6565924014992378

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/21/2019 6565924014992378

    1/216

    FAECENTRO UNIVERSITRIO FRANCISCANO

    PROGRAMA DE MESTRADO INTERDISPLINAR EM ORGANIZAES EDESENVOLVIMENTO

    INDICADORES ESTRATGICOS PARA A GESTO DO DESEMPENHOEMPRESARIAL: ESTUDO DE CASO DE UMA EMPRESA DO SETOR ELTRICO

    Dissertao

    Lourival Lovato

    Curitiba2011

  • 7/21/2019 6565924014992378

    2/216

    LOURIVAL LOVATO

    INDICADORES ESTRATGICOS PARA A GESTO DO DESEMPENHOEMPRESARIAL: ESTUDO DE CASO DE UMA EMPRESA DO SETOR ELTRICO

    Dissertao apresentada como requisito concluso do Programa de Mestrado emOrganizaes e Desenvolvimento da FAE CentroUniversitrio Franciscano.

    Orientador: Prof. Antoninho Caron, Dr.

    Curitiba, 28 de janeiro de 2011

  • 7/21/2019 6565924014992378

    3/216

  • 7/21/2019 6565924014992378

    4/216

    Dedico esse trabalho a Deus, por noster concedido foras para chegar onde

    chegamos, e a meus pais Alberto eNatalina por terem participado daconstruo da minha vida pessoal,profissional e espiritual.

  • 7/21/2019 6565924014992378

    5/216

    AGRADECIMENTOS

    Este estudo foi possvel graas colaborao expressiva de instituies e de

    pessoas que ao longo dos ltimos anos fizeram parte do meu crescimento

    pessoal, profissional e espiritual.

    FAE - Programa de Ps-Graduao Interdisciplinar em Organizaes e

    Desenvolvimento que proporcionou o acesso a um conjunto significativo de

    informaes e conhecimentos interdisciplinares que permitiram ampliar a minha

    viso sobre o objeto de estudo.

    COPEL que depositou toda a confiana no desenvolvimento desta pesquisa,assim como, patrocinou o respectivo desenvolvimento.

    Os professores Lafaiete, Caron, Belmiro, Osmar, Nilson, Faria, Sieglinde, Jos

    Edmilson, Lis, Cleverson e Valdir que proporcionaram no somente a

    realizao de um sonho, assim como, aprimorar meus conhecimentos, rever

    minhas afirmaes, e como forma de reconhecimento, as preciosas dicas para

    o encaminhamento final da dissertao. Tambm, reconheo o suporteprestado pela Mariana e pela Mnica.

    Agradeo ao Professor Dr. Antoninho Caron pela orientao no

    desenvolvimento da presente dissertao, feita com toda a sabedoria e

    dedicao de quem verdadeiramente merece ser chamado de mestre e amigo.

    Reconheo especialmente, aos colegas de trabalho Marcelo, Marilene,Priscilla, Ldo, Dnio, Vera, Adilson, Eduardo, Regina Bacellar, Beraldi e

    Clcio, que cada um, ao seu modo, pode contribuir para o desenvolvimento

    desta pesquisa.

    E por fim, agradecer de corao minha amiga Snia, que pode compartilhar e

    confidenciar comigo minhas alegrias e tristezas, assim como, a pacincia que

    teve para ouvir minhas lamentaes, principalmente, nestes dois ