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1 5G Americas Série de Estudos TIC para Desenvolvimento: e-Governo na AméricaLatina 2017 Março de 2017

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Conteúdo Prefácio .................................................................................................................................................................... 3

Introducão ............................................................................................................................................................... 4

E-Governo ................................................................................................................................................................ 7

Evolucão das iniciativas de e-governo em nível global ...................................................................... 9

E-Governo na América Latina ......................................................................................................................... 14

Evolucão do e-governo na América Latina ............................................................................................ 16

Implementação de e-governo .................................................................................................................... 18

Portal Paraguai: usando as TICS para aumentar a transparência institucional ......................... 18

Órgão previdenciário argentino aumenta cobertura das telecomunicações ........................................................... 20

Bolívia aproxima-se da implementação do governo eletrônico ..................................................... 21

Projeto do Panamá pretende modernizar governos locaIs............................................................... 23

Municípios argentinos: realidades divergentes e objetivos convergentes de e-governo ...... 26

Perspectivas futuras ........................................................................................................................................... 29

Exclusão de responsabilidade ........................................................................................................................ 31

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PREFÁCIO

A América Latina é uma região onde realidades convergem abrangendo várias situações diferentes que incluem os diversos setores da sociedade. Os próximos desafios incluem não apenas diminuir as lacunas de desenvolvimento econômico, mas também abordar uma série de questões como a saúde, educação, segurança pública, a estabilidade democrática, entre outros.

Essas metas também incluem a implementação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Este é um projeto horizontal que permite a convergência entre os trabalhos de diferentes setores para melhorar a qualidade de vida dos públicos dessa região.

Com esta abordagem, especialmente com a utilização de redes de banda larga sem fio, nasceu o BrechaCero.com, um blog da 5G Américas para divulgar e promover estas iniciativas. Neste espaço de livre acesso apresentamos diversas iniciativas, serviços e tendências sobre o uso de tecnologias para melhorar a qualidade de vida. Também contamos com a participação de analistas e profissionais do setor que contribuem com colunas e entrevistas.

As atividades desenvolvidas pela BrechaCero.com incluem a produção de uma série de documentos sobre temas específicos. Esses documentos oferecem mais informações sobre o uso das TICs para promover o desenvolvimento em diferentes setores verticais, e estão disponíveis para consulta permanente.

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INTRODUCÃO

Um dos resultados da massificação das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) é a possibilidade de elevar a transparência dos Estados. A transparência é uma questão importante para a maioria dos países em desenvolvimento, e para a América Latina, pois oferece a população uma maneira rápida e acessível de consultar informações sobre a aplicação dos recursos disponíveis.

Com o aparecimento de novas tecnologias no ambiente governamental, criaram-se vários conceitos associados à transparência. Estes conceitos variam de Governo Eletrônico1, ou e-Governo, da Cidade Digital2 até a Cidade Inteligente3, ou Smart City. Embora existam muitos conceitos acadêmicos diferentes, em termos gerais, todos representam uma forma de utilizar a tecnologia para melhorar a qualidade de vida da população.

O conceito de e-Governo tem como finalidade criar uma nova relação entre o cidadão e o governo, possibilitando mais transparência que vai muito além do padrão tradicional de atendimento. Assim, as TICs representam uma oportunidade de reforçar o vínculo entre o governo e seus subordinados, abrindo acesso à grande quantidade de informações e dados gerados pelo governo. Entre outras vantagens, esta iniciativa aumenta a transparência, um ponto importante na América Latina, região em que 19 dos 24 países que fazem parte do ranking Transparency International se encontravam na segunda metade da tabela em 20154.

1 De acordo con a Organização dos Estados Americanos (OEA) “O Governo Eletrônico é a aplicação das tecnologias da informação e comunicação (TIC) em execução no setor público, a fim de aumentar a eficiência, transparência e a participação dos cidadãos”. En http://portal.oas.org/Portal/Sector/SAP/DepartamentoparalaGesti%C3%B3nP%C3%BAblicaEfectiva/NPA/SobreProgramadeeGobierno/tabid/811/Default.aspx 2 De acordo com a Comissão de Cidades Digitais e do Conhecimento. Um Cidade Digital é “um espaço virtual de interação entre a cidadania, o setor privado e as administrações públicas, promovendo uma Sociedade da Informação inclusiva, que utiliza a Internet e as tecnologias da informação e comunicação (TIC) como um suporte. http://www.uclg-digitalcities.org/ 3 De acordo com a União Internacional de Telecomunicações (UIT) “Uma Cidade Inteligente e Sustentável é uma cidade inovadora que aproveita as Tecnoligas da Informação e Comunicação (TIC) entre outros meios para melhorar a qualidade de vida, a eficiência do funcionamento e dos serviços urbanos e a competitividade, enquanto respondendo às necessidades das gerações presentes e futuras sobre aspectos economicos, sociais e do meio-ambiente. http://www.itu.int/es/ITU-T/focusgroups/ssc/Pages/default.aspx 4 Em “2015 Corruptions Perception Index”. Em http://www.transparency.org/cpi2015

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Além disso, a implementação de diversos programas de e-Governo serve, em parte, para promover a “Agenda para o Desenvolvimento 2030”, parte do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas. Item 11 do programa estabelece a necessidade de desenvolver cidades e assentamentos inclusivos, seguros, robustos e sustentáveis. Para alcançar este objetivo é necessário garantir acesso a moradias seguras e acessíveis, apoiar assentamentos desfavorecidos, realizar investimentos em transporte público, criar áreas públicas verdes e melhorar o planejamento e gestão urbana para se tornar mais participativa e inclusiva.

