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2012 Professor Leonardo Torres [email protected] DIREITO ADMINISTRATIVO RECEITA FEDERAL

5190 APOSTILA Direito Administrativo - RECEITA FEDERAL - Professor Leonardo Torres

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Direito aDMINISTRATIVO

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  • 2012

    Professor

    Leonardo Torres

    [email protected]

    DIREITO ADMINISTRATIVO

    RECEITA FEDERAL

  • ____________ ________________________ DIREITO ADMINISTRATIVO ____________________ Prof. Leonardo Torres

    __________________________________________________________________________________________________________________________ ATUALIZADO AT MAIO/2012 www.CARREIRAPUBLICA.com.br (48) 3225-5779 4141-3220

    DIREITO ADMINISTRATIVO.

    PROFESSOR LEONARDO TORRES.

    [email protected]

    "No tenhamos pressa, mas no percamos

    tempo."

    (Jos Saramago)

    1. ADMINISTRAO PBLICA.

    1.1. ESTADO: NOES GERAIS.

    De acordo com o Baro Montesquieu (um nobre

    pensador Francs), a vontade estatal apresenta-se e se

    manifesta atravs dos denominados Poderes de Estado.

    Os Poderes de Estado, na tripartio de Montesquieu,

    at hoje adotada nos Estados de Direito, so o

    Legislativo, o Executivo e o Judicirio, independentes e

    harmnicos entre si e com suas funes indelegveis

    (CF, art. 2).

    O Estado Brasileiro um Estado Federal, onde

    sua organizao poltica era dual, abrangendo

    unicamente a Unio (detentora da Soberania) e os

    Estados-membros ou Provncias. Atualmente, a nossa

    Federao compreende a Unio, os Estados-membros,

    o Distrito Federal e os Municpios, que tambm so

    entidades estatais, com autonomia poltica reconhecida

    pela Constituio da Repblica (art. 18), embora em

    menor grau que a dos Estados-membros (art. 25).

    De acordo com art. 18 da Constituio da

    Repblica, nossa Federao, formada pelas seguintes

    entidades estatais: a Unio, os Estados-membros, os

    Municpios e o Distrito Federal.

    Governo o direcionamento poltico dos

    negcios pblicos. Ora se identifica com os Poderes e

    rgos supremos do Estado, ora se apresenta nas

    funes originrias desses Poderes e rgos como

    manifestao da Soberania. A constante, porm, do

    Governo a sua expresso poltica de comando, de

    iniciativa, de fixao de objetivos do Estado e de

    manuteno da ordem jurdica vigente. O Governo atua

    mediante atos de Soberania ou, pelos menos, de

    autonomia poltica na conduo dos negcios pblicos.

    A definio da palavra Estado varia segundo o

    enfoque em que considerada. Sociologicamente

    falando, trata-se da poro de terra que possui um

    poder de mando inicial; sob o vis poltico,

    comunidade de pessoas fixada sobre um territrio, com

    poder de agir, de ordenar e de coagir; sob o enfoque

    constitucional, pessoa jurdica de direito pblico

    soberana e de acordo com o Cdigo de Civil Brasileiro,

    em seu artigo 41, trata-se da pessoa jurdica de Direito

    Pblico Interno (art. 41 do Cdigo Civil).

    O Estado constitudo de trs elementos

    originrios e indissociveis: Povo, Territrio e Governo

    soberano. Povo o componente humano do Estado;

    Territrio, a sua base fsica; Governo soberano, o

    elemento condutor do Estado, que detm e exerce o

    poder absoluto de autodeterminao e auto-

    organizao emanado do Povo. No h nem pode haver

    Estado independente sem Soberania, isto , sem esse

    poder absoluto, indivisvel e incontrastvel de

    organizar-se e de conduzir-se segundo a vontade livre

    de seu Povo e de fazer cumprir as suas decises

    inclusive pela fora, se necessrio.

    1.2. ADMINISTRAO PBLICA BRASILEIRA.

    Administrao Pblica o conjunto de rgos

    institudos para a realizao dos objetivos do Governo.

    Numa viso ampla, a Administrao , pois, todo o

    aparelhamento do Estado preordenado realizao de

    seus servios, visando satisfao das necessidades

    coletivas. A Administrao pratica atos de execuo,

    com maior ou menor autonomia funcional, segundo a

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    competncia do rgo e de seus agentes. So os

    chamados atos administrativos.

    O Governo e a Administrao, como criaes

    abstratas das normas jurdicas, atuam por intermdio

    de suas entidades (pessoas jurdicas), de seus rgos

    (centros de deciso) e de seus agentes (pessoas fsicas

    investidas em cargos e funes).

    1.3. DIREITO ADMINISTRATIVO.

    o ramo do Direito Pblico que tem

    por objetivo o estudo da Administrao Pblica, ou

    ainda, o conjunto harmnico de princpios jurdicos que

    regem os rgos, os agentes e as atividades pblicas

    tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente

    os fins desejados pelo Estado.

    1.3.1. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO.

    1.3.1.1. CONSIDERAES INICIAIS

    As fontes do Direito Administrativo so as

    responsveis diretas pela criao, elaborao e

    aperfeioamento de toda cincia administrativista,

    produzindo, aprimorando e at justificando, suas Leis,

    normas internas e decises judiciais. Em se tratando do

    Direto Administrativo propriamente dito, importante

    ressaltar, dentre outras, quatro principais espcies de

    fontes jurdicas: a Lei, a doutrina, a jurisprudncia e os

    costumes.

    1.3.1.2. AS LEIS

    A CONSTITUIO FEDERAL

    A lei, considerada em seu sentido amplo,

    representa importante fonte do Direito e, em se

    tratando do Direito Administrativo especificamente,

    representa a sua principal fonte jurdica. Tal como

    ocorre aos demais ramos do Direito, a Constituio

    Federal a principal fonte do Direito Administrativo.

    na Constituio Federal que se encontram

    todos os fundamentos e princpios jurdicos que iro

    servir de base para a criao das outras normas

    jurdicas. Por exemplo, os artigos 37 e 38, ambos da

    Constituio Federal, trazem as disposies gerais

    concernentes aos princpios e normas que devem ser

    seguidos por toda a Administrao Pblica.

    A Constituio Federal tambm dispe acerca

    de outras questes relacionadas ao Direito

    Administrativo, como por exemplo, os Servidores

    Pblicos que tratado em seus artigos 39 at 41.

    AS OUTRAS LEIS

    Todavia no somente a Constituio Federal

    constitui uma fonte jurdica para o Direito

    Administrativo. As Leis, os regulamentos, as instrues

    normativas, as resolues e at mesmos as portarias

    expedidas pela Administrao Pblica, tambm, figuram

    como fontes jurdicas para o Direito Administrativo.

    Em se tratando de Leis, especificamente, deve-

    se citar como exemplo, a Lei 8112/90 que dispe

    acerca do regime jurdico dos servidores civis da Unio

    ou a Lei 8666/93, que dispe acerca do processo

    licitatrio. Na realidade, para facilitar a compreenso,

    deve-se entender que constitui fonte do direito, todas

    as normas expedidas pela ou para a Administrao

    Pblica, desde a Constituio Federal at os

    regulamentos.

    1.3.1.3. A DOUTRINA

    Quando estudiosos do Direito publicam seus

    estudos, pesquisas ou suas interpretaes jurdicas

    acerca de determinada ponto da Lei, isso quer dizer,

    que foi publicada uma doutrina acerca daquele tema.

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    Doutrina a interpretao dada pelos operadores do

    Direito acerca de determinada questo jurdica.

    Desta forma, no se engane, a doutrina, no se

    presta somente a interpretar a Lei, mas tambm a

    todas as outras questes relacionadas ao Direito, tais

    como sua origem, seus princpios, objetivos e sua

    evoluo. Existe certa divergncia jurdica, quanto ao

    fato da doutrina representar uma fonte do Direito.

    Para estes autores, entender que doutrina

    representa uma fonte do Direito significa em afronta

    direta ao princpio da Legalidade. Todavia, para a maior

    parte dos autores, a doutrina constitui uma fonte do

    Direito, no havendo qualquer empecilho neste sentido.

    Inclusive, no se pode olvidar que a doutrina

    constantemente utilizada quando da realizao dos

    julgamentos pelos Tribunais.

    1.3.3.4. JURISPRUDNCIA

    Quando uma deciso judicial proferida de

    forma reiterada, pode-se considerar que foi formada

    uma jurisprudncia naquele sentido, ou seja,

    jurisprudncia, nada mais que uma reunio de vrias

    decises judiciais, acerca determinada matria. Uma

    jurisprudncia se cristaliza, ou seja, se pacifica, quando

    determinada matria julgada sempre no mesmo

    sentido.

    A jurisprudncia uma importante fonte do

    Direito, em se tratando de Direito Administrativo. As

    decises proferidas pelo Superior Tribunal de Justia

    em questes relacionadas ao Direito Administrativo

    um bom exemplo de jurisprudncia do Direito

    Administrativo.

    1.3.3.5. OS COSTUMES

    Os costumes, tambm, representam importante

    fonte do direito. Surgem atravs de comportamentos,

    atos ou condutas praticados reiteradamente que com o

    passar do tempo comeam a integrar o cotidiano das

    pessoas. Em se tratando do direito Administrativo

    especificamente, importante ressaltar a questo da

    "prtica administrativa" como importante fonte do

    Direito Administrativo.

    que ante a ausncia de norma legal especfica

    para a soluo de determinado "caso", o administrador

    pblico decide por sempre solucionar esta questo,

    desempenhando determinado procedimento. Desta

    forma, como o passar do tempo, a "soluo" dada pelo

    administrador pblico e sua aplicao reiterada, poder

    se tornar "praxe" em toda Administrao Pblica, sendo

    assim, aplicada na resoluo de todas as questes

    semelhantes.

