    uma funo global para a aeronave, bem como as subfunes a serem realizadas pela mesma,

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    27/49

    2. Reviso Bibliogrfica27

    que descrevem as interaes entre os diversos componentes da aeronave, e as relaes

    entrada-sada de materiais, energia e sinais da mesma. Para realizar estas funes, como

    controlar e estabilizar o voo, apoiar a aeronave no solo, dentre outras, propem-se solues

    para cada uma delas. Tais solues so valoradas seguindo um processo metdico, que

    culmina emum esboo externo da aeronave, contendo posicionamento de motor, asa, trem de

    pouso, bem como indicaes sobre formato de asa e empenagens. Esta etapa anteriormente

    descrita chamada projeto conceitual (Raymer, 1992). A partir destes detalhes, inicia-se a

    busca por formatos e dimenses da aeronave, como rea, dimenso e formatos de asa, e suas

    respectivas posies na aeronave, visando gerar uma aeronave estvel, controlvel e que

    cumpra os requisitos da competio, levantando a maior carga possvel, num processo

    denominado projeto preliminar.Aps a definio do projeto preliminar e concluso do projeto detalhado, etapa onde as

    caractersticas aerodinmicas, estruturais, de estabilidade e de desempenho da aeronave so

    detalhadas e definidas, so realizados testes em voo e solo, a fim de certificar que a aeronave

    atende os requisitos propostos, e para corrigir eventuais problemas no previstos no decorrer

    do projeto, obedecendo a rgido cronograma, no chamado projeto detalhado.

    Ao longo do projeto da aeronave tambm e produzida documentao conforme

    orientao de (Barros, Uma metodologia para o desenvolvimento de aeronaves levessubsnicas, 2000), associada metodologia proposta por (Pahl & Beitz, 2005), baseada em

    listas de requisitos, estruturas de funes e demais ferramentas, a fim de facilitar a

    comunicao interna da equipe e confeco deste relatrio, bem como garantir uma gesto do

    conhecimento eficiente.

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    28/49

    3.Materiais e Mtodos

    3.1. Propo sta de projeto a ser executado

    Este trabalho aplicar a metodologia desenvolvida pela equipe em seus trs anos de

    experincia na competio SAE Aerodesign na realizao do projeto da aeronave de 2012,

    utilizando o regulamento da competio, e as restries para o mesmo. Para isto, sero

    delimitados os objetivos da equipe, e, baseado nestes objetivos, sero definidos os requisitos

    para a aeronave, sendo realizado seu projeto conceitual e preliminar.

    3.2. Materiais uti l izados

    Para a realizao deste trabalho, foram utilizados os softwares Microsoft Excel e

    Microsoft Word, que permitiram uma fcil documentao do processo de produo, atravs

    de suas tabelas e ferramentas grficas que permitiram uma melhor visualizao do projeto

    proposto.Tambm foram utilizados os softwares Matlab, para realizao de clculos

    avanados, como integraes realizadas nas simulaes de decolagem, e o software XFRL5,

    que um software de cdigo aberto que permite clculos aerodinmicos e de estabilidade da

    aeronave projetada com acurcia comprovada para aeronaves de pequeno porte como as

    utilizadas na competio SAE Aerodesign.

    3.3. Testes da aeronave

    Para verificar a validade deste trabalho, sero realizados clculos aerodinmicos, de

    desempenho e estabilidade para testar se os seguintes critrios de projeto foram verificados

    pela aeronave desenvolvida utilizando a metodologia apresentada:

    Respeito s restries geomtricas da competio; Decolagem em 50 m de pista; Aeronave com peso mximo de decolagem superior a 14,5 Kg;

    Pouso em 100 m de pista; Aeronave estvel e controlvel;

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    29/49

    4.Desenvolvimento da Aeronave

    4.1. Execuo do pr o jeto co ncei tu al

    4.1.1. Mis so e Desem penho almejado

    Conforme descrito anteriormente, a misso da aeronave realizar um circuito de voo

    de 360, decolando em 50m e, se possvel, pousando na mesma distncia, carregando a maior

    carga possvel, visando obter a maior pontuao possvel. Alm de obter a maior pontuaopossvel utilizando o conhecimento e recursos disponveis para a equipe, espera-se tambm

    um desenvolvimento dos conhecimentos da rea aeronutica.

    A equipe espera, como desempenho almejado, que a pontuao obtida (adotada como

    medida de desempenho da aeronave) coloque o projeto entre os 20 primeiros da competio,

    desempenho esperado para uma equipe que caminha para a terceira competio. Tal resultado

    garante maior destaque para a equipe, trazendo retorno a nossos patrocinadores e

    reconhecimento nossa universidade.

    4.1.2. Estudos prel imin ares

    Incialmente realiza-se uma anlise aprofundada do regulamento da competio do ano

    corrente, buscando por alteraes que facilitem o projeto, ou que indiquem a necessidade de

    ateno a pontos crticos no existentes em anos anteriores, como alteraes profundas nas

    restries dimensionais ou motorizao da aeronave.

    De posse destes dados, inicia-se a anlise do banco de dados da equipe, que contm os

    registros relativos participao da equipe em anos anteriores, como materiais utilizados,

    metodologias de projeto, memrias de clculo, dentre outros,

    Tambm e contemplada neste banco de dados a anlise das caractersticas de outras

    equipes concorrentes, o que permite a equipe entender quais sero as dificuldades que ela

    enfrentar ao longo do projeto como, por exemplo, a necessidade de desenvolver um

    componente da aeronave para se adequar ao regulamento que ainda no havia sido

    desenvolvido anteriormente, com materiais nunca antes utilizados pela equipe, bem como

    identificar tendncias de projeto que sero teis na elaborao e validao de solues.

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    30/49

    4. Desenvolvimento da Aeronave 30

    A ttulo de exemplo, no ano de 2012, foi introduzida uma restrio geomtrica que

    exigia aeronaves com dimenses totais (soma das envergaduras de asas e empenagens,

    comprimento total e altura) 700mm menores que no ano anterior, e com compartimentos de

    carga que obedeciam a uma restrio de densidade que os tornava at 40 % maiores, o que

    dificultava o projeto em todas as suas caractersticas bsicas, como menor peso mximo de

    decolagem, maior pista de decolagem, aumento do arrasto, dentre outras caractersticas que

    exigiram solues cada vez mais avanadas na busca de uma aeronave vencedora.

    Ento, a fim de delimitar algumas caractersticas da aeronave, alguns estudos

    comparativos utilizando os dados obtidos na etapa anterior foram iniciados. Devido falta de

    dados geomtricos precisos, a anlise comparativa recaiu primeiramente sobre a pontuao do

    ano anterior, que possua um regulamento mais prximo ao deste ano. A perda de 700 mm no

    somatrio de dimenses e a alterao da pontuao de carga paga tambm ser considerada.

    Para que a aeronave se situe entre as 20 primeiras equipes da competio, observamos

    que as mdias para peso vazio e peso mximo de decolagem (considerando-se 228 g de

    combustvel) foram 3,55 e 13,78 kg, respectivamente. Para essa condio mdia, a carga

    transportada seria de 10 Kg, valor considerado baixo pela experincia da equipe. Dessa forma,

    consideramos que uma relao entre a carga transportada e o peso vazio da aeronave de trs

    seria mais adequada, pois poucas equipes (oito entre as 20 primeiras) conseguiram superar

    este valor. Logo, iniciamos nossa busca por uma aeronave de aproximadamente 14,5 kg de

    peso mximo de decolagem, e 3,55 kg de peso vazio.

    Observando as apresentaes das demais equipes, bem como fotografias, pode-se

    notar tambm que havia uma convergncia para valores de relao de aspecto, envergaduras,

    e valores de volume de cauda horizontal e vertical (relao entre a rea das empenagens e a

    rea da asa, o que nos d uma relao de dimenses til para os clculos iniciais). Tais

    aspectos foram condensados em um uma linha mestra de projeto, contendo as caractersticas

    conceituais essenciais e desejveis para a aeronave, englobando fatores como restries

    geomtricas e dinmicas, consideraes sobre segurana, produo e operao da aeronave,

    bem como observaes sobre custos, prazos e reciclagem do material, sendo que os principais

    tpicos para esta etapa de projeto so exibidos abaixo na Tabela 2 a seguir:

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    31/49

    4. Desenvolvimento da Aeronave 31

    Tabela 2 - Requisitos conceituais propostos

    Leve Fcil retirada de carga Decolagem em 50 mGrande CP Robustez ao vento e clima Pouso em 100 m

    Fcil construo Baixo Arrasto e Atrito Pouso em 50 mManobrvel Rapidez de montagem ResistenteCompacta Baixo Custo Rapidez de projeto

    Posteriormente, elaborou-se uma matriz QFD, que relacionou estas caractersticas

    conceituais com valores e conceitos tcnicos passveis de serem valorados e mensurados,

    descritos a seguir na Tabela 3, e que possibilitam uma delimitao da lista de prioridades da

    aeronave.

