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    Contribuio da Anlise da Percepo de

    Riscos do Trabalhador Ao Sistema de Gesto

    de Segurana e Sade do Trabalho

    Bernardete Ferreira da Silva

    [email protected]

    UFF

    Srgio Luiz Braga Frana

    Sergio Frana

    UFF

    Resumo:Compreender se o trabalhador percebe os riscos do ambiente em que trabalha se torna cada vez

    mais relevante para a empresa que busca aprimorar a sua Gesto de Segurana e Sade do Trabalho e

    reforar a sua imagem pblica no mercado, onde as empresas comprometidas com a responsabilidade

    socioambiental tendem a obter maior vantagem competitiva perante a sociedade e investidores. Neste

    sentido, o objetivo geral da pesquisa analisar a percepo do trabalhador sobre riscos do seu ambientede trabalho e identificar se os mecanismos de Comunicao de Riscos do seu Sistema de Gesto

    Segurana e Sade do Trabalho so capazes de preparar o trabalhador a perceber estes riscos. Para o

    desenvolvimento da pesquisa, foi selecionada uma das Unidades de Operao do ramo de abastecimento

    de petrleo e seus derivados de uma Empresa de Energia Brasileira identificada como a de maior

    incidncia de acidentes do trabalho no perodo 2008-2010 em comparao com as demais unidades do

    mesmo ramo. Como principal ferramenta de pesquisa de campo, utilizado um Questionrio estruturado.

    Os resultados da pesquisa indicam que o Programa de Comunicao de Riscos da Unidade insuficiente

    para preparar o trabalhador a perceber estes riscos e desenvolver atitudes seguras.

    Palavras Chave: Acidente do Trabalho - Gesto de Segurana - Percepo de Riscos - -

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    1. INTRODUOA preocupao com a incidncia de acidentes e problemas de sade provenientes do

    trabalho e a procura por mecanismos capazes de preveni-los mundial. O acidente do trabalho

    traz consigo um impacto negativo a vida do trabalhador e soma-se a este fato, o custoenvolvido na ocorrncia que afeta consideravelmente a economia.

    Estimativas da Organizao Internacional do Trabalho (OIT) apontam que cerca de6.000 trabalhadores morrem por dia no mundo devido a acidentes do trabalho e doenasocupacionais. Alm disso, a cada ano estima-se que ocorrem 270 milhes de acidentes no-fatais com pelo menos trs dias de afastamento do trabalho e 160 milhes de novos casos dedoenas relacionadas ao trabalho. O custo total estimado dessas ocorrncias pela OIT equivalea 4% do Produto Interno Bruto global, ou mais de 20 vezes o montante global da ajudapblica ao desenvolvimento (OIT, 2008).

    No Brasil, dados do Anurio Estatstico de Acidentes do Trabalho 2009 do Ministrio

    do Trabalho e Emprego (MTE) e Ministrio da Previdncia Social, registraram a incidncia de723.452 acidentes sendo que 528.279 possuam Comunicao de Acidente do Trabalho(CAT). Do total de acidentes com CAT, 79,7% corresponderam a acidentes tpicos1(421.141). Diante deste quadro alarmante, relevante para a situao econmica dasempresas, a tomada de aes capazes de prevenir os acidentes do trabalho visando tambmatender a legislao vigente. Alm disso, no mercado competitivo atual, a empresavisivelmente comprometida com a responsabilidade socioambiental tende a obter maiorvantagem competitiva perante a sociedade e os investidores. Dentro do contexto deresponsabilidade socioambiental, inclui-se o desempenho em segurana da empresa.

    De acordo com a OIT (2011) a implantao na ltima dcada do Sistema de Gesto deSegurana e Sade nas empresas tem se mostrado fundamental para a melhoria das condiesde trabalho e do ambiente de trabalho. Desse modo, cada vez mais empresas tm buscado aCertificao da sua Gesto Segurana e Sade por meio da aplicao da norma BS OHSAS18001. Para a melhoria do desempenho em SST, as empresas tm investido cada vez mais nogerenciamento de riscos, empregando um conjunto de medidas, tais como tecnologias deprocesso mais seguras, padres especficos para avaliao e gesto de riscos, qualificao ecapacitao da fora de trabalho, programas de comunicao de riscos, manuteno deequipamentos, programas de integridade mecnica de equipamentos e ferramentas deinvestigao e anlise dos acidentes e incidentes.

    Para Brasil (2007), a relevncia do uso da ferramenta de investigao e anlise deacidentes e incidentes est em propiciar a identificao de como e por que o acidente ou

    incidente aconteceu e, assim, prevenir ocorrncias semelhantes, minimizar o aumento dasconsequncias de um acidente ou incidente recente e, alm disso, o cumprimento dosrequisitos legais. De acordo com a HSE (2.006) diversos estudos de caso e anlise derelatrios dos grandes acidentes ocorridos em diversos ramos da indstria entre 1.966 e 2.003indicaram o erro humano influenciado por fatores humanos e organizacionais como uma dascausas acidentes. Segundo Hollnagel (1998), entre 80-85% dos acidentes ocorridos em usinasnucleares na dcada de 80 e na National Aeronautics and Space Administration(NASA) noperodo 1990-1993 indicaram o erro humano ou aes humanas erradas como causa dessesacidentes. Aprofundando esta anlise, uma das variveis relacionada ao erro humano ou falhahumana identificada na literatura como fator contribuinte de acidentes a percepo deriscos do trabalhador.