Neste sentido, o e-Governo é uma ferramenta importante para alcançar estes objetivos, além de ser um meio de realizar outras metas dessa agenda, como é o caso da “Água e Saneamento”, que pretende garantir acesso universal à água potável segura. Para isto, é importante realizar investimentos adequados em infraestrutura, proporcionando saneamento e promovendo práticas de higiene em todos os níveis sociais. Assim, ao contar com dados e informações sobre as condições urbanas nessas áreas, é possível realizar um diagnóstico que pode ser usado como ponto de partida para o desenvolvimento futuro.

Neste sentido, as TICs contribuem muito aos Estados, que passam a contar com informações que sustentam os vários projetos destinados a melhorar a qualidade de vida de suas populações. O cruzamento de diferentes variáveis, principalmente através de Big Data, é indispensável ao ajudar o processo decisório dos governantes.

Também devemos considerar a importância da conectividade. Para garantir a conectividade, é fundamental facilitar o crescimento da banda larga sem fio. Especialmente importantes são as iniciativas para abrir acesso ao espectro de radiofrequências.

Em termos da população, os aplicativos móveis de e-Governo representam uma oportunidade para aumentar o alcance destas iniciativas, criando um ecossistema de aplicativos que facilitem acesso da população ao governo, que não precisa mais se locomover até as instalações governamentais, economizando tempo e dinheiro.

Entretanto, para ter um impacto positivo, estas iniciativas devem ser acompanhadas por estratégias que promovem a criação destes aplicativos, e políticas públicas que promovem a penetração de smartphones.

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Segundo o Índice 5G Américas de Penetração LTE na América Latina, divulgado no primeiro trimestre (1T) de 2016, a região conta com uma penetração LTE de 11,35% em relação à população total, um crescimento de 2,44 pontos percentuais em relação ao ultimo trimestre de 2015, assinalando um avanço para a tecnologia. A proliferação de linhas de banda larga móvel contribui muito para a implementação de projetos do e-Governo, não apenas em termos do número de pessoas conectadas e com acesso às informações, mas também pela maior quantidade de dispositivos conectados e contribuindo um maior volume de dados aos governantes.

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E-GOVERNO

O conceito de e-Governo é um novo paradigma que se refere à relação entre governantes, centros administrativos e cidadãos. O e-Governo tem como meta ser transparente, multidirecional, colaborativo e orientado à participação do cidadão para aumentar a valor que o Estado pode agregar além de suas áreas de atuação tradicionais.

Existem vários conceitos de e-Governo, mas o e-Governo é essencialmente “uma nova filosofia de governo, uma gestão pública mais transparente, participativa e colaborativa entre o Estado e a sociedade civil” 5.

Fonte: Cepal6

Em outras palavras, podemos considerar como e-Governo a administração que está dialogando com seus cidadãos para tomar decisões de acordo com suas necessidades.

5 Em “Gobierno Abierto: hacia un nuevo paradigma de gestión pública”. Por Oscar Oszlak. Setembro de 2013. https://www.oas.org/es/sap/dgpe/pub/coleccion5RG.pdf 6 Em Plano de Governo aberto: Um roteiro para os governos da região. http://www.cepal.org/ilpes/noticias/paginas/3/54133/PLAN_DE_GOBIERNO_ABIERTO.pdf

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Ademais, é importante levar em conta que o conceito também inclui a colaboração entre os governantes e os governados.

Neste sentido, a informação tem um papel importante, assim como a divulgação aberta a transparente das atividades Governamentais, ambos os fatores importantes para levar avançar com projetos de governo eletrônico. Além disso, o e-Governo também depende da implementação das TICs.

Mais especificamente, a Internet facilita o acesso em lugares remotos e permite que o governo aproxima-se de seus cidadãos, oferecendo acesso a informações através de aplicativos diferentes. Desta maneira, pelas suas características, a Internet representa uma oportunidade de rapidamente disponibilizar informações à uma grande parcela da população.

Neste contexto, as iniciativas que apoiam a adoção da banda larga em geral são de suma importância. Especialmente importantes são os serviços de banda larga móvel que podem cobrir zonas remotas, diminuindo a distância entre os governos e a população.

Por esse motivo, as políticas públicas que tendem a aumentar o espectro destinado a serviços de banda larga sem fio são cada vez mais relevantes, especialmente porque representam caminhos para massificar acesso à Internet e, por consequência, ampliar o alcance do e-Governo.

É necessário preencher alguns requisitos específicos antes de implementar um projeto de e-Governo. Primeiro, é preciso estabelecer a vontade das partes envolvidas de levar o projeto adiante. Em outras palavras, é importante obter o apoio dos níveis mais altos do governo.

Em segundo lugar, é importante conscientizar e educar os funcionários públicos para escutar a população. Neste sentido, é importante desenvolver a capacidade de responder a propostas, críticas e observações e estar aberto a possíveis contribuições que venham de fora do governo.

Por último, precisamos modificar os processos para poder disponibilizar informações aos cidadãos. Ou seja, precisamos da colaboração dos funcionários públicos para

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compartilhar as informações disponíveis. Também é importante reorganizar as tarefas de cada uma das administrações para poder levar adiante este tipo de iniciativa.

Em 2015, de acordo com o relatório anual Aliança para um Governo Aberto (AGA) do daquele ano7, 69 países no mundo inteiro estavam implementando algum tipo de iniciativa de e-Governo. Destes, 36 países mantinham um diálogo fluido dentro da aliança.

EVOLUCÃO DAS INICIATIVAS DE E-GOVERNO EM NÍVEL GLOBAL

Fonte: AGA

.

