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GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016 ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO Diário da Manhã 1 57 ANOS DE 36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ DESDE O CINCO DE MARÇO O JORNAL DO LEITOR INTELIGENTE QUE O MUNDO VÊ E LÊ NA INTERNET www.dm.com.br A HOMENAGEM DOS QUE CONHECEM A HISTÓRIA DO DIÁRIO DA MANHÃ OPINIÃO Alfredo Nasser Metralhados estudantes em praça pública X PÁGINA 2 João de Deus O jornal, amigo de Deus, que planta esperanças nos corações sofridos X PÁGINA 14 Marconi Perillo O Diário da Manhã, alicerce das liberdades X PÁGINA 3 Alfredo Nasser Conversa Íntima X PÁGINA 19 José Eliton Cinco de Março, DM e Batista Custódio: o jornalismo a serviço da sociedade X PÁGINA 2 Paulo Garcia O Diário da Manhã é parte da história goiana X PÁGINA 4 Maguito Vilela Aparecida saúda os 57 anos de história do Diário da Manhã X PÁGINA 5 Pe. Luiz Augusto A mensagem que rompe correntes:“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. João, 8 X PÁGINA 9 Pe. Rafael Magul Ao jornal, livre, Diário da Manhã X PÁGINA 6 Ton Alves O peso do sonho na leveza do papel X PÁGINA 10 Elizabeth Caldeira Brito O Diário das manhãs plurais X PÁGINA 6 Luiz de Aquino DM, 36 anos: a notícia é nossa vida X PÁGINA 7 Helvécio Cardoso Uma escola risonha e franca X PÁGINA 8 Lêda Selma Diário da Manhã, um amanhã sempre regado pelo sol X PÁGINA 11 PX Silveira Aos senhores do jornal, seus leitores X PÁGINA 12 Maria Elizabeth Fleury Teixeira Festejando o bom caminho X PÁGINA 13 Bento Fleury Diário da Manhã – 36 anos de resistência X PÁGINA 15 João Soh A epopeia de Batista Custódio X PÁGINA 17 Eder Machado Informação faz a inserção social X PÁGINA 17 Ailton José Oliveira Nossa gratidão ao Diário da Manhã X PÁGINA 17 Arthur da Paz O ABRAÇO DE DEUS X PÁGINA 18 CARTA AO FUTURO O jornal Diário da Manhã ce- lebra 36 anos de existência com um caderno especial que diz muito sobre sua luta: estão neste caderno as dificuldades, os enfrentamentos políticos, as cam- panhas editorializadas e acima de tudo a efetivação concreta dos so- nhos que foram sonhados dia e noi- te pelos jornalistas Batista Custódio e Consuelo Nasser – jovens idealis- tas, fundadores do lendário Cinco de Março , que abandonaram a se- gurança da vida para abrir o peito e se jogar nas mais árduas batalhas em defesa da dignidade humana. Com os 21 anos do semanário Cinco de Março , hoje apenas na me- mória, esta soma nos dá 57 anos de busca pela Liberdade. Nesta edição exclusiva de co- memoração, sua equipe de repor- tagem fez diferente: o DM é que se transformou em notícia. E muitos destes jovens jornalistas ainda se espantaram com a história desse impresso que marcou de for- ma decidida a vida pública de Goiás e do Brasil. Para aqueles que ainda não co- nhecem a história do impresso e para aqueles que ainda vão co- nhecer, é preciso enviar uma car- ta aberta, deixando-a registrada no futuro. O DM é o único diário de Goiás que atravessou a ditadura e chegou ao regime democrático sem jamais comungar com os princípios auto- ritários ou na desfaçatez da visão ideológica monolítica. O único que reuniu os melhores jornalistas do país. E o que mais forma profissio- nais para a grande imprensa. Desde seu início foi um jornal cuja existên- cia se firmava em fundamentos da liberdade, tão cara aos que nele mi- litaram seus credos e ideologias. Se existe um abrigo dos persegui- dos e ‘outsiders’, o endereço é este aqui, com dois domicílios, inicial- mente na avenida 24 de outubro, em sua primeira década de exis- tência, e outro na avenida Anhan- guera, no setor Universitário. O Diário da Manhã chega aos 36 anos como um guerreiro, que enfrentou – como nunca – forças políticas que preferiam, de fato, sua não existência. Particularmente nas duas úl- timas décadas, tentou-se de tudo para fazer com que o jornal desse o braço a torcer e desistisse de perma- necer sua luta intermitente e diária. O DM foi torturado e asfixiado de todas as formas. E jamais en- frentou a angústia e o medo de não ter saídas de emergência – mesmo que elas não existissem. O impresso que chega hoje em suas mãos permaneceu de pé graças aos apoiadores e idealistas que a cada ano renovam sua alian- ça com o jornalismo apaixonado praticado pelos seus integrantes. Se os algozes foram poucos, os guerreiros ao lado do DM foram milhares. Como a metáfora de um dos textos que seguem neste caderno especial, o DM incorporou a ima- gem de um barco que navegou sempre em mares bravios. Navegou, navega e navegará. Esse DM segue com mastro que- brado, velas rasgadas, marinhei- ros estropiados, mas permanece com o jornalista Batista Custódio no leme vendo portos seguros an- tes que a tripulação aviste terra. Talvez a sina do Diário da Ma- nhã seja jamais encontrar este por- to seguro. Mas a epopeia provoca a cada dia epifanias em seus comba- tentes, a ponto de compensar todas as dificuldades e prazeres fáceis. Portanto, aqueles que tentaram destruir o DM, apenas o moldan- do aos seus interesses mesqui- nhos, sabem no (in) conscien- te do que se fala aqui: apesar da pressão, das tentativas de des- truição, das silenciosas torturas, nossa caravela vai seguir e contar a história para o futuro. Nós corremos risco sem parar. Temos vocação para as chuvas mais fortes e as tempestades mais inima- gináveis. Quem viver verá. DESIGN GRÁFICO E EDIÇÃO POR ARTHUR DA PAZ SELEÇÃO DE CONTEÚDO E PREPARAÇÃO EDITORIAL WELLITON CARLOS

57 Anos de Liberdade do Diário da Manhã

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Caderno especial comemorativo celebra os 36 anos do jornal Diário da Manhã, que somado aos 21 anos do antigo semanário Cinco de Março, dão 57 anos de luta pela liberdade de expressão humana. Confira nesta edição.

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Page 1: 57 Anos de Liberdade do Diário da Manhã

GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016ESPECIAL DE ANIVERSÁRIODiário da Manhã 1

57 ANOS DE 36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

O JORNAL DO LEITOR INTELIGENTE QUE O MUNDO VÊ E LÊ NA INTERNET www.dm.com.br

A HOMENAGEM DOS QUE CONHECEM A HISTÓRIA DO DIÁRIO DA MANHÃOPINIÃO

Alfredo NasserMetralhados estudantes

em praça pública X PÁGINA 2

João de DeusO jornal, amigo de Deus, que planta esperanças nos corações sofridos

X PÁGINA 14

Marconi PerilloO Diário da Manhã, alicerce das liberdades

X PÁGINA 3

Alfredo NasserConversa Íntima

X PÁGINA 19

José ElitonCinco de Março, DM e Batista Custódio: o jornalismo a serviço da sociedade

X PÁGINA 2

Paulo GarciaO Diário da Manhã é parte da história goiana

X PÁGINA 4

Maguito VilelaAparecida saúda os 57 anos de história do Diário da Manhã

X PÁGINA 5

Pe. Luiz AugustoA mensagem que rompe correntes: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. João, 8

X PÁGINA 9

Pe. Rafael MagulAo jornal, livre, Diário da Manhã

X PÁGINA 6

Ton AlvesO peso do sonho na leveza do papel

X PÁGINA 10

Elizabeth Caldeira BritoO Diário das manhãs plurais

X PÁGINA 6

Luiz de AquinoDM, 36 anos: a notícia é nossa vida

X PÁGINA 7

Helvécio CardosoUma escola risonha e franca

X PÁGINA 8

Lêda SelmaDiário da Manhã, um amanhã sempre regado pelo sol

X PÁGINA 11

PX SilveiraAos senhores do jornal, seus leitores

X PÁGINA 12

Maria Elizabeth Fleury TeixeiraFestejando o bom caminho

X PÁGINA 13

Bento FleuryDiário da Manhã – 36 anos de resistência

X PÁGINA 15

João SohA epopeia de Batista Custódio

X PÁGINA 17

Eder MachadoInformação faz a inserção social

X PÁGINA 17

Ailton José OliveiraNossa gratidão ao Diário da Manhã

X PÁGINA 17

Arthur da PazO ABRAÇO DE DEUS

X PÁGINA 18

CARTA AO FUTURO

O jornal Diário da Manhã ce-lebra 36 anos de existência com um caderno especial

que diz muito sobre sua luta: estão neste caderno as dificuldades, os enfrentamentos políticos, as cam-panhas editorializadas e acima de tudo a efetivação concreta dos so-nhos que foram sonhados dia e noi-te pelos jornalistas Batista Custódio e Consuelo Nasser – jovens idealis-tas, fundadores do lendário Cinco de Março, que abandonaram a se-gurança da vida para abrir o peito e se jogar nas mais árduas batalhas em defesa da dignidade humana.

Com os 21 anos do semanário Cinco de Março, hoje apenas na me-mória, esta soma nos dá 57 anos de busca pela Liberdade.

Nesta edição exclusiva de co-memoração, sua equipe de repor-tagem fez diferente: o DM é que se transformou em notícia.

E muitos destes jovens jornalistas ainda se espantaram com a história desse impresso que marcou de for-ma decidida a vida pública de Goiás e do Brasil.

Para aqueles que ainda não co-nhecem a história do impresso e para aqueles que ainda vão co-nhecer, é preciso enviar uma car-ta aberta, deixando-a registrada no futuro.

O DM é o único diário de Goiás que atravessou a ditadura e chegou

ao regime democrático sem jamais comungar com os princípios auto-ritários ou na desfaçatez da visão ideológica monolítica. O único que reuniu os melhores jornalistas do país. E o que mais forma profissio-nais para a grande imprensa. Desde seu início foi um jornal cuja existên-cia se firmava em fundamentos da liberdade, tão cara aos que nele mi-litaram seus credos e ideologias.

Se existe um abrigo dos persegui-dos e ‘outsiders’, o endereço é este aqui, com dois domicílios, inicial-mente na avenida 24 de outubro, em sua primeira década de exis-tência, e outro na avenida Anhan-guera, no setor Universitário.

O Diário da Manhã chega aos 36 anos como um guerreiro, que enfrentou – como nunca – forças políticas que preferiam, de fato, sua não existência.

Particularmente nas duas úl-timas décadas, tentou-se de tudo para fazer com que o jornal desse o braço a torcer e desistisse de perma-necer sua luta intermitente e diária.

O DM foi torturado e asfixiado de todas as formas. E jamais en-frentou a angústia e o medo de não ter saídas de emergência – mesmo que elas não existissem. O impresso que chega hoje em suas mãos permaneceu de pé graças aos apoiadores e idealistas que a cada ano renovam sua alian-

ça com o jornalismo apaixonado praticado pelos seus integrantes.

Se os algozes foram poucos, os guerreiros ao lado do DM foram milhares.

Como a metáfora de um dos textos que seguem neste caderno especial, o DM incorporou a ima-gem de um barco que navegou sempre em mares bravios.

Navegou, navega e navegará.Esse DM segue com mastro que-

brado, velas rasgadas, marinhei-ros estropiados, mas permanece com o jornalista Batista Custódio no leme vendo portos seguros an-tes que a tripulação aviste terra.

Talvez a sina do Diário da Ma-nhã seja jamais encontrar este por-to seguro. Mas a epopeia provoca a cada dia epifanias em seus comba-tentes, a ponto de compensar todas as dificuldades e prazeres fáceis.

Portanto, aqueles que tentaram destruir o DM, apenas o moldan-do aos seus interesses mesqui-nhos, sabem no (in) conscien-te do que se fala aqui: apesar da pressão, das tentativas de des-truição, das silenciosas torturas, nossa caravela vai seguir e contar a história para o futuro.

Nós corremos risco sem parar. Temos vocação para as chuvas mais fortes e as tempestades mais inima-gináveis. Quem viver verá.

DESIGN GRÁFICO E EDIÇÃO POR

ARTHUR DA PAZ

SELEÇÃO DE CONTEÚDO E PREPARAÇÃO EDITORIAL

WELLITON CARLOS

Page 2: 57 Anos de Liberdade do Diário da Manhã

GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016 ESPECIAL Diário da Manhã2

Muito mais do que um ofício, o jornalismo constitui-se numa mis-são. Tem um papel de mediador so-cial insubstituível. Informa, debate ideias, introduz temas relevantes no nosso dia a dia. Quando ético e coe-rente, o jornalista amplia caminhos e forma consciências.

Vale aqui reprisar o juramento desses profissionais em suas sole-nidades de formatura: “Juro exercer a função de jornalista assumindo o compromisso com a verdade e a in-formação. Atuarei dentro dos prin-cípios universais de Justiça e demo-cracia, garantindo principalmente o direito do cidadão à informação”.

A literatura, a arte e o jornalismo retratam a alma e as relações huma-nas e tanto inspiram quanto são ins-piradas na realidade.

Em Goiás, Batista Custódio persiste há décadas na vanguarda do jornalis-mo independente e altruísta.

Primeiro no Cinco de Março, e de-pois no Diário da Manhã, ao longo das décadas se apresenta como ator e testemunha das profundas transfor-mações do mundo.

Para melhor conhecê-lo, basta mi-rar no que o próprio diz de si: “Se hou-vesse em mim o Calcanhar de Aqui-les, a parte vulnerável às flechas dos inimigos no corpo do mitológico

guerreiro grego, o Coração de Batista seria o ponto frágil por onde entra fá-cil a misericórdia nos sentimentos do jornalista destemido. Apiedo-me nas dores alheias das vítimas inocentes e dos algozes culpados”.

Mas Batista Custódio é muito mais que um grande coração.

Editou o Cinco de Março que, com suas denúncias contundentes, balan-çava a sociedade da época.

Em seguida, lançou o Diário da Ma-

nhã e incorporou ao seu jornal as inteli-gências mais reconhecidas da impren-sa nacional, como Washington Novaes, Aloysio Biondi, Mino Carta, Janio de Freitas e José Guilherme Merquior.

Hoje, aos 81 anos, embora lutando com as dificuldades da economia, o jornalista continua combativo e idea-lista, garantindo espaço às ideias e di-lemas de Goiás, do Brasil e do mundo.

O protagonismo do Cinco de Mar-ço como o semanário que ousou de-

safiar padrões autoritários e valores da época, fundamentou o surgimen-to e a enorme evolução do Diário da Manhã. Este já nasceu forte, robuste-cido pela história vitoriosa e vibran-te de seu antecessor, e não demorou muito para fazer de Goiás o centro da imprensa brasileira. Essa bela trajetó-ria dos dois veículos já soma 57 anos.

A essência de Batista Custódio é o eterno amor pela liberdade. Sua obra mais pujante foi criar o Opi-nião Pública, caderno inteiramente ocupado pelo leitor com suas ideias e opiniões. Esta abertura represen-ta, de fato, uma profunda inovação na imprensa brasileira.

É imprescindível realçar que Batis-ta Custódio age com toda devoção vol-tada para o bem público. O jornalismo propicia um grau de influência sobre a vida das pessoas maior do que a de qualquer outra profissão. Por isso mes-mo, o seu exercício requer o máximo de seriedade e de responsabilidade.

Ao celebrarmos datas tão impor-tantes, fazemos aqui uma profissão de fé no valor da imprensa enquanto observatório social, enquanto guar-diã dos valores democráticos, sem-pre a manter o espírito crítico e a acurada análise que levam ao aper-feiçoamento das atividades das di-versas instituições.

Se o advento da internet ampliou largamente o acesso à comunicação, também para os organismos de im-prensa novas oportunidade se mate-rializam ao, por exemplo, proporcio-nar a interação com leitores, ouvintes ou telespectadores, uma ação mútua que, por sua vez, refina as várias lin-guagens e permite o aperfeiçoamento no processo de apuração e difusão dos fatos. Por isso mesmo, o DM foi um dos pioneiros a ingressar na era digital.

Batista Custódio soube, como nin-guém, estabelecer essa interligação com o universo dos leitores, ao fa-zer do DM uma autêntica tribuna por onde circulam o pensamento e as concepções da atualidade, bem como as devidas reflexões sobre os aconte-cimentos que forjaram a história.

Centrado na diversidade, no respei-to às diferenças, no combate a todas as formas de discriminação, sempre em defesa de ideais comuns como demo-cracia e liberdade, o DM permanecerá como escola de jornalismo e exemplo de pleno exercício das liberdades.

A modernização de Goiás foi an-tevista e sonhada primeiro nas pá-ginas do DM. Registramos os nossos cumprimentos por notável trajetória. A vida de Batista Custódio está amal-gamada com a do jornalismo. Nos-so reconhecimento à sua história de lutas, idealismo e amor pelas causas maiores da sociedade.

JOSÉ ELITON, VICE-GOVERNADOR E SECRETÁRIO DE SEGURANÇA PÚBLICA E

ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA (SSAP-GO)

Cinco de Março, DM e Batista Custódio: o jornalismo a serviço da sociedade

É de inteira responsabilidade do governador José Feliciano e do secretár Segurança, que negligenciaram de seu dever

e do respeito às garantias constitu-cionais, a barbaridade ontem cometi-da contra os estudantes desta Capital. Eis os fatos, na versão exata.

Depois de haverem conseguido, num movimento pacífico e bem-su-

cedido, fechar todas as escolas se-cundárias, protestando contra o alto preço do Ensino, reuniram-se os es-tudantes, cerca de 19 horas e 30 minu-tos, em comício na Praça do Bandei-rante. Nenhum incidente lamentável se havia verificado ou ameaçava veri-ficar-se. Inopinadamente, porém, sol-dados do Corpo de Bombeiros pas-saram a agredir os manifestantes, tentando dispersá-los a jatos d’água e chibatadas. Mudando de posição na Praça do Bandeirante, grupos de es-tudantes, ainda pacificamente, pro-curaram continuar a manifestação.

No momento em que entoa-vam o Hino Nacional, viram-

-se violentamente atacados, já desta vez pela polícia, a cas-setetes, baionetas e metra-lhadoras. As armas assassi-nas, voltadas inicialmente

para o ar, não tardaram a procurar alvos, os jovens indefesos. Foi des-te momento em diante que se esbo-çou a reação, como não podia deixar de ser, mas já a essa altura numero-sos jovens, ensanguentados e feridos, eram conduzidos aos hospitais.

Mais cedo do que os ingênuos e os de boa-fé poderiam esperar, o se-nhor José Feliciano, com o seu des-preparo, a sua incultura, a sua aver-são pela vida democrática, ele que é um escarrado produto da ditadura – enveredou pelo caminho do crime. Ao grande público ainda não havia chegado a notícia de que os jagun-ços que tanto se celebrizaram na crônica do banditismo político já aí se encontravam, perambulando pe-las ruas, desabusada e cinicamente.

O público não sabia, mas eles aí estão para serem utilizados, na hora precisa, pelo senhor José Feliciano e pela engrenagem política a que ele serve submissamente. Mas impa-ciente por se mostrar como é, isto é, um inimigo das liberdades públicas, um insensato e um imaturo – um po-

bre sujeito apenas enfatuado –, apro-veitou a primeira oportunidade e mandou ontem à noite metralhar jo-vens estudantes secundaristas, que exercitavam pacificamente um di-reito constitucional. Um direito por cuja inscrição na lei maior de todos os países outros estudantes já morre-ram, outros homens e mulheres já fo-ram trucidados através dos tempos.

Na hora em que os bombeiros ini-ciaram a pancadaria e a água, que faziam os jovens? Cantavam o Hino Nacional. Agredidos inopinadamen-te, surrados a borracha, reagiram. Em seguida entra a polícia, dando tiros como se agisse contra facíno-ras, reeditando velhas cenas de sel-vageria e insânia, dando um estilo próprio ao banditismo que trucidou Haroldo Gurgel. E, mais tarde, quan-do estudantes ainda sangravam nas casas de saúde, o secretário de Segu-rança não só formulava pelo rádio ameaças, como cobria o governador com a sua inócua proteção, isentan-do-o da culpa. Mais do que isso, de-clarava que havia recebido ordens para não intervir.

Então o secretário está acima do governador? Tudo isso é José Feli-

ciano. Tudo isso é a sua misti-ficação, a mesma que demite 1.200 funcionários e depois nomeia os que lhe convém e

a sua panelinha. Mas ele está enganado. O crime de ontem à

noite enlameou o seu Governo. Mar-cou-o. Definiu-o. E mostra que as li-berdades públicas, que constituem uma cara conquista do povo goiano, terão que ser asseguradas com o sa-

crifício dos que não querem ser es-cravos. Ele pode continuar pelo san-grento caminho de ontem.

Esta Nação ainda tem sensibili-dade para identificar os que traem a sua penosa luta pela consolidação da vida democrática. Ele iria passar à história como um Governo inefi-ciente. Agora, conquistou mais um título. Vai passar, também, como um Governo sujo de sangue.

TRANSCRITO DO JORNAL DE NOTÍCIAS, EDIÇÃO DE 6 DE MARÇO DE 1959

METRALHADOS ESTUDANTES EM PRAÇA PÚBLICA

Feliciano como ele é: insensato e sanguinário

Reprodução na íntegra da notícia escrita

por Alfredo Nasser que

narra o evento, em sua “versão exata”, que foi o fato base para o nascimento do semanário

Cinco de Março

José ElitonEspecial à

Alfredo NasserMemorial do

José Feliciano Ferreira, de Jataí, governou Goiás entre 1959-1961

Duas edições do semanário Cinco de Março, com a logomarca em cores diferentes

ARQUIVO DM / NOSSOCATALAO

57 ANOS DE 36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

Page 3: 57 Anos de Liberdade do Diário da Manhã

GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016ESPECIALDiário da Manhã 3

O jornal Diário da Manhã é alicerce do jor-nalismo na defesa das liberdades, um orga-nismo que se emoldurou na contemporanei-dade e é também um meio de comunicação importantíssimo para o Estado de Goiás. O jornalista Batista Custódio, visceralmente li-gado ao melhor jornalismo mundial, assimila as vicissitudes e se insere no contexto do bom jornalismo, quando se assenhora das respon-sabilidades mais lídimas da sociedade brasi-leira, em geral, e da goiana, em particular.

Batista merece sempre o nosso aplauso, pela causa da democracia que sempre de-fendeu e defende, por abrir espaços à diversi-dade de pensamentos e por se enfileirar nas trincheiras vanguardistas em defesa de um mundo plural e antenado com a moderni-dade, que atrai qualidade, eficiência e muitas vezes é beligerante na defesa da liberdade de imprensa e de pensamento.

Merece sempre minha consideração e meu aplauso o jornalista Batista Custódio, por se colocar como vanguardista do acura-do jornalismo, tão necessário hoje em dia e mais ainda em nossa história de lutas em de-

fesa dos mecanismos de promoção social.Outro ponto de destaque no perfil desse

vanguardeiro da contemporaneidade é sua ousadia para propor e experimentar o novo. Foi assim quando o Diário da Manhã inau-gurou em Goiás a impressão colorida e tam-bém pelo seu pioneirismo na internet, a gran-de rede mundial da comunicação hoje em dia. Batista foi ousado e visionário quando percebeu isso e foi logo colocando em pau-ta essas experiências, tanto que o DM é hoje o meio de comunicação em Goiás com uma das maiores audiências na internet.

Carrego comigo uma máxima que aprendi lendo o escritor francês Vitor Hugo, autor, en-tre outros do clássico “Os Miseráveis”, quando disse: “Tudo quanto aumenta a liberdade, au-menta a responsabilidade”. Batista Custódio tem a medida exata dessa premissa e a em-prega com uma maestria impecável, sabedor influente e perspicaz de que todos somos res-ponsáveis por nossos atos e por isso temos a necessária liberdade para exercê-los.

O livre pensamento prolifera nas páginas do Diário da Manhã, totalmente embasado na premissa desse baluarte das liberdades. Todos os pensamentos são traduzidos, sem censura, nas páginas do DM, na linha de fren-te pela diversidade de pensamento, ceden-do espaço às ideologias e no posicionamento coerente em defesa da justiça social.

Batista Custódio merece meu aplauso, mi-nha grande consideração e minhas felicita-ções por completar, com sua trupe de craques do jornalismo, mais uma etapa nessa luta, mais um ano de vida do Diário da Manhã, que nos enche, e faço questão de expressar, do mais puro sentimento de alegria e graça. Batista con-duz como poucos sua equipe de trabalho, isso desde os áureos tempos do Cinco de Março, que marcou época e fez história. Ele sabe a medida correta do bom jornalismo e a exerce com uma acuidade de doutor em comunicação e a maes-tria de um dedicado professor. Batista Custódio é também um empresário sagaz e guiado pelo idealismo e pela criatividade.

Quero, nesta oportunidade, parabenizá-lo e a toda sua equipe de funcionários e colabo-radores pelo empenho e dedicação na con-dução do Diário da Manhã, página impres-cindível do jornalismo que brota em Goiás e se espalha mundo afora.

MARCONI PERILLO, GOVERNADOR DE GOIÁS

O Diário da Manhã, alicerce das liberdades

O terceiro melhor do BrasilÉ HISTÓRIA

Academia Brasileira de Letras premiou o jornal como um dos mais influentes no País. Diário da Manhã já foi o 18° impresso de maior circulação no Brasil

No começo dos anos 1980, a ditadura de 1964 ain-da agonizava, mas já se

podiam enxergar as cores de um novo horizonte. O exílio destran-cavam suas portas e o bipartida-rismo chegava ao fim. Foi nes-te cenário esperançoso que no dia 12 de março de 1980 nascia o Diário da Manhã. No seu DNA o semanário Cinco de Março.

O novo diário surgiu sob o sig-no do sucesso e fez uma revolu-ção nos meios de comunicação. Depois dele, nunca mais a im-prensa goiana foi à mesma. De acordo com o jornalista Carlos Alberto Santa Cruz, que já traba-lho no DM, após a sua criação o jornal virou cartilha nas univer-sidades, mural dos exilados po-líticos que retornavam à Pátria e a voz dos que foram silenciados durante toda a ditadura.

“O Diário da Manhã iniciou do tamanho das grandes publi-cações nacionais, um jornal à al-tura do eixo Rio-São Paulo e que chegou a receber da Academia Brasileira de Letras o prêmio de o terceiro melhor jornal do Bra-sil”, lembra o jornalista.

Carlos Alberto afirma ainda

que era rara a semana em que um deputado ou senador não subia à tribuna, escorando-se no DM, ora para ler matéria de alto interesse público, ora para aju-dá-lo em sua oração. O Diário da Manhã já foi o 18° jornal de maior circulação no Brasil.

Além de Batista Custódio e Consuelo Nasser, o DM era fei-to pelos melhores jornalistas de Goiás, como Carlos Alberto Sá-fadi, Isanulfo Cordeiro, Jayro Ro-drigues, Fleurymar de Souza, Carlos Alberto Santa Cruz, Mar-co Antônio da Silva Lemos, Lori-má Dionísio, Wilson Silveira, Sô-nia Penteado, Hélio Rocha, Javier Godinho, entre outros.

‘MONSTROS SAGRADOS’

O Diário também foi compos-to pelos “monstros sagrados do jornalismo brasileiro”, como sa-lienta Carlos Alberto. Já fizeram parte da redação profissionais dos grandes jornais de São Pau-lo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Foram eles: Milton Coelho da Graça, Mino Carta, Aloysio Bion-di, Cláudio Abramo e Washing-ton Novaes. Na época, inclusive, eles ganharam dos colegas o ape-lido de “legião estrangeira”.

Mas a legião estrangeira, mui-tas vezes termo usado com ironia, trouxe para Goiás nomes premia-dos como Biondi, vencedor de

dois prêmios Esso, em 1967, pela revista Visão, e em 1970, pela Veja, e responsável por ajudar a formar a nova geração dos jornalistas, caso de Ferreira Júnior, Euler Be-lém, Ulisses Aesse e Welliton Car-los, responsáveis por editar o jor-nal nos anos 1990 e 2000.

Pelo DM, já se passaram os melhores jornalistas do Brasil, ga-nhadores de prêmio Esso e regio-nais. Outros grandes nomes co-nhecidos também passaram pelo jornal, como o repórter e apresen-tador, Oloares Ferreira; a repórter da Rede Globo, Lilia Teles; a repór-ter da Rede Record, Cleisla Garcia; o jornalista do O Globo, Vinicius Sassine; e tantos outros.

Maria PlanaltoEspecial à

Marconi PerilloEspecial à

Batista Custódio e Consuelo Nasser fundaram o Cinco de Março e iniciaram juntos a primeira fase do Diário da Manhã: impresso foi considerado um dos melhores do país, pela Academia Brasileira de Letras

Ao lado de Washington Novaes, Aloysio Biondi formou novos jornalistas na redação do DM: especialista em jornalismo econômico escrevia de forma crítica ao governo de Fernando Henrique Cardoso

ARQUIVO DM

ARQUIVO DM

57 ANOS DE 36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

HOJE, UMA GRANDEHISTÓRIAVIROUNOTÍCIA.PARABÉNS, DIÁRIO DA MANHÃ, PELOS 36 ANOS NOTICIANDO O DESENVOLVIMENTO DO NOSSO ESTADO.

NEGÓCIOS IMOBILIÁRIOS

Page 4: 57 Anos de Liberdade do Diário da Manhã

GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016 ESPECIAL Diário da Manhã4

O Jornalismo, quando bem pautado, tem um papel fundamental na tradução da sociedade e na difusão de conhecimen-to. O Cinco de Março e o Diário da Ma-nhã, fundados pelo casal Batista Custódio e Consuelo Nasser há 56 anos, são exem-plos claros dessa tradução e de fio interme-diador entre democracia e cidadania. Sem-pre pautado pela humanização da notícia, o DM, como costumeiramente é lembrado pelos leitores, ajudou a criar novos contor-nos nos debates públicos, sociais, culturais e políticos do Planalto Central.

Em 1959 surgia em Goiás, em meio à in-satisfação política e social do período, o jor-nal Cinco de Março, que abriu espaço em 1980 para a criação do Diário da Manhã. Ao todo, lá se vão 56 anos de história e de inten-sa produção jornalística, que, sem dúvida al-guma, permitiu aos cidadãos conhecer e ar-gumentar fatos do espaço público e político. O Diário da Manhã resistiu ao tempo, às ino-vações tecnológicas e à ascensão da internet, pois foi um dos primeiros grandes veículos de comunicação a ter seu conteúdo disponí-vel gratuitamente no meio digital.

