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Sociologia do Direito
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
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Sumário
1. Sociologia do Direito ............................................................................................... 2
1.1 Aspectos Gerais ................................................................................................. 2
1.2 Direito e Sociedade ........................................................................................... 3
1.2.1 Émile Durkheim ........................................................................................... 3
1.2.2 Max Weber .................................................................................................. 5
1.2.3 Karl Marx ...................................................................................................... 6
1.3 Relações Sociais e Jurídicas ............................................................................... 7
Sociologia do Direito
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
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1. Sociologia do Direito
Atualmente, já se conhecem minimamente as bancas de concurso ao ponto de saber
os principais pontos para estudo. Assim, serão explicitadas as tendências e abordagens
necessárias às provas de concursos públicos, hoje com conteúdo já maturado. Embora o
tema seja complexo, é preciso ter maior controle e intimidade com as discussões que serão
realizadas.
1.1 Aspectos Gerais
A sociologia é uma ciência relativamente recente, primordialmente datada do final
do séc. XIX e início do séc. XX. Ela surgiu em virtude de algumas transformações que
ocorreram na sociedade. Com a modernidade, contudo, de modo determinante, surgem as
condições que foram o solo fértil para a Sociologia. Vejamos as transformações estruturais
mais importantes:
Modo de pensar: a justificativa deixa de ser religiosa, para ser racional;
Modo de produzir: o feudalismo ruralizado cedeu espaço ao capitalismo, cuja
relação passou a ser contratual com retribuição pecuniária, ensejando uma economia de
larga escala.
Modo de crer: as crenças mudam, não só a questão religiosa. As pessoas
passam a refletir e duvidar muito mais do que acreditam.
Modo de se relacionar: as relações eram pautadas muito mais na
consanguinidade. No capitalismo, a relação passa a ser fundamentalmente contratual
pautada no Direito Civil.
Essas transformações fomentam a criação de novas ciências, tais como a Sociologia.
Há cinco eventos históricos, ainda, que contribuem com a passagem da sociedade
feudal para a capitalista:
Expansão Marítima e comércio ultramarino: amplia a concepção de mundo
dos europeus; mundo não é só Europa, Ásia e África; a terra não é plana; problematização
do misticismo cartográfico.
Exploração de metais e tráfico de escravos: acumulação primitiva de capital,
ou seja, com emprego da violência; trocas culturas.
Reformas protestantes: nova concepção religiosa; concorrência no monopólio
da fé (predestinação, usura).
Formação dos estados nacionais: centralização da justiça, forças armadas e
administração; poder legislativo, executivo e judiciário (inicialmente concentrados e depois
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desconcentrados). Possibilitam-se organizações políticas maiores e mais complexas que o
feudo.
Desenvolvimento científico-tecnológico: razão e progresso; crítica à Igreja
(embora esta ainda mantenha funções importantes); fundamento do conhecimento não é
mais Deus, mas sim a razão (Weber chama isso de desencantamento do mundo, ou seja, é
uma metáfora para não espirituais, já que se esperam justificativas racionais. O progresso
requer razão).
Por óbvio, não aconteceram ao mesmo tempo. Foram eventos principalmente
ocorridos no séc. XVI ao XVIII e foram importantes para tal transformação.
Comte disse que a Sociologia é a física social. Quer-se entender como a sociedade
funciona e como as pessoas interagem entre si, bem como várias outras motivações de
cunho social.
A análise sociológica tenta sempre respeitar três critérios: neutralidade axiológica
(Durkheim e Weber acreditam nisso, Marx não); alteridade (se colocar no lugar do outro); e
exótico e familiar.
1.2 Direito e Sociedade
Como clássicos da sociologia cumpre citar Émile Durkheim (fato social), Max Weber
(ação social) e Karl Marx (classe social). Ressalta-se que não há uma ordem cronológica na
explanação dos autores, mas tão somente didática.
1.2.1 Émile Durkheim
Trata-se de um autor francês, essencialmente positivista. Explica-se a ciência a partir
de seus próprios objetos e teorias.
Seu principal livro positivista chama-se “As Regas do Método Sociológico. Há também
outras obras importantes, tais como: “O Suicídio”. ; “A Divisão do Trabalho Social”, dentre
outros.
Para Durkheim, a sociedade é maior do que a soma dos indivíduos (corpo orgânico).
Esse é um dos seus pressupostos mais relevantes. O corpo, à semelhança, não é apenas um
soma de órgãos. Existe algo mais complexo que isso, que são os sistemas, os aparelhos etc. A
sociedade tem valores, crenças, muito além do aspecto quantitativo dos indivíduos que a
compõem.
Acrescenta-se, ademais, que a sociologia é uma ciência sui generis que estuda fatos
sociais. A Sociologia não se confunde com outras ciências. Pode-se fazer um paralelo com
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Kelsen no Direito. Assim, a Sociologia de objetos diferentes de outras ciências, no caso o
“fato social”.