Como parte da AGA, os países adotam Mecanismos de Relatórios Independentes (ou IRM, Independent Reporting Mechanisms), que servem para compartilhar experiências de Governos durante seus trabalhos para disponibilizar suas informações. Estes IRM

7 Open Government Partnership – Annual Report 2015. Em http://www.opengovpartnership.org/sites/default/files/OGPreport2015.pdf

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são usados para avaliar os compromissos assumidos pelos países em seus projetos. Ou seja, esses processos são detalhados em relatórios regulares e objetivos elaborados por especialistas locais sob a supervisão de profissionais internacionais.

No gráfico a seguir, elaborado pela AGA, podemos observar os países que contam com IRMs para avaliar a evolução da transparência de cada governo. Embora cada país apresente níveis de progresso diferentes, a publicação ajuda não apenas outros Governos a copiarem determinados modelos, mas ajuda os próprios países a modificarem os programas já em andamento.

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Fonte: AGA

A implementação de uma iniciativa de e-Governo é importante por vários motivos. Primeiro, é uma ferramenta que permite fortalecer os processos democráticos principalmente por que aumenta a transparência, uma das exigências fundamentais da sociedade atual.

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A visibilidade dos atos governamentais, assim como a exibição de salários dos empregados e rubricas orçamentais, é importante para aumentar a confiança da população nas várias agências do Estado, oferecendo maior acesso aos cidadãos que passam a controlar o desempenho dos seus representantes. Assim, as iniciativas de e-Governo tendem a aumentar a participação e fortalecer o compromisso civil, além de melhorar a qualidade, eficácia e eficiência dos governos e seus administradores.

Neste caso, como mencionado anteriormente, as TICs desempenham um papel extremamente importante. O desenvolvimento e a massificação da Internet permitem disponibilizar informações de maneira mais eficiente e simplificar o acesso a essas informações para as populações de cada país. Em outras palavras, as TICs viabilizam um controle cívico mais eficaz, e permitem criar diversos serviços de acordo com o feedback da sociedade e os dados gerados pelo Estado.

Por este motivo, em qualquer projeto, é importante criar políticas públicas incentivando as redes de telecomunicações para fortalecer o e-Governo. Ou seja, é importante facilitar o desenvolvimento de redes e reduzir a carga burocrática que o setor enfrenta.

Do outro lado, os aplicativos móveis fazem parte de um mecanismo dinâmico para a implementação de novos serviços criados pelo governo ou pela população. Esses aplicativos também garantem acesso para uma parcela maior da população, devido ao alto nível de penetração de serviços móveis e smartphones.

As tecnologias móveis ganham ainda mais relevância em iniciativas de e-Governo que incluem a gestão da informação em formatos abertos, ou “open data”, que significa usar informações de maneira pública para criar serviços para a população. Ou seja, a sociedade dispõe de uma grande quantidade de informações a respeito da administração pública para o benefício da população, através de novos serviços, mais conhecimento ou simplesmente análises desses dados.

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Para assegurar que estas estratégias tenham um impacto positivo nesses mercados, precisamos de iniciativas para aumentar a penetração dos smartphones. Com estes dispositivos, a população pode acessar os diferentes processos governamentais de maneira mais simples, reduzindo os custos envolvidos e o tempo de espera, gerando economias. Neste contexto, é importante considerar estratégias para massificar o uso de smartphones entre a população. As informações de livre acesso podem ser usadas para aumentar a inovação e o conhecimento e ampliar as oportunidades de negócios, pois aproveita da grande riqueza de informações sob o controle das administrações públicas. As repartições públicas possuem várias fontes de informação que, utilizadas de maneira criativa e combinadas com outras fontes, permitem agregar valor aos aplicativos.

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E-GOVERNO NA AMÉRICA LATINA

Os governos latino-americanos abriram suas informações de diversas formas e em diferentes centros dos países. Desde Estados Nacionais até municípios, existem muitas experiências diferentes, inclusive projetos implementados por autarquias como órgãos de arrecadação pública e empresas de economia mista.

A transparência promovida na América Latina é um incentivo para este tipo de abertura e constitui uma oportunidade para fortalecer a democracia. Entretanto, a transparência e as tecnologias da informação não bastam: é necessário prevenir os riscos deste tipo de projeto e, especialmente, enfrentar o desafio de reformar a Administração Publica para adequá-la às exigências de uma democracia mais participativa e colaborativa.

Existe apoio para os projetos de e-Governo na América Latina desde o início do século. A ideia de aumentar a transparência em todos os níveis do governo com a divulgação de informações para a população era um compromisso assumido em 2000 por diversos representantes da região8. Este foi o ponto de partida para iniciar o trabalho do Governo Eletrônico na região, promulgado na Cúpula das Américas de 20019.

O conceito de e-Governo foi adotado com o objetivo de incentivar os Governos a abrirem acesso a dados para motivar outros setores da sociedade a conectar-se e oferecer informações e desenvolverem iniciativas para melhorar a qualidade de vida da população. Além disso, essa abordagem também foi uma tentativa de aumentar o uso das TIC na modernização do Estado, convidando os países a melhorar áreas como transparência, gestão e acesso à informação.

Durante a primeira década deste século, vários países avançaram projetos associadas ao Governo Eletrônico, com a incorporação de várias distintas que tendem a melhorar diferentes áreas do Estado. A implementação de recursos online, assim como a

8 Alejandra Naser e Álvaro Ramírez Alujas. Em “Plan de gobierno abierto Una hoja de ruta para los gobiernos de la región”. Em http://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/36665/S2014229_es.pdf;jsessionid=992F166097E9F24B88CC112F6B3923E8?sequence=1 9 Alejandra Naser e Álvaro Ramírez Alujas. Em “Plan de gobierno abierto Una hoja de ruta para los gobiernos de la región”. Em http://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/36665/S2014229_es.pdf;jsessionid=992F166097E9F24B88CC112F6B3923E8?sequence=1

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possibilidade de solicitar mudanças para diferentes unidades, foram os primeiros passos tomados.

Em Setembro de 2010, o Uruguai se transformou no primeiro país da América Latina a disponibilizar seus dados por meio de um portal online10. Além de divulgar seus dados, a iniciativa incentivou a produção de aplicativos que agregam valor para a população. A iniciativa foi reproduzida no Chile em 2011, também por meio de um portal online que apresentava as atividades em andamento.

È importante destacar que esses são dois mercados avançados na adoção das TICs e são países onde existem altos índices de conectividade em relação ao resto da região. A conectividade desempenha um papel preponderante nesses projetos e é muito importante que os outros mercados considerem diferentes iniciativas para promover acesso à banda larga.

Neste último ponto, duas iniciativas em particular são muito importantes: a disponibilidade do espectro de radiofrequência destinado aos serviços de banda larga móvel; e a redução de obstáculos para a implementação de redes. Ambas as iniciativas são determinantes para melhorar a conectividade.

A partir de então, diversos países da região levaram à frente iniciativas de e-Governo. De acordo com a Aliança para o Governo Aberto (AGA), a organização conta com 15 membros na América Latina e no Caribe. Destes, 14 apresentaram algum projeto para levar adiante iniciativas de e-Governo. Os planos apresentados mostraram vários níveis de progresso e incluem mercados onde os Governos estão realizando investimentos a outros onde estas iniciativas são apenas declarações de intenção.

10 Alejandra Naser e Álvaro Ramírez Alujas. Em “Plan de gobierno abierto Una hoja de ruta para los gobiernos de la región” Em http://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/36665/S2014229_es.pdf;jsessionid=992F166097E9F24B88CC112F6B3923E8?sequence=1

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EVOLUCÃO DO E-GOVERNO NA AMÉRICA LATINA

Fonte: AGA

Este tipo de iniciativa é importante para aumentar a transparência, principalmente quando os compromissos de e-Governo são assumidos em conjunto com o governo nacional, porque a vontade política é o ponto de partida de qualquer estratégia de e-Governo.

No total, a América Latina contava com 328 iniciativas de e-Governo em diferentes níveis11. É uma série de iniciativas heterogêneas no que diz respeito à quantidade de compromissos e seus focos de atenção.

11 Alejandra Naser e Álvaro Ramírez Alujas. Em “Plan de gobierno abierto Una hoja de ruta para los gobiernos de la región” Em http://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/36665/S2014229_es.pdf;jsessionid=992F166097E9F24B88CC112F6B3923E8?sequence=1

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De acordo com CEPAL, entre todos os compromissos assumidos pelos Governos, 177 foram adotados para aprimorar a integridade pública. Outros 75 têm por finalidade melhorar os serviços públicos, enquanto 63 estão vinculados à gestão efetiva dos recursos públicos e 12 estão associadas a prestação de contas e responsabilidade corporativa12.

Não obstante, para assegurar que este tipo de iniciativa seja bem recebida pela população, é fundamental que as condições necessárias de conectividade estejam presentes. Em outras palavras, além das estratégias de e-Governo, é muito importante viabilizar a disponibilidade de banda larga a nível local. Dentro da banda larga, os componentes mais importantes são o móvel e o sem fio, que podem ser implementados rapidamente em zonas rurais ou de difícil acesso.

Nesta base, a disponibilidade do espectro de radiofrequência para a oferta de serviços móveis também é um dos pilares para o desenvolvimento do e-Governo. A possibilidade de abranger uma população maior também é uma maneira de capacitar os habitantes de um país. Essa lógica também ajuda a reduzir barreiras para a instalação de redes de telecomunicação.

Por outro lado, os smartphones são uma importante ferramenta para a implementação de aplicativos. Como explicado anteriormente, os aplicativos tem diversos usos dentro do e-Governo, que vão desde serviços até o controle das atividades dos funcionários. Estes serviços podem ser criados pelo Estado ou pela iniciativa privada.

Os smartphones são a principal meio de acesso aos aplicativos, por isso é importante reduzir a carga fiscal sobre estes dispositivos para fomentar sua penetração.

Podemos observar que uma estratégia de e-Governo não deve levar em conta somente a vontade das autoridades e a implementação de uma plataforma que garante acesso às informações, mas também deve promover a conectividade necessária para facilitar acesso a estas informações. Caso contrário, as oportunidades de alguns setores serão reduzidas.

12 Alejandra Naser e Álvaro Ramírez Alujas. Em “Plan de gobierno abierto Una hoja de ruta para los gobiernos de la región” http://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/36665/S2014229_es.pdf;jsessionid=992F166097E9F24B88CC112F6B3923E8?sequence=1

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IMPLEMENTAÇÃO DE E-GOVERNO

As iniciativas de e-Governo não são apenas centradas nos vários planos nacionais, mas também em planos de províncias, municípios e outros órgãos independentes. Essas iniciativas também podem incluir outros níveis de governo como empresas de serviços que pertencem ao Estado, até as de economia mista, e entidades que podem ser autônomas como aquelas do setor de saúde ou universidades.

Na America Latina, podemos observar diversos projetos implementados por diferentes setores da sociedade que buscam disponibilizar os dados produzidos internamente. A seguir, Brecha Cero apresenta alguns exemplos que demonstram o uso das TICs no e-Governo.