O DM também foi um dos primeiros veí-culos a ter suas páginas coloridas, a contar com articulistas intelectuais como Carlos Drummond de Andrade e um dos primei-ros jornais brasileiros a falar de ecologia, sustentabilidade e preservação do meio ambiente, quando as intervenções huma-

nas na natureza ainda não eram discutidas.Outro ponto a ser reconhecido é que, em

mais de cinco décadas, o periódico, que foi o primeiro jornal em Goiás realmente a circular de domingo a domingo, tem nos dias atuais o maior caderno de Opinião Pública que se tem notícia no País. Valendo-se do direito à mani-festação livre do pensamento e da informação garantido pelo artigo 220 da Constituição Fe-deral, os profissionais das mais diversas pro-fissões, estudantes universitários, jornalis-tas, poetas, religiosos, ateus, políticos e outros atores sociais têm à disposição um espaço de pluralidade onde podem expor livremen-te seus pensamentos e suas ideias. A liberda-de de imprensa e de expressão estabelece um ambiente no qual, sem censura ou medo, vá-rias opiniões e ideologias podem ser manifes-tadas e contrapostas, ensejando um processo de formação do pensamento. Este ambiente de opinião acrescido ao caderno informativo compõem a credibilidade e o alto alcance so-cial do Diário da Manhã.

Além disso, acredito que a imprensa preci-sa ter uma visão crítica em relação aos pode-res instituídos, especialmente os de nature-za pública. E este aspecto é visto diariamente nas páginas do DM. Desde 2010, ano que as-sumi a Prefeitura de Goiânia, o jornal e seus profissionais sempre deram atenção às ações realizadas pela administração mu-nicipal e retrataram os fatos com seriedade e responsabilidade, contribuindo positiva-mente para a melhoria da gestão e pela cons-trução de uma Goiânia capaz de enfrentar cotidianamente seus desafios. Pelo seu pio-neirismo e ineditismo, o Diário da Manhã é parte da história goiana. Uma história que ainda está sendo construída.

PAULO GARCIA, PREFEITO DE GOIÂNIA

O Diário da Manhã é parte da história goiana

Lideranças comunitárias celebramAPOIO POPULAR

Quase vinte presidentes de associações de

moradores vieram à Redação do

Diário da Manhã agradecer apoio do

jornal às lutas comunitárias

Vinte líderes comunitá-rios de todas as regiões de Goiânia fizeram, na tar-

de da última sexta-feira, uma vi-sita surpresa ao fundador e editor geral do Diário da Manhã, Batis-ta Custódio. O propósito da visi-tação foi prestar uma homena-gem ao Diário da Manhã pelos seus 37 anos, que se comemoram neste mês de março, bem como os 57 anos de fundação do Cinco de Março.

O DM surgiu como sucedâ-neo matutino do semanário Cin-co de Março. Um e outro estão ligados por uma linha de conti-nuidade ideológica.

O motivo foi, também, como enfatizam todos os líderes, agra-decer ao Diário da Manhã o apoio que o jornal vem dan-do, ao longo desses anos, às lu-tas populares. Comandados por Ulysses de Souza, da Vila União, os líderes deram ao evento um caráter informal. Foi destaca-do o fato do Diário da Manhã sempre dar espaço para os líde-res se manifestarem livremente. “A liberdade está conosco, aqui e agora”, enfatizou Ulysses.

“Quantos benefícios, quantas benfeitorias nossos bairros já con-seguiram graças ao jornal”, excla-maram. Por isso, afirmou Ulys-ses, “nossa vinda aqui foi para agradecer e fortalecer a amiza-de”. Emocionados, todos deram testemunho da importância do jornal na vida das comunidades. Cada um destacou aspectos das lutas comunitárias em a interven-ção do jornal, seja noticiando, seja defendendo as reivindicações dos moradores, for decisiva para o êxi-to do movimento.

VIDA PRÓPRIABatista Custódio, ao final, agra-

deceu a homenagem e animou os líderes comunitários a não esmo-recerem. Lembrou aos presidentes de associações de moradores que os bairros são, na verdade, cidades com vida própria, comunidades que, em Goiânia, quase sempre são preteridas em favor dos bairros mais centrais. Batista advertiu os líderes para o assédio de políticos aproveitadores, exploradores de prestígio. Aconselhou-os a jamais se deixarem dominar pela vaida-

de e exortou-os a cultivarem sem-pre a coragem, sobretudo “para di-zer o que deve ser dito”.

Batista dissertou sobre o mo-mento político em que o país vive, momentos de incerteza e angus-tia, mas que estão a exigir de todos atenta vigilância. Segundo Batista, o movimento comunitário deve se unir, fortalecer sua coesão, para in-terferir no processo político eleito-ral de forma proativa. O movimen-to comunitário, na visão de Batista, deve exigir nada menos do que a vice-prefeitura de Goiânia.

Paulo GarciaEspecial à

Helvécio CardosoEspecial à

Ê ALGUNS DOS PARTICIPANTES DO ATO

Ulysses Sousa, líder comunitário da Vila União;Glaucienne Sousa, líder comunitário do Setor Urias MagalhãesThyago Torres, líder comunitário do Jardim Ipê e Residencial HumaitaJonas Rocha, líder comunitário do Setor Faiçalville e Vila BoaCarlos Eduardo S. Faria, líder comunitário da Vila Novo Horizonte e Vila AlpesDiego Rodrigues, presidente da Associação de Moradores do Bairro GoyáWillian Carlos, presidente da Associação de Moradores do Setor Garavelo “B”Pastor José Alberto, presidente da Associação de Moradores do Setor GrajaúAlison Aragão, presidente da Associação de Moradores do Jardim Dom Fernando IIsabel Teixeira, líder comunitária do Jardim Europa

Lideranças mais significativas dos bairros de Goiânia e região metropolitana celebram aniversário do DM e apoio de Batista Custódio às lutas populares

Faixa colocada na frente da sede do Diário da Manhã pelas lideranças de bairros: veículo investiu em cadernos

específicos sobre a luta dos moradores goianos

ARTHUR DA PAZ

IRIS ROBERTO

57 ANOS DE 36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

Page 5: 57 Anos de Liberdade do Diário da Manhã

GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016ESPECIALDiário da Manhã 5

Sob a direção do jornalista Batista Custódia, vários profissionais do jornalismo escreveram e escrevem a história de Goiás nas páginas do Diá-rio da Manhã. O jornal se consagrou na vida dos goianos porque vai muito além de informar e en-treter, abre espaço em suas páginas para a plu-ralidade de ideias que existe na sociedade. São quase seis décadas de dedicação, trabalho e cria-tividade na arte de registrar a história contempo-rânea e ao fazer isso se tornou um dos pilares da história do nosso estado e do nosso povo.

Desde o revolucionário e dinâmico Cinco de Março, Batista Custódio e a equipe colaboram para fortalecer a cultura, a educação e a comu-nicação em Goiás. As publicações históricas do saudoso Alfredo Nasser estremeciam a opinião pública da época. Todos acordavam cedo para ler seus textos engajados. O lançamento do Diá-rio da Manhã marcou a história do jornalismo goiano. Era um projeto bastante ousado para a época. Em seu plantel de profissionais estavam jornalistas e articulistas de renome nacional. Não existem dúvidas que este veículo de comu-nicação desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento e crescimento de Goiás.

Em todos esses anos nunca perdeu a quali-dade de suas publicações. Ao contrário, foi se modernizando, se aperfeiçoando em sua mis-são de retratar a realidade local, nacional e in-ternacional. Em tempos de internet, soube se aproveitar da proximidade com fontes e leitores. A linha editorial trata o leitor com o respeito e a franquia que procura e merece. Não à toa am-pliou a credibilidade e o respeito popular.

Batista Custódio sempre foi um homem vi-sionário e à frente do seu tempo. Um patrimônio do jornalismo nacional. Uma pessoa que dedi-cou toda uma vida pela paixão de realizar o bom jornalismo e sempre realizou o bom combate. Tornou-se uma das figuras mais importantes e respeitadas da política goiana. Por meio deste grande homem, parabenizo a instituição Diário da Manhã pelos 67 anos de presença nas mentes dos goianos e agora no mundo inteiro por meio da rede mundial de computadores. É uma gran-de honra fazer parte desta história como leitor, articulista e fonte de várias notícias. Isso é moti-vo de grande orgulho para qualquer um.

Na condição de prefeito de Aparecida de Goiânia – 39ª maior cidade e uma das mais promissoras do país – congratulo com a equi-pe do Diário da Manhã e agradeço a todos pela cobertura do cotidiano da nossa querida cida-de. Aparecida celebra os 57 anos deste impor-tante jornal, que registrou vários momentos marcantes da nossa cidade e do nosso povo, como a emancipação política há 52 anos; o crescimento populacional; o desenvolvimento industrial, econômico e social; a consolidação de um novo perfil de cidade. Ou seja, industrial e universitária com a chegada da Universida-de Federal de Goiás (UFG), Instituto Federal de Goiás (IFG), Universidade Estadual de Goiás (UEG), duas faculdades de Medicina e dezenas de centros universitários e ampliação, nos últi-mos anos, no número de empresas ativas – de seis mil (2008) para 32 mil (2016).

Neste momento de debate político acalorado, tenho a convicção que o Diário da Manhã per-manecerá firme na defesa da liberdade de ex-pressão e, sobretudo, da democracia. As páginas do Diário da Manhã exalam opiniões e ideias, que com certeza, colaborarão para apontar saí-das para a atual crise política e econômica. A vida é feita de ciclos, crises vem e vão. Entretanto, instituições, que são feitas de pessoas equilibra-das, serenas, inteligentes, fortes, criativas e em-preendedoras como o Diário da Manhã preva-lecem e ficam para contar e continuar a história. Vida longa ao Diário da Manhã!

MAGUITO VILELA, PREFEITO DE APARECIDA DE GOIÂNIA, VICE-PRESIDENTE DA FRENTE NACIONAL DE

PREFEITOS (FNP) E EX-GOVERNADOR DE GOIÁS

Aparecida saúda os 57 anos de história do Diário da Manhã

Pioneirismo no mundo digitalTECNOLOGIA

DM marca a história do Centro Oeste com pioneirismo: foi o primeiro jornal da região a colocar no ciberespaço uma notícia. Há 20 anos jornal estava na rede de computadores

No dia 23 de janeiro de 1996 entrava no ar a primeira versão do site em html do

jornal Diário da Manhã. O endere-ço utilizado é o mesmo desde en-tão: www.dm.com.br.

Terceiro a circular em todo o Brasil, foi pioneiro em Goiás, sen-do o primeiro a ter uma versão on-line. Alguns dos concorrentes con-sideraram a iniciativa precipitada e sem perspectiva. Outros conside-raram ousado, porém ainda leva-ria um ano para que o maior con-corrente do jornal se arriscasse no mundo digital. O DMOnline foi pre-cedido apenas pelo Jornal do Brasil, e pela Folha de S. Paulo em 1995.

Um dos idealizadores técnicos do projeto foi Alex Clímaco, forma-do em Ciências da Computação pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Na época em que foi criado, maior que o site UOL, o DM Onli-ne oferecia e-mail grátis, galeria de imagens, blogs entre diversas ou-tras inovações do mundo digital.

A Cultura Online, que realizava hospedagem de sites em Goiânia, executou o projeto.

MUNDOA edição online do DM foi o pri-

meiro recurso dos goianos ao re-

dor do Brasil e do mundo para manterem-se informados.

Durante os primeiros anos após sua inauguração, era o úni-co site jornalístico a oferecer infor-mação de confiança sobre o Cen-tro Oeste brasileiro.

Entre 1996 e 2000 apenas os lei-tores do DM que se encontravam fora do Brasil, somavam um nú-mero superior aos internautas de todos os outros veículos online de comunicação do Estado juntos.

Naquelas décadas o DM ante-cipou algo em Goiás que viria a se tornar costume nacional: gestores públicos, profissionais liberais, es-tudantes, etc, passaram a esperar que as edições fossem atualizadas sempre à meia noite para que pu-dessem saber de todas as novida-des, ao passo que o impresso só es-taria disponível horas mais tarde.

Idealizado por muitos anos, o DMOnline foi executado em pou-quíssimo tempo. Júlio Nasser, uma das mentes por trás do projeto, re-lata: “Já tinha isso em mente logo com a chegada da internet, mas foi o pessoal da Cultura Online que chamou atenção para o fato do Jor-nal do Brasil já estar na internet”.

Ponto fundamental do pionei-rismo do Diário da Manhã foi a ma-neira como a redação e editores en-tenderam a informação em rede. Ela teria que ser democrática e com um fluxo informacional livre.

Ao contrário de sites que de-fendiam a cobrança pela informa-ção, o Diário da Manhã auxiliou

no processo de construção de uma memória digital do estado, tor-

nando-se líder em buscas de sites como Yahoo, Cadê, Bing e Google.

Maguito VilelaEspecial à

Calipso CarelineEspecial à

Ê VERSATILIDADE DITOU A MODA ONLINE

Desde as primeiras páginas enviadas ainda via FTP para o ciberespaço, o presidente Júlio Nasser se sentia incompreendido. Já no início de sua carreira na indústria da informação ele imaginava uma nova maneira de encarar o jornalismo, uma nova dinâmica de trabalho para o jornalista. “Costumava dizer uma palavra hoje fora de moda, mas atualíssima: o jornalista precisava ser multimídia. E era e é verdade!”.

A internet permitiu uma integração jamais vislumbrada. Pode-se acessar o conteúdo de qualquer lugar. O texto é complementado por imagens, vídeos, links que direcionam o leitor a outra página e outras inúmeras possibilidades. Tudo à distância de um clique.

Esta nova realidade exige mais do jornalista. Além de repórter ele precisa ser fotógrafo, registrar vídeos, editar, programar e ter noções básicas deste novo mundo digital.

Ê DOIS FORMATOS EM UM

O Diário da Manhã online se divide em dois formatos, um site interativo, em que as matérias trazem vídeos, gifs, links de direcionamento para outras páginas entre outros recursos. O segundo formato é uma réplica do jornal impresso, com a

clássica diagramação com a qual o leitor está acostumado, a disposição da informação e formato flip, em que se pode passar as páginas como se estivesse com o jornal em mãos. Este formato foi criado pela equipe do DM.

Ê TELEVISÃO NA INTERNET

O DMTV, criado por Marcos Fleury juntamente com seu afilhado Júlio Nasser, se tornou a única emissora de internet no Centro-Oeste e, também, pioneira em operação no Brasil. A emissora foi criada, já no ar, com exemplos de sucesso.

Para Nasser, o DMTV foi responsável pela ruptura da estrutura da TV como ela é conhecida. A presença de conteúdo na internet atraiu o público jovem, com vidas agitadas, que possuem pouco tempo livre pra sentar e acompanhar uma programação com hora marcada.

A interatividade foi o atrativo aos internautas, pois havia a possibilidade de contribuir com o conteúdo, enviando sugestões, vídeos e comentando ativamente o que é postado. O principal objetivo

da criação do DMTV é o livre acesso à informação, a qualquer hora e em qualquer lugar.

DEBATESO DMTV foi pioneiro também

na realização de debates pela internet. Consultado pela redação sobre a importância deste formato de TV, o professor universitário, pesquisador e doutor Luis Signates disse que “o DMTV e o DM foram pioneiros em uma atitude que fortalece a democracia brasileira”.

Em uma ocasião em que o jornal ouviu os candidatos à prefeito de Aparecida de Goiânia, o antropólogo e cientista político Wilson Ferreira da Cunha: “Uma cidade como Aparecida, que não tem divulgação em mídia televisiva, só tem a ganhar com o debate promovido pelo DMTV”.

Júlio Nasser foi um dos mentores das primeiras edições do Diário da Manhã na internet: jornal era feito em disquete

e levado para provedora colocar online em 1996

57 ANOS DE 36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

Parabéns e obrigado DM, pela publicação das fotos

e dos fatos, divulgando o quanto TRINDADE está

melhor para se viver

Administração 2013/2016

yela

Page 6: 57 Anos de Liberdade do Diário da Manhã

GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016 ESPECIAL Diário da Manhã6

Vozes múltiplas levam ao longe o valor das palavras nas virtuais, interativas ou im-pressas páginas do Diário da Manhã. Di-nâmicos teclados, clicados por muitos, for-mulam questões, elaboram pensamentos, formam opiniões e poemizam a vida. São mais de 190 países, e tantos outros lugares, em constante intercâmbio de ideias, ideais e leitmotiv. Olhos ávidos buscam no DM a pluralidade de opiniões em reportagens in-vestigativas e criteriosas. Tanto o papel im-presso quanto o site, se vestem de fontes de pesquisas, informações, conhecimentos, entretenimentos e conjeturas.

O jornalista Batista Custódio e sua batu-ta inovam, hoje sem censura, o fato jorna-lístico. Acena aos veículos de comunicação o verdadeiro sentido da palavra escrita e da liberdade de expressão. O DM foi o primeiro a dar voz e vez ao leitor. Nele a Opinião Pú-blica é livre de mordaças. Ecoa ao longe seu destino de vestir-se em verbos, verdades, opiniões e pluralidades. E encontra audíveis distantes em busca de vozes múltiplas.

Em 12 de março de 1980 nascia, em Goiâ-nia, o jornal Diário da Manhã. Há 36 anos é o baluarte da veracidade e da liberdade de expressão. Apesar de que nem sempre foi assim... Por dois anos fizeram-no calar sua voz. Mas ressurgiu, como fênix, para dar voz

e vez à escrita. Filho / herdeiro do então jor-nal Cinco de Março, lançado no ano de 1959, sob o idealismo de seu fundador jornalista Batista Custódio, vem no decorrer dos tem-pos inovando a forma de fazer a imprensa e a notícia em Goiás e no mundo.

Atualmente, para não sucumbir sentimen-tos e sensibilidades nas realidades periódicas, a poesia e a arte são, também, contempladas na plêiade de vocábulos, imagens e cores do Diário da Manhã. Aos leitores sensíveis o DM possibilita o deleite. Esparrama, em seu corpo e na Oficina Poética dominical, o lirismo de poetas e poemas de todos os tempos e luga-res, desde os idos de 2012, em sua 211ª edição ininterrupta. Precisamente no dia 8 de janei-ro, daquele ano, começávamos a poetizar es-tas páginas, nem sempre agradáveis de se ver, tamanhas atrocidades cometidas pelo ho-mem, dito civilizado, e descritas pelos tecla-dos de mãos e mentes habilidosas para com a construção da palavra escrita. Notícias, às vezes cruéis, porém importantes para (in)for-mar o leitor, entremeiam-se ao lirismo e à sen-sibilidade da palavra poética.

Ao legente resta o deleite, o livre desfru-te, a interatividade, a diversidade, a coopera-ção, o espanto e os possíveis feedbacks ver-bais, imagéticos, poéticos e críticos de uma imprensa autêntica, singular e impar que é o Diário da(s) Manhã(s) plural(is).

Vida longa ao Diário da Manhã!

ELIZABETH CALDEIRA BRITO, ESCRITORA, PRESIDENTE DO CONSELHO MUNICIPAL DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO,

CULTURAL E AMBIENTAL DA CIDADE DE GOIÂNIA, IDEALIZADORA DA OFICINA POÉTICA DO DM

Deixo registrado meus parabéns e meus agradecimentos ao Diário da Ma-nhã pelo compromisso com a sociedade, pelo exemplo de inclusão social, pelo res-peito com os leitores e leitoras desse gran-dioso jornal, que diariamente, leva aos nossos lares tantas informações, tantos debates sem macular a natureza e a bele-za da liberdade de expressão.

Tal liberdade de expressão se compro-va, certamente, com a importância das ma-térias publicadas, com os diversos tipos de opiniões ensejadas, que sabemos ser um trabalho árduo, longo, sério e competente, pois só se poderia esperar mesmo um resul-tado denso em conteúdo e esmerado em for-ma de um Jornal preocupado com o que ofe-rece o seu melhor à população.

Seguramente, sabemos que o desafio é grande, mas temos certeza que trilhar esse caminho é fundamental para “colher o que se planta”.

PADRE RAFAEL MAGUL, PÁROCO DA IGREJA SÃO NICOLAU EM GOIÂNIA

E SÃO JOÃO BATISTA IPAMERI/GOIÁS O DIÁRIO DAS MANHÃS PLURAIS

Ao jornal, livre, Diário da Manhã

Colunas em destaqueEXCLUSIVIDADE

A Coluna do Meio foi a primeira coluna voltada ao público LGBT no Estado, tinha como

responsável o jornalista Léo Mendes

O editor Ulisses Aesse publica diariamente o Café da Manhã, onde aborda diversos

assuntos, como política, cultura e sociedade

Suely Arantes aborda assuntos políticos na coluna Fio Direto publicada

diariamante no Diário da Manhã

Publicada diariamente, a coluna Evidência, do DM Revista, tem como responsável o

jornalista Luiz Carlos Rodrigues

Coluna assinada pelo Luiz Augusto Pampinha é bastante lida pelo público em geral: humor e mulheres bonitas

Coluna Para-choque se destaca como uma coluna de humor, assinada pelo Edvan Antunes,

que tem tradição no jornalismo goiano

Elizabeth Caldeira BritoEspecial à

Pe. Rafael MagulEspecial à

Há 25 anos no jornal Diá-rio da Manhã, o jornalista Ulisses Aesse, editor-che-

fe de reportagem, coordenador de pauta e colunista, relata que o DM sempre teve uma tradição de man-ter o colunismo no jornalismo diá-rio. Ele destaca a importância das colunas que através de notas rápi-das, curtas e variadas mostra o que está acontecendo na sociedade.

As mais tradicionais são: Para--choque, Café da Manhã, Fio Dire-to, Evidência e Geleia Geral.

Em poucas palavras, o edi-tor-chefe de reportagem resume o principal foco de cada coluna. “O Para-choque se destaca como uma coluna de humor, assinada pelo Edvan Antunes. O Café da Manhã aborda assuntos variados dentro da política, cidades, eco-nomia e mundo. A coluna social Evidência envolve as pessoas que contribuem ao meio econômico em geral. Já o Geleia Geral é uma coluna leve, rápida e que sempre coloca estampada foto de mulher e até mesmo homens, ambos con-siderados bonitos, é uma tradição feita pelo próprio colunista Luiz Augusto Pampinha”, classifica.

Ulisses é colunista do Café da Manhã, uma das principais colu-nas do DM, ele assina a coluna faz muito tempo e entre idas e vindas chegou a parar em um determina-do momento para cuidar de algu-mas editorias do jornal. “Tem mais ou menos sete anos que estou à frente da coluna, embora já tenha

feito ela há várias épocas”, conta.“Já cheguei a fazer a coluna Fio

Direto, o Café da Manhã e a coluna TitiTeen voltada ao público jovem, ao mesmo tempo. Teve época que fazia até a coluna do Pampinha, quando ele tirava férias”, diz.

Outra coluna destacada no Diário da Manhã foi a “Coluna do Meio”, publicada no DM Revista em que o responsável era o jorna-lista Léo Mendes. Em entrevista, Léo Mendes, bacharel em direito, jornalista e conselheiro do Conse-lho Nacional de Combate à Discri-minação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Tra-vestis e Transexuais, relembra que foi convidado pelo editor-geral Ba-tista Custódio para ser responsá-vel pela coluna. Ele conta que foi a primeira coluna voltada ao públi-co LGBT no Estado e era publica-da aos domingos.

“A coluna naquele período em que foi criada como não existiam as redes sociais, ela tinha um ca-ráter informativo e educativo em tirar o preconceito e evidencian-do as principais demandas des-se público, como violência e o modo de viver”, relata Mendes. O então colunista também destaca a importância desse espaço no

jornal, tendo em vista que 10% da população brasileira é com-posta pelo público LGBT.

O também colunista Luiz Car-los Rodrigues, conta que o convi-te para ser responsável pela colu-na “Evidência” veio do editor-geral Batista Custódio ainda no Cinco de Março, e imediatamente aceitou e deu início ao jornalismo. “Estou no Diário da Manhã desde a sua fun-dação, vim do Cinco de Março e a minha coluna aborda diversos as-suntos da sociedade, como cultu-ra, política e até mesmo esporte. Gosto muito desse espaço no jor-nal e me dou muito bem com o Ba-tista”, afirma. Ele completa que já são 42 anos dedicados ao jornalis-mo.

Para Luiz Augusto Pampinha já são 30 anos dedicados de ao DM, ele destaca o grande sucesso que a sua coluna Geleia Geral alcan-ça. Segundo ele, a coluna lida com dois milhões de visualizações por mês, sendo a única coluna no Bra-sil que mostra todos os dias fotos de mulheres. “O charme da colu-na são as mulheres, chego a rece-ber fotos de todos os estados e até mesmo países”, afirma.

COLUNA X REDE SOCIALUma coluna atinge a variedade

de informação e um público diver-so. “Se pegar as principais redes so-ciais existentes, como Twitter e Fa-cebook, a formatação deles é como se fosse uma coluna”, afirma.

Para ele, parece que as colunas intervieram um futuro os quais se-riam chamadas redes sociais, que comporta um conteúdo variado, curto, rápido, instantâneo, diverso e controverso, semelhante ao pa-pel de uma coluna no jornal.

Editor-chefe de reportagem relembra as principais publicadas

Fernanda LauneEspecial à

57 ANOS DE 36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

Page 7: 57 Anos de Liberdade do Diário da Manhã

GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016ESPECIALDiário da Manhã 7

do pela truculência de um gover-no pós-ditadura – mas com mui-ta vocação para aqueles tempos – o Diário da Manhã ostentou a mes-ma diagramação, um marco for-tíssimo de inovação no jornalismo local. Os diários goianos tinham a tradição de não circular às segun-das-feiras – fomos pioneiros nisso. Os grandes jornais brasileiros co-meçaram a sair em cores – o DM foi pioneiro em Goiás, de novo.

Um colega, especialmente, nascido sob o signo das restrições, mas criado em meio à vocação da liberdade e o cheiro de papel e tin-ta, bem representou, nas primei-ras duas décadas, a alma inova-dora e libertária do DM – Fábio Nasser. Era impossível estar com

Fábio sem que qualquer assunto escapasse do ambiente e das cau-sas do jornal, e ele curtia os mean-dros da poesia e da filosofia com o mesmo ímpeto apaixonado.

Inovar, aliás, é tônica constan-te. No DM a poesia sempre teve espaço. No DM o artista goiano não é discriminado nem há gê-neros menosprezados. No DM a vocação pela liberdade das ideias e expressões não morre – e justa-mente por isso mantêm-se aqui um caderno especial, diário, o Opinião Pública, que vem a ser uma tribuna perpétua para a prá-tica da livre expressão.

Não bastasse isso, o Opinião Pública reserva a última página, todos os domingos, para a divul-gação da poesia, acasalada com a ilustração por notáveis artistas da terra. Esse trabalho, de crite-riosa seleção de poetas e artistas, cabe à competente poetisa e aca-dêmica Elizabeth Abreu.

Concluo apressado, não por falta do que mais dizer, mas por-que este é um momento de fes-ta, mas também de liberdade. Es-tes 36 anos de presença do DM na vida goiana são, sim, importante parte da minha vida – mas mui-to mais importante parte na vida da sociedade da nossa terra. De nossa parte – do Batista Custódio e seus filhos, dos jornalistas que se identificam com esta ideologia e esta prática da notícia – sei que sempre faremos por inovar, ou nossa ação não teria sentido.

LUIZ DE AQUINO, JORNALISTA E ESCRITOR, MEMBRO DA

ACADEMIA GOIANA DE LETRAS

É preciso contar aos desavisa-dos jovens que pedem intervenção militar o que foram os anos de total restrição das liberdades – mas, se continuarem incréus, que viagem para um país sob o arbítrio, que ainda os há por aí, em ásias e áfri-cas anacrônicas, conservadoras de costumes e medos que sustentam o poder em torno de um, em bene-fício de poucos e sob os sacrifícios ilimitados de todos os demais.

No decurso de 1964, os jornais ainda noticiavam – conforme sua linha de ligação com o poder ou sua postura de liberdade – as pri-sões sem amparo legal e as tortu-ras denunciadas, e muitos foram os que, deixando as masmorras dos quartéis e delegacias, procura-ram cartórios para ali lavrarem de-poimentos livres, contradizendo o que foram obrigados a “confessar” sob torturas que variavam dos ta-pas simultâneos nos dois ouvidos até mesmo sevícias e castração.

Em locais como as portas dos colégios e universidades, as calça-das do centro da cidade (e pontos preferenciais como as cercanias do Café Central, da Livraria Cultura Goiana, do Bazar Oió, os bares jo-viais da Rua 8 etc.) sujeitos armados com cara de raiva empurravam--nos dizendo “dispersa, dispersa” ou “circulando, circulando” por-que, diziam eles, “mais de três é co-mício, dispersando, dispersando!”.

Nas salas de aulas, nos ambien-tes de trabalho, nos clubes (como gostávamos de clubes!) e em qual-quer lugar de convívio havia es-piões. Jovens suspeitos (e suspei-tavam de quase todos os jovens, especialmente estudantes) eram sequestrados em casa, de madru-gada, por agentes mal-encarados e bem armados, transitando ner-vosos nas imortalizadas (por Chi-co Buarque) “negras viaturas” do sistema de repressão.

Um índice de quase 300 pala-vras e expressões foi divulgado a todas as editoras e veículos de co-municação – era um moderno “Prohibitorum Index verborum”, do qual constavam expressões como “ligas camponesas” e no-mes próprios de alguns vultos (Jus-celino Kubitschek, Carlos Lacerda etc.). Letras de músicas eram sem-pre suspeitas e os censores, que não sabiam discernir entre um poema e uma canção decidiam censurar tudo. Os poetas trocaram os versos pela prosa, no afã de despistar os incultos censores – e isso deu certo.

O medo era constante. Qual-quer mau-caráter valia-se da palavra “comunista” para apon-tar alguém para qualquer agen-te da repressão, fosse militar ou policial. Era um modo de se li-vrar dos inimigos ou de pessoas por eles invejadas.

Dentre os mais-velhos de agora que defendem a volta dos coturnos encontro muitos que não vacila-vam em dedurar desafetos. Mui-tos são hoje carecas ou grisalhos, não usam mais os cabelões daque-les tempos, muitos continuam de-pendurados em cargos públicos porque não conseguem viver sem o guarda-chuva do poder público – mas recordam-se dos tempos em que, além de polpudas sinecuras, desfrutavam também do “direi-to” de dedurar, de ser convidados para os regabofes custeados pelo erário e de conseguir folgas para devaneios no litoral ou fora do país – muitas vezes com o beneplácito de um chefe bondoso que “libera-va” diárias em dólares...

A censura prévia era pratica-da em todas as redações de notí-cias do país. Um sujeito com dis-tintivo, nem sempre detentor de escolaridade razoável (ao menos), trabalhava nas redações com um grande lápis vermelho com que cortava textos, suprimia-os, man-dava trocar palavras ou frases in-teiras, censurava matérias in-teiras. Grandes jornais, como o Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro – lançou mão de um artifício: sem-

pre que o censor mandava retirar alguma matéria jornalística, em seu lugar eram colocadas receitas culinárias ou longos textos em La-tim. O leitor, que só por saber ler ti-nha nível intelectual superior ao dos censores – compreendeu logo que aquilo era lugar de alguma matéria totalmente censurada.

A proibição fortalece a criativi-dade, porém!

Desenvolvi uma técnica dife-renciada – a de me prevenir com palavras brandas para substituir as que os censores mandariam cortar. Assim, e sem bater de fren-te (o que podia provocar denún-cia e prisão), “aceitava” a censura e substituía o termo proibido por algum suave e dócil, no critério do agente mutilador de textos e jor-nais. Havia colegas que, em lugar disso, colocava reticências no lu-gar da palavra suprimida, ou sim-plesmente as removia, deixando o texto ininteligível – o que também era uma pista para o leitor.

Nossos músicos jovens – pes-soas talentosas nascidas (como dizia o cartunista Henfil) “nos 40” – desdobraram-se também na criatividade para produzir tex-tos que cantariam pela vida afora com fortes ironias à máquina re-pressiva, como um famoso sam-ba de João Bosco e Aldir Blanc, assim: “Não põe corda no meu bloco / não vem com seu carro--chefe / não dá ordem ao pessoal / Não traz lema nem divisa / que a gente não precisa / que organi-zem nosso carnaval”.

E eram Gil, Chico, Aldir, Bos-co, Paulo César Pinheiro, Vandré, Gonzaguinha, Vinícius e tantos, tantos outros... Um deles, Torqua-to, não conteve a impaciência nem suportou a intolerância – matou-se aos 28 anos, deixando um lacônico bilhete – “Para mim chega”.

Mas houve também os que eles mataram. Como o tecladista de Vinícius, sequestrado e morto por militares argentinos horas an-tes de um xou do Poetinha. Mui-tos foram “aconselhados” a passar alguns anos fora do país. Contra todos eles o sistema criou fatos – plantavam entorpecentes em seus bolsos e bagagens, mandavam es-palhar que eram homossexuais e outras práticas impróprias.

Era um tempo em que a im-prensa passou a ser tachada de esquerdista – por se tornar uma pedra dentro dos coturnos. Lem-bro-me de um oficial do Exérci-to, comissionado coronel para comandar a PM de Goiás, que fe-chava uma das mãos e abria os de-dos, um a um, enumerando “jor-nalistas”; “índios”; “estudantes”; “professores”; “músicos”; “poetas” – e os qualificava genericamente:

– Tudo comunista! Com isto, justificava as prisões

e torturas, mas quanto às mortes ele não tinha respostas claras. Pre-feria dizer que “a gente solta e eles somem, são os companheiros que dão sumiço neles porque suspei-tam que o cara abriu” (por “abriu”, entenda-se “delatou”).

Foi sob esse clima que deixei o Jornal Opção – então diário – e fui para o Cinco de Março. O semaná-

rio de Batista Custódio tinha fama de libertário, era esperado com an-siedade pelos leitores ávidos de no-vidades. O que nos diários era tra-tado com um cuidado exacerbado aparecia no jornal das segundas--feiras com o toque de paciência de quem pode trabalhar um texto por alguns dias, pode analisar os fatos com mais vagar e precisão.

Sem falsa modéstia – trabalhar no Cinco de Março não era para qualquer escrevinhador, não... Era preciso coragem e perspicá-cia, bom domínio do texto – afi-nal, era o reduto de redatores como Anatole Ramos, Jávier Godinho, o próprio Batista Custódio, Marco Antônio Sil-va Lemos, Eliezer Pena, Carmo Bernardes, Consuelo Nasser, Jurandir Santos... Enfim, um time de primeira linha! É óbvio que omito aqui vários notáveis, mas a memória sempre nos trai – mas não posso omitir Djalba Lima, jovem e talentoso.

Era no Cinco de Março que apareciam as mais sérias de-núncias, sem a barreira do po-der político ou econômico. Havia um apego quase obses-sivo pela “verdade, doa a quem doer” e o slogan era: Nem Washington, nem Moscou nem Roma – Tudo pelo Brasil!

E chegou 1980. Na redação da construção simplória na avenida 24 de Outubro, nota-mos um entra-e-sai incontro-lável, e não eram os costumei-ros políticos e empresários que diariamente nos visitavam. Eram, sim, jornalistas conhe-cidos e tarimbados, com des-taque para um, especialmen-te – Carlos Alberto Sáfadi, que viria a dirigir a equipe nos pri-mórdios, sendo substituído por Washington Novaes.

Era janeiro e as aparên-cias eram de mudanças. Ao lado, e como um profissional por mim admirado e sempre bem-humorado, Luiz Augus-to Pampinha começou a fazer conjecturas. “Se bem conhe-ço, e conheço bem essas pes-soas, o Batista vai transformar o Cinco de Março num diário”.

E chegou o momento de perguntar ao Batista. Ele res-pondeu com um sonoro e só-lido “Não”. Mas pouco depois – talvez no dia seguinte, ou na segunda-feira seguinte, talvez – ele nos contou que teríamos um diário, sim, mas o Cinco de Março continuaria. E estabe-leceu uma separação, os jor-nalistas do Cinco de Março de-viam se manter distantes da nova equipe, que começaria a chegar naqueles dias.

Consuelo Nasser ficou cui-dando do Cinco de Março, Ba-tista tratava do novo jornal. Marco Antônio Silva Lemos transferiu-se para o novo jor-nal. Eu fui demitido por Con-suelo. Menos de dois dias se passaram quando Marco An-tônio chamou-me e disse que eu iria para o novo jornal (ain-da sem nome); estranhei, pois fora demitido e achava compli-

cado... Marco me contou que foi a própria Consuelo quem me indi-cou para integrar a nova equipe.

Fizemos alguns “pilotos”, ou “números-zero”, cada qual com um nome e uma diagramação diferen-ciada de primeira página. Depois de algumas experiências (se não me engano, foram 19), tivemos outra surpresa – todas as edições foram estampadas na parede e tivemos a incumbência de escolher uma das diagramações e um nome.

Por longos anos, mesmo após aquele hiato de dois anos, causa-

DM, 36 anos: a notícia é nossa vidaPASSEIO NA HISTÓRIA

“A vocação pela liberdade das ideias e expressões não morre – e por isso, mantêm-se aqui um caderno especial, o Opinião Pública”

Luiz de AquinoEspecial à

57 ANOS DE 36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

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GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016 ESPECIAL Diário da Manhã8

Depois de quase cinco anos trabalhando sem descan-ço, pulando de emprego

em emprego, fui forçado a entrar em férias. Era repórter de política de Jornal Opção. Duas férias acumu-ladas, caminhando para uma ter-ceira. Durante dois meses eu andei pelo Nordeste, 40 dias só em Salva-dor, praias e festas de largo todos os dias. Nenhuma notícia de casa.

No dia que voltei para reassu-mir meu posto no Jornal Opção es-pantei-me com o vazio das salas. Cadê todo mundo? Cadê o Sáfa-di? Cadê o João Só? Cadê o Wilmar Alves? Cadê o Jayro Rodrigues? Fi-quei sabendo, então, que um novo diário aparecera na praça: o Diá-rio da Manhã, fundado por Batis-ta Custódio, que fundara o Cinco de Março. Fiquei sabendo também que o Cinco de Março, que eu ado-rava, tinha sido descontinuado.

Acho que só não fui convida-do para o Diário da Manhã por-que estava ausente, ninguém sabia por onde eu andava. Carlos Alberto Sáfádi, o “comentarista de classe”, meu copain, organizou a redação do Jornal Opção quando este virou diário. Batista o chamou para orga-nizar a redação do DM, e ele, o Sá-fadi, carregou todo o seu pessoal.

Fui ficando no Jornal Opção. Não me queixo. No JO cresci pro-fissionalmente. Herbert Moraes me deu oportunidades únicas, pelo que lhe sou eternamente gra-to. Mas a vontade de estar per-to de antigos colegas e alguns ir-mãos de fé me levavam a invejar os que tinham ido para o DM. De resto, o novo jornal se igualava aos melhores do país, com a van-tagem adicional de ter ali o molho de Batista Custódio e de Consuelo Nasser. Eu pensava comigo: ainda vou trabalhar neste jornal.

O Diário da Manhã foi funda-mental para a vitória de Iris Re-zende em 1982. Não porque o pessoal da redação fosse irista. Alguns, petistas fundadores, tor-ciam pelo brancaleônico candi-dato do PT a governador: Athos Magno Costa e Silva. Naquelas circunstâncias, ser irista, contu-do, era um imperativo moral dos que combatiam a ditadura.

Malgrado o forte apoio à cam-panha de Iris, o DM se desencan-tou com o governo do PMDB. Eu também estava me desencantan-do. A vontade que eu tinha de fa-zer oposição! Mas, onde? O Jornal Opçao entrara em recesso, para só voltar a circular uns dez anos de-pois. Fui parar no rádio. Trabalha-va à noite, redator de notícias da Rádio Brasil Central. A emissora do governo, um governo que aju-dei a eleger. Levei bronca de um diretor apenas por noticiar que o presidente do PT fora ao Secre-trário de Segurança solicitar uma providência qualquer, no que aliás foi aterndido. Athos deu entrevista elogiando o secretário. Mas, na vi-

são do diretor boçal, permitir que o nome de um ex-adversário de Íris fosse citado em uma emisso-ra oficial era pecado sem perdão. Coisa de somenos. Mas, pela bron-ca pode-se avaliar quão impossí-vel era o mais leve reparo a admi-nistração Iris Rezende.

Não me lembro bem como vim parar no DM. Tempos atrás a Consuelo Nasser me convida-ra para o Cinco de Março. Prefe-ri continuar no Jornal Opção. Li-guei para a Consuelo para saber se aquele convite de anos atrás para o Cinco de Março valia para o DM. Fui à Redação, que ficava em Campinas, no início da avenida 24 de Outubro. Batista mandou que eu me apresentasse ao Jayro Rodrigues, editor de política.

Estávamos mandando aquela brasa em cima do Iris. Fiz umas re-portagens quentes. Denunciei, por exemplo, que autoridades baianas invadiam Goiás para fiscalizar fa-zendeiros e lançar impostos. Os baianos alegavam que o território baiano se estendia para além das fronteiras desenhadas no mapa. O governo goiano fazia o quê? Nada.

O conflito de fronteiras durou muitos anos, foi parar no Supre-mo Tribunal Federal.

E o Diário da Manhã ia sen-do lentamente estrangulado fi-nanceiramente por uma crise econômica que assolava o país combinada às hostilidades do governo estadual. Acabou tam-bém entrando em recesso. Eu es-tava lá e vi. Daquele tempo, lem-bro-me de um garoto risonho, muito inteligente, que às vezes vinha ter à minha mesa para lon-gos papos-cabeça: Fábio Nasser. Desde então, ficamos amigos.

Consulelo Nasser era uma for-ça da natureza. Como todo gênio, pecava por certa incoerência. Coe-rência perfeita é virtude de me-díocres. Num dia em que Batista viajava a negócios, Consuelo, diri-gindo a redação desposticamen-te, me chama. Fui pautado para fazer certa reportagem. Fiz. Ela pu-blicou. Até elogiou. Mas fez um re-paro. Debatemos. Argumentei. O simpósio degenerou em bate boca. Ela deu o assunto por encer-rado com um tirânico e retaliativo “você está despedido!”

Três dias depois, uma viatu-ra do DM chega à minha casa. O motorista me intimava: “Douto-ra Consuelo quer você imediata-mente na sala dela. Vim te buscar”. Perguntava-me o que poderia ser. Meu acerto recisório, pensei. Em lá chegando, vi Consuelo inves-tir contra mim com fúria de onça acuada. “Como então, seu Helvé-cio: três dias que o sr. não compa-rece ao trabalho! Tenho aqui uma pauta urgente para o sr.”

“Mas, Consuelo...!” E ela: “Não tem “mas-mas. Pega aí um car-ro e vai fazer a matéria. E não en-rola que senão eu o demito”. E eu: “Mas, você já me demitiu....” E ela: “Não venha me embromar, vai fa-zer a matéria.” Achei inútil argu-mentar. Não cabia argumentação. Anos depois, prestando serviços ao Cevam, esta entidade essencial que ela fundou, lembrei-lhe aque-le episódio, do qual rimos bastan-te. Ela disse que não se lembrava. Aliás, me acusou, gaiato que sou, de tê-lo inventado. Inútil explicar. Não cabia explicação.

TEMPOS DE ESCURIDÃOBatista conseguiu reabrir o Diá-

rio da Manhã. Ele se rergueu pu-xando os próprios cabelos, tal como o barão de Münchaussen. O Diario se instalou no prédio onde, outrora, fora a Folha de Goiás. Está até hoje no referido endereço. Nes-ta fase nova do Diário, eu me acha-va trabalhando com Consuelo Nasser na revista Presença. Quan-do a revista entrou em recesso, Eu-ler Belém, que era então editor ge-ral do DM, e amigo meu de outros carnavais, me convidou para retor-nar ao Diário. Fábio Nasser, já poe-ta, leitor voraz de Nietzche e plane-jando livros, era editor de política.

A redação do DM, no final da tarde, na hora de fechamento, era coisa de doido. Todo mundo era fu-mante, eu inclusive. O fog domina-va o ambiente. O matraquear das máquinas de datilografia, o me-tralalhar dos teletipos, o zunido da receptora de telefotos, as conversas exaltadas da chusma de redatores, todos donos absolutos da verdade – tudo somando produzia um ba-rulho, como direi, ensurdecedor, e isto não é mera força de expressão.

Eram tempos duros para mim. Eu concluía Direito na UFG. Saía da Redação às 19 horas, a galope, para chegar à sala de aula. Aula que começava às 19 horas. Tem-pos conturbados. Henrique San-tillo governava Goiás enfrentan-do dificuldades imensas. Eu era, também, reporter da AGD, reparti-ção do Cerne, a que a Radio Brasil Central pertencia. Cobria o Palá-cio das Esmeraldas. À tarde, com-bria a Assembléia Legislativa para o DM. Acompanhando o gover-no por dentro, eu tinha a exata di-mensão das dificuldades impos-tas ao governador. Não era sequer amigo pessoal dele.

Mantinhamos relaciona-mento frio e formal. Ele era rude, e suponho que não gos-tava de mim, por conta de ar-tigos que escrevi tempos atrás, criticando-o. Mas revoltava-me vê-lo caluniado, injuriado e di-famado todos os dias por gente do próprio PMDB. Além de não ser reconhecido o seu esforço para superar as dificuldades, era acusado de tê-las criado.

Santillo era um homem de péssimo humor, fumava mui-to, estava sempre irritado, an-gustiado, não tinha nenhuma habilidade política para lidar com as intrigas partidárias. Fora esses pecados, era um ho-mem absolutamente honra-do, batalhador, corajoso, inte-lectualmente brilhante. Penso que fez excelente governo – no que contrario opinião ainda hoje dominante em Goiás.

Dispus-me a defendê-lo pe-las páginas do DM, mesmo não tendo procuração para fazê-

-lo. Batista franqueou-me o espa-ço. Dia sim, dia não, eu assinava artigos não apenas defendendo o governo Santillo, mas polemizan-do com seus opositores desleais. O foco da oposição mais virulen-ta estava nos escritórios eleitorais do irismo. Os iristas daquele tem-po me odiavam. Se púdessem, es-petavam minha cabeça numa lança e bebiam meu sangue com gelo e limão. Quando Íris venceu de goleada em l990, senti que mi-nha cabeça fora posta a prêmio. Eu recebera de Célio Moura, brilhan-te advogado tocantinese, convite para advogar em Araguaína. Pedi férias no DM e mandei para lá.

Fiquei quase oito anos fora de Goiás. Quando retornei, fui fazer uma visita aos meus amigos do Diário da Manhã. Já fui receben-do bronca do Batista: “Que fé-rias cumpridas, quase oito anos! Ao trabalho!” Fábio me recebeu com uma alegria que me como-veu. No mesmo dia recebi convi-te de Euler Belém para voltar ao Jornal Opção. Herbert me rece-beu calorosamente.

Fui para o JO. Por causa de umas bobagens tão bobas e de umas bestagens tão bestas, Her-bert e eu brigamos. Saí do JO, an-dei por aí. Passei por três países, França, Oropa e São Paulo, acabei fazendo meu rancho em Goianira, e cá estou de novo no DM. Amigos antigos, amigos novos. Sempre re-pórter, sempre atrás dos fatos. E dando meus palpites quando jul-go pertinente palpitar.

A CARAVELA INTIMORATAO Diário da Manhã, sem des-

merecer o muito que aprendi com José Luiz Bittencourt, Herbert Mo-raes e Euler Belém no JO, que peço seja consignado em ata, foi a mi-nha escola de jornalismo. O DM sempre foi uma escola. Aqui não vigora as regras, consagradas pelo modismo, das faculdades de co-municação. Aqui não tem valor nenhum o que McLuhan, a Es-cola de Frankfurt e outros bam-

bas da comunicação escreveram. Aqui vale a experiência, renovada a cada dia, dos que combateram e ainda combatem sob o estandarte de Batista Custódio. Vale a intuição dele, que é certeira.

Olhando em volta e olhan-do para trás, vejo o DM como um barco que navegou mares bravios. Mastro quebrado, velas rasgadas, mas ainda navegando, com Ba-tista no leme vendo portos segu-ros antes que a tripulação aviste terra. Mas a sina do Diário da Ma-nhã é nunca chegar a porto segu-ro. Nossa caravela tem vocação para a tempestade. Lá é o nosso elemento, é onde nos realizamos. E se onde mais mares houvera, lá chegara, se me permitem para-frasear Camões. Se é vento, o que queremos é vendaval; se é chuva, que seja temporal.

O Diário da Manhã, se me per-mitem, é o herdeiro da tradição do Correio da Manhã, o mais bra-sileiro, o mais liberal e o mais va-lente dos jornais do passado. Folha fundada no ínicio do século vinte por Edmundo Bittencourt, lá Ruy Barbosa foi editorialista. Foi colo-cada em recesso pela ditadura de Vargas. Voltou aos trancos e bar-rancos para publicar o Manifes-to dos Mineiros e a entrevista de José Américo, a histórica entrevis-ta que liquidou o Estado Novo.

O filho de Edmundo, Paulo Bit-tencourt, herdou o Correio, deu continuidade à luta do pai. Mor-to Paulo, sua viúva, Niomar Bit-tencourt Moniz Sodré, levou a bandeira adiante até o Correio ser emagado, no final de l969, pela di-tadura de 1964. No Correio da Ma-nhã, a liberdade, como Paulo Bit-tencourt insistia, era um dogma. No Diário também. Aqui, no DM, só não somos livres para ter medo.

O DM é uma escola – ainda ri-sonha e franca – porque tem ban-deira, por lutar por valores, por combater o mal, física e metafisca-mente falando. Uma folha popular que busca elevar espiritualmente o povo enquanto muitos se compra-zem em imbecilizá-lo. Que defen-de os valores da democracia: a to-lerância, a liberdade de opinião, a pluralidade, a paz, a igualdade so-cial. Onde o denuncismo leviano, o ataque à honra pessoal, a perse-guição mesquinha e o assassianto de reputações não têm lugar.

O DM sempre se bateu pe-los grandes interesses da nação, apoiando as iniciativas que levas-se o país a um desenvolvimento autônomo, soberano. É trinchei-ra onde a genuína cultura brasi-leira, cada vez mais esmagada por modismos alienantes impostos pela mídia, trava sua luta desigual pela afirmação da nacionalidade. A sala de Batista é o abrigo fran-co onde todos os perseguidos vêm buscar o amparo que lhes é pres-tado pelas páginas deste jornal. Por isso o DM é o que é, e não po-deria ser de outro modo: necessá-rio. A concorrência, sorry, terá que conviver com isso!

E quando todo mundo estava sumido, eu descobri: eles estavam no Diário da Manhã, a mais nova aventura do jornalismo goiano

Uma escola risonha e franca ENSAIO

Helvécio CardosoEspecial à

Batista Custódio, editor-geral do Diário da Manhã: lentamente estrangulado financeiramente por uma crise

econômica motivada pelas hostilidades de governos estaduais

Iris Rezende em 1982: governador das massas teve apoio decisivo do Diário da

Manhã, apesar de dissidentes da redação terem apoiado

também o candidato petista Athos Magno

Consuelo Nasser, advogada e jornalista: “Como então, seu Helvécio: três dias que o sr. não comparece ao trabalho!

Tenho aqui uma pauta urgente para o sr!”

FOTOS: ARQUIVO DM

57 ANOS DE 36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

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GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016ESPECIALDiário da Manhã 9

O jornal Diário da Manhã completa mais um ciclo em sua engrandecedora missão de difundir, de proteger, de amar a verda-de, e de dar a conhecer os fatos relevantes do dia a dia, ocorridos, não somente em Goiás, mas no mundo. É um jornal cheio de garra, de luta, e que traduz a vida de um jornalista único: Batista Custódio.

Este jornal nos faz sentir mais gente, por-que nos aproxima da vida com imparcialida-de. O compromisso do DM e de seus jornalis-tas é o de levar para a população e seus leitores os fatos em sua condição real. Assimilar e no-ticiar o que acontece na sociedade e nas rela-ções humanas se reveste de uma responsabi-lidade transcendental e abre caminhos para mudanças de comportamento, fazendo com que a vida se torne mais fraterna. Ao mos-trar fatos e modos de viver, o Diário da Ma-nhã cumpre a missão secular de um órgão de imprensa, onde a liberdade e o compromisso mais próximo da verdade são constantes, por mais dura que seja a realidade e, apesar de nos desagradarem as deturpações que a maldade humana pratica constantemente.

Levar a verdade com opiniões sempre coe-rentes e que buscam a melhor forma de orien-tar condutas e comportamentos é uma ati-tude própria e moderna de evangelizar e mostrar para as pessoas os melhores cami-nhos que nos levam a uma vida mais frater-na e a um mundo mais justo. Nesse sentido, o que precisamos, todos os dias, é pedir a prote-ção de Deus para quem se compromete levar a verdade para a humanidade e faz da tarefa de difundir notícias uma forma de construir em nosso meio um reino de amor e de paz.

Ao jornalista Batista Custódio e toda equi-pe do Diário da Manhã, nossa gratidão pelo bem que esse veículo de comunicação faz e traz diariamente a todos os seus leitores. O DM escreve, sobretudo, a nossa história; a his-tória de quem sempre reconstrói a vida.

PADRE LUIZ AUGUSTO, TITULAR DA PARÓQUIA SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS

A mensagem que rompe correntes:“Conhecereis a verdade, e

a verdade vos libertará”. João, 8

História de um legado sem fimMEMÓRIA

Há 36 anos, o Diário da Manhã, evolução do semanário Cinco de Março, era publicado pela primeira vez, deixando um importante marco na história do jornalismo brasileiro

Em 1980, mais precisamen-te no dia 12 de março, nas-cia um dos mais impor-

tantes símbolos do jornalismo nacional, chamado Diário da Manhã. Depois de mais de vin-te anos de luta pela verdade, pelo jornalismo sério, convicto e de-fensor da liberdade, através do se-manário Cinco de Março, eis que a publicação diária de um noticiá-rio veio para revolucionar a im-portância e o significado do bom jornalismo e reafirmar a imagem de Goiás diante de todas as outras unidades federais do Brasil.

O Diário da Manhã já nasceu adulto, era o fruto amadureci-do do que já se esperava tornar o maior semanário do estado de Goiás, o Cinco de Março, funda-do por Batista Custódio e Con-suelo Nasser. Por vontade dos jornalistas Consuelo Nasser e Batista Custódio, nasceu o que viria a se tornar um dos jornais mais lidos no Brasil.

Batista e Consuelo revolucio-naram a imprensa, selecionaram os melhores nomes do jornalis-mo em Goiás, como Carlos Alber-to Sáfadi, Isanulfo Cordeiro, Jayro Rodrigues, Fleurymar de Sou-za, Hélio Rocha, Javier Godinho, entre outros. E como se esses no-mes de peso não fossem suficien-tes, buscaram mais outras im-portantes figuras do jornalismo de outros estados, profissionais como Washington Novaes, Aloy-sio Biondi, Reinaldo Jardim e Elói Callage, conhecidos entre os cole-gas como “legião estrangeira”.

Outra revolução foi a tecno-lógica, aplicada em todos os as-pectos de produção. Ele foi o pri-meiro jornal realmente diário de Goiás, circulando todos os sete dias da semana. Foi também o primeiro a funcionar com con-selho de redação, o primeiro a ter todas as suas páginas coloridas,

o primeiro com site na internet e o primeiro a informatizar total-mente a redação e o setor gráfico.

O DM nasceu muito forte e assim permaneceu, tendendo somente ao crescimento, che-gando até mesmo a ser reco-nhecido como o terceiro jornal mais importante do Brasil pela Academia Brasileira de Letras. No entanto, também parafra-seando outra jornalista, Suely Arantes, “O DM estava bom de-mais pra continuar. Jornal forte nem sempre agrada a empresá-rios e políticos. Dizer que existe imprensa independente de gru-pos econômicos e políticos, pelo menos pelas bandas aqui da América Latina, é utopia”.

Os salários da equipe eram al-tos e os custos operacionais da ti-ragem para atender a todo o es-tado e o Distrito Federal, além de várias capitais brasileiras, co-meçavam a se mostrar inviá-veis. Goiás não possuía nenhu-ma empresa de grande porte, até então, para anunciar-se. O maior anunciante era o governo.

SEM PRESSAQuando Iris Rezende assumiu

o governo do estado, sucedendo Ary Valadão, o Diário da Manhã ti-nha milhões para receber em no-tas empenhadas e não recebidas. No entanto, somente Batista ti-nha pressa em receber, e o governo não tinha pressa em pagar. As difi-culdades financeiras fizeram com que os salários se atrasassem e, a partir disso, começaram a surgir intrigas, tanto por parte do pró-prio governo, quanto por parte de jornalistas que viam no Diá-rio um concorrente impossível de ser superado. Como agrada-va o restante da mídia goiana, e por ser mais cômodo para o fir-mamento no poder, o governo de Iris perseguiu o DM até que fosse fechado em 1984.

Nas palavras de um dos maiores jornalistas que o es-tado de Goiás já teve o prazer de conhecer, Javier Godinho, “é óbvio que um veículo de co-municação social assim er-rou muitas vezes e fez muitos inimigos, que o perseguiram

de todas as maneiras possíveis, e uns poucos não o perdoaram até hoje. Não aceitavam que, atuan-do como um feroz cão de guarda, ao lado de oprimidos e indefesos, ele ajudasse muita gente, aliviasse muitas dores, evitasse muitos ma-les, abortasse muitas tragédias e secasse muitas lágrimas”.

CAIADOMas outro político prome-

teu a Batista que ajudaria a rea-brir o Diário da Manhã, o então deputado federal e presidente da UDR, Ronaldo Caiado. “Cada um, como puder, tem de ajudar o Batista a reabrir o jornal”, dis-se ele quando reuniu ruralistas e amigos, com sua fala impregna-da com a gana que sempre teve.

Desde então, nunca mais con-seguiram calar o Diário da Ma-nhã, nunca mais conseguiram

macular a sua tão importante imagem e jamais conseguiram impor obstáculos que não pu-dessem, facilmente, serem supe-rados pela competente equipe DM, liderados pela visionária fi-gura que representa Batista Cus-tódio. Que os próximos 36 anos possam refletir, ainda mais for-te, tudo o que o Diário da Manhã significou e ainda significa para Goiás e para todo o Brasil.

Pedro L. MacêdoEspecial à

Pe. Luiz AugustoEspecial à

Uma legião de grandes jornalistas seguiu as

pegadas de Washington Novaes, convocado por Batista Custódio para

revolucionar a imprensa em Goiás

57 ANOS DE 36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

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GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016 ESPECIAL Diário da Manhã10

Agora que o tempo venceu a tei-mosa negrura étnica dos meus cabelos, me coroando de fios

acinzentados, quase brancos, descobri a valor do recolhimento, da quietude, da imobilidade.

E com as rugas e achaques da ida-de, chegam para mim a ofuscante clareza do valor inestimável do equi-líbrio. A justa medida entre a base e o cume, entre uma margem e a outra, e entre todos os extremos para a estabi-lidade da montanha, a profundidade dos rios, o conforto do conhecimento.

Percebo agora, a segurança de uma bengala firme, o conforto de uma cama dura, a energia dos ba-nhos de água fria, a silenciosa re-tumbância do nascer do sol e esfu-ziante cintilação do céu estrelado. Aspectos da vida que o vigor do cor-po e das convicções não me deixava ver, menos ainda valorizar.

Agora analiso fatos, vivências, convívios e relações de toda ordem com o distanciamento que permi-te enxergar a totalidade dos eventos, como o de alguém que se distancia do carvalho para melhor visualizar a grandeza de sua copa. Vejo o desfi-le dos gigantes, nos passos dos quais caminhei para não perder o rumo. Dentre eles, o jornalista e mestre de vida, Batista Custódio.

Sem ampliar o foco sobre todos os aspectos dessa prodigiosa personali-dade, me centro a analisar sua mais

notável obra: o Diário da Manhã. Fruto da teimosa coerência de Batis-ta com seus mais fundamentais valo-res, desde que foi concebido o jornal – como todos os ideários à frente de seu tempo – tem recebido ataques, per-seguições, traições e danos gerados pelo espírito mesquinho de pessoas que não se adaptam ao novo.

O Diário da Manhã, por causa da alma libertária de seu fundador, sempre representou inovações, para quais a mente de quase todo o povo desta terra nunca está preparada. Por isto, foi visto como algo temível, quando devia ter sido tomado como um alvissareiro sinal de que Goiás não é apenas a província caudatária dos grandes centros.

Nos últimos tempos, precisamente nos últimos dez anos, o Diário vem pa-decendo um calvário de dores. Além do enorme sacrifício de permanecer na luta travando batalhas inglórias para manter-se navegando num mar de vilezas, Batista manteve a redação do jornal produtiva com o concurso de uma equipe quase heroica. Pessoas que, mesmo sobrecarregadas com o peso das responsabilidades e sem o alívio do conforto financeiro, lutam também para desempenhar suas fun-ções sem prejuízo do ideal de liberda-de acendido numa esquina de Goiás.