    1.4. PRINCPIOS DA ADMINISTRAO PBLICA.

    Devido organizao do Estado, e pelo fato

    deste assumir funes primordiais coletividade, no

    interesse desta, fez-se necessrio criar e aperfeioar

    um sistema jurdico que fosse capaz de regrar e

    viabilizar a execuo de tais funes, buscando atingir

    da melhor maneira possvel o interesse pblico visado.

    Face natureza desses interesses, so

    conferidos Administrao direitos e obrigaes que

    no se estendem aos particulares. Logo, a

    Administrao encontra-se numa posio de

    superioridade em relao a estes.

    A Administrao Pblica, na maioria de suas

    relaes, possui um regime jurdico diferenciado. Para

    que possa exercer, de forma eficaz, as funes a ela

    determinadas, o interesse pblico est sobreposto a

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    interesses particulares. Tal regime denomina-se

    Regime Jurdico Administrativo ou Regime Jurdico de

    Direito Pblico.

    Os princpios da Administrao Pblica so

    regras que surgem como parmetros para a

    interpretao das demais normas jurdicas. Tm a

    funo de oferecer coerncia e harmonia para o

    ordenamento jurdico. Quando houver mais de uma

    norma, deve-se seguir aquela que mais se compatibiliza

    com os princpios previstos na Constituio Federal, ou

    seja, interpreta-se, sempre, consoante os ditames da

    Constituio.

    Os princpios bsicos que a Administrao

    dever seguir esto dispostos no art. 37, caput, da

    CF/88. O disposto no referido artigo constitucional rol

    meramente exemplificativo; desta forma, existem

    outros princpios que podero ser invocados pela

    Administrao.

    Com relao sua abrangncia, os princpios

    bsicos da Administrao alcanam a Administrao

    Pblica direta e indireta de quaisquer dos poderes da

    Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios

    (art. 37 da CF/88), possuindo, portanto, amplo alcance.

    So cinco os princpios da Administrao

    Pblica previstos no Artigo 37, caput, da Constituio

    Federal. Alm destes princpios, h os previstos em

    legislaes esparsas e os definidos pelos doutrinadores.

    a) Legalidade a Administrao pblica s pode fazer

    o que a lei determina (poder-dever).

    b) Moralidade a atuao do agente pblico deve

    obedecer a padres ticos e justos de honestidade e

    decncia.

    c) Impessoalidade ou Finalidade o mrito pela

    prtica de um ato pertence Administrao e no s

    autoridades que as executam.

    d) Publicidade os atos praticados pela

    Administrao Pblica devem ser divulgados, para

    conhecimento do pblico e incio dos efeitos.

    e) Eficincia de acordo com tal princpio, o

    particular tem direito a mais servios pblicos, em

    menos tempo, com mais qualidade e com menos custos

    para o Estado (introduzido na CF pela EC 19/98

    Reforma Administrativa).

    Existem outros princpios previstos em outras

    leis e os definidos pelos pensadores, sendo eles:

    f) Princpio da Motivao - a obrigao dirigida ao

    administrador de motivar a maioria dos atos que edita.

    Sem a devida motivao no h o devido processo

    legal, pois a fundamentao surge como meio

    interpretativo da deciso que levou prtica do ato

    impugnado, sendo verdadeiro meio de viabilizao do

    controle da legalidade dos atos da Administrao.

    g) Princpio da Continuidade dos Servios

    Pblicos - Pelo princpio da continuidade dos servios

    pblicos, o Estado obrigado (em regra) a no

    suspender a prestao dos servios pblicos.

    h) Princpio da Supremacia do Interesse Pblico

    sobre o Privado - a Administrao, para buscar de

    maneira eficaz os interesses pblicos, se coloca em um

    patamar de superioridade em relao aos particulares.

    Sempre que houver conflito entre um interesse

    individual e um interesse pblico deve prevalecer o

    interesse pblico. So as prerrogativas conferidas

    Administrao Pblica, porque esta atua por conta de

    tal interesse.

    i) Princpio da Indisponibilidade - Para que a

    Administrao alcance o bem comum, se utiliza do

    princpio da supremacia, somado ao princpio da

    indisponibilidade, pois, tal busca irrenuncivel, por

    no haver faculdade de atuao ou no do Poder

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    Pblico, mas sim dever de atuao.

    j) Princpio da Razoabilidade - O Princpio da

    Razoabilidade determina que na autuao

    administrativa, o agente pblico aja de acordo com os

    padres de conduta de um homem mdio. Tal princpio

    afasta a prtica de condutas bizarras por parte do

    administrador.

    l) Princpio da Proporcionalidade O Princpio da

    Proporcionalidade determina que na autuao

    administrativa, os meios utilizados pelos agentes

    pblicos sejam proporcionais aos fins pretendidos. Tal

    princpio sugere a limitao de direitos individuais, com

    a seqente proibio do excesso praticado pelo agente

    pblico.

    1.5. ORGANIZAO DA ADMINISTRAO

    PBLICA.

    a) Estrutura Vertical Divide-se em Administrao

    Federal, Estadual, Municipal e do Distrito Federal,

    sendo que, no uma h uma gradao de autoridade

    (hierarquia) entre os nveis.

    b) Estrutura Horizontal Compreende a

    Administrao Direta (rgos pblicos) e Indireta

    (entidades pblicas - Decreto Lei 200/67).

    1.5.1. DESCONCENTRAO E

    DESCENTRALIZACO ADMINISTRATIVA.

    A desconcentrao uma tcnica

    administrativa, e utilizada em toda a Administrao

    Pblica.

    Ocorrer a chamada desconcentrao

    quando as pessoas polticas (Unio, estados membros,

    Distrito Federal e municpios) ou entidades (Por

    exemplo: autarquias) da Administrao, encarregada de

    executar um ou mais servios, distribui competncias,

    no mbito de sua prpria estrutura, a fim de tornar

    mais gil e eficiente a prestao dos servios.

    Na desconcentrao existir apenas uma

    pessoa jurdica (entidade ou pessoa poltica), isto , a

    desconcentrao sempre se opera no mbito interno de

    uma mesma pessoa jurdica, constituindo uma simples

    distribuio interna de competncias.

    Ocorre desconcentrao, por exemplo, no

    mbito da Administrao Direta Federal, quando a

    Unio distribui as atribuies decorrentes de suas

    competncias entre diversos rgos de sua prpria

    estrutura, como os ministrios (Ministrio da Educao,

    Ministrio dos Transportes etc.); ou quando uma

    autarquia, por exemplo, uma universidade pblica,

    estabelece uma diviso interna de funes, criando, na

    sua prpria estrutura, diversos departamentos

    (Departamento de Graduao, Departamento de Ps-

    Graduao, Departamento de Direito, Departamento de

    Filosofia, Departamento de Economia etc.).

    Como se v, a desconcentrao, mera tcnica

    administrativa de distribuio interna de funes,

    ocorre tanto na prestao de servios pela

    Administrao Direta, quanto pela Indireta.

    muito mais comum falar-se em

    desconcentrao na Administrao Direta pelo simples

    fato de as pessoas que constituem as Administraes

    Diretas (Unio, estados, Distrito Federal e municpios)

    possurem um conjunto de competncias mais amplo e

    uma estrutura sobremaneira mais complexa do que os

    de qualquer entidade das Administraes Indiretas.

    De qualquer forma, temos desconcentrao

    tanto em um municpio que se divide internamente em

    rgos, cada qual com atribuies definidas, como em

    uma sociedade de economia mista de um estado, um

    banco estadual, por exemplo, que organiza sua

    estrutura interna em superintendncias, departamentos

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    ou sees, com atribuies prprias e distintas, a fim

    de melhor desempenhar suas funes institucionais.

    Ocorre a chamada descentralizao

    administrativa quando o Estado (Unio, DF, estados ou

    municpios) desempenha algumas de suas funes por

    meio de outras pessoas jurdicas.

    A descentralizao pressupe duas pessoas

    jurdicas distintas: o Estado e a entidade que executar

    o servio, por ter recebido do Estado essa atribuio. A

    descentralizao administrativa acarreta a

    especializao na prestao do servio descentralizado,

    o que desejvel em termos de tcnica administrativa.

    Por esse motivo, j em 1967, ao disciplinar a

    denominada Reforma Administrativa Federal, o

    Decreto-Lei n 200, em seu art. 6, inciso III, elegeu a

    descentralizao administrativa como um dos

    princpios fundamentais da Administrao Federal.

    A doutrina aponta duas formas mediante as

    quais o Estado pode efetivar a chamada

    descentralizao administrativa: outorga e

    delegao.

    A descentralizao ser efetivada por meio de

    outorga quando o Estado cria uma entidade e a ela

    transfere, mediante previso em lei, determinado

    servio pblico.

    A outorga normalmente conferida por prazo

    indeterminado. o que ocorre relativamente s

    entidades da Administrao Indireta prestadoras de

    servios pblicos: o Estado descentraliza a prestao

    dos servios, outorgando-os a outras entidades

    (autarquias, empresas pblicas, sociedades de

    economia mista e fundaes pblicas), que so criadas

    para o fim de prest-los.

    1.5.2. ADMINISTRAO DIRETA.

    De acordo com o artigo 4o, inciso I, Dec. Lei

    200/67, representada pelos rgos responsveis pela

    chefia do Executivo e aqueles que lhes auxiliam

    diretamente.

    No patamar Federal composto pela

    Presidncia da Repblica e Ministrios; no Estadual e

    no Distrito Federal, pelo Governador e pelas

    Secretarias; em nvel Municipal, pela Prefeitura e pelas

    Secretarias.

    1.5.2.1. CLASSIFICAO DOS RGOS

    PBLICOS.

    Quanto posio Estatal:

    a) rgos Independentes: se originam da previso

    constitucional. So os representativos dos 3 Poderes

    (Poder Executivo, Legislativo e Judicirio).