    Tabela 3-Requisitos tcnicos propostos

    Requisito QuantificaoRelao de aspecto 5

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    32/49

    4. Desenvolvimento da Aeronave 32

    custo, associados facilidade construtiva, o que permite a fabricao de mais aeronaves,

    aumentado nossas tentativas na competio de voo em caso de quedas. Para evitar tais quedas,

    a robustez ao vento e demais condies adversas tambm ser priorizada, visando aumentaro

    nmero de tentativas de voo de nossas aeronaves, alm do que tais condies (vento forte e

    alta humidade) usualmente permitem que a aeronave carregue mais peso, aumentando sua

    pontuao. Sendo assim, iniciamos a delimitao do prottipo.

    4.1.3. Del im it ao do Pro tt ip o

    Para Pahl e Beitz (2005), os requisitos de um equipamento determinam a funo que

    representa as relaes entre a entrada e a sada de um sistema. Portanto se houver uma

    definio do ncleo da tarefa, podemos indicar uma funo global para o problema. Para

    esclarecer esta funo global, proposta a utilizao de um diagrama de blocos que representa

    as interaes entre as variveis de entrada e sada do sistema, fazendo referncia s

    converses de energia, material e sinais presentes no sistema. Tais relaes devem, ainda, ser

    especificadas da forma mais concreta possvel. Em busca deste objetivo, foi proposta uma

    funo global para aeronave, que inclua as entradas e sadas do projeto, conforme mostra a

    Figura 10.

    Figura 10 - Funo Global da Aeronave

    A seguir, tal funo foi desdobrada em subfunes, devido complexidade da tarefa a

    ser desenvolvida, aumentando a transparncia das relaes de entrada e sada. Tal diviso

    traz diversos benefcios, sendo os principais a diviso e simplificao do problema de busca

    de solues, bem como a possibilidade de desdobrar tais funes em novas subfunes, o que

    facilita solues para problemas subsequentes que possam surgir ao longo do processo, dando

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    33/49

    4. Desenvolvimento da Aeronave 33

    fluidez ao projeto. De posse das diversas estruturas de funes estudadas, foi escolhida uma

    que melhor se ajustava aos objetivos do projeto conceitual, exibida a seguir, na Figura 11.

    Figura 11 - Estrutura de funes de uma aeronave radio-controlada

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    34/49

    4. Desenvolvimento da Aeronave 34

    Utilizando uma matriz (Tabela 4) que permitia classificar os princpios de trabalho

    possveis para solucionar as subfunes descritas na estrutura de funes da aeronave, foram

    elaboradas variantes de soluo, ou seja, conjuntos destas propostas de solues que

    combinavam diversas estruturas de funcionamento diferentes para aeronave (Tabela 5).

    Tabela 4Esquema classificatrio das possveis solues de cada subfuno da aeronave

    Tabela 5-Variantes de Soluo Adotadas

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    35/49

    4. Desenvolvimento da Aeronave 35

    Tais variantes foram valoradas utilizando uma rvore de objetivos, ferramenta

    proposta por (Pahl & Beitz, 2005) na qual cada um dos objetivos de projeto subdividido em

    uma ordem hierrquica, definida por setor ou importncia (principais e secundrias), num

    procedimento que facilita ao projetista julgar se foram includas todas as metas relevantes

    para a tomada de deciso. Tais caractersticas so valoradas atravs da definio de um peso

    para cada uma das diversas caractersticas necessrias e desejveis para a aeronave, baseando-

    se no QFD e na Lista de Requisitos do projeto. Uma tabela que resume a rvore de objetivos,

    constando o peso relativo de cada caracterstica (entre 0 e 1) exibida na Tabela (6) a seguir.

    Tabela 6 - Caractersticas Analisadas

    1 nvel Peso 2 nvel Peso 3 nvel Peso

    Cumprir osrequisitos dacompetio

    1

    Alta capacidade decarga

    0,3Alta relao LD 0,12

    Leve 0,18

    Fcil construo eoperao

    0,5

    Baixo custo 0,075

    Rapida Montagem 0,225

    Peas Padronizadas 0,025

    Facilmentesubstituvel 0,15

    Reaproveitvel 0,025

    Manobrvel eestvel

    0,2

    Noprejudica a estabilidade 0,06

    Baixainfluncia do vento 0,04

    Fcilposicionamento do CG 0,1

    Desta forma, cada uma destas caractersticas foi avaliada nas variantes de solues

    desenvolvidas, e receberam notas de 0 (insatisfatria) a 4 (muito boa ou ideal), de acordo com

    a diretriz VDI 2225 exibida por (Pahl & Beitz, 2005), e estes valores foram multiplicados pelo

    peso definido na rvore de critrios. Atravs da soma destes valores, foi possvel obter uma

    nota global para cada variante de soluo, alm de se poderem identificar pontos fracos e

    fortes em cada uma delas, visando sempre obter uma soluo tima para a aeronave. Ao fim

    desta valorao, podemos ento definir uma soluo base que finaliza o projeto conceitual da

    aeronave.Ento, conclumos que a configurao externa da aeronave ser adotada

    primeiramente como monoplano por, segundo (Barros, 2000), esta configurao apresentar

