5- Enquanto isso, no Oriente

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    ENQUANTO ISSO, NO ORIENTE...

    At a Era das Grandes Navegaes, a histria da humanidade aparecia

    como um conjunto de processos fragmentados, no qual sociedades e culturas

    inteiras surgiam e desapareciam sem que tomassem conhecimento um das

    outras. Com as Grandes Navegaes e a Revoluo Comercial, o mundo a

    tornou-se interligados por uma estreita rede de relaes. O comrcio passou a

    ser praticado entre os vrios continentes, e sociedades muito diversas

    entraram em contato entre si. Os povos europeus foram os grandes agentes

    desse processo, empreendendo viagens aos quatro cantos do mundo.

    No podemos esquecer, porm, que suas caravelas levavam canhes.

    Assim, muitas das relaes estabelecidas com outros povos foram baseadas

    na dominao. Isso permitiu a transferncia de uma enorme quantidade de

    riquezas para a Europa. E foram justamente essas riquezas que ajudaram a

    financiar a Revoluo industrial, a partir do sculo XVIII, transformando a

    Europa num continente prspero.

    1.O IMPRIO OTOMANO:

    Tendo expandido rapidamente sua religio por meio das guerras de

    conquista, os muulmanos construram um imprio que permaneceu unificado

    at meados do sculo VIII. Esse imprio estendia-se da pennsula Ibrica at a

    ndia, abarcando todo o norte da frica e o Oriente Mdio. Alm das

    populaes rabes, em seus territrios havia povos de outras etnias e religies,

    nem todos convertidos ao islamismo. Em 750, a dinastia reinante os omadas

    foi deposta, e a capital do Imprio transferida para Damasco. Abder Raman,

    descendente dos omadas, fugiu para a pennsula Ibrica. Ai fundou o Emirado

    de Crdoba, independente do governo de Damasco.

    A partir desse acontecimento, tinha incio uma srie infindvel de

    divises do Isl, das quais surgiram inmeros reinos autnomo, chamados de

    califados, emirados ou sultanatos, conforme o caso. Em meados do sculo

    XVI, no perodo das Grandes Navegaes europeias, a religio islmica era a

    mais difundida no mundo. Em compensao, o antigo imprio dominado pelos

    rabes tornara-se fragmentado em dezenas de grandes e pequenos Estados.

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    Na ndia, por exemplo, havia um aglomerado de sultanatos minsculo e

    principados comerciais islmicos. Seria com eles que os portugueses

    negociaram ao chegar com suas caravelas a parti de 1498.

    No sculo XI, os turcos, mais tarde chamados de turcos otomanos

    habitavam o planalto da Anatlia, na Turquia atual, justamente com outros

    povos. Convertidos ao islamismo formaram um reino independente. Por meio

    de guerras de conquistas, expandiram seu territrio e constituram o maior e

    mais poderoso Estado muulmano. Em 1453, ocuparam Constantinopla, capital

    do antigo Imprio Bizantino. No sculo XVII, os domnios do Imprio Otomano

    abarcaram toda a pennsula Balcnica, incluindo a Grcia, na Europa; o

    planalto da Anatlia; a antiga regio do Crescente Frtil; o Egito e o norte da

    frica. Esse imprio chegou a ameaar a Europa ocidental quando, em 1529,

    suas tropas fizeram cerco a Viena, capital do reino austraco, um dos mais

    poderosos do Sacro Imprio Romano-Germnico.

    Entretanto, apesar de seu poderio, ele apresentava dois aspectos

    desfavorveis. O primeiro consistia na rigidez da estrutura social do Imprio

    Otomano, que estava estruturado como um Estado militarista, no qual a

    administrao e a maquina de governo se confundiam como o exrcito. Os

    militares ocuparam o topo da hierarquia social. Em seguida, vinha o alto clero

    do Isl. Bem abaixo deles, agrupavam-se camponeses muulmanos ou

    cristos e por fim os escravos. No existia, portanto, um grupo social dinmico,

    formado por pessoas com poder para expandir seus negcios, semelhante

    burguesia que atuava na Europa no meio socioeconmico produtivo.