    No tem qualquer subordinao hierrquica;

    Suas funes so polticas, judiciais e

    legislativas;

    Seus agentes so denominados Agentes

    Polticos;

    Exemplos: Congresso Nacional, Cmara de

    Deputados, Senado Federal, etc.

    b) rgos Autnomos: so os localizados na cpula

    da Administrao, imediatamente abaixo dos rgos

    independentes e diretamente subordinados aos seus

    chefes;

    Tm ampla autonomia administrativa,

    financeira e tcnica;

    So rgos diretivos, de planejamento,

    coordenao e controle;

    Seus agentes so denominados Agentes

    Polticos nomeados em comisso;

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    Exemplos: Ministrios, Secretaria de

    Planejamento, etc.

    c) rgos Superiores: so os que detm poder de

    direo, controle, deciso e comando, subordinando-se

    a um rgo mais elevado.

    No gozam de autonomia administrativa nem

    financeira;

    Liberdade restringida ao planejamento e

    solues tcnicas, dentro de sua esfera de

    competncia;

    Responsabilidade pela execuo e no pela

    deciso poltica;

    Exemplos: Gabinetes, Coordenadorias,

    Secretarias Gerais, etc.

    d) rgos Subalternos: so os rgos subordinados

    hierarquicamente a outro rgo superior; realizam

    tarefas de rotina administrativa.

    Reduzido poder de deciso;

    predominantemente rgo de execuo;

    Exemplos: Reparties, Sees de Expediente,

    etc.

    Quanto Estrutura:

    a) rgos Simples: refere-se a um s centro de

    competncia. Exemplos: Posto Fiscal, Agncia da

    Secretaria da Receita Federal, etc.

    b) rgos Compostos: representam vrios centros

    de competncia (outros rgos menores na estrutura).

    A atividade desconcentrada, do rgo central para os

    demais rgos subalternos. Exemplos: Delegacia da

    Receita Federal, Inspetoria Fiscal, etc.

    Quanto Atuao Funcional:

    a) Singular: so os que decidem atravs de um nico

    agente. Exemplos: os Ministrios, as Coordenadorias,

    as Seccionais, etc.

    b) Colegiado: decidem por manifestao conjunta da

    maioria de seus membros. Exemplos: Tribunais,

    Legislativo, Conselho de Contribuintes, etc.

    1.5.3. ADMINISTRAO INDIRETA.

    Entidades dotadas de personalidade jurdica

    prpria, previstas no artigo 4o, inciso II, do Decreto Lei

    200/67. So as:

    a) Autarquias a expresso autarquia surgiu

    do grego autos, que significa prprio e arquia, que

    sinnimo de poder, comando. So pessoas jurdicas

    de direito pblico criadas por lei para a execuo de

    servios pblicos, contando com capital exclusivamente

    pblico, ou seja, as autarquias so regidas

    integralmente por regras de direito pblico, podendo,

    to-somente, serem prestadoras de servios pblicos

    (ex.: IBAMA, CADE, INSS etc.).

    O IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio

    Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis) uma

    autarquia federal vinculada ao Ministrio do Meio

    Ambiente (MMA). uma entidade responsvel pela

    execuo da Poltica Nacional do Meio Ambiente

    (PNMA) e desenvolve diversas atividades para a

    preservao e conservao do patrimnio natural,

    exercendo o controle e a fiscalizao sobre o uso dos

    recursos naturais (gua, flora, fauna, solo, etc).

    Tambm cabe a ele realizar estudos ambientais e

    conceder licenas ambientais para empreendimentos de

    impacto nacional.

    O CADE (Conselho Administrativo de Defesa

    Econmica) uma autarquia federal brasileira que tem

    como objetivo orientar, fiscalizar, prevenir e apurar

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    abusos do poder econmico. Tem o papel de julgar

    sobre matria concorrencial os processos encaminhados

    pela Secretaria de Direito Econmico do Ministrio da

    Justia e a Secretaria de Acompanhamento Econmico

    do Ministrio da Fazenda, desempenhando os papis

    preventivo, repressivo e educativo, dentro do mercado

    brasileiro.

    O Banco Central uma autarquia de regime

    especial. Por fora do art. 21 da CF/88, a competncia

    para emisso de moedas da Unio por meio do Banco

    Central. Tambm o Banco Central tem por finalidade

    fiscalizar as atividades desenvolvidas pelas instituies

    financeiras.

    Observaes:

    Tm autonomia, no sendo subordinadas

    quele que as criou, so apenas vigiadas

    (superviso ministerial), podendo escolher

    como administrar seu patrimnio e receitas;

    Criadas e extintas por lei especfica (art. 37,

    XIX da CF/88);

    So dotadas das mesmas prerrogativas da

    Administrao Direta. Na rea tributria (art.

    150, 2., da CF/88). Na rea processual, art.

    188 do CPC;

    Seus bens so imprescritveis (inusucapveis),

    impenhorveis e inalienveis;

    A prescrio contra elas de cinco anos;

    O regime de pessoal o mesmo que se aplica

    aos servidores da Administrao direta (Lei

    8.112/90);

    Temos tambm, as Autarquias sob o regime

    especial: as Agncias Reguladoras (ANATEL,

    ANEEL, ANTT etc.) e as Agncias Executivas

    (ABIN e INMETRO). As primeiras (Agncias

    Reguladoras) so autarquias que foram criadas

    para regular as atividades desempenhadas

    pelos particulares e certos setores do mercado,

    fiscalizando e controlando tais atividades. J as

    Agncias Executivas, so ttulos de qualidade

    conferidos s autarquias ou fundaes que

    celebrem contrato de gesto com o rgo da

    Administrao Pblica Direta a que se acham

    vinculadas, para a melhoria da eficincia e

    reduo de custos.

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    b) Fundaes Pblicas so pessoas

    jurdicas (regidas por regras de Direito Pblico ou de

    Direito Privado) sem fins lucrativos, criadas ou

    autorizadas por lei para um fim especfico de interesse

    pblico, como educao, cultura e pesquisa. As

    fundaes pblicas possuem autonomia administrativa,

    patrimnio prprio, e funcionamento custeado. As

    fundaes podero ser tanto de direito pblico quanto

    de direito privado.

    Essa definio serve para qualquer fundao,

    inclusive quelas que no integram a Administrao

    indireta. No caso das fundaes que integram a

    Administrao indireta, quando forem dotadas de

    personalidade de direito pblico (criadas por lei), sero

    regidas integralmente por regras de Direito Pblico.

    Quando forem dotadas de personalidade de direito

    privado (autorizadas por lei), sero regidas por regras

    de direito pblico e direito privado.

    Tanto uma quanto outra so compostas por

    patrimnio personalizado. No caso da fundao pblica,

    destacado pela Administrao direta, que o

    instituidor para definir a finalidade pblica. Como

    exemplo de fundaes, temos: FUNASA (Fundao

    Nacional de Sade); IBGE (Instituto Brasileiro

    Geogrfico Estatstico); Universidade de Braslia; FUNAI

    (Fundao Nacional do ndio);

    c) Empresas Pblicas Pessoas Jurdicas de direito

    privado, com capital inteiramente pblico, sendo a

    criao autorizada por lei para explorao de

    atividades econmicas ou para a prestao de servios

    pblicos. Como exemplo de fundaes, temos: CEF

    (Caixa Econmica Federal); ECT (Empresa Brasileira de

    Correios e Telgrafos) etc.

    Observaes:

    Podem adotar qualquer modelo societrio

    admitido em direito;

    So sempre de direito privado;

    100% do capital pertencem Administrao

    Pblica;

    Autorizadas por lei;

    Seu pessoal composto por empregados

    pblicos ou agentes temporrios, sendo

    regidos pela CLT;

    Esto obrigadas a realizar licitao para suas

    atividades meio, e dispensadas para as

    atividades fins;

    De acordo com o art. 109, I, da CF, as aes

    nas quais sejam partes, sero processadas e

    julgadas na Justia Federal, ressalvado, a

    competncia da Justia do Trabalho.

    d) Sociedades de Economia Mista Pessoas

    Jurdicas de direito privado, sendo a criao

    autorizada por lei para explorao de atividades

    econmicas ou para a prestao de servios pblicos,

    com a maioria do capital votante pertencente

    Administrao Pblica, sob a forma de sociedade

    annima.

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    Observaes:

    Seu pessoal composto por empregados

    pblicos ou agentes temporrios, sendo

    regidos pela CLT;

    Autorizadas por lei;

    So sempre de direito privado;

    Necessariamente constitudas sob a forma de

    S.A. (incisos I e II do art. 5 do Decreto-Lei

    200/67);

    Esto obrigadas a realizar licitao para suas

    atividades meio, e dispensadas para as

    atividades fins;

    As aes nas quais sejam partes, sero

    processadas e julgadas na Justia Estadual,

    ressalvado, a competncia da Justia do

    Trabalho.

    1.6. ENTIDADES PARAESTATAIS.

    1.6.1 CONCEITO.

    So pessoas jurdicas de direito privado que

    colaboram com o Estado, desempenhando atividades

    de interesse pblico e no lucrativas e qual o Poder

    Pblico dispensa especial proteo, cumprindo ser

    destacado, que no integram a estrutura da

    Administrao Pblica.

    1.6.2. COMPOSIO.

    Servios sociais autnomos;

    Organizaes sociais;

    Organizaes da sociedade civil de

    interesse pblico;

    Entidades de apoio (fundaes,

    associaes, cooperativas).

    1.6.3. CONTRATO DE GESTO ENTRE O PODER

    PBLICO E AS ORGANIZAES SOCIAIS.

    Existe a possibilidade de celebrao de um

    contrato de gesto do Poder Pblico com entidades

    privadas sem fins lucrativos que exercem atividade de

    interesse pblico. Contrato de gesto, neste caso, seria

    um ajuste entre o Estado e a entidade qualificada como

    organizao social, com o intuito de formar uma

    parceria entre as partes para fomento e execuo de

    atividades de ensino, pesquisa cientfica,

    desenvolvimento tecnolgico, cultura, sade e

    preservao do meio ambiente, conforme se apreende

    da Lei n 9.637/98 (art. 1 e art. 5).