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    36/49

    4. Desenvolvimento da Aeronave 36

    maior eficincia aerodinmica e construo mais fcil. A asa alta ser adotada, visando

    facilidade construtiva e um bom aproveitamento do efeito solo, alm da minimizao do risco

    de contato com o solo, fator importante para aeronaves sensveis ao vento como as da

    competio. O motor ser o OS.61 FX, por possuir uma boa relao peso-potncia e ser

    largamente utilizado na competio, em configurao tratora, para que o mesmo recebe um

    fluxo de ar limpo e tenha sua refrigerao propiciada pelo fluxo da hlice, alm de facilitar o

    ajuste do CG, que este ano no ser ajustado com lastros. O trem de pouso ter a configurao

    triciclo, por propiciar uma maior estabilidade no solo. Visando a facilidade construtiva, mas

    mantendo a eficincia aerodinmica, adotaremos a asa trapezoidal, bem como descartaremos

    o enflechamento e o diedro, pois acarretam dificuldade construtiva. Tambm descartaremos o

    uso de BWB (blended wing body), pois ele acarreta, alm de dificuldade construtiva,dificuldade para o posicionamento do CG, devido s atuais restries de densidade.

    Adotaremos tambm, devido reduo de peso e a um grande uso na competio, o uso de

    empenagens horizontais completamente mveis. Esta soluo adotada est resumida na tabela

    7 a seguir:

    Tabela 7 - Variante de soluo adotada

    Subfunes V1 Subfunes V1

    AArmazenar Energia

    Eltrica BateriaNi-Cd

    H ProverEstrutura

    Corpo de fuselagemtreliado

    B MecnicaTanque

    plsticoI

    Sustentaoauxiliar

    Semhipersustentador

    C Fixar motor naestruturaMotor

    DianteiroJ

    Apoiar aaeronave no

    soloTrem triciclo

    DConverter energia Mecnica em

    EmpuxoHlice 2

    psK

    Reter aaeronave em

    soloSem freios

    E Modelos de motor OS FX 61 L ProcessarSinal Radio 2.4 GHz

    F Associar ar e energia Asa Alta MAplicar

    ComandosHbrido (links

    rgidos e flexveis)

    Definida a configurao externa da aeronave, iremos dar incio ao projeto preliminar

    da aeronave.

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    37/49

    4. Desenvolvimento da Aeronave 37

    4.2. Projeto prelim inar da aeronave

    Para o inicio do projeto preliminar da aeronave, definimos uma geometria para a asa

    que melhor se encaixe no objetivo da equipe, visto que seu posicionamento j foi definido.Fatores como dificuldade contrutiva e caractersticas desejveis como uso de disposivos como

    flaps e slats influenciam nessa deciso. A seguir, baseado nas caractersticas de peso mximo

    de decolagem e restries geomtricas da competio, so criadas diversas geometrias do

    conjunto asa empenagem, levando em conta fatores como Relaes de Aspecto usuais, sobras

    dimensionais para o posicionamento do motor e altura da fuselagem e empenagem vertical.

    Tais geometrias so analisadas em um software, XFRL5, que permitem que estas anlises

    sejam feitas de forma rpida. Para esta anlise, recomenda-se o uso dos perfis E423 na asa eNACA 0009 na empenagem horizontal, visto que os mesmos apresentam boas caractersticas

    de sustentao e momento, o que permite um equilbrio mais refinado das foras atuantes na

    aeronave. Estes perfis no necessitam ser definitivos, mas por serem calculados pelo XFRL5

    com maior acurcia, permitem definir de forma confivel se a geometria estudada possui

    caractersticas promissoras para atingir os objetivos desejados. A geometria destes perfis

    exibida na Figura 12 abaixo:

    Figura 12 - Perfis Eppler 423 (esq) e NACA 0009 (direita)

    A definio sobre uma geometria ser promissora ou no recai sobre uma anliseconjunta entre o XFRL5, que nos d as caractersticas de sustentao e arrasto da aeronave,

    bem como garante se a mesma ser estvel, e um algoritmo desenvolvido no ambiente

    Matlab, que permite, atravs de uma integral proposta por (Roskam & Lan, 1985), descobrir

    se a aeronave consegue decolar na distncia estabelecida pelo regulamento da competio.

