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Polis e Psique, Vol.1, Número Temático, 2011 Página | 67 Experimentos ontológicos. Variações Queer Ontological experiments. Queer Variations Experimentos ontológicos. Variaciones queer Dolores Galindo Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá, MT, Brasil. Resumo O presente texto interroga a noção de experimentos. Deslocando a atenção do debate sobre sexo e heteronormatividade para relacionalidades entre humanos e não/humanos, insere-se numa imaginação fabulativa queer voltada às ontologias variáveis do contemporâneo que não podem ser homogeneizadas por um decretado fim das dicotomias. São apresentadas notas sobre experimentos em dança e psicologia social que se configuram como apontamentos iniciais de um programa de pesquisa em andamento. Palavras-chave: Experimentos, Ontologias, Queer, Arte Contemporânea, Psicologia Social. Abstract This essay interrogates the notion of experiment. Displacing the debate from sex and heteronormativity to the relationship between humans and non-humans, it proposes a fable like queer imagination turned to contemporary variable ontologies that cannot become homogeneous by an end of dichotomies enactment. Notes on dance and social psychology experiments are presented as initial propositions of an ongoing research program. Key-words: Experiments, Ontologies, Queer, Contemporary Art, Social Psychology. Resumen Este ensayo interroga la noción de experimento. Desplazando la atención de lo debate sobre el sexo y la hetenormatividad para las relaciones entre humanos e no humanos, se inscribe en una imaginación fabularía queer direccionada a las ontologías variables contemporáneas que no pueden ser homogeneizadas por un decretado fin de la dicotomías. Son presentadas notas sobre experimentos con danza y psicología social que se configuran como proposiciones iniciales de un programa de investigación en corso. Palabras llave: Experimentos, Ontologías, Arte Contemporánea, Psicología Social.

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  • P o l i s e P s i q u e , V o l . 1 , N m e r o T e m t i c o , 2 0 1 1 P g i n a | 67

    Experimentos ontolgicos. Variaes Queer

    Ontological experiments. Queer Variations

    Experimentos ontolgicos. Variaciones queer

    Dolores Galindo

    Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiab, MT, Brasil.

    Resumo

    O presente texto interroga a noo de experimentos. Deslocando a ateno do debate sobre

    sexo e heteronormatividade para relacionalidades entre humanos e no/humanos, insere-se

    numa imaginao fabulativa queer voltada s ontologias variveis do contemporneo que no

    podem ser homogeneizadas por um decretado fim das dicotomias. So apresentadas notas

    sobre experimentos em dana e psicologia social que se configuram como apontamentos

    iniciais de um programa de pesquisa em andamento.

    Palavras-chave: Experimentos, Ontologias, Queer, Arte Contempornea, Psicologia Social.

    Abstract

    This essay interrogates the notion of experiment. Displacing the debate from sex and

    heteronormativity to the relationship between humans and non-humans, it proposes a fable

    like queer imagination turned to contemporary variable ontologies that cannot become

    homogeneous by an end of dichotomies enactment. Notes on dance and social psychology

    experiments are presented as initial propositions of an ongoing research program.

    Key-words: Experiments, Ontologies, Queer, Contemporary Art, Social Psychology.

    Resumen

    Este ensayo interroga la nocin de experimento. Desplazando la atencin de lo debate sobre el

    sexo y la hetenormatividad para las relaciones entre humanos e no humanos, se inscribe en

    una imaginacin fabulara queer direccionada a las ontologas variables contemporneas que

    no pueden ser homogeneizadas por un decretado fin de la dicotomas. Son presentadas notas

    sobre experimentos con danza y psicologa social que se configuran como proposiciones

    iniciales de un programa de investigacin en corso.

    Palabras llave: Experimentos, Ontologas, Arte Contempornea, Psicologa Social.

  • P o l i s e P s i q u e , V o l . 1 , N m e r o T e m t i c o , 2 0 1 1 P g i n a | 68

    Experimentos ontolgicos.