    Nesta hiptese de contrato, tambm sero

    fixadas metas a serem alcanadas pela organizao

    social que receber, em contrapartida, uma srie de

    benefcios do Estado como verbas oramentrias e

    servidores pblicos trabalhando em suas atividades,

    mas sendo pagos pelos cofres pblicos.

    Observe-se que o contrato de gesto, quando

    celebrado com entidades da Administrao Indireta,

    tem por objetivo ampliar a sua autonomia; porm,

    quando celebrado com organizaes sociais, restringe a

    sua autonomia, pois, embora entidades privadas, tero

    que sujeitar-se a exigncias contidas no contrato de

    gesto.

    2. PODERES DA ADMINISTRAO.

    2.1. CARACTERSTICAS.

    Os poderes da Administrao constituem meios

    conferidos Administrao pelo sistema jurdico,

    para que possa alcanar sua finalidade nica, ou

    seja, o interesse pblico. Os poderes da

    Administrao so prerrogativas decorrentes do

    Princpio da Supremacia do interesse pblico sobre o

    interesse particular.

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    Na utilizao desses poderes, se o agente

    pblico exceder os limites de suas atribuies ou se

    desviar das finalidades administrativas, incorrer em

    abuso de poder e ser responsabilizado. O abuso de

    poder divide-se em duas espcies: excesso de poder e

    desvio de finalidade.

    2.2. PODERES DA ADMINISTRAO EM ESPCIE.

    2.2.1. PODER HIERRQUICO.

    O poder hierrquico tem como escopo a

    organizao da Administrao Pbica. Tal poder

    assume importante papel na Administrao, sob dois

    enfoques, conforme se v a seguir:

    A) Aspecto Interno: o agente pblico deve

    cumprir e fazer cumprir as atribuies legais do

    cargo com eficincia.

    B) Aspecto Externo: o ato administrativo

    elaborado pelo agente deve ser avaliado.

    2.2.2. PODER REGULAMENTAR.

    O poder regulamentar atribudo

    privativamente aos Chefes do Poder Executivo para

    editar decretos de execuo ao fiel cumprimento lei

    (inc. IV art. 84 Constituio Federal).

    Em regra, no tem cabimento, assim, a

    existncia de decreto autnomo para disciplinar matria

    no prevista em lei, em conformidade com o

    entendimento majoritrio. Excepcionalmente, pode

    haver decreto autnomo dispondo sobre organizao e

    funcionamento da administrao federal, quando no

    implicar aumento de despesa nem criao ou extino

    de rgos pblicos, bem como sobre extino de

    funes ou cargos pblicos, quando vagos (inc. VI art.

    84 Constituio Federal).

    Os decretos autnomos diferem-se dos

    decretos de execuo, pois estes visam garantir a

    fiel execuo de lei ou de ato normativo j editados.

    Regulamento o ato administrativo geral e

    normativo expedido privativamente pelo Chefe do

    Executivo (federal, estadual ou municipal), por meio

    de decreto, com o fim de explicar o modo e forma

    de execuo da lei (regulamento de execuo) ou

    prover situaes no disciplinadas em lei

    (regulamento autnomo ou independente).

    2.2.3. PODER DISCIPLINAR.

    O exerccio do poder disciplinar permite que a

    Administrao Pblica aplique penalidade aos seus

    agentes pela prtica de infraes funcionais,

    decorrentes inclusive da responsabilidade por atos de

    improbidade (Lei n 8.429, de 1992) e por danos

    causados a terceiros ( 6 art. 37 da CF). A apurao

    de infrao funcional ato vinculado, sob pena de ficar

    caracterizada a condescendncia criminosa (art. 320

    Cdigo Penal).

    A aplicao da penalidade ato discricionrio

    que deve ser motivado pelas razes de fato e de

    direito, bem como consubstanciado em vrias

    circunstncias, tais como: natureza e gravidade da

    infrao, causas atenuantes e agravantes, antecedentes

    e danos causados (Lei n 8.112, de 1990 e Lei n

    9.784, de 1999).

    O poder disciplinar est limitado pelas clusulas

    ptreas do devido processo legal, do contraditrio, da

    ampla defesa (inc. LIV e inc. LV art. 5 CF).

    2.2.4. PODER VINCULADO.

    Poder vinculado aquele em que o

    administrador se encontra inteiramente preso ao

    enunciado da lei que estabelece previamente um nico

    comportamento possvel a ser adotado em situaes

    concretas, no existindo um espao para juzo de

    convenincia e oportunidade.

    H ausncia de juzo de valores, pois a lei

    estabelece um nico comportamento. Ex:

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    Aposentadoria por atingimento do limite mximo de

    idade. Quando o servidor completar 70 anos, o

    administrador tem que aposent-lo, pois a lei prev

    esse nico comportamento.

    2.2.5. PODER DISCRICIONRIO.

    Poder discricionrio aquele em que o

    administrador se encontra preso (no inteiramente) ao

    enunciado da lei que no estabelece previamente um

    nico comportamento possvel a ser adotado em

    situaes concretas, existindo um espao para juzo de

    convenincia e oportunidade.

    H, portanto, um juzo de valores. Ex: Pedido

    de porte de arma junto Administrao. O

    administrador poder conceder ou no dependendo da

    situao em concreto.

    A diferena entre o poder vinculado e o poder

    discricionrio reside no grau de liberdade legalmente

    conferido ao administrador.

    Tanto o ato vinculado quanto o ato

    discricionrio s podero ser apreciados pelo

    Judicirio no tocante sua legalidade.

    2.2.6. PODER DE POLCIA.

    o poder conferido Administrao Pblica

    para condicionar, restringir, frear o exerccio de direitos

    e atividades dos particulares em nome dos interesses

    da coletividade, sendo que, tal poder informa e

    possibilita a atuao eficaz da Administrao Pblica na

    busca do interesse pblico, aplicvel, desta forma, por

    meio de atos gerais ou individuais, puramente

    normativos ou ainda de efeitos concretos.

    Ato geral aquele ato que no tem

    um destinatrio especfico,

    normalmente de cunho normativo, a

    exemplo do ato que probe a venda de

    bebidas alcolicas a menores, aplicvel

    a todos os estabelecimentos

    comerciais.

    Ato individual aquele que tem um

    destinatrio especfico, por exemplo, a

    autuao de determinado

    estabelecimento comercial por qualquer

    motivo, por razes de segurana.

    Faz-se necessria a diferenciao entre polcia

    administrativa, polcia judiciria e polcia de

    manuteno da ordem pblica:

    Polcia administrativa: incide sobre

    bens, direitos, interesses e atividades

    da populao, difunde-se por toda a

    Administrao e visa garantir todos os

    interesses explicitados em sua definio

    legal, constante do Cdigo Tributrio

    Nacional.

    Polcia judiciria: efetua a apurao

    de infraes penais e sua autoria; sua

    competncia de rgos determinados,

    a exemplo das polcias civis e da polcia

    federal, e considerada como rgo

    auxiliar do Poder Judicirio.

    Polcia de manuteno da ordem

    pblica (polcia ostensiva): tem

    carter eminentemente preventivo e

    ostensivo, alm de ser da competncia

    de rgos militares (em regra).

    2.3. ABUSO DE PODER.

    O uso (normal) de poder a utilizao

    adequada lei, pelos agentes pblicos, das

    prerrogativas (vantagens ou privilgios em razo da

    funo) que lhe so dadas pelo ordenamento jurdico.

    J o abuso de poder surge quando essas prerrogativas

    so empregadas em desacordo com a lei, fora dos

    limites de competncia do agente ou com desvio da

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    finalidade a ser atingida, de interesse pblico. A cada

    uma dessas duas hipteses corresponde um tipo de

    abuso de poder:

    a) Excesso de Poder Ocorre quando o agente,

    embora competente para praticar o ato, vai

    alm do permitido e exorbita no uso de suas

    faculdades administrativas. Excede, portanto, a

    sua competncia legal e, com isso, invalida o

    ato.

    b) Desvio de Poder (ou desvio de finalidade)

    Surge nas situaes em que o agente pratica o

    ato visando a um fim diferente daquele previsto

    na lei. O exemplo clssico de abuso de poder

    a desapropriao que, apesar de feita em nome

    do interesse pblico, na verdade, tem sido

    imposta para prejudicar um inimigo ou mesmo

    para beneficiar a prpria autoridade

    expropriante.

    3. AGENTES PBLICOS.

    Tal expresso abrange todas as pessoas que se

    encontram dentro da Administrao, podendo citar,

    como exemplo, desde os parlamentares e

    magistrados, verdadeiros agentes polticos; os

    servidores da Administrao, assim considerados os

    agentes administrativos; at os jurados, mesrios na

    eleio, denominados agentes honorficos, entre

    outros.

    a) Os agentes polticos: so os

    componentes do Governo em seus primeiros

    escales, desempenhando funes estabelecidas na

    Constituio e em Leis Especiais.

    So agentes polticos os Chefes do Executivo e

    seus auxiliares imediatos, os membros do

    Legislativo, do Judicirio, do Ministrio Pblico, do

    Tribunal de Contas, os Representantes Diplomticos

    e as demais autoridades que atuem com

    independncia funcional no desempenho de suas

    atribuies.

    b) Os agentes administrativos: so

    aqueles que se vinculam ao Poder Pblico por

    relaes profissionais, sujeitos hierarquia funcional

    e ao regime jurdico nico (Lei 8112/90) ou CLT. Tal

    categoria de agentes pblicos composta por trs

    espcies de agentes:

    Servidor pblico: o agente que titulariza

    um cargo, sob regime estatutrio;

    Empregado pblico: o agente que titulariza

    um emprego pblico, sob regime celetista;

    Servidor temporrio: aquele contratado

    diante de uma situao de excepcional

    interesse pblico (artigo 37, inciso IX, da

    Constituio Federal).

    Seguindo tal classificao, faz-se necessrio

    definir as expresses: cargo, emprego e funo:

    Cargo: a mais simples unidade de poderes e

    deveres estatais a serem expressos por um

    agente com vnculo estatutrio;

    Emprego pblico: o ncleo de encargo de

    trabalho permanente a ser preenchido por

    agente contratado para desempenh-lo sob o

    regime celetista;

    Funo Pblica: O conceito de funo pblica

    obtido de maneira residual. Trata-se do

    conjunto de atribuies estatais s quais no

    corresponde um cargo nem um emprego.

    c) Os agentes honorficos: so cidados

    convocados, designados ou nomeados, para prestar,

    transitoriamente, servios ao Estado, sem vnculo

    empregatcio ou estatutrio e geralmente sem

    remunerao. Exemplos: mesrios, jurados, comissrios

    de menores. Durante o desempenho da funo

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    pblica, sujeitam-se disciplina e hierarquia, podendo

    receber pro labore e contar o perodo de trabalho

    como servio pblico.

    d) Os agentes delegados: so particulares

    que recebem a incumbncia da realizao de

    determinada atividade, obra ou servio pblico e o

    realizam em nome prprio, por sua conta e risco,

    mas segundo as normas do Estado e sob a

    permanente fiscalizao do delegante. So os casos

    de concesso e permisso, por exemplo.

    Respondem objetivamente pelo dano causado e so

    considerados autoridades para fins de mandado de

    segurana.

    e) Os agentes credenciados: so os que

    recebem a incumbncia da Administrao para

    represent-la em determinado ato ou praticar certa

    atividade especfica, mediante remunerao do

    Poder Pblico credenciante.

    f) Gestor de negcios: Agem nessa qualidade

    os particulares que assumem uma funo pblica

    em razo de uma situao excepcional.

    g) Servidor Militar: todo agente pblico

    que est sujeito a um regime militar.

    3.1. PROVIMENTO DE CARGOS.

    Provimento, o ato pelo qual se efetua o

    preenchimento do cargo pblico, com a designao de

    seu titular. Pode ser:

    Provimento originrio ou inicial: quando o

    agente no possui vinculao anterior com o Cargo

    Pblico. D-se pela nomeao (art. 9 da Lei

    81122/90).

    Fases:

    Concurso.

    Provimento do cargo pela nomeao.

    Posse: ato que confere as prerrogativas

    do cargo.

    Exerccio: incio efetivo das atribuies.

    Provimento derivado: pressupe a existncia

    de um vnculo com a Administrao. Subdivide-se em:

    - Provimento derivado horizontal:

    ocorre de um cargo para outro sem

    ascenso na carreira. Trata-se da

    readaptao. Ocorre quando o

    servidor, estvel ou no, havendo

    sofrido uma limitao fsica ou mental

    em suas habilidades, torna-se inapto

    ao exerccio do cargo que ocupa,

    mas, por no ser caso de invalidez

    permanente, pode ainda exercer

    outro cargo para o qual a limitao

    sofrida no o inabilita (art. 24 da Lei

    81122/90);

    - Provimento derivado vertical: o

    provimento se d com ascenso na

    carreira. Trata-se da promoo,

    quando o servidor assume outro

    cargo, dentro da mesma carreira, com

    aumento de vencimentos em razo do

    maior grau de complexibilidade das

    novas funes. Como exemplo,

    podemos citar o professor, que passa

    de assistente para mestre, doutor,

    titular e livre docente (art. 33, III da

    Lei 81122/90);

    - Provimento derivado por

    reingresso: nosso ordenamento

    jurdico contempla quatro formas de

    provimento derivado por reingresso,

    sendo elas: reverso, reintegrao,

    reconduo e aproveitamento:

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    - Reverso: Trata-sedo retorno ao

    servio do servidor aposentado, sendo

    que s poder ser realizada em duas

    hipteses (art. 25 da Lei 8112/90):

    a) quando o servidor havia se

    aposentado por invalidez, e junta

    mdica oficial declarar insubsistentes

    os motivos da aposentadoria;

    b) no interesse da administrao,

    desde que o servidor, estvel quando

    na atividade, tenha solicitado a

    reverso da aposentadoria voluntria

    nos cinco anos posteriores a

    aposentao e haja cargo vago;

    - Reintegrao: o retorno ao

    servio do servidor afastado por

    deciso considerada ilegal. A

    determinao para que reassuma o

    cargo pode efetivar-se por deciso

    judicial ou administrativa, em sede

    recursal, acarretando ao servidor

    direito integral indenizao por

    todos os prejuzos sofridos pela

    deciso ilegal (art. 28 da Lei 8.112/90

    e 2 do art. 41 da CF/88);

    - Reconduo: o direito do servidor

    estvel de retorno ao seu cargo de

    origem, no primeiro caso, em virtude

    da reintegrao ao servio do antigo

    ocupante do cargo e, no segundo por

    haver sido reprovado em estgio

    probatrio de outro cargo para qual

    pedira vacncia (art. 29 da Lei

    81122/90);

    - Aproveitamento: consiste na

    designao do servidor colocado em

    disponibilidade, por ter sido seu cargo

    extinto, para outro posto, se possvel

    idntico, ou em outro com

    vencimentos e atribuies

    semelhantes (arts. 30 e 31 da Lei

    81122/90 e 3 do art. 41 da CF/88).

    3.2. REGIME JURDICO DO SERVIDOR

    PBLICO.

    O caput do art. 39 da Carta Federal,

    originariamente estabelecia a abrigatoriedade de

    adoo, por parte de cada ente da Federao, de

    um s regime jurdico aplicvel a todos os servidores

    integrantes de suas Administraes Direta,

    autrquica e fundacional (e tambm tornava

    obrigatria a instituio de planos de carreira para

    esses servidores).

    Ocorre que, a EC n 19/1998 alterou o caput do

    art. 39 da Carta Magna com o fito de eliminar a

    obrigatoriedade de adoo, pelas pessoas polticas,

    de um regime jurdico unificado para seus agentes

    atuantes na Administrao Direta, autarquias e

    fundaes pblicas (eliminou, tambm a referncia

    expressa obrigatoriedade de instituio de planos

    de carreira). Simplesmente, passou a ser possvel a

    existncia de agentes pblicos sujeitos a mais de um

    regime jurdico na Administrao Direta, autarquias

    e nas fundaes pblicas de cada ente da

    Federao.

    Vale ressaltar, que a modificao do caput do

    art. 39 da CF/88, teve sua eficcia suspensa, pelo

    STF, a partir de agosto de 2007, sob o fundamento

    de inconstitucionalidade formal (na tramitao da

    emenda, a Cmara dos Deputados no observou o

    processo legislativo estabelecido no art. 60,

    pargrafo 2 da CF/88, especificamente quanto ao

    caput do art. 39, que no foi submetido a dois

    turnos). O regime jurdico dos servidores pblicos

    civis disciplinado pela Lei n. 8.112/90. A seguir,

    analisaremos alguns pontos relevantes.

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    3.2.1. VANTAGENS (ESPCIES).

    3.2.1.1. SISTEMA REMUNERATRIO.

    Os servidores que recebem subsdios so os

    que constam do art. 39, 4., da Constituio Federal,

    quais sejam:

    Membros de poder;

    Detentores de mandado eletivo;

    Ministros de Estado;

    Secretrios estaduais;

    Secretrios municipais.

    Os demais so remunerados por vencimento.

    A Lei n. 8.112/90 define, nos artigos 40 e 41,

    vencimento e remunerao. Essa definio envolve o

    vencimento mais as vantagens pecunirias conferidas

    ao servidor por fora de lei. O vencimento a

    retribuio pecuniria pelo exerccio do cargo, em valor

    fixado em lei.

    Vantagens so acrscimos financeiros ao

    vencimento do servidor, estabelecidos por lei a ttulo

    precrio ou permanente.

    O art. 48 probe a incidncia de arresto,

    seqestro ou penhora, exceto nos casos de prestao

    de alimentos resultante de deciso judicial sobre o

    vencimento, a remunerao e o provento (remunerao

    dos aposentados).

    3.2.1.2. INDENIZAES.

    Trata-se de ressarcimento de despesas, no

    representando acrscimo porque o servidor recebe o

    que gastou.

    Espcies:

    1) Ajuda de custo (art. 53): a indenizao

    que o servidor recebe como compensao

    pelos gastos que efetuou para exercer

    atividade em outro local, no interesse da

    Administrao, sendo que, se o servidor

    pedir para mudar de sede, arcar com os

    custos;

    2) Diria (art. 58): cabe quando o servidor

    se desloca temporariamente para exercer

    suas atividades, mas mantm a sua sede;

    3) Transporte (art. 60): compensao da

    despesa com transporte prprio para o

    exerccio de atividades externas;

    4) Auxlio moradia (art. 60-A): O auxlio-

    moradia consiste no ressarcimento das

    despesas comprovadamente realizadas pelo

    servidor com aluguel de moradia ou com

    meio de hospedagem administrado por

    empresa hoteleira, no prazo de um ms

    aps a comprovao da despesa pelo

    servidor.

    3.2.1.3. GRATIFICAES.

    Vantagens de natureza financeira,

    compreensivas de trs espcies de acrscimos:

    1) Pelo exerccio de funo de direo,

    chefia, assessoramento, cargo de

    provimento em comisso ou de

    natureza especial (art. 62);

    2) A gratificao natalina,

    correspondente a 1/12 (um doze

    avos) da remunerao a que o

    servidor fizer jus no ms de

    dezembro, por ms de exerccio no

    respectivo ano (art. 63);

    3) Por encargo de curso ou concurso (art.

