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    Poder JudicirioJustia do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

    PROCESSO N TST-RR-154900-39.2005.5.01.0057

    Firmado por assinatura digital em 13/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justia do Trabalho, conformeMP 2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Pblicas Brasileira.

    A C R D O(1 Turma)GDCMP/js/

    VNCULO DE EMPREGO. EMPRESA DETELECOMUNICAES. HIPTESE DECONTRATAO MEDIANTE COOPERATIVA.FRAUDE. TERCEIRIZAO ILCITA.EXERCCIO DE ATIVIDADE-FIM.SUBORDINAO DIRETA TOMADORA DOSSERVIOS. 1. Constatando-se que oreclamante foi contratado mediantecooperativa considerada fraudulenta,no h falar em terceirizao lcitanos moldes da Lei Geral dasTelecomunicaes Lei n. 9.472/97.2. Consoante disposto na Smula n.331, itens I e III, desta Cortesuperior, a terceirizao ilcita deservios, caracterizada pelacontratao de servios ligados

    atividade-fim mediante empresainterposta ou pela contratao deservios especializados ligados atividade-meio, mas prestados compessoalidade e subordinao direta aocontratante, acarreta oreconhecimento de vnculo de empregodiretamente com o tomador dosservios. 3. Uma vez consignadoexpressamente no acrdo prolatadopelo Tribunal Regional que a

    reclamante prestava servios de formaexclusiva, relacionada atividadefim da TELEMAR tomadora dosservios -, resulta evidenciada ailicitude da terceirizao havida,visto que configurado o intuito defraudar a legislao trabalhistamediante a contratao do obreiro porintermediao de cooperativasimulada. Em tais circunstncias, ovnculo de emprego forma-se

    diretamente com a tomadora dosservios, nos termos do verbetesumular transcrito. 4. Revelando adeciso recorrida sintonia com a

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    PROCESSO N TST-RR-154900-39.2005.5.01.0057

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    jurisprudncia pacfica do TribunalSuperior do Trabalho, no se habilitaa conhecimento o recurso de revista,nos termos do artigo 896, 7, daConsolidao das Leis do Trabalho. 5.Recurso de revista de que no seconhece.HORAS EXTRAS. JORNADA DE TRABALHODECLINADA NA INICIAL. PROVASTESTEMUNHAIS. NUS DA PROVA.O debate

    sobre a valorao da provaefetivamente produzida - nusobjetivo de prova - tende reavaliao do conjunto probatriodos autos, o que, induvidosamente,no rende ensejo ao Recurso deRevista, em face de sua naturezaextraordinria. bice da Smula n.126 desta Corte superior. Recurso deRevista de que no se conhece.

    MULTA PREVISTA NO ARTIGO 477, 8,

    DA CONSOLIDAO DAS LEIS DO TRABALHO.RELAO DE EMPREGO CONTROVERTIDA.VERBAS RECONHECIDAS JUDICIALMENTE. 1.Tem-se consolidado, neste colendoTribunal Superior, o entendimento deque o escopo da penalidade previstano artigo 477, 8, da Consolidaodas Leis do Trabalho reprimir aatitude do empregador que causeinjustificado atraso no pagamento dasverbas rescisrias. 2. O Tribunal

    Superior do Trabalho haviasedimentado, por meio da OrientaoJurisprudencial n. 351 da SBDI-I,entendimento no sentido de queindevida a multa prevista no artigo477, 8, da Consolidao das Leisdo Trabalho quando houvesse fundadacontrovrsia quanto existncia daobrigao cujo inadimplemento sediscutia. O Tribunal Pleno destaCorte superior, contudo, houve por

    bem cancelar a referida OrientaoJurisprudencial, por meio daResoluo n. 163, de 16/11/2009,

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    PROCESSO N TST-RR-154900-39.2005.5.01.0057

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    publicada no DJe em 20, 23 e24/11/2009. 3. Nos termos do artigo477, 8, da Consolidao das Leisdo Trabalho, a inobservncia daobrigao de efetuar o pagamento dasverbas rescisrias no prazo legalsujeitar o empresrio infrator aopagamento de multa administrativa,bem assim de multa a favor do

    empregado, em valor equivalente ao

    seu salrio, devidamente corrigidopelo ndice de variao do BTN, salvoquando, comprovadamente, otrabalhador der causa mora. 4. Acontrovrsia a respeito do vnculo deemprego, por si s, no tem o condode afastar a incidncia da multa,porquanto no se pode cogitar emculpa do empregado, uma vez que setrata do reconhecimento judicial desituao ftica preexistente.

    Precedentes desta Corte superior. 5.Recurso de Revista de que no seconhece.INDENIZAO COMPENSATRIA. SEGURO-DESEMPREGO. NO FORNECIMENTO DEGUIAS. PROVA DA CONDIO DEDESEMPREGADO DA RECLAMANTE.PREQUESTIONAMENTO. SMULA N. 297, I,DO TST. A ausncia de pronunciamento,por parte da Corte de origem, acercade elemento essencial tese

    veiculada no apelo torna invivel oseu exame, mngua do indispensvelprequestionamento. Hiptese deincidncia do entendimentocristalizado na Smula n. 297, I,desta Corte superior. Recurso deRevista de que no se conhece.