    Dessa forma, aps estudar diversas geometrias, podemos encontrar uma geometria que possa

    garantir no so que os requisitos de elegibilidade para a competio sejam atendidos, bem

    como os requisitos de desempenho almejado para a equipe, atravs de um processo orientado

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    38/49

    4. Desenvolvimento da Aeronave 38

    por passos, sendo que o aumento gradual da envergadura da asa a base para indicar uma

    direo de melhoria.

    Ento, inicia-se a busca por uma aeronave de aproximadamente 14,5 kg de MTOW (Peso

    Mximo de Decolagem), e 3,55 kg de peso vazio, com relao de aspecto entre 5 e 7, e

    envergaduras prximas de 2,5 m. Para as asas geradas com o perfil E423, devido ao seu

    menor momento, foram geradas 12 geometrias de asa para cada perfil, contemplando

    diferentes valores de AR e b, e tendo suas empenagens desenvolvidas para que fosse possvel

    estabelecer critrios mnimos de estabilidade longitudinal esttica (10%

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    39/49

    4. Desenvolvimento da Aeronave 39

    aceitvel para os objetivos de carga paga a ser levada pela equipe. Nesta etapa, tambm

    podemos verificar se o centro de gravidade da aeronave, cuja localizao para garantir a

    estabilidade da aeronave pode ser obtida anteriormente, de certa forma praticvel, o que

    garante, finalmente, que a aeronave est apta para ter seus clculos detalhados iniciados.

    Observando a tabela de pesos da aeronave anterior, efetua-se a substituio de

    estruturas e materiais a fim de obter uma tabela de pesos para a aeronave, bem como uma

    estimativa do seu centro de gravidade. Considerando a carga paga de aproximadamente 12 kg,

    pode-se estimar as dimenses da fuselagem para uma relao de esbeltez (comprimento

    dividido pela rea frontal) de 4,5, considerada pela equipe satisfatria. Utilizando o mtodo

    proposto por (Iscold, 2002),no qual o bico da aeronave considerado a cordenada X= 0, e a

    partir da so calculados os momentos de cada componente de acorodo com a Equao (1),

    ( 1 )

    Aonde representa o momento de cada componente, X representa sua coordenada e m sua

    massa, possvel, utilizando a Equao (2),

    ( 2 )

    Aonde Xcg representa o centro de gravidade da aeronave, representa o somatrio de

    momentos e a massa total da aeronave, no permite encontrar o centro de gravidade da

    aeronave, conforme descrito na Tabela (8).

    Tabela 8 - Clculo de peso e posio do CG

    SW-04 Taurus CG a 14 cm do BA ME=8%

    Item Peso(Kg) Brao(m) Momento

    Boom 0,113 1,08 0,12204

    Leme 0,08 1,475 0,118

    Empenagem Horizontal 0,17 1,475 0,25075Fuselagem 0,7 0,32 0,224

    Trem de pouso 0,124 0,42 0,05208

    Conjunto motriz 0,81 0,02 0,0162

    Bateria 0,093 0,14 0,01302

    Rdio 0,011 0,14 0,00154

    Tanque 0,295 0,14 0,0413

    Bequilha+Servos (M & B) 0,17 0,14 0,0238

    Servos Emp 0,03 1,5 0,045

    Asa 1,2 0,32 0,384

    Total 3,796 1,29173

    CG (Base no nariz) 0,340287144 CG 0,000287144

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    40/49

    4. Desenvolvimento da Aeronave 40

    Analisando a aeronave com o tanque cheio, seu peso passa de 0,065 para 0,295 kg,

    ocasionando um passeio de 2 cm no centro de gravidade da aeronave. Desta forma, sugere-se

    alocar a carga em 13 cm do bordo de ataque, aumentando a margem esttica da aeronave. O

    peso vazio 240g superior ao desejado (3,55 Kg), o que considerado satisfatrio, pois este

    peso pode ser reduzido ao longo do projeto. Dessa forma, consideramos que a aeronave est

    apta para iniciarmos os clculos que definiram quais so os resultados obtidos por essa

    aeronave. A seguir, exibido na Figura 14 o desenho da aeronave em trs vistas, mostrando

    suas principais dimenses.

