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Felizmente há luar! Caracterização das personagens (Documento quatro) Personagens presentes no texto dramático Felizmente há luar! de Luís de Sttau Monteiro. POVO: Manuel, Rita, antigo soldado, outros populares. Traidores do povo: Morais Sarmento, Andrade Corvo e Vicente. Governantes: Principal Sousa, D. Miguel Forjaz, Marechal Beresford. (Núcleo do Poder) Matilde de Melo. Sousa Falcão. Gomes Freire de Andrade. Frei Diogo. Personagem Principal o Gomes Freire de Andrade é sempre caracterizado directamente pelas outras personagens. A sua caracterização é quase exclusivamente psicológica. o Não aparece em cena, mas é ele que motiva as outras personagens: para o povo é um herói; para os governadores, um homem perigoso; para Matilde, o companheiro e para Sousa Falcão, o amigo de todas as horas. o Representa, simbolicamente, a integridade e a recusa na subserviência. A sua capacidade de liderança e a coragem na defesa dos seus ideais remete para o Portugal do passado-nação gloriosa e triunfante oA sua morte remete para a manutenção de uma ideologia fossilizada e para Portugal do presente-nação paralisada pelo medo, pela denúncia e pela suspeição. o É considerado por todos os que nele depositam esperanças na mudança do regime como sendo um homem lúcido, inteligente e justo. Por estes motivos, é visto 1

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Felizmente há luar! Caracterização das personagens(Documento quatro)

Personagens presentes no texto dramático Felizmente há luar! de Luís de Sttau Monteiro.

POVO: Manuel, Rita, antigo soldado, outros populares. Traidores do povo: Morais Sarmento, Andrade Corvo e Vicente. Governantes: Principal Sousa, D. Miguel Forjaz, Marechal Beresford. (Núcleo do Poder) Matilde de Melo. Sousa Falcão. Gomes Freire de Andrade. Frei Diogo.

Personagem Principal

oGomes Freire de Andrade é sempre caracterizado directamente pelas outras personagens. A sua caracterização é

quase exclusivamente psicológica.

oNão aparece em cena, mas é ele que motiva as outras personagens: para o povo é um herói; para os governadores,

um homem perigoso; para Matilde, o companheiro e para Sousa Falcão, o amigo de todas as horas.

oRepresenta, simbolicamente, a integridade e a recusa na subserviência. A sua capacidade de liderança e a coragem

na defesa dos seus ideais remete para o Portugal do passado-nação gloriosa e triunfante

oA sua morte remete para a manutenção de uma ideologia fossilizada e para Portugal do presente-nação paralisada

pelo medo, pela denúncia e pela suspeição.

oÉ considerado por todos os que nele depositam esperanças na mudança do regime como sendo um homem lúcido,

inteligente e justo. Por estes motivos, é visto como uma esperança por parte de todos os oprimidos que sonham

com uma sociedade mais justa, menos oprimida, mais livre, em que o medo e a repressão não imperem, ou seja,

por parte daqueles que sonham com um sistema político que vá ao encontro dos interesses da maioria oprimida.

É nele que todos depositam a esperança da vitória dos valores como a Fraternidade, Igualdade e Liberdade, ou

seja, dos ideais da Revolução Francesa, que lançou as sementes do Liberalismo.

oPelos mesmos motivos, o regime vê nele a personificação de todos os perigos que poderiam pôr em causa os

alicerces do próprio regime, sendo, por isso, um alvo a abater na tentativa de preservar um poder que já não

existe.

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oA sua morte, ao contrário do que seria de esperar, não surte o efeito desejado pelo regime, pois, em vez de anular o

espírito da revolta, fez crescer o inconformismo face às injustiças e, consequentemente, incrementou a luta por

um regime mais justo, o que acabou por acontecer em 1834 com o triunfo do Liberalismo.

Personagens secundárias

D. Miguel Pereira de Forjaz - primo de Gomes Freire é o símbolo do país decadente que governa. É

megalómano, prepotente, cobarde e calculista. Desprovido de integridade e corrupto, personifica a traição

aliada à vingança.

Representante da aristocracia e do Absolutismo. (Governador do reino).

Mau carácter que se opõe claramente às qualidades de Gomes Freire de Andrade, contra o qual o

movem razões de ordem pessoal.

Assume-se como um indivíduo do “ontem” e tem um ódio mortal a tudo o que pode perturbar o

pretenso equilíbrio do Absolutismo de direito divino que favorece a classe a que pertence. Daí a sua

atitude absolutamente radical contra a todos os que representam os ideários da Revolução Francesa.