PORTAL PARAGUAI: USANDO AS TICS PARA AUMENTAR A TRANSPARÊNCIA INSTITUCIONAL

O Governo do Paraguai oferece acesso às suas informações por meio do Portal Paraguai. Neste site, é possível acessar a todas as informações, serviços e procedimentos do governo, disponíveis 24h por dia, de qualquer parte do mundo, por meio de um dispositivo conectado à Internet.

A implementação de portais que oferecem acesso às informações de diversas entidades do governo é uma forma de promover a transparência. Estas iniciativas garantem acesso às diversas decisões tomadas pelos três poderes (Executivo, Legislativo e Judicial) que formam o Estado, podendo assim estabelecer mais controle sobre a função pública.

O portal é dirigido a cidadãos paraguaios, empresários, funcionários públicos e residentes estrangeiros. Nele, são disponibilizados os antecedentes de cada empregado, as leis associadas ao serviço público, a equipe de profissionais e um catálogo com todos os serviços e processos disponíveis.

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Adicionalmente, o Portal Paraguai contém relatórios, documentos e leis do país, campanhas institucionais com suas publicidades e projetos, e oferece acesso a informações públicas, gastos públicos, bolsas de trabalho e estudos. Também é possível acessar informações gerais sobre o país. Esta informação é estruturada por tema e data de publicação, onde cada cidadão pode acessar e fazer buscas por palavras-chave.

Além de fornecer informações do Governo e detalhes das atividades oficiais realizadas, o Portal Paraguai conta com o Formulário de Consultas e Competências para seus visitantes. Ou seja, parte de sua razão de ser é de transformar-se em um espaço participativo ao lado de outros canais de comunicação e interatividade, fazendo uso das redes sociais mais populares.

Ativo desde 2013, o Portal foi progressivamente incorporando outras instituições públicas para oferecer informações sobre os vários níveis de governo. Assim, a população ganha mais controle em relação a governos mais próximos, como municípios.

As informações estão disponíveis através da Internet usando conexões fixas ou móveis. Nesta última opção, a plataforma possui pelo menos 15 aplicativos que disponibiliza acesso a áreas como agricultura, serviços bancários, dados legislativos ou licitações. O portal também conta com uma área destinada a reclamações e outra que permite autenticar documentos através de um código QR.

A inclusão de aplicativos móveis é de extrema importância, por que abre acesso a uma parcela maior da população, principalmente em um mercado como o Paraguai, onde,de acordo com os dados da Pyramid Research fornecidos à 5G Américas, a quantidade de linhas móveis chegou a 7,5 milhões (106% de penetração) no final de 2015.

Através do Portal Paraguai, diversos programas preventivos e informativos também são implementados em vários setores que variam de saúde a segurança. Essas iniciativas são importantes por que beneficiam a população e oferecem ferramentas que podem ser utilizadas em eventuais situações problemáticas.

Este tipo de iniciativa é outro ponto importante e se trata de outra instância de capacitação do cidadão.

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O portal também oferece ferramentas destinadas ao seu próprio manuseio, educando o usuário. Essa iniciativa é importante por que aborda uma questão frequentemente ignorada por estes programas, que é o aprendizado da própria ferramenta. Em outras palavras, de nada serve disponibilizar essas informações se o próprio usuário não consegue entende-las, por mais simples que seja o meio de acesso.

Este mesmo portal conta com mecanismos para medir o nível de satisfação de cada usuário. Por meio de pesquisas online, a plataforma procura saber se o visitante conseguiu as informações desejadas. Esta ferramenta é usada de maneira interna, para melhorar a quantidade e qualidade das informações oferecidas.

Desta maneira, as funções do portal acabam constituindo uma via de ajuda mútua. Por um lado, o portal apresenta informações sobre as atividades dos poderes que representam o Estado, aumentando a transparência. Por outro, oferece uma série de ferramentas não apenas para ensinar como aproveitar dos dados, mas também para gerar iniciativas preventivas relacionadas a questões sensíveis como saúde, educação e segurança.

ÓRGÃO PREVIDENCIÁRIO ARGENTINO AUMENTA COBERTURA DAS TELECOMUNICAÇÕES

A Administração Nacional da Segurança Social (ANSES), órgão da Previdência Argentina, fortalecerá o sistema de identificação através do uso de impressões digitais e ampliará sua cobertura em todo o país, aprimorando o funcionamento de sua base de dados com o apoio da estatal de telecomunicação, a Arsat.

Por ora, a operadora oferecerá tecnologia por satélite para fornecer o serviço de Internet a todos os escritórios da ANSES do país. Todavia, a operadora planeja a expansão de suas tecnologias móveis e, para isto, ela recentemente recebeu parte do espectro de radiofrequência destinado a serviços móveis.

O acordo-quadro é composto de três contratos. O primeiro estabelece que a ARSAT deve oferecer componentes de hardware e software parar fortalecer o Sistema de Identificação Biométrica da ANSES (SIBA), utilizado para a identificação de aposentados e pensionistas através de equipamentos de leitura de impressões digitais. O segundo permite reforçar as telecomunicações entre os escritórios da ANSES espalhados pelo país, especialmente aqueles em lugares remotos.

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O mercado móvel Argentino contava, no final de 2014, com 500.000 acessos LTE. De acordo com números da Carrier y Asociados, que forneceu os dados à 5G Américas, o número de acessos LTE previsto para o ano de 2019 é de 22 milhões.