    Figura 14 - Planta em 3 vistas da aeronave desenvolvida

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    41/49

    5.Resultados e discusso

    5.1. Anlis es aerod inm icas da aeron ave

    Atravs do projeto preliminar, obteve-se a configurao externa da aeronave,

    incluindo a forma em planta da asa e das empenagens, bem como suas perfilagens. Para

    analisar a configurao, a fim de obter os coeficientes aerodinmicos, foram utilizados dois

    mtodos: Painis 3D, utilizando o software XFLR5, e o mtodo de Anderson, descrito em

    (Anderson, 1999), visto que, baseado na experincia da equipe e no contato com outrasequipes, apenas os dados fornecidos pelo XFRL5, no se mostraram suficientemente

    confiveis. Para a anlise 3D, os elementos de singularidade do programa so dipolo e

    sorvedouro constantes e as condies de contorno so as de Dirchlet. Todos os painis so

    planos e os coeficientes so calculados atravs do plano de Trefftz. Para tais anlises, foi

    utilizada uma malha composta de 1360 painis, que foram considerados satisfatrios. A

    seguir, na Figura 15, exibido o modelo da aeronave e 3 dimenses elaborado no software

    XFRL5:

    Figura 15 - Modelo tridimensional da aeronave

    Visando a realizao de anlises confiveis de decolagem para a aeronave, iniciou-se o

    processo do clculo dos coeficientes de sustentao. Para a velocidade de decolagem de 11,6

    m/s o Cl de estol de 1,825, e o de decolagem 0,966, ambos utilizando as condies crticas

    e o MTOW de 14,5 Kg. Para verificar se seria possvel atingir tais condies foram realizadas

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    42/49

    5. Resultados e Discusso 42

    anlises nos dois mtodos propostos anteriormente para um refinamento de malha

    considerado satisfatrio, visto que, a equipe no dispe de tnel de vento nem equipamentos

    que permitam uma comprovao experimental dos clculos.

    Dados experimentais do perfil E423 tambm foram utilizados. Para todos os mtodos,

    o ngulo de estol da asa foi aproximadamente 18,0. Para o conjunto asa fuselagem esse

    ngulo caiu para 16,0, com um Cl mximo de 1,825. Pelo grfico da Distribuio da

    Sustentao ao longo da semi-envergadura (Figura 16) verificou-se que, pelo mtodo de

    Anderson, o estol inicia a 40 cm da raiz enquanto pelo mtodo Painis 3D este inicia a 60 cm

    da raiz. Logo, os dois mtodos indicam que o estol se inicia afastado da posio onde se

    encontram os ailerons, o que satisfatrio para garantir a controlabilidade da aeronave.

    Figura 16 - Distribuio das foras de sustentao ao longo da asa

    Para a empenagem horizontal verificou-se ainda que, para os ngulos de ataque

    provveis de operao da aeronave (-7 at 9), o perfil escolhido, NACA 63012A, foi

    selecionado por trabalhar em seu balde laminar em pelo menos 80% da envergadura, o que

    de grande valia na reduo de arrasto e aumento da sustentao da empenagem.

    Por fim a determinao da polar de arrasto foi feita atravs de dois mtodos; painis

    3D, utilizando o software XFLR5 e o mtodo descrito por (Anderson, 1999), visto que,

    baseado na experincia da equipe e no contato com outras equipes, apenas os dados

    fornecidos pelo XFRL5 no se mostraram suficientemente confiveis. Desta forma considera-

    se que a aeronave, do ponto de vista aerodinmico, est apta a realizar suas metas.

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    43/49

    5. Resultados e Discusso 43

    Figura 17 - Polar de arrasto da aeronave

    Por fim, exibimos a Tabela 9 na qual so exibidos os principais dados obtidos no

    projeto aerodinmico, teis para assegurar o desempenho e a estabilidade da aeronave.

    Tabela 9 - Dados aerodinmicos da aeronave

    5.2. Anlises de desempenho e estab il idade da aeronave

    Incialmente realizada a anlise de decolagem da aeronave, que um fator muito

    importante visto que na competio as equipes tm como uma das restries o comprimento

    de pista. O mtodo utilizado foi o proposto por (Roskam & Lan, 1985) baseado no princpio

    fundamental da dinmica (2 lei de Newton). Foi adotada uma velocidade de decolagem 20%

    maior que a velocidade de estol devido norma (FAA, 1996) por motivos de segurana.