É de tácita aceitação geral a teoria de que, nestas terras, inovar ou defen-der uma ideia inovadora, é uma ta-refa nefasta. Preza-se o comodismo da pasmaceira ruralóide. Tudo o que cheira a mudanças evolutivas ame-dronta essa sociedade. E, Batista des-cobriu que criar e manter um veículo de comunicação que não se pautasse pela mesmice do dé javù, é um certa-me injustamente ingrato.

SUPLÍCIO IMPOSTO“Não dê pérolas aos porcos”, avi-

sou o Nazareno. “Não se enfia num chiqueiro com um terno branco”, avi-sa o anedotário popular. Mas Batista é daqueles que arriscam a romper os interditos, a quem não amedronta o volume das tarefas, desde que con-cordes aos seus valores éticos. Ousou construir um jornal que transcen-desse os limites do atraso. E tem pa-decido o suplício imposto aos que ou-sam desafiar os deuses invejosos.

Mesmo assim, não se pode contar a história recente de Goiás sem se re-ferir ao Diário da Manhã. Exemplo dramático do quanto é difícil, mas não impossível, revolucionar os con-ceitos de independência e de auto-nomia. Sem nunca abrir mão do seu sonho, Batista abdicou de seguir o caminhos de outros que, para im-plantar um veículo de comunicação estável, leiloaram seus valores.

Prefere a luta sem quartel e sem trégua. Seu descanso está na batalha. E sua glória vem todas as manhãs em cada edição publicada.

Não espera o julgamento da histó-ria. Já se sente justificado pela persis-tência no campeio do sucesso da mis-são que sente ter-lhe sido dada do Alto.

Por isto é que, placidamente ins-talado no início de uma velhice que encerra uma vida sem crimes e sem a iniquidade de muitos que refeste-lam em mansões e palacetes, sei re-conhecer, agora, o valor e prestar o respeito às sagas dos que estão fa-zendo, e farão com certeza, este um mundo um pouco melhor.

TON ALVES, JORNALISTA, PROFESSOR DE FILOSOFIA, FREI CAPUCHINHO

E EX-ASSESSOR DA CNBB

O peso do sonho na leveza do papelTon AlvesEspecial à

57 ANOS DE 36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

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GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016ESPECIALDiário da Manhã 11

A ideia desabrolhou quando a sensibilida-de jornalística de Batista Custódio, um jovem de têmpera contestadora, injuriou-se com a agressão policial contra estudantes, perpetra-da sob a batuta governamental da época, avil-toso acinte à dignidade da classe e à Democra-cia, o que enodoou o dia 5 de março de 1959, marco na história dos movimentos estudantis.

A idéia, o Cinco de Março que, pouco tem-po depois, emergiu da indignação do jo-vem jornalista, de têmpera contestadora, os-tentando no nome o timbre que perpetuou aquele triste dia, e firmou-se como um veí-culo denunciador que se insurgia contra desmandos, injustiças, arbitrariedades. Um jornal sem ‘papas na língua’, corajoso, porta--voz da notícia desprovida de máscaras e ale-gorias, e, por isso, temido por muitos, pois a verdade escrachava-se em manchetes cha-mativas. Os incomodados tinham-no como ‘Imprensa Marrom’. Os ávidos pela notícia verídica, como o ‘Jornal da Verdade’.

21 anos, o tempo de resistência do jornal. Resistência às perseguições tantas, às paralisa-ções de suas atividades, por força ora governa-mental, ora policial. E tutelando muitas dessas ações, a ditadura. Assim, em agosto de 1980, o Cinco de Março rendeu-se às dificuldades in-contornáveis, contudo, a palavra afiada, que moldava denúncias, ainda não se calava, man-tinha-se a meio tom, mesmo por curto tempo.

Mas Batista Custódio, estrategista nato, já estava com novo projeto. Na impossibilidade de reerguer o Cinco de Março, ergueria o Diá-rio da Manhã, no dia 12 de março de 1980, e os dois conviveram cinco meses: enquanto um cumpria o fim de seu ciclo, o outro o iniciava. Naturalmente, o DM não estava invulnerável ao olhar tacanho e assustador de seus perse-guidores: aos quatro anos, foi atingido feroz-mente, mas não se vergou à morte; ficou em ‘quarentena’, e, dois anos depois, aquilo que parecia cinza, na verdade, era um braseiro em erupção. E o Diário da Manhã estava de volta.

Cinquenta e sete anos de atuação jornalís-tica impressa, a saga de Batista Custódio: 21 do Cinco de Março e 36 do Diário da Manhã. Uma história cunhada na perseverança, no desafio constante, nos recomeços e conquis-tas. Desesperança, jamais! A luz estava sem-pre a indicar-lhe o norte.

Integrei a família do Diário da Manhã, du-rante 21 anos. O jornal ainda adolescia. Em 1991, o jornalista e amigo, Nílson Gomes, in-troduziu-me na Casa de Batista Custódio, onde fui recebida carinhosamente. Uma cro-nista em construção, pois, embora houvesse, por pouco tempo, assinado textos em prosa na Folha de Goyaz, no início de minha ado-lescência, era, na verdade, uma poetisa, já com quatro livros publicados. Um desafio que me assustou, porém, quis ser maior que ele e in-ventei meu próprio desafio: descontrair o lei-tor, aos domingos, tão cansado das notícias tristes e revoltantes arregaladas no dia a dia dos jornais. Então, criei expressões divertidas, personagens como o Hilário, movido a trapa-lhadas; o mendigo Safadino, mestre na arte de enganar e de provocar os políticos; Dadivosa, mulher de vontades muitas; Virgenilda, ansio-sa por desdonzelizar-se... Para melhorar o ní-vel dos candidatos, lancei o Muro, a Árvore, a Praça como potenciais políticos, todavia, en-quanto o tempo trotava, muitas coisas acon-teciam: perdi um filho (deixei o DM, por um tempo, pois havia me afastado da vida), colo-quei poesia nos muros e espaços ociosos de Goiânia (Projeto Poesia em doses), entrei para a Academia Goiana de Letras, que, há cin-co meses, presido (a segunda mulher, em 77 anos, a fazê-lo), gestei 8 livros de crônicas, to-das publicadas no DM (mas a poesia andou lado a lado com elas, são oito livros também).

Publicar crônicas semanalmente, uma porta escancarada à minha visibilidade como escritora, e, assim, ganhei leitores em fartu-ra, aqui, ali, alhures (vários no exterior). Um apoio diário, uma manhã sempre alvissareira para minha literatura. Relação de amor e gra-tidão, a minha, com o Diário da Manhã, além do orgulho por ter feito parte de mais da me-tade da história desses seus trinta e seis anos a serviço da informação, da literatura, dos seg-mentos social, político, religioso, sempre com a mente aberta, abominando preconceitos, rechaçando a discriminação.

Parabéns, Batista Custódio, por jamais ter aceitado peias, mordaças, nem temido chico-tes ou baionetas! Parabéns pela sua fibra de batalhador, pelo seu tino jornalístico, pela sua coragem que nunca envelheceu. Parabéns por todos os seus recuos, na realidade, estra-tégias para revitalizarem algum ideal agoni-zante! Parabéns por tantas e tamanhas vitó-rias! Parabéns, família do Diário da Manhã! Parabéns, leitores! Parabéns, Goiás!

LÊDA SELMA, POETISA, CRONISTA, CONTISTA. ATUALMENTE, PRESIDE A

ACADEMIA GOIANA DE LETRAS

Diário da Manhã, um amanhã sempre regado pelo sol

Cotidiano de um diário é bastante movimentado. No Diário da Manhã, a produção começa de manhã à noite. Mesmo na madrugada, quando o jornal é impresso e distribuído na Capital e demais cidades do interior do estado, os celulares e jornalistas não se desligam

A rotina de um jornal diário é intensa. Durante as 24 horas do dia os funcioná-

rios se revezam para que o jornal esteja disponível para a população toda manhã, com notícias quen-tes e reportagens de qualidade.

Na sede do Diário da Manhã, a movimentação de repórteres, editores, estagiários e fotógrafos é maior durante a tarde. A con-centração de diagramadores, ilustradores e revisores é maior a partir do fim da tarde e durante a noite. Na madrugada, os traba-lhadores da indústria se dedicam à impressão dos exemplares a se-rem distribuídos horas depois na grande Goiânia e nas cidades do interior do Estado.

O prédio nunca fica vazio, nem mesmo nos fins de semana e feria-dos, nos quais os funcionários se revezam para produzir material e garantir a informação dos leito-res goianos. Funcionários de dife-rentes áreas, como RH, comercial, informática, financeiro, limpeza e arquivo se desdobram par

Maria Augusta do Planalto, 23, repórter de cidades, está no Diário da Manhã desde 2013. Passou por diferentes cargos, foi editora do caderno de economia, editora executiva além de repór-ter, e afirma que a rotina é dife-rente para repórteres e edito-res. “Como repórter não há bem uma rotina. Sempre há novida-des, novas pautas. Gosto, ape-sar da correria. Ser repórter nos dá mais oportunidade de entrar em contato com outras pessoas e

com diferentes assuntos. Já o tra-balho de editor exige uma rotina. Deve-se indicar pautas para os repórteres, acompanhar a pro-dução, editar e acompanhar a diagramação”, explica Planalto.

Danyla Martins, 26, editora do caderno de política, que está no Diário da Manhã desde 2012, acredita que a rotina de trabalho é desafiadora. “Todos os dias há um desafio, principalmente pelo cenário político estar em cons-tante movimento. No entanto,

os anos eleitorais, em período de campanha, o movimento é bem maior e a rotina é mais puxada. Geralmente chego ao jornal por volta das 14h30 e não há muito horário pra sair”, conta ela.

DESIGNA diagramação é parte funda-

mental na montagem de qualquer jornal impresso. Nicola Caetano, 32, um dos designers editoriais da equipe, conta que chega na reda-ção por volta das 19h e só vai em-

bora quando todas as páginas es-tão finalizadas. “Quando chego, converso com os editores e os ou-tros designers para se ter um es-copo geral da edição, quantas páginas teremos, se existe algu-ma página especial que me exige mais atenção que as básicas, se al-guma matéria precisa de uma te-matização mais específica. A de-dicação e o cuidado devem ser aplicados integralmente a todas as páginas, como se fossem obras de arte”, analisa ele.

TUDO É NA HORA

Uma das preocupações da equipe do Diário da Manhã é em manter a qualidade do conteúdo online. Caroline Mendonça, 20, repórter do DM Online, conta que o trabalho é integral, já que a no-tícia tem que ser publicada no site no momento do acontecimento. “A área envolve imediatismo e es-tar sempre atualizado, o que tor-na o cotidiano tenso e causa cer-ta pressão”, argumenta Caroline.

Rotina alucinante 24 horasQUEM FAZ

Lêda SelmaEspecial à

Ariana Lobo & Lyssa ChagasEspecial à

Depois de elaborado por fotógrafos, designers, editores e repórteres, o jornal em um arquivo digital é enviado para a indústria: novamente

inúmeros profissionais se reúnem para colocar o DM nas bancas

Indústria da informação é tecnológica, dispendiosa e exige atualização constante das competências e dos conteúdos:

jovens e profissionais experientes se unem para uma batalha todos os dias: colocar um jornal nas ruas e na web

CRISTOVÃO MATOS MEL CASTRO

57 ANOS DE 36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

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GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016 ESPECIAL Diário da Manhã12

Entre os nomes de jornalis-ta que estiveram na reda-ção do DM e hoje enxer-

gam esse lugar como fonte de aprendizado, está o jornalista Oloares Ferreira, que é apresen-tador do programa Balanço Ge-ral, veiculado na hora do almoço na Rede Record Goiás. Ele teve como uma das suas primeiras experiências jornalísticas a reda-ção do jornal Diário da Manhã.

Ele conta que a convivência com grandes nomes do jornalis-mo que aqui também atuavam o fez ter certeza de que havia esco-lhido a profissão certa. “Come-cei no Diário da Manhã no inicio dos anos 90 na editoria de Cida-des, no entanto, me encontrei de fato quando estive nas editorias de Politica e denuncia. Foi então que notei queria seguir na área de comunicação”, explica.

Oloares aponta que o jornal foi de fato uma escola e deu a base para conseguir desempenhar com excelência o que faz até hoje, enxergar as pessoas em sua es-sência, decifrando e contando da melhor forma possível suas his-tórias. “Aprendi a gostar de gente, acho que o jornalismo parte mui-to disso, eu era pautado muitas das vezes pelo Batista Custodio, e não entendia de imediato o moti-vo das pautas, mas o destrinchar dos temas sempre revelavam o que ele realmente queria que fos-se abordado, ou seja, mostrava as grandes histórias que existem por trás de cada pessoa”, ressal-ta. Ele conta que esse aprendiza-do o auxiliou não só à época, mas é algo que traz consigo até os dias de hoje, como apresentador de TV.

O hoje desembargador no Distrito Federal, Marco Antônio Lemos, conta que começou a es-crever para o Cinco de Março no ano de 1961, quando tinha ape-nas 14 anos de idade e deve tudo ou boa parte de sua formação como jornalista a esse veículo.

“Aqui foi onde aprendi o que sei, e esse tipo de experiência é algo que não se pode descartar, você leva ao longe da vida. É um ga-nho que contribuiu muito com meu trabalho”, esclarece.

Esse aspecto positivo o levou a adquirir junto com esses profis-sionais, prêmios e consagrações nacionais. Entre eles está o jorna-lista Antônio Carlos Volpone, que em 2006, por exemplo, teve 14 pá-ginas da revista Prêmio CREA Goiás de Meio Ambiente, dedica-dos a uma série de suas matérias publicadas no DM. Para ele o jor-nalismo sempre foi uma paixão, e prestar serviços para esse veí-culo é sempre sinônimo de orgu-lho. “É de fato uma escola, não só

no meu caso, mas em vários ou-tros. Podemos dizer que boa par-te dos grandes jornalistas que saí-ram de Goiás e estão ai mundo à

fora tiveram passagem em algum momento pelo DM”, explica.

Entre esses profissionais de re-nome estão: Mino Carta, que di-rigiu as equipes de criação de pu-blicações que fizeram história na imprensa brasileira, como Quatro Rodas, Jornal da Tarde, Veja, IstoÉ e Carta Capital; Aloysio Biondi: Trabalhou na Gazeta Mercantil, Jornal do Commercio (RJ), Diário do Comércio e Indústria (DCI-SP), Correio da Manhã (RJ), revistas Veja e Visão, foi vencedor de dois Prêmio Esso, em 1967, pela revis-ta Visão, e em 1970, pela Veja; Rey-naldo Jardim: Foi redator das re-vistas O Cruzeiro e Manchete, no Rio, exerceu cargos de chefia na Rádio Clube do Brasil, na Rádio Mauá, na Rádio Globo e na Rádio Nacional; em São Paulo, na Rá-dio Excelsior; Jânio de Freitas: Em 1963 foi para o Correio da Manhã e em 1967 assumiu a direção-ge-ral da Última Hora do Rio de Ja-neiro, montou uma revista sema-nal, Direta, e trabalhou no Jornal dos Sports em1969. Ingressou na Folha de S. Paulo em 1980, e em 1983 começou a publicar a colu-na política que mantém até hoje. É colunista e membro do conse-lho editorial desse jornal, onde analisa as questões políticas e econômicas do país.

FORMAÇÃO

Diário da Manhã usinou grandes nomes da imprensa brasileira em sua redação. Eles reconhecem no jornal uma vitrine, uma

escola, onde aprenderam boa parte do que exercem atualmente

O Diário da Manhã, juntamente com seu congênere Cinco de Março, é um jornal que, caminhando para seus 60 anos de existência, dá provas diárias de que é jovem, corajoso e sem medo de inovação. Parece ser desses que só tem 20 anos. Vivendo a plena juventu-de aliada à experiência, ele fará não 60 anos, mas três vezes 20.

A medida do tempo é, das inven-ções cartesianas, a mais relativa e, por isso mesmo, das mais humanas. Uma mesma medida de tempo não é igual se o sujeito está se divertindo ou se la-mentando. Se está se informando ou tagarelando.

Na ilusão de que administramos o tempo, rigorosos e metricamente me-dimos o seu passar em horas, dias, me-ses, anos. Já a eternidade, não é assim. Ela é sempre a mesma, desmedida e ab-soluta, pairando aquém e além do tem-po e superando todas suas medidas.

E por que falar em eternidade frente ao efêmero de uma edição de jornal? É que, devido a seu vigor, não devemos medir em dias ou décadas o tempo de um jornalismo como o de Batista Cus-tódio. Como veremos, só a eternidade lhe faz justiça.

Uma página de jornal pode vibrar profunda e indefinidamente na vida e na alma das pessoas que a lêem. Não importa se feita no passado, no pre-sente ou no futuro, qualquer pági-na, para alcançar de frente seus leito-res, sempre terá por trás seus feitores e seus suportes de tinta ou de bites. O mais importante, no entanto, é a tena-cidade, o espírito renovador e a inteli-gência de ambos os lados da página.

Nestes já quase 60 anos muitas e muitas foram as páginas comandadas por Batista Custódio (milhares delas!) que causaram marcas indeléveis e que, assim, migram das medidas tem-porais e transcendem seus momentos de publicação. Não somente os arti-gos que ele escreve, como se fosse um Moisés descendo da montanha com escritos na pedra, mas um jornal in-teiro, que Batista faz acontecer dia-riamente, com a participação decisiva

dos leitores representando a unidade celular da sociedade para a qual ele presta seus serviços.

Quando olhamos alguns fatos pontuais da nossa história é fácil da-tar e colocá-los no escaninho das lembranças temporais. Mas quan-do olhamos para um acontecimento que se desenrola continuamente, de maneira presente e vibrante, torna-se impossível catalogar, medir suas con-sequências e sua verdadeira dimen-são. Principalmente se este advento tem a ver com milhares de pessoas e se renova diariamente, como é o caso da história do Diário da Manhã.

Quando atual e verdadeiro, o jor-nal é uma usina de informações so-bre as tessituras que compõem a vida. Depois de represadas, estas informa-ções são publicadas para a socieda-de, passando a gerar energia. É desta energia gerada pela informação que as sociedades necessitam para se ver no mundo e traçar caminhos.

Vivendo intensamente o que se é e o que se faz, todas as co-memorações são im-portantes. As comemo-rações são das coisas mais necessárias da vida, porque se refe-rem a conquistas e a obstáculos vencidos. Só os vencedores co-memoram, é bom lembrar. Comemo-re-se, então, este mais de meio cente-nário de vida de um jornal com seus mar-cos diários de vitórias.

No entanto, engana-se quem pensa que um jornal é pessoa jurídica. O Diário da Manhã, cumprindo com louvor sua mis-são, é puramente os seus leitores. Assim pode-se dizer que este aniversário que se comemora é o de seus milhares de leitores. Se o jornal é deles, o ani-versário também é.

A história de Batista Custódio e suas pági-nas vitais, pulsantes e inesquecíveis avança sobre os obstáculos temporais

e se prepara para alcançar o desmesu-ramento da eternidade.

Nunca fez ou fará 60 anos de lida. É sempre 20 anos. Que são somados a outros 20 e mais outros 20 anos e, assim, se constitui um processo que vai alcançando 6 décadas de exten-são, mas que, na verdade, está em plena juventude.

Com dinamismo, inventa-se e se re-nova diariamente. Seja nos temas ou nas abordagens. Seja na forma das fi-bras impressas ou nas ondas quânticas da internet.

Feliz de um jornal que pode ser assim (mesmo que pague muito alto o preço de sua liberdade juvenil), porque assim serão seus leitores. Parabéns aos que vivem e re-novam o jornalismo inspirado e corajoso. Parabéns aos que o fazem e aos que o lêem.

Assim como foi ontem e amanhã será, hoje é o seu dia de ter em mãos a informação para o coração e mente, a uma só vez, no jornalismo inteligente, orgânico e eterno de Batista Custódio.

PX SILVEIRA, PRESIDENTE DO INSTITUTO

ARTECIDADANIA

Aos senhores do jornal, seus leitoresPX SilveiraEspecial à

Nayara ReisEspecial à

Escola do jornalismo

Para o jornalista e apresentador Oloares Ferreira, da Record Goiás: tudo começou na antiga redação do Diário da Manhã,

onde frequentava as editorias de Cidades e Política

Desembargador no Distrito Federal, Marco Antônio Lemos começou no Diário da Manhã, de onde teve a inspiração para seguir carreira

jurídica vitoriosa no Distrito Federal e outros estados do país

Antônio Carlos Volpone: ambientalista que também atua como jornalista e ainda hoje utiliza as páginas do Diário da Manhã para denunciar agressões contra santuários ecológicos e enaltecer Goiás

DIVULGAÇÃO

ARQUIVO DM / DOMÍNIO PÚBLICO

PATRICIA NEVES

57 ANOS DE 36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

PARABÉNS AO DIÁRIO DA MANHÃ

PELOS �� ANOS

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GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016ESPECIALDiário da Manhã 13

O jornalismo, de forma geral, sempre se pautou como um instrumento da liberdade de expressão, justiça social e democrática.

Em Goiás, a imprensa jornalística não fu-giu a essa regra, sendo constituída também por muito sonho e idealismo. Desde a dis-tante época da publicação do primeiro jornal goiano, A Matutina Meyapontense, na primei-ra metade do século XIX, passando pelo Diário Oficial de Goyaz, já na antiga Vila Boa de Goyaz, então Capital do Esta-do, o ideário de liberdade de expres-são marcou suas páginas com interessantes matérias, infor-mações e política.

Com o surgimento da Re-pública e o início do século XX, foi maior o desejo de se expressar democrati-camente; A imprensa jor-nalística tornando-se mais popular alimentou sonhos literários, históricos e, principalmente, os sonhos políticos, ao motivar o surgimento de inúmeros periódicos, diários e semanários nas cidades goianas. Foram vários os jornais surgi-dos na esteira do idealismo e da esperança de uma sociedade mais livre, justa e feliz.

Dentre esses jornais e periódicos, dois marcaram politicamente aquela época na antiga capital goiana: O Democrata e A Voz do Povo (antagonistas).

Com a mudança da Capital, inúmeros jor-nais aqui surgiram e se acabaram. Entre os que permaneceram, um teve vida tumul-tuada, trajetória marcada por lutas, tristezas, glórias, desafios e alegrias.

Na tranquila e jovem capital do Estado, na planejada Goiânia do final dos anos de 1950, jovens estudantes secundaristas se rebelaram movidos pelo ideal de liberdade de expressão, mudanças sociais e lutas de-mocráticas. A história cita vários nomes dos jovens da época, entre eles Javier Godinho, Telmo Faria, Batista Custódio, Zoroastro Artiaga, Consuelo Nasser, Valterli Guedes e tantos mais na busca de uma imprensa li-vre de amarras sociais e políticas.

Apoio indispensável à concretização desse grande vôo libertário de jovens goia-nos foi o do inteligente e irreverente político Alfredo Nasser, na cessão, a esses jovens da

antiga tipografia do Jornal de Notícias. Nas-ce então, o jornal Cinco de Março, no ano de 1959, tendo em sua direção o jornalista Ba-tista Custódio e o grande objetivo de alçar novos vôos de liberdade e altruísmo, na luta por uma sociedade democrática em defesa da cidadania e liberdade de expressão.

Sua trajetória até os dias de hoje teve altos e baixos. Vidas se foram, lutas se travaram, mas o ideal de liberdade de expressão sempre re-nasceu. Atualmente, caminha este jornal com passos firmes ao completar 57 anos e já ante-vendo as Bodas de Diamante; Outro nome tem por título “Diário da Manhã”, mas con-tinua sob a mesma direção do velho cacique

guerreiro, o entusiasta jornalista Batista Custódio, auxiliado por outros e tan-

tos jornalistas, por filhos e ami-gos trazendo o mesmo ideá-rio de liberdade de expressão do povo goiano. Entre seus cadernos temos o disputado Opinião Pública, onde abre as portas a jovens talentos ou a calejadas cabeças esbran-quiçadas e privilegiadas, que buscam no ideal humanís-tico alçar novos vôos, novas formas de liberdade de ex-pressão, o reverso da moeda

ou o outro lado da história. Hoje, me ponho a relembrar a agitada tra-

jetória de ambos os jornais: o Cinco de Mar-ço, 21 anos, e o jornal Diário da Manhã, 36 anos. Não passaram a vida em “brancas nuvens” como cantou um poeta Francis-co Otaviano. Viveram cada Jornal e seu úni-co presidente, os altos e baixos do destino, as glórias, a luz, e, repentinamente, o fundo do poço, a escuridão da injúria, do abando-no moral e físico, o tempo das palavras vãs. Desceu ao inferno da injustiça social, da ar-bitrariedade política e renasceu com mais força e determinação, qual ave mitológica.

Ao felicitar a continuidade dessa caminha-da democrática do jornal DM, cumprimento o editor-geral Batista Custódio estendendo o mesmo a toda sua família de jornalistas, seja de sangue ou de coração, que há muito vem segurando este bastão com sabedoria, fé e pulso forte. Reverencio, na oportunidade, as memórias de Alfredo Nasser, Consuelo Nas-ser e Fábio Nasser, que hoje estão em outra dimensão, mas deixaram aqui o exemplo de seus sonhos e suas realizações.

MARIA ELIZABETH FLEURY TEIXEIRA, PEDAGOGA, ESCRITORA, PRESIDENTE DA

ACADEMIA FEMININA DE LETRAS E ARTES DE GOIÁS, PERTENCE A UBE, AGI, ATLECA E ABLAC

Festejando o bom caminho

Convívio no mesmo ambiente de trabalho gera

grandes vínculos e amizades. No

Diário da Manhã não é diferente

O suor virou a Família DMSOCIABILIDADE

Sabe-se que a rotina de um jornalista pode ser árdua e cansativa e que uma boa re-

lação dentro do ambiente de tra-balho é primordial. Quando há um convívio diário entre as pes-soas, naturalmente vínculos de amizade nascem, e no Diário da Manhã não é diferente.

O editor Matheus Cruvinel afir-ma que o bom relacionamento com todos é fato e que apesar das tarefas bem estabelecidas e dos di-ferentes cargos, os relacionamen-tos não são tratados de forma hie-rárquica e sim de igual para igual. “A gente se trata e lida um com o outro como se estivéssemos no mesmo patamar”, alega Matheus.

Assim como Matheus, Hei-tor Vilela, editor do DM Revista, acredita que boa convivência se

dá pela não existência de autori-tarismo entre os cargos, o que faz com que todos se tratem igual-mente. “ Fiz grandes amigos aqui dentro, com pessoas que, mesmo tendo saído do DM, ainda man-tém contato comigo e com o jor-nal, mandam sugestões de pau-ta, artigos, etc.”, diz ele.

Fernanda Laune e Ariana Lobo, jornalistas do caderno de Cidades,

confirmam a boa convivência e dizem que as grandes amizades cultivadas dentro do DM ajudam na jornada de trabalho cansativa e que além de terem feito amigos de trabalho, também levarão ami-gos para a vida. “Esse vínculo que criamos ajuda na motivação de no bom desempenho com o traba-lho”, afirma Fernanda.

“A rotina e a grande convivên-

cia faz com que nós criemos vín-culos positivos e as pessoas com as quais eu convivo no DM são quase como minha família. Faze-mos Happy Hours e festas temáti-cas fora do ambiente de trabalho, parece que a gente não se cansa um do outro”, diz Ariana.

RELAÇÃOAssim como em qualquer ou-

tro ambiente de trabalho, sur-gem novas pessoas e novos in-tegrantes para uma grande família. Raphael Bezerra, jorna-lista do caderno de Cidades, está na equipe desde o inicio de 2016 e diz que sua primeira expe-riência tem sido muito boa, não só pelo trabalho, mas também pela relação com os colegas. O jornalista alega que a ajuda mu-

tua e a convivência com todos anima quanto a rotina corrida e que tem feito bons vínculos.

Assim também afirma Dany-la Martins, editora de política, “O relacionamento com as pessoas é muito agradável, não há brigui-nhas e desentendimentos. Inde-pendentemente de cargos e de editorias o clima entre as pessoas é bem amistoso”, afirma a editora.

Maria Elizabeth Fleury TeixeiraEspecial à

Lyssa ChagasEspecial à

Uma das confraternizações da equipe do Diário da Manhã: trabalho em uma redação de jornal não é de gabinete, onde cada um tem seu espaço. No DM, as pessoas aprendem a conviver nos mesmos locais. Uma vida cruza com a outra a todo o momento

O talentoso chargista, José Almir de Andrade, considerado gênio por seus admiradores e especialistas em críticas

ilustradas, recupera-se de um AVC que o atacou em estágio inicial e esperamos

seu retorno para as páginas do DM, após todos os cuidados médicos necessários

IRIS ROBERTO

57 ANOS DE 36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

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GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016 ESPECIAL Diário da Manhã14

O jornal, amigo de Deus, que planta esperanças nos corações sofridos

Os heróis que se foramÀ MEMÓRIA

Presença de Fábio Nasser na redação do DM era uma rotina de quem ajudava a ‘parir’ um jornal por dia. Com ele, que já se foi, Ferreira Júnior, Bernardo Élis e outros tantos ajudaram a erguer a bandeira da liberdade de expressão

O Diário da Manhã é, sem dúvida, um jornal sem portas. Por aqui pas-

sa quem quer, na hora que quer. Sempre foi assim. E assim sem-pre será. Quem conhece a reda-ção do Diário da Manhã sabe bem o que estou falando.

A burocracia de outras empre-sas é quebrada, em seu paradig-ma, justamente aqui, na redação do DM. Lembrando seu editor--geral, o jornalista Batista Cus-tódio, por aqui, cortando a reda-ção, passa uma avenida fluente o dia inteiro. Onde qualquer um conhece a sua redação e com ela mantém a sua relação: de cordia-lidade ou de conflitos.

O Diário da Manhã é uma re-dação aberta às opiniões. Sempre foi. E assim será. Desde os tempos imemoriais onde o jornalista Fá-bio Nasser era um de seus edito-res. Fábio Nasser, mesmo desen-carnado, é uma presença física permanente na redação do DM. Está presente em cada móvel ain-da usado na redação. De sua la-vra, ainda permanece intacta a mesa e a máquina Olivetti, usada por ele em seus artigos, inclusive, em seu último artigo.