    [...] as organizaes devem buscar conhecer o nvel em que se encontra a Percepode Riscos dos seus trabalhadores [...] porque a Percepo de Riscos mais um

    1Acidente Tpico: o acidente decorrente da caracterstica da atividade profissional desempenhada peloacidentado. (Ministrio do Trabalho e Emprego)

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    elemento importante para a compreenso dos aspectos relacionados preveno dosacidentes do trabalho. (MENEGHETTI, 2010, p.158)

    Compreender se o trabalhador percebe os riscos do ambiente em que trabalha se tornacada vez mais relevante para a empresa que busca aprimorar o seu Sistema de Gesto de

    Segurana e Sade do Trabalho (SST). Nesse sentido, a situao-problema que orienta odesenvolvimento desta pesquisa : como a anlise da percepo do trabalhador sobre os riscosdo ambiente de trabalho contribui para a melhoria do Sistema de Gesto de SST?

    Deste modo foi realizado o mapeamento da percepo dos trabalhadores envolvidoscom o Servio de Pintura Industrial de uma Unidade de Operao de uma rea de Negcio deEmpresa de Energia Brasileira, no qual foi constatado o maior nmero de acidentes dotrabalho no perodo 2008-2010 sendo que vrios de seus Relatrios de Investigao deAcidentes apontavam como uma das causas destes acidentes, a falta ou falha da Percepo deRiscos do trabalhador. A partir dos dados levantados busca se identificar a contribuio daanlise da percepo de riscos principalmente para o Programa de Comunicao de Riscos daUnidade do Sistema de Gesto de SST da Unidade.

    Um dos motivos da escolha para pesquisa de uma das Unidades de Operao de umarea de Negcio do ramo de abastecimento de petrleo e seus derivados de uma Empresa deEnergia Brasileira, localizada numa cidade da regio sudeste do Brasil se deve ao fato desteramo de atividade ser considerado essencial para o abastecimento destes produtos no mercadointerno. Somam-se a este fato, os seguintes motivos: o histrico dos acidentes do trabalhoocorridos no perodo de 2008-2010 indicando-a como a de maior incidncia de acidentesquando comparada com as demais Unidades de Operao da rea de Negcio acimamencionada; o total de empregados que compe a fora de trabalho; o porte da Unidade emrelao ao quantitativo expressivo de produtos movimentados; e acessibilidade aos dados daUnidade. Aprofundando a anlise dos acidentes do trabalho ocorridos na Unidade,

    identificou-se que o Servio de Pintura Industrial, coordenado pela Atividade de Manuteno,foi o que apresentou o maior nmero de acidentes entre 2008 e 2010 e que, em sua maioria, osrespectivos Relatrios de investigao dos acidentes apontavam a falta ou falha de Percepode Riscos do trabalhador como uma das causas da ocorrncia destes acidentes.

    Esta pesquisa no pretende identificar e examinar os fatores que podem influenciar apercepo dos trabalhadores quanto aos os riscos do seu ambiente de trabalho. Neste sentido,a pesquisa pretende contribuir para a ampliao do conhecimento, no meio acadmico e nasempresas inseridas no mercado competitivo atual, sobre o tema Percepo de Riscos dostrabalhadores bem como trazer para reflexo o tema eficcia dos Programas de Comunicaode Riscos, introduzidos nos Sistemas de Gesto de SST das empresas com o objetivo de

    preparar o trabalhador a perceber os riscos do seu ambiente de trabalho e desenvolver atitudesseguras e as medidas apresentadas para a melhoria desses programas. Alm disso, o contedodesta pesquisa pode ser utilizado por outros leitores que desejem aprimorar seusconhecimentos em relao ao tema pesquisado.

    2. REVISO DE LITERATURA

    A fundamentao terica da pesquisa trata inicialmente da importncia das Normas deGesto de Segurana e Sade nas empresas, fundamentos de percepo de riscos e a

    comunicao de riscos como ferramenta para preparar o trabalhador a perceber os riscos edesenvolver atitudes seguras.

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    2.1 NORMAS DE GESTO DE SEGURANA E SADEO nmero expressivo de acidentes do trabalho, os altos custos relacionados a esses

    acidentes, o mercado cada vez mais competitivo, a presso da sociedade para que as empresasdemonstrem cada vez mais seu compromisso com a responsabilidade socioambiental, alm daprecariedade do contedo dos programas de segurana, reforam, na empresa, a necessidadede implantar um Sistema de Gesto de Segurana e Sade. A adoo de um Sistema deGesto da Segurana e Sade no Trabalho como ferramenta gerencial contribui para amelhoria do desempenho da empresa em relao s questes de SST, atualmente umanecessidade fundamental para a empresa, trabalhadores e sociedade, conforme j mencionadoanteriormente.

    2.2.1 BS OHSAS 18001

    A norma BS OHSAS (Occupational Health and Safety Assessment Series) 18001 foidesenvolvida para atender os anseios das organizaes para o desenvolvimento de uma normaque permitisse avaliao e certificao do seu prprio Sistema de Gesto de Segurana eSade do trabalho. Os elementos do Modelo de Sistema de Gesto de SST da BS OHSAS18001 so apresentados em sequncia, de forma a propiciar o processo de melhoria contnua,conforme demonstrado na figura 01.