    Segundo (Roskam & Lan, 1985), as foras atuantes na aeronave em decolagem

    (Figura 18) so o arrasto (D), sustentao (Lg), trao dos motores (T) e a gravidade (W), que

    provoca a reao normal (Nn (trem de pouso dianteiro) e Nm (trem traseiro)), sujeitos

    constante de atrito dinmico () nos do o modelo abaixo, para uma pista com inclinao

    constante ():

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    44/49

    5. Resultados e Discusso 44

    Figura 18 - Modelo da aeronave em decolagem(Roskam & Lan, 1985)

    Desta forma, podemos atravs de integrao, conhecendo a velocidade de decolagem

    Vlof, e a velocidade do vento Vw, definir qual a distncia de decolagem da aeronave Sto, de

    acordo com Equao (3) abaixo, proposta por (Roskam & Lan, 1985):

    (3)

    Nela o arrasto descrito em funo do coeficiente de arrasto CDg, e a sustentao

    descrita atravs do coeficiente de sustentao CLg.O valor de corresponde presso

    dinmica, descrita por

    , aonde a densidade do ar. Para a densidade do ar mdia de

    1,11 Kg/m foi calculada para cada peso em anlise a distncia percorrida em funo da

    velocidade. As linhas horizontais representam as velocidades de decolagem de seus

    respectivos pesos. Quando estes atingem essa velocidade a decolagem efetivada. Atravs da

    Figura 19, podemos constatar que o avio, com peso de decolagem de 14,5 kg (148 N),

    decolar antes dos 50 m permitidos.

    Figura 19 - Grfico de distncia de decolagem

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    45/49

    5. Resultados e Discusso 45

    No pouso no h trao disponvel, o coeficiente de sustentao iguala-se ao da

    decolagem, e o efeito solo atua na fora de arrasto da aeronave. A equipe seguiu a

    recomendao da norma (FAA, 1996) e adotou uma velocidade de aproximao de 30%

    maior que a velocidade de estol. Considerando o peso mximo total calculado de 148N para o

    projeto, o resultado do comprimento necessrio para pista de pouso foi 69,72m para um valor

    de densidade do ar de 1.1117 (Kg/m), respeitando o limite estipulado pelo regulamento da

    competio. A Figura 13 representa o comprimento de pista de pouso necessrio para os pesos

    em diferentes altitudes (800m, 1000m e 1300m). Dentro das especificaes de peso deste

    projeto, 148N, a aeronave no ter problemas quanto ao pouso.

    O projeto na rea de estabilidade e controle tem por objetivo conseguir uma aeronave

    estvel e facilmente controlada pelo piloto. O principal requisito desta analise a margem

    esttica pr-definida. Esta foi adotada de 10% para o projeto preliminar, a qual garante uma

    boa controlabilidade alm de garantir a estabilidade do avio. Os dados necessrios foram

    retirados do programa XFRL5 e XFOIL, e os clculos foram feitos em MATLAB. O conceito

    de estabilidade esttica vem da tendncia de um sistema em recuperar sua condio de

    equilbrio, dada uma perturbao. Uma aeronave pode ser estvel, neutra, ou instvel

    estaticamente. Em geral, o estudo de estabilidade subdividido em dois grupos: longitudinal e

    ltero-direcional, pois a hiptese de desacoplamento do movimento da aeronave nesses dois

    eixos vlida na maioria dos casos de estudo.

    Os clculos de estabilidade esttica foram feitos atravs dos mtodos propostos por

    (Anderson, 1999), calculando a contribuio da asa, empenagem horizontal, empenagem

    vertical e fuselagem.

    Figura 20 - Distncia de pouso x peso

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    46/49

    5. Resultados e Discusso 46

    Para se entender o conceito de estabilidade esttica, a Figura (21) abaixo de grande

    auxlio:

    Figura 21 - Posies de equilbrio de um balde e de uma bola

    Observando a figura, os objetos que possuem estabilidade esttica positiva possuem

    um movimento estabilizador contrrio fora que o originou, fazendo o objeto retornar sua

    posio original. Para objetos com uma estabilidade esttica neutra, eles iro se deslocar para

    uma posio diferente da original, at que sua energia se dissipe. Por fim, um objeto comestabilidade esttica negativa ir ganhar energia ao ser iniciado qualquer movimento,

    indicando sua instabilidade de movimento.

    Para uma aeronave, isto ocorre quando a mesma atingida por uma fora como um

    comando do piloto ou uma rajada de vento. Desta forma, se a mesma for estvel, ela ir

    retornar posio original. Ou seja, se seu nariz for apontado para cima ou para baixo, e o

    comando cessar, a mesma deve voltar posio original.

    Isto pode ser traduzido no seguinte grfico de fora, representada pelo coeficiente demomento da mesma, pelo deslocamento, representado pelo ngulo de ataque, e exibido na

    Figura (22) a seguir:

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    47/49

    5. Resultados e Discusso 47

    Figura 22 - Grficos que representam uma aeronave estvel, neutra e instvel.