    Inquietaes Queer

    Quem se importa com

    experimentos? A indagao que inicia

    esse trabalho veio da recusa recebida

    por Ian Hacking (2009a) quando

    submeteu um artigo, no qual explorava

    as relaes entre experimentao e

    teoria, a peridicos cientficos de

    diversas origens disciplinares. A juno

    do termo experimento que nos remete

    ao domnio do emprico (ou ainda,

    Psicologia Social Experimental que,

    desde a crise da dcada de 1970, tornou-

    se uma bifurcao pouco percorrida

    pelos psiclogos sociais que

    embarcaram na deriva crtica) ao termo

    ontologias, cujo registro est ligado

    metafsica, pode soar estranha.

    Valhamo-nos desta estranheza.

    Em trabalho anterior (Galindo &

    Mllo, 2010), empregamos o termo

    experimento para nos referirmos s

    prticas de coletivos queer-copyleft, que

    visavam no apenas personalizar o

    corpo por meio de novos aditivos, mas

    desterritorializ-lo, no o subordinando

    s prescries. Nomeamos tais prticas

    como piratarias de gnero, por

    indicarem agenciamentos que atuam na

    desorganizao de fronteiras e no

    estabelecimento de outras combinaes

    entre fluxos semiticos, informacionais

    e biolgicos. As fronteiras so sempre

    virtuais: as criamos e recriamos para

    vivermos. Piratarias desvirtuam (tiram a

    virtude, adulteram) as cartas de

    navegao, os mapas, as prescries.

    Promovem a plasticidade ampliando ou

    restringindo os espaos corporais:

    materializao da vida.

    No texto presente, interrogamos

    a noo de experimentos, deslocando

    nossa ateno do debate sobre sexo e

    heteronormatividade para

    relacionalidades entre humanos e

    no/humanos. Inserimo-nos na

    imaginao fabulativa queer voltada s

    ontologias variveis do contemporneo

    que no podem ser homogeneizadas por

    um decretado fim das dicotomias. Como

    recurso para fabulao, recorremos s

    figuraes que deslizam entre o literal e

    o fictcio, sem que encontrem fixidez.

    Figurar um dos principais recursos de

    experimentao desenvolvidos por

    Donna Haraway (2000; 2004; 2008),

    que reconhece o carter difuso e

    transversal do termo, delimitando-o

    como uma possibilidade de abarcar o

    que seria, numa lgica excludente, tido

    como contraditrio ou numa perspectiva

    realista simples como no existente.

    Dentre as figuraes do universo

    fantstico de Donna Haraway podemos

    citar os ciborgues (Haraway, 2000), o

    rato do cncer (Haraway, 2004) e

  • P o l i s e P s i q u e , V o l . 1 , N m e r o T e m t i c o , 2 0 1 1 P g i n a | 69

    animais de companhia (Haraway, 2008)

    entrelaados por ela numa narrativa de

    parentesco. Braidotti (2006) v na

    criao deste sistema de parentesco uma

    maneira nova de pensar conexes com

    tecno-outros que instaura uma dimenso

    tica a cada movimento ontolgico:

    mundos relacionais sendo feitos e

    refeitos, transformando o chamado n

    grdio que distingue humanos de

    no/humanos em movimentos, sem que

    se diga superada a linha divisria entre

    eles (Latour, 1994).

    A arte , sem dvida, uma das

    instncias nas quais mundos mesmo

    no imediatamente atualizveis - podem

    ser tomados como tropos para a

    experimentao pelo estranhamento e

    encantamento. A fico como

    experimento de figurao, assim como a

    tecnocincia, , em si, um exerccio

    reflexivo (Haraway, 1994; 1999).

    Figurar mergulhar nos modos de viver

    um mergulho atento s

    relacionalidades e s maneiras como

    nos tornamos com (Haraway, 2007).

    Nas figuraes, os referentes so

    passagens, trnsitos que se constituem

    em dispositivo para criao. Sendo do

    mbito da proposio, as figuraes no

    ilustram mundos, inventam-nos e neles

    se imiscuem.

    Pensamos como Giffney e Hird

    (2008) que importante queerizar os

    no/humanos, indagando-os sobre as

    polticas ontolgicas que se fazem

    presentes no que/quem se torna

    humanos, no/humanos, in/humanos.