    Figura 01: Modelo do Sistema de Gesto da BS OHSAS 18001:2007

    Fonte: BSI Brasil (2007)

    Na verso 2007, foram inseridos novos requisitos, como a definio clara danecessidade de implantao de processo de gesto de mudanas, maior nfase na importnciada sade, a necessidade da hierarquizao dos controles, maior alinhamento com o ISO14001:2004.Alm disso, houve alterao do termo "risco tolervel" para risco aceitvel",

    incluso do termo "acidente" na definio do termo "incidente", a definio de perigo" nomais se refere a danos propriedade ou danos ao ambiente de trabalho, nova clusula para aAvaliao do atendimento legal 4.5.2 (alinhando a ISO 14001), incluso de novos requisitosforam inclusos no item consulta e comunicao Comunicao, participao e consulta e

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    mudanas nos requisitos de investigao de acidentes, no conformidades, aes corretivas epreventivas.

    A implantao da BS OHSAS 18001 numa empresa deve ser antes da definio daPoltica de SST e precisa ser elaborado um Diagnstico Inicial sobre a situao atual daempresa em relao ao atendimento aos requisitos estabelecidos na norma de gesto BSOHSAS 18001. No mercado, existem vrias empresas que realizam esse tipo de diagnstico.A partir deste diagnstico inicial, a empresa deve viabilizar os recursos matrias, humanos efinanceiros para a implantao do seu sistema de gesto. Um dos pontos mais relevantes naimplantao de um Sistema de Gesto de SST consiste no estabelecimento da Poltica de SSTpela Alta Administrao da empresa. Essa Poltica deve ser apropriada natureza e escalados riscos de SST, incluindo o compromisso com a preveno das leses e doenas, com oatendimento aos requisitos legais aplicveis e outros requisitos definidos pela organizao emelhoria contnua da gesto de SST. A Poltica de SST a alma de um sistema de gesto,pois todas as aes estabelecidas nesse sistema visam o seu atendimento integral. Devido sua relevncia, esta deve ser documentada, comunicada, implementada, mantida eperiodicamente analisada criticamente para verificao da necessidade ou no de sua reviso.

    Posteriormente definio e aprovao da Poltica, segue-se a 2 etapa doPlanejamento de implantao da norma atravs da identificao de perigos, avaliao deriscos e determinao de controles. A empresa deve estabelecer, implementar e manter umprocedimento especfico para o levantamento dos perigos e avaliao dos riscos a que estoexpostos os trabalhadores na realizao de suas tarefas. Esse levantamento deve ser realizadoe atualizado pelos prprios trabalhadores com o apoio do SESMT da empresa, estabelecidotodos os controles para os perigos segurana e sade identificados. Os controles devematender ao critrio de hierarquizao estabelecido na BS OHSAS 18001:2007, considerando areduo dos riscos por meio de eliminao, substituio, controles de engenharia,

    sinalizao/alertas e/ou controles administrativos e equipamentos de proteo individual(EPI). Para a gesto de mudanas, a organizao deve identificar os perigos e os riscos deSST associados s mudanas na organizao, no sistema de gesto da SST, ou em suasatividades, antes da introduo de tais mudanas. O processo de gesto de mudanas e ocritrio de hierarquizao de controles so as grandes novidades dessa nova verso da BSOHSAS 18001. Todos os riscos de SST e os controles identificados devem ser levados emconsiderao no estabelecimento, implantao e manuteno de seu Sistema de Gesto daSST.

    Dando continuidade etapa de planejamento, quanto aos Requisitos Legais e OutrosRequisitos, a empresa deve estabelecer, implementar e manter um procedimento para

    identificao e acesso aos requisitos legais aplicveis e aos requisitos por ela estabelecidos.Com isso, devem ser implementados programas internos de acompanhamento do atendimentoa legislao e de comunicao aos envolvidos das legislaes aplicveis. Objetivos eProgramas de SMS devem ser estabelecidos, implementados, mantidos e documentadosvisando o atendimento da Poltica de SST. Os objetivos devem incluir o comprometimentocom a preveno de leses e doenas, com o atendimento a requisitos legais aplicveis eoutros requisitos subscritos pela organizao e com a melhoria contnua. Normalmente, essesobjetivos so oriundos do Planejamento Estratgico das empresas e dos perigos significativosidentificados e os programas inseridos no Planejamento Estratgico da empresa. Os objetivose programas de SST devem ser analisados periodicamente pela liderana da organizaovisando identificar a necessidade de atualizao em funo de novas demandas da legislao,

    demandas de partes interessadas, acidentes ocorridos, dentre outras.A 3a etapapara implantao da BS OHSAS 18001 a de Implantao e Operao.

    Para que o Sistema de Gesto de SST seja implementado, a alta direo da empresa devedisponibilizar os recursos humanos, financeiros e materiais necessrios. Alm disso, a alta

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    direo deve designar o seu representante para a implantao e manuteno do Sistema deGesto de SST. Outro aspecto importante da implantao da BS OHSAS 18001:2007 estrelacionado Competncia, treinamento e conscientizao. Para a efetiva implantao doSistema de Gesto de SMS, a liderana da empresa deve identificar a necessidade de

    treinamento dos trabalhadores sobre os riscos de SST da empresa, prever os recursosfinanceiros para a realizao dos treinamentos de qualificao e de conscientizao em SST,garantir a liberao dos trabalhadores para participar dos treinamentos pertinentes, bem comoavaliar a eficcia dos treinamentos. Qualquer pessoa no local de trabalho deve ser competenteem SST com base em educao, treinamento ou experincia.