A velha Olivetti de Fábio Nas-ser ainda há pouco tempo era usada, também, pelo jornalis-ta Edson Costa, que anos a fio manteve no jornal sua indefec-tível coluna ‘Distrito Zero’, onde as mazelas da população eram colocadas em drops, num hu-mor fino e popular.

Tanto Fábio, quanto Edson, da velha escola, sempre preferiram a ‘descomodidade’ da máqui-na de escrever, em vez dos bene-fícios tecnológicos do computa-dor, que, naquele tempo, aparecia como uma magia sem fim.

Fábio sempre foi jornalista, gos-to herdado dos pais, Batista Custó-dio e Consuelo Nasser. Na redação do Diário da Manhã, habitual-mente, ajudava os pais em tudo: na seleção de pautas, na titulação das matérias, nas opiniões, sem-pre contundentes, de seus artigos, cada um mais centrado nas críti-cas que os outros. Fábio sempre foi um jornalista presente, mesmo após a sua morte, em 1998.

A sua presença começa a ser notada na própria capa do jornal, onde aparece escrito, na logomar-ca do jornal, Fábio Nasser Custó-dio dos Santos como fundador do DM, uma homenagem de seu pai, desde quando Fábio nos deixou.

SÍMBOLO DE REBELDIAErguida no arco de entrada

do portão principal do DM está, também, uma estátua sua, feita pelo artista plástico Raul Vicen-zio. Nela, Fábio Nasser, com seu indefectível sobretudo, esvoaçan-te, um símbolo de sua rebeldia (o poeta russo maiakovski tinha o seu, também), prega o revolucio-nário conteúdo do Diário da Ma-nhã, onde todos opinam, indistin-tamente de seu poder aquisitivo ou de sua posição social.

Assim como os pais, Fábio sempre defendeu, até a morte, a liberdade de expressão, tanto que depois de sua morte, através de um suicídio, o pai, o editor-geral, deu a determinação que se noti-ciasse tudo e que não escondesse nada aos seus admiradores e lei-

tores. Foi assim naquele triste dia e assim sempre será.

Um dos poemas escritos por Fábio Nasser ‘As ideias Sonham’ pode ser visto no jardim do jor-nal, num monumento informal feito pelo artista plástico Omar Souto após um pedido do pai de Fábio, Batista Custódio.

No monumento, o poema anuncia a liberdade do Diário da Manhã numa pureza de poesia, que só Fábio sabia fazer. O poema foi construído após o fechamen-to do jornal, numa espécie de fa-lência planejada pelos inimigos do períodico. Fábio ali, naquele mo-mento, indignado, construiu os versos e teceu a luz que prognos-ticava, um dia, o retorno do DM. Como assim se deu. O mesmo poema, escrito a mão, com sua ca-ligrafia, com um pincel atômico, repousa acima, na parede atrás da cadeira do jornalista Batista Cus-tódio, que se vê, sempre, alí, mi-rando nos versos do filho.

Não somente Fábio é home-nageado na sede do Diário da Manhã. Ferreira Júnior, um dos mais experientes e antigos jorna-listas do DM, também, ganhou uma escultura nos jardins, feita pelo artista plástico Omar Souto, em tamanho real. Sentado, com seu velho relógico Casio, com sua sempre bota oudoor e seu jeans clássico, Ferreira cruzava sem-pre a redação do DM com notícias alvissareiras. Algumas sempre boas, outras sempre ruins. Afinal, é essa a rotina dos jornalistas.

Ulisses AesseEspecial à

A vida que tenho é minha maior dádiva, pois que não é minha, vem de Deus, e dou-a, inteira, para todos os que de mim se aproximam. E ao longo dessa bênção que já dura 73 anos, um amigo me surgiu nas luzes do amparo e que só de falar dele, eu fico sensível e emocionado: é o Batista Custódio.

Ele sempre reconheceu meu traba-lho espiritual. Agradeço a Deus a cada manhã, quando acordo e ao receber seu jornal, consigo observar sua árdua luta de fazer o Diário da Manhã chegar as casas e as bancas todos os dias. Seu jornalismo é sério, sem medo de escre-ver o que pensa. Batista Custódio é um homem com o peito aperto para as do-res da vida, acumulador de cicatrizes,

mas nunca de mágoas. Ao longo des-sa trajetória de dificuldades ímpares, mantém um sorriso sereno e seu abra-ço sempre aberto, assim como estão as portas do Diário para quem quer que precise de uma voz e não sabe onde en-contrar o seu próprio grito. O DM tem este sagrado papel: ser o brado das mul-tidões sofridas e emudecidas de dor.

Batista é a coragem encarnada em forma de letras. É bom e honrado desde a infância ao seu atual grisalhar. Sem-pre respeitou o arquiteto maior, que é Deus. Agradeço-o por me apoiar com boas matérias sobre mim. E quero que saibam!, Batista é amparado pelas en-tidades de luz. Jornalista de fé e amor. Hoje em dia, características raras.

Graças a seus escritos sobre a minha jornada mediúnica, eu pude continuar minha missão de atender milhares de pessoas que precisam do tratamento espiritual do qual Deus me designou.

O DM sempre acreditou na serie-dade do que faço. A minha amizade com o Batista é uma aliança contra a adversidade, aliança sem a qual eu ficaria desarmado contra as intem-péries da vida. É fruto de um Amor de verdade, que será preservado pela eternidade. É ele uma das pessoas que mais admiro, respeito e tenho consi-deração. Ele doa o seu bravo trabalho, sem descanso, em prol dos leitores e do Brasil. Merece estar entre os jor-nalistas mais influentes do ano. É

uma das almas mais humanis-tas e inteligentes que já conheci.

JOÃO TEIXEIRA DE FARIA, O “JOÃO DE DEUS”, MÉDIUM E

FILANTROPO

João Teixeira de FariaEspecial à

Ê CORINGA NA REDAÇÃO

FERREIRA JÚNIOR era uma espécie de coringa na redação do Diário da Manhã e fazia de tudo que lhe era dado como missão. Assumiu da Editoria Especial à Editoria de Cidades, caso lhe fosse confiada a atividade.

Ferreira foi embora, também, sem muita explicação. Um problema no coração o afastou fisicamente de seus colegas e o levou ao Divino. Mas está aqui, sempre, com seus ensinamentos de quem adotou o jornalismo como um sacerdócio, não como uma atividade apenas divertida e lúdica.

No dia do enterro de Ferreira Júnior, estava em Jataí, uma pequena grande cidade do Sudoeste Goiano, mais precisamente em Serranópolis, onde dos promontórios habitados pelas araras azuis pude me firmar no silêncio da vida e no firmamento das coisas. Nelas busquei uma explicação pela morte de Ferreira.

A tive numa oração comigo mesmo e nas plumas das palavras que me vinham no sussuro do vento. Ali me vi flanando, como o Carcará no céu de meu Deus.

Ê UM ÍCONE VIVO

EDSON COSTA está mais vivo do que nunca, mas ‘descontinuou’ sua coluna que relatava com bom humor a violência do cotidiano, quando

Goiânia não era campeã de homicídios

Ê O MAIOR ESCRITOR NO DM

BERNARDO ELIS (foto), outro grande emblema da cultura goiana, também escreveu nas páginas do Diário da Manhã. Cronista efêmero, numa linguagem própria de um dos maiores escritores brasileiros, Bernardo era festejado como o maior nome de nossa literatura, reconhecido, inclusive, pela sua presença na Academia Brasileira de Letras (ABL). Bernado tinha Batista Custódio e Consuelo Nasser, também, falecida, como seus heróis de um jornalismo diário e libertador, sem as amarras da censura,que pulveriza as nossas atenções para além do planeta Terra.

Bernardo, altivo, eloquente, na sua fala interiorana, não mensurava a sua importância para o jornalismo do DM, nem de Goiás. Escrevia com a fluência e qualidade de um escritor sem saber que se tornaria, um dia, o maior escritor do Centro-Oeste de todos os tempos, com a chancela de derrotar Juscelino Kubitscheck, o ex-presidente, numa eleição na ABL.

Lógico que teve um dedo da rebeldia de Batista Custódio e Consuelo Nasser, do Cinco de Março e do Diário da Manhã, onde tempos depois, Bernardo defraudaria a sua bandeira de liberdade.

Bernardo, também, foi tema de uma grande escultura nos jardins do DM. O artista plástico Omar Souto esculpiu na tempera do reboque Bernardo com seu velho e habitual quepe, que tanto usava na sua rotina diária de um grande observador. Élis compõe a beleza e a leveza da grande escultura que em uma só homenageia cinco grandes vultos goianos: Yeda Schmaltz, Cora Coralina, Pedro Ludovico, Santa Dica e o próprio Élis. A arte no resumo da história.

Tanto Fábio quanto Ferreira Júnior ou Bernardo Élis encarnavam este espírito libertário das notícias com voos de pássaros nas asas do tempo. Fábio ainda está solene na fotografia-poster-outdoor gigantesco na redação do Diário da Manhã, onde nos ‘espia’ com a convicção

de que a morte é para os fracos e que a vida é sublime ainda que percamos o contato físico com as pessoas.

Compreender esse espírito de liberdade nos faz sorrir para a adversidade e caminhar indo somente apoiado no poder dos olhos e da mente como se nada fosse tudo senão nada em tudo que somos.

Nessa semente de amor, eis a dor e algo que deixamos de compreender: se somos isso, porque deixamos de ser isso? Não, não deixamos de ser isso. A morte não nos limita à morte. Somos a essência do ar, do mundo, de alguém, que uma dia nasceu e ainda respira.

Bernardo Élis, um dos maiores escritores do país, visitava a redação do Diário da Manhã sempre

com seus textos prontos para publicar: preferia ver suas criações no DMRevista

Ferreira Júnior tornou-se uma escultura nos jardins do Diário da Manhã: foi apelidado de “Google”

pelo jornalista Nilson Gomes, pois sabia tudo quando não existia internet

Fábio Nasser foi editor de política e repórter, além de fechar a capa: cruzou as cidades goianas para fazer caderno da Ferrovia Norte-sul

57 ANOS DE 36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

Page 15: 57 Anos de Liberdade do Diário da Manhã

GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016ESPECIALDiário da Manhã 15

Desde o seu luminoso surgimento em 12 de março de 1980 em Goiânia, o jornal Diá-rio da Manhã tem sido um baluarte na luta pela imprensa livre e democrática, liberta de peias e de amarras. Seguindo a linha do jor-nalismo investigativo e opinativo, o jornal tem marcado sua trajetória pela força e idea-lismo de Batista Custódio, um vencedor que se fez a custa de si próprio, de seu idealismo e de sua persistência desde a juventude.

Inicialmente o DM funcionava na Avenida 24 de outubro em Campinas e com muita luta conseguiu a sede própria na Avenida Anhan-guera na Praça da Bíblia, no setor Leste Uni-versitário. Ali é porto e oásis, em meio aos seus jardins, ao bucolismo de seu verde e na espe-rança que sempre brota em acreditar em algo que está além da própria vida. Foge o DM ao imediatismo do agora. Ali povoam imaginá-rios lúdicos nascidos de inspirações espiri-tuais de Consuelo e Fabio Nasser, também dois idealistas que se aproximaram de Deus.

Em 1984 o DM foi fechado por pressões e boicotes. Mas, não se absteve da luta e com muito empenho, renasceu dois anos depois. É uma fênix que, das cinzas alça seu voo; é como a grama verde, que, quanto mais po-dada, mais brota, porque carrega anseios não só de amealhar riquezas e juntar o ouro que se enferruja no avançar das gerações. Ele está acima das injunções rotineiras e políti-cas passageiras dessa vida.

O DM é marca identitária da resistên-cia. Nós somos minúsculas pedrinhas des-sa grande muralha que já traz muito da cora-gem de Batista Custódio que, desde 1959, no Cinco de Março, traduzia o que, ao longo da vida carregaria consigo: a fé e a esperança.

Batista Custódio é um homem admirá-vel, que mesmo nos embates, nas aparentes perdas, flui muito acima, mantendo a serena consciência de que deste mundo, muito não podemos esperar. Sua espiritualidade o am-para e o guia.

BENTO ALVES ARAÚJO JAYME FLEURY CURADO, ESCRITOR, PROFESSOR, GRADUADO EM LETRAS

E LINGUÍSTICA, PÓS-GRADUADO EM LITERATURA COMPARADA, MESTRE EM LITERATURA, MESTRE EM

GEOGRAFIA, DOUTORANDO EM GEOGRAFIA PELA UFG

Diário da Manhã – 36 anos de resistência

MÍDIA

Fundado no dia 12 de mar-ço de 1980, pelo editor-geral, Batista Custódio dos Santos

o jornal Diário da Manhã repre-senta uma sequência em evolução do que foi o Cinco de Março.

Instituído por ele, o semaná-rio surgiu da necessidade de dar voz ao povo. “O Cinco de Março nasceu porque a imprensa era governista e acomodada, então nasceu dos ideais de você ter um órgão de comunicação para de-fender a população”, define Júlio Nasser presidente do jornal.

Nas palavras do editor-chefe de reportagem e coordenador de pauta, Ulisses Aesse, o então Cinco de Março foi uma experiência que aprofundou a liberdade de expres-são e opinião no Estado de Goiás. O qual posteriormente foi sequen-ciado pelo jornal Diário da Manhã que promoveu a readequação da necessidade de o leitor ter o acom-panhamento diário da notícia.

“O Cinco de Março foi um jor-nal que pugnava pela liberdade de expressão, assim como o pró-prio Diário da Manhã e que ti-nha o objetivo de agradar todas as correntes partidárias. O Cinco de Março foi também um jornal com o objetivo de acordar, sacu-dir Goiás que, até então, passava por uma experiência, um pouco traumática, que era do Golpe Mi-litar que, de certa forma, tomou conta do Brasil”, recorda.

Ulisses descreve que até então em Goiás nenhum jornal circu-

lava as segundas-feiras e era uma prática comum dar descanso aos profissionais da mídia no domin-go, não tendo, assim, a edição de segunda-feira. Atento a essas ne-cessidades, na busca de moderni-zar e ao mesmo tempo preencher essa lacuna e dar maior conteúdo editorial para seus leitores, o edi-tor-geral, Batista Custódio decidiu inovar colocando o DM para cir-cular também na segunda-feira.

“Isso, de certa forma, foi um avanço, foi um passo à moderni-dade porque fez com que todos os outros jornais passassem tam-bém a ter esse compromisso de ter a sua edição na segunda-feira. Até porque segunda-feira é um dia importante para a leitura de jor-nais. Um jornal como o Diário da Manhã, como o próprio nome já coloca, diário, tem que represen-tar todos os dias da semana”, cita.

Aparecida AndradeEspecial à

DM é o vanguardista que aprofundou a liberdade de

expressão e opinião no Estado de Goiás

Um jornal de inovações

Bento FleuryEspecial à

Ê PRIMEIRO A SER COMPLETAMENTE COLORIDO

“Era tudo arte gráfica eu não tinha Photoshop, não tinha programa de paginação, então era tudo feito na unha. Não sobrava tempo para fazer um jornal todo colorido”, recorda Júlio Nasser presidente do jornal.

Conforme depoimento de Júlio Nasser, o jornal Diário da Manhã começou a soltar as páginas coloridas em uma época que não tinha jornal colorido. Lembra que na Copa de 1982, o DM circulou alguns dias colorido. Mas foi só depois de 1989 que começaram a desenvolver tecnologia para circular o jornal colorido. Até então, ele menciona, existia uma dificuldade industrial muito grande.

“Não existiam computadores, tudo era feito ‘na unha’. O jornal sempre buscou novas formas de levar a notícia para o leitor, então nós fomos fazendo inovações a partir do momento que a tecnologia permitia para a gente. Tão logo foram lançados computadores no mercado e o Bill Gates lançou o sistema operacional

Windows o Diário da Manhã foi o primeiro jornal informatizado do Brasil”, expõe.

O editor-chefe de reportagem e coordenador de pauta Ulisses Aesse observa que essa foi mais uma inovação a qual o editor-geral do jornal, Batista Custódio estava à frente. “Ele sentiu a necessidade de não priorizar páginas coloridas, queria homogeneizar todo o conteúdo do jornal como tendo a mesma importância. O DM foi pioneiro em colocar todas as páginas do jornal colorida”, diz.

O resultado de mais uma decisão assertiva, afirma Júlio Nasser, foi que no final das contas o jornal chegou quase a liderança do mercado com essa inovação. “Melhorou muito a participação do mercado. E, se hoje nós não somos o maior é porque o jornal não é feito para a classe D e E, e nem distribui prêmios. É um jornal de leitura e é proporcional ao tanto de gente que tem em Goiás” considera.

Ê CADERNO OPINIÃOPÚBLICA, A LIBERDADE EXTRAPOLOU O SONHO

O editor-geral do jornal Diário da Manhã Batista Custódio estava em casa

escrevendo um livro quando vislumbrou de sua intuição criar um caderno de opinião. Ele inspirou-se em um jornal que o escritor francês Victor Hugo iria fazer, que seria um diário europeu, um veículo de opinião.

O objetivo do caderno era que pessoas de acordo com suas especialidades dessem sua opinião e assim o fez. Sendo o caderno de Opinião do Diário da Manhã o primeiro da história da imprensa mundial.

Para o editor-chefe de

reportagem, Ulisses Aesse, criar um caderno de opinião representou mais participação do público leitor através de opiniões embasadas e com maior conteúdo.

“O DM é um jornal que mantém um caderno diário de opinião pública em que qualquer pessoa da mais alta estirpe a menor pode dar sua opinião sem que haja qualquer tipo de constrangimento. Enquanto na maioria dos veículos há certo processo seletivo, no DM, pelo contrário, a ideia é que passe pela redação do jornal uma grande avenida e nessa avenida possa circular qualquer tipo de pessoa”.

Ulisses acrescenta que a importância de um caderno de opinião se revela no aspecto de se poder democratizar as páginas do jornal para que cada pessoa, mesmo que o jornal não concorde e às vezes seja até contrária a linha editorial, possa se manifestar. “É esse o princípio democrático do Diário da Manhã, ou seja, de preservar a liberdade de expressão e opinião. E por último, mostra que o jornal tem a preocupação com seu leitor diferentemente de muitos que reduzem drasticamente a participação do leitor em pequenas seções de cartas, quase que insignificante”, declara.

Casamento de Batista Custódio e Consuelo Nasser, depois de 18 anos de união. Como padrinhos, vê-se o então governador Ary

Ribeiro Valadão e Maria Bahia Peixoto Valadão. Na vida que se foi e na vida que continua, todos os momentos de Batista

Custódio foram e continuam sendo abençoados por Deus. DM, estamos com

você! Somos elos de uma mesma corrente!

JÚLIO NASSER, PRESIDENTE

“O jornal tem que se reinventar e nós estamos fazendo isso para que ele mantenha sua relevância nesse tempo atual. Se por um lado a internet satura

o mercado de notícias, por outro lado há uma

carência de confiabilidade, de notícias ‘premium’. Você

consegue achar muita sujeira na internet. Mas

material de qualidade está em poucos lugares. É nisso

que focamos, conseguir, tanto no impresso quanto

no digital, ter um jornal com informações diferenciadas, pois o mercado está global”

Editora: Sabrina Ritiely [email protected] / (62) 3267-1147

OPINIÃOPÚBLICA1 DM.COM.BR GOIÂNIA, SÁBADO, 2 DE JANEIRO DE 2016

alavra doP POVO

Muito grave a notícia de que aPF está sofrendo cortes no orça-mento. Gravíssima, aliás, poisuma das queixas constantes deLula ao ministro da Justiça é deque ele não consegue “controlar”a PF. Ora, o ministro atendeu aochefe: cortou-lhe verbas. O que osdelegados temem, segundo cartaenviada a Cardozo, é o sucatea-mento do órgão em sua missãode combater o crime organizado,os crimes decorrentes dos des-mandos políticos e econômicos ea corrupção. Que fiquemos aten-tos a isso, pois este tipo de contin-genciamento pode e deve levan-tar suspeita de que o governo está,de fato, querendo “cortar as asas”da PF, que, por certo, anda lhe cri-ando muitos problemas e danos

políticos. Ninguém, especialmen-te a mídia, deve ignorar a clara in-tenção do PT, pois na carta envia-da, os 27 delegados que a subscre-vem declaram sobre o corte:“Uma redução orçamentária des-sa monta importará, necessaria-mente, na drástica diminuiçãodas ações investigativas da PolíciaFederal no ano que se aproxima,pois contratos celebrados para ga-rantir o seu regular funcionamen-to serão suspensos ou canceladose projetos que visam ao seu aper-feiçoamento serão completa-mente abandonados por absolutafalta de recursos.” Isto representauma séria ameaça institucional e,portanto, grave perigo para a nos-sa já combalida democracia. Fi-quemos alertas, portanto, pois

com a vocação autoritária destepartido no poder, não dá para dei-xar de estar sempre em estado dealerta, o que é sempre muito des-gastante. Nós, brasileiros, estamoscansados disso!

(Eliana França Leme, via e-mail)

PF em estado de alerta!

Os elogios ao desempenho fun-cional do juiz Sérgio Moro com

suas atitudes firmes em relação ainvestigados na operação Lava Ja-

to são muito válidos. E servemtambém para uma profunda refle-xão sobre duas questões básicas. Aprimeira, é que não se pode acu-sar apenas a classe poliítica pelassuas ações irregulares. Infelizmen-te parte do empresariado tambémdeixa a desejar em termos de seri-edade de atitudes. E que sejampunidos pelos erros cometidos.Mas a outra questão é que precisa-mos aprender a praticar a cidada-nia, votando com consciência emais, acompanhando o trabalho edesempenho de quem é eleito,usando organizações coletivas.Chega de reclamações individuaise desabafos emocionais, comodonos da verdade.

(Uriel Villas Boas, via e-mail)

Duas questões

A crise do racionamento teveprofundos impactos políticos e eco-nômicos, nem todos eles adequa-damente avaliados. Uma dessasconsequências foi a fixação, no am-biente elétrico, da máxima “melhorsobrar do que faltar energia”. Desdeentão, a expansão do sistema elétri-co tem sido conduzida de forma aevitar novos racionamentos, semque seja dada a devida atenção ànecessidade de ser preservada acompetitividade econômica doabastecimento elétrico do País. Oresultado daquela máxima é a que-da acentuada do fator de carga dosistema elétrico brasileiro.

Mais de R$ 14 bilhões foram in-vestidos desnecessariamente.

Os leilões de energia têm sido re-gularmente conduzidos de forma agerar expansão da capacidade insta-lada superior ao ritmo do consumode energia. Dessa forma, a relaçãoentre o consumo de energia e a ca-pacidade instalada (fator de carga)vem caindo paulatinamente. É ver-dade que a característica hidrelétri-ca de nosso parque gerador exigeum fator de carga próximo de 55%para atender as inevitáveis flutua-ções do funcionamento da máquinaelétrica. Contudo, o fator de cargado sistema está atualmente em49,2%, e ele vem caindo desde 2010.

Esse fator de carga indica queaproximadamente 6% dos investi-mentos realizados na expansão doparque gerador são desnecessários!Em termos financeiros, mais de R$14 bilhões foram investidos desne-

cessariamente. A má notícia é que,mesmo quando for iniciada a reto-mada do crescimento da economia(e, portanto, do consumo de ener-gia), o fator de carga deverá conti-nuar caindo, porque a expansãocontratada nos leilões de energiasupera o mais otimista cenário decrescimento nessa retomada.

Ciente dessa realidade, o Comitêde Monitoramento do Setor Elétrico(CMSE) decidiu parar o despachodas centrais térmicas com custooperacional superior a R$ 600/MWhem agosto passado. Recentemente,o Ministério de Minas e Energia(MME) anunciou que pretende es-tender a parada do despacho para ascentrais com custo operacional su-perior a R$ 400/MWh. Pelo menos 2GW de capacidade instalada ficarãopermanentemente ociosos após es-sa decisão. Os custos dessa ociosida-de serão pagos pela sociedade.

A regulação da Aneel permiteque as distribuidoras repassem pa-ra as tarifas elétricas até 5% da ener-gia por elas contratada nos leilõesde energia, ainda que não utilizadapor seus consumidores. Dessa for-ma, a maior parte do ressarcimentodos custos dessa capacidade ociosaacabará saindo do bolso dos consu-midores cativos das distribuidoras.Contudo, algumas distribuidorasanunciam que o repasse de 5% daenergia não consumida para as tari-fas não é suficiente. O consumo deenergia está muito abaixo da ener-

gia contratada nos leilões. Parado-xalmente, a situação mais favoráveldos reservatórios hidrelétricosanuncia que as bandeiras tarifáriasterão de permanecer elevadas, des-

ta vez para evitar o colapso finan-ceiro das distribuidoras. Já se podevisualizar um novo entrevero judi-cial entre as distribuidoras e a Aneelno início de 2016.

(Adilson de Oliveira, professor doInstituto de Economia e membro doConselho Curador da UFRJ - Texto

originalmente publicado no site: ga-zetadopovo.com)

Adilson de

Oliveira

Especial para

OPINIÃOPÚBLICA

Por que será que o Chico Buar-que bajula tanto o Lula, Dilma, PT eo Comunismo? Por que será que elese irritou tanto com as hostilizaçõesque cidadãos lhes impuseram emum restaurante no Leblon, Rio deJaneiro? Chico, da mesma maneiraque você tem essa preferência polí-tica da qual não tem coragem de ex-por publicamente, saiba que a nos-sa constituição garante aos seus ad-versários também gostar de quemquiser, e estes não negam a sua pre-ferência predileta. Gente civilizadatopa um diálogo público para dis-cutir isso e defender seus própriosobjetivos. E você, topa? Seria umagrande oportunidade para explica-ções que a imprensa amestrada es-conde dos brasileiros, como AnaHolanda, sua irmã, conseguiu em-placar o Ministério da Cultura e co-meteu até deslizes em cobrança dediárias no seu lugar de residência;sua sobrinha Bebel Gilberto rapouR$ 1,9 milhão pela Ruanet; Thaís

Gullin, sua namorada, também le-vou R$ 800 mil; Carlinhos Brown,seu genro, embolsou R$ 996 mil; ofilme Chico e o artista tempo rece-beram R$ 4,4 milhões dessa lei ara-puca dos artistas Ruanet. Chico, foipublicado que você teve até umtradutor coreano pago com o di-nheiro público. Chico Buarque, vo-cê sabe qual é a fonte de todo essedinheiro, sabe quem trabalha parapagar isso tudo? E você ainda acharuim quando lhe apuparam? Isso épostura de um tirano ditador co-munista como foi Fidel Castro, CheGuevara, Kim Jong-un, VladimirPutin, Lula, Dilma, etc. Diz a nossaconstituição que na democracia osseus direitos são iguais aos dos ou-tros. Então, que tal vir a público eesclarecer frente a frente com osseus opositores que já enfrentaramcoisas muito piores do seu amadoPartido dos Trabalhadores dequem não gosta de trabalhar?

(Benone A. de Paiva, via e-mail)

Chico Buarque

O presidente do PT, Rui Falcão,pau mandado de Lula, cobra ousadiada Dilma na política econômica. A talda ousadia solicitada por Falcão é amesma que começou na gestão deLula, e a Dilma, como péssima admi-

nistradora, avalizou e implementousem piedade, colocando no fundo dopoço os nossos fundamentos macro-econômicos. Porque, como predado-res do desenvolvimento econômico esocial, aplicam sem piedade o tripé

de gastar mais do que se arrecada,das traquinagens contábeis, e peda-ladas fiscais! Inclusive ousaram tam-bém quando montaram suas qua-drilhas, sob a complacência de Lula,assaltando literalmente as nossas es-

tatais. Na realidade, ao criticar, oupressionar o próprio governo petistada Dilma, Rui Falcão dá uma de Jo-ão sem braço, e tenta despistar osmais de 200 milhões de brasileirosde que o Partido dos Trabalhadoresnão tem nada a ver com a derroca-da da nossa economia e do imensolamaçal da corrupção...

(Paulo Panossian, via e-mail)

Problemas na escassez,problemas na abundância

Uma de João sem braço

Editora: Sabrina Ritiely [email protected] / (62) 3267-1147

OPINIÃOPÚBLICA1 DM.COM.BR GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 5 DE JANEIRO DE 2016

alavra doP POVO

O ano de 2015 foi marcado porgrandes acontecimentos bons e al-guns lamentáveis. Entre os lamen-táveis, temos a crise econômicamundial iniciada em 2008, com re-cessão, desemprego e elevação dainflação, que o Brasil parecia terdriblado com as políticas de incen-tivo ao consumo, com a reduçãodo IPI para a indústria, desonera-ção da folha de pagamento dasempresas, ampliação do financia-mento ao consumo com juros bai-xos e políticas públicas de distri-buição de renda via bolsas.

Tudo isso não barrou a crise daeconomia brasileira, que chegoupesada, levando à adoção sem cri-térios de medidas drásticas com oajuste fiscal e cortes de financia-mento público para as áreas sociaiscomo saúde, educação e sanea-mento. Os mais atingidos foram ospobres, com a elevação da inflaçãoe o desemprego crescente. Juntocom a crise econômica veio a crisepolítica, com a ameaça de impe-achment da presidente DilmaRousseff e a cassação do deputadofederal Eduardo Cunha, que, mes-mo tendo uma forte base de apoiona Câmara, tem sofrido sucessivasderrotas. A presidente, com a vitó-ria obtida no STF, revertendo o vo-to do ministro Luiz Edson Fachin,teve um alívio na pressão instituci-onal e política que estava sofrendo,

tendo inclusive melhorado seu ín-dice de rejeição nas últimas pesqui-sas de opinião pública.

A crise econômica se estende pa-ra os estados e municípios, levandoa cortes de investimentos públicosem infraestrutura e a atrasos no pa-gamento de salários e 13º do fun-cionalismo público, agravando oquadro de recessão e desemprego.

A sociedade começa a entenderque ela é responsável por esse esta-do de coisas.

As denúncias de corrupção porparte das empreiteiras de obraspúblicas, com maior destaque naOperação Lava Jato, atingiram aPetrobras com o envolvimento defuncionários graduados. As inves-tigações levaram às delações pre-miadas e às prisões de corruptosde colarinho branco, inicialmenteatingindo figuras de destaque doPT em plano nacional e regional,mas estendendo-se recentementea partidos da base aliada, como oPMDB, e da oposição, comoPSDB e Democratas.

A crise se manifestou tambémem crimes ambientais, tendo comoprincipal cenário o desastre am-biental em Mariana, envolvendograndes empresas internacionaiscomo a Vale e a Samarco, responsa-bilizadas pelo Ministério Públicopelo desastre ambiental à medidaque não fizeram investimentos paraevitá-la. Até o momento, apesar deos crimes ambientais serem legal-mente considerados como inafian-çáveis, nenhum grande executivodessas empresas foi preso.