    O segundo aspecto ligava-se ao desenvolvimento tcnico. Na verdade,

    do ponto de vista tecnolgico, at 1500 o mundo muulmano esteve bem

    frente da Europa. Em vrios campos do conhecimento (matemtica,cartografia, medicina) e em certos aspectos da produo manufatureira,

    encontrava-se francamente na dianteira. Ao contrrio das europeias, suas

    cidades em grandes e bem urbanizadas, muitas delas dispunham de

    bibliotecas e universidades. Entretanto, esse desenvolvimento tecnolgico no

    foi suficiente para promover, na economia do mundo muulmano,

    transformaes da importncia das que ocorriam mesma poca na Europa

    Ocidental.

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    A principal razo para esse descompasso, como j foi dito, foi

    ausncia de uma burguesia dinmica, capaz de se transformar no agente

    histrico dessas mudanas. Assim, por volta de 1500, o conhecimento e a

    tcnica europeia j rivalizavam como os muulmanos. A derrota dos turcos

    otomanos na batalha naval de Lepanto, diante dos espanhis, em 1571,

    marcou o enfraquecimento do poder islmico no mundo moderno.

    2. A CHINA DOS MANDARINS:

    De todas as sociedades do perodo que antecedeu as Grandes

    Navegaes, nenhuma pareia mais poderosa do que a chinesa. Sua

    populao, um pouco superior a 100 milhes de habitantes, constitua mais queo dobro da populao da Europa. Uma burocracia treinada para as funes

    pblicas dirigia sua administrao de maneira unificada e disciplinada.

    Um aspecto importante da sociedade chinesa era sua precocidade

    tecnolgica. Muito antes do que na Europa, j no sculo XI fazia-se a a

    impresso de textos com tipos mveis, o que permitia a publicao de um

    grande numero de livros. O comrcio e a produo artesanal, estimulados pela

    construo de canais e pelo crescimento da populao, eram igualmente

    intensos. Havia extensas rotas comerciais, o papel-moeda circulava desde o

    final do sculo XI, muito antes do que na Europa.

    Nesse mesmo sculo, a produo de ferro chegava a 125 toneladas. Os

    chineses foram, provavelmente, os inventores da plvora e j fabricavam

    canhes no sculo XIII. Inventores da bssola, sua navegao e comrcio de

    alm-mar atingiram um estgio altamente desenvolvido. Em suas viagens de

    longa distancia, os navios chineses, que mediam at 120 metros de

    comprimento, chegaram a alcanar costa da frica.

    Possuindo tantos conhecimentos os chineses poderiam perfeitamente

    ter percorrido o caminho de Vasco da Gama em sentido inverso e ter

    descoberto Portugal antesmesmo que os navegadores portugueses tivessem

    iniciado suas viagens martimas. A expanso naval da China durou pouco,

    porm em 1436, um decreto imperial proibiu a construo de navios de grande

    porte. A seguir, outro decreto interditou o comrcio em alto- mar. Assim, no

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    momento em que reunia condies para dar inicio a uma grande aventura

    transocenica, a China decidiu voltar s costas para o mundo.

    possvel que isso tenha sido decorrncia de uma estrutura social

    conservadora. De fato, a administrao do pas era controlada e exercida por

    funcionrios mais voltados filosofia e ao culto das tradies, os chamados

    mandarins. Por causa das ideias filosficas que os orientavam, os mandarins

    no desejam um futuro mais brilhante para o pas, baseado na expanso e no

    comrcio de alm-mar. A averso dos mandarins pelo exrcito (e marinha) era

    acompanhada de uma desconfiana para com o comerciante. A acumulao de

    capital privado, a prtica de comprar barato e vender caro, a ostentao do

    comerciante novo-rico, tudo isso ofendia a elite, a burocracia erudita (...).

    Embora no desejassem paralisar toda a economia de mercado, os mandarins

    intervinham com frequncia contra os comerciantes individuais, confiscando-

    lhes as propriedades ou proibindo seus negcios.

    3. A O DINAM ISMO EUROPEU:

    No incio do sculo XV, nada fazia crer que os pases europeus estavam

    no caminho de se tronarem, dois sculos depois, lderes econmicos e

    militares do mundo. Afinal, a Europa no era mais populosa, nem mais frtil,

    por exemplo, do que a China. Muitos de seus conhecimentos de matemtica,

    de astronomia e qumica provinham dos rabes. Seu territrio limitado ficava

    sujeito a invaso, como ocorria, naquele momento, com a expanso dos turcos,

    alm disso, estava dividido em inmeros pequenos reinos e principado rivais

    entre si.