    Seguindo o argumento de Butler (2008)

    ao discutir o conceito de abjeo, o

    debate queer sempre teve como um dos

    seus fulcros questes ontolgicas nas

    quais a heteronormatividade um dos

    eixos, mas no o nico. Veja-se o que

    pontua Butler, em entrevista cedida a

    Prins e Meijer (2002, p. 159), sobre o

    entrelaamento do seu trabalho sobre

    abjeo e proposies/fices

    ontolgicas:

    Em parte, vejo-me trabalhar no

    contexto de discursos que operam

    atravs de argumentos ontolgicos no

    h um ator por trs do ato recirculando

    o h para produzir um contra-

    imaginrio metafsica dominante.

    Com efeito, parece-me crucial

    recircular e ressignificar os operadores

    ontolgicos, mesmo que seja apenas

    para apresentar a prpria ontologia

    como um campo questionado.

    Mais do que apenas incluir os

    chamados no/humanos, o que nos faria

    recair numa ontologia substancialista,

    trata-se de queerizar a compreenso do

    humano enquanto gnero ou princpio

    normativo em torno do qual se

    organizam a distribuio dos entes do

  • P o l i s e P s i q u e , V o l . 1 , N m e r o T e m t i c o , 2 0 1 1 P g i n a | 70

    mundo, episteme que emerge quando da

    partio entre cincias humanas e

    naturais, alis, esta separao faz parte

    do prprio movimento de fundao de

    ambas (Foucault, 1999).

    Empregamos o termo

    experimento na esteira deleuziana da

    experimentao filosfica de

    multiplicidades como dispositivo de

    construo conceitual (Cardoso JR,

    2010), dizendo dos modos de vida e

    suas resistncias estagnao (Galindo

    & Mllo, 2010). Para entender o efeito

    da inflexo deleuziana sobre a noo de

    experimentos importante remeter

    conotao que este possui no cotidiano

    tecnocientfico, onde so vistos como

    separados das teorizaes, sendo

    adjetivados tcnicos.

    A quais multiplicidades

    aludimos? A uma multiplicidade no

    numrica na qual a cada estgio da

    diviso, pode-se falar de indivisveis

    (Deleuze e Guattari, 2004, p. 31). a

    produo da e na diferena e no das

    quantidades o que est em foco

    (Deleuze, 1999). Os experimentos

    filosficos de multiplicidades se do na

    vida, movimentando sensaes, devires

    e mundanidade extremamente materiais.

    Estes experimentos so filosficos,

    portanto, no se do no plano da cincia

    e da arte nos quais nos movemos,

    quando o evocamos, fazemos, portanto,

    uma traduo infiel.

    Na Psicologia Social

    contempornea, o experimento

    empregado para reduo de escala da

    complexidade da confusa vida cotidiana

    e principal balizador de critrios de

    verdade e fiabilidade tem sido objeto de

    intensos debates e este uso se tornou,

    acertadamente, controverso (Gergen,

    2007). Os experimentos se encontram

    ainda, inevitavelmente, ligados

    discusso sobre o aparato Psi como

    tecnologia de governo que participa da

    produo de verdades que encarnam

    aquilo que deve ser governado, que o

    tornam pensvel, calculvel e praticvel

    (Rose, 1988).

    Depois de abordarmos o nosso

    primeiro termo - experimento -,

    passemos discusso do termo

    ontologia. Classicamente, ontologia diz

    respeito ao estudo do ser, s condies

    de existncia de um determinado ente;

    s condies de fazer-se real

    (Abbagnano, 1998). Todavia, este termo

    passou por uma grande reviravolta

    depois da leitura foucauldiana que o

    ancora na problematizao do presente.

    Na acepo foucauldiana, ontologias

    referem-se aos modos de viver que

    adquirem condies de existncia; diz

    respeito quilo que fazemos de ns

    mesmos.