Durkheim parte do pressuposto de que há uma divisão do trabalho por solidariedade
(mecânica e orgânica).
A solidariedade mecânica se desenvolve de maneira imediata, ou seja, é aquela em
que as pessoas se relacionam por semelhança, pois todos possuem os mesmos costumes e
valores.
A solidariedade orgânica (típica das sociedades atuais) é aquela em que as pessoas se
relacionam por interdependência.
Como a divisão é por solidariedade, não há exploração como em Marx. Ocorre que a
solidariedade nas sociedades primitivas é apenas a mecânica. Aqui, há uma igualdade maior,
do ponto de vista do que pensam; costumes; valores. Em sendo mais iguais nesse sentido, as
pessoas assim se veem. Então, a solidariedade é mecânica, automática, pois o outro é
semelhante.
Na sociedade moderna, ademais, as pessoas são diferentes e assim se veem, em
vários pontos de vista (educacional, socioeconômico, religioso etc). Há, então, a
solidariedade orgânica, pois se depende de outras pessoas que são diferentes entre si.
O fato social, que é o objeto da Sociologia, possui três características, quais sejam:
É anterior à consciência social.
Coercitivo
Geral.
Durkheim parte do pressuposto de que o indivíduo é fraco e a análise sociológica
deve partir da sociedade como um todo.
Os fatos sociais devem ser pesquisados como coisas, ou seja, algo desprovido de
elemento volitivo.
As especificidades são as seguintes: defesa da ordem para evitar anomia
(diferentemente de Marx); Importância da educação para a socialização; e as instituições
(como a polícia, o judiciário, Ministério Público, Defensoria, bancos privados etc) socializam
os indivíduos, fazendo com que estejam mais propensos a seguir fatos sociais, fortalecendo-
os.
O Durkheim é chamado de teórico da conservação, pois os fatos sociais dão
segurança às pessoas.
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1.2.2 Max Weber
É bastante diferente de Durkheim, pois valoriza mais o indivíduo em sua análise do
que a sociedade.
Para Max Weber, a realidade não é determinada. A realidade é multicausal
(diferentemente de Marx).
Ademais, a sociedade não se impõe aos indivíduos. Os indivíduos agem em relação
aos outros (diferentemente de Durkheim).
Para Weber, a Sociologia é compreensiva, pois busca entender o sentido
subjetivamente visado das ações. O que importa é a ação, e não os fatos sociais. Ele quer
entender a vontade das pessoas, então.
As características da ação social (objeto da análise sociológica) são: a existência e
presença do outro (alteridade); intenção de emitir uma mensagem; e reação à emissão da
mensagem do outro. Veja que a ação social pressupõe outrem, pois é intersubjetiva. A
Sociologia também precisa analisar a intenção, bem como a reação daquele que é alvo da
ação.
A ação social é intersubjetiva, pois existem subjetividades em interação.
Max Weber sustenta que há quatro tipos de ação social: tradicional, baseada
primordialmente em costumes; afetiva, baseada em afeição; relacional a valores, baseada
em valores pessoais de caráter; relacional a fins, baseada na naquilo que se quer atingir, ou
seja, em sua finalidade. Combinada ou isoladamente, Weber usa esses quatros tipos de ação
para entender a vontade.
Quanto às especificidades de Weber, aduz que a religião desempenha papel político
e econômico; que a sociedade é permeada por formas e relações de dominação, no sentido
de que uns mandam e outros obedecem, seja de modo legítimo ou ilegítimo; que no Estado
moderno, é a burocracia quem governa (rule of law), em que a lei estabelece quem manda e
os trâmites burocráticos.
Há três tipos de dominação legítima: tradicional, em que o indivíduo manda porque
uma tradição assim o determina (Exemplo da rainha da Inglaterra); carismática, no sentido
de que o indivíduo manda, porque tem dons pessoais de líder (Exemplo do Getúlio Vargas,
Lula); racional-legal, ou simplesmente legal, é aquela que ocorre pela lei, pois esta diz quem
dominará.
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1.2.3 Karl Marx
É um dos principais sociólogos do mundo. Não é preciso concordar com suas teorias
para reconhecer sua grandeza. É um alemão incluído no contexto do séc. XIX, inserido nos
resultados da revolução industrial.
O primeiro pressuposto é a ideia de determinismo econômico. Segundo Marx, a
infraestrutura da sociedade é composta por relações sociais de produção. Estas são a forma
como os indivíduos produzem no capitalismo (relações contratuais, separação entre os
donos dos meios de produção e quem dispõe a força de trabalho, assalariamento). No
feudalismo a relação era outra. O que se quer dizer é que o modo como a sociedade se
organiza na produção determina como a sociedade será. Note-se que não se trata de mera
influência, mas sim determinação, ou seja, a verdadeira causa.