    76-A).

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    3.2.1.4. ADICIONAIS.

    So de muitos variados tipos, sendo eles:

    1) Pelo exerccio de atividades

    insalubres, penosas ou perigosas (art.

    68);

    2) Por servio extraordinrio, episdico e

    limitados a duas horas alm da

    jornada normal (art. 73);

    3) Por trabalho noturno realizado entre

    as 22h e 5h (art. 75);

    4) De frias, devido por ocasio de frias

    remuneradas pelo servidor (art. 76).

    3.2.1.5. LICENAS.

    Vantagem de natureza no-pecuniria prevista em

    lei, pela qual a Administrao autoriza o

    afastamento do servidor das suas atividades, sem

    qualquer tipo de penalizao.

    1) Para tratar de doena em pessoa da

    famlia:

    O fato gerador vem previsto no art. 83, em que

    o servidor deve demonstrar que seu auxlio

    imprescindvel e que no consegue acumul-lo com o

    exerccio de suas atividades.

    2) Por motivo de afastamento do

    cnjuge:

    Previsto no art. 84, quando o servidor precisar

    acompanhar o cnjuge deslocado para outro ponto

    do territrio nacional ou exterior, ou para o exerccio

    de mandato eletivo dos Poderes Legislativo e

    Executivo.

    3) Para o servio militar:

    Ao servidor convocado para o servio militar

    ser concedida licena, sendo que, concludo tal

    servio, o servidor ter at 30 (trinta) dias sem

    remunerao para reassumir o exerccio do cargo (art.

    85 da Lei), valendo ser destacado, que tal licena por

    prazo indeterminado.

    4) Para exercer atividades polticas:

    O servidor ter direito licena, sem

    remunerao, durante o perodo que mediar entre a

    sua escolha em conveno partidria, como candidato a

    cargo eletivo, e a vspera do registro de sua

    candidatura perante a Justia Eleitoral (art. 86).

    5) Para capacitao:

    Aps cada qinqnio de efetivo exerccio, o

    servidor poder, no interesse da Administrao, afastar-

    se do exerccio do cargo efetivo, com a respectiva

    remunerao, por at trs meses, para participar de

    curso de capacitao profissional (art. 87).

    6) Licena para tratar de assuntos

    particulares:

    O servidor no pode estar em estgio

    probatrio. Possui prazo mximo de 3 anos e a

    remunerao fica prejudicada (art. 91).

    7) Licena para o exerccio de mandato

    classista:

    Haver prejuzo da remunerao e durar o

    tempo do mandato, podendo ser prorrogada, no caso

    de reeleio, por uma nica vez (art. 92).

    3.2.1.6. AFASTAMENTOS E CONCESSES.

    Os afastamentos, tambm so direitos de

    ausncia do servio, cabveis por determinadas razes:

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    1) Para servir outro rgo ou entidade,

    por tempo indeterminado (art. 93, c/c art. 102,

    II e III);

    2) Para exerccio de mandato eletivo,

    durante o prazo de sua durao (art. 94 c/c 102,

    V);

    3) Para estudo ou misso no Exterior,

    quando autorizado, pelo prazo mximo de quatro

    anos (art. 95 e 1, c/c art. 102, VII);

    4) Para participar de programa de

    treinamento regularmente institudo (art. 102,

    IV);

    5) Para jri ou outro servios obrigatrios

    por lei (art. 102, VI);

    6) Por deslocamento para uma nova sede,

    remoo, redistribuio, requisio ou cesso,

    por um perodo de 30 dias (art. 18, c/c art. 102,

    IX);

    7) Para participar de competio

    desportiva nacional ou para integrar

    representao desportiva nacional, segundo o

    estabelecido em legislao especfica (art. 102,

    X);

    8) Para servir em organismo

    internacional do qual o Brasil participe

    ou coopere (art. 102, XI);

    9) Para participao em programa de

    ps-graduao stricto sensu no Pas

    (Art. 96-A).

    Existem mais 4 afastamentos que a lei

    denominou concesses, sendo eles:

    1) Para doar sangue, por 1 dia (art. 97, I);

    2) Para alistar-se como eleitor, por 2 dias

    (art. 97, II);

    3) Por motivo de casamento gala, por 8

    dias (art. 97, III, a);

    4) Por falecimento de cnjuge,

    companheiro, pais, padrasto, madrasta, filhos,

    enteados, menor sob guarda ou tutela e irmos,

    tambm por 8 dias (art. 97, III, b).

    Vale ressaltar, que h dois casos de

    afastamento que no considerados direitos ou

    vantagens, pois so compulsrios e no visam proteger

    um interesse ou desejo do servidor, sendo eles:

    1) Afastamento preventivo: ocorre sem

    prejuzo da remunerao, consistente em providncia

    cautelar, determinvel por autoridade instrutora de

    processo disciplinar, por um prazo de at 60 dias,

    prorrogvel por igual perodo, afim de que o servidor

    no venha a influir na apurao da irregularidade (art.

    147);

    2) Afastamento do servidor candidato a

    cargo eletivo na localidade onde desempenhe

    suas funes, caso exera cargo de direo,

    chefia, assessoramento, ou fiscalizao (art. 86,

    1).

    3.2.1.7. FRIAS.

    O servidor far jus a trinta dias de frias, que

    podem ser acumuladas, at o mximo de dois perodos,

    no caso de necessidade do servio, ressalvadas as

    hipteses em que haja legislao especfica. (art. 77 da

    Lei 8112/90). Para o primeiro perodo aquisitivo de

    frias sero exigidos 12 (doze) meses de exerccio (

    1).

    vedado levar conta de frias qualquer falta

    ao servio ( 2). As frias podero ser parceladas em

    at trs etapas, desde que assim requeridas pelo

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    servidor, e no interesse da administrao pblica (

    3).

    O servidor que opera direta e

    permanentemente com Raios X ou substncias

    radioativas gozar 20 (vinte) dias consecutivos de

    frias, por semestre de atividade profissional, proibida

    em qualquer hiptese a acumulao (art. 79 da Lei

    8112/90).

    As frias somente podero ser interrompidas

    por motivo de calamidade pblica, comoo interna,

    convocao para jri, servio militar ou eleitoral, ou por

    necessidade do servio declarada pela autoridade

    mxima do rgo ou entidade (art. 80 da Lei 8112/90).

    3.2.2. VACNCIA DOS CARGOS PBLICOS.

    O art. 33 da Lei n. 8.112/90 dispe sobre as

    hipteses de vacncia do cargo pblico, que pode

    ocorrer pela sada do servidor da Administrao:

    Demisso (sano);

    Exonerao.

    O cargo pode vagar tambm pela sada do

    servidor de um cargo para outro:

    Promoo: provimento derivado vertical;

    Readaptao (art. 24): provimento

    derivado horizontal;

    Aposentadoria;

    Posse em outro cargo inacumulvel;

    Falecimento.

    3.2.3. LOTAO DOS CARGOS E

    REDISTRIBUIO.

    Todos os cargos existentes encontram-se

    lotados em algum quadro. Quadro o conjunto de

    cargos isolados e de carreira. O nmero total dos

    cargos de cada quadro o que se denomina lotao.

    A modificao da lotao de um quadro, pela passagem

    de cargo nele incluso para outro quadro, se designa,

    conforme a Lei 8112, redistribuio (art. 37).

    3.2.4. REMOO.

    Remoo (art. 36 da Lei 8112 de 1990) o

    deslocamento do servidor, a pedido ou de ofcio, no

    mbito do mesmo quadro, com ou sem mudana de

    sede.

    Entende-se por modalidades de remoo:

    a) De ofcio, no interesse da Administrao;

    b) A pedido, a critrio da Administrao;

    c) A pedido, para outra localidade,

    independentemente do interesse da

    Administrao, sendo que tal hiptese, s

    permitida em alguns casos, como por exemplo:

    Para acompanhar cnjuge ou

    companheiro, tambm servidor pblico

    civil ou militar, de qualquer dos

    Poderes da Unio, dos Estados, do

    Distrito Federal e dos Municpios, que

    foi deslocado no interesse da

    Administrao (art. 36, III, a);

    3.2.5. RESPONSABILIDADE DOS AGENTES

    PBLICOS.

    O servidor responde civil, penal e

    administrativamente pelo exerccio irregular de suas

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    atribuies. Tomando como base a Lei 8112/90,

    podemos estabelecer as seguintes regras:

    A responsabilidade penal abrange os crimes e

    contravenes imputadas ao servidor, nesta

    qualidade;

    A responsabilidade civil-administrativa resulta

    de ato omissivo ou comissivo praticado no

    desempenho de cargo ou funo;

    As sanes civis, penais e administrativas

    podero cumular-se, sendo independentes

    entre si;

    A responsabilidade administrativa do servidor

    ser afastada no caso de absolvio criminal

    que negue existncia do fato ou sua autoria.

    3.2.6. PENALIDADES.

    As penas esto previstas no art. 127 da Lei. A

    relao exaustiva, somente podendo ser ampliado

    por outra lei, nunca pelo administrador:

    Advertncia;

    Suspenso;

    Demisso;

    Cassao de aposentadoria ou

    disponibilidade;

    Destituio de cargos em comisso;

    Destituio de funo comissionada.

    A aplicao da pena deve vir acompanhada

    das razes que a originaram. Trata-se da motivao

    que consiste em mencionar o dispositivo legal e

    relacionar os fatos que concretamente levaram

    aplicao daquele dispositivo de lei.

    A pena deve ser proporcional infrao. O

    art. 128 do Estatuto do Servidor traz os elementos

    que o administrador deve levar em considerao

    quando da aplicao da pena:

    Natureza da infrao cometida;

    Sua gravidade;

    Prejuzos que gerou;

    Atenuantes e agravantes do caso

    concreto;

    Antecedentes funcionais.