Os conflitos na Síria e em ou-tros países da África têm levado aum intenso processo de emigra-

ção, levando milhares de imigran-tes para a Europa, onde são du-plamente penalizados pelos con-flitos em seus países e pela discri-minação como exilados.

O ano recém-encerrado tambémapresenta seu lado positivo, que semanifesta pela exigência da socie-dade pela punição dos responsáveispelos atos de corrupção e impuni-dade. Os vários crimes até entãoimpunes envolvendo figuras públi-

cas e partidos políticos fazem, lenta-mente, surgir uma autocrítica nasociedade: a corrupção e os precon-ceitos são culturais, estruturais. Asociedade começa a entender queela é responsável por esse estado decoisas, à medida que não existe cor-rupto sem corruptor e que políticoscorruptos são eleitos pela comprade votos financiados pela venda deseus mandatos aos financiadoresdas campanhas eleitorais. Começa

a entender que pequenos compor-tamentos de corrupção pessoalfrente aos filhos, aos agentes públi-cos e no emprego geram uma soci-edade e uma cultura corrupta.

Vemos uma sociedade maisatuante, que busca intervir paramelhorar as condições e a qualida-de do transporte público, o quadroda saúde pública deteriorada coma volta de doenças endêmicas an-tes extirpadas, exigindo dos pode-res públicos uma resposta maiscélere. No campo da educação, vi-mos a bela lição dos jovens secun-daristas em São Paulo, que ocupa-ram escolas públicas contra a polí-tica do governo estadual de restru-turação, visando fechar escolassem discutir com a comunidadetal decisão. A ação ganhou tal di-mensão que o governo estadualfoi obrigado a recuar e suspendertal medida. No Paraná , vimos abela lição dos professores que, du-ramente reprimidos pelo governoestadual, enfrentaram a repressãoe desmascaram o Executivo e oLegislativo estadual, incluindo aí ovexame do camburão.

Fatos como esses fazem renascera esperança de um ano novo me-lhor que este que terminou. Em2016, teremos eleições municipais epoderemos verificar se de fato a so-ciedade está evoluindo no seu sen-so de cidadania.

(Lafaiete Neves, professor aposen-tado da UFPR e doutor em Desenvol-vimento Econômico pela UFPR, é au-tor de “Movimento popular e trans-porte coletivo em Curitiba” – Textooriginalmente publicado no site: ga-

zetadopovo.com)

Especial para

OPINIÃOPÚBLICA

Cidadania e esperança em 2016

Bem preocupado, assim comotoda sociedade brasileira com odesenrolar da nossa economia anode 2015, e também como que oentão novo ministro da Fazenda,Joaquim Levy, apesar de compe-tente, um estranho no ninho apo-drecido do PT, poderia conduzir oimprorrogável ajuste fiscal, fizquestão de guardar o caderno deEconomia do Estadão, edição de21/12/14, enriquecido com asperspectivas dos mais renomadosespecialistas em macroeconomia.E confrontando com o publicadopelo mesmo jornal em 3/01/16,contendo também perspectivas devários especialistas para este ano,podemos perceber que o início de2015 era bem menos traumáticocom relação ao que se vislumbra, eos especialistas confirmam para2016. Inclusive boa parte das criti-cas dos analistas recaia sobre o pí-fio superávit primário de 1,2% quealmejava Levy. Mas, depois dasdescobertas criminosas das peda-

ladas fiscais, e queda de arrecada-ção, terminamos o ano com umdéficit inédito de R$ 120 bilhões.Também da queda não prevista doPIB de 4%. Déficit público dosmais altos do mundo! Juros idem!Governo que não governa! Semcredibilidade! Sem grau de investi-mento! E sem a dignidade que pe-lo menos Joaquim Levy queria im-plementar nas contas públicas, erecuperar a economia. Mas, para2016, a projeção é de mais um PIBnegativo de 3%, e desemprego de12%, ou corte neste ano de 2,2 mi-lhões de empregos. Maior fuga dosinvestidores. E crise política, re-cheada com um provável impe-achment da presidente, e de deze-nas de políticos ameaçados de pri-são por envolvimento no Petrolão,este quadro desolador, certamentepromoverá mais incertezas e que-bradeira de empresas em massa.E um sonhado governo de coali-zão muito mais distante...

(Paulo Panossian, via e-mail)

Segundo revela a jornalistaMonica Bergamo na FSP, Del-cídio Amaral, o senador petistapreso na Superintendência daPolícia Federal em Brasília,tem claustrofobia, passa malna prisão e conclui que “agoraestá só”. O senador aguarda asua hora com possibilidade dealém de perder o cargo, perdersua liberdade, este o maiorbem que todo cidadão deveriaprezar. Mas a ganância para al-guns vale mais que a honra, ocaráter e a dignidade, como es-tamos assistindo nesses últi-mos tempos. A classe políticaperdeu seu status, está desa-

creditada e é desprezada pelocidadão consciente. Delcídio,que estava acostumado comuma vida intensa, está só entrequatro paredes. Esses dias deangústia não deveriam servirpara o senador abrir a boca econtar logo tudo o que sabe, jáque sua vida foi exposta em re-de nacional? Ou o senador pre-fere estar atrelado a uma tor-nozeleira, no conforto de suacasa, levando na sua consciên-cia todo mal que praticou? Aescolha é sua senador, assimcomo foram as demais que olevaram à prisão.

(Izabel Avallone, via e-mail)

A ganância e a tornozeleira

É impressionante o nível deobtusidade desse pessoal que dizapoiar o governo do PT. Com oPaís às voltas com a maior criseeconômica de que se tem notí-cia, e com as contas públicas emfrangalhos, as lideranças dasprincipais centrais sindicais, ex-plicitando sua proverbial miopia,estão a condicionar o apoio ao

governo ao fim do ajuste fiscal.“O País não suporta mais o recei-tuário econômico, de ajuste (...) éclaro que a Previdência deve serdiscutida, mas não é um quadrourgente...” disse o secretário-ge-ral da CUT, Sergio Nobre. “Estra-nhei a defesa dele (Levy) das re-formas previdenciárias e traba-lhistas numa hora dessas”, disse

o presidente da Força Sindical,Miguel Torres. Por seu turno, opresidente da UGT, Ricardo Pa-tah, não deixou por menos: o go-verno corre “riscos” se apresentarreformas como o estabelecimen-to de idade mínima para aposen-tadoria pelo INSS, além de refor-mas na CLT. Parece claro que es-sa turma toma o efeito pela cau-sa. Não foi o ajuste fiscal – aindapendente e feito precariamente,a trancos e barrancos – que le-vou o País à situação atual, e sima irresponsabilidade fiscal dodesgoverno Dilma, seu populis-mo, sua gastança desenfreada esuas pedaladas fiscais que ma-quiaram dados contábeis. Fe-char os olhos a isso e insistir nosmesmos equívocos do passadosó agravará a situação atual, quejá é das piores, mas esses chefe-tes trabalhistas – clientes das te-tas do Estado – mostram-se,mais uma vez, aquém do quedeles poderia esperar o País. Vaicada vez pior o Brasil.

(Silvio Natal, via e-mail)

Muito aquém do esperado

Lafaiete

Neves

Pessimismo dosanalistas

Editora: Sabrina Ritiely [email protected] / (62) 3267-1147

OPINIÃOPÚBLICA1 DM.COM.BR GOIÂNIA, SEXTA-FEIRA, 29 DE JANEIRO DE 2016

alavra doP POVO

A melhor coisa do Brasil é Lula,segundo Lula. “Se tem uma coisa deque eu me orgulho neste país, é quenão tem uma viva alma mais hones-ta do que eu”, confessou o ex-presi-dente a uma plateia de blogueirosaduladores. Na conversa, ninguémproduziu uma tentativa de distinçãoentre honestidade pessoal e hones-tidade política. Mas são conceitosdiferentes. No plano pessoal, o jul-gamento da honestidade de Lulanão cabe a ele – e permanece emsuspenso. No plano político, prova-velmente “não tem uma viva alma”mais desonesta que ele “neste País”.

Um boneco de FHC com trajesde presidiário surgiu muitos anosatrás, carregado por sindicalistas daárea de influência de Lula. O prece-dente não torna menos reprováveisos “pixulecos” que representam Lu-la em condições similares. Aquiloque, nos tempos de oposição, o PTclassificava como parte da luta polí-tica legítima deve ser entendido co-mo um elemento da degeneraçãosectária de nossa vida democrática.Lula é inocente até que, eventual-mente, sua culpa seja provada nocurso do devido processo legal.Mas, como disse Dilma Rousseff, oex-presidente não está acima da leie pode ser investigado, tanto quan-to qualquer cidadão.

Não é, aparentemente, o quepensa o próprio Lula. Dias atrás, seufiel escudeiro Gilberto Carvalho de-nunciou uma suposta “politização”das investigações que miram Lula eseus familiares. De acordo com ele,tudo não passaria de uma sórdidacampanha destinada a impedir a“volta de Lula” no ano da graça de2018. As declarações, altamente“politizadas”, implicam uma graveacusação contra o Ministério Públi-co, que comanda as investigações, aPolícia Federal, que as conduz, e oPoder Judiciário, que as controla.

Carvalho, a voz de Lula, está suge-rindo que as três instituições ope-ram segundo um ardiloso plano po-lítico-partidário. É uma alegaçãoparalela à de Eduardo Cunha – eum sintoma de temor típico dosque têm algo a esconder.

Há muitas coisas incomuns nasatividades de Lula e nos negócios deseus filhos. Quando um ex-presi-dente que continua a exercer influ-ência decisiva no governo proferepalestras patrocinadas por emprei-teiras condenadas no escândalo dopetrolão e remuneradas em valoresextraordinários, emerge uma natu-ral desconfiança. Quando os negóci-os de um de seus filhos recebem im-pulso notável de uma empresa detelefonia beneficiada por alteraçãono marco regulatório decidida pelogoverno de Lula, algo parece fora delugar. Quando os negócios de outrofilho se misturam aos de um lobistapreso por corrupção, a coincidência

solicita investigação. Lula é, pessoal-mente, desonesto? A pergunta tor-nou-se razoável, mas uma respostanegativa carece de fundamento e,antes de um processo, deve ser mar-cada com a etiqueta da calúnia.

A imputação de desonestidadepolítica, por outro lado, depende daopinião pública e, em certos casos,do Congresso, não dos tribunais. Otema pertence ao universo da éticae varia, no tempo e no espaço, aosabor dos valores sociais hegemôni-cos. Nas repúblicas democráticascontemporâneas, a sujeição do Es-tado a interesses políticos particula-res e o desvio de recursos públicospara fins partidários caracterizam adesonestidade política. Nesse senti-do, Lula é uma alma desonesta.

As provas estão à vista de todos, acomeçar da “entrevista” concedidaaos bajuladores. A existência de blo-gueiros chapa-branca não é umproblema, mas seu financiamento

com recursos de empresas estatais(a Petrobras, a Caixa, o Banco doBrasil, os Correios) infringe o princí-pio da impessoalidade da adminis-tração pública. A nomeação de di-retores da Petrobras segundo crité-rios partidários, conduta defendidapor Dilma, que está na raiz do pe-trolão, é uma forma de privatizaçãodo Estado. O uso da Petrobras co-mo patrocinadora do Fórum SocialMundial, um encontro de ativistasde esquerda simpáticos ao PT, fazparte da mesma classe de práticas.Jaques Wagner nunca criticou taisiniciativas, mas reconheceu que oPT “se lambuzou” no poder. Lulachefiou a farra dos “lambuzados”,assegurando para si mesmo um lu-gar de honra no panteão de nossa“elite de 500 anos”.

“A curiosidade é condição neces-sária, até mesmo a primeira dascondições, para todo trabalho inte-lectual ou científico”, escreveu

Amós Oz, acrescentando que “emminha opinião a curiosidade étambém uma virtude moral”. Umaface ainda mais relevante, se bemque menos evidente, da desonesti-dade política de Lula é seu esforçopara, em nome de seus interessespolíticos, abolir a curiosidade dodebate público brasileiro. Lula ins-taurou um paradigma nefasto nalinguagem política que consisteem retrucar a qualquer crítica pormeio de uma acusação de precon-ceito dirigida ao crítico.

O argumento do interlocutornão interessa. Ele critica para reagirà ascensão ao poder de um pobreque conheceu a fome, de um ope-rário metalúrgico filho de mãe anal-fabeta. Ou para contestar a compe-tência da primeira mulher a chegarà Presidência. Ou, alternativamen-te, com a finalidade de sabotar aspolíticas de combate à pobreza, deinclusão dos negros ou de proteçãoaos índios. O crítico é intrinseca-mente mau. Se não o for, está a ser-viço da elite, de ambições estrangei-ras ou de ambas. A linguagem polí-tica lulista, um relevo inescapávelna paisagem brasileira, espalhou-setão rapidamente quanto a dengue,as obras superfaturadas e o vício docrack. O assassino de nossa curiosi-dade é uma alma desonesta.

Lula colhe os frutos da árvoreque plantou e, metodicamente, irri-gou. Os fabricantes de “pixulecos”aprenderam a lição de sectarismoque ele ensinou. Aceitaram a divi-são do país segundo as linhas doódio político. Chamam-no de “la-drão” e “bandido” para circundar ocaminho difícil do argumento. Nopaís do impropério, do grito e dapalavra de ordem, identificaram aescada do sucesso. O principal lega-do do lulismo é essa espécie peculi-ar de devastação ambiental.

(Demétrio Magnoli, sociólogo -Texto originalmente publicado no si-

te: gazetadopovo.com)

DemétrioMagnoli

Especial para

OPINIÃOPÚBLICA

A presidente Dilma foi recebidacom festa e entusiasmo pelos seusaliados, ou cúmplices do PDT, nodiretório nacional. Estava tão forada realidade que disse sob aplau-sos (raros hoje em dia) que “va-mos voltar a crescer”, “desenvol-ver o País”, e que temos “sólidosfundamentos econômicos”. Sófaltou a presidente saudar a todosseus puxa-sacos com um bradoretumbante de “vitória na Guerra”meus camaradas... Mas o pontoalto de suas bravatas manjadas foiquando afirmou estar “estarrecidacomo o relatório do FMI”, queaponta mais um tombo na nossaeconomia em 2016, com possívelqueda do PIB em torno de 3,5%. Ecrescimento econômico, se for al-cançado, somente em 2018. Assimcomo também a Dilma ficava es-tarrecida quando lá atrás os nos-sos competentes analistas adverti-am o seu governo para não gastarmais do que arrecada, de evitar asdesonerações de impostos e bene-fícios nefastos a setores econômi-

cos amigos do Planalto, como des-caradamente fez também oBNDES, etc. Surda, soberba, au-tossuficiente, desprezou, não ou-viu, e deu no que deu: déficit fis-cal inédito de R$ 120 bilhões,queda do PIB, que deve ficar emtorno de 4%, e desemprego para1,542 milhão de trabalhadoresbrasileiros. Tudo isso num só anocomo de 2015! E se a Dilma so-mente ficar estarrecida, falandoabobrinhas, criticando a impren-sa, oposição, FMI, etc., e não tro-car todos os seus colaboradorespor gente competente, e deixá-los trabalhar, a situação que já éangustiante poderá piorar...

(Paulo Panossian, via e-mail)

Estarrecidosestamos nós

A epidemia de Ebola que desde2013 fez 3,5 mil vítimas em SerraLeoa e se alastrou por outros paísesda África Ocidental, como Libéria eGuiné, está encerrada, porque es-ses países ficaram 42 dias sem ne-nhum caso registrado, portanto, es-tão livres da doença. Não há comocomparar a gravidade da doençadeles e as condições em que vivem.Aqui no Brasil, o ministro da Saúde,

Marcelo Castro, na maior cara depau, declarou que estamos perden-do feio a batalha contra o mosquitoAedes aegypti e que estamos há trêsdécadas convivendo com o mos-quito, responsável pela transmissãode Zika, dengue e Chikungunya. AOMS contestou as declarações doministro e considerou sua fala fata-lista. Então, cabe perguntar ondefoi todo o dinheiro da saúde reco-

lhido da CPMF que não produziuuma vacina? E onde estão os inves-timentos da saúde que todo candi-dato diz que vai resolver? E a presi-dente Dilma ainda quer a volta daCPMF? Há estados, como Minas ePernambuco, com epidemia dedengue e nada se diz. Essa é umapequena mostra da ineficiência, dodescaso, da falta de gestão e serie-dade com a coisa pública. Atenção,

eleitor, veja bem quem promete re-solver o problema da saúde! Você évítima dessas promessas. E poracreditar em promessas falsas e ba-ratas, o Brasil está se tornando oPaís do atraso, do retrocesso e damaior corrupção de que se tem no-tícia. Enquanto você deixar, os polí-ticos vão roubar. Isso é uma vergo-nha, um acinte, reaja!

(Izabel Avallone, via e-mail)

O Brasil está perdendo a guerra contra o Aedes aegypti

Senhora Dilma Rousseff,que coisa mais ridícula umacidadã ocupando o mais altocargo da República num des-prestígio político do mais altode toda a história republica-na brasileira e ainda ter a in-sensatez de se comparar aGetúlio Vargas! Talvez a se-nhora quis dizer apenas aotempo que ele foi ditador e,mesmo assim, não tem com-paração! E ainda diz que o“impeachment” é golpe eque não vai sair! Cruz-credo,não conhece nem a constitu-ição! A senhora não tem as-sessoria para lhe orientar?

(Benone Augusto de Paiva,via e-mail)

A comparaçãoda Dilma

Dilma, exercitando a sua jáfamosa inteligência, vislum-brou uma solução para a Pe-trobras sair da terrível crise emque se encontra: flexibilizar aexploração do pré-sal para es-trangeiros. Porém, com o pre-ço atual do barril de petróleo eo alto custo de extração dopré-sal, só se esses estrangei-ros para quem ela pretendeempurrar esse mico foremaqueles antigos portuguesesdas anedotas, pois nenhumportuguês de verdade, nemqualquer outro estrangeiro,será burro o bastante para cairnessa de gastar US$ 60 paraproduzir um barril que custaUS$ 30 no mercado.

(Ronaldo G. Ferraz, via e-mail)

Pré-sal para

estrangeiros

Dilma Rousseff resolveuacumular, além da presidên-cia, onde não faz absoluta-mente nada de útil, o Ministé-rio da Fazenda e agora a presi-dência do Banco Central.Transformou seus titulares emmeros estafetas. Aliás, já de-monstraram capacidade paraesta nova tarefa. Apenas achoque seus salários estão inade-quados. Poderia ser no máxi-mo um salário mínimo e aí atéacharia que o governo teriadado início a um ajuste fiscal.Penso que Dilma, quando fa-liu a lojinha de R$ 1,99, pro-meteu a si própria que iria do-brar a meta, ou seja, falir o Bra-sil. E está conseguindo.

(Paulo Henrique Coimbrade Oliveira, via e-mail)

Dobrar a meta

Uma alma desonesta

Editora: Sabrina Ritiely [email protected] / (62) 3267-1147

OPINIÃOPÚBLICA1 DM.COM.BR GOIÂNIA, TERÇA-FEIRA, 19 DE JANEIRO DE 2016

alavra doP POVO

Já tivemos um exército de ocupa-ção, convocado pela casa-grandeem 1964. O gendarme indispensávelao golpe, a favor dos senhores com abênção, não somente metafórica, deTio Sam. De mais de uma décadapara cá, somos forçados a colherfortes indícios de que contamoscom uma polícia para cuidar dos in-teresses da minoria privilegiada.

Aquelas Forças Armadas derruba-ram o governo. Esta polícia, ou pelomenos alguns de seus núcleos, cons-pira contra o governo. O tio do Norteestá aparentemente mais distante,mas não desgosta de um satélite emlugar de um país independente.

A postura conservadora da caser-na, em momentos diversos franca-mente reacionária, sempre arcoucom um papel poderoso, quandonão decisivo, na história do Brasil.

Hoje, graças também a um co-mando firme e responsável, man-tém a atitude correta na moldurademocrática, a despeito dos esfor-ços da mídia nativa para oferecereco a vozes discordantes de reduzi-do alcance. A defesa do status quoficou para a Polícia Federal?

A PF não foi treinada para a guer-ra, dispõe, porém, de armas afiadaspara conduzir outro gênero de con-flito, similar àquele da água mansaque destrói pontes.

Um dos instrumentos usados pa-ra atingir seus objetivos com a ex-pressão de quem não quer coisa al-guma é o vazamento, a repentina re-velação de fatos do seu exclusivo co-nhecimento, graças ao fornecimentode informações destinadas ao segre-do e, no entanto, entregue de mãobeijada e por baixo do pano a órgãosmidiáticos qualificados para tanto,sem descaso quanto à pronta cola-boração do Ministério Público.

Na manhã de terça 12 sou atingi-do pela manchete da Folha deS.Paulo: “Cerveró liga Lula a contra-to investigado pela Lava Jato.” O de-lator, diz o texto, declara ter sidopremiado com um cargo públicopelo então presidente da Repúblicapor quitar “um empréstimo de 12milhões de reais considerado frau-dulento pela Lava Jato”.

Logo abaixo, com título em cor-po bem menor em duas colunas, ojornal informa que o mesmo Cerve-ró “cita Renan Calheiros”. Final-

mente, no mesmo corpo e extensãode texto, anuncia-se: “Delator falaem propina sob FHC.”

Incrível: na mesma manhã, o Es-tadão me surpreende ao se referirapenas ao envolvimento do gover-no de Fernando Henrique. O jorna-lão, é evidente, não foi beneficiadopelo vazamento de todo o materialdisponível.

O Estadão redime-se aos olhosdos leitores no dia seguinte e namanchete declama: “Cerveró citaDilma.” E no editorial principal dapágina 3, sempre fatídico e intitula-do “No reino da corrupção”, alega aabissal diferença entre o envolvi-mento de Lula e de FHC.

Em relação a este “a informaçãoé imprecisa, de ouvir dizer”. No ca-so de Lula, a bandalheira é óbvia edesfraldada. Patéticos desempe-nhos do jornalismo à brasileira.Inúmeros leitores não percebem,carecem da sensibilidade do quart-zo e do feldspato.

Nada surpreende neste enredo,próprio de um país medieval, indig-no da contemporaneidade domundo civilizado e democrático. Ovazamento de informações sigilosastornou-se comum há muito temponas nossas tristes latitudes, comodiria Lévi-Strauss.

Mesmo assim, seria interessantedescobrir as razões desta conspiratapolicial. Inútil, está claro, dissertar arespeito dos comportamentos damídia. Dos seus donos, o mesmopensador belga observava: “Elesnão sabem como são típicos.”

O cargo de diretor da PF é da ex-clusiva competência do Palácio doPlanalto, que o subordina ao seuministro da Justiça, no caso, JoséEduardo Cardozo.

Foi ele quem indicou o delegadoLeandro Daiello, aquele que em ju-lho passado proclamou, a bem daprimeira página do Estadão: “A La-va Jato prossegue, doa a quem do-er.” E a quem haveria de doer?

Nos bastidores da PF, Cardozoé apelidado de Rolando Lero, per-sonagem inesquecível criado porChico Anysio, o parlapatão desas-trado que diz muito para não dizercoisa alguma.

Tendo a crer que Cardozo aplicaseu lero-lero em cima da presidentaDilma e consegue deixar tudo namesma. De fato, o nosso ministro étão incompetente no posto quantovaidoso.

Achou, porém, em Daiello o par-ceiro ideal. O homem foi capaz detonitruar ameaças, dentro da PF,contudo, carece de verdadeira lide-rança. A situação resulta, em pri-meiro lugar, dessas duas ausências.

Da conspirata em marcha, vis-lumbro de chofre três QGs, em re-cantos distintos. Número 1, escan-carado, em Curitiba, onde três de-

legados dispõem da pronta coni-vência do Ministério Público e davaidade provinciana do juiz SergioMoro, tão inclinado a se exibirquando os graúdos lhe oferecemum troféu.

Os representantes locais da polí-cia não hesitaram, ainda durante acampanha eleitoral, em declinar su-as preferências pelo tucanato, semomitir referências grosseiras a Dil-ma, Lula e PT. De onde haveriam desair os vazamentos se não dessesexplícitos opositores chamados aocupar cargos públicos?

Há algo a se apontar no Paraná: a

falta de liderança, também ali, de su-perintendente. Não é o que se dá emSão Paulo, onde o chefão recém-em-possado decidiu prender um filhodo presidente Lula na mesma noiteda festa de aniversário do pai, debai-xo do olhar indiferente de Cardozo eDaiello. Diante de cenas como essa,o arco-da-velha desmilingue.

O novo superintendente substi-tuía outro da mesma catadura,brindado por serviços prestados poruma das mais cobiçadas aditâncias,como se diz na linguagem policial,em embaixadas localizadas nosmais aprazíveis recantos, Paris, Ro-ma etc.

As aditâncias fazem a felicidadede alguns, destacados delegados,espécie de prêmio à carreira. Tal se-ja, talvez, o sonho do superinten-dente em Belo Horizonte, que sedistingue sinistramente por seusdesmandos em relação ao governa-dor Fernando Pimentel.

Passou por cima da lei e do deco-ro para torná-lo seu perseguido emnome de uma autoridade de quecarece, como é fácil provar.

Até que ponto haveria um com-prometimento político e ideológicoentre esses policiais e os partidos daoposição? Vale imaginar que, egres-sos da chamada classe média, ali-mentem o descabido ódio de classede quem acaba de sair do primeiro,ínfimo degrau, e atingiu um pata-mar levemente superior.

Donde, ojeriza irreversível em re-lação àqueles que nutrem preocu-pações sociais. Existem, também,claramente detectáveis, umas tan-tas rusgas, a soletrar a diferença sa-larial entre delegados e advogadosda União, consagrada a favor destespela presidenta.

É possível, entretanto, quequem vaza informações sigilosasnão se dê conta das consequên-cias? Os conspiradores atuam àvontade, com o beneplácito silen-cioso dos chefes.

(Mino Carta, diretor de redação.Fundou as revistas Quatro Rodas, Ve-

ja e CartaCapital e criou o Jornal daTarde - Texto originalmente publica-

do na CartaCapital)

Especial para

OPINIÃOPÚBLICA

Conspiração policialVazamentos de informações sigilosas para a mídia nativa provam

que a polícia trabalha a favor dos interesses da casa-grande

A abissal diferença entre a notícia do possível envolvimento de Lula e deFHC nos jornais brasileiros (Valter Campanato/Agência Brasil)

Entre os delegados, o ministro Cardozo é conhecido como Rolando Lero

Talvez o que cause mais indig-nação no povo brasileiro nestaquestão do impeachment emper-rado da presidente, é saber que elacometeu um crime grave, o de terinfringido repetidamente a LRF, oquanto quis aliás, levada pela má-xima de sua “moral ilibada” que foia de fazer o diabo para ganhar aseleições e manter-se no poder. Dil-ma faz qualquer coisa para perse-guir este seu obsessivo desejo,mesmo que, para isso, o povo sedane com uma Economia em fran-

galhos e a total falta de confiançaem sua capacidade de resgatar oPaís do tsunami de medidas infa-mes que acobertaram o fracassototal de sua “nova matriz econômi-ca”. De que jeito sair dessa situaçãosem o afastamento de Dilma Rous-seff? Não há como! Amargamos em2015 uma queda no PIB de 3,75%,com um desemprego de mais de 9millhões, descontados os milhõesde beneficiários do bolsa-famíliaque recebem, mas não podem tra-balhar e uma inflação que vai esca-par certamente dos quase 11%. Es-ses dados, que fique claro para ospetistas que negam a realidade,não são invenção da mídia nem deuma oposição débil quase inexis-tente. São dados oficiais. E vai pio-rar. Portanto, tendo havido o crimejá comprovado, o que falta paraque o processo de impeachmentavance? Estamos esperando o quê?O carnaval passar para que o Paísse dispa da fantasia e caia na real?Por Deus, senhores parlamentares,isso não pode continuar! Melhorum fim terrivelmente difícil do queum terror sem fim.

(Eliana França Leme, via e-mail)

Gostaria de parabenizar o arti-go publicado no Diário da Manhã

em 14/01/2016, pelo nobre colu-nista Nilton César Guimarães Re-zende. Em uma abordagem dife-renciada do que costumeiramen-te é mostrado na mídia, o escritornos mostra que o terrorismo ori-

entalista também é efeito resul-tante das ações e omissões dospaíses mais ricos e desenvolvidos,que por anos ignoraram a pobre-za, a destruição, as mortes, fo-mentando a guerra nos lugaresmais pobres do mundo. Ele é oresultado de uma política de ma-

nutenção da indústria bélica, daqual muitos auferem lucros, fun-dada em uma rede de empresasarmamentistas que rendem umPIB mundial da ordem de 2,4 tri-lhões de dólares. “This is unfortu-naterly the plan backfired.”

(Hebe R. Lemos, via e-mail)

Orientalismo explica o terrorismo

Conforme noticiado (15/1), os Estados Uni-dos alertam mulheres grávidas a não viajar aoBrasil por causa do surto da moléstia Zika cau-sada pelo mosquito Aedes aegypti. Será bomtambém alertar os americanos, turistas em ge-ral, que desejam viajar ao Rio de Janeiro duran-te os Jogos Olímpicos, para não andarem pelacidade com relógios, pulseiras, correntes e di-nheiro no bolso, para não serem surpreendidospelos bandidos que estão em toda parte, pois aroubalheira está disseminada em todo o País , enão somente em Brasília.

(Edgard Gobbi, via e-mail)

Be Careful!

O modal rodoviário brasileiro deixa muito adesejar. É que falta pavimentação adequada namaioria das rodovias. Mas cabe uma refle-xão,ou seja, quando o empresariado, e nãoapenas na área agrícola, vai se empenhar paraque sejam feitos investimentos em ferrovias esistema hidroviário? O resultado seria positivo ecom reflexos na produção siderúrgica e instala-ção de estaleiros. Ou seja, uma contribuiçãopara a indústria, a produção agrícola e a melho-ria do transporte de passageiros.

(Uriel Villas Boas, via e-mail)

Investimentorodoviário

Mino

Carta

Melhor um fimterrível do que um

terror sem fim!

OPINIÃOPÚBLICAEditora: Sabrina Ritiely [email protected] / (62) 3267-1147

1 DM.COM.BR GOIÂNIA, DOMINGO, 21 DE FEVEREIRO DE 2016

alavra do P POVO

Ao passarem para a outra margemdo lago, os discípulos esqueceram-sede levar pães e tinha apenas um pãono barco. Então Jesus lhes recomen-dou, dizendo: “Cuidado, acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos sa-duceus e do fermento de Herodes”.

