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DIREITO CONSTITUCIONAL DO TRABALHO

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Direito ConstituCional Do trabalho

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Rúbia Zanotelli de alvaRenga CooRdenadoRa

Direito ConstituCional Do trabalho

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EDITORA LTDA.© Todos os direitos reservados

Rua Jaguaribe, 571CEP 01224-001São Paulo, SP – BrasilFone (11) 2167-1101www.ltr.com.brMaio, 2015

Versão impressa: LTr 5263.3 — ISBN: 978-85-361-8392-3

Versão digital: LTr 8688.6 — ISBN: 978-85-361-8373-2

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Direito constitucional do trabalho / Rúbia Zanotelli de Alvarenga, coordenadora. – São Paulo : LTr, 2015.

Vários colaboradores.

1. Direito constitucional 2. Direito do trabalho 3. Direitos fundamentais 4. Direito internacional I. Alvarenga, Rúbia Zanotelli de.

15-03347 CDU-342:331

Índice para catálogo sistemático:

1. Direito constitucional do trabalho 342:331

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Colaboradores

André Araújo Molina: Doutorando em Filosofia do Direito (PUC-SP), Mestre em Direito do Trabalho (PUC-SP), Especialista em Direito do Trabalho (UCB--RJ) e em Direito Processual Civil (UCB-RJ), Bacharel em Direito (UFMT), Professor de Teoria do Direito, Filosofia do Direito e Direito do Trabalho (ESMATRA XXIII), Professor visitante em programas de especia-lização, autor de Teoria dos Princípios Trabalhistas (Atlas, 2013) e Juiz do Trabalho Titular na 23ª Região.

Ben-Hur Silveira Claus: Juiz do Trabalho titular da Vara do Trabalho de Carazinho – RS, 4ª Região. Mestre em direito pela Unisinos.

Carlos Henrique Bezerra Leite: Doutor e Mestre em Direito (PUC/SP). Professor de Direitos Humanos Sociais e Metaindividuais do Programa de Pós-Gra-duação (Mestrado e Doutorado) da FDV. Professor de Direito Processual do Trabalho da Graduação em Direito (FDV). Desembargador do Trabalho do TRT/ES. Ex-Procurador Regional do Ministério Público do Trabalho. Doutor e Mestre em Direito (PUC/SP). Ti-tular da Cadeira 44 da Academia Brasileira de Direito do Trabalho. Ex-Diretor da Ejud-Escola Judicial do TRT/ES.

Carlos Roberto Husek: Doutor e Mestre em Direito pela PUC de São Paulo, coordenador de Direito Inter-nacional no bacharelado, professor de pós-graduação nos cursos de especialização, mestrado e doutorado, desembargador no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, membro da Academia Paulista de Direito e sócio fundador da Comunidade de juristas da Língua Portuguesa.

Enoque Ribeiro dos Santos: Desembargador Fede-ral do Trabalho do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região. Professor Associado da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Mestre (UNESP), Doutor e Livre-docente em Direito do Trabalho pela Fa-culdade de Direito da USP.

Francisco Milton Araújo Júnior: Juiz Federal do Trabalho – Titular da 5ª Vara do Trabalho de Macapá/Ap. Mestre em Direito do Trabalho pela Universidade Fede-ral do Pará – UFPa. Especialista em Higiene Ocupacional pela Universidade de São Paulo – USP. Professor das

disciplinas de Direito do Trabalho e Processo do Traba-lho na Faculdade SEAMA/AP e colaborador da Escola Judicial do TRT da 8ª Região – EJUD8.

Gustavo Filipe Barbosa Garcia: Livre-Docente pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Doutor em Direito pela Faculdade de Direito da Uni-versidade de São Paulo. Especialista em Direito pela Universidad de Sevilla. Pós-Doutorado em Direito. Membro da Academia Brasileira de Direito do Trabalho, Titular da Cadeira n. 27. Membro Pesquisador do IBDSCJ. Professor Universitário em Cursos de Graduação e Pós--Graduação em Direito. Advogado e Consultor Jurídi-co. Foi Juiz do Trabalho das 2ª, 8ª e 24ª Regiões, Pro-curador do Trabalho do Ministério Público da União e Auditor Fiscal do Trabalho.

Jair Teixeira dos Reis: Graduado em Direito pela Universidade Estadual de Montes Claros/MG – UNI-MONTES, com especialização em Direito Tributário em pós-graduação pelo IBET – Instituto Brasileiro de Estu-dos Tributários. É professor de Ciência Política, Direito Empresarial, Direitos Humanos, Licitações e Contratos em cursos de graduação da Faculdade São Geraldo – FSG. Concluiu o curso de doutoramento em Direito pela Universidade Lusíada de Lisboa. Concluiu o cur-so de Direitos Humanos e Direitos do Cidadão pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e o curso de Formação em Direito Humano à Alimentação Adequada no contexto da Segurança Alimentar e Nutri-cional, promovido pelo Ministério do Desenvolvimen-to Social e Combate à Fome – MDS em parceria com a Ágere Cooperação em Advocacy e a Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos (Abrandh). Técnico em Agropecuária pela Escola Agrotécnica Federal de Januária/MG. Auditor Fiscal do Trabalho desde 1996. Membro da Associação Luso-Brasileira de Juristas do Trabalho – JUTRA.

José Pedro Pedrassani: Advogado. Doutor em Di-reito do Trabalho (USP) e Mestre em Direito Processual (UFRGS). Membro Pesquisador do Instituto de Direito Social Cesarino Júnior. Professor dos Cursos de Pós--Graduação da Unisinos/RS e PUC/RS.

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Direito Constitucional do TrabalhoRúbia Zanotelli de Alvarenga (Coordenadora)6

Kathe Regina Altafim Menezes: Mestranda em Ciência da Educação. Pós-graduada em Ciência da Educação, Direito Público, Direito Processual do Tra-balho e Direito Processual Civil. Professora de Direito Processual Civil da Faculdade Casa do Estudante em Aracruz, ES. Advogada.

Lucas Raggi Tatagiba Cordeiro: Bacharelando em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo. Membro do grupo de pesquisa NEAPI (Coord. Prof. Dr. Rodrigo Reis Mazzei) e do grupo de estudos “Os novos contornos da Responsabilidade Civil Contratual” (Prof. Dr. Francisco Vieira Lima Neto e Prof. Me. Gilberto Fa-chetti Silvestre).

Luiz Cláudio dos Santos: Mestre em Direito Cons-titucional pela PUC-Rio. Professor universitário e ad-vogado.

Luiz Eduardo Gunther: Professor do Centro Uni-versitário Curitiba – UNICURITIBA. Desembargador do Trabalho junto ao TRT da 9ª Região, Doutor em Direito do Estado pela UFPR e Membro da Academia Nacional de Direito do Trabalho, da Academia Para-naense de Direito do Trabalho, do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, do Centro de Letras do Paraná e da Associação Latino-Americana de Juízes do Trabalho – ALJT.

Marco Antonio Cesar Villatore: Pós-Doutorando em Direito pela Universidade de Roma II, “Tor Verga-ta”, Doutor pela Universidade de Roma I, “La Sapienza”/UFSC e Mestre pela PUC/SP. Professor Adjunto da Uni-versidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professor da Graduação da FACINTER e Professor Titular do Cur-so de Mestrado e do Doutorado em Direito da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Membro da Academia Paranaense de Direito do Trabalho e líder do Grupo de Pesquisa “Desregulamentação do Direito, do Estado e Atividade Econômica: Enfoque Laboral”. Ad-vogado (disponível em <http://www.villatore.com.br> e e-mail pessoal <[email protected]>).

Martha Halfeld Furtado de Mendonça Schmidt: Juíza Titular da 3ª Vara do Trabalho de Juiz de Fora. Mestre e Doutora em Direito pela Université de Paris II – Panthéon-Assas, diploma reconhecido pela UFMG, Professora de cursos de graduação e pós-graduação.

Mauricio Godinho Delgado: Ministro do Tribunal Superior do Trabalho desde 2007. Doutor em Direito (UFMG) e Mestre em Ciência Política (UFMG). Pro-fessor Titular do Centro Universitário UDF, em Brasília,

desde fevereiro de 2014. Ex-Professor do Doutorado e Mestrado em Direito do Trabalho da PUC-Minas (2000- -2012). Ex-Professor da UFMG: inicialmente na Facul-dade de Filosofia e Ciências Humanas – Curso de Ciên-cia Política (1978-1992); posteriormente, na Faculda-de de Direito (1992-2000). Ex-Professor Colaborador da Pós-Graduação em Direito do Centro Universitário IESB, em Brasília (2008-2013).

Raimundo Simão de Melo: Consultor Jurídico e Advogado. Procurador Regional do Trabalho aposen-tado. Doutor e Mestre em Direito das relações sociais pela PUC/SP. Professor de Direito e de Processo do Tra-balho, e membro da Academia Nacional de Direito do Trabalho. Autor dos livros jurídicos, entre outros, Direi-to ambiental do trabalho e a saúde do trabalhador e Ações acidentárias na Justiça do Trabalho.

Roberta Freitas Guerra: Doutoranda e Mestre em Direito do Trabalho pela Pontifícia Universidade Cató-lica de Minas Gerais (PUC-Minas). Professora Adjunta do Departamento de Direito da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Advogada. Bolsista CAPES.

Ronaldo Lima dos Santos: Professor Doutor do Departamento de Direito do Trabalho e da Segurida-de Social da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – USP. Procurador do Trabalho da PRT/2ª Região – São Paulo. Ex-Procurador Federal (Procura-dor do INSS). Mestre e Doutor em Direito do Traba-lho pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

Rosita de Nazaré Sidrim Nassar: Professora da Uni-versidade Federal do Pará – UFPa. Mestre pela Pontifí-cia Universidade Católica do Rio de Janeiro PUC – RJ. Doutora pela Universidade de São Paulo – USP. Juíza do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região e membro da Academia Nacional de Direito do Trabalho.

Rúbia Zanotelli de Alvarenga: Mestre e Doutora em Direito do Trabalho pela PUC-Minas. Professora de Direito e Processo do Trabalho da Faculdade Casa do Estudante em Aracruz-ES. Professora de Direito do Tra-balho e Previdenciário de cursos de Pós-Graduação em Vitória-ES. Membro Pesquisadora do Instituto Brasilei-ro de Direito Social Cesarino Júnior. Advogada.

Vitor Salino de Moura Eça: Professor Doutor do Programa de Pós-Graduação stricto sensu, Mestrado e Doutorado em Direito da PUC-Minas – CAPES 6. Juiz do Trabalho no Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região.

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Sumário

apResentação .................................................................................................................................................... 11

pRefáCio ........................................................................................................................................................... 13Carlos Roberto Husek

Parte I ConstItuIção da rePúblICa e dIreIto do trabalho

Capítulo 1. Constituição da República, Estado Democrático de Direito e Direito do Trabalho ................... 17Mauricio Godinho Delgado

Parte II dIreIto ConstItuCIonal do trabalho

Capítulo 2. Direito Constitucional do Trabalho Sul-Americano .................................................................. 35Vitor Salino de Moura Eça

Capítulo 3. Direito Constitucional do Trabalho ........................................................................................... 43Rúbia Zanotelli de Alvarenga

Parte III dIreItos humanos e dIreItos FundamentaIs

Capítulo 4. Conceito. Objetivo. Diferença entre Direitos Humanos e Direitos Fundamentais .................... 59Rúbia Zanotelli de Alvarenga

Capítulo 5. Direitos Fundamentais Metaindividuais nas Relações de Trabalho: conhecer bem para efetivar melhor ............................................................................................................................................................. 67Carlos Henrique Bezerra Leite

Parte IV a eFICáCIa dos dIreItos FundamentaIs trabalhIstas

Capítulo 6. A Eficácia dos Direitos Fundamentais nas Relações de Trabalho .............................................. 83André Araújo Molina

Capítulo 7. O Trabalho como Direito Humano e Fundamental ................................................................... 105

Luiz Cláudio dos Santos

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Direito Constitucional do TrabalhoSumário8

Parte V dIreIto ConstItuCIonal do trabalho e dIreIto InternaCIonal do trabalho

Capítulo 8. Tratados de Direitos Humanos na Constituição de 1988: o direito do trabalho e o link necessário entre o direito constitucional e o direito internacional (ensaio de reflexão) .................................................. 117Martha Halfeld Furtado de Mendonça Schmidt

Capítulo 9. Convenções Internacionais e os Direitos Humanos: um fenômeno do mundo moderno ......... 141Carlos Roberto Husek

Parte VI a ColIsão de dIreItos FundamentaIs trabalhIstas

Capítulo 10. A Colisão de Direitos Fundamentais e a Regra da Proporcionalidade na Teoria de Robert Alexy: um estudo de casos paradigmáticos julgados pelo Tribunal Superior do Trabalho ............................. 149Roberta Freitas Guerra

Parte VII o meIo ambIente do trabalho e a saúde do trabalhador na

ConstItuIção Federal do brasIl

Capítulo 11. A Restrição da Rescisão Contratual do Trabalhador Vítima de Acidente de Trabalho e/ou Doença Ocupacional a partir de um Novo Viés Interpretativo do art. 7º, inciso I, da Constituição Federal (Diálogo das Fontes) ....................................................................................................................................... 167Rosita de Nazaré Sidrim Nassar e Francisco Milton Araújo Júnior

Capítulo 12. O Meio Ambiente do Trabalho como Direito Fundamental .................................................... 179Kathe Regina Altafim Menezes

Capítulo 13. A Tutela do Meio Ambiente do Trabalho e da Saúde do Trabalhador na Constituição Federal do Brasil ........................................................................................................................................................... 185Raimundo Simão de Melo

Parte VIII os dIreItos ConstItuCIonaIs do trabalhador doméstICo

Capítulo 14. O Novo Contrato de Trabalho do Empregado Doméstico ....................................................... 203Lucas Raggi Tatagiba Cordeiro

Parte IX a ProIbIção do retroCesso dos dIreItos humanos e o dIreIto

ConstItuCIonal do trabalho

Capítulo 15. A Aplicabilidade do Princípio da Proibição do Retrocesso dos Direitos Humanos na Proposta de Alteração do Art. 149 do Código Penal ...................................................................................................... 215Jair Teixeira dos Reis

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9Direito Constitucional do Trabalho Sumário

Parte X a eFetIVIdade da eXeCução trabalhIsta sob a ÓtICa do dIreIto ConstItuCIonal

do trabalho

Capítulo 16. A Execução Trabalhista não se Submete à Regra Exceptiva da Execução Menos Gravosa – A Efetividade da Jurisdição como Horizonte Hermenêutico Constitucional .................................................. 227

Ben-Hur Silveira Claus

Parte XI a Proteção ConstItuCIonal ao trabalhador aVulso

Capítulo 17. O Auditor Fiscal na Defesa do Trabalhador Avulso em Armazéns Gerais ............................... 239

Jair Teixeira dos Reis

Parte XII as relações ColetIVas de trabalho na ConstItuIção Federal do brasIl

Capítulo 18. Substituição Processual pelo Sindicato na Constituição Federal de 1988 ............................... 245

Gustavo Filipe Barbosa Garcia

Capítulo 19. Contribuição à Quantificação Objetiva do Dano Moral Coletivo ............................................ 253

Enoque Ribeiro dos Santos

Capítulo 20. Interditos Proibitórios e Direito Fundamental de Greve ......................................................... 261

Ronaldo Lima dos Santos

Capítulo 21. A Greve como Delito, como Liberdade e como Direito Humano Fundamental: um percurso histórico e jurídico e suas consequências sociais e econômicas – A situação do Brasil .................................. 275

Luiz Eduardo Gunther e Marco Antonio Cesar Villatore

Capítulo 22. Representação Sindical e Representante Eleito: compartilhamento da unicidade sindical ou intransponível conflito constitucional?........................................................................................................... 291

José Pedro Pedrassani

Parte XIII o PrInCíPIo ConstItuCIonal da dIgnIdade da Pessoa humana

Capítulo 23. O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana como Fundamento do Direito Constitucional do Trabalho ..................................................................................................................................................... 301

Rúbia Zanotelli de Alvarenga

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Apresentação

A obra ora propugnada relata e analisa o tema dos Direitos Fundamentais, na área específica do Direito Cons-titucional do Trabalho, com assaz profundidade. A leitura de tão bem elaborado estudo é imprescindível a todos quantos pretendem se debruçar sobre os conhecimentos dos Direitos Fundamentais nas Relações de Trabalho sob o viés do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana.

Imperioso ressaltar que, somente após a Carta Magna de 1988, os direitos sociais trabalhistas ganharam a di-mensão de direitos humanos fundamentais. Logo, a Constituição Federal de 1988 constitui um marco na história jurídico-social-política dos Direitos Fundamentais Trabalhistas por ter erigido a dignidade da pessoa humana a eixo central do Estado Democrático de Direito e dos direitos humanos fundamentais. O conjunto de regras, de princípios e de institutos jurídicos do Direito Constitucional do Trabalho se encontra expresso na CF/88 por meio da cláusula geral de proteção aos direitos, inserida no art. 1º, inc. III: a dignidade da pessoa humana. A Constitui-ção Federal de 1988 constitui, portanto, a Carta Constitucional responsável por inaugurar o Direito Constitucional do Trabalho no Brasil.

A Carta Magna de 1988 representa, pois, a matriz do Direito Constitucional do Trabalho, não só pela proteção que ela confere aos direitos sociais trabalhistas, mas também por ter inaugurado, no país, uma fase de maturação para o Direito do Trabalho, cuja análise somente pode ser apreendida, desde que conjugada com os direitos fun-damentais trabalhistas que têm como fundamento a dignidade da pessoa humana. Diante de tais considerações, verifica-se que, somente após a Constituição Federal de 1988, pode-se falar, efetivamente, na existência de um Direito Constitucional do Trabalho no Brasil.

Portanto, o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana constitui a base para a compreensão e para a tutela do conjunto dos direitos sociais trabalhistas, bem como o fundamento dos direitos e das garantias fundamentais estabelecidos no Título II da CF/88.

Em assim sendo, o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana consiste em ponto basilar ou nucléico a partir do qual se desdobram todos os direitos fundamentais do ser humano, vinculando o poder pú-blico como um todo, e, ainda, os particulares – pessoas naturais ou jurídicas. Uma vez que a dignidade da pessoa humana, inserida da Carta Magna 1988, em seu art. 1º, inciso III, como fundamento da República Federativa do Brasil e núcleo axiológico de todo o ordenamento jurídico, ela atrai a tutela de todas as situações que envolvem violações à pessoa, mesmo que não previstas taxativamente.

A Constituição Federal de 1988 alçou o trabalho decente à categoria de princípio ao determinar que a Repúbli-ca Federativa do Brasil tem como um dos fundamentos a dignidade da pessoa humana e o valor social do trabalho, segundo dispõe o inciso IV do art. 1º; e, como objetivos: a construção de uma sociedade livre, justa e solidária; a redução das desigualdades sociais; a erradicação da pobreza e da marginalização social; além da promoção do bem de todos (art. 3º, I, III e IV, CF/88). Também a ordem econômica encontra-se fundada na valorização do trabalho, observada a busca do pleno emprego, nos termos do caput e inciso VIII, do art. 170, da Carta Magna de 1988. Já a ordem social tem como base o primado do trabalho e como objetivos o bem-estar e a justiça social (art. 193).

Em homenagem, então, a este importante papel conferido à Constituição Federal de 1988, num esforço coleti-vo, vinte e dois autores examinam, com profundidade e com brilhantismo, temas relativos ao Direito Constitucio-nal do Trabalho, buscando esclarecer aos leitores as diversas formas especiais de tutela ao princípio constitucional da dignidade da pessoa humana por meio de comentários detalhados acerca de variados temas, como se observará a partir das pesquisas exaustivamente empreendidas.

Trata-se, por assim ser, de leitura do interesse não apenas dos profissionais e dos estudiosos do Direito, mas de todos aqueles que, de um modo ou de outro, tenham seu olhar direcionado para o âmbito do Direito Consti-tucional do Trabalho.

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Direito Constitucional do TrabalhoRúbia Zanotelli de Alvarenga (Coordenadora)12

Face ao seu conteúdo temático, esta é, sem dúvida, uma obra inédita e diferenciada da novel área dos Direi-tos Fundamentais nas relações de trabalho, ao se comunicar, por vias diversas, com o Direito Constitucional do Trabalho e com o Direito do Trabalho. Cabe-nos, por fim, parabenizar cada um dos colaboradores pelo feito e agradecer cada um pela contribuição de tamanho e de expressivo valor para todos nós – eternos estudiosos leitores do Direito do Trabalho. Isso posto, brindamos os caríssimos leitores e leitoras com trabalho de tal envergadura, pretendendo contribuir para a concretização do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana nas re-lações de trabalho.

Vila-Velha/ES, abril de 2015.

Rúbia Zanotelli de Alvarenga

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Prefácio

Honra-me o convite para prefaciar o livro Direito Constitucional do Trabalho escrito sob a coordenação de Rúbia Zanotelli de Alvarenga, uma vez que a professora Rúbia há muito coopera com as letras jurídicas, escrevendo, coorde-nando, participando de eventos que envolvam, de algum modo, o Direito Internacional e o Direito do Trabalho.

A reunião de autores que abrilhantam a doutrina nacional não é tarefa fácil, porquanto todos os que subscrevem os capítulos que se seguem já fizeram carreira solo na doutrina e pontificam nas academias.

Assim, temos no presente volume os seguintes doutrinadores: André Araújo Molina, Ben-Hur Silveira Claus, Carlos Henrique Bezerra Leite, Gustavo Filipe Barbosa Garcia, Jair Teixeira dos Reis, José Pedro Pedrassani, Kathe Regina Altafim Menezes, Lucas Raggi Tatagiba Cordeiro, Luiz Cláudio dos Santos, Luiz Eduardo Gunther, Marco Antonio Cesar Villatore, Maurício Godinho Delgado, Raimundo Simão de Melo, Roberta Freitas Guerra, Ronaldo Lima dos Santos, Rosita de Nazaré Sidrim Nassar, Francisco Milton Araújo Júnior, Rúbia Zanotelli de Alvarenga, Vitor Salino de Moura Eça, Enoque Ribeiro dos Santos, Martha Halfeld Furtado de Mandonça Schmidt e este que ora assina o presente prefácio.

Não se trata de um livro de Direito do Trabalho, pois classificá-lo nessa área seria desprezar a natural vocação para o estudo diversificado, inter e transdisciplinar, que faz sua pena percorrer a linha dos direitos fundamentais, com análise técnica específica de algumas figuras do Direito interno e outras do próprio Direito internacional, sob a base comum da interpretação constitucional.

Escrever é um árduo trabalho e um risco que se amplia na comunicação dos vocábulos e do verdadeiro sentido que proporcionam, porque o Direito é uma ciência que não se concretiza em números, equações e experimentos, mas na fala e na escrita, que deve ao mesmo tempo frutificar no coração e no cérebro.

Parabéns, Prof. Rúbia Zanotelli de Alvarenga, por mais esta obra, que inspirará a todos nós, eternos estudiosos, a mais pensar e escrever.

Carlos Roberto Husek

Mestre e Doutor em Direito pela PUC de São Paulo, coordenador de Direito Internacional no bacharelado, professor de pós-graduação nos cursos de especialização, mestrado e doutorado, desembargador no Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, membro da Academia Paulista de Direito e sócio fundador da Comunidade de juristas da Língua Portuguesa.

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paRtE I Constituição da República e Direito do Trabalho

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(*) Este artigo foi originalmente publicado na Revista LTr, São Paulo: LTr, ano 75, n. 10, outubro de 2011. p. 1.159-1.171. Posteriormente, o texto integrou o livro DELGADO, Mauricio Godinho e DELGADO, Gabriela Neves. Constituição da República e Direitos Fundamen-tais – Dignidade da Pessoa Humana, Justiça Social e Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 2012. p. 31-54. (**) Ministro do Tribunal Superior do Trabalho. Doutor em Direito (UFMG) e Mestre em Ciência Política (UFMG). Ex-Professor do Doutorado e Mestrado em Direito do Trabalho da PUC MINAS; atual Professor Colaborador da Pós-Graduação em Direito do Centro Universitário IESB, em Brasília-DF.(1) HOUAISS, Antônio e VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 935.

Capítulo 1 Constituição da República, Estado Democrático de Direito e Direito do Trabalho(*)

Mauricio Godinho delGado(**)

I. INTRODUÇÃO

A análise das inter-relações entre a Constituição da República Federativa do Brasil, o conceito constitucio-nal de Estado Democrático de Direito e o segmento ju-rídico especializado do Direito do Trabalho passa pela referência a conceito e realidade correlatos, o da De-mocracia.

A Democracia consiste em uma das mais impor-tantes e criativas instituições geradas pela inteligência humana, propiciando o desenvolvimento de novos e importantes fenômenos no campo da sociedade e do Direito.

A conexão da Democracia com a História das Cons-tituições constitui liame que permite classificar as mais bem demarcadas fases do constitucionalismo contem-porâneo, até se chegar ao presente Estado Democrático de Direito.

Nesse quadro de elaboração de novas realidades sociais e jurídicas e de tessitura de inter-relações de conceitos contemporâneos, ocupa posição de destaque o Direito do Trabalho. De simples ramo jurídico espe-cializado, no instante de seu nascimento século e meio atrás, esse complexo de princípios, regras e institutos jurídicos trilhou caminho de afirmação e generalização, bem próximo às vicissitudes da Democracia no mun-do contemporâneo. Nesse roteiro nem sempre linear, tem despontado como componente decisivo do próprio

conceito de Estado Democrático de Direito, em con-formidade com a dimensão constitucional que o Texto Máximo de 1988 conferiu ao fenômeno no Brasil.

Esse processo de criação e de inter-relações é que será objeto do presente artigo.

II. DEMOCRACIA E CIVILIZAÇÃO

Democracia é construção recente na civilização. Embora a palavra tenha origem grega há mais de dois milênios, em Atenas (dêmos – povo + kratía – força, po-der)(1), tempo em que se lançaram na cultura ateniense antiga alguns conceitos de grande relevância para o es-tudo próprio e comparativo do fenômeno, o fato é que a realidade efetiva da Democracia somente despontou na História no período contemporâneo.

Democracia, enquanto método e institucionaliza-ção de gestão da sociedade política e da sociedade civil, baseada na garantia firme das liberdades públicas, li-berdades sociais e liberdades individuais, com partici-pação ampla das diversas camadas da população, sem restrições decorrentes de sua riqueza e poder pessoais, dotada de mecanismos institucionalizados de inclusão e de participação dos setores sociais destituídos de po-der e de riqueza, é fenômeno que despontou na Histó-ria apenas a partir da segunda metade do século XIX na Europa Ocidental.

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Direito Constitucional do TrabalhoMauricio Godinho Delgado18

Nessa dimensão e extensão contemporâneas, com esse caráter amplo e principalmente inclusivo – caracte-rísticas todas muito recentes –, é que se pode sustentar o extraordinário impacto da Democracia na História.

1. Dimensões da Democracia

De fato, considerado esse conceito e essa realida-de da Democracia, pode-se sustentar que o fenômeno tem se afirmado como uma das maiores construções da civilização, tomadas várias perspectivas, isoladamente ou em conjunto, a saber, perspectiva política, social, econômica, cultural, além da institucional.

Há, pois, um caráter multidimensional na Demo-cracia, na acepção do constitucionalismo contemporâ-neo, ultrapassando a esfera estrita da sociedade política, para espraiar-se, cada vez mais, para áreas diversas da sociedade civil.

No plano político, em face da Democracia, de sua construção e de seu aperfeiçoamento, é que se viabili-zou, pioneiramente, a participação da grande maioria da população nas questões de interesse mais amplo da comunidade. Mais do que isso, ela tem permitido e até mesmo instigado que a seara de interesses de setores não dominantes também tenha de ser sopesada no con-texto da elaboração e concretização das políticas pú-blicas.

Ainda no plano político, a Democracia tem via-bilizado a melhor apreensão da inteligência e esforço humanos, pela circunstância de propiciar mais amplo e rico debate de ideias e perspectivas no interior da co-munidade.

Nesse mesmo plano, a Democracia assegura, ade-mais, a realização da liberdade individual e social – apanágio de raros períodos e locais na História –, nos limites de ordem jurídica (relativamente) consensual.

No plano social, a Democracia incrementa instru-mentos mais ágeis e eficazes de superação das desigual-dades sociais pelo próprio dinamismo que ela propicia ao desenvolvimento e inter-relação dos grupos sociais. Ademais, a dinâmica democrática tende a incrementar, de maneira geral, processos modernizantes da estrutura social, em vista da urbanização que usualmente incen-tiva. Além disso, ela inevitavelmente estimula o surgi-mento de políticas públicas sensíveis aos interesses dos segmentos desfavorecidos ou até mesmo marginaliza-dos na estrutura da sociedade.

No plano econômico, a Democracia, caso se mos-tre efetiva, também favorece a superação de obstáculos ao desenvolvimento trazidos por círculos tradicionais e restritos de poder, em face de tender a solapar, ao lon-

go do tempo, a higidez dos antigos mecanismos de do-minação existentes. A urbanização e a industrialização que costumam acompanhar seu processo de consolida-ção, com a ruptura e superação do velho poder rural dominante, arejam o sistema econômico do respectivo país, criando estamentos ou, até mesmo, novas classes sociais, com integração econômica mais ampla e efetiva do conjunto da população.

No plano cultural, a Democracia tem incentivado profundo avanço nas relações entre as pessoas e grupos sociais ao produzir a superação ou revisão de inúmeras tradicionais concepções sedimentadoras da desigualda-de social e do desrespeito à dignidade da pessoa huma-na. A dinâmica e a lógica democráticas é que permitem que tal processo floresça e se espraie na sociedade, cris-talizando-se em práticas e até mesmo instituições novas aptas a concretizar o avanço cultural então atingido.

No plano institucional, a Democracia tem gerado mecanismos permanentes na sociedade e no Estado de grande relevância à sua própria afirmação no mundo contemporâneo e, principalmente, para o alcance de seus objetivos centrais de incremento da participação das pessoas humanas e de sua inclusão no interior das sociedades civil e política a que se integram.

As instituições da Democracia, geradas no âmbi-to da sociedade civil, têm grande impacto no aperfei-çoamento geral de toda a sociedade. Observe-se, por exemplo, o papel impressionante dos inúmeros e di-versificados meios de comunicação de massa (entre os principais, televisão, internet, jornais e revistas, por exemplo). Observe-se ainda o papel notável de entida-des associativas diversas, como sindicatos, entidades de regulação profissional, associações civis de objetivos variados etc. Reflita-se sobre a importância de certas instituições centenárias ou milenares, como as igrejas, ilustrativamente. Aponte-se, ainda, o papel crucial de-sempenhado pelas escolas na estruturação dos seres humanos e da vida social. Perceba-se a importância das empresas e das forças econômicas (o chamado mercado econômico) na conformação da sociedade civil de qual-quer país. Note-se, por fim, a inserção dentro da socie-dade civil de certas instituições típicas do Estado, tais como os partidos políticos.