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    O uso do termo ontologia

    adjetivada como histrica ou ontologia

    do presente trata do trabalho sobre ns

    mesmos como seres livres (Foucault,

    1984). De acordo com Cardoso (1995),

    apesar desta dimenso se localizar na

    obra como um todo do autor, adquire

    maior visibilidade nos seus ltimos

    trabalhos, onde ele explicitamente se

    inscreve no que considera a tradio

    crtica herdeira de Kant, a de uma

    ontologia da atualidade (Cardoso,

    1995; p. 55).

    Vale matizar que o

    agora/presente foucauldiano diferente

    do hoje que requer ser problematizado

    luz do primeiro. Conforme elucida

    Cardoso (1995), a problematizao

    desatualiza o presente, desatualiza o

    hoje, no movimento de uma

    interpelao. Nesse sentido o presente

    no dado, nem enquadrado numa

    linearidade entre o passado e o futuro

    (Cardoso, 1995; p. 52). Seguindo esta

    pista, podemos localizar as figuraes

    como um recurso de desatualizao do

    presente que interpela sobre o modo

    como nos constitumos, modo este cada

    vez mais transgendrado. As criaturas

    fabulosas so formas de interpelar o que

    chamamos de ns mesmos (Haraway,

    2011). Quando dizemos ns mesmos,

    o que/quem inclumos? O que/quem

    exclumos? A que/quem delegamos a

    posio de no/humanos ou mesmo de

    in/humanos?

    Tendo a ruptura foucauldiana

    como ponto de inflexo para pensar

    sobre ontologias, Mol (2007) destaca

    que esta tem uma caracterizao

    poltica, pois requer um processo ativo e

    contingente por meio do qual alguns

    seres (actantes, categorias etc.)

    adquirem existncia e outros no a

    adquirem, devendo ser abordada sempre

    no plural como ontologias. Na mesma

    perspectiva, Hacking (2009b), que v a

    si mesmo como um nominalista,

    sublinha que ontologias quando

    adjetivadas como histricas dizem dos

    modos como vivemos, valendo a pena

    insistir no uso deste termo.

    A definio do que/quem ou

    no considerado um ser com o qual nos

    relacionamos varivel (Latour, 1994).

    Na esteira das reflexes de Mol (2007),

    usamos ontologias no plural para

    destacar a sua vinculao com a

    proposio de multiplicidades. O termo

    usado no plural porque aquilo que

    chamamos realidade mltiplo, o

    mesmo se estendendo aos actantes que

    derivam como existentes ao

    ultrapassarem limiares ontolgicos que

    os fazem inteligveis.

    Experimentar mundos fictcios e

    ontologias, esta uma contribuio da

    arte que merece ser ressaltada ao lado

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    das experimentaes filosficas, no

    apenas como intercessores que nos

    conduzam a formulao de conceitos.

    Donna Haraway (2004) argumenta

    ferozmente pela defesa desta potncia

    da arte e da tecnocincia na criao de

    mundos e pela responsabilidade inerente

    em faz-los. Esta autora escolhe para si

    as zonas fictcias e potentes da

    fabulao, trabalhando, sobretudo, com

    os domnios da literatura, cinema

    (ambos relativos fico cientfica) e

    visualidades (artes plsticas) alm de

    um amplo espectro de prticas

    tecnocientficas, sobretudo,

    provenientes da biologia.

    Um exemplo da considerao da

    arte como experimento ontolgico pode

    ser encontrado nos comentrios de

    Haraway (2007) sobre o trabalho da

    artista plstica Piccinini. Para ela, as

    esculturas e telas da artista so maneiras

    de experimentar ontologias que dizem

    de relacionalidades com os seres

    transgenricos do nosso sculo. Nas

    obras de Piccinini, somos interpelados

    por relaes de afeto: crianas e

    criaturas monstruosas, como em The

    Long Awaited, descansam uma sobre a

    outra (figura 1):

    Figura 1 Patricia Piccinni, The Long Awaited, 2008.

    Fonte: http://www.patriciapiccinini.net/

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    Seguindo estas pistas, uma das

    vertentes de investigao que

    desenvolvemos no Laboratrio

    Tecnologias, Cincias e

    Contemporneo (Lab.TECC)

    problematiza o que chamamos de corpo

    prprio do pesquisador ou pesquisadora

    e as ontologias substancialistas

    fundadas na defesa de propriedades

    como atributos que designam e dividem

    a ontologia mltipla do mundo.

