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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Disciplina: Seminário Livre de Sociologia Professor: José Carlos Gomes dos Anjos O lado ‘Branco’ do Racismo no Brasil Antônio J.F. de Lima Inúmeros pesquisadores, desde o século XIX, têm se dedicado a discutir as relações raciais no Brasil. Diferentes perspectivas sobre estes processos já foram defendidas, “canonizadas”, questionadas, atualizadas, combatidas. Já passamos por períodos de hegemonia das teorias evolucionistas fundadas no racismo biológico e outras formas de determinismos; acreditamos generalizadamente no mito da democracia racial; este mito já foi duramente questionado, ao mesmo tempo em que se sustentou lutas contra todo tipo de essencialismo... e na maior parte deste tempo a intelligentsia brasileira manteve-se “surda” às questões trazidas a tona pelos atores sociais que, em suas pesquisas, eram tratados como afásicos objetos de análise. Finalmente, em fins do século XX, a academia brasileira parece começar a permitir que ecoe (e, lentamente, abrir a ocupação dos lugares oficiais de enunciação para) a voz daqueles que por toda nossa história foram os mais aptos a compreender e comandar os processos de combate ao racismo no Brasil. Este fenômeno, entretanto, nos impõe um questionamento: ao refletirmos sobre as

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULDisciplina: Seminário Livre de SociologiaProfessor: José Carlos Gomes dos Anjos

O lado ‘Branco’ do Racismo no BrasilAntônio J.F. de Lima

Inúmeros pesquisadores, desde o século XIX, têm se dedicado a discutir as

relações raciais no Brasil. Diferentes perspectivas sobre estes processos já foram

defendidas, “canonizadas”, questionadas, atualizadas, combatidas. Já passamos por

períodos de hegemonia das teorias evolucionistas fundadas no racismo biológico e

outras formas de determinismos; já acreditamos generalizadamente no mito da

democracia racial; este mito já foi duramente questionado, ao mesmo tempo em que se

sustentou lutas contra todo tipo de essencialismo... e na maior parte deste tempo a

intelligentsia brasileira manteve-se “surda” às questões trazidas a tona pelos atores

sociais que, em suas pesquisas, eram tratados como afásicos objetos de análise.

Finalmente, em fins do século XX, a academia brasileira parece começar a

permitir que ecoe (e, lentamente, abrir a ocupação dos lugares oficiais de enunciação

para) a voz daqueles que por toda nossa história foram os mais aptos a compreender e

comandar os processos de combate ao racismo no Brasil. Este fenômeno, entretanto, nos

impõe um questionamento: ao refletirmos sobre as relações raciais no Brasil, não seria

imperativo, assim como dar voz aos “historicamente oprimidos”, fazer os

“historicamente privilegiados” também refletirem e falarem sobre sua condição?

Penso que refletir sobre o “lado branco do racismo no Brasil” é impreterível,

entre outros motivos que serão abordados ao longo do trabalho, porque nos permitiria

compreender mais complexamente o fenômeno do racismo em sua totalidade, não

apenas em relação àqueles que sofrem prejuizos devido a ele, mas também nos levando

a refletir sobre aqueles que “lucram” com tais circunstâncias. Em outras palavras, tal

perspectiva de análise pode nos auxiliar a perceber que o racismo não é um problema

apenas dos negros, ou sobre o qual brancos devem se preocupar apenas por motivações

humanitárias, mas um fenômeno no qual estamos todos imbricados, envolvidos

intrinsecamente em suas teias, e por isso, ele deve ser visto como um fenômeno

determinante para a vida de todos e cada um dos brasileiros.

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Percebemos, todavia, uma profunda dificuldade que marca os esforços de

pessoas brancas em reconhecer, com a devida profundidade, os efeitos que o racismo

sistêmico tem em suas vidas. Poucas ainda são as pessoas brancas que se envolvem

diretamente com a crítica ao fenômeno do racismo. Mas, mesmo dentre estas raras

figuras, permanece como um tabu a percepção sobre como elas próprias, ainda que

involuntariamente, contribuem para e se beneficiam da reprodução do racismo. É como

se o racismo no Brasil fosse apenas um “deslize na atitude de outras pessoas”, mas algo

em relação ao que temos pouco a fazer pessoalmente. É justamente para oferecer uma

reflexão sociológica sobre este fenômeno que o presente trabalho se realizará.

Ao optarmos pelo uso da expressão “relações raciais”, esta escolha nos exige

compreender tal fenômeno não como um dado, mas justamente como uma relação, ao

mesmo tempo em que refletir sobre o próprio adjetivo “racial”. Pois, assim como

devemos superar sua interpretação essencialista, devemos ter a capacidade de

compreender a realidade tal como ela de fato se organiza, ainda que para transformá-la.

Assim, sabe-se que “raça”, em termos biológicos, é uma noção sem nenhuma

validade empírica. Entretanto, as ciências humanas, como a História, as Ciências

Sociais, a Psicologia, etc, devem debruçar-se, justamente, no entendimento daqueles

fenômenos criados pelos próprios seres humanos. Neste sentido, se por um lado é

fundamental compreender que a noção de “raças” não possui nenhuma base biológica,

“da essência do ser” enquanto espécie do mundo natural, por outro, devemos ter a

capacidade científica de compreender a importância desta noção (e/ou idéias oriundas

dela) para a organização da vida social. Neste sentido, devemos lembrar a centralidade

que teve a noção de “raça” para a formação da sociedade brasileira por pelo menos 400

anos dentre os 516 desde a chegada de Cabral. Mas a “racialização do Brasil” não

parou na década de 1920 quando o estatuto teórico-científico do então conceito de

“raça” passou a ser desmantelado.O próprio mito da democracia racial, não obstante sua

“ingenuidade” em superestimar tal idéia de democracia não diminuiu a importância da

noção de “raças” para a formação do povo brasileiro e seu imaginário.

Mesmo aqueles que afirmam que a sociedade brasileira é toda composta por

“mestiços” (ou seja, produzida a partir de uma “mistura” de pelo menos “três diferentes

raças”) ainda sustentam uma perspectiva racializante sobre a sociedade brasileira.

Mesmo que se diga que esta identidade “mestiça” provém não do “cruzamento de

raças”, mas de diferentes povos ou etnias, a própria categoria “mestiço” já é uma

categoria essencialmente racializada. Na realidade, como afirma Guimarães (2003), raça

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é uma categoria fundamental inclusive para o próprio combate ao racismo no Brasil,

pois os grupos sociais se organizam a partir de noções fundadas na idéia de “raça”, e

embora não seja um fato biológico, se mantém como uma noção determinante para

nossas relações presentes. Do ponto de vista de essência humana, não existe negro,

branco, índio mestiço. Na verdade, nem mesmo gaúcho, brasileiro, homem, mulher,

cidadão, etc. Mas o fato é que estas noções socialmente construídas organizam nossa

sociedade e são, portanto, realidades sociológicas.

As categorias são classificações, sistemas de representações que são, ao mesmo

tempo, formas de fazer ver a realidade de determinada forma e, portanto, instrumentos

de relações de poder. Aquilo que seria apenas um “modo de ver” se transforma em

prescrição e, portanto, em “o ser” do real. O nominalismo demonstra que o nome dá

forma ao informe. Nada é independente dos nomes que recebe. O que está em jogo nas

lutas sociais é também o poder de nomeação. E, neste sentido, se as pessoas no Brasil

ainda se identificam, qualificam as demais e se subdividem em termos raciais, as

ciências sociais devem tratar com compreensão sociológica a categoria popular “raça” e

buscar estudar tal fenômeno, inclusive refletindo sobre as divisões sociais orientadas por

tais definições, ainda que sempre questionando sua interpretação essencialista.

O fato é que se a noção de “raças” é peça fundamental na sociedade brasileira,

nosso foco deve sempre se manter justamente sobre as relações raciais, pois, em uma

sociedade como a nossa, nenhum aspecto da vida social de um grupo definido em

termos raciais faz sentido sem ser estudado em relação aos demais grupos assim

definidos. Assim, por exemplo, não basta apenas serem desenvolvidos estudos que

demonstram que a maior parte das pessoas negras1 no Brasil vive em condições

materiais precárias. É necessário perseguirmos a relação estabelecida entre os diferentes

grupos “raciais”, como no estudo de Marcelo Paixão, onde foi apresentado o Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH) dos brasileiros, divididos e comparados em termos de

cor/raça. O estudo constatou que os brasileiros brancos, não obstante todas as gritantes

desigualdades de classe, gênero, etc, vivem em “um país” com IDH médio equivalente à

44ª melhor posição no mundo, enquanto os brasileiros negros vivem “em um Brasil”

onde o IDH médio é equivalente ao 104º lugar. Portanto, existem sim dois “Brasis”,

divididos em termos raciais. E o exemplo deste estudo apenas nos mostra o quanto é

importante perseguirmos todos os “lados” do racismo no Brasil.

1 Aqui sintetizando as categorias “pretos” e “pardos” do IBGE.

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Neste sentido, é indispensável buscarmos compreender a maneira pela qual os

brancos brasileiros lidam com o racismo. Isso é uma questão fundamental visto que

estamos todos imbricados dentro do campo das relações raciais, mesmo aquelas pessoas

que jamais tenham pensado a si mesmas ou as demais em termos étnico-raciais. O foco

do estudo e da presente exposição se dá justamente na forma pela qual os brancos

convivem com o racismo, posto que, em geral, quando fala-se a respeito da “questão

racial”, imediatamente a maioria das pessoas pensa nos problemas (e/ou conquistas)

vivenciados pelos negros, sem perceber o quanto os brancos também estão envolvidos

no mesmo sistema racista e o quanto perdem ou ganham com este jogo.

Antes, porém, é necessário esclarecer o que compreendemos por racismo, pois

ele não é o mesmo que discriminação ou preconceito. Na realidade, preconceito diz

respeito ao campo perceptivo, ao fato de um determinado ator ou grupo social ser pré-

julgado como possuindo determinadas características antes de ser de fato conhecido. Por

outro lado, discriminação diz respeito ao campo das atitudes, ao fato de grupos ou atores

sociais serem tratados (ou tratarem outros) de maneiras diferenciadas. A discriminação,

assim, pode ser realizada para equilibrar, pelo princípio da equidade, as condições de

vida de pessoas e grupos, em vistas da efetiva concretização dos Direitos Humanos, por

exemplo, ou pode ser um mecanismo (re)produtor de desigualdades.

Já o racismo poderia ser sintetizado como uma tendência sistêmica a diferenciar

grupos sociais fundamentada em noções ligadas a idéia de “raças” (ainda que

longinquamente), de tal forma que determinado grupo (e/ou determinadas características

físicas e culturais) sejam ligadas a presunções de superioridade ou inferioridade, ou

mesmo, a presunções sobre “qual o lugar natural de determinados grupos no mundo

social”. O racismo, assim, não se restringe a eventuais manifestações hostis entre

indivíduos, mas deve ser entendido como um conjunto total de valores, formas de

percepção do mundo, práticas, estruturas de distribuição de poder, portanto, um sistema

completo de relações sociais (culturais, econômicas, políticas, intersubjetivas) que

privilegia cotidiana, institucional e estruturalmente alguns grupos sociais em detrimento

de outros baseado em noções ligadas a idéia de “raças” A segregação racial presente no

Brasil, portanto, se origina tanto em os processos negativos de exclusão dos negros

quanto por um exercício positivo de poder causador de uma “inclusão prioritária” de

brancos, em um contexto de profundas desigualdades, drasticamente competitivo, mas

marcado pela capilarização deste racismo por todas as esferas e níveis de relações

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constituintes da sociedade brasileira, onde se mantém sempre uma tendência à

reprodução do “acúmulo” preexistente de um lado e da “precarização” do outro.

De fato, juridicamente racismo só ocorre quando alguém é impedido de fazer

algo. Mas o racismo é, antes, um arcabouço de (di)visão sobre o mundo. Atua como

uma infra-estrutura do campo perceptivo (pré-objetivo), um verdadeiro a priori. A

história brasileira foi fundada sobre a convicção da superioridade branca sobre grupos

de pele escura (definidos em termos étnico-raciais, como índios e negros). Vivemos

mais de 400 anos com estas convicções enraizadas (e manifesta até em lei) e persistimos

convivendo até o presente com a mesma distribuição de poder entre “grupos raciais”

que existia há 4 gerações atrás quando foi abolida oficialmente a escravidão de pessoas

negras no Brasil. Pouco foi feito nos últimos 118 anos para se eliminar os efeitos do

racismo nossas instituições e cultura, de nosso arcabouço de visão sobre o mundo e das

estruturas de poder em nossa sociedade. Se pesquisas demonstram empiricamente que

as desigualdades baseadas em cor/raça no Brasil são tão gritantes hoje quanto o eram

nos Estados Unidos durante a era da segregação legal e na África do Sul durante o

regime do Apartheid2, ainda mais preocupante é a inércia dos agentes e instituições

brasileiras em travar o combate necessário contra estas estruturas “subjetivas” e

“objetivas” que reproduzem o (e se reproduzem do) racismo estrutural brasileiro.

Para compreender esta dupla raiz do racismo no Brasil, nos parece importante

perceber que ele (e a conseqüente naturalização das desigualdades raciais) atua como

uma verdadeira doxa3 essencial a todas nossas relações sociais. Ela é um pressuposto

que não pode ser trazido à tona e discutido porque atua de maneira infra-consciente,

como que criando um “pacto” não explicitado entre os sujeitos, atua como o solo sobre

o qual todas as demais questões (inclusive lutas políticas) podem se colocar. Ela é a

base fundamental não-discutida que até hoje nos permitiu inclusive fazer a luta de

classes, a luta pela igualdade de gênero e pela livre orientação sexual em suas versões

hegemônicas. Esta naturalização das desigualdades raciais atua como um “acordo

2 Apenas como exemplo, somente 2% dos universitários brasileiros são negros (Carvalho, 2005), o mesmo percentual alcançado nos EUA em 1947 (em plena Segregação Legal) e na África do Sul antes do fim do Apartheid. Da mesma forma, se nestes países ocorriam, nos períodos referidos, extermínio de pessoas negras, no Brasil, segundo a PNUD 2005, a chance de negros serem assassinados é 2,5 vezes maior que a de brancos, sendo que, se a taxa média de assassinados é de 24,3 em cada 100 mil entre brancos, para jovens pretos entre 20 e 24 anos a taxa é de 200 em 100 mil! ( http://www.pnud.org.br)3 A doxa é justamente o pressuposto fundamental que permite todas as demais discussões ou ações, o qual nunca pode ser posto em questão por ser a base das demais questões . Ela é sempre um a priori do qual a denuncia desestabiliza a estrutura essencial da visão de mundo anterior (Bourdieu, 1983). “A doxa contempla tudo aquilo que é admitido como ‘sendo assim mesmo’: os sistemas de classificação, o que é interessante ou não, o que é demandado ou não” (Bourdieu, 1984).

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tácito”, o qual, sem ser trazido ao consciente, permite com que as disputas por poder

político, por cargos nas instituições (até mesmo em sindicatos e movimentos sociais),

por verbas para pesquisas nas universidades, por vagas no vestibular ou no mercado de

trabalho, sejam travadas quase que exclusivamente entre brancos.

Na realidade, devemos nos colocar a pergunta: se nossa sociedade e suas

instituições foram construídas com base em lógicas e práticas coloniais, eurocêntricas e

racistas, como demonstra Quijano (2000), terão os brancos brasileiros e nossas

instituições nacionais incorporado, tornado parte da essência de seu “ser social” uma

“perspectiva colonial”?Tal resposta demandará diversas outras pesquisas, mas não é

difícil perceber que a maior parte das pessoas brancas sequer se dá conta, em seu dia-

dia, do fenômeno da segregação racial (re)produzida cotidianamente no Brasil. E isto

talvez ocorra, justamente, porque o racismo que conduz a esta segregação e a naturaliza

atua como esta doxa que se incorpora em cada ator, relação e instituição social,

tornando-se parte daquilo que se apresenta como natural acerca do mundo.

É “natural”, assim, que brancos tenham um ou outro amigo negro, contem piadas

inferiorizando negros, mas não se considerem racistas; assim como é “natural” que a

maior parte dos gerentes sejam brancos e dos camelôs sejam negros, que alunos e

professores em universidades sejam brancos e faxineiros sejam negros. Toda esta

divisão racial do trabalho e dos espaços sociais é tão natural(izada) que raramente um

branco se espanta com tais realidades. Na verdade, é perceptível que todos nós

brasileiros incorporamos esta “colonialidade”, estas perspectivas coloniais sobre as

relações etnico-raciais no Brasil como um verdadeiro habitus4, gerador de uma efetiva

segregação racial que sequer é percebida enquanto tal. Nestes termos, podemos muito

mais facilmente compreender porque o racismo não é apenas uma questão de vontade

consciente de indivíduos tomados isoladamente. Ele é um dispositivo infra-consciente

(ou poderíamos até dizer, corporificado) que produz uma desigualdade profunda entre

brancos e negros no Brasil, em nossa percepção frente ao mundo e em nossas condições

cotidianas de vida. E torna-se um dispositivo de extermínio em massa incorporado em

agentes que exercem posições de poder sem tomar consciência deste habitus racista que

informa toda nossa cultura; e o qual, para ser superado, exige profunda radicalidade.

Como nos instiga Foucault (1972), devemos sempre buscar os ‘pressupostos dos

princípios de pensamento de uma época’ relacionando tais ‘saberes’ a exercícios de 4 O habitus é, por um lado “a história incorporada e, portanto, esquecida enquanto história” e, por outro, uma “coleção de práticas, definidas como um sistema de disposições não-conscientes, princípios coletivamente inculcados geradores e estruturadores de práticas e representações” (Bourdieu, 1987).

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poder. Desde que nascemos somos atravessados por discursos, por palavras. A

subjetivação ocorre quando começamos a nos pensar dentro destas forças (forças-

gestos, forças-palavras, forças-verdades). E, como nos indica Stuart Hall (2003), há

sempre a necessidade de refletir sobre de onde emergem nossas próprias questões.

Assim, para fazer uma sociologia efetivamente rigorosa e com capacidade de

desvelar o que se encontra encoberto pela naturalização dos princípios sociais de nossa

visão de mundo e sobre cada fenômeno, devemos buscar, justamente, romper com a

doxa dominante, falando sobre o não-dito, buscando os fundamentos primordiais

daquilo que é discutido, o próprio pressuposto que permite a discussão e que, por isso,

não é percebido enquanto noção socialmente (re)produzida, fruto de relações de poder.

Esta perspectiva sobre o racismo, entretanto, ao mesmo tempo em que supera a

ingênua idéia de que ele se resume apenas a atitudes de indivíduos ou grupos isolados,

traz também uma profunda responsabilidade aos sujeitos que têm acesso a ela. Esta

responsabilidade provém da compreensão de que todos os atores sociais e instituições

que se constituíram no interior da sociedade brasileira compartilham deste habitus

racista e colonial,e ainda mais, partilham de uma “cumplicidade ontológica” (justamente

porque o racismo e sua naturalização são estruturas fundantes da sociedade brasileira),

compartilham uma adesão infra-consciente ao racismo, têm estas concepções e

aceitação da reprodução de tal segregação como uma doxa, como um pressuposto que

sequer chega a ser discutido por ser a base de todas as demais discussões. Cumplicidade

ontológica justamente porque a aceitação destas concepções e estruturas concretas de

divisão de poder constituem a “essência” de nosso próprio ser social e nossa sociedade.

O Brasil, sua cultura e instituições presentes são, portanto, estruturalmente racistas.

É justamente por esta estrutura ontológica racista que o Brasil não se livrará do

racismo apenas por meio de argumentos, pela definição legal sobre a igualdade entre

todos os cidadãos ou pelo silêncio sobre a palavra “raça” e derivados. É imperativo

buscar uma efetiva “desontologização do racismo”, por todos os meios necessários.

Para tanto, devemos retornar ao “tema gerador” deste trabalho: a maneira pela

qual os brancos lidam com o racismo. Segundo Peggy McIntosh, as sociedades

eurocentradas sofrem com uma espécie de tendência ao “monoculturalismo”, ou seja, a

constituição de uma determinada perspectiva sobre o mundo que se baseia centralmente

nos padrões dos grupos dominantes, mantendo uma visão de tal forma unívoca sobre a

realidade que sequer consegue perceber sua singularidade e seu próprio fechamento. “O

monoculturalismo, como toda forma de ‘sistema-único de visão’, é cego à sua própria

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especificidade cultural. Ele não consegue perceber a si mesmo”. Ele confunde seus

particularismos com neutralidade (McIntosh, 1990). Em larga medida, talvez seja este

monoculturalismo eurocentrado e crente no mito de democracia racial que dificulta aos

brancos no Brasil perceberem como racialmente segregada e dividida nossa sociedade.

Ou ainda mais, perceberem de que forma pessoas brancas são privilegiadas

cotidianamente por este sistema de relações racistas.

Embora este seja um tema que mereça ser ainda muito pesquisado e

aprofundado, é curioso observar que, mesmo um pesquisador controverso em relação ao

seu compromisso anti-racista (pra dizer o mínimo) como Costa Pinto, já na década de

50, percebia, ao falar do Brasil, que “numa sociedade em que as posições de classe e de

etnia tão nitidamente se identificaram, e por tanto tempo, quanto mais branco, ou menos

preto, o indivíduo, maiores as suas oportunidades de transpor a ascensão social” (Costa

Pinto, 1953, p.216). Portanto, vemos que “aquilo que os brancos ganham com o racismo

no Brasil” já poderia estar sendo estudado com centralidade há muito tempo. Esta tarefa

histórica está, agora, nas mãos da nossa geração.

Contribuindo neste esforço, McIntosh, em outra obra, apresenta-nos a seguinte

reflexão, contribuindo para compreendermos o velamento dos brancos acerca de seus

próprios privilégios relativos: “como uma pessoa branca eu aprendi que racismo é algo

que coloca outras pessoas em desvantagem, mas fui ensinada a não ver um dos seus

aspectos corolários, o privilégio branco, o qual me propicia vantagens” (1988). Segundo

ela, negações se somam a tabus que envolvem o tema das vantagens que pessoas

reconhecidas como brancas recebem a partir das desvantagens sofridas por pessoas

reconhecidas como negras numa sociedade racista. Neste sentido, pode ser importante a

observação de Muniz Sodré (1999) de que, no Brasil, indivíduos de pele clara “só se

reconhecem com ‘identidade branca’ ou ‘eurocidental’ no contexto relacional com os

ditos não-brancos.[...] ‘racial’ é sempre o Outro”. Assim, desde este princípio, torna-se

bastante difícil aos brancos perceberem-se dentro do campo das relações raciais e, ainda

mais, perceberem privilégios cotidianos que tenham recebido simplesmente por serem

reconhecidos como brancos em uma sociedade estruturalmente racista.

Neste mesmo processo, brancos brasileiros não conseguem se reconhecer dentro

das estatísticas raciais porque elas simplesmente “não dizem respeito a eles”. Essa

“não-racialização dos brancos” em relação ao racismo constitui intimamente seu ser

social, mudar isso desestabiliza os sujeitos que são. O mito da democracia racial é

constituinte do ser social dos brancos brasileiros, ao mesmo tempo em que uma

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naturalização da divisão racial da vida social atua como doxa em todas nossas relações.

Ao reconhecer que são tratados de forma diferenciada por serem identificados

racialmente, portanto, que têm, em termos sociológicos, um específico pertencimento

racial, e que este pertencimento, em uma sociedade estruturalmente racista, coloca-os

cotidianamente em situações privilegiadas em relação aos demais cidadãos, desmorona

as convicções que tinham a respeito de sua própria biografia. É um reconhecimento

dificil justamente porque desafia nossa doxa, “desestabiliza nosso chão”, nos descentra

como sujeitos e quebra mitos que nos sustentavam até então, como o de que “somos o

que somos apenas por méritos” e não por privilégios injustos de nossa “raça”.

Na verdade, seria importante complementar esta observação com a seguinte

análise. No Brasil, a identificação dos grupos em termos “raciais” é um privilégio de

brancos, que impõem classificações fundadas na idéia de raça a grupos sociais

descendentes de diferentes grupos étnicos africanos, enquanto os próprios brancos

raramente são identificados em termos “raciais”. Entretanto, a organização coletiva

pública baseada na idéia de pertencimento étnico-racial é, também, um privilégio de

brancos (com exceção concedida aos indígenas aldeados), que, historicamente, têm se

organizado sob a identidade de alemães, italianos, portugueses, poloneses, etc. Mas essa

possibilidade de auto-definição identitária coletiva é recusada aos negros. Ou antes, ela

é tolerada apenas quando se manifesta em fenômenos “culturais”, como a música, a

dança, o jogo (e, tensamente, a religiosidade). Mas se essa auto-identificação coletiva

negra toma conotações políticas, de questionamento do regime de Supremacia Branca,

então os negros são acusados de racistas, de estarem querendo dividir o Brasil, de

estarem racializando-o. É uma situação complexamente contraditória, que só pode ser

explicada pelo fenômeno de que a expectativa de afasia coletiva negra atua como uma

doxa no Brasil, levando brancos a sentirem que o mundo há de “virar de cabeça pra

baixo” caso as demandas do Movimento Negro sejam, finalmente, ouvidas.

Os estudos de McIntosh (1988) demonstram que raramente uma pessoa branca

vai além do reconhecimento de que negros são prejudicados pelo racismo, chegando ao

reconhecimento de que brancos vivenciam vantagens não conquistadas por seu esforço,

que estes privilégios não têm sido bons para o desenvolvimento dos brancos como seres

humanos, ou ainda que os sistemas de privilégios devem sempre ser desafiados e

transformados. Mesmo pessoas que compreendem que privilégios tomam formas

institucionalizadas e incrustadas tendem ainda a negar que a hegemonia branca tem

aberto portas a elas pessoalmente. E sem esta percepção acerca da sua própria

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participação neste sistema de segregação racial, torna-se ainda mais difícil que pessoas

brancas se mobilizem e passem a dedicar-se também à luta anti-racista. Entretanto, esta

mobilização seria imprescindível, uma vez que, como foi demonstrado, racismo não

significa apenas o estabelecimento de relações abertamente hostis. Apenas nossa inação

contra o sistema de segregação racial brasileiro já nos faz parte do problema,

construtores ativos do racismo no Brasil.

O fato é que também não é suficiente fazermos apenas algumas “concessões” em

termos de nossos objeto de pesquisa, por exemplo, comentando superficialmente sobre

desigualdades raciais que circundam nossos temas de trabalho. Uma sociedade

colonizada, construída em um contexto de fundamentos ontológicos racistas tende a

promover uma sociologia velada por este mesmo racismo. É necessário, portanto, o

desvelamento sobre o racismo e o colonialismo que moldam próprio nosso olhar sobre o

mundo e nossa produção de conhecimento. Na verdade, é necessária a reflexão acerca

do sistema de privilégios que faz com que sejamos exatamente nós (e não outos) os

agentes a ocupar hoje os espaços de enunciação da ciência, sabendo que sistemas de

prejuízos aos negros e privilégios aos brancos fazem com que, por exemplo, 99 em cada

100 professores universitários no Brasil sejam brancos.

Neste sentido, mostra-se pertinente a constatação de McIntosh (1990) de que “muitos ou, a maioria de nós no mundo acadêmico ‘branco’ estão mais

confortáveis discutindo questões de ‘falta de empoderamento’ do que levando a

sério aquelas vidas que não se centram na/dependem da/resistem à governança

‘masculina branca’, e que incorporam formas alternativas de poder. {..}é

possível se introduzir na academia temas ligados a ‘déficits de identidade’,

enquanto segue-se negando identidades culturais e, assim, mantendo o controle

para o grupo dominante. Tal trabalho monocultural sobre o racismo pode,

ironicamente aumentar a arrogância ou a ignorância em estudantes ‘brancos.’”

Evitar isso exige de nós não apenas vigilância constante, mas também luta

concreta e permanente. Para tanto, devemos compreender o lugar particular desde onde

falamos e perceber que fazer ciência não é falar da verdade, mas lutar contra o erro. Por

isso, nesta luta, o primeiro passo fundamental é compreendermos o contexto histórico-

social e teórico no qual nosso próprio trabalho se localiza. É no esforço de buscar

compreender este contexto no qual se localizam os pesquisadores brancos brasileiros

que o presente trabalho foi desenvolvido.

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Ainda uma última conclusão faz-se necessária, além daquelas que já vem sendo

aqui expostas. Devemos reconhecer que nossos cursos de ciências sociais ainda são

excessivamente eurocentrados. Quase não temos estudos pós-colonialistas (ou pelo

menos de autores que não sejam sempre homens brancos, normalmente oriundos de

países “colonizadores”), o que representaria um esforço em sair do pensamento

europeu(izado), buscando um pensamento mais autônomo. Nossos currículos escolares

trazem insuficiente treinamento para que compreendamos as formas pelas quais o

Racismo se manifesta no Brasil e o papel que cada um de nós exerce neste sistema de

relações. E isso contribui para que nós, pesquisadores brancos no Brasil possamos

partilhar com McIntosh a seguinte observação sobre sua trajetória pessoal de vida:

“fui ensinada a ver a mim mesma como um indivíduo do qual meu estado moral

dependeria de meu desejo moral. Na escola, nós não fomos ensinados sobre a

escravidão com a devida profundidade; não fomos ensinados a ver os

proprietários de escravos como pessoas “prejudicadas” em sua humanidade.