BOLÍVIA APROXIMA-SE DA IMPLEMENTAÇÃO DO GOVERNO ELETRÔNICO

O Governo do Estado Plurinacional da Bolívia criou a Agencia de Governo Eletrônico e Tecnologias da Informação e Comunicação (AGETIC) através do Decreto Supremo 2514. Seu objetivo será de incorporar tecnologias digitais em dependências governamentais para automatizar tarefas administrativas, incluindo tanto processos de recrutamento como trâmites disponíveis ao público.

Neste último caso, a meta do Governo boliviano é de reduzir a burocracia nas entidades públicas e reduzir os custos, o tempo e os passos necessários em interações com agências públicas. A AGETIC estará descentralizada do Poder Executivo e terá autonomia de gestão, além de seu próprio orçamento. Algumas das metas que se destacam no novo órgão é a redução da lacuna digital, fortalecimento dos processos de transparência, acesso público à informação, participação e controle social e avanços para a soberania tecnológica do Estado.

Estes tipos de iniciativas são importantes para reduzir a lacuna entre os governos e a população, especialmente quando acompanhadas pela democratização de acesso. De acordo com a Autoridade de Regulamentação e Fiscalização de Telecomunicações e Transportes (ATT), em 2014 quase 98% das conexões à Internet eram móveis. Desta maneira, as tecnologias móveis se transformam em um complemento importante para a inclusão proposta pelo Governo boliviano.

As funções da futura AGETIC incluem elaborar, propor e implementar projetos de Governo Eletrônico e Tecnologias da Informação e Comunicação para entidades do setor público. A agência também estará encarregada de coordenar a implementação dessas medidas, assim como propor as orientações técnicas para o desenvolvimento de programas, projetos e serviços.

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Ademais, a agência deverá coordenar a gestão de incidentes informáticos com órgãos do setor público. Ela também deve elaborar propor, promover, administrar, articular e atualizar o Plano de Implementação do Governo Eletrônico e o Plano de Implementação de Software Livre e Padrões Abertos para o setor público.

Outra função será atender outros programas de governo eletrônico e segurança da informática. Adicionalmente, a agência deve ser uma referência internacional para temas relacionados ao Governo Eletrônico e Segurança da Informação no setor público.

Os principais objetivos da AGETIC incluem a coordenação com as entidades do setor público para realizar programas e implementar tecnologias que simplifiquem a burocracia, focando em eficiência e transparência. A finalidade desta simplificação é de reduzir custos, tempo e etapas burocráticas que a população enfrenta no setor público, além de processos e procedimentos de gestão pública. Além desta medida, o decreto obriga todas as outras instituições publicas a facilitarem seus trâmites e adotarem a automatização.

Embora a iniciativa ainda esteja na etapa de planejamento, o Governo da Bolívia deu um passo importante por meio de um quadro político que contemple sua criação. A existência de uma normativa que especifique a criação, funções, objetivos e áreas de responsabilidade da AGETIC é extremamente importante para o desenvolvimento deste tipo de projeto, pois define as fundações e planeja seu funcionamento futuro.

Assim, a busca por um Governo digitalmente acessível e com dados abertos aumenta a transparência do Estado e suas funções. Esta situação beneficia não somente as autoridades nacionais, mas também outras estruturas regionais, como municípios, departamentos e distritos menores.

Todavia, para garantir que estas iniciativas tenham um impacto real no mercado, elas devem ser acompanhadas para analisar a conectividade que oferece acesso à nova plataforma e oferecer um aplicativo que simplifique acesso a procedimentos do Estado também representa uma oportunidade de alcançar uma parcela muito maior da população.

Os serviços móveis podem transformar-se em um grande catalisador para a inclusão proposta pelo Governo, principalmente em um mercado que já possui redes LTE ativas,

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algumas delas operando na frequência de espectro de 700 MHZ, uma banda que possui características técnicas apropriadas para oferecer cobertura sem fio em locais rurais e um sinal mais potente no interior de edifícios e residências, onde a maioria das comunicações acontece.

Os smartphones e tablets aumentariam as possibilidades de inclusão, devido às suas capacidades cada vez mais avançadas, ainda que para isso seja necessário intensificar o uso da Internet móvel. Para todas essas iniciativas, é importante facilitar a implementação de redes e reduzir a carga tributária sobre os serviços e especialmente novos dispositivos.

O programa ainda está em estado embrionário, mas a Bolívia já trilha um caminho na busca da inclusão e transparência com a adoção do governo eletrônico. O governo tem o desafio de levar adiante esta nova etapa, de maneira rápida e ágil, para concretizar os objetivos idealizados pela lei.

PROJETO DO PANAMÁ PRETENDE MODERNIZAR GOVERNOS LOCAIS

A inclusão de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no âmbito governamental é uma oportunidade de aproximar o Estado e a população. Esse é o caminho tomado pela Autoridade Nacional para a Inovação Governamental (AIG) do Panamá, a fim de aumentar o fluxo de informações e a transparência dos municípios.

Através da AGI, o Governo Nacional do Panamá implementou o projeto “Modernização dos Governos Locais” que têm como objetivo oferecer conectividade e transformar as plataformas digitais nas dependências municipais do Estado. Além disso, o projeto possibilitará mudanças de gestão com a incorporação de estratégias de governo eletrônico que deve buscar o desenvolvimento através do uso de uma nova cultura tecnológica.

O projeto de Modernização de Governos Locais inclui o componente MuNet, patrocinado pela Organização de Estados Americanos (OEA) e a Agencia Canadense de Desenvolvimento Internacional (ACDI), que pretende abastecer os municípios com

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tecnologias para melhorar seus portais online. Isso inclui a implementação de um sistema de atendimento à população, um artigo com atrações turísticas e religiosas, um sistema de localização georeferenciada que inclui fazendas, escolas, instalações públicas, praças, centros artesanais e vínculos com hotéis, além de outros serviços para o desenvolvimento de mapas e localização.