    Vistos, relatados e discutidos estes autos de

    Recurso de Revista n TST-RR-154900-39.2005.5.01.0057, em que

    Recorrente TELEMAR NORTE LESTE S.A. e so Recorridas ESTER MARIA

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    MARINHO e COOPERATIVA DOS TRABALHADORES TELEFNICOS OPERADORES EM

    MESA EXAME - RIO DE JANEIRO.

    O egrgio Tribunal Regional do Trabalho da 1

    Regio, mediante o acrdo prolatado s fls. 222/227 dos autos

    fsicos [pp. 436/446 do Sistema de Informaes Judicirias (eSIJ),

    aba Visualizar Todos (PDFs)], negou provimento ao recurso

    ordinrio interposto pela segunda reclamada e deu provimento ao

    recurso ordinrio interposto pelo reclamante, para acrescer

    condenao o pagamento de horas extras e reflexos decorrentes do

    labor cumprido em dois domingos ao ms. Ao assim decidir, a Corte de

    origem manteve a sentena no que se refere formao do vnculo de

    emprego entre a autora e a suposta empresa tomadora dos servios e

    ao pagamento de horas extras, da multa prevista no artigo 477, 8,

    da CLT e indenizao compensatria decorrente do no fornecimento

    da guias de seguro-desemprego.

    Inconformada, interpe a segunda reclamada o

    presente Recurso de Revista, por meio das razes aduzidas s fls.

    240/258 dos autos fsicos (pp. 472/508 do eSIJ). Afirma merecer

    reforma a deciso proferida pela Corte de origem quanto decretao

    de formao do vnculo de emprego entre o autor e a empresa tomadora

    dos servios, quando no s inexiste prova do preenchimento dos

    requisitos do artigo 3 da CLT, como tambm a Lei n. 9.472/97 no

    erige qualquer impeditivo para a terceirizao de servios, ainda

    que voltados para a atividade-fim da empresa tomadora. Requer,ainda, a reforma do acrdo no que se refere aos temas horas

    extras, multa do artigo 477, 8, da CLT e indenizao

    decorrente do no fornecimento das guias de seguro-desemprego.

    Ampara-se nos termos do artigo 896, alneas a e c, da

    Consolidao das Leis do Trabalho.

    Admitido o Recurso de Revista, no foram

    apresentadas contrarrazes, consoante certido lavrada s fl. 264-v

    dos autos fsicos, p. 518 do eSIJ.

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    Autos no submetidos a parecer da douta

    Procuradoria-Geral do Trabalho, mngua de interesse pblico a

    tutelar.

    o relatrio.

    V O T O

    CONHECIMENTO

    Observada a clusula constitucional que resguarda

    o ato jurdico (processual) perfeito (artigo 5, XXXVI, da

    Constituio da Repblica), o cabimento e a admissibilidade deste ou

    Recurso de Revista sero examinados luz da legislao processual

    vigente poca da publicao da deciso recorrida.

    1 DOS PRESSUPOSTOS EXTRNSECOS DE

    ADMISSIBILIDADE RECURSAL.

    O Recurso de Revista tempestivo [acrdo

    publicado em 30/11/2009, segunda-feira, conforme certido lavrada

    fl. 239 dos autos fsicos (p. 470 do eSIJ), e razes recursais

    protocolizadas em 8/12/2009, fl. 240 dos autos fsicos (p. 472 do

    eSIJ)]. Os depsitos recursais encontram-se regulares [fls. 188-v e

    259 dos autos fsicos (pp. 370 e 510 do eSIJ)] e as custas,

    recolhidas fl. 188 dos autos fsicos (p. 368 do eSIJ). A reclamada

    est regularmente representada nos autos, consoante procurao

    acostada fl. 39 dos autos fsicos (p. 78 do eSIJ) esubstabelecimento fl. 41 dos autos fsicos (p. 82 do eSIJ).

    2 DOS PRESSUPOSTOS INTRNSECOS DE

    ADMISSIBILIDADE RECURSAL.

    2.1 VNCULO DE EMPREGO. COOPERATIVA.

    INTERMEDIAO DE MO DE OBRA. ATIVIDADE-FIM.

    O Tribunal Regional negou provimento ao recurso

    ordinrio interposto pela segunda reclamada, por concluirirrepreensvel a sentena no que se refere formao do vnculo de

    emprego entre o autor e a tomadora dos servios, porque demonstrada

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    a ilicitude da terceirizao de mo de obra, uma vez que se

    destinara para o exerccio de atividade fim da empresa tomadora.

    Para assim decidir, a Corte de origem lanou destes fundamentos, s

    fls. 223/224 dos autos fsicos (pp. 438/440 do eSIJ):

    Conforme o item I da Smula 331 do TST, a contratao de

    trabalhadores por empresa interposta ilegal, formando-se o vnculo

    diretamente com o tomador dos servios, salvo no caso de trabalho

    temporrio. Por sua vez, o inciso III do mesmo entendimento

    jurisprudencial consolidado dispe que no forma vnculo de emprego

    com o tomador a contratao de servios de vigilncia (Lei n 7.102, de

    20.06.1983) e de conservao e limpeza, bem como a de servios

    especializados ligados atividade-meio do tomador, desde que inexistente

    a pessoalidade e a subordinao direta.