As instituições da Democracia geradas no âmbito da sociedade política (Estado) também têm grande im-pacto no aperfeiçoamento geral do sistema. Citem-se, inicialmente, os partidos políticos, um dos mais conhe-cidos canais de inter-relação entre a sociedade civil e a sociedade política. Mencione-se o Poder Legislativo, com sua potencialidade de assimilar o impacto das de-mandas dos diversos grupos sociais. Cite-se o Poder

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19Capítulo 1 Constituição da República, Estado Democrático de Direito e Direito do Trabalho

Executivo, especialmente nos regimes presidencialistas, que tem dinâmica própria, relativamente autônoma em face do Legislativo, e que constitui importante núcleo de representação de interesses e perspectivas gestados na sociedade. Dentro desse poder estatal, há que se en-fatizar a presença da multifacetada burocracia pública, responsável, em grande medida, pelas políticas públicas aptas a cimentar a coesão social e garantir um padrão mínimo de inclusão econômica e social em benefício de toda a população. Note-se também o Poder Judiciário, que nas democracias deve se integrar e se reger por es-tuário sensível à compreensão da essencialidade da pró-pria Democracia e seus desdobramentos na estrutura e no funcionamento da sociedade civil e do Estado.

Os manuais de Teoria do Estado definem Demo-cracia como regime político mediante o qual se assegu-ra, em contexto de garantia das liberdades públicas, a participação ampla da população institucionalmente qualificada (cidadãos) na gestão do Estado e de seus organismos, seja pela representação, seja por veículos de participação direta. Nessa medida, a Democracia se antepõe às autocracias, que correspondem a regimes di-tatoriais de exercício do poder político.

Tais definições não estão exatamente erradas, é claro, mas despontam, de modo enfático, como nitida-mente insuficientes.

A natureza de regime político da Democracia é ine-gável, porém ela não se circunscreve apenas a um temá-rio e a uma realidade jungida à sociedade política. Ela é bem mais do que isso (embora esse primeiro aspecto destacado seja, de fato, muito importante). A Democra-cia, na verdade, abrange praticamente todos os aspectos da vida social, invadindo, inclusive, cada vez mais, a seara econômica. Nessa medida, o conceito ultrapassa bastante sua estrita dimensão política e institucional. Desse modo, é evidente a natureza multidimensional do fenômeno democrático.

Em consequência, a participação ampla da popu-lação institucionalmente qualificada, na Democracia, não se circunscreve apenas à gestão do Estado e de seus organismos. O conceito contemporâneo de Democracia invade também a esfera da sociedade civil, a qual, de ma-neira geral, em alguma extensão, também tem de se subor-dinar aos ditames democráticos(2).

Na Democracia, todas as formas de exercício de poder, mesmo as situadas apenas no plano da socie-

dade civil, estão submetidas a certas restrições. Essas restrições serão maiores ou menores, evidentemente, segundo a natureza, a função, os objetivos e as carac-terísticas das instituições civis; porém, não existe mais, praticamente, a possibilidade jurídica de exercício in-contrastável de poder em sociedade e Estado efetiva-mente democráticos.

O enquadramento da Democracia como mero regi-me político (embora esse enquadramento seja impor-tante, repita-se) ainda tem o agravante de não perceber outra dimensão notável da Democracia, ou seja, seu caráter inclusivo.

De fato, a Democracia, em razão de suas caracterís-ticas e de sua dinâmica, é tendente a produzir – ou, pelo menos, a propiciar e incentivar – significativo proces-so de inclusão de pessoas humanas. Inclusão política (obviamente, isso é de sua natureza original), inclusão social, inclusão econômica, inclusão cultural.

A potencialidade heurística (criadora de novas hipóteses) da Democracia evidencia-se, desse modo, como aparentemente inesgotável.

2. Democracia e Constitucionalismo

A relevância da Democracia, enquanto construção civilizatória, consiste, em verdade, no grande vértice do constitucionalismo contemporâneo. A partir da plena incorporação da ideia e da dinâmica democráticas, tan-to na esfera da sociedade política como na esfera da so-ciedade civil, é que o constitucionalismo contemporâ-neo pôde encontrar a base para alçar a pessoa humana e sua dignidade ao topo das formulações constitucionais.

De fato, em uma sociedade e em um Estado autori-tários, se torna simples contrafação falar-se em relevân-cia da pessoa humana, dignidade da pessoa humana, direitos individuais, coletivos e sociais de caráter fun-damental, em suma, falar-se em toda a notável matriz do constitucionalismo das últimas décadas do século XX e início do presente século. A noção ampla e a práti-ca crescente e cada vez mais profunda da Democracia é a energia que confere vida e dinamismo às mais impor-tantes constituições do mundo contemporâneo.

É bem verdade que o primeiro marco do constitu-cionalismo – que foi construído em torno do Estado Liberal Primitivo (também chamado de Estado Libe-ral de Direito), a partir da segunda metade do século

(2) Os constitucionalistas têm percebido esse caráter multidimensional da Democracia. CANOTILHO, por exemplo, estatui: “O prin-cípio democrático aponta, porém, no sentido constitucional, para um processo de democratização extensivo a diferentes aspectos da vida econômica, social e cultural” (grifos no original). CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7. ed./8ª reimpressão, Coimbra: Almedina, 2003.