    Argumentamos pela expropriao do

    corpo e sua multiplicao, projeto que

    insere em um interesse mais amplo,

    concernente experimentao de

    ontologias variveis, onde as posies

    de sujeito e objeto; natureza e cultura;

    humanos e no/humanos constituem

    linhas nas quais nos movemos. Colocar

    nossa humanidade, nosso corpo prova,

    uma boa forma de romper o que

    podemos nomear como

    humanormatividade, isto , a primazia

    do gnero humano como baliza para

    qualquer imaginao ontolgica.

    No h nada de novo que

    fazemos. Desde a dcada de 1960 a arte

    contempornea prdiga de

    experimentos que colocam o corpo e o

    self unificados em questionamento, uma

    arte contra os corpos, contra os selves

    referidos a pessoalidades (Galindo,

    2009). Na esteira das experimentaes

    com o corpo da arte contempornea, ao

    invs de ter um corpo ou ser um

    corpo, experimentamos produzir

    corporalidades na relacionalidades com

    actantes que foram, ao longo do tempo,

    individuados em relao aos humanos:

    papis e gros.

    Nem todo corpo deriva em

    pessoa como j o advertiram Deleuze e

    Guattari (1997) com as noes de

    devires animais. Vale matizar que para

    Haraway (2006), o tratamento conferido

    aos actantes designados animais em

    Deleuze e Guattari termina obnubilando

    as criaturas mundas em suas prticas

    cotidianas pela nfase que conferem s

    figuras de borda onde apenas alguns

    animais interessam.

    Nos experimentos fabulativos do

    Lab.TECC que apresentamos neste

    texto, ao invs de ter um corpo ou

    ser um corpo, o pesquisador ou

    pesquisadora produz (e produzido por)

    multiplicidades que no se esgotam

    numa pessoalidade que as precede.

    um exerccio fabulativo, pois na vida

    cotidiana, temos a sensao de unidade

    corporal vinculada a um self tambm

    visto como unificado (Gergen, 1992)

    ainda que este seja produzido por

    constantes arranjos (Mol, 2002) por

    meio dos quais adquire potncia de

    afetao (Latour, 1999).

    Ao contrrio de movimentos que

    esto no prprio corpo, preferimos

  • P o l i s e P s i q u e , V o l . 1 , N m e r o T e m t i c o , 2 0 1 1 P g i n a | 74

    falar em mltiplas corporalidades que

    so produzidas, dissolvendo a unidade

    corpo prprio em multiplicidades. As

    multiplicidades corporais so paragens

    no plano da imanncia que tem no plano

    das formas um dos seus plats, mas no

    o nico (Escossia & Tedesco, 2009).

    Linha de fuga do pensamento

    interpretativo que torna visveis as

    foras enceradas nas formas, que

    apresenta as foras que se encontram

    em ao nos corpos e so as causas mais

    profundas de suas deformaes

    (Machado, 2009, p.238).

    Na perspectiva das

    multiplicidades no preexiste um corpo

    sobre o qual construmos diferentes

    movimentos ontolgicos. O prprio

    corpo adquire existncia nas

    performances que o articulam, sendo

    apenas uma delas, pois, em vrios

    momentos, os arranjos no

    necessariamente resultam em qualquer

    unidade, nem advm do humano como

    figura-origem ou a ele se dirigem

    enquanto figura-destino. Como sintetiza

    Cardoso JR (2010, p. 53):

    (...) no o caso de se referir a

    sensao carne, como gostaria a

    esttica de base fenomenolgica, de

    modo a supor que, mesmo nas

    composies onde no aparece a figura

    humana, a arte estaria tomada por um

    ato que doa sentido.