    Uma espir al de m udanas.

    O processo generalizado de transformaes sofridas na Europa

    ocidental a partir da Baixa Idade Mdia estimulou o surgimento de uma

    menta l idade favorvel s mudanas. O surgimento da burguesia, um grupo

    social interessado na expanso de seus negcios, foi um dos grandes fatores

    histricos que agilizaram as transformaes. Ao mesmo tempo, o Estado

    absolutista, com o devido apoio dos burgueses, arregimentou os recursos

    materiais e humanos disponveis e necessrios ao empreendimento das

    Grandes Navegaes.

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    Nesse processo, foram decisivos outros fatores, como o crescimento da

    populao, da produo artesanal e do comrcio; o avano da cincia; o

    desenvolvimento do sistema de impresso de livros; a formao do Estado

    Moderno; a Reforma Protestante e a n ov a o rien tao ado tada p ela Ig reja

    Catlica a primeira, legitimando e estimulando a realizao de lucros como

    atividade lcita e abenoada por Deus; a segunda, proclamando a expanso da

    f crist pelas regies no cristianizadas.

    Diferentemente de muulmanos e chineses, os europeus reuniram ao

    mesmo tempo dois fatores imprescindvel para o processo expansionista sem

    precedentes que inauguraram: tec no lo g ia e amb io (poltica, econmica,

    religiosa). Dispondo dos meios tcnicos necessrios e, principalmente,

    impulsionados pela mentalidade mercantilista, deram inicio a sua aventura

    martima. O que se seguiu foi conquista da Amrica, o domnio da frica e

    das regies asiticas, a escravizao e comrcio de seres humanos.

    Por meio da chamada explorao colonial, do domnio e s vezes

    extermnio de populaes inteiras, os europeus conseguiram finalmente

    alcanar seu objetivo: obter lucros. Dessa forma, acumularam riquezas que

    permitiram aos burgueses empreender em mais e mais negcios e aos

    governantes aumentar seu poder. Tanto capital acumulado ajudou a burguesia

    a preparar o terreno para a sociedade industrial, que depois lanaria seu

    domnio por quase todo o mundo.

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    PARA SISTEMATIZA OS ESTUDOS1

    1. Elabore um quadro com as principais caraterstica da sociedade

    europeia, chinesa e mulumana.

    2. O imprio Otomano expandiu-se extraordinariamente, chegando a

    tomar a cidade de Constantinopla em1453. Entretanto, comeou a

    enfraquecer aps a derrota na batalha de Lepanto, em 1571. Analise as

    causas do enfraquecimento do Imprio Otomano.

    3. Segundo o texto trabalhado, que fatores travaram a expanso

    econmica da China a partir de 1436?

    4. Por sua vez, que fatores impulsionaram a expanso econmica

    europeia na mesma poca?

    5. Os chineses poderiam ter contornado a frica e chegado a Portugal

    antes que esse pas desse inicio a seus empreendimentos martimos.

    Apresentem argumentos que justifiquem essa afirmativa.

    6. As atividades comerciais e urbanas que ocorreram na Europa no final

    da Idade Mdia propiciaram o desenvolvimento de uma economia voltadapara o lucro e para a acumulao de capital. Explique como essas

    caractersticas influenciaram a expanso europeia.

    Material elaborado pelo Prof. Elicio Lima para sistematizar situaes de ensino-aprendizagem na sala de aula. A intertextualidadedesse trabalho se estabelece no dialogo entre as obras: Histria: Volume nico: Divalte Garcia Figueiredo. 1. ed. So Paulo: tica,2005. Histria global volume nico: Gilberto Cotrim. 8. ed. So Paulo: Saraiva, 1995. Histria Sociedade & Cidadania: AlfredoBoulos Jnior. 1 ed. So Paulo: FTD 2013. Material referenciado pelos Parmetros curriculares Nacionais e proposta curricular do

    Estado de So Paulo (Feitas algumas adaptaes e grifos para facilidade o processo didtico ensino aprendizagem - 2016).Sequencia didtica, 5. Segundo ano do Ensino Mdio.

    ENQUANTO ISSO, NO ORIENTE...Situao de aprendizagem 5Histria - Prof. Elicio Lima

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