As pessoas chamam as relações sócias de produção de economia, mas Marx assim
não o faz.
A superestrutura para Marx é a organização política, o Direito e a ideologia. A
superestrutura é determinada pelas relações sociais de produção que estão na
infraestrutura. Assim sendo, as relações sociais de produção determinam a organização
política, o Direito e a ideologia.
As organizações, o Direito e o modo de pensar são voltados ao capitalismo.
As relações sociais de produção determinam, mesmo que em última instância a
superestrutura. Ocorre que não necessariamente a causalidade é imediata. Esse é o
pensamento marxista de determinação.
O segundo pressuposto é a infraestrutura e sua relação com a superestrutura, bem
como a consequente alienação e falsa consciência do proletário e do burguês quanto a sua
classe. Há, portanto, uma alienação generalizada na sociedade, que nada mais é do que o
indivíduo não ter consciência de sua verdadeira situação de classe, enquanto proletário ou
burguês. É o caso do proletário que ao invés de defender sua classe, a prejudica, pensando
que isso o alçará em outros aspectos. Para a revolução, então, o proletário precisa tomar
consciência de si e para si.
O terceiro pressuposto é no sentido de que a Sociologia deve ser ativa,
revolucionária, propositiva e política. Não há conhecimento neutro, mas sim todo
conhecimento é de classe. O discurso e, por consequência, o conhecimento, é todo
elaborado e embasado pela classe dominante. A Sociologia deve ser crítica e para mudar a
realidade.
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A unidade de trabalho para Marx é a classe social. A luta de classes é a marca da
história. A história da humanidade é a história da luta de classes. A sociedade, então, por
essência, dialética, feia de contradição e luta.
Exemplos: Jack e Rose (Titanic); feriado de Tiradentes; profissões clássicas;
presidentes.
Os indivíduos agem enquanto classe mesmo não tendo consciência disso.
O que vai definir a relação entre as classes é o modo de produção.
Há especificidades de Marx:
Propõe o fim do capitalismo, ou seja, o fim da sociedade de classes
(comunismo).
Enquanto existirem classes, haverá luta. Ressalta-se que a revolução precisa ser
internacional, e não apenas nacional. O proletário tomará conta de si e para si e pegará em
armas para a revolução.
Em um primeiro momento, haverá tomada de poder e a instauração do socialismo.
Este ainda tem Estado governado pelo proletário. Então, o proletariado fará uma ditadura,
para que consiga expropriar o burguês.
Em um segundo momento, ademais, passada a expropriação e havendo igualdade na
prática, o Estado torna-se desnecessário. Agora, haverá, então, o comunismo,
essencialmente de autogestão. Dividir-se-á em unidades sociais de convívio pequenas,
chamadas de comunas.
É interessante observar que família, segundo Marx, é uma forma de perpetuação da
desigualdade (Direito das Sucessões). Não há experiência comunista, conforme preceituado
por Marx, no mundo.
Propõe a revolução.
Escola como reprodutora do pensamento dominante.
1.3 Relações Sociais e Jurídicas
As relações sociais pressupõem socialização. As relações jurídicas, ademais,
pressupõem internalização.
Uma relação social, para existir, precisa fazer sentido para as pessoas. Então, as
pessoas precisam ser socializadas nesse viés.
As relações jurídicas para a Sociologia pressupõem internalização do Direito, para
obedecê-lo e segui-lo.
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Há leis que não são internalizadas e que não são cumpridas, como a lei do cinto de
segurança nos bancos traseiros.
Existem três versões para analisar o direito e a sociedade:
Direito como instrumento de controle social para fins de dominação de classe
(pensamento socialista).
Direito como dispositivo que torna possível a convivência política de seres
humanos em sociedade (pensamento positivista).
Direito como possibilitador da integração social (pensamento funcionalista).
Há também vários controles do que significa controle social. Vejamos as duas
principais:
Controle como repressão: o Estado sobre a sociedade, através da polícia,
prisões, direito etc.
Controle como participação: controle da sociedade sobre o Estado. A principal
discussão sobre isso permeia a democracia participativa (conselhos, orçamentos
participativos).
Seja o controle como repressão ou participação, há sempre burocracia, no sentido
da dominação racional-legal. É a burocracia quem governa, sendo a ideia de Weber muito
forte.
É importante também analisar como a Sociologia enxerga o direito. Assim, destacam-
se algumas características dos direitos no Brasil:
Precedência das ideias sobre os fatos (desconsidera especificidades; “somos
todos filhos de uma teoria política”).
Cultura da transação (“poucas rupturas”; “revolução passiva”).
Centralização e descentralização (centro vs federação; poder moderador vs
autogoverno; poder adm vs poder jud.).
Estadadania.
Tudo isso será explicitado pormenorizadamente de modo oportuno.