    Quais polticas que regulam o

    que inclumos nas visualidades ou artes

    queer? Do nosso ponto de vista,

    inmeros trabalhos podem ser

    chamados de queer se utilizamos como

    critrio os efeitos e no o contedo ou

    temtica abordada. Nesta acepo, o

    trabalho de Piccinini j comentado por

    Haraway, o trabalho de Rodrigo Braga e

    outros artistas, nos ajudam a pensar e

    experimentar ontologias no

    humanormativas, podendo ser

    interpelados como inquietaes queer.

    Falemos um pouco sobre o

    trabalho de Rodrigo Braga. H algum

    tempo este artista recifense desenvolve

    uma explorao consistente de

    naturezasculturas iniciada com o

    trabalho Fantasia de Compensao

    (2004) no qual experimentou uma

    sobreposio de imagens entre humano

    e cachorro para compensar o que

    chamou de sua fraqueza diante de um

    animal feroz (figura 2). Apesar de ser

    resultante de manipulao fotogrfica, o

    trabalho provocou intensas reaes de

    abjeo, o corpo humano-animal

    evocava a morte do animal e no a

    incorporao do cachorro como era a

    proposta do artista. O hbrido no era

    passvel de ser acolhido.

  • P o l i s e P s i q u e , V o l . 1 , N m e r o T e m t i c o , 2 0 1 1 P g i n a | 75

    Figura 2 Rodrigo Braga, Fantasia de Compensao, 2003.

    Fonte: http://www.rodrigobraga.com.br/

    Na srie Comunho (2007),

    Rodrigo Braga trabalhou a

    relacionalidade com um bode. Unindo

    sua cabea a do animal, ambos,

    enterrados num mesmo solo,

    intercambiam o gesto de comunicar-se

    pela fronte que caracterstico dos

    caprinos. Neste trabalho, o artista

    experimenta, tambm, comunho com

    um animal morto que se torna vvido no

    trabalho. Separados, bode e humano,

    so inteligveis a fico ontolgica

    no provoca abjeo.

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    Figura 3 Rodrigo Braga, Comunho, 2007.

    Fonte: http://www.rodrigobraga.com.br/

    O pensamento de Donna

    Haraway mpar por colocar-se

    radicalmente carregado de afetos e

    afetaes nas tramas da tecnocincia

    cuja narrativa , frequentemente,

    marcada pelo distanciamento. Ela nos

    fala do seu amor pelo rato experimental,

    pelos ciborgues, pelos elementos

    qumicos. Experimenta um

    envolvimento que a diferencia da

    posio de observadora; ela est entre

    os seres que compem as paisagens

    tecnocientficas contemporneas; ela

    um deles. Conta-nos de histrias de

    amor experimentais entre homens e

    animais de laboratrio (Haraway, 2004),

    discute o sofrimento das porcas

    brasileiras amontoadas no abate

    (Haraway & Azeredo, 2011). Estamos

    na mesma deriva, aquela dos modos de

    vida experimental e no de pensamento

    experimental. Com o efeito Deleuze

    sobre o termo experimento, no h

    utilizao de critrios de verificao

    caractersticos do laboratrio so

    experimentos sem verdade que tem

    como matria a vida (Agamben, 2008).

    Considerando o questionamento

    da humanormatividade, abordaremos

    alguns experimentos ontolgicos que

    realizamos na interface entre Arte

    Contempornea e Psicologia Social.

    Propusemo-nos a danar com no

    humanos (Galindo & Millioli, 2011).

    Ao nos propormos experimentar

    ontologias variveis seria o nosso

  • P o l i s e P s i q u e , V o l . 1 , N m e r o T e m t i c o , 2 0 1 1 P g i n a | 77

    trabalho queer? A pergunta

    permanecer em aberto.

    Em De Conceitos, criado para o

    Circuito Cultural Setembro Freire 2010,

    tomando papis com poemas como

    matria para criao, a artista-

    pesquisadora Daniela Millioli produziu

    arranjos que tornam visveis

    multiplicidades corporais (tato, olfato

    etc.), e atributos concernentes s

    materialidades com as quais se danam

    (viscosidade, aspereza etc.), emergentes

    do contato com papis, seus parceiros

    de dana (figura 4).

    Figura 4 Daniele Millioli, Embrulhada, De Conceitos, 2010.