    Quanto Comunicao, participao e consulta, a empresa deve elaborar,implementar e manter procedimento que informe o seu mecanismo de comunicao internacom terceirizados, visitantes e com as demais partes interessadas, alm de manterprocedimento de participao e consulta definindo o processo de participao dostrabalhadores e consulta a terceirizados quando houver alguma mudana que venha afetar aSST. Elemento-chave na empresa, a Documentaopermite evidenciar as medidas tomadaspara a melhoria contnua de SST. A Poltica de SST, o escopo da certificao, o Manual doSistema de Gesto de SST e demais registros compem a documentao do Sistema de Gestode SST. O Controle de Documentos deve ser executado conforme procedimento de controlede documentos da empresa que defina o processo de aprovao, reviso, atualizao eaprovao de documentos. Esse procedimento deve mencionar a importncia das versesatualizadas dos documentos serem disponibilizadas nos locais de uso e de forma legvel. Osdocumentos de origem externa devem ser identificados e distribudos de forma controlada emedidas devem ser tomadas para prevenir o uso de documentos obsoletos. Em relao aoControle Operacional, as operaes e atividades que tenham perigos de SST associadosdevem ser identificadas e elaborados procedimentos e instrues especficos contendo os

    controles operacionais necessrios para a execuo dessas operaes e atividades comsegurana, bem como procedimento para a calibrao de equipamentos utilizados paramedio e monitoramento do desempenho.

    Para Preparao e resposta emergncia, a empresa deve demonstrar que temrecursos materiais, financeiros e humanos capazes de atender com eficincia e eficcia asemergncias que possam surgir bem como a legislao vigente. Nesse sentido, deve serestabelecido e implementado um plano de emergncia levando em considerao a comunidadede influncia, realizao de exerccios simulados com a participao da comunidade vizinha,caso aplicvel e treinamentos especficos de combate emergncia. Periodicamente, deve serrealizada uma anlise crtica desse processo.

    A 4 etapa se refere Verificao do Sistema de Gesto de SST implementado. OMonitoramento e medio do desempenho devem ser executados conforme procedimentode monitoramento e medio peridica do desempenho em SST que contemple medidasqualitativas e quantitativas definidas pela empresa e o monitoramento do grau de atendimentoaos objetivos de SST da organizao estabelecidos para o efetivo atendimento Poltica deSST estabelecida. A Avaliao do atendimento a requisitos legais e outros deve serrealizada conforme procedimento que defina a periodicidade de realizao da verificao deconformidade legal, a maneira de arquivamento dos registros, alm do mecanismo detratamento das possveis no conformidades identificadas. A Investigao de incidente, noconformidade, ao corretiva e preventiva deve ser executada conforme procedimento quedefina como os incidentes devem ser registrados, investigados e analisados. Alm desse

    procedimento, deve ser estabelecido outro que defina mecanismo para tratar as noconformidades reais e potenciais. Esses procedimentos tm por finalidade evitar a recorrnciade acidentes e no conformidades.

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    O Controle de registros deve ser executado a partir de procedimento que defina comoos registros de SST devem ser identificados, armazenados, protegidos, recuperados, retidos edescartados. O processo de Auditoria Interna deve ser implantado de acordo comprocedimento que defina a sua periodicidade de realizao e fornecer informaes

    administrao sobre os seus resultados. A realizao dessas auditorias relevante para osistema, pois permite identificar e tratar os possveis desvios identificados antes da auditoriade certificao e/ou de manuteno do Sistema de Gesto. A quinta e ltima etapa para aimplantao BS OHSAS 18001 refere-se realizao pela liderana da empresa da anlisecrtica do Sistema de Gesto de SST. A empresa deve definir e manter um procedimento deanlise crtica para assegurar a adequao, pertinncia e eficcia do sistema implantado. indiscutvel a importncia da criao das Normas de Gesto de Segurana e Sade para omundo globalizado. A implantao das normas de gesto transformou a forma tradicional dever a segurana do trabalho, baseada principalmente na correo dos riscos e atendimento dosrequisitos legais para uma viso holstica em busca da melhoria contnua. Soma-se a esse fatoa certificao dos Sistemas de Gesto de Segurana e Sade por rgos certificadores que

    auditam periodicamente esses sistemas visando identificar as aes que vem sendo tomadaspelas empresas para a melhoria contnua do desempenho de segurana e sade.

    2.5 PERCEPO DE RISCOSTratando de percepo de riscos, a literatura atual tem contribuies de vrias reas

    como a Geografia, a Sociologia, a Cincia Poltica, a Antropologia e a Psicologia. Estudos deAntropologia e Sociologia mostram que a percepo e a aceitao do risco tm suas razes emfatores culturais e sociais. Argumenta-se que a reao ao perigo decorre de influncias sociaistransmitidas por amigos, pela famlia, por colegas de trabalho e personalidades pblicas. O

    tema percepo de riscos surgiu na dcada de 1960 em funo da opinio pblica ter sidocontra a implantao da tecnologia nuclear considerada pelos cientistas como energia limpa.Na poca, a comunidade cientfica e governamental no entendia por que a percepo dasociedade era contraria ao uso da energia nuclear enquanto que os cientistas declaravam oquo seguro era a nova tecnologia. O primeiro estudo sobre percepo de riscos foidesenvolvido em 1969 por Chauncey Starr, intitulado Social benefit versus technologicalrisk, que investigou detalhadamente os riscos e identificou que a sociedade parecia aceitar osriscos medida que eles estavam associados com benefcios.

