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7/31/2019 5 - CONCLUSES E RECOMENDAES
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5 CONCLUSES E RECOMENDAES
Demonstrou-se, no decorrer da investigao, como a condio funcional (o
uso dos edifcios) pode influenciar na satisfao de seus usurios, alm de contribuir
positiva ou negativamente para o processo de conservao do patrimnio cultural
edificado.
Atravs dos estudos realizados, percebemos que o processo de
conservao vem sendo construdo h quase sessenta anos na cidade de So Lus
(SOUZA, 1999, p.177) e que, nos ltimos vinte anos, tem havido intervenes
significativas para tentar reverter o quadro que se apresenta abandono e
degradao do patrimnio histrico buscando o to almejado desenvolvimento
sustentvel, que poder deixar para as geraes futuras um pouco dessa histria,
que foi e que est sendo construda.
A questo da conservao do patrimnio histrico j considerada ponto
pacfico/consensual, ao menos para todos os envolvidos com o Centro Histrico de
So Lus. Contudo, ainda no se encontrou uma frmula ou procedimento comum
que pudesse ser utilizado em qualquer situao (se que isso possvel). Assim,at o momento, procura-se o bom senso e buscam-se referncias em experincias
de outras cidades, o que de bom e proveitoso se conseguiu adaptando essas
intervenes ao contexto de So Lus. As intervenes no Centro Histrico de So
Lus tm tido xito satisfatrio na medida em que possibilita a permanncia do uso
residencial, com a reabilitao de alguns casares e sobrados que esto recebendo
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como principal funo o uso residencial multifamiliar (objeto de estudo dessa
dissertao).
Uma das falhas cometidas pela administrao pblica e pelos envolvidos no
processo de conservao e revitalizao do Centro Histrico de So Lus tem sido a
falta de acompanhamento das intervenes j realizadas, o que permitiria detectar
os problemas ocorridos. Um melhor acompanhamento possibilitaria remediar as
falhas ocorridas e prevenir sua repetio em intervenes futuras, dando, assim,
continuidade a esse processo.
Essa falta de acompanhamento tambm observada nas intervenes
realizadas nas edificaes com uso de Habitao Multifamiliar. O acompanhamento
s existe durante a obra propriamente dita, e nos primeiros meses de uso das
edificaes. Contudo, este no foi o maior problema detectado. Podemos destacar
o dimensionamento inadequado quantidade de pessoas por famlia como a maior
reclamao dos moradores. Por exemplo, um apartamento com dois quartos para
uma famlia de sete pessoas, ou um outro apartamento de trs quartos para apenas
duas pessoas.
Finalmente podemos concluir com esta investigao que:
Atravs da anlise dos projetos arquitetnicos, da opinio dos tcnicos
envolvidos e dos moradores, observamos que, de uma maneira geral, o
Subprograma de Promoo Social e Habitao est conseguindo atender s
necessidades bsicas de moradia. As reclamaes existentes, principalmente feitas
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pelos moradores, so justificadas pela ausncia de um conhecimento prvio da
populao envolvida no processo, ou seja, pela desinformao ou pela ausncia de
dilogo, em todas as etapas do processo. Enfim, no existe troca de conhecimentos
entre usurios e os tcnicos. Conhecimento este, que seria fundamental para se
pensar o projeto arquitetnico no apenas como um emaranhado de plantas baixas
e outras plantas tcnicas de reforma no espao fsico, mas tambm como fruto de
anseios e necessidades reais de seus usurios, em uma perspectiva de melhoria da
qualidade de vida para muitos moradores e para o Centro Histrico em geral.
Com certa freqncia, a anlise dos dados levantados na pesquisa de
campo, revelou que as unidades habitacionais estudadas apresentam problemas de
dimensionamento e, em alguns casos, problema de lotao, pelo nmero de filhos
e/ou condies especficas da famlia que se v na obrigao de acolher parentes
prximos. Problema este que poderia ser resolvido se, antes do sorteio dos
apartamentos, fosse feita uma diviso em grupos pelo nmero de pessoas por
famlia. Evitando, assim, que, por exemplo, uma famlia de 5 pessoas no fosse
contemplada com um apartamento de apenas 1 quarto.
Como no se podem processar as transformaes necessrias, com oaumento de rea, a populao se arruma como pode. Os espaos tm sua ordem
funcional subvertida e adquirem mltiplas funes: comer, dormir, ler, assistir TV,
costurar e passar, estudar, so atividades que podem acontecer simultaneamente
em qualquer ambiente. Disso resultam certos atritos e constrangimentos no
cotidiano familiar, j que a sobreposio de atividades no permite uma adequada
organizao e manuteno da casa. Objetos amontoados de qualquer forma,
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ambientes desorganizados, so componentes de uma configurao espacial que
denuncia um habitar de certo modo conturbado, com profundos reflexos no
comportamento das pessoas.
Outra soluo para o problema do dimensionamento, seria a incluso do
conhecimento prvio do perfil do grupo familiar a residir nas unidades habitacionais,
buscando um projeto arquitetnico mais prximo da realidade de seus futuros
usurios.
Por fim, esperamos que esta investigao, que buscou produzir um estudo
significativo sobre as Habitaes Multifamiliares j implantadas no Centro Histrico
de So Lus, sirva de estmulo ao desenvolvimento de outras investigaes que,
com certeza, viro a contribuir ainda mais para a consolidao dos objetivos do
Programa de Preservao e Revitalizao do Centro Histrico de So Lus e,
principalmente, para o aperfeioamento do Subprograma de Promoo Social e
Habitao.
Constatando que as cidades que possuem reas de interesse histrico, vm
se tornando lugares que cada vez mais desempenham a funo de reas tursticas ede lazer, esta investigao vem mostrar justamente que no se pode pensar na
conservao de Centros Histricos considerando somente as suas caractersticas e
qualidades estticas, paisagsticas e ambientais, mas tambm um elemento que
vem sendo muitas vezes esquecido, a POPULAO usuria (existente ou em
potencial). E isso passa necessariamente pela sua incluso nestas polticas, planos
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e, especialmente, nos projetos arquitetnicos a ela destinados, em especial no que
diz respeito moradia.
Como diz Bachelard, a casa o primeiro mundo do ser humano. Antes de
ser atirado ao mundo, o homem colocado no bero da casa (1998, p. 26). Ou
seja, a casa responsvel pela nossa primeira experincia social, nela que
aprendemos a conviver com as diferenas e nos educamos para o mundo alm
portes. Somos frutos da educao cotidiana familiar que aprendemos antes mesmo
de irmos escola. Somos conseqncia da convivncia social nos nossos lares.