    O primeiro projeto foi um ensaio

    para que logrssemos trabalhar

    relacionalidades com no/humanos aos

    quais se atribui a propriedade de

    viventes. No segundo trabalho, (De)

    Dentro Leguminosas, criado para o

    projeto Leituras do Movimento do

    SESC Arsenal 2010, a mesma artista-

    pesquisadora tomou gros de soja como

    companheiros para criar danas. A

    noo espcies companheiras de

    Haraway (2008) contribuiu para a

    criao de uma figurao leguminosas

    danarinas que, incorporando

    diferentes prticas, convida a habitar um

    mundo que vai dos cultivares

    transgnicos s prateleiras dos

    supermercados (Galindo & Miliolli,

    2012).

    Transportada para a criao em

    dana, a soja transforma-se em

    figurao de uma natureza danante,

    que traduz a relacionalidade na

    construo de mundos, onde a

    humanormatividade posta em questo.

    Os gros interpelaram a danarina, ora

  • P o l i s e P s i q u e , V o l . 1 , N m e r o T e m t i c o , 2 0 1 1 P g i n a | 78

    com o peso de muitos quilos atados ao

    corpo expropriado pelo cansao, ora

    pelos odores de rao animal durante

    sua compra, ou pela sua incluso como

    parte da ambincia familiar, ao repousar

    em casa depois dos exerccios na sala de

    dana. Este experimento ontolgico

    estava carregado de afeto, de relaes

    de amor, dio, agonia (Braidotti, 1996;

    Haraway, 2000; 2004) e de dilemas

    como o de chamar a soja transgnica de

    espcie companheira.

    A escolha da soja no foi

    aleatria: ela pregnante em Mato

    Grosso onde se deu o processo de

    criao, movimentando o agronegcio,

    mobilizando memrias familiares,

    provocando o trfego de imensas

    carretas que cortam as estradas durante

    as safras. Nos campos, a soja

    transgnica demarca o solo com a

    exibio dos tipos de sementes

    plantadas, uma forma de controle do

    produto comprado pelos agricultores.

    Dessa forma, danar com a soja faz-

    lo com as prticas nela incorporadas.

    um experimento ontolgico

    radicalmente localizado (Figura 5):

    Figura 5: Daniele Millioli, (De) dentro Leguminosas, 2011.

    Na dana com os gros de soja, a

    artista-pesquisadora buscou

    experimentar ontologias variveis,

    movendo-se no contnuo que, pelo

    hbito (Spink, 2003), costumamos ver

    de maneira dicotmica: natureza e

  • P o l i s e P s i q u e , V o l . 1 , N m e r o T e m t i c o , 2 0 1 1 P g i n a | 79

    cultura, humanos e no/humanos e

    assim por diante. Os gros de soja

    objetam, contrapem, respondem,

    resistem e, a isso, Latour (1999) chama

    de recalcitrncia, que uma questo de

    no domnio dos humanos sobre os

    demais actantes que o rodeiam (Arendt,

    2007).

    Na perspectiva das

    multiplicidades, danar com a soja

    passou por dessubstancializar o corpo,

    abrindo-o s relacionalidades que, reais

    e fabulativas, aproximam-se do no

    vivvel. Danar com uma leguminosa?

    Pode uma leguminosa danar seno

    numa fbula? Inevitavelmente somos

    conduzidas ao parentesco entre o

    prprio mtodo experimental (aquilo

    que no colocamos em prtica) e a arte

    (aquilo que fazemos), tpico que,

    todavia, no abordaremos nesse texto,

    mas que constitui matria de nossas

    reflexes atuais.

    Em O que a filosofia?,

    Deleuze e Guattari (2004) argumentam

    que a arte um ser de sensao que se

    mantm de p por si mesmo. Essa

    proposio provocativa quando

    deslocada para a dana, pois os gros de

    soja sozinhos repousam como rao,

    alimento, mas no como uma

    leguminosa bailarina, o mesmo se

    aplicando bailarina. Talvez a dana

    seja demasiadamente efmera para ser

    vista como um ser de sensao que se

    sustenta por si mesmo. A efemeridade

    da danarina encontra uma bela sntese

    em Badiou (2002):

    A danarina esquecimento milagroso

    de todo seu saber de danarina, ela no

    executa qualquer dana, essa

    intensidade retida que manifesta o

    indecidido do gesto. Na verdade, a

    danarina suprime toda dana que sabe

    por que dispe de seu corpo como se

    ele fosse inventado. De modo que o

    espetculo da dana o corpo subtrado

    a todo saber de um corpo, o corpo

    como ecloso (p. 90).