    Numerosos estudos tm rejeitado a crena de que informaes adicionais, sozinhas,mudam a percepo. O estudo de Starr foi relevante para o conhecimento, pois aguou ointeresse dos cientistas em saber como as pessoas percebem, toleram e aceitam os riscos.Slovic (1987) em Perception of risk, um dos artigos mais citados e antigos na literatura,declara que enquanto os analistas empregam tcnicas sofisticadas para avaliar riscos, amaioria dos cidados tem julgamento intuitivo sobre o risco, normalmente chamado depercepo de riscos. O julgamento do pblico quanto aos riscos tende a ser subjetivo,hipottico, emocional e irracional, enquanto o julgamento dos especialistas tende a serobjetivo, analtico e racional. Para Slovic (1999 apudMASINI 2009), a relao risco/respostaao risco perpassa por vrios fatores relevantes para a compreenso de como o indivduopercebe e responde aos riscos. Segundo o referido autor, no o risco real que afeta asdecises do indivduo, mas sim a percepo de riscos.

    Segundo Bley (2007, p.113), a percepo de riscos diz respeito capacidade que o

    indivduo possui para identificar os perigos e reconhecer os riscos, atribuindo-lhe significado,seja no trabalho, no trnsito, no ar. A capacidade de percepo de riscos influenciada peloestado de sade, de ateno e do estado emocional. Muitas vezes o trabalhador apresentacomportamentos inseguros por no conhecer de fato os riscos a que est exposto em seuambiente de trabalho. Dook e Lognecker (2004) afirmam que a percepo de riscos

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    determinada por uma srie de fatores, incluindo motivaes internas, experincias anteriores,suposies sobre as condies ambientais e a taxa de mudana de uma situao. Freitas(2000) relata que diversas so as abordagens e vertentes sobre a percepo de riscos, sendoque, dentre elas, destacam-se os estudos fundamentados na abordagem psicolgica, cultural e

    sociolgica. Para Freitas, a abordagem psicolgica est fundamentada na psicologia cognitivaque se utiliza frequentemente de testes psicomtricos (instrumentos de avaliao usados paramedir, por exemplo, o medo, a satisfao e aceitao do indivduo em relao a umatecnologia). A abordagem cultural, fundamentada na antropologia, defende que a percepo deriscos de cada indivduo construda a partir da sua trajetria de vida e de seus valoresculturais, enquanto a abordagem sociolgica considera tem como base a importncia doestudo das atitudes para compreender a percepo de riscos.

    A percepo de riscos, o medo e a sua manifestao emocional aansiedade so fontes de perturbaes comportamentais que afetam aforma de a pessoa decidir. O processamento de informaes afetadopor diversos fatores internos e externos mente humana que alteramno s a percepo de dados externos como a forma de valoriz-los eutiliz-los no processo de escolher. A mente humana repleta dedados e de julgamentos onde se formam associaes e as reaes demedo e ansiedade podem promover enganos e pr-conceitos. Esseprocessamento confuso de informaes ocorre em todas as fases doprocesso decisrio deixando as pessoas suscetveis s ms decises.Quanto mais complexa as decises, mais se buscam e se analisamdados e, portanto maiores as chances de distores. (MOTA, 2002,p.3)

    J para Sjberg, Elin Moen e Rundmo (2004, p.10), atualmente somente duas teorias

    dominam o campo da percepo de riscos: o paradigma psicomtrico enraizado nasdisciplinas da psicologia e das cincias da deciso e a teoria da cultura, desenvolvida porsocilogos e antroplogos. Na viso de Masini (2009, p.16), o paradigma psicomtricorepresenta uma abordagem em que o risco particularmente definido e percebido porindivduos que so influenciados por vrios fatores psicolgicos, sociais, institucionais eculturais. Slovic (2000) afirma que os questionrios psicomtricos sistematizam e predizema percepo de riscos, identificando similaridades e diferenas entre grupos, demonstrandoque diferentes pessoas concebem e percebem os riscos de maneiras diferentes.

    Segundo Duffey e Saull (2007), muitas decises sobre risco, e outras coisas da vida,so influenciadas pela percepo. Segundo os autores, a percepo do indivduo sobre o risco

    definida por fatores que consideram o risco aceitvel ou que deva ser evitado. Estes incluemo grau em que o risco conhecido ou desconhecido, ameaador ou atrativo, voluntrio ouinvoluntrio, controlvel ou incontrolvel. Essa viso influenciada pela nossa experincia,expectativa, necessidades e pelos meios de comunicao e informaes que se exposto. Dealguma forma, as decises so baseadas numa combinao do raciocnio subjetivo e aexperincia objetiva para determinar sobre o risco; o mnimo que podemos ou devemos fazer saber de onde viemos, no passado, medir o quo bem ns estamos fazendo, no presente, eprever o que pode acontecer a seguir, ou no futuro. As pesquisas realizadas por diversosautores convergem em afirmar que o risco percebido difere de indivduo para indivduo emfuno de fatores internos e externos. Alm disso, existe consenso em reconhecer que oparadigma psicomtrico o mais adequado para medir a percepo de riscos dos

    trabalhadores.