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Direito Constitucional do TrabalhoMauricio Godinho Delgado20

XVIII – não possuía elementos que permitissem seu enquadramento dentro do conceito e da realidade da Democracia. Tratava-se de sistemática manifestamente excludente, dirigida apenas às elites proprietárias da economia e da sociedade, que mantinha na segregação a larga maioria da população dos respectivos países.

Entretanto, esse primeiro marco teve a importância histórica de fixar, com objetividade e clareza, pela pri-meira vez, alguns pressupostos decisivos para o ulterior desenvolvimento da Democracia.

Na verdade, apenas a contar do segundo marco do constitucionalismo (Estado Social de Direito) e, princi-palmente, no interior do marco mais recente do cons-titucionalismo (Estado Democrático de Direito), é que a Democracia encontra força e estrutura harmônicas à sua real importância.

III. OS GRANDES MARCOS DO CONSTITUCIONALISMO

O constitucionalismo ocidental ostenta três gran-des marcos: as constituições do Estado Liberal Primitivo (ou Estado Liberal de Direito), a partir da segunda meta-de do século XVIII; as constituições que reconheceram e institucionalizaram a transição para a Democracia, ca-pitaneando o denominado Estado Social de Direito, nas primeiras décadas do século XX; finalmente, as cons-tituições que deram corpo e alma ao contemporâneo Estado Democrático de Direito, no período posterior à Segunda Guerra Mundial(3).

É claro que existem antecedentes ao constituciona-lismo norte-americano e ao francês, de finais do século XVIII, especialmente na tradição inglesa. Esses prole-gômenos podem se situar até mesmo séculos atrás, no

episódio da Magna Carta imposta pela nobreza fundiá-ria ao monarca da Inglaterra do século XIII, limitando o poder soberano. Ainda na Inglaterra, no século XVII, a revolução gloriosa e o subsequente documento polí-tico, Bill of Rights (1689), cuja presença pôs cobro à autocracia monárquica, reafirmando importante alerta de resistência ao absolutismo real.

Tais episódios e mensagens, contudo, não consti-tuem exemplos plenos e bem contornados de um novo e revolucionário complexo jurídico, um novo Direito regente dos demais, o Direito Constitucional. O efeti-vo surgimento desse Direito novo somente ocorreu na segunda metade do século XVIII, com as constituições instituidoras do Estado Liberal Originário (Estado Li-beral de Direito).(4)

1. Estado Liberal Primitivo (ou Estado Liberal de Direito)

O Estado Liberal Originário consubstancia o pri-meiro marco do constitucionalismo. Tem como fulcro as revoluções liberais dos Estados Unidos da América e da França ocorridas na segunda metade do século XVIII, com seus respectivos documentos constitucionais.

Tais documentos são, essencialmente, a Consti-tuição dos Estados Unidos da América, de 1787 (dez emendas constitucionais foram logo a seguir aprova-das, em setembro de 1789, com ratificação em dezem-bro de 1791), e a Constituição da França, de 1791(5).

Integram a origem desse marco constitucional do-cumentos precedentes aos dois textos constitucionais referidos. No caso dos EUA, a Declaração de Direitos da Virgínia, de 16 de junho de 1776, a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, de 4 de julho de 1776, além de “outras Declarações de Direitos dos primeiros Estados”(6). No caso da França, a Decla-ração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789.

(3) Os epítetos conferidos a esses padrões de Estado constitucional variam, relativamente. O constitucionalista José Afonso da Silva, por exemplo, refere-se a Estado de Direito ou Estado Liberal de Direito, quanto ao primeiro padrão; Estado Social de Direito (embora criticando esta denominação, registre-se), no tocante ao segundo padrão; Estado Democrático de Direito, quanto ao último e atual padrão. SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 34. ed., São Paulo: Malheiros, 2011. p. 112-122. É claro que outros designativos existem, podendo ser utilizados no presente texto. (4) Os três marcos mencionados do constitucionalismo dizem respeito, é evidente, apenas a padrões de estruturação da sociedade política e da sociedade civil que tenham relação significativa com o tema das liberdades públicas e individuais e da Democracia (ressaltando-se que o Estado Liberal Primitivo somente ingressa nessa tríade em face de ser importante antecedente que conduziu ao processo de democratização do Estado e da sociedade civil na Europa contemporânea). Por essa razão, não se incluem aqui os inúme-ros experimentos e padrões de autoritarismos, sejam as autocracias tradicionais na História, sejam as novas manifestações de Estados autoritários ou totalitários, de ditaduras de direita ou de esquerda. O estudo de tipologias ou padrões de autoritarismo corresponde a outro objeto, não se inserindo nos propósitos do presente texto. (5) A respeito, consultar MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. 7. ed., Coimbra (Portugal): Coimbra, 2003, tomo I, p. 141-149. Também MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 26. ed., São Paulo: Atlas, 2010. p. 1-3. Ainda, LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 13. ed., São Paulo: Saraiva, 2009. p. 6-7. (6) MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. ob. cit., p. 142. Também MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional.26. ed., São Paulo: Atlas, 2010. p. 1-3.