No entanto, eles discorriam en-tre si dizendo: “Ele disse isso porquenão trouxemos pão”.

Jesus, percebendo, disse: “Ho-mens fracos na fé! Por que estaisdiscorrendo entre vós por não ter-des pão? Ainda não entendeis enem compreendeis? Tendes o cora-ção endurecido? Tendo olhos, nãovedes? Tendo ouvidos, não ouvis?Não vos lembrais de quando partios cinco pães para cinco mil ho-mens, quantos cestos cheios de pe-daços recolhestes?”

Responderam-lhe: “Doze”.“E quando parti sete pães para

quatro mil, quantos cestos de peda-ços recolhestes?”

Responderam-lhe: “Sete”.“Como não compreendeis que

não vos falei a respeito de pães,quando vos disse: ‘Acautelai-vosdo fermento dos fariseus e dossaduceus’?”

Então entenderam eles quenão lhes dissera que se acautelas-sem do fermento do pão, mas simdo ensinamento dos fariseus e dossaduceus. (Evangelhos de: Ma-teus, cap. 16, vv. 5 a 12 – Marcos,cap. 8, vv. 14 a 21).

Nesse episódio, o próprio Cristodemonstra que multiplicou pães epeixes em duas oportunidades por-que indaga aos seus discípulos arespeito das sobras desses alimen-tos nessas duas ocasiões.

Quando regressaram da regiãoda Decápole, Jesus recomendouaos seus discípulos que tomassemcuidado com os ensinamentosequivocados dos fariseus e dos sa-duceus e das ameaças intimidado-ras de Herodes, usando o sentido fi-gurado do fermento. No entanto,eles não compreenderam o aviso

do Mestre porque pensaram que setratava do fermento do pão e senti-am-se cobrados porque não trouxe-ram pães, constatando que haviaapenas um único pão no barco.

Jesus, no entanto, ao perceberque os seus discípulos não com-preenderam o alcance do aviso,chamou-lhes à atenção quanto àincredulidade que ainda os limi-tavam, relembrando-lhes ainda arespeito das multiplicações depães e peixes que operara em du-as oportunidades.

Nesse contexto, indaga-se: O quesignificou os fermentos dos fariseus,dos saduceus e de Herodes? A gran-de problemática combatida por Je-sus que envolvia os religiosos do seutempo era a hipocrisia. O fermentode Herodes era a sua intimidaçãocom o propósito de impedir que oMestre atingisse a credibilidade po-pular conquistada por João Batista.

O fariseus deveriam seguir prin-cípios de alto teor espiritual, porém,

a maioria não os praticava. A hipo-crisia também assolava certas práti-cas dos saduceus, que não discor-davam dos preceitos doutrináriosdos fariseus, mas combatiam algu-mas de suas práticas ritualísticas.

O fermento do pão é a substân-cia que age sobre a massa, modifi-cando a sua estrutura, fazendo comesta cresça, tornando-a mais leve.No sentido figurado, fermento é acausa de transtornos emocionais ede discórdias sociais.

No sentido amplíssimo, é possí-vel considerar que há o sadio e o no-civo fermento. Jesus combatia o fer-mento do egoísmo, sempre inibidordas mais necessárias e importantesiniciativas para o Bem, para a Evolu-ção do espírito. Ele conhecia os pon-tos vulneráveis dos seus discípulos edesejara preveni-los das artimanhasda insensatez e do materialismo. Éprovável que durante a travessia oMestre tenha escutado alguma con-versação ou percebido alguns pen-

samentos que não lhe agradou.Jesus considera a necessidade

de vigilância quanto aos fermen-tos geradores do atraso ou do de-sajuste moral do espírito. Tam-bém o Mestre indica o caminhopara que neutralizemos as causase os efeitos dos fermentos destrui-dores: O caminho do Amor, ou se-ja, o desejo de ajudar o próximosem esperar qualquer recompensado beneficiado. Somente assim se-rá possível superar um dos fer-mentos mais devastadores queexiste: a depressão, proveniente deuma tristeza mórbida decorrentedas desilusões do mundo material.

No estágio inferior e de medianaevolução intelecto-moral, o espíritofica vulnerável às suas limitações,principalmente diante do cumpri-mento de seus deveres morais. Porisso, a advertência do divino Messi-as é atual porquanto somos atraí-dos por nossos pontos fortes e tam-bém por nossas imperfeições, cau-

sando circunstâncias que nos aju-darão e nos prejudicarão no contex-to evolutivo, respectivamente. A vi-gilância moral é necessária paracombatermos as más inclinações.Paixões superiores devem substituirpaixões inferiores para uma perfeitaconvivência íntima e social.

O Pai Celeste sempre nos ofere-cerá recursos preciosos para nãomais reincidirmos nos mesmos en-ganos ou ilusões. Isso, porque so-mos os fermentos espirituais deDeus destinados a levedar a SuaObra Universal, mas até o momen-to estamos destinados a promovero orbe terrestre aos elevados níveisde amor e de fraternidade com o“fermento” que Jesus, de maneirafigurativa, nos identificou ao dizer:“Vós sois o sal da Terra”.

(Emídio Silva Falcão Brasileiro,membro da Academia Espírita de Le-tras do Estado de Goiás, www.cultu-

ra.trd.br)

Emídio

Brasileiro

Especial para

OPINIÃOPÚBLICA

Conforme noticiado, o ex-presidente Lula contratou vá-rios advogados para sua de-fesa no caso do sítio em Ati-baia e o triplex no Guarujá.Por que será que alguém pre-cisa de uma equipe de advo-gados renomados para dizerque as propriedades não lhepertencem? Aí tem coisa...

(Edgard Gobbi, via e-mail)

Aí tem coisa... Os extremistas do Estado Islâmicoestão matando todos aqueles que seopõem a sua doutrina. E as mortessão bárbaras. Eles são covardes equerem impôr pela força seus ideais.Já mataram vários no Oriente Médio.São uma espécie de ditadura em as-censão, assim como é em Cuba e naCoreia do Norte. O mundo pertenceao maligno. Morte ao Estado Islâmi-co. O alcorão é um livro de blasfê-mias e mentiras. Ele nega que JesusCristo seja filho do Altíssimo, DeusJavé. Mas Jesus Cristo é o filho unigê-nito de Deus Javé e é o Rei dos reis e oSenhor dos senhores.

(Daniel de Melo Costa, 36 anos,servidor público, via e-mail)

Estado Islâmico

A presidente Dilma, quando dizque estuda multar quem não elimi-nar foco do Aedes aegypti no País,lembra muito o governo déspota eincompetente da Venezuela (muitoamigo do Planalto), que ameaça em-presas e supermercados pela falta dealimentos básicos nas prateleiras.Digno seria para nossa negligentepresidente se admitisse que, em seusquase seis anos de mandato, jamaistentou fazer campanhas educativasou ajudar com recursos Estados emunicípios a combater este mosqui-to que atemoriza a família brasileira.E se a relapsa Dilma não conseguiucom sua demagogia e populismocombater a inflação, e o desemprego,muito menos terá sucesso com omosquito Aedes aegypti... Pobre Bra-sil, administrado pelo PT...

(Paulo Panossian, via e-mail)

Dilma bolivarianaEu acredito em Lula quan-

do diz que o triplex e o sítionão são dele. Não estão regis-trados no seu nome, entãoaquela máxima "quem não re-gistra não é dono" está valen-do. Melhor para as autorida-des sérias deste País. Arrestemestes bens, pois os reais donosestão envolvidos até o pescoçoem falcatruas na Lava Jato eoutras. Servirão no futuro parapagar o rombo que deram aotesouro. Para não perder o di-reito de uso até o Lula pode serindicado como fiel depositário.Não sei é se ele terá coragem

de continuar usando.(Paulo Henrique Coimbra

de Oliveira, via e-mail)

O registro e o dono

“Será que donos de emprei-teiras que não quiseram fazer

delação premiada esperavampela MP 703? A promiscuidadecontinua!”

(Tania Tavares, via e-mail)

Conluio - MP 703

O fermento dos fariseus e saduceus

OPINIÃOPÚBLICAEditora: Meyrithania Michelly [email protected] / (62) 3267-1147

1 DM.COM.BR GOIÂNIA, DOMINGO, 6 DE MARÇO DE 2016

alavra do P POVO

“Quando se me impõe a solução deum caso jurídico ou moral, não medetenho em sondar a direção das cor-rentes que me cercam: volto-me paradentro de mim mesmo e dou livre-mente a minha opinião, agrade oudesagrade a minorias ou maiorias”.

Estas palavras são de Rui Barbo-sa, em carta dirigida a Evaristo deMorais, o grande advogado, inci-tando-o a assumir a defesa de JoséMendes Tavares, réu previamentecondenado pelo que então se cha-mava de ‘opinião pública’. Trata-se,como se vê, de lição extremamenteatual, quando o STF de nossos diasassume a responsabilidade de vio-lar a Constituição brasileira sob aalegativa de estar atendendo ao‘clamor das ruas’.

Refiro-me à decisão de liberar aexecução da pena de prisão apóscondenação confirmada em segun-do grau, ao arrepio do ditado claroda Constituição (Art. 5º, LVII): “nin-guém será considerado culpado atéo trânsito em julgado de sentençapenal condenatória”.

Legalizando a prisão antes de de-finitivamente estabelecida a culpa-bilidade do acusado, o STF torna-seagente de um direito criminal pro-motorial, penalista, punitivista, rea-cionário, atrasado.

Caminhando na contramão damoderna criminologia, torna-secaudatário do conservadorismo e sefaz instrumento do processo emcurso de regressão política que visaà construção de um Estado autori-tário, promovido ideologicamentepela grande imprensa.

Só o direito do arbítrio, o direitoda força que anula a força do direi-to, pode autorizar, como acaba defazer o STF, a execução da pena cer-ceadora de liberdade enquanto ain-da se duvida se o acusado é culpadoou inocente.

A prisão, nessas circunstâncias,deixa de ser o ato final de um proces-so condenatório para transformar-seno momento inaugural das investi-gações, que se abrem não para apu-rar fatos e responsabilidades, mas pa-ra provar a culpabilidade do acusadoescolhido para ser condenado.

Nesse contexto, a ‘delação premi-ada’ é instrumento de barganha quea autoridade investigadora manipula

a fim de obter do acusado preso nãonecessariamente a apuração de pos-sível crime, mas a revelação selecio-nada de acusações contra quem ainvestigação quer condenar.

Alegar, como justificativa dessaagressão jurídica, a audiência dasruas, é, no mínimo, um escárnio.

Nas ruas de Berlim sob o nazismomultidões ensandecidas julgavam epuniam seus adversários. Turbas en-venenadas pela propaganda estimu-lavam a perseguição aos dissidentes,condenados aos campos de concen-tração, independentemente de cul-pa, mas simplesmente por serem ju-deus, comunistas ou homossexuais.

No vestibular da Guerra Fria omacarthismo, sem precisar refazera Constituição ou as leis, instalounos EUA a perseguição política e oterror, em nome de um nacionalis-mo xenófobo e de um anticomunis-mo de indústria.

Aqui, a implantação da últimaditadura, em 1964, foi precedida demaciça mobilização da opinião pú-blica, levada a cabo pela imprensa,animadora das marchas ‘com Deuspela liberdade’.

Esse especioso ‘clamor das ruas’ é ooutro lado do discurso único de umaimprensa monopolizada, unificadapelo ódio, pela vindita e pelo projetocomum de poder, aquele poder reite-radamente negado às forças conser-vadoras pelo processo eleitoral.

É essa imprensa, poderosíssima,que escolhe as vítimas e seus prote-gidos, que elege os inimigos públi-cos escolhendo-os entre seus ad-versários de classe, elege os réus eos julgadores e aos julgadores ditaas penas a serem aplicadas, inde-pendentemente do aparato norma-tivo, porque na sua aplicação ésempre possível torcer e distorcer alei, ou criar doutrina nova, como ateoria do domínio do fato, ou refa-zer-se a jurisprudência, segundo ovíeis de maiorias ocasionais.

Essa coalizão de direita dirige apolítica, dita a pauta do governo emminoria legislativa e popular para oque tem sido decisiva a oposição mi-diática. Essa coalizão dita o discursooposicionista que impõe ao governoo receituário do neoliberalismo.

Essa coalizão comanda a privatiza-ção e a desnacionalização, põe de joe-

lhos um Congresso que tem em Re-nan Calheiros e Eduardo Cunha, seuslíderes, o melhor indicador de sua de-cadência e de seu descompromissocom a sociedade, a ética e o País.

De costas para os interesses dasgrandes massas, cuja emergênciapolítica tira-lhe o sono, a classe do-minante, despida da legitimidadeda soberania popular, impõe seusinteresses sobre os interesses da na-ção e do País.

A cantilena reacionária dos mei-os de comunicação é um de seusinstrumentos de dominação, omais eficaz quando se trata da lutaideológica. Foi assim no enfrenta-mento ao governo Vargas, foi assimna campanha contra Jango e o plei-to das reformas de base, foi assimcontra Lula e é assim contra Dilma.Foi assim e pelos mesmos motivosa destruição de Leonel Brizola, em-preendida pelo sistema Globo.

O projeto de hoje é a institucio-nalização da exceção jurídico-polí-tica dentro da ordem formalmentedemocrática. Estamos nas primí-cias de uma inflexão autoritária de-clarada contra os interesses popula-res e a soberania nacional.

Daí a necessidade de destruir asorganizações populares de esquer-da e seus ícones, se possível desmo-ralizando-os moralmente diante dasociedade que sempre os respaldou.

Daí o concerto de ações. Para le-var a classe-média a defender os in-teresses das elites, a estratégia polí-tica é a de sempre: jogar as lideran-ças de esquerda na vala comum dacorrupção onde o capitalismo sebanqueteou e se banqueteia.

Eis por que, a serviço desse po-der sem peias, sem limites éticos oulegais, as estruturas estatais – os ór-gãos de investigação, a polícia, osministérios públicos, as instânciasjudiciais, os juízes de primeira ins-tância e os tribunais superiores, areceita federal etc. – têm, hoje, umasó missão: provar que Luiz InácioLula da Silva é um político corrupto.

A desconstrução do líder popularintegra o projeto que compreende adeposição da presidente, a destrui-ção do PT e, a partir dela, a destrui-ção e desmoralização das esquer-das brasileiras.

Assim estará aberto o caminhopara a tomada do poder pela direita,pelo conservadorismo, pelo atraso,pelo fundamentalismo político, re-vogando ou reduzindo as conquis-tas sociais e derruindo a soberanianacional com a retomada do entre-guismo e da onda das privatizaçõesa serviço da desnacionalização: jáagora, ante a passividade de um go-verno fragilizado, os mais lucrativosativos da Petrobras (entre eles poçosem atividade) são vendidos na baciadas almas e o Senado intenta doar opré-sal – promessa de nosso desen-volvimento autônomo – às grandespetroleiras multinacionais.

A mudança política desta feita éoperada sem golpe de Estado clássi-co, sem apelo às armas, sem nova or-dem constitucional, sem novos atosinstitucionais. Ao contrário, efetiva-sesob o império da mesma Constitui-ção (mas reinterpretando-a), com omesmo direito (mas reinventando-o)mediante ‘interpretações criadoras’como o ‘domínio do fato’.

O Brasil é, presentemente, umexperimento de tomada do poderpor dentro do poder, uma tomadado governo por dentro do governo,sem apelo à violência, sem rupturaconstitucional, respeitada a legali-dade (reinterpretada) e dentro deseus limites formais.

Esta operação depende direta-mente da fragilização da presidenteDilma, e conta com seu recuo politi-co. As seguidas tentativas de impe-achment e a resistência do Congres-so à sua política servem a esse propó-sito. Mas não é tudo. A direita pensalonge. Ela vislumbra 2018 e alimentaesperanças de sucesso eleitoral. Tra-ta-se, agora, já, de inviabilizar o even-tual retorno do ‘sapo barbudo’.

Fragilizado o governo, fragiliza-das as estruturas partidárias de es-querda, o ex-presidente Lula se afi-gura como o último obstáculo a es-se projeto. Precisa, pois, ser removi-do do caminho. Por isso mesmo foicondenado pelo tribunal de exce-ção da grande imprensa.

Por isso, sua vida está sendo vio-lentamente invadida, exposta, numprocesso de humilhação a que ne-nhum outro homem público foisubmetido até hoje. Se afinal nadafor comprovado, nenhum proble-ma, pois a pena previamente ditadajá terá sido aplicada, mediante aexecração pública a que está sendosubmetido o ex-presidente.

Esta operação, em curso, contacom o recuo, via intimidação, doex-presidente. Está, pois, em suasmãos o que fazer, e só lhe resta amobilização das massas. O Lulaacuado é presa dócil. Nas ruas épromessa de luta, resistência eavanço. Foi assim que em 2005transformou uma cassação iminen-te na consagração eleitoral de 2006.

A escolha agora é dele: sucumbirsem glória, ou encarnar a resistênciaà destruição da proposta de fazer doBrasil uma nação soberana, desen-volvida e socialmente inclusiva.

(Roberto Amaral, cientista político,ex-ministro da Ciência e Tecnologia eex-presidente do PSB, autor de social-ismo, morte e ressurreição (ed. Vozes)

- Leia mais em www.ramaral.org -Texto originalmente publicado na

CartaCapital)

Roberto

Amaral

Especial para

OPINIÃOPÚBLICA

Lula vociferando na festa de36 anos de enganação do PTdisse: “Vocês não vão me des-truir”. Primeiro Lula demons-tra desespero, pois se alguém oestá destruindo é ele mesmo esegundo, como cidadão co-mum, está obrigado a dar satis-fações à Justiça. Ao dizer que osítio frequentado por ele foicomprado por Jacó Bittar e ou-tros companheiros e lhe foi da-do como “surpresa” para usu-fruir depois de deixar a presi-dência, deixa claro que a sur-presa não passa de “pagamen-to” enquanto ele era o presi-dente e decidia quem ficavacom o que. Depois a imprensaé errada porque mostra, o MPporque quer investigar a talpropriedade, e todas as melho-

rias que foram comandadas di-retamente por dona Marisa,sua esposa, assim como ocor-reu no triplex do Guarujá, nãopassam de invenção da mídiagolpista? Talvez a linha de in-vestigação devesse mudar. In-vestiga-se a fortuna de Jacó Bit-tar, João Suassuna para ver oporquê dessa surpresa. Quantoao papel das empreiteiras já es-tá claro o presente. O que Lulanão quer acreditar é que o po-vo acordou e não acredita emsuas mentiras contadas nessesanos todos. Lula, que sempredefendeu os pobres e agora sesabe a que custo, está com ver-gonha e medo de dizer que ho-je é rico. Qual o problema, des-de que seja tudo declarado, porque tanta resistência em dizerque é o dono e a contrataçãode uma banca de advogadospara explicar a “surpresa”? Enum tom de revanchismoameaçou: se necessário serácandidato a presidente em2018. Esqueceu-se de dizerpresidente, onde, e de quem,pode ser em Curitiba e antes de2018, se a nossa Justiça não fi-zer vista grossa.

(Izabel Avallone, via e-mail)

A saia justa da“surpresa”

Segundo as notícias, o ministroda Justiça, José Eduardo Cardozo,decidiu entregar o cargo por causada pressão do PT. Será que o substi-tuto, Wellington Cesar, procuradorde Justiça da Bahia, indicado pelochefe da Casa Civil, Jaques Wagner,tentará frear o bom trabalho que aPolícia Federal vem fazendo nas in-

vestigações de corrupção no gover-no federal? Afinal, a autonomia daPF não está no artigo 134 da Consti-tuição? Há pouco tempo, a indica-ção para um ministério era focaliza-da no orçamento disponível dapasta, e agora é para “tentar” frear aPF. Por que será, hein?

(Edgard Gobbi, via e-mail)

Mudanças no Ministério da Justiça

Percebo que acidentes ocorremcom frequência onde existe o sinalpara pedestre, não apenas pela faltade respeito dos motoristas de carros,de ônibus e de motoqueiros, mas,principalmente, pelo pedestre queignora que ele também tem que obe-decer as leis de trânsito.

O celular desponta como novo ali-ado para a causa de atropelamentos,vez que o pedestre, ao usar o What-

Sapp, o Facebook, o Instagram e to-dos os demais programas e sites queexigem leitura e interação, muitas ve-zes atravessa desatentamente a rua,não prestando atenção ao sinal.

Diante dessa realidade, sugiro à SMTdeflagrar uma Campanha Educativapara o Pedestre, prioritariamente nocentro de Goiânia, onde os acidentessão constantes e algumas vezes fatais.

(Iracema Dantas, via e-mail)

Pedestre também tem lei

O impeachment de LulaFragilizados o governo e as estruturas partidárias de esquerda, o ex-

presidente Lula se afigura como o último obstáculo

Lula e Dilma em comício no Recife, em 2014: sua única alternativa é a ida às ruas

O único benefício criado pelo gover-no que eu utilizava era o programa“Aqui Tem Farmácia Popular”, com-prando um remédio com um bomdesconto sobre o seu preço de tabela.Eu já havia lido que haveria cortes no

programa, mas fui surpreendido com ovalor do medicamento que era R$ 3,18e ficou agora por R$ 16,95. Praticamen-te, o preço de venda em algumas far-mácias fora do programa. Não seriamais honesto a presidente Dilma dizer

ao povo que o PT conseguiu falir o Bra-sil, e que o programa acabou?

(Ronaldo Gomes Ferraz, via e-mail)

Farmácia Popular

57 ANOS DE 36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

PARABÉNS,

Diário da Manhã

CONSTRUINDO

SÃO 36 ANOS

LIBERDADE

Page 16: 57 Anos de Liberdade do Diário da Manhã

GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016 ESPECIAL Diário da Manhã16

O universo num jardimESTÉTICA

O fotógrafo Ruber Couto registrou seu olhar sobre os jardins do jornal Diário da Manhã,

que em sua totalidade é uma obra de arte conceitual de Batista Custódio e executada

pelas mãos do artista Omar Souto

Quem já passou pela porta do jornal, a pé, de carro ou no vai e vem dos ônibus do

Terminal da Praça da Bíblia, não imagina o mundo criado por den-tro da matinha de copas altas e vi-brantes. Você conhecerá um pou-co do espaço que se tornou uma lenda no imaginário de leitores e jornalistas por toda parte do Brasil.

O fotógrafo Ruber Couto tem 35 anos e nasceu na cidade de Itabe-raí. Ele trabalha há cerca de 13 anos como fotógrafo em eventos cultu-rais, moda, books e faz mais de dois anos que colabora com fotojorna-lismo no Diário da Manhã. Não só Couto, mas praticamente qualquer pessoa que um dia visitar a sede do jornal, certamente vai se impres-sionar com a imponência e a bele-za do jardim na entrada do prédio.

Ruber, que trabalha há mais dois anos no DM, sempre contem-plou visualmente as diversas obras de arte, compostas por esculturas de tamanhos diversos, arquitetu-ra de jardinagem e os diferentes es-paços de relaxamento e convivên-cia. A maioria das esculturas, feitas com concreto armado e fibra de vi-dro, contam várias histórias, umas antigas e outras modernas e atuais.

Nas palavras do fotógrafo Ru-ber Couto, é possível entender a motivação por registrar esse glo-rioso espaço astral: “Há quase dois anos, quando comecei a trabalhar no jornal, fiquei muito impres-sionado com esse jardim, junto às obras do artista plástico Omar Souto. Com o passar do tempo e o cotidiano do entra e sai, a corre-ria que um jornal diário nos im-põe, esse jardim foi se tornando comum, por isso a ideia de resgatar essa grande obra através da foto-grafia, registrando detalhes e com uma visão bem particular.

Uma frase que sempre escu-tava na televisão quando crian-ça: ‘A diferença entre uma coisa e a mesma coisa e a maneira como cada um olha pra ela’ – autor des-conhecido. Ela resume um pouco do meu trabalho.”

MUSEU DO TEMPOComo se fosse o conteúdo de

um próprio diário, página por pá-gina, os olhos do visitante mais atento consegue captar o deslum-bre escondido em cada ângulo reto e curvas das árvores do cerra-do que lotam o espaço do jardim. Ao som da cachoeira no centro do espaço, podemos sentar, relaxar e viajar para encontros cósmicos com Santos Dumont ou mesmo com o próprio Buda.

As obras que remetem ao uni-verso caipira são quase na totali-dade de um dos mais renomados e criativos artistas plásticos goia-nos, Omar Souto. O pintor e escul-tor chegou a dizer que, além dos painéis da via sacra no caminho entre Goiânia e Trindade, o jardim do Diário da Manhã seria o feito do qual ele mais se orgulha. E é notó-rio a pegada especial dos traços de raiz feitos pelas mãos de Omar. Em um canto ou outro você descobre mais um detalhe, uma vênus es-condida entre os paralelepípedos ou o seio da terra esculpido erótica mente no vaso da planta.

Em entrevista ao DM, Omar, que é um visitante assíduo da re-dação, começa dizendo que ado-ra vir as dependências do jornal contemplar uma das suas obras, segundo o mesmo, “uma das que mais me orgulho na minha traje-tória: as esculturas e monumentos do jardim do Diário da Manhã”.

As dezenas de obras, algumas pequenas, outras com cinco me-tros de altura e retratam diver-sas passagens da cultura mundial, como o carro de boi, o batismo de Jesus Cristo, a imponente estátua do jornalista Fábio Nasser com o so-bretudo ao vento na entrada princi-pal do jornal e passagens da vida do editor-chefe Batista Custódio, que, segundo Souto, “é um poeta sem igual, de imensa sensibilidade”.

Omar, que nasceu na cidade de Heitoraí, no interior de Goiás, tra-balhava como pedreiro e pintor de letreiros, porém, quando teve acesso a uma tela e algumas tin-tas, alcançou destaque nacional e internacional, que, segundo o pró-prio artista, não esperava aconte-cer: “Não conheço a dimensão da minha obra. Já perdi a conta do nú-mero de telas, esculturas e murais que forjei nessas décadas em que fui escolhido por Deus para ser pintor”, completou Souto.

Omar conta que a sua maior inspiração vem do que ele consi-dera ser de Deus, algo externo a ele: “Sinto algo falando em meu ouvi-do, para mim toda criação é divi-na, com as artes plásticas não é di-ferente.” A temática religiosa está sempre presente nas obras do ar-tista. A fé é um tema inerente à vida dos povos tradicionais, seja retra-tando a folia de reis, os pagadores de promessa, a devoção a Padre Cí-cero ou as crenças da cultura indí-gena. A arte de Souto causa como-ção pela simplicidade dos traços e a intensidade dos personagens.

Com uma linguagem simples de um homem interiorano, que passou a infância entre Heitoraí e Itaberaí, é difícil separar Omar Sou-to de sua arte. “Eu pinto o que eu sou. Uma vez, estava fazendo uma exposição em Brasília, e um jorna-lista escreveu uma matéria me elo-giando, mas no final disse que eu era um grande pintor naif. Aí eu pensei que ele estava me xingan-do. É sério isso”, conta ele, sorrindo, e com aquele seu jeito característi-co de quem está sempre brincando.

Realmente, apenas tendo a oportunidade de passear pelas tri-lhas ou sentar-se nos bancos esti-lizados, o caro leitor poderá sentir a sensação de paz e tranquilida-de que foi cuidadosamente pensa-da pelas mãos de Souto. A temáti-ca religiosa está presente por todo canto. Podemos ver poesia im-pressa e grafada na pedra dos mu-ros, nos banheiros, que na verdade são duas imensas esculturas bran-cas, que puxam o olhar como ímãs de todos os que passam na região da praça da bíblia.

Heitor VilelaEspecial à

FOTOS: RUBER COUTO

57 ANOS DE 36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

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GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016ESPECIALDiário da Manhã 17

Nunca na história desse País de discutiu tanto a liberdade de imprensa e o direito do ci-dadão de ser informado, com isenção, sobre todo e qualquer assunto que, direta ou indire-tamente, interfere na sua vida.

O surgimento do Diário da Manhã no iní-cio dos anos 80 foi um marco na história da im-prensa livre em Goiás. Batista Custódio ideali-zou e materializou o seu sonho libertário nesse projeto que revolucionou a imprensa em Goiás, se tornando referência em todo País.

“Não existe nenhum passeio fácil para a li-berdade em lado nenhum”, profetizou Nel-son Mandela. E foi o que aconteceu e continua acontecendo com Batista Custódio e o seu Diá-rio da Manhã. Incompreensões, traições, intri-gas e até conflitos familiares fazem parte da história de Batista e do DM.

Eu vi e vivi, desde o nascimento ao lança-mento do jornal. Participei da elaboração do projeto à formação da equipe. O sonho de Ba-tista se materializava como ele imaginava. O projeto era inovador. A equipe brilhante. E as-sim nasceu um dos mais importantes jornais do País. Tendo como meta principal orienta-da por Batista. A liberdade de informação e expressão. Foram tempos de glória e empatia com os leitores e a sociedade como um todo.

Mas, como profetizou Mandela, em mea-dos dos anos 80 vieram as incompreensões, as intrigas, as traições, os conflitos familia-res que asfixiaram o Diário até seu brutal e ilegal fechamento.

Batista não desistiu. Foi à luta e levantou na Justiça a falência arbitrariamente decretada.

O sonho continua, escreveu Fábio Nasser. O jornal se reergueu e continuou circulando ape-sar das dificuldades econômicas. No final dos anos 90 aconteceu a tragédia que mais abalou Batista. A morte de Fábio Nasser, o talentoso fi-lho que ele havia colocado como editor geral.

Nem assim Batista desistiu. A partir do ano 2000. Já com muito mais experiência adquiri-das em 15 anos em Brasília, no Correio Brazi-

liense e o Jornal de Brasília, fui convocado por Batista para re-tornar o projeto inicial do jornal.

Voltei. E juntos, com uma equipe jovem e competente, re-tornamos com sucesso, o pro-jeto original do jornal. Isso du-rou pouco mais de cinco anos. Voltaram as incompreensões e com elas as dificuldades fi-nanceiras. Mas Batista resiste. Abriu para a sociedade espa-ço privilegiado para os forma-dores de opinião expressarem suas ideias. Criou o caderno de Opinião Pública, uma revolu-ção na imprensa mundial.

O Diário da Manhã é, para mim, a obstinação, a determina-ção e a capacidade intelectual de Batista Custódio. Eis um pouco da história da imprensa em Goiás.