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    2.2 COMUNICAO DE RISCOSA percepo um fator importante a ser considerado quando se comunica riscos. Um

    dos mecanismos mais relevantes para o desenvolvimento da percepo de risco do trabalhador a comunicao de risco - etapa do processo de gerenciamento de riscos do Sistema de

    Gesto de SST, a qual contribui para gerar e receber as informaes necessrias para que aspartes interessadas no somente compreendam as iniciativas, processos de deciso tomadospelas organizaes para gerenciar seus riscos, sejam eles ocupacionais ou ambientais, mastambm, para promover e desenvolver a percepo que essas partes interessadas tm arespeito dos perigos e riscos existentes decorrentes da natureza da atividade desenvolvida.(RINALDI, 2007, p.15)

    Segundo Larkin e Larkin (2007), somente 4% das pessoas conseguem entender umasimples comunicao de segurana. Outro fator que prejudica o entendimento da informao o excesso de informao. Segundo os referidos autores, isso acontece por causa da baixaqualidade dessas comunicaes. Para que a comunicao de segurana seja de alta qualidade,eles sugerem s pessoas responsveis pela sua elaborao escolher tpicos com mais cuidado(transferindo a seleo dos destinatrios para os remetentes) e dedicar mais tempo napreparao de cada comunicao. Para melhorar a qualidade da comunicao e facilitar o seuentendimento, Larkin e Larkin recomenda, ainda, o uso de figuras, desenhos e linguagemsimples.

    De acordo com Kao et al. (2008), a partir do acidente de Chernobyl, ocorrido nadcada de 1986, vrias pesquisas foram desenvolvidas na tentativa de identificar os principaisfatores que compem a cultura de segurana de uma empresa, porm sem sucesso. SegundoKao et al., so 8 as dimenses que devem compor a cultura de segurana de uma empresa emque se destaca a citao em funo da relevncia a dimenso da Comunicao de Segurana eenvolvimento.

    Figura 02: Modelo de Cultura de Segurana

    Fonte: Kao et al.(2008)

    As empresas se utilizam de vrios mecanismos para comunicar riscos aostrabalhadores e as demais partes interessadas. Na viso de Meneguetti (2010), em funo do

    programa de comunicao de risco denominado Auditoria Comportamental buscar asensibilizao e aprendizagem do trabalhador, existe a tendncia de mudana na cultura desegurana desse trabalhador pela melhoria da percepo de riscos, da motivao ou at mesmopela troca de experincia entre o auditor e o auditado.

    Compromisso organizacional

    Compromisso gerencial

    Compromisso individual

    Gesto de SeguranaSistema &

    Acidente eEmer ncia

    Treinamento desegurana

    Atitude deSegurana e

    Comunicao deSegurana

    eenvolvimento

    Superviso desegurana e

    Compromisso emsegurana e

    Recompensa ebenefcio

    CULTURA DE SEGURANA

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    3. METODOLOGIASegundo Moresi (2003), quanto aos mtodos de investigao, a pesquisa pode ser

    classificada em Pesquisa de Campo, Laboratrio, Telematizada, Documental, Bibliogrfica,Experimental, Investigao ex post facto, Pesquisa participante, Pesquisa-ao e Estudo deCaso. Considerando que os tipos de pesquisa no so mutuamente excludentes e que esteestudo tem o propsito de analisar a percepo dos trabalhadores sobre os riscos existentes noseu ambiente de trabalho, adotou-se a classificao da pesquisa como de natureza Aplicada,de abordagem Qualitativa e Quantitativa, Exploratria e Descritiva, sob o ponto de vistade seus objetivos; e quanto aos mtodos de investigao, Pesquisa de Campo,por se tratar deinvestigao emprica realizada no local em que ocorre ou ocorreu um fenmeno;Documental, porque utiliza dados especficos da rea de Negcio de Empresa de EnergiaBrasileira e da sua Unidade de Operao de rea de Negcio de Empresa de EnergiaBrasileira, objeto da pesquisa; Pesquisa Bibliogrfica, tendo com base matrias publicadasem livros, revistas, jornais, redes eletrnicas, isto , material acessvel ao pblico em geral; eEstudo de Caso, que permite evidenciar novas descobertas, observando determinadasquestes envolvendo indivduos, atravs de uma pesquisa emprica que investiga algunsfenmenos contemporneos dentro de situaes reais. (GIL, 2007; YIN, 2005).

    A figura 03 apresenta as justificativas de utilizao dos mtodos de investigaoutilizados na pesquisa.

    Figura 03: Metodologia de pesquisa

    Fonte: Autora da dissertao

    Para medir a percepo do trabalhador sobre os riscos do seu ambiente de trabalho foiutilizado um questionrio construdo em duas partes: Parte I, intitulada Dados doColaborador, composta por questes de mltipla escolha e uma questo dicotmica e direcionada ao conhecimento das caractersticas pessoais dos trabalhadores necessrias pesquisa, tais como gnero, faixa etria, tempo de trabalho na Unidade, vnculo empregatcio,

    grau de escolaridade, funo e acidentalidade na Unidade; Parte II, denominada Percepo deRiscos, formada por questes que visam identificar e medir, no momento da pesquisa, aPercepo de Riscos dos trabalhadores diante dos perigos existentes no seu ambiente detrabalho e identificar, em sua opinio, qual dos Programas de Comunicao de Riscos(Dilogo Dirio de Segurana, Meio Ambiente e Sade - DDSMS, Auditoria

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    Comportamental, Anlise Preliminar de Riscos, Palestra de Integrao, Procedimento deServios de Pintura e/ou Permisso para Trabalho) utilizados na Unidade contribuisignificativamente para perceber os riscos (identificar os perigos e reconhecer os riscos) doseu ambiente de trabalho.