Este tipo de projeto é um avanço para os direitos da população em termos de seu acesso às informações. É uma ferramenta positiva que aumenta a transparência em diferentes níveis governamentais. Com este tipo de iniciativa, a população dos municípios beneficiados consegue ter mais controle sobre os funcionários políticos, gerando uma tendência de maior participação.

Através das TICs, os municípios podem oferecer acesso simples e rápido às informações sobre suas diferentes atividades. Os portais podem ser usados para apresentar a organização e os dados mais básicos do governo, assim como divulgar metas e objetivos propostos, melhorando a qualidade democrática de cada dos órgãos do Estado.

A primeira fase do projeto foi um diagnóstico, a partir do qual se iniciou as atividades necessárias para oferecer as soluções tecnológicas aos municípios. A partir deste primeiro passo, o município consegue agir dentro de um contexto integral de governo digital interconectado com alto nível de interoperabilidade. O plano iniciou-se com a transformação de 28 portais municipais, além de seus sistemas administrativos, com atendimento ao cidadão e a promoção de suas principais atrações.

Além da AGI, fazem parte deste processo o Ministério da Economia e Finanças (MEF) através da direção de Planejamento Regional; a Autoridade de Turismo do Panamá (ATP); o Ministério da Habitação (MIVIOT), o Programa Nacional de Administração Territorial (PRONAT); e o Ministério do Governo (MINGOB). Esta etapa foi concluída e a AGI pôde fortalecer a estrutura tecnológica dos municípios que agora conta com a possibilidade de operar as finanças municipais, administrar serviços públicos on-oline e promover o turismo.

Durante a segunda etapa, criaram-se convênios com o MIDES (Projeto de Coesão Social) e a Secretaria Nacional da Ciência e Tecnologia para trabalhar em conjunto com a Modernização da Gestão Pública e reduzir a lacuna digital. Nesta segunda etapa, incorporaram-se outros 11 municípios. Além disso, inaugurou-se 4 “infoplazas” em

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quatro municípios, que são módulos com acesso à Internet apesar do fato que cada região enfrenta dificuldades no acesso à energia elétrica.

Como parte do projeto, estes municípios contarão com benefícios para a população através dos portais municipais e processos padronizados. Adicionalmente, o projeto aumenta a eficiência das autarquias, além da transparência e participação civil.

O projeto inclui também a implementação de aplicativos móveis. A inclusão de serviços móveis é importante para alcançar uma parcela maior da população, facilitando acesso à informação para as pessoas que têm acesso à banda larga exclusivamente por meio de tecnologias móveis. De acordo com a Autoridade de Serviços Públicos (ASEP) do Panamá, o mercado de telefonia móvel contava no final de 2015, com 6,9 milhões de linhas que representavam uma penetração de 174,7%.

Neste contexto, a possibilidade de incluir os serviços móveis dentro das iniciativas do e-Governo representa, em mercados como o panamenho, um passo importante na massificação da informação. A conectividade é uma condição indispensável para alcançar essa maior parcela populacional e esse tipo de projeto exige acessibilidade para dispositivos móveis para ampliar acesso aos dados disponibilizados pelas autoridades de cada país. Estas iniciativas são uma forma de capacitar a população, garantindo mais transparência e aumentando a democracia.

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MUNICÍPIOS ARGENTINOS: REALIDADES DIVERGENTES E OBJETIVOS CONVERGENTES DE E-GOVERNO

Os municípios da Argentina avançaram desde a implementação do e-Governo. O conceito é uma meta que começa com a modernização do Estado com o objetivo de melhorar a administração e aproximar-se da população. No entanto, cada município se encontra em uma fase diferente de evolução e enfrenta desafios diferentes.

O projeto foi discutido durante o “XIII Foro de Governo e Cidades Digitais”, realizado em Abril na cidade de Buenos Aires e organizado pela Price Consulting. No evento estiveram presentes representantes de diversos municípios da Argentina, que vieram conhecer o estado de evolução dos programas de e-Governo e os objetivos traçados pelo mesmo.

O principal tema apresentado ao longo das jornadas teve mais a ver com assuntos conceituais do que com as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), incluindo a necessidade de colocar o cidadão no centro da modernização do Estado. Em outras palavras, o principal objetivo é de estreitar o vínculo Estado-Cidadão, independente do nível de avanço tecnológico.

Primeiramente, José Fernández Ardaiz, Diretor de e-Governo do Município de Bahía Blanca (extremo sul de Buenos Aires), comentou sobre os avanços realizados em sua secretaria. Ele destacou que a cidade registrou grandes avanços ao longo dos anos e que o objetivo atual era transformar o panorama tecnológico. De seu ponto de vista, ideia de coletar dados é de maior utilidade para quem administra a cidade. Isto é, os governantes devem aproveitar dos dados que o próprio município gera para melhorar a relação com a população.

Fernandés Ardaiz explicou que para estreitar o vínculo com o cidadão, o e-Governo conta com três pilares. Primeiro é a open data, que deve ser utilizada por governantes para melhorar a qualidade de vida. Em segundo está o acesso à informação, ressaltando que é necessário ampliar a abertura das informações de posse do município, incluindo também as empresas municipais. Por último, destacou a importância da participação e colaboração, ou seja, os dados devem ser usados pelos cidadãos para transmitirem sua visão. Neste último ponto, ele comentou que o município trabalha em conjunto com a Universidade Nacional do Sul e a sede baiense da Universidade Tecnológica Nacional para incentivar a utilização dos dados com o objetivo de potencializar seu aproveitamento.