    Inicialmente pode-se concluir que o avio estvel longitudinalmente, pois o

    coeficiente de momento para o ngulo de ataque nulo, Cm0a = 0,0486, positivo, e a derivada

    do coeficiente de momento em relao ao ngulo de ataque, Cma= -0,0078 Graus-

    negativo, atendendo assim os dois requisitos para a estabilidade neste eixo. A partir desta

    analise longitudinal, obtm-se o seguinte grfico da Figura 14 abaixo.

    Figura 23 - Coeficiente de momento x angulo de ataque

    A estabilidade esttica direcional garantida atravs do valor positivo do coeficiente

    Cn= 0,0037 Graus-, o qual obtido com a contribuio da empenagem vertical, pois esta

    possui um valor tambm positivo, ao contrario da contribuio do conjunto asa-fuselagem.

    J para a estabilidade lateral, podemos considerar que Cl praticamente nulo, devido

    a inexistncia do ngulo de diedro da asa. E como a aeronave Taurus possui asa alta e o CG se

    encontra localizado abaixo dela, podemos considerar que isto j proporciona estabilidade aoavio.

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    48/49

    6.Concluso

    6.1. Conc lu so

    O projeto Aerodesign, por si s, caracterizou um enorme aprendizado para o autor ao

    longo dos trs anos em que participou do projeto, e este presente trabalho, sendo um

    compndio da experincia adquirida e tcnicas desenvolvidas, cumpriu o objetivo principal de

    sedimentar as bases dos conhecimentos tcnicos adquiridos no s na competio, como

    tambm no curso de engenharia eltrica da Universidade Federal de Viosa. As frentes demaior enfoque, a reiterar, projeto preliminar, conceitual, aerodinmica e mecnica de voo

    foram estudadas e aprofundadas de maneira vasta, exemplificado pela aeronave projetada ao

    longo deste trabalho, que teve suas caractersticas projetadas, verificadas e aprovadas ao

    longo deste projeto. O resultado final do trabalho uma metodologia consistente de projeto de

    aeronaves, capaz de analisar sensibilidades mltiplas entre parmetros.

    Desta forma, considera-se que os objetivos propostos no incio deste projeto foram

    todos cumpridos, rendendo elevado grau de aprendizado e desperto para aprofundar os

    estudos em aerodinmica, mecnica de voo, e projeto de aeronaves.

    6.2. Consi deraes finai s

    Dentre os pontos fracos do projeto em questo esto o fato de que, como o foco do

    trabalho no est no clculo estrutural, possvel que a rotina de estimao de peso da

    aeronave no estivesse bem representativa, o que faria os resultados da rotina de desempenho,

    principalmente no tocante ao clculo da potncia requerida que varia com o peso vazio

    elevado a 1,5, perder credibilidade. Para sanar este possvel problema, as estimativas de peso

    vazio da aeronave foram feitas de maneira conservadora e baseando em dados histricos de

    outras aeronaves e peas j construdas ou adquiridas pela equipe, variando cada uma das

    caractersticas geomtricas da asa (rea, envergadura, enflechamento, diedro, etc). Mesmo

    possuindo um clculo conservador para o peso, ainda necessrio conceber uma estrutura

    igualmente eficiente a das aeronaves nos quais as correlaes de estimao de peso foram

    baseadas, o que por si s, j representa um enorme desafio de engenharia.

  • 8/12/2019 Projeto Conceitual e Preliminar de Aeronaves Destinadas Competio Sae Aerodesign

    49/49

    7.Bibliografia

    Anderson, J. (1999).Aircraft Performance and Design.New York: McGraw-Hill.Barros, C. (1989).Introduo ao Projeto de Aeronaves Leves.Belo Horizonte: UFMG.Barros, C. (2000). Uma metodologia para o desenvolvimento de aeronaves leves subsnicas.

    Frum SAE.Da Rosa, E. (2005).Introduo ao Projeto Aeronutico.Florianpolis: UFSC.FAA, F. A. (1996).FAR, Federal Aviation Regulations, Part 23.USA: FAA.Iscold, P. H. (2002).Introduo s cargas nas aeronaves.Belo Horizonte: UFMG.Pahl, G., & Beitz, W. (2005).Projeto na Engenharia: Fundamentos do Desenvolvimento

    Eficaz de Produtos. Mtodos e Aplicaes.Alemanha: Blucher.Pullin, D. (1976).Apostila de Aerodinmica do Avio.Belo Horizonte: UFMG.

    Raymer, D. (1992).Aircraft Design - A conceptual approach.Reston, EUA: AIAA EducationSeries.Roskam, J. (1985).Airplane Design.DAR Corporation.Roskam, J., & Lan, C. (1985).Airplane Aerodynamics and Perfomance.DAR Corporation.Torenbeck, E. (1981). Synthesis of Subsonic Airplane Design.Delft.