    No desenvolvimento da Parte II, foram utilizadas as informaes do Padro deExecuo de Identificao de Aspectos e Perigos e Avaliao de Risco adotado pela Unidade,datado de 2009, dados do Banco de Dados de AIPC, verso 2010, no qual so armazenadas egerenciadas as informaes sobre os aspectos/impactos, perigos/consequncias e avaliao derisco das tarefas desenvolvidas na unidade em que se inclui o Servio de Pintura Industrial.De acordo com o Padro de Execuo de Identificao de Aspectos e Perigos e Avaliao deRisco (2009.

    A triagem da amostra-piloto adotou como critrio a totalidade de empregadosenvolvidos com o Servio de Pintura Industrial, perfazendo 25 trabalhadores: 01 empregadoprprio da Unidade, 01 cedido de outra Unidade de Operao da Empresa de Energia

    Brasileira na funo de fiscal de contrato e 23 empregados terceirizados, sendo 03encarregados, 01 tcnico de segurana, 01 inspetor de qualidade, 14 pintores e 04 pintoresjatistas. Cabe ressaltar que a execuo dos Servios de Pintura Industrial realizadaexclusivamente pelos empregados terceirizados. Em funo do quantitativo mostrado, estapesquisa considerada emprica e apresenta algumas etapas de investigao exploratria decunho qualitativo e quantitativo. Dessa forma, possvel que ela tenha certa carga desubjetividade, cujas dificuldades e/ou facilidades no podem ser generalizadas a partir daconfrontao prtica apresentada.

    4. APRESENTAO, ANLISE E DISCUSSO DOS DADOS

    4.1QUESTIONRIO PARTE I DADOS DO COLABORADORSo apresentam-se abaixo os dados coletados a partir do questionrio:

    Sexo: O sexo masculino predominante no Servio de Pintura Industrial sendoidentificada apenas uma mulher que exerce a funo de tcnica de segurana, com idade entre22 e 32 anos. Em funo da quantidade nfima de mulheres, no foi possvel traar umcomparativo entre a Percepo de Riscos de Homens e Mulheres. Faixa etria: Identificado

    equilbrio (29%) entre as faixas etrias de 22 a 32 anos e de 44 a 54 anos o que configura umaequipe adulta com idade mdia de 38 anos. Cabe lembrar que apenas a idade mdia no suficiente para caracterizar a maturidade da equipe, existem outros fatores que devem serconsiderados. Tempo de Trabalho na Unidade de Operao objeto da pesquisa Registra-se uma ligeira predominncia de trabalhadores na faixa de 11 a 15 anos de trabalhona Unidade de Operao objeto da pesquisa. Embora a predominncia do tempo de empresados trabalhadores esteja na faixa de 11 a 15 anos, de acordo com os dados estatsticos deacidentes ocorridos Unidade de Operao objeto da pesquisa no perodo 2008-20010,demonstram que 62,3% dos acidentes ocorreram com trabalhadores com tempo de empresa deat 6 anos. A interpretao deste dado impulsiona a elaborao e implantao de medidasvoltadas a educao dos trabalhadores na busca da melhoria da Percepo de Riscos edesenvolvimento de atitudes seguras. Vnculo empregatcio com a Unidade Objeto dapesquisa - Dos vinte e quatro (24) trabalhadores envolvidos com o Servio de PinturaIndustrial que participaram da pesquisa, vinte e trs (23) so de empresa contratada (95,8%) eum (1) empregado cedido de outra unidade da Empresa Brasileira de Energia. Este dado

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    preocupante em funo da alta rotatividade dos empregados terceirizados e impulsiona aempresa a aumentar os investimentos em capacitao a fim de que os trabalhadores sejamcapazes de identificar e reconhecer os riscos do seu ambiente de trabalho. Grau deescolaridade: Cinqenta e nove (59) % dos trabalhadores do Servio de Pintura Industrial

    que participaram da pesquisa possuem at o 1 grau completo. No h nenhum funcionriopesquisado com curso superior. Este mais um dado preocupante que enfatiza a necessidadepremente de capacitao dos trabalhadores e que pode estar influenciando a percepo dosriscos e do entendimento da importncia dos programas de comunicao de riscos. rea deAtuao - Dos trabalhadores envolvidos com o Servio de Pintura Industrial, os pintores(58%) foram os que mais se acidentaram no perodo 2008-2010. Acidentalidade - Dos vinte equatro (24) trabalhadores que participaram da pesquisa, dezenove (19) responderam quenunca se acidentaram enquanto quatro (4) responderam que j se acidentaram e um deixou deresponder. Os acidentes informados ocorreram em 1980, 2008 e 2010, sendo que um dostrabalhadores no informou o ano do acidente. Cabe informar que somente 2 acidentadosfaziam parte da estatstica, atualmente continuam trabalhando na empresa contratada que

    executa o Servio de Pintura Industrial. Procedeu-se em seguida a anlise dos dadosrespondidos por cada trabalhador no Questionrio Parte II - Percepo de Riscos.

    4.2 QUESTIONRIO PARTE II - PERCEPO DE RISCOSDe acordo com o grfico 15, dos 24 trabalhadores participantes da pesquisa de campo,

    somente 05 (21%) conseguiram identificar todos os 23 perigos descritos na tabela 05 (subitem3.4.1 Instrumento de Pesquisa). Os demais identificaram menos de 23 perigos, sendo que 9(ou 38%) identificaram menos de 20 perigos.

    Grfico 01: Quantidade de perigos identificados por trabalhador - Servio de Pintura Industrial

    Fonte: Questionrio Parte II - Percepo de Riscos - elaborado pela autora (2011)

    Este resultado indica que 79 % dos trabalhadores no identificaram todos os perigosdo ambiente do Servio de Pintura Industrial.

    Conforme Bley (2007, p.113), a percepo de riscos diz respeito capacidade que oindivduo possui para identificar os perigos e reconhecer os riscos, atribuindo-lhe significado,seja no trabalho, no trnsito, no ar.

    O resultado do somatrio da Severidade e Probabilidade, isto , o nvel de riscoatribudo pelos trabalhadores, foi comparado ao nvel de risco definido para cada perigo pelaUnidade de Operao objeto da pesquisa para o Servio de Pintura Industrial com base natabela 05. O grfico 02 indica que apenas 04 (18%) perigos tiveram seu nvel de risco com

    QUANTIDADE DE PERIGOS IDENTIFICADOS POR

    TRABALHADOR

    Servio de Pintura Industrial

    1 4 2 1 1 4 2 4 5

    14 15 16 18 19 20 21 22 23

    Total de perigos percebidos

    Trabalhador

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    pontuao igual a estabelecida pela Unidade. O que mais chamou a ateno que 10 (44%)perigos tiveram seu respectivo nvel de risco com pontuao acima da definida pela Unidadee, ainda, em 05 (23%) deles a pontuao ficou abaixo da definida pela Unidade, o que bastante preocupante, pois alguns trabalhadores denotam falta de noo das consequncias

    reais dos perigos a que esto expostos.

    Grfico 02:Nvel de risco trabalhador vs.Unidade objeto da pesquisa - Servio de Pintura Industrial

    Fonte: Questionrio Parte II - Percepo de Riscos - elaborado pela autora (2011)

    A Unidade de Operao objeto da pesquisa possui um Programa de Comunicao deRiscos que contempla vrios mecanismos de comunicao de riscos junto fora de trabalho

    e partes interessadas que so inseridos no seu Sistema de Gesto de Segurana e Sade.Dentre estes mecanismos, os mais reconhecidos e utilizados na Unidade de Operao objetoda pesquisa parar buscar desenvolver a Percepo de Riscos do trabalhador temos o DilogoDirio de SMS, Auditoria Comportamental, Anlise Preliminar de Riscos, Palestra deIntegrao, Permisso para Trabalho e padres de execuo das tarefas. No questionrio ParteII foi inserida uma questo do tipo mltipla escolha para que os trabalhadores identificassemquais ou quais programas ajudavam a perceber os riscos do ambiente do Servio de PinturaIndustrial. O DDSMS foi o mecanismo mais indicado pelos trabalhadores.

    Analisando cada um destes mecanismos verificou-se a possibilidade de incluso devrias medidas orientativas visando melhorar a eficcia dos mesmos, tais como: Incluir emtodos DDSMS realizados na Unidade informaes sobre a severidade, probabilidade e nvel

    de risco do perigo, pois os dados da pesquisa demonstram que vrios trabalhadoresreconhecem o nvel de risco de alguns perigos abaixo do nvel definido pela Unidade deOperao, o que pode, com maior probabilidade, exp-los ao risco ou acima do nvel definidopela Unidade, checar durante a Auditoria Comportamental (equipe auditora) se o trabalhadorem que foi observado o desvio conhece todos os perigos e nveis de risco destes perigosexistentes no ambiente de trabalho do servio executado e as consequncias de exposio aosmesmos, verificar se os trabalhadores entenderam informaes descritas na PT por meio dequestes sobre o contedo do documento a serem respondidas pelos mesmos antes daexecuo da tarefa e, caso possvel, disponibilizar os desenhos e figuras do servio a serexecutado nas frentes de servio junto aos demais documentos para consulta pelosexecutantes, transformar o contedo da APR em desenhos simples sem sofisticaoapresentando aos trabalhadores e, posteriormente, assegurar junto aos trabalhadores se acomunicao foi eficazmente entendida, elaborao pela empresa contratada gestora dopadro do padro de Servio de Pintura Industrial, tornar a linguagem do procedimento clara esimples de forma que todas as informaes nele contidas sejam facilmente entendidas pelos

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    usurios; (2) que o contedo do padro seja baseado Levantamento de AIPC contemplandotodos aspectos, impactos ambientais, perigos e consequncias segurana e sade bem comoas aes de controle dos perigos devendo estar informaes serem inseridas no padro naforma de tabela.

    .

    5 CONCLUSESFazendo-se uma correlao entre os resultados apresentados nos grficos 01 e 02 e os

    mecanismos de comunicao de riscos do Programa de Comunicao de Riscos de seuSistema de Gesto de SST verifica-se que os mesmos no esto sendo capazes de preparar otrabalhador a perceber os riscos do seu ambiente do trabalho e desenvolver atitudesseguras.Os resultados da anlise da Percepo de Riscos denotam a visvel necessidade detreinamento destes trabalhadores em funo do grau de escolaridade e reavaliao do

    Programa de Comunicao de Riscos da Unidade ora adotado.A partir destes dados, possvel concluir que a incorporao da anlise da percepo

    de riscos ao Sistema de Gesto de SST contribui significativamente para identificar possveislacunas no processo de comunicao de riscos bem como aponta melhorias a seremincorporadas ao programa ora em vigor, tais como, novos mecanismos de treinamento ecomunicao de riscos como o Portal de risco, via Web, que pode ser aplicado antes doempregado assumir as suas funes bem como de maneira peridica para reforar as liesaprendidas corroborando para o aprimoramento e melhoria do desempenho do Sistema deGesto de SST da empresa.

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