    3.2.7. MEIOS DE APURAO DAS INFRAES.

    3.2.7.1. PRINCPIOS.

    Nenhuma pena poder ser aplicada seno por

    sindicncia ou processo administrativo disciplinar,

    assegurando-se o contraditrio e a ampla defesa.

    O art. 5., inc. LV, da Constituio Federal

    garante o contraditrio e a ampla defesa em

    processo judicial ou administrativo, no

    mencionando a sindicncia, mas a esta se estende

    porque dela pode resultar a aplicao de uma pena.

    No bastasse esse fundamento, a Lei n.

    8.112/90, em seu art. 143, assegura ao acusado a

    ampla defesa.

    3.2.7.2. FORMAS DE APURAO DAS

    PRTICAS INFRACIONAIS.

    a) Sindicncia:

    Meio sumrio de apurao de infraes que

    possam ser apenadas somente com advertncia ou

    suspenso por at 30 dias (art. 145, inc. II).

    Da sindicncia podem resultar trs situaes:

    Arquivamento do processo por no ter sido

    apurada nenhuma irregularidade ao

    trmino da sindicncia;

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    Aplicao da advertncia ou suspenso de

    at 30 dias;

    Instaurao de processo administrativo

    disciplinar, caso seja apurado mais do que

    se imaginava.

    O prazo de durao de uma sindicncia de

    30 dias, prorrogvel uma vez por igual perodo.

    b) Processo disciplinar.

    o meio para apurar-se qualquer tipo de

    infrao cometida pelo servidor no exerccio das suas

    atribuies, inclusive as infraes que poderiam ser

    objeto de sindicncia (art. 146).

    O prazo de durao do processo disciplinar de

    60 dias, prorrogvel se necessrio (art. 152).

    As provas do processo de sindicncia podero

    ser aproveitadas no processo disciplinar.

    Pode-se produzir novas provas dentro do

    processo administrativo disciplinar, desde que sejam

    pertinentes.

    Fases do processo disciplinar:

    1. Fase Abertura ou instaurao: d-se

    por portaria que deve conter:

    os fundamentos, as razes que deram

    ensejo sua abertura;

    os servidores estveis que iro compor

    a comisso processante (art. 149).

    2. Fase Inqurito administrativo: a fase de

    instruo.

    Se o processo disciplinar foi antecedido

    de sindicncia podem ser aproveitadas as provas

    j produzidas.

    Sero produzidas novas provas se

    necessrio e ser apresentada defesa.

    3. Fase Julgamento.

    No feito pela comisso julgadora, que

    apenas dirige o processo (art. 167). Proferir a deciso

    final uma das pessoas relacionadas no art. 141,

    dependendo da natureza da infrao cometida. Para a

    aplicao da pena devem ser levadas em conta as

    regras do art. 128.

    O julgamento deve ser fundamentado. A

    motivao envolve a meno do dispositivo legal e os

    fatos que levaram sua aplicao.

    3.2.7.3. PEDIDO DE REVISO.

    A lei permite o pedido de reviso, disciplinado

    nos arts. 174 e ss.

    No h prazo para se ingressar com o pedido,

    podendo ser feito a qualquer tempo.

    Hipteses que viabilizam o pedido de

    reviso:

    Fato novo que influencie sobre a

    deciso anterior (no existente ou no

    conhecido);

    Inadequao da penalidade aplicada.

    Pode-se solicitar a produo de novas

    provas, de forma a demonstrar o equvoco da

    deciso anterior.

    O pedido pode ser proposto pelo servidor ou

    sua famlia.

    P: possvel o agravamento da deciso

    anterior?

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    R: No, pois o art. 182, pargrafo nico,

    probe.

    4. ATOS ADMINISTRATIVOS.

    4.1. FATOS ADMINISTRATIVOS E FATOS DA

    ADMINISTRAO.

    O Direito Civil faz distino entre ato e fato; o

    primeiro imputvel ao homem; o segundo decorre de

    acontecimentos naturais, que dependem do homem ou

    que dele dependem apenas indiretamente.

    Quando o fato corresponde descrio a

    descrio contida na norma legal, ele chamado de

    fato jurdico e produz efeitos no mundo do direito.

    Quando o fato descrito na norma legal produz efeitos

    no mundo do direito administrativo, como ocorre com a

    morte de um servidor, que produz a vacncia de seu

    cargo; com o decurso de tempo que produz a

    prescrio administrativa.

    Se o fato no produz qualquer efeito jurdico no

    Direito Administrativo, ele chamado de fato da

    administrao. (P. ex: Servidor cai da escada no

    Ministrio da Fazenda e rapidamente se levanta, sendo

    uma ocorrncia dentro da Administrao, mas sem

    repercusses jurdicas).

    4.2. ATOS ADMINISTRATIVOS APESCTOS

    GERAIS.

    4.2.1. DEFINIO.

    Ato administrativo espcie de ato jurdico,

    ato infralegal. toda manifestao lcita e unilateral de

    vontade da Administrao ou de quem lhe faa as

    vezes, que agindo nesta qualidade tenha por fim

    imediato adquirir, transferir, modificar ou extinguir

    direitos e obrigaes.

    Os atos administrativos podem ser praticados

    pelo Estado ou por algum que esteja em nome dele.

    Logo, pode-se concluir que os atos administrativos no

    so definidos pela condio da pessoa que os realiza.

    Tais atos so regidos pelo Direito Pblico.

    4.2.2. PERFEIO, VALIDADE E EFICCIA.

    4.2.2.1. ATO ADMINISTRATIVO PERFEITO.

    o ato concludo, acabado, que completou o

    ciclo necessrio sua formao.

    4.2.2.2. ATO ADMINISTRATIVO VLIDO.

    o ato praticado de acordo com as normas

    superiores que devem reg-lo.

    4.2.2.3. ATO ADMINISTRATIVO EFICAZ.

    aquele ato que est apto a produzir os seus

    efeitos. As causas que podem determinar a ineficcia

    do ato administrativo so trs:

    A subordinao do ato a uma condio

    suspensiva, ou seja, o ato estar

    subordinado a um fato futuro e incerto.

    Enquanto o fato no acontecer, o ato ser

    ineficaz;

    A subordinao do ato a um termo inicial,

    ou seja, o ato estar subordinado a um fato

    futuro e certo. Enquanto o fato no

    acontecer, o ato ser ineficaz;

    A subordinao dos efeitos do ato prtica

    de outro ato jurdico.

    4.2.3. REQUISITOS.

    So as condies necessrias para a existncia

    vlida do ato. Nem todos os autores usam a

    denominao requisitos; podem ser chamados

    elementos, pressupostos, etc.

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    Do ponto de vista da doutrina tradicional, os

    requisitos dos atos administrativos so cinco:

    Competncia: agente capaz;

    Objeto lcito, certo, possvel e mora;

    Motivo: este requisito integra os requisitos

    dos atos administrativos tendo em vista a

    defesa de interesses coletivos;

    Finalidade: o ato administrativo somente

    visa a uma finalidade, que a pblica; se o

    ato praticado no tiver essa finalidade,

    ocorrer abuso de poder;

    Forma: somente a prevista em lei.

    4.2.4. ATRIBUTOS DO ATO ADMINISTRATIVO.

    Atributos so prerrogativas que existem por

    conta dos interesses que a Administrao representa,

    so as qualidades que permitem diferenciar os atos

    administrativos dos outros atos jurdicos.

    4.2.4.1. PRESUNO DE LEGITIMIDADE.

    a presuno de que os atos administrativos

    devem ser considerados vlidos at que se demonstre o

    contrrio, a bem da continuidade da prestao dos

    servios pblicos. Isso no quer dizer que no se possa

    contrariar os atos administrativos, o nus da prova

    que passa a ser de quem alega.

    4.2.4.2. IMPERATIVIDADE.

    Poder que os atos administrativos possuem de

    gerar unilateralmente obrigaes aos administrados,

    independente da concordncia destes. a prerrogativa

    que a Administrao possui para impor, exigir

    determinado comportamento de terceiros.

    4.2.4.3. EXIGIBILIDADE OU COERCIBILIDADE.

    o poder que possuem os atos administrativos

    de serem exigidos quanto ao seu cumprimento sob

    ameaa de sano. A imperatividade e a exigibilidade,

    em regra, nascem no mesmo momento.

    Excepcionalmente o legislador poder diferenciar o

    momento temporal do nascimento da imperatividade e o

    da exigibilidade. No entanto, a imperatividade

    pressuposto lgico da exigibilidade, ou seja, no se

    poder exigir obrigao que no tenha sido criada.

    4.2.4.4. AUTO-EXECUTORIEDADE.

    o poder que possuem os atos administrativos

    de serem executados materialmente pela prpria

    administrao independentemente de recurso ao Poder

    Judicirio.

    A auto-executoriedade um atributo de alguns

    atos administrativos, ou seja, no existe em todos os

    atos (p. ex: procedimento tributrio, desapropriao

    etc.). Poder ocorrer em dois casos:

    Quando a lei expressamente prever;

    Quando estiver tacitamente prevista em lei

    (nesse caso dever haver a soma dos

    requisitos de situao de urgncia e

    inexistncia de meio judicial idneo capaz

    de, a tempo, evitar a leso).

    4.2.4.5. TIPICIDADE.

    o atributo pelo qual o ato administrativo deve

    corresponder a figuras definidas previamente pela lei

    como aptas a produzir determinados resultados. Para

    cada finalidade que a Administrao pretende alcanar

    existe um ato definido em lei.

    Trata-se de decorrncia do princpio da

    legalidade, que afasta a possibilidade de a

    Administrao praticar atos inominados; estes so

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    possveis para os particulares, como decorrncia do

    princpio da autonomia da vontade.

    4.2.5. CLASSIFICAO DOS ATOS

    ADMINISTRATIVOS.