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Em contraponto à experiência de Bahía Blanca está a cidade de La Plata, Capital da Província de Buenos Aires. De acordo com Maximiliano Constantinis, Diretor de Modernização do Município de La Plata, até o final do ano passado não existia nenhuma unidade aproveitando da modernização do Estado. Destacou também que começaram o trabalho “do zero” e sua implementação conta com um grupo limitado de pessoas.

Constantinis explicou que existem diversos projetos em andamento: a renovação do call center, a criação de um laboratório de ideias, a implementação de Wi-Fi livre em praças e espaços públicos, a construção de edifícios inteligentes, entre outros. O objetivo é melhorar o vínculo entre o Governo e a população local. Para alcançar esta meta, ele destacou o trabalho para fortalecer o conceito de qualidade de atendimento. Este último trabalho será baseado em pesquisas, um sistema de testes e soluções e a realização de um Focus Group.

Em um ponto intermediário entre estas duas experiências está o município de Posadas, Capital de Misiones, província do Norte argentino. Carlos Brys, diretor de Modernização da Gestão e Governo Eletrônico da Província de Misiones, estava presente representando o prefeito Joaquín Losada . Em seu discurso, ele ressaltou que a posse de uma nova gestão reacendeu o interesse no e-Governo, que pretende aproveitar dos avanços já alcançados. Ele salientou também que o objetivo é estreitar o relacionamento entre o município e o cidadão.

Para alcançar este objetivo, Brys destacou que trabalha em dois eixos centrais, ou seja, a página online do município e o trabalho do call center. Ambos os projetos estão focados em reduzir o tempo necessário para resolver questões burocráticas. Entretanto, ele ressaltou os avanços na criação de aplicativos móveis para smartphones, que tendem a melhorar a vida da população. Entre esses aplicativos, ele destacou um destinado à coleta de lixo, que informa aos habitantes a hora da coleta e evita que resíduos permanecem por muito tempo em vias públicas.

Outro participante do evento foi Martín Güemes (Secretário da Modernização), representando Salta, Capital da província que leva o mesmo nome e localizada no norte da Argentina. Ele ressaltou que existe muito trabalho a ser feito em termos de modernização, ainda observando que existe vontade política por parte do município e um grupo importante de funcionários para encarar este desafio. Neste contexto, ele explicou que o conceito de modernização é inseparável dos recursos humanos, reforçando a necessidade de capacitar os funcionários municipais.

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A iniciativa de Salta é sair à procura do cidadão. Güemes explicou que se trata de uma mudança de paradigma, onde o município tem um papel ativo na aproximação com sua população. Do ponto de vista das TICs, ele destacou que desempenham um papel importante ao posicionar o cidadão no centro da administração.

Como se pode observar, o encontro apresentou municípios com os mais diversos graus de amadurecimento em termos de e-Governo. Os exemplos serviram para conhecer os avanços e desafios diante da realidade heterogênea dos mais de 2.200 municípios argentinos. O evento também deixou claro que, acima da fase individual de cada município, o principal foco é de melhorar a qualidade de vida da população.

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PERSPECTIVAS FUTURAS

Iniciativas de e-Governo que incluem a utilização das TICs estão em andamento na maioria dos países latino-americanos. Embora cada mercado se encontra em uma fase diferente de implementação, a decisão de iniciar esses projetos é um passo importante para sua evolução.

Este é um cenário positivo para a abertura e transparência dos governos, que também aumenta a qualidade democrática. Ao mesmo tempo, é uma oportunidade importante para os outros escalões governamentais e órgãos autônomos de cada um dos Estados, que podem melhoram sua relação cotidiana com a sociedade em geral e cada cidadão em particular.

Além disso, estas iniciativas apresentam uma oportunidade importante para o setor privado, através de feedback baseado em dados disponibilizados pelo Estado. Neste sentido, estas iniciativas são oportunidades importantes para desenvolvedores que podem aproveitar esses dados, criando novos serviços para o resto da população usando aplicativos.

Para continuar avançando, os Estados devem continuar seu trabalho de abrirem seus dados e oferecer acesso a novas tecnologias, especialmente tecnologias de banda larga móvel que têm maior penetração entre a população. Dessa maneira, cada vez mais pessoas poderão ter acesso a dados municipais, realizar procedimentos ou pedir mudanças.

A conectividade desempenha um papel fundamental no e-Governo. Portanto, é importante adotar políticas públicas para aumentar a conectividade da população, principalmente na área de banda larga móvel. Opções para garantir mais conectividade incluem maior disponibilidade do espectro de radiofrequências e a redução de barreiras de implementação.

A capacidade de processamento de dados dos smartphones está evoluindo e hoje, cada cidadão com um smartphone tem um computador nas mãos. Isso representa uma oportunidade para criar aplicativos que facilitem a vida da população e que podem ser desenvolvidos por órgãos públicos, pelo setor privado ou empresários locais.

Este último ponto é de vital importância, já que uma das metas dos projetos de e-Governo é de receber feedback a partir dos dados que o Estado fornece. A colaboração

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do setor privado é uma nova ferramenta e permite que o governo aproveita dos dados que são gerados para tomar melhores decisões futuras.

Em suma, a possibilidade de aumentar o alcance do e-Governo utilizando tecnologias de banda larga móvel representa uma oportunidade única para alcançar a maioria da população em cada um dos países da América Latina. Como resultado, esforços para aumentar a transparência e capacitar a população atingem um público maior, reforçando a democracia e melhorando a qualidade de vida em cada país.

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