Principal Sousa - representante do poder eclesiástico e dogmático. Fanático na defesa de uma doutrina que

não pratica. Entende-se a si próprio como um guardião de um rebanho tresmalhado. Evolui negativamente,

pois se de início se sente desconfortável com a solução de condenar alguém inocente, depois já congemina

numa espécie de vingança pessoal.

É o menos convicto quanto ao que se prepara para Gomes Freire, modificando a sua atitude indecisa

do primeiro para o segundo acto, conseguindo rapidamente superar as dúvidas iniciais ao encontrar

razões pessoais contra Gomes Freire de Andrade.

Assume-se como o contraponto de Frei Diogo, o confessor de Gomes Freire, pois se este representa a

Igreja pura, que se alimenta e alimenta os outros de Fé, da caridade, do amor e de esperança,

Principal Sousa personifica uma Igreja que parece esquecer os fundamentos mais profundos do

exemplo e mensagem de Cristo.

William Beresford - principal figura na perseguição a Gomes Freire. É o símbolo do calculismo e do

materialismo. É trocista, sarcástico e despreza o país onde tem de viver. Sente-se ameaçado nos seus

privilégios, pois teme ser substituído pelo General Gomes Freire, soldado brilhante amado pelo povo. É então

que decide escolhê-lo como vítima a sacrificar.

Símbolo da presença inglesa que não revela qualquer consideração com o que é nacional.

Símbolo do poder militar.

É irónico e petulante, pois olha para Portugal com um forte sentido crítico, mostrando a sua essência

unicamente para manter o seu lugar, aumentar o seu poder dentro do exército e assegurar o

objectivo de voltar ao seu país com um bom “pé-de-meia”.

Vicente – Traidor do Povo. Representa a hipocrisia e o oportunismo. É servil e materialista. Despreza a classe

social a que pertence e é ardiloso, jogando com as palavras e espicaçando os ânimos. Trairá e denunciará para

ter uma ascensão social rápida, sendo ele que despoleta os acontecimentos que culminarão na morte de

Gomes Freire.

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Andrade Corvo e Morais Sarmento – Traidores do Povo. Denunciadores, “BUFOS”.

Matilde de Melo - mulher de carácter forte, apaixonado, é a companheira fiel do General. Como ele, recusa a

hipocrisia, a injustiça e o materialismo. Revela-se como um “alter-ego” de Gomes Freire e será assim que

tentará provar a sua inocência.

Mas há outra Matilde, símbolo de feminilidade, expressa no desespero dos seus diálogos, é o símbolo

da mulher que ama e sofre por amor, que sozinha, apartada daquele que ama, perde identidade.

O discurso de Matilde funciona como uma resposta ao discurso oficial: caracteriza as atitudes e

valores veiculados pelos governadores do reino e denuncia as consequências sociopolíticas e

culturais que advêm da conduta governativa, o que está presente no diálogo entre ela e ao Principal

Sousa.

Nesta personagem impõe-se a dimensão individual à dimensão social, pois acaba por manifestar o

egoísmo que a torna representante da alma feminina.

É uma personagem modelada que evoluiu da rapariga aldeã para a companheira do General, tendo

sofrido grandes alterações de valores que se manifestam nas suas atitudes.

A figura de Matilde assume-se como a de maior destaque e maior densidade psicológica, assumindo-

se como uma Mulher ousada, determinada pela afectividade, que oscila entre o carinho e o amor

dedicado a Gomes Freire, pela profunda amizade a Sousa Falcão, pela incredulidade face à atitude

passiva e desconcertante do povo e pelo inconformismo relativamente à hipocrisia do poder.

António de Sousa Falcão - representa a impotência perante o despotismo, sendo sempre leal a Matilde e ao

General. Está consciente da impossibilidade de que se faça justiça.

Assume uma dimensão humana, não isenta de culpa, pois perante o exemplo de honestidade, de

integridade e coragem de Gomes Freire, ele sente-se cobarde e mesquinho. Aproxima-se, assim de

uma personagem modelada, que evoluiu e se surpreende consigo própria.

Frei Diogo – Confessor de Gomes Freire de Andrade. Representa a mais pura doutrina cristã.

Manuel - representa o povo português oprimido na miséria e faminto que se sente impotente para alterar o

seu destino. Sente-se resignado.

Deposita todas as esperanças no General. Posteriormente, quando este é preso, o desencanto e a

tristeza transformam-se primeiro em raiva, e em cansaço depois, na consciência de que as vidas

daqueles homens são como sombras num vazio que não se consegue preencher.

Terá a função de coro, pois as suas interrogações, no início de cada acto, predizem o destino da sua

classe.

Populares - funcionam como o coro que vai informando/comentando sobre os episódios da acção dramática.

As suas falas denunciam a pobreza e mostram que a ironia é a sua arma. Situam-nos no tempo histórico.

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