    Dos itens I e III da Smula 331 do TST, conclui-se que, salvo quanto

    aos servios de vigilncia e de conservao e limpeza, bem como com

    relao ao trabalho temporrio e os servios especializados tpicos de

    atividade-meio do tomador, a contratao de empregado por interposta

    pessoa tipifica fraude legislao trabalhista, formando-se o vnculo de

    emprego diretamente com aquele.

    No caso dos autos, a autora, contratada atravs da COOPEX,

    prestava seus servios na TELEMAR, cabendo-lhe exercer as funes

    inerentes ao cargo de examinadora de linha e, posteriormente, de

    auxiliar tcnica de projetos de expanso e melhorias de rede Telemar.

    A acionante, como est claro, no desempenhava servios prprios de

    vigilante ou de conservao e limpeza, cabendo examinar se enquadrava-se

    em alguma das duas outras hipteses admitidas pela Smula 331 do TST

    para se ter por regular a prestao de servios por interposta pessoa, quais

    sejam o trabalho temporrio e a consecuo de servios especializados

    tpicos da atividade-meio do tomador.

    De trabalho temporrio tambm no h que se cogitar, pois, para

    tanto, o labor prestado pela acionante deveria suprir uma necessidade

    transitria do tomador em razo da substituio de seu pessoal regular epermanente ou decorrente de acrscimo extraordinrio de servio, hiptese,

    ento, que deve ser descartada, vez que o contrato firmado entre as

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    demandas no possui tal natureza (fls.88/103), mas sim, de terceirizao de

    mo-de-obra.

    Resta verificar-se, por fim, se os servios do acionante inseriam-se na

    atividade-meio da acionada, ou se eram tpicos de sua atividade-fim.

    Embora a acionada no tenha trazido colao cpia de seus atos

    constitutivos, a notria Certido Simplificada da JUCERJA (fl. 40-verso)

    atesta o seu objetivo social, qual seja, a explorao de servios de

    telecomunicaes e atividades necessrias ou teis execuo desses

    servios, na conformidade das concesses, autorizaes e permisses

    que lhe forem outorgadas.

    Ora, para que a acionada possa explorar os servios de

    telecomunicaes a contento, e com isso obter os lucros demandados por

    seus acionistas, necessrio se faz que mantenha em bom estado as linhas

    telefnicas existentes, reparando-as quanto necessrio, bem como as instale

    onde haja nova solicitao de servios de telefonia. Afinal, atravs das

    linhas telefnicas que essencialmente se caracteriza, ao menos nos dias de

    hoje, uma das principais formas de explorao dos servios de

    telecomunicao.

    E a atribuio do acionante era a de examinadora de linha e

    auxiliar de projetos de expanso e melhorias na rede, funo tpica e

    permanente da atividade-fim da acionada.

    Destarte, conforme o inciso I da Smula 331 do TST, a relao de

    emprego, em verdade, formou-se entre o acionante e a TELEMAR,

    conforme declarado pela sentena, a qual, assim, deve ser mantida no

    particular, rejeitando-se a tese de vnculo cooperativado.

    Interpostos Embargos de Declarao pela segunda

    reclamada, a Corte de origem acrescentou os seguintes fundamentos,

    s fls. 236/238 dos autos fsicos (pp. 464/468 do eSIJ):

    II-1 - OS EMBARGOS DA TOMADORA DOS SERVIOS,

    TELEMAR

    A tomadora dos servios, TELEMAR, ops embargos de declaraoapontando omisso no acrdo quanto sua argumentao de que a Lei

    9.472/97. Lei Federal Geral das Telecomunicaes, no declarada como

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    inconstitucional, autoriza a terceirizao da atividade-fim das empresas

    concessionrias dos servios de telecomunicaes.

    Com relao referida questo, a C. Turma bem fundamentou a

    deciso que manteve a sentena na parte que reconheceu o vnculo de

    emprego diretamente com a embargante, com base no entendimento

    contido na Smula 331, I, do C. TST, considerando que os servios

    executados pelo autor inseriam-se na atividade-fim desta e que verificou-se

    a presena dos elementos caracterizadores da relao de emprego.

    Em se tratando da alegada omisso com relao permisso legal

    contida na Lei da Telecomunicaes, esta no se afigura, considerando o

    fato de que o julgador no est compelido a emitir pronunciamento

    expresso sobre todos os pontos, textos de Lei e entendimentos

    jurisprudenciais citados pelas partes, devendo, apenas, fundamentar de

    forma clara as razes que embasaram o seu convencimento, o que ocorreu

    na hiptese. Entretanto, visando no deixar qualquer dvida quanto tese

    adotada pela C. Turma, passo a tecer os seguinte esclarecimentos:

    A Lei 9.472 de 1997, diz claramente, verbis:Art. 79. A Agncia regular as obrigaes de

    universalizao e de continuidade atribudas s prestadoras de

    servio no regime pblico.

    1 Obrigaes de universalizao so as que objetivam

    possibilitar o acesso de qualquer pessoa ou instituio de

    interesse pblico a servio de telecomunicaes,

    independentemente de sua localizao e condio

    scioeconmica, bem como as destinadas a permitir a utilizao

    das telecomunicaes em servios essenciais de interesse

    pblico. 2 Obrigaes de continuidade so as que objetivam

    possibilitar aos usurios dos servios sua fruio de forma

    ininterrupta, sem paralisaes injustificadas, devendo os

    servios estar disposio dos usurios, em condies

    adequadas de uso.(grifei)

    Art. 110. Poder ser decretada interveno na

    concessionria, por ato da Agncia, em caso de:

    I - paralisao injustificada dos servios;

    (...)