    4.2.5.1. QUANTO AOS SEUS DESTINATRIOS.

    Atos gerais ou regulamentadores - So os

    atos administrativos expedidos sem

    destinatrios determinados, com finalidade

    normativa, alcanando todos os sujeitos que se

    encontrem na mesma situao de fato em

    relao aos seus preceitos. So os

    regulamentos, instrues normativas,

    circulares, ordens de servios, etc.

    Atos individuais ou especiais - So, ao

    contrrio, todos aqueles que se dirigem a

    determinados destinatrios (um ou mais

    sujeitos certos), criando-lhes uma situao

    jurdica particular. Ex.: Decretos de

    desapropriao; atos de nomeao; de

    exonerao, etc.

    4.2.5.2. QUANTO AO SEU ALCANCE:

    Internos - So atos administrativos destinados

    a produzir efeitos no mbito das reparties

    pblicas, destinados ao pessoal interno, como

    portarias, instrues ministeriais, etc.,

    destinados aos seus servidores. Podem ser

    mesmo assim, gerais ou especiais, normativos,

    ordenatrios, punitivos, etc., conforme

    exigncia do servio.

    Externos ou de efeitos externos - So

    todos aqueles que alcanam os administrados,

    os contratantes e, em certos casos, at mesmo

    os prprios servidores, provendo sobre seus

    direitos, obrigaes, negcios ou conduta

    perante a Administrao. Tais atos s entram

    em vigor aps sua publicao em rgo oficial

    (dirio oficial) dado seu interesse pblico.

    4.2.5.3. QUANTO AO SEU OBJETO:

    De imprio ou atos de autoridade - So

    todos aqueles atos que a Administrao pratica

    usando de sua supremacia sobre o

    administrado ou sobre o servidor, impondo-lhes

    atendimento obrigatrio. o que ocorre nas

    desapropriaes, nas interdies de atividade e

    nas ordens estatutrias. Podem ser gerais ou

    individuais, internos ou externos, mas sempre

    unilaterais, expressando a vontade onipotente

    do Estado.

    Atos de gesto - So os que a Administrao

    pratica sem usar de sua supremacia sobre os

    destinatrios, tal como ocorre nos atos

    puramente de administrao dos bens e

    servios pblicos e nos atos negociais com os

    particulares, como, por exemplo, as alienaes,

    onerao ou aquisio de bens, etc.,

    antecedidos por autorizaes legislativas,

    licitaes, etc.

    Atos de expediente - So os que se destinam

    a dar andamento aos processos e papis que

    tramitam pelas reparties pblicas,

    preparando-os para a deciso de mrito a ser

    proferida pela autoridade competente. So atos

    de rotina interna, sem carter vinculante e sem

    forma especial, praticados geralmente por

    servidores subalternos.

    4.2.5.4. QUANTO AO SEU REGRAMENTO:

    Vinculados ou regrados - So aqueles para

    os quais a lei estabelece os requisitos e

    condies de sua realizao, limitando a

    liberdade do administrador que fica adstrita aos

    pressupostos do ato legal para validade da

    atividade administrativa. Desviando-se dos

    requisitos das normas legais ou

    regulamentares, fica comprometida a ao

    administrativa, viciando-se a eficcia do ato

    praticado que, assim, toma-se passvel de

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    anulao Ex.: cobrar impostos, conceder

    iseno ou anistia, entre outros.

    Discricionrios - So aqueles atos que a

    Administrao pode praticar escolhendo

    livremente o seu contedo, o seu destinatrio,

    a sua convenincia, a sua oportunidade e o

    modo da sua realizao. A rigor, a

    discricionariedade no se manifesta no ato em

    si, mas no poder que Administrao tem de

    pratic-lo quando e nas condies que repute

    mais convenientes ao interesse pblico. No se

    confunde com ato arbitrrio. Discrio

    liberdade de ao dentro dos limites legais;

    arbtrio ao que excede lei e por isto,

    contrria a ela. O ato discricionrio, quando

    permitido pelo direito, legal e vlido; o ato

    arbitrrio, porm, sempre ilegtimo e invlido.

    Manifesta-se em funo do poder da

    Administrao em pratic-lo nas condies que

    julgar conveniente: abrir um concurso pblico

    escolhendo o nmero de vagas, pavimentar

    uma estrada, etc.

    4.2.5.5. QUANTO NATUREZA:

    Simples - O que resulta da manifestao de

    vontade de um nico rgo, unipessoal ou

    colegiado.

    Complexos - So os atos que se formam pela

    conjugao de vontades de mais de um rgo

    administrativo. Em outras palavras so aqueles

    que, realizados por um rgo, requerem, para

    a sua validade - e no para a formao da

    vontade - a aprovao de outro rgo; os que

    dependem de pareceres de rgos consultivos,

    preceituados em lei; os que se compem de

    atos elementares, como seja uma concorrncia

    pblica, cuja deciso pelo Ministrio ou

    Secretaria de Estado requer uma srie de atos

    elementares precedentes e autnomos, aos

    quais, essa deciso est de certa forma

    vinculada.

    Compostos - Que resulta da vontade nica de

    um rgo, mas depende da verificao por

    parte de outro, para se tornar exeqvel. Ex.:

    autorizao que depende de visto de uma

    autoridade superior.

    4.2.5.6. QUANTO AO FIM:

    Declaratrios de direito - So os atos que

    declaram a legalidade de uma situao j

    existente e de conseqncia irremovveis diante

    do Direito.

    Constitutivos de direito - So os atos que

    do estabilidade jurdica a um fato at ento de

    resultados aleatrios.

    4.2.6. ESPCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS.

    Atos normativos: So aqueles que

    contm um comando geral do Poder

    Executivo visando correta aplicao da lei.

    So atos infralegais que encontram

    fundamento no poder normativo (art. 84, IV

    da CF). Ex: Decretos; Regulamentos;

    Portarias e etc.

    Atos ordinatrios: So aqueles que visam

    a disciplinar o funcionamento da

    Administrao e a conduta de seus agentes

    no desempenho de suas atribuies.

    Encontra fundamento no Poder Hierrquico.

    Ex: Ordens, Circulares, Avisos, Portarias,

    Ordens de servio e Ofcios.

    Atos negociais: So aqueles que contm

    uma declarao de vontade da

    Administrao visando concretizar negcios

    jurdicos, conferindo certa faculdade ao

    particular nas condies impostas por ela.

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    diferente dos negcios jurdicos, pois ato

    unilateral.

    Atos enunciativos: So aqueles que

    contm a certificao de um fato ou

    emisso de opinio da Administrao sobre

    determinado assunto sem se vincular ao

    seu enunciado. Ex: Certides, Atestados,

    Pareceres e o apostilamento de direitos

    (atos declaratrios de uma situao anterior

    criada por lei).

    Atos punitivos: So aqueles que contm

    uma sano imposta pela Administrao

    queles que infringirem disposies legais.

    Encontra fundamento no Poder Disciplinar.

    Ex: Interdio de estabelecimento

    comercial em vista de irregularidade;

    Aplicao de multas e etc.

    4.2.7. FORMAS DE EXTINO DOS ATOS

    ADMINISTRATIVOS.

    So formas de extino dos atos

    administrativos: a anulao, a revogao, a cassao, a

    caducidade e a contraposio.

    I ANULAO.

    a) Definio:

    Todo ato administrativo para ser vlido deve

    conter os seus cinco elementos ou requisitos de

    validade (competncia, finalidade, forma, motivo e

    objeto) isentos de vcios (defeitos). Caso um desses

    elementos apresente-se em desacordo com a lei, o ato

    ser nulo. O pressuposto da anulao que o ato

    possua um vcio de legalidade em algum de seus

    requisitos de formao. Com isso, podemos defini-la

    como sendo o desfazimento de um ato por motivo de

    ilegalidade. A anulao decorre do controle de

    legalidade dos atos administrativos.

    b) Quem pode ANULAR ato administrativo?

    A anulao de um ato que contenha vcio de

    legalidade pode ocorrer tanto pelo Poder Judicirio (

    controle externo) quanto pela prpria Administrao

    Pblica ( controle interno).

    Como exemplo, podemos citar: ato

    administrativo expedido pelo Poder Legislativo poder

    ser anulado tanto pelo prprio Poder Legislativo

    (Administrao Pblica) quanto pelo Poder Judicirio.

    A invalidao por via judicial depender,

    sempre, de provocao do interessado. J a via

    administrativa poder resultar do Poder de Autotutela

    do Estado, que deve extingui-lo, muito embora

    proveniente da manifestao de vontade de um de seus

    agentes, contenha vcio de legalidade.

    c) Efeitos da Anulao:

    Uma vez que o ato administrativo ofende a lei,

    lgico afirmarmos que a invalidao opera efeitos ex-

    tunc, retroagindo origem do ato, ou seja, fulmina o

    que j ocorreu, no sentido de que se negam hoje os

    efeitos de ontem.

    II REVOGAO.

    a) Definio:

    Ocorre no momento em que um ato vlido,

    legtimo e perfeito torna-se inconveniente e inoportuno

    ao interesse pblico. O ato no possua qualquer vcio

    de formao, porm, no atende mais aos pressupostos

    de convenincia e oportunidade.

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    importante ressaltarmos que o conceito de

    revogao guarda estreita relao com o de ato

    discricionrio, visto ser o Poder Discricionrio da

    Administrao o fundamento de tal instituto. Alm

    disso, os atos vinculados so classificados, pelos

    grandes autores, como atos irrevogveis, visto que

    neles a lei no deixou opo ao administrador, no que

    tange valorao da convenincia e da oportunidade.

    Sendo assim, conclumos que a revogao decorre do

    controle de mrito dos atos administrativos.

    b) Quem pode REVOGAR ato administrativo?

    Por depender de uma avaliao quanto ao

    momento em que o ato tornou-se inoportuno e

    inconveniente, a revogao caber autoridade

    administrativa no exerccio de suas funes.