Escravos eram vistos como o único grupo em risco de ser desumanizado. Minha

educação seguiu o padrão apontado por Elizabeth Minnich: brancos são

ensinados a pensar as suas vidas como moralmente neutras, normativas, como o

padrão ou mesmo o ideal, de tal forma que mesmo quando nós trabalhamos

para beneficiar outros, isto é visto como trabalho que permitirá a ‘eles’ se

tornarem mais ‘como nós’”(McIntosh, 1988)

Como foi relembrado, toda história não discutida é incorporada e tornada

habitus e, portanto, esquecida enquanto história. A noção de raça, especialmente em sua

versão biologizante e hierarquizante desenvolvida a partir do século XIX no Ocidente

tornou-se habitus para seus povos. Portanto, só poderia ter sido transformada pela

formação de novas gerações através da denuncia da construção histórica de tais noções

e de sua deslegitimação absoluta. Entretanto, ela não apenas foi preservada

intensamente em diversos espaços da vida social, como não foi desconstruída

historicamente em nossas escolas. O estudo de uma ciência eurocentrada também

contribui para a formação de um habitus racista. Para o combate deste habitus racista,

das relações sociais no Brasil, não é suficiente a incorporação de uma perspectiva

tolerante ou celebrativa da diferença por parte dos pesquisadores; nem sequer uma

perspectiva que, ao admitir as terríveis desigualdades de fundo étnico-racial existentes

no Brasil dilua suas causas em discussões universalistas, aguardando que todos os

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problemas da humanidade sejam resolvidos para que se supere a segregação racial que

vivenciamos até o presente no Brasil.

Já na década de 50 Guerreiro Ramos falava da necessidade de descolonizarmos

nossas mentes e nossa ciência. Para ele, a branquitude é patológica e cria efeitos

patologizantes especialmente nos brancos. Ele já possuía a idéia de que o colonialismo

tem efeitos epistemológicos e que o processo de produção de uma sociedade racista tem

efeitos não apenas nos dominados, mas nos dominantes. Ele já apontava que seria

necessário remover o racismo dos setores dominantes da sociedade, em sua expressiva

maioria brancos, através de uma “reeducação das camadas brancas e brancóides”

(Guerreiro Ramos, 1950). Tal reeducação seria necessária para se superar os limites da

democracia racial (que ele já percebia nitidamente desde então) que se revelariam na

“ideologia da brancura” e na “patologia social do branco brasileiro”. A “ideologia da

brancura” sustentaria a idéia de que “a cor da pele do negro parece constituir o

obstáculo, a anormalidade a sanar. Dir-se-ia que na cultura brasileira o branco é o ideal,

a norma, o valor, por excelência” (Guerreiro Ramos, 1957 p. 150). Esta ideologia seria

fundada na assimilação, pelas sociedades que sofreram a dominação colonial, da

“estética branca”. Constituído pelo etnocentrismo europeu, o brasileiro, “especialmente

o letrado, adere psicologicamente a um padrão estético europeu e vê os acidentes

étnicos do país e a si próprio, do ponto de vista deste.” (idem, p. 153). Em “Sociologia

Clínica de um Baiano ‘Claro” (1953), Ramos já ressaltava a necessidade de se estudar

os aspectos patológicos que norteariam a conduta dos brancos no Brasil.

Neste sentido, o presente trabalho ensejou servir como uma contribuição inicial

aos avanlo nos estudos sobre o outro lado da opressão racial no Brasil, o “lado branco

do racismo”, tarefa que se coloca como a tarefa histórica dos brancos comprometidos

com a luta anti-racista contemporânea.. Para tanto, será sempre necessário um duplo

esforço aos brancos engajados nesta luta: ao mesmo tempo em que reconhecer nas

relações cotidianas os privilégios recebidos por brancos em uma sociedade

estruturalmente racista, buscar estender sua vigilância epistemológica ao ponto de

desvelar a própria doxa racista que funda sua própria produção de conhecimento.

Porto Alegre, 13 de novembro de 2006.

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