    V - inobservncia de atendimento das metas de

    universalizao;(...)

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    As tarefas do acionante/recorrido, como j visto, no se afastam da

    atividade-fim da empresa.

    Argumenta a embargante que a L. 9.472/97, em seu artigo 94, II,

    permite a terceirizao das atividades-fins.

    O mencionado artigo estabelece, verbis:Art. 94. No cumprimento de seus deveres, a

    concessionria poder, observadas as condies e limites

    estabelecidos pela Agncia:

    I - empregar, na execuo dos servios, equipamentos einfraestrutura que no lhe pertenam;

    II - contratar com terceiros o desenvolvimento de

    atividades inerentes, acessrias ou complementares ao servio,

    bem como a implementao de projetos associados.

    1 Em qualquer caso, a concessionria continuar

    sempre responsvel perante a Agncia e os usurios.

    2 Sero regidas pelo direito comum as relaes da

    concessionria com os terceiros, que no tero direitos frente

    Agncia, observado o disposto no art. 117 desta Lei.

    Interpretando isoladamente o inciso I, de tal artigo, at se poderia

    chegar a concluso pretendida pela empresa, no entanto, h limites: as

    condies e limites impostos pela ANATEL e o que dispe o art. 94, 2.

    E a sucumbe a tese empresarial. No se pode deixar de lado o fato de

    que a lei comum, nas relaes com terceiros que digam respeito a

    prestao de servios a ser respeitada a legislao trabalhista, como

    escrita e interpretada pelos Tribunais.

    Ou seja, a meno ao art. 94, II, da Lei Geral da Telecomunicaes

    no obstculo pretenso de se ver a Recorrente condenada como

    empregadora do recorrido, vez que a Recorrente, para alcanar seus

    objetivos sociais, que se cr sejam condizentes com a lei questo, tanto

    assim que autorizado o seu funcionamento, necessita manter em

    funcionamento as redes de telefonia, sendo que a reclamante desenvolvia

    seus misteres atrelada ao contrato de prestao de servios que objetivava

    esse fim especfico.

    No seria possvel a existncia de vnculo se a 1 acionada

    funcionasse verdadeiramente como uma empregadora e prestadora de

    servio, mas as inmeras demandas que a envolvem demonstramexatamente o oposto. Ela se prestou ao pssimo papel de simples

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    intermediadora de mo-de-obra, com o reprovvel objetivo de tornar

    precrios os direitos dos contratados.

    Mesmo que houve algum gestor interposto entre o recorrido e os

    supervisores e chefes da recorrente, aquele seria um mero repassador das

    ordens, um mero intermedirio, porque a empregadora no poderia dizer

    onde e como prestar os servios de despacho para os clientes da recorrente.

    Logo, a prestao de servios pelo acionante, em favor da 2

    acionada, atravs de interposta pessoa teve por indiscutvel escopo fraudar a

    aplicao da legislao trabalhista, j que importou terceirizao de

    atividade prpria da atividade-fim da tomadora.

    Sustenta a reclamada, em suas razes do recurso de

    revista, que os servios executados pela reclamante (examinadora de

    linha e, posteriormente, auxiliar tcnica de projetos de expanso e

    melhorias de rede) no se encontram definidos em seu objeto social,

    o que demonstra no estar inserido na atividade-fim da empresa.

    Assevera, ainda, que no foram preenchidos os requisitos necessrios

    para a configurao da relao empregatcia, tendo em vista que a

    lei expressamente exclui a incidncia do regime jurdico celetista

    as relaes existentes entre os cooperados e a cooperativa. Afirma

    que h previso em lei quanto possibilidade de as concessionrias

    dos servios de telecomunicaes terceirizarem determinados

    servios, ainda que relacionados com a atividade fim da tomadora de

    servios. Aponta afronta aos artigos 5, II e 170, da Constituio

    da Repblica, 3 e 422, da Consolidao das Leis do Trabalho e 94,II, da Lei n. 9.472/97. Transcreve arestos para o cotejo de teses.

    Ao exame.

    Conforme se depreende do quadro ftico delineado

    pelo Tribunal Regional, a reclamante ingressou na primeira demandada

    Cooperativa dos Trabalhadores Telefnicos em Mesa de Exame do Rio

    de Janeiro CODEX -, que, por sua vez, celebrou contrato de

    fornecimento de mo de obra com a segunda reclamada Telemar Norte

    Leste S/A - TELEMAR, ora recorrente, para prestar serviosrelacionados rea de telefonia (examinadora de linha e,

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    posteriormente, auxiliar tcnica de projetos de expanso e melhorias

    de rede).

    Em seguida, afirmou que o contrato de prestao de

    servios, tendo por objeto o exame de linhas e de auxiliar de

    projetos de expanso e melhorias na rede, evidenciava a

    terceirizao de atividade fim da Telemar, permitindo, por

    corolrio, o reconhecimento de vnculo de emprego do autor com a

    segunda reclamada.

    Nos termos das razes recursais erigidas pela

    reclamada, o fundamento suscitado com o intuito de impugnar o

    reconhecimento do vnculo de emprego consistiu na inexistncia de

    qualquer ilicitude na terceirizao dos servios prestados pelo

    obreiro, em razo da autorizao legal contida na Lei Geral das

    Telecomunicaes - Lei n. 9.472/97, razo pela qual no haveria

    falar em formao do vnculo de emprego diretamente com a tomadora

    dos servios.

    Constata-se, no particular, conforme acima

    referido, que a controvrsia dos autos no se circunscreve na tese

    erigida pela recorrente, visto que indene de dvidas de que a

    reclamante foi contratada mediante cooperativa considerada

    fraudulenta.

    Tem-se, portanto, que o caso dos autos no

    configura hiptese de terceirizao lcita, mas sim de contratao

    de empregado por meio de intermediao de cooperativa simulada,

    incidindo, dessarte, o entendimento sedimentado nesta Corteuniformizadora, nos termos da Smula n. 331, itens I e III, que

    consagra tese no seguinte sentido:

    I - A contratao de trabalhadores por empresa interposta ilegal,

    formando-se o vnculo diretamente com o tomador dos servios, salvo no

    caso de trabalho temporrio (Lei n. 6.019, de 03.01.1974).

    (...)

    III - No forma vnculo de emprego com o tomador a contrao deservios de vigilncia (Lei n. 7.102, de 20.06.1983) e de conservao e

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    limpeza, bem como a de servios especializados ligados atividade-meio

    do tomador, desde que inexistentes a pessoalidade e a subordinao direta.

    Dessa forma, inegvel, no particular, tambm a

    ilicitude da terceirizao, porquanto inadmissvel a contratao de

    mo de obra para a atividade fim da empresa. Caracterizada,

    portanto, a fraude legislao trabalhista, no h que se falar nas

    apontadas violaes. Tem-se que durante o contrato firmado com a

    terceira demandada no se configurou hiptese de terceirizao

    lcita, mas sim de contratao de empregado por meio de empresa

    interposta, incidindo, dessarte, o entendimento sedimentado nesta

    Corte uniformizadora, nos termos da smula transcrita acima.

    Revelando a deciso recorrida sintonia com a

    jurisprudncia pacfica do Tribunal Superior do Trabalho, no se

    habilita a conhecimento o recurso de revista, nos termos do artigo

    896, 7, da Consolidao das Leis do Trabalho.

    A edio de smulas por esta Corte uniformizadora

    pressupe o exame exaustivo do tema, luz de toda a legislao

    pertinente, o que afasta qualquer possibilidade de reconhecimento de

    violao de dispositivo de lei ou da Constituio da Repblica, bem

    assim o confronto da deciso com arestos supostamente divergentes,

    porquanto superados pela jurisprudncia dominante neste Tribunal

    Superior.

    Com esses fundamentos, no conheo do Recurso de

    Revista.

    2.2 HORAS EXTRAS. NUS DA PROVA.

    A Corte de origem negou provimento ao recurso

    ordinrio interposto pela reclamada, por concluir que,

    contrariamente ao alegado, a autora logrou xito em demonstrar a

    veracidade dos registros de horrio declinados na petio inicial, o

    que permite concluir a existncia de controle de horrio e de labor

    em sobrejornada. Para tanto, fundamentou fl. 225 dos autosfsicos, p. 442 do eSIJ:

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    Na inicial, a autora afirmou cumprir jornada de segunda-feira

    sbado, das 08:00 s 19:00 horas, com intervalo de 1 hora para refeio e

    descanso e 1 folga semanal.

    Indicou ainda que laborava em 2 domingos ao ms, das 08:00 s

    18:00 horas, com 1 hora de intervalo.

    Em sua contestao, a tomadora, ressaltou que a autora prestava

    servio externo e que no ultrapassava o mdulo de 44 horas semanais.

    A 1 acionada, devidamente intimada, no compareceu audincia

    em que deveria prestar depoimento e apresentar defesa, sendo correta a

    revelia aplicada.

    Como bem ressaltou a julgadora de primeiro grau, h de ser

    observado que a confisso ficta decorrente da revelia aplicada gera uma

    presuno relativa de veracidade das alegaes iniciais, ou seja, pode ser

    elidida pelas demais provas fornecidas nos autos. A primeira testemunha da

    autora, cujo depoimento encontra-se fl. 156 dos autos, assim declarou:

    [...]; que trabalhava de 8h s 19 h, de segunda sbado, o mesmo

    ocorrendo com a rcte; que no sabe se a rcte. trabalhava aos domingos; que

    tirava 1 hora para refeio; [...].

    J a segunda testemunha da autora, com relao a jornada de trabalho

    cumprida esclareceu o seguinte: [...]; que a reclamante trabalhava de 08h

    s 19h, de segunda sbado com 1h p/ refeio; que a rcte. trabalhava 2

    domingos no ms, de 8h s 18h, no compensando com folga posterior;

    [...].

    V-se, portanto, que ao contrrio do que afirma a recorrente em suas

    razes recursais, a prova testemunhal provou sim a veracidade da jornada

    declinada na inicial.

    Nada h que se alterar na sentena na parte que deferiu as horas

    extras e reflexos.

    Afirma a reclamada que sua condenao ao pagamento

    de horas extras no encontra amparo nas provas coligidas nos autos.

    Argumenta que a obreira no fez prova de que estava submetida

    fiscalizao dos prepostos da reclamada ou que cumpria ordens.Salienta que os depoimentos prestados pelas testemunhas da reclamada

    no revelam, na medida em que se limitaram a falar de si mesmas.

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    Insiste em afirmar que a autora no se desvencilhou do nus de

    provar que se submetida jornada de trabalho registrada na inicial.

    Indica como vulnerados os artigos 5, II, da Constituio da

    Repblica, 818 da Consolidao das Leis do Trabalho e 333, I, do

    Cdigo de Processo Civil de 1973.

    Ao exame.

    O princpio da reserva legal, erigido no artigo

    5, II, da Constituio da Repblica, dado o seu carter genrico,

    no permite, em regra, o reconhecimento de violao direta da sua

    literalidade. Invivel, da, o conhecimento da revista pelo

    permissivo do 2 do artigo 896 consolidado com arrimo na alegada

    violao constitucional.

    Tendo em vista os princpios da aquisio

    processual e da livre apreciao das provas, conclui-se que as

    partes as produzem para o processo, cabendo ao juiz avali-las e da

    extrair as consequncias que entender pertinentes, nos termos do

    artigo 131 do CPC de 1973. A prova composta de pelo menos dois

    elementos, o meio e a informao, que devem mostrar-se idneos para

    o deferimento do pedido a que correspondem. Na hiptese, o Tribunal

    Regional, com base nos elementos de prova, notadamente a prova

    testemunhal produzida pelo reclamante, concluiu que resultou

    demonstrada a veracidade da jornada de trabalho declinada na

    inicial.

    Assim, o debate sobre a valorao da prova

    efetivamente produzida - nus objetivo da prova - no se insere nocontexto das violaes das regras processuais pertinentes ao nus

    subjetivo da prova, tendendo interpretao ou reavaliao do

    conjunto probatrio dos autos - o que, induvidosamente, no rende

    ensejo ao recurso de revista, em face de sua natureza

    extraordinria. Incumbe soberanamente s instncias ordinrias o

    exame da prova trazida aos autos, conforme, alis, j assentou esta

    Corte superior na Smula n. 126.

    Afigura-se, dessa forma, incua a discusso acercado nus da prova, que s assume relevncia quando inexistem

    elementos probatrios suficientes ao deslinde da controvrsia

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    trazida a juzo. No se cuida, na hiptese dos autos, de debate

    sobre a correta distribuio do nus da prova, mas do mero reexame

    da prova efetivamente produzida. No h falar, portanto, em violao

    dos artigos 818 da Consolidao das Leis do Trabalho e 333, I, do

    Cdigo de Processo Civil de 1973.

    Ante o exposto, no conheodo Recurso de Revista.

    2.3 MULTA DO ARTIGO 477, 8, DA CONSOLIDAO

    DAS LEIS DO TRABALHO.

    Ratificando a sentena, o Tribunal Regional

    manteve a condenao da segunda reclamada ao pagamento da multa

    prevista no artigo 477, 8, da CLT. Eis os fundamentos expendidos

    s fls. 225/226 dos autos fsicos (pp. 442/444 do eSIJ):

    Sem razo a recorrente.

    Escorreita a aplicao da multa prevista no 8 do art. 477 da CLT,

    haja vista que, verificada a fraude na terceirizao operada, a mera

    declarao do vnculo empregatcio diretamente com a tomadora dos

    servios, tem o condo de trazer ao trabalhador a aplicao de todas as

    regras contidas na CLT, dentre as quais aquelas previstas nos dispositivos

    mencionados. A reclamada, empregadora, efetivamente, detinha laborando

    em seu proveito, patente empregada sob o manto fraudatrio de uma

    cooperativa, e, mesmo que no o houvesse espontaneamente reconhecido

    como empregada, registrando-lhe a CTPS, enquadrava-se nessa condio, o

    que a sujeita, como empregadora, a partir da mera declarao judicial do

    vnculo, o cumprimento dos prazos previstos no 6, do art. 477 da CLT.

    Nem se alegue inobservncia ao entendimento esposado na OJ n 351

    da SBDI-1 do C. TST, pois, no caso concreto, no se vislumbra fundada

    controvrsia sobre a existncia do liame empregatcio, mas sim mera

    controvrsia a respeito do vnculo de emprego, o que por si s, no capaz

    de afastar a multa, eis que se trata do reconhecimento judicial de uma

    situao ftica que j existia.

    Premiar a prpria torpeza, fosse como pretendeu a ora recorrente,bastaria s empregadoras no registrar os contratos de emprego de seus

    empregados, como intentou a recorrente, permitindo que viessem obter a

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    declarao do registro em Juzo, para se esquivarem do cumprimento dos

    preceitos consolidados, mormente das multas previstas.

    Sustenta a reclamada, em suas razes de Recurso de

    Revista, em sntese, que o reconhecimento do vnculo de emprego em

    Juzo, por si s, veda a aplicao da multa prevista no artigo 477,

    8, da CLT. Transcreve arestos para confronto de teses.

    Cinge-se a controvrsia em estabelecer se, no

    presente caso, devida ou no a multa prevista no 8 do artigo

    477 da Consolidao das Leis do Trabalho.