    Na conexo entre corpo

    danante e pesquisa, vale matizar a

    importncia de no substituir o cogito

    cartesiano pelo eu corporal e, ou seja,

    substituir o eu penso pelo eu sinto,

    o que nos levaria a uma matriz

    fenomenolgica. Na acepo

    deleuziana, as sensaes possuem

    componentes materiais e virtuais de

    modo que se inscrevem em um plano

    que no se reduz a estas, pois as

    multiplicidades se fazem nos devires

    que se do entre elas (Cardoso JR,

    2010).

    A dicotomia entre experimento e

    teorizao, com infravalorizao do

    primeiro, ainda permanece, apesar das

    vrias crticas a ela dirigidas (Haraway,

  • P o l i s e P s i q u e , V o l . 1 , N m e r o T e m t i c o , 2 0 1 1 P g i n a | 80

    2000; 2004; Hacking, 2009a; 2009b), o

    mesmo se observa nas relaes entre

    arte e pensamento (Badiou, 2002). Os

    experimentos na interface entre dana e

    psicologia social que conduzimos

    podem, facilmente, ser assimilados

    ausncia de mtodo ou a uma

    experincia sem potncia heurstica.

    Mas, falamos de experimentos e no de

    mtodo experimental e de experimentos

    sem verdade, imanentes, feitos na vida,

    feitos como modos de viver.

    Deleuze (1997), em Imanncia,

    uma vida, lembra que o elemento

    sensao remete a um empirismo

    simples, pois esta seria um corte, uma

    pausa no fluxo de conscincia. Da usar

    o termo devir que seria, justamente,

    aquilo que se instala entre uma sensao

    e outra, correspondendo ao plano das

    intensidades. Linha de fuga do

    pensamento interpretativo e que torna

    visveis as foras enceradas nas formas,

    que apresenta as foras que se

    encontram em ao nos corpos e so as

    causas mais profundas de suas

    deformaes (Machado, 2009, p.238).

    Sem substituir a

    humanormatividade por outro ideal,

    igualmente normativo, correspondente

    ao ps-humano (Prins & Meijer, 2002)

    ou ao ps-gnero (Haraway & Gane,

    2007), restam-nos experimentos

    ontolgicos mundanos, localizados,

    parciais. Retornando pergunta que d

    ttulo ao ensaio, afirmemos que

    experimentos importam s ontologias do

    presente orientadas por inquietaes

    queer. Que foras encerram e

    atravessam as ontologias variveis que

    se furtam s substncias? O que nos

    dizem os corpos expropriados do que

    fazemos de ns mesmos?

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    estgio doutoral na Universidade

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    Docente do Programa de Ps-

    Graduao (Mestrado) em Estudos de

    Cultura Contempornea, onde coordena

    a Linha de Pesquisa Epistemes

    Contemporneas e do curso de

    graduao em Psicologia da

    Universidade Federal de Mato Grosso

    (UFMT). Lder do Grupo de Pesquisa

    Cincias, Tecnologias e Contemporneo

    TECC/UFMT. Membro da Rede

    Centro-Oeste de Ensino e Pesquisa em

    Arte, Cultura e Tecnologias

    Contemporneas Rede CO3. Vice-

    Presidente da regional Centro-Oeste da

    ABRAPSO (2011-2012).

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    E-mail de contato:

    [email protected]

    m

    Endereo para correspondncia:

    Universidade Federal de Mato Grosso

    UFMT. Instituto de Linguagens /

    ECCO. Av. Fernando Corra da Costa,

    n 2367, sala 38/IL. Bairro Boa

    Esperana. Cuiab-MT - 78060-900.