JOÃO SOH, TAMBÉM FUNDADOR DO DIÁRIO DA MANHÃ

A informação é um poderoso meio de tor-nar o homem livre e reflexivo sobre os atos e os fatos marcantes do mundo e ao mesmo tem-po dentro da sua casa. É ela que faz a história se tornar presente em alguns instantes. A in-formação é o elo entre as limitações e todas as possibilidades no leque da nossa vida. Ela traz consigo uma soma de ideias, de dados, de valo-res, de notícias ruins ou boas, de fatos marcan-tes e de fatos não tão relevantes.

Um marco na história cotidiana é a in-formação através do jornal. Para lermos a essência, precisamos do trabalho dos re-pórteres e editores, capazes de nos trazer o resumo delineado da informação para o es-clarecimento de todos, desde o letrado aos menos esclarecido. No nosso cotidiano, a lei-tura matinal das informações de ontem, de hoje, e de amanhã, vem pronto nos moldes de um grande jornal e histórico nesta capital, que com sua grandeza conquistou o Estado e o mundo, além de se modernizar acompa-nhando a dinâmica tecnológica.

O jornal “Diário da Manhã”, de fato, está por mais de meio século nas manhãs dos leito-res mais assíduos. É um poderoso meio de co-municação, traz consigo a abertura de publi-cações de seus leitores, antes anônimos, bem como a informação educativa, a informação econômica, fatos populares e do mundo.

Nós da ASLICOM (Associação de Líde-res Comunitários da Região Sudoeste) para-benizamos os 57 anos do “Diário da Manhã” e agradecemos a prestação de serviço social realizada. Percebemos ao longo do tempo que este é o jornal do povo que beneficia nosso tra-balho e também aos leitores. Parabéns!

PROF. EDER MACHADO, MEMBRO/LIDERANÇA DA ASLICOM (REGIÃO SUDOESTE)

O Jornal Diário da Manhã faz parte do café da manhã dos seus milhares de leitores, de norte a sul, de leste a oeste, impresso ou pela in-ternet, é visto bem cedo no mundo inteiro, nas residências ou nos locais de trabalho. É um or-gulho para nós goianos que temos esse privilé-gio de poder contar com esse tradicional jornal que é um dos melhores e mais importantes jor-nais da atualidade com acesso livre e por isso já recebeu diversas premiações internacionais com seu profissionalismo ético.

Um jornal completo que informa a veraci-dade dos fatos e acontecimentos no mundo, com um diferencial bem particular, é o jor-nal que mais valoriza o seu leitor dando am-plo espaço para que as opiniões do leitor se-

jam também expressas aos demais leitores.É o jornal parceiro do Líder Comunitário,

esse cidadão que sem nenhuma remuneração luta diariamente para trazer benefícios para seu bairro, e com o apoio do jornal consegue esses espaços tão importantes para expor seus pedidos e suas conquistas, incentivando e mo-tivando-os a lutar cada vez mais.

O seu presidente, senhor Batista como é cha-mado carinhosamente por todos nós Lideres de Bairros, é uma pessoa maravilhosa, de coração puro e com grande sabedoria recebe a todos de braços abertos, nos sentimos em casa, e esse ca-rinho é visto em todos os setores do jornal pelos seus diversos profissionais que ali atuam.

Comemorando esse mês 57 anos de existên-cia, considerando, naturalmente, o semanário Cinco de Março, somos gratos ao DM por ser um diferencial dos demais jornais.

AILTON JOSÉ OLIVEIRA, PRESIDENTE DO 41º CONSELHO DE SEGURANÇA SSP-GO,

PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE LÍDERES COMUNITÁRIOS – REGIÃO SUDOESTE

A epopeia de Batista Custódio Cinco de Março,data relevante

Informação faz a inserção social

Nossa gratidão ao Diário da Manhã

João SohEspecial à

A História da Imprensa, em Goiás, tem o dia 5 de março como um marco relevante. Por dois motivos:

primeiramente, porque foi no dia 5 de março de 1830 que circulou a primeira edição do “Matutina Meia-

Pontense”, em Meia Ponte, atual Pirenópolis. Em segundo lugar, porque como fruto do movimento estudantil

goiano, cujo clímax aconteceu em 5 de março de 1959, nasceu o semanário “Cinco de Março”, de trajetória

marcante e indelével na História da Imprensa e de Goiás Esta história tem continuidade através do “Diário da

Manhã”, igualmente inovador, atrevido e transgressor no bom sentido, sentinela das conquistas e da evolução de Goiás. Único jornal do mundo a garantir espaço a todas as correntes de opinião, só esta característica é suficiente

para assegurar-lhe a vanguarda.

É por isso que a Associação Goiana de Imprensa (AGI) reverencia o Cinco de Março na grandeza de sua luta,

sem dúvidas importante na construção de Goiás, e aplaude o “Diário da Manhã”, cuja linha editorial, altiva e democrática, é um exemplo a quantos pretendam cumprir o mais legítimo papel enquanto veiculo de comunicação.

Que o jornalista Batista Custódio, fundador do Cinco de Março e do Diário da Manhã, sendo deste último o

editor geral, prossiga seu esforço por liberdade e por dias melhores para Goiás e o Brasil.

Nossos cumprimentos.

VALTERLI LEITE GUEDES – Presidente da AGIOLINTO MEIRELLES – Presidente do Conselho DeliberativoHELIO DE BRITO – Diretor FinanceiroEURICO BARBOSA – Presidente da Comissão Especial de Defesa do Jornalista

Eder MachadoEspecial à

Ailton José OliveiraEspecial à

57 ANOS DE 36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

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GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016 ESPECIAL Diário da Manhã18

O ABRAÇO DE DEUSO Diário da Manhã quebra as muralhas da matéria e vai até as dimensões espirituais buscar os

conteúdos da edificação humana no farol iluminado pela chama do amor universal ensinado pelos maiores mestres da humanidade, como Sócrates, o filósofo, e Jesus, o revelador

AO longo da arrastada traves-sia incontível das eras, os már-tires imolados em seu próprio

sangue espargilhado no redondel dos revezes de incompreensões esta-pafúrdicas do atraso, extremaram o ‘egoísmo’ como a causa cataclísmica de todos os males. Reafirmá-los-ei ca-talogando a ‘ignorância’ como a filha osmótica das entranhas deste.

Doravante, após consumirmos os parâmetros que nos emparedam ca-labouçados na escuridão de nós mes-mos e reconhecer a fonte nascitura das sofreções humanas, mister se faz arre-galar os olhos para as ferramentas que irromperão os grilhões de nossas cons-ciências. Qual animal sedento, tolhido às amarras estrangulentas no pesco-ço, hiperesforçando-se ao limite do de-sespero, para abiscoitar a tigela, posta ao longe, com as migalhas do alimento que irá saciá-lo das agonias nos impera-tivos da sobrevivência corpórea.

Somos nós, este bicho asfixiado pela gargalheira prensada e martelada em nossas gargantas pela vaidade ululan-te, que nos proporciona, desfastiosa-mente, nas dimensões do ego, a ilusão, convicta, de tudo sabermos.

Observamos nas praças públicas dispostas pelos meios de comunicação, desenvolvidos pela exaustiva pesquisa científica, vulgarmente reconhecidas, como redes sociais, uma legião de ato-leimados, cujas bocas são comportas arrebentadas pelo tronco da ignorân-cia transbordeira de suas inteligências minificadas no senso comum. Como se o assopro das conveniências ribom-basse-os de cá para lá e daqui acolá, à vontade dos próceres bussolares pom-posos de seus interesses mais íntimo--ínfimos, na ganância de serem laurea-dos como fanais da verdade absoluta.

Saibamos, porém, que a grande e verdadeira rede social é a humana, e que ela se estabelece em toda par-te geográfica, continente à continen-te, ligada fio a fio pelos laços ondu-latórios dos pensamentos, criadores da atmosfera psicológica que forma o manto mental que paira tempestuoso no topo da crosta terrestre e cujas ma-nifestações psíquicas elevam-se acima da exosfera, definindo a característica evolutiva do nosso orbe na qualida-de de nossas emoções emanadas nas vibrações mentais do cérebro, o mais poderoso radiodifusor orgânico de emissões, cuja natureza, ainda está por ser detectada pelos nossos instru-mentos na aprimoração dos aparatos científicos vindouros.

Neste cenário, pois, onde a anorexia das ideias magras, popula a tela dos comportamentos humanos, é possível excogitar uma saída. Uma escapula ha-bilmente proclamada por um homem cuja existência é, por uns, aclamada, por outros, não passa de um mito; se-quer existiu. Aliás, dois homens herda-ram essa pecha ao longo da evolução das sociedades mundanas. O primei-ro, e a pedra fundamental do antima-terialismo, Sócrates, mestre de Platão; e o segundo, Jesus, que consolidou as ideias sócrato-platônicas ampliando--as às dimensões transcendentais, su-pracitadas por aquele, quando ainda era persuadido por Crítão a escapar da prisão que lho anunciara o suicídio for-çado na taça da cicuta.

O principal ponto em comum, entre estes – que estão postos pela História, como os mais elevados pedestais da sabedoria ocidental – é este: “Conhe-ce-te a ti mesmo”, de Sócrates, e que Je-sus amplificou como um dos axiomas mais escatológicos da Filosofia, ao con-jurar o mantra primordial da Ciência positivista: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

Com efeito, por mais que algumas civilizações possam ter tentado fugir do vulto de uma Entidade Soberana, a qual nossa razão credita a creação de todas as unidades primitivas que, sobrepos-tas, instituem o relicário dos mistérios incognoscíveis da Vida; por mais que o homem, utilizando-se da sua instru-mentação cerebral, de suas habilidades lógicas, culturais, cientificistas, tenha buscado racionalizar a razão de todas as coisas, inclusive chegando a declarar o falecimento nietzschiano de Deus – o que seria, para o pensamento filosófico do Século XIX, o golpe final na fantasia humana de ser regida por uma loucura onipotente e imaginária.

(Nietzsche temia que o mundo avan-çasse ao niilismo, isto é, à redução ao nada, a rejeição de valores absolutos e a descrença de quaisquer outros valo-res, pois Aquilo que tínhamos de mais sagrado, “nós matamos!”. Estamos em 2016 e, vejam!, ele acertou. Temeroso deste abismo existencial, edificou sua filosofia e quando em janeiro 1889 as-sistiu abruptamente o açoitamento de um equino, correu, desesperado, em di-reção ao cavalo para protegê-lo, abra-çou-o e caiu em um colapso mental que o matou no ano seguinte. Foi morto, sim, pela crueldade visceral da criatu-ra humana ainda nos domínios da pri-mitividade moral e não pela sua cauta filosofia que trouxe reconstruções pro-fundas ao pensamento ocidental. A hu-manidade ainda marcha enlouquecida e, pôs no trono vazio, onde antes senta-va-se Deus, o materialismo exacerbado, o culto ao profano, a insensibilidade as leis humanas e estamos em uma mas-morra comportamental aos moldes da velha Roma na atitude promíscua e corrompida nas castas sociais e políti-cas, de cima a baixo. A seriedade não é mais um verbo conjugado na gramática ética da modernidade, honra é palavra extinta no vocábulo das gentes vazias e a noção de uma ordenação cósmica transcendente é mera ilusão que serve apenas aos religiosos estúpidos, assim como veste-se bem apertada a camisa de força aos dementes manicomiais)

MURALHAS MATERIAISPara os pensadores, cujos raciocí-

nios naquele tempo, eram regidos pelo império da matéria, o Creador estava para a intuição humana assim como certas crianças desenvolvem gênios imaginativos que lhes são companhei-ros para as brincadeiras da puerícia in-gênua, e que um dia terão que aban-donar os parâmetros imaginoides da infantilidade para aceitar o tapa da ma-turidade na ruptura do comportamen-to psíquico que lhes aplumam as doces memórias da tenra idade, sob os forros do baú subconsciencial.

Não. O embate filosófico de Niet-zsche e adeptos de outrora, cujos ho-rizontes não puderam atravessar as muralhas matéricas, não conseguira suplantar do instinto humano, a per-cepção sutil da Grande Consciência, por muitas vezes adormecida no in-consciente das coletividades, pelos momentos de ondulações livre arbi-trais, onde as escolhas individuais, sempre impactam na dimensão das

pluralidades na ânsia pelo amadu-recimento do mundo sociológico, pelo nascimento de conflitos no ber-ço das ações que impelem os seres ao esforço do rebalanceamento da har-monia nos efeitos das escolhas exe-cutadas nas livres decisões.

Fica então exposto, radiante, como o sol das 12 horas em dias de céu lim-po que: toda a existência humana, desde nossas tribos mais primitivas, que erguiam símbolos totêmicos para as suas concepções mais sagradas no vínculo a Natureza; todos os sorrisos que enfeitaram as faces, todas as lá-grimas que lavaram os chãos, todas as emoções e construções psíquicas da atividade humanoide, tudo o que fomos, o que somos e o que seremos, está gravitando em uma espiral que nos leva flutuantes na risca ao hori-zonte de eventos de Deus.

Assim como no mundo microcósmi-co dos átomos, os eléctrons vagam er-rantes, transitando pelas camadas ru-therfordianas ao impulsionar da energia potencial existente no sistema que ele se encontra, e quando forçado, avança ao salto quântico e retorna um microemis-sário de luz, buscando sua própria evolu-ção contra a densa atração positiva que o próton exerce sobre sua carga elétrica.

Assim como também, no universo macrocósmico, os planetas transladam elipsoides em volta do manto do tecido espaço-tempo afofado pela densida-de abismal da estrela que os magneti-za gravitacionalmente, percorrendo ao longo dos biliões de anos, o destino fa-tídico onde o astro ampliará seu raio e fagocitará os planetas circundantes, explodindo-se, a estrela, em uma su-pernova que estremece as vizinhan-ças cósmicas naquele condomínio galaxial, fabricando novos materiais lançando-os para novas construções nos reatores nucleares do cosmos. Ver-dadeiras usinas quasariais que trans-mutam as subpartículas mais primi-tivas em elementos ricos que, forjados pelas forças universais naturais, viabili-zam até a vida material, nas disposições moleculares que configuram o condo-mínio de organismos ainda mais com-plexos e que saem nas lonjuras da eter-nidade da mineralidade à animalidade, da animalidade à humanidade e, a pos-teriori, da humanidade à angelitude.

Após esta viagem ao panorama in-visível nas cidades de Deus, agora po-demos nos despir do orgulho que nos encrosta no atraso, das vaidades que fazem paredes contra os horizontes, das presunções que causam dor aos que se nos aproximam migalhando consolo e misericórdia. Ficamos nus. E ao entreolharmo-nos, prostramo-nos, hugonianos, à grande síntese da nar-rativa lacrimosa das misérias agoni-zantes da velha França doída do Sécu-lo XIX, “aimer une autre personne, c’est voir le visage de Dieu.” ¹

Apontamos, ainda, uma direção: “amai-vos e instrui-vos”, como parâ-metros pilastrais para aniquilar o egoís-mo e reverberar os valores mais precio-sos para onde as nossas belas quimeras e mais fantásticas utopias já pousaram seus sonhos nos devaneios das almas visionárias que habitaram as frontei-ras do conhecimento intelectual e ul-trapassaram o paredel dos horizontes espiritualizantes, permitindo a imagi-nação ser um vulcão em erupção, cap-tando e transmitindo como um dína-mo antênico, as percepções do infinito que trafegam na forma de ondas quan-tizadas de energia pelo fluído cósmico que imerge toda a matrix existencial da realidade corpórea. Esta, mera proje-

ção fractoide das Dimensões Superio-res e olvidadas à nossa forma grossei-ra adensada de carne, de sentidos tão maquinalmente enganáveis.

Concluímos na ponderação de que nada sabemos e que, ao investigar-mos a Ciência avançando-a na pro-posta de elaborar um mosaico com-pleto das verdades comprovadas e reais, desde que as comprovações des-te real extrapolem os limites de nossos mais sofisticados sensores tecnológi-cos; concluiremos então que pouco ou nada sabemos, ante o infinito.

Perguntai aos cosmólogos livres da presunção cientificista do século XIX que ainda rasteja-se demorada no pen-samento de milhões; questionai os as-trônomos românticos, apaixonados pelas imagens do nosso Universo Vi-sível; inquiri os astrofísicos humildes – valor genuíno das almas alumiadas no amor que praticam – eles afirma-rão, seguros, que nossa viagem na nave geoespacial, tem como destino o infini-to holográfico das possibilidades e que os caracteres do conhecimento de to-das as coisas, não podem ser postos em uma equação que sintetize o Tudo.

Oh! Doce soberba humana, que pre-tende pôr-se em páreo com o Creador, a Ciência Pura que manifesta-se no amor entre todas as criaturas, nas Leis que garantem o equilíbrio universal e na Força que nos magnetiza em uma atração, irresistível, ao esforço no tra-balho pelo progresso de nossas almas, pois que somos Espíritos e, apenas tem-porariamente, utilizamos este maqui-nário que tem seus feixes de luz refleti-dos ao pairarmos de fronte um espelho.

A HORA DA AUTOCRÍTICARefletis, pois, se praticais o bem, a

cada raiar de sol nas suas explosões magnéticas que desenham as auroras boreais nos polos terráqueos. Perscru-tai, então, vossas consciências, ao des-cansar o corpo às horas velhas da noi-te, se sois humildes como os anjos, que apesar da perfeição atingida, retornam pousantes sobre a Terra para falar aos nossos pensamentos, conduzindo--nos, sem ferir nosso arbítrio das deci-sões, às sugestões que nos catapultam a Deus, quando nos é posta a chance de servir aos eventos inexoráveis da Vida, para que, com os nossos atos guiados pela bússola de Jesus, e refinados na in-teligência dialética de Sócrates, molde-mos um novo Planeta, pois que, só será novo o Planeta, se as almas que nele abrigam-se, também forem novas, ou renovadas em si mesmas, pelos seus es-forços hercúleos, tal qual o espírito, na sublime ocasião do reencarne, preci-sa romper a membrana materna e vir na ruptura da placenta para uma nova oportunidade de evolução, e experi-mentar o sacro período estabelecido no tiquetaquear do berço ao túmulo.

Livres, finalmente, do egoísmo, ven-cedores de nossa ignorância, doando o absoluto de nós mesmos a todos, sa-bereis, então, viver de tal forma que, ao sentir a morte chegar, a paz dos jus-tos lhe instituirá no coração a certeza de que é chegado o grande momento da libertação e que, se na tua consciên-cia ajuntara uma multidão de sorri-sos no bem que praticastes, lançar-se-á para fora do corpo com a força dos fo-guetes que vencem a gravidade e voa-rá retilíneo em direção ao Pai, como o filho que, após atravessar o eterno das dores machucantes, finalmente chega, repousando sua cabeça, com os olhos espirituais iluminados de lágrimas go-tejando alegrias, no abraço de Deus.

¹ Do francês, Victor Hugo, “amar o outro é ver a face de Deus”, na obra, Os Miseráveis

Ê ONDE, O DIÁRIO DA MANHÃ, NISSO?

Por reconhecer que o Verdadeiro Conhecimento não está atrelado a to-dos os livros hospedados nas biblio-tecas, e que há possibilidades sha-kespearianas que se nos mostram diariamente no ditado “há mais coi-sas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia”, o Diário da Ma-nhã não contentar-se-á com as ra-suras humanas e irá no profundo da sabedoria universal buscar a inspira-ção para as suas páginas.

Não somos nós que fabricamos mensagens psicografadas, são os mé-diuns sérios – que nada cobram, de vá-rias partes do Brasil, e que provaram que suas intenções estão livres do in-teresse mundano – é que são “amola-dos” pelos espíritos dos humanos que já morreram e agora voltam como que lançando um bote salva-vidas aos in-cautos do comportamento moral.

“De pé, os mortos!”, bradou Hum-berto de Campos no primeiro livro de Chico Xavier, que reúne as poe-sias recebidas, mediunicamente, dos mais importantes poetas de lín-gua portuguesa de todos os tempos.

Fechar os olhos quando um raio cai do Céu para fazer clarões nos ru-mos humanos, é ignorar responsa-bilidades. Tapar os ouvidos, quan-do os clarins de tantas mudanças ressoam em um concerto de trans-formações morais que balançam consciências hibernadas nos erros, é fazer-se de joão-sem-braço para os chamados da Eternidade.

O Diário da Manhã sabe que morte não existe. Fábio Nasser já

escreveu: “as ideias não morrem”. O Diário da Manhã sabe que a vida funciona nos prismas de uma Grande Justiça e que há, de fato, uma ordenação cósmica transcen-dental. O Diário da Manhã acredita na Lei de Causa e Efeito e que aqui-lo que plantamos dá frutos, muitos frutos, sejam eles bons ou ruins. O Diário da Manhã sabe que se pisar naqueles que estão apedrejados nos chãos da opinião pública, será tam-bém esmagado pela força da Espiri-tualidade e, por isso, dá voz aos que sofrem e choram de tanto apanhar das injustiças legitimadas nos ma-gistérios brasileiros.

O Diário da Manhã é humanis-ta, entende que há fracos, que há fortes, que cada qual tem seu hori-zonte de compreensões e que por isso a marcha da evolução se dá a passos lentos. Mas o mundo tem pressa e sede de evoluir e cá estão nossas páginas, dispostas como engrenagens nesta grande máqui-na do progresso humano.

Aos jornalistas, repórteres, le-tristas, políticos e articulistas, que aqui queiram registrar seu pensa-mento, verificai primeiro se suas ideias lançadas a outrem não lhe serviriam primeiro, e depois de se-vera autocrítica, venha para as pá-ginas do jornal e apontem, à luz da Ciência e da Filosofia, os rumos para a “Liberté, égalité, fraternité”.

ARTHUR DA PAZ, DIRETOR DE REDAÇÃO DO DIÁRIO DA MANHÃ

Nietzsche

Jesus

Victor Hugo

Sócrates

Arthur da PazEspecial à

57 ANOS DE 36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

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GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2016ESPECIALDiário da Manhã 19

Caiapônia, antiga Torres do Rio Bonito, começou como sede da Comarca do Rio Coxim, cujos li-

mites iam do Rio Verde, inclusive, até o Paraguai. Não sei se estou insultando a verdade histórica. Mas aprendi isso na escola primária e não me interessa de-saprendê-lo. Em São Paulo, terminan-do o curso ginasial e morando com Irany Ferreira no mesmo quarto, eu lhe dizia frequentemente dando início a intermináveis discussões e brigas:

– Estou estudando para comandar um dia as forças de Caiapônia que vão invadir Rio Verde. Subiremos a serra e reanexaremos vocês.

Caiapônia é uma pequena cida-de, bem menor que Rio Verde e Jataí. Construída sobre um espigão, as tor-res a dominam, de longe. São blocos enormes, um dos quais parece um gigante deitado. Comparado com o seu, o luar de outras cidades é leite com água, com muita água. Só é in-ferior ao da antiga Capital do Estado, sobretudo visto de Santa Bárbara. As-sim mesmo, se Ely Camargo cantasse em Caiapônia as “!Noites Goianas”!, poderia muito bem haver um empa-te. Pois essa pequena localidade, ve-lha Comarca do Rio Coxim, antigo caminho dos garimpos do Araguaia e afluentes, com menos de quatro mil eleitores inscritos, situada, com o des-vio das estradas para Mato Grosso, num cotovelo que lhe dificulta o pro-gresso, Caiapônia já deu, de 1934 para cá, três deputados federais, um sena-dor, um membro do Conselho Nacio-nal de economia, um vice-governa-dor do Estado, um ministro da Justiça. Agora, dela despontam, caminhando céleres para o estrelato, dois jornalis-

tas: Batista Custódio e Consuelo Nas-ser, da direção do Cinco de Março.

Batista Custódio é o comandante da equipe deste jornal. Filho, neto, bis-neto, tataraneto de fazendeiros, traz ele nas veias o sangue de várias gera-ções de homens honrados. Por pou-cas pessoas me responsabilizo moral-mente como por esse rapaz que tem, numa vocação de apóstolo, a alma do panfletário. Seu pai foi meu compa-nheiro na escola primária e sua família é ligada à minha há mais de cinquenta anos. Quando ouço falar em imprensa marrom, compreendo até onde pode chegar a injustiça neste mundo.

Batista Custódio é um dos mais pu-ros idealistas, um dos melhores espé-cimes humanos que já conheci. A sua bondade dói. O Cinco de Março tira--lhe dinheiro e não lhe devolve um tostão. Nem ele precisa disso.

O seu erro é imaginar que este mundo tem conserto, que lutar con-tra a corrupção vale alguma coisa. Nas longas conversas que temos tido, procuro transmitir-lhe o pouco que aprendi, um pouco do que me ficou das coisas que me feriram, um pou-co do quanto o caminho a percorrer é longo e duro. Ele me ouve, silencio-so, porque sabe que penso como ele. Bom, bravo, generoso, Batista Custó-dio tem me arrastado à sua luta, numa solidariedade que não negaria a ne-nhum órgão de imprensa, mas que para ele é maior, por sua bondade, sua bravura, sua generosidade, seu puro idealismo. E seu caráter, também. Seu verdadeiro, sólido, indobrável caráter.

O mesmo se dá com Consuelo Nas-ser, tecnicamente minha sobrinha. Um dia, as cruéis imposições da po-

lítica me levaram a criticar um velho amigo: Galeno Paranhos. Na resposta, achou o meu antigo chefe na campa-nha de 1954 que sempre fui um boa-vi-da, pois sendo solteirão nunca tive co-ragem de assumir os encargos de chefe de família. Coisa curiosa. Outra coisa não tenho feito senão ser chefe de fa-mília. Consuelo e sua irmã Maria Ste-la fizeram-se pelo destino minhas fi-lhas. Atualmente tenho cinco filhos. Três meninas de criação e dois filhos adotivos: um menino e uma menina. Vivem em minha companhia, dou--lhes purgante e lombrigueiro como qualquer pai. Mas voltemos à Consue-lo e Maria Stela. Esta é tão inteligente como a irmã, tão lúcida como ela, tão praticante, como ela, da boa leitura. Foi até o Normal, diplomou-se, não quis ir

adiante. Casou-se com Jamil Issy, far-macêutico e professor da Faculdade de Farmácia, e não poderia ter seguido melhor caminho. Costumo dizer que ninguém é como Stela. E não é mes-mo. Consuelo formou-se em Direito e ao nos encontrarmos, nos primeiros dias deste ano, lhe perguntei:

– Filha, que vai você fazer?Ela respondeu:– Trabalhar em jornal. Ao lhe fazer a pergunta espera-

va que me fosse pedir um empre-go, uma oportunidade, um jeito de ganhar dinheiro. Ante sua respos-ta pensei no Jaime Câmara, no Bra-ga Sobrinho, no Waldemar de Melo. Afinal, são meus amigos e não me se-ria tão difícil satisfazê-la. Ela ajuntou, antes que eu concordasse:

– No Cinco de Março.Naquele momento ela me devolvia,

sem saber, a preocupação que dei ao seu pai, Gabriel Nasser, que me criou, quando iniciei minha turbulenta vida de jornal, menino ainda. Os perigos não eram menores para a impren-sa de combate, a incorporação era a mesma, os corruptos eram violentos, como em todos os tempos. Como o fi-zera seu pai, fiquei calado. Esse meu irmão era um homem culto, conhece-dor da boa literatura, enérgico e suave na medida justa, líder por nascimen-to. Sua vida foi dedicada a educar seus irmãos. Dói-me até hoje a lembrança de vê-lo na fazenda, nas geladas ma-drugadas de junho, ao pé do engenho, na faina da moagem. Ele não nascera para aquilo, mas fazia-o sem queixa e o fazia, como foi até o fim, calado e sorrindo. A vida não fez justiça ao meu irmão. Não só não teve as oportuni-

dades que merecia, como dela se foi cedo demais. Suas filhas foram cria-das no ambiente doméstico, sem re-ceber ordens. As decisões eram toma-das depois de livre debate, dos quais participava minha irmã (que teve nesse campo a maior parte dos encar-gos), por maioria de votos.

Um dia tivemos que decidir en-tre comprar carne ou papel para o Jornal de Notícias, pois o dinhei-ro não dava para as duas despesas. Contra apenas o meu voto, com-pramos o papel. Assim cresceram as meninas, assim cresceu Consue-lo. Julgo as pessoas, mesmo as mais chegadas, imparcialmente.

Consuelo irá longe, tomem nota. Sua revolta contra as injustiças, a corrupção, as mentiras, a hipocri-sia, trabalha em seu favor. Ela não calunia, sua linguagem é modera-da, seu julgamento dos outros im-pressiona pelo equilíbrio.

Galeno não tinha razão. Além da nova geração de filhos que crio e edu-co, aí estão marcando minha vida e meu coração Stela e Consuelo. Por elas sei que a existência acabou para mim, sob muitos aspectos. Enquanto a pri-meira me tira o sono vendo-a na labuta de seu lar, quando os filhos adoecem, a segunda me faz acordado sabendo--a no jornal, exposta aos mesmos pe-rigos pelos quais passei, ao mesmo frio que já me enregelou, ano após ano, to-mando xícara após xícara de café, res-pirando o mesmo ar enfumaçado, o mesmo ar viciado e sonolento das ma-drugadas que envolvem as redações. E acabou a vida para mim, sob muitos aspectos, porque enquanto dois seres que amo penetram nos mistérios e nas dificuldades da existência, não consigo mais ver, nunca mais verei – o sorriso de meu irmão nos claros, límpidos, do-ces olhos de suas filhas.

ALFREDO NASSER, 1907 – 1965, TRANSCRITO DO JORNAL

CINCO DE MARÇO, EDIÇÃO DE 9/11/1963

Conversa íntimaAlfredo NasserMemorial do

Galeria dos velhos temposLEMBRANÇAS

Imagens do acervo do Diário da Manhã trazem a lembrança dos momentos iniciais do jornal que sempre pautou-se pela liberdade: “o peso do sonho na leveza do papel”

Os entregadores dividiam o ponto para vender os dois principais jornais da Capital

Antiga técnica de montagem e ajuste de páginas nos famosos fotolitos

Espaço da antiga indústria onde as bobinas de papel eram preparadas para a impressão

Velha técnica de diagramação contava com tipografia física, réguas e atenção extrema

Outdoors espalhados anunciavam os avanços do Diário da Manhã e a massa de inteligências que compunham a Redação, que dela, nasceram os jornalistas que comandaram a imprensa nacional

Máquinas de datilografia recebiam as dedadas rápidas dos repórteres e editores ávidos para lançarem em primeira mão as novidades e notícias locais e nacionais para os leitores

57 ANOS DE 36 ANOS DO JORNAL DIÁRIO DA MANHÃ

DESDE O CINCO DE MARÇO

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