    Esta Corte uniformizadora havia sedimentado, por

    meio da Orientao Jurisprudencial n. 351 da SBDI-I, entendimento

    no sentido de que indevida a multa prevista no artigo 477, 8, da

    Consolidao das Leis do Trabalho quando caracterizada fundada

    controvrsia quanto existncia da obrigao cujo inadimplemento

    gerou a multa.

    Referida Orientao Jurisprudencial foi cancelada

    por intermdio da Resoluo n. 163/2009, de 16/11/2009, publicada

    no DJe em 20, 23 e 24/11/2009. Reabriu-se, assim, a discusso sobre

    o tema, que dever ser definido pela evoluo da jurisprudncia.

    O 8 do artigo 477 consolidado expresso ao

    impor ao empregador a obrigao de pagar multa pelo no adimplemento

    da obrigao de quitar as parcelas constantes do instrumento de

    resciso no prazo legal, excepcionada apenas a hiptese de o

    trabalhador, comprovadamente, ter dado ensejo mora. Num talcontexto, a existncia de controvrsia a respeito do vnculo de

    emprego, por si s, no tem o condo de afastar a incidncia da

    multa, porquanto no se pode cogitar em culpa do empregado, uma vez

    que se trata do reconhecimento judicial de situao ftica

    preexistente.

    Observem-se no sentido do entendimento que ora se

    consagra, os seguintes precedentes desta Corte superior:

    RECURSO DE REVISTA. VERBAS RESCISRIAS.

    RECONHECIMENTO JUDICIAL DO VNCULO DE EMPREGO.

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    MULTA PREVISTA NO ART. 477, 8, DA CLT. A jurisprudncia

    atual deste Tribunal Superior adota o entendimento de que o

    reconhecimento do vnculo de emprego em juzo, por si s, no

    circunstncia suficiente para afastar a imposio da multa prevista no art.

    477, 8, da CLT, conforme decidido pela Corte Regional, razo pela qual

    a pretenso recursal encontra bice no art. 896, 7, da CLT. Recurso de

    revista de que no se conhece. (RR - 8500-51.2008.5.06.0012, Relator

    Ministro: Walmir Oliveira da Costa, 1 Turma, Data de Publicao: DEJT

    26/06/2015).

    RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO SOB A GIDE DA

    LEI N. 11.496/2007. MULTA DO 8 DO ARTIGO 477 DA

    CONSOLIDAO DAS LEIS DO TRABALHO. 1. Tem-se firmado,

    neste colendo Tribunal Superior, o entendimento de que o escopo da

    penalidade prevista no artigo 477, 8, da Consolidao das Leis do

    Trabalho reprimir a atitude do empregador que cause injustificado atraso

    no pagamento das verbas rescisrias. 2. Esta Corte uniformizadora havia

    sedimentado, por meio da Orientao Jurisprudencial n. 351 da SBDI-I,

    entendimento no sentido de que indevida a multa prevista no artigo 477,

    8, da Consolidao das Leis do Trabalho quando caracterizada fundada

    controvrsia quanto existncia da obrigao cujo inadimplemento gerou a

    multa. Entretanto, o Tribunal Pleno deste Tribunal Superior houve por bem

    cancelar a referida Orientao Jurisprudencial, mediante Resoluo n. 163,

    de 16/11/2009, publicada no DJe em 20, 23 e 24/11/2009, facultando nova

    discusso sobre o tema. 3. O 8 do artigo 477 da CLT expresso ao impor

    ao empregador a obrigao de pagar multa pelo no adimplemento da

    obrigao de quitar as parcelas constantes do instrumento de resciso no

    prazo legal, excepcionada apenas a hiptese de o trabalhador,

    comprovadamente, ter dado ensejo mora. Num tal contexto, a existncia

    de controvrsia a respeito do vnculo de emprego, por si s, no tem o

    condo de afastar a incidncia da multa, porquanto no se pode cogitar em

    culpa do empregado, uma vez que se trata do reconhecimento judicial de

    situao ftica preexistente. 4. Irretocvel, portanto, a deciso proferidapela Turma, no sentido de manter a condenao dos reclamados ao

    pagamento da multa em questo. 5. Recurso de embargos conhecido e no

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    provido. (E-RR-999500-37.2005.5.09.0010, Relator Ministro: Lelio Bentes

    Corra, Subseo I Especializada em Dissdios Individuais, Data de

    Publicao: DEJT 10/4/2015).

    RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA.

    INTERPOSIO SOB A GIDE DA LEI 11.496/2007. VNCULO DE

    EMPREGO RECONHECIDO EM JUZO. MULTA DO ART. 477,

    8, DA CLT. PAGAMENTO DEVIDO. Acrdo embargado em

    consonncia com a jurisprudncia reiterada desta Corte Superior, no sentido

    de que a excluso da multa prevista no 8 do art. 477 da CLT somente se

    d na hiptese em que a mora no pagamento das verbas rescisrias seja

    causada pelo empregado, de modo que o reconhecimento judicial do

    vnculo de emprego, por si s, no exime o empregador do pagamento da

    multa em exame. Precedentes desta SDI-I. Recurso de embargos conhecido

    e no provido (E-ED-RR-48900-36.2008.5.03.0095, Relator Ministro:

    Hugo Carlos Scheuermann, Subseo I Especializada em Dissdios

    Individuais, Data de Publicao: DEJT 19/12/2014).

    RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA.

    MULTA DO ARTIGO 477, 8, DA CLT. RECONHECIMENTO DO

    VNCULO DE EMPREGO EM JUZO. Aps o cancelamento da

    Orientao Jurisprudencial n 351 da SBDI-1, a jurisprudncia desta c.

    Corte firmou-se no sentido de que a deciso judicial que reconhece a

    existncia de vnculo de emprego apenas declara situao ftica

    preexistente, o que impe a incidncia da multa do artigo 477, 8, da CLT

    pelo atraso no pagamento das verbas rescisrias. Precedentes. Recurso de

    embargos conhecido por divergncia jurisprudencial e no provido (E-ED-

    RR-14600-93.2006.5.17.0009, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra

    Belmonte, Subseo I Especializada em Dissdios Individuais, Data de

    Publicao: DEJT 10/10/2014).

    Estando a deciso proferida pelo Tribunal Regional

    e consonncia com a atual, notria e iterativa jurisprudncia desta

    Corte uniformizadora, tem-se que o intuito de configurao do

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    dissenso jurisprudencial encontra bice na Smula n. 333 desta

    Corte superior.

    Diante dos fundamentos ora expendidos, no conheo

    do Recurso de Revista.

    2.4 INDENIZAO COMPENSATRIA. SEGURO-

    DESEMPREGO. NO FORNECIMENTO DE GUIAS.

    A Corte de origem manteve a sentena quanto ao

    direito da reclamante indenizao substitutiva decorrente do no

    fornecimento pela reclamada das guias do seguro-desemprego. Para

    assim decidir, expendeu as seguintes razes de decidir, s fls. 226/

    dos autos fsicos, pp. 444/ do eSIJ:

    Declarada a vinculao de emprego diretamente com a tomadora e

    apurado que a acionante contava com mais de seis meses de emprego no ato

    de sua dispensa imotivada, faz ela jus ao benefcio do seguro desemprego.

    O pedido formulado pelo autor de indenizao substitutiva do

    seguro desemprego, vez que a tomadora no assinou sua CTPS em virtude

    do procedimento fraudatrio intentado com a terceirizao dos servios (fl.

    10).

    Tratando-se de obrigao de fazer juridicamente infungvel, o sistema

    normativo autoriza a realizao do ato que produza os mesmos efeitos que

    aquele recusado pelo devedor, ou seja, cuida-se de fungibilidade prtica,

    cabendo a expedio de alvar em substituio a referida guia.

    Todavia, considerando o tempo transcorrido desde a dispensa

    (24/04/2005), o fornecimento das guias seria ineficaz, j que h grande

    probabilidade da acionante no cumprir todos os requisitos para o seu

    recebimento, aps a extradio das guias, tornando-se justa e necessria a

    certeza da possibilidade da converso em indenizao, condenando-se a

    tomadora, como real empregadora, ao pagamento da indenizao

    substitutiva das guias do seguro-desemprego, nos termos da Smula 389 do

    C. TST, in verbis:

    [...]

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    Argumenta a reclamada que inexiste nos autos

    qualquer prova que evidencie a condio do reclamante de

    desempregado aps o trmino da relao de trabalho com a primeira

    reclamada COOPEX. Argumenta que, constituindo essa condio

    essencial ao fornecimento das guias do seguro-desemprego, a ausncia

    de referida comprovao, na forma exigida pelo CODEFAT, implicar

    afirmar que o deferimento da indenizao substitutiva redundou em

    afronta aos artigos 5, II, da Constituio da Repblica, 818 da CLT

    e 333 do CPC.

    Da leitura do acrdo recorrido verifica-se no

    subsistir meios para se proceder ao exame da violao dos artigos

    5, II, da Constituio da Repblica, 818 da CLT e 333 do CPC. Com

    efeito, o Tribunal Regional no examinou a matria acerca da

    obrigatoriedade de fornecimento das guias do seguro-desemprego luz

    da prova da exigncia prevista na CODEFAT da condio de

    desempregada da reclamante aps o trmino da relao de emprego.

    Sob pena de incidncia do bice da Smula n. 297,

    I, desta Corte superior, o Tribunal de origem deve ter apreciado a

    matria indicada em razes de recurso sob a tica apontada pela

    parte, manifestando-se, inclusive, acerca das indicadas violaes

    legais e constitucionais. Silente a deciso, cabe parte valer-se

    dos Embargos de Declarao para provocar o pronunciamento expresso

    sobre o tema, com o intuito de evitar a precluso da matria.

    Em virtude dos fundamentos ora expendidos, no

    conheo do Recurso de Revista.

    ISTO POSTO

    ACORDAMos Ministros da Primeira Turma do Tribunal

    Superior do Trabalho, por unanimidade, no conhecer do Recurso de

    Revista.

    Braslia, 13 de abril de 2016.

    Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

    MARCELO LAMEGO PERTENCE

  • 7/26/2019 59999_2010_1460714400000

    21/21

    Poder JudicirioJustia do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

    fls.21

    PROCESSO N TST-RR-154900-39.2005.5.01.0057

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    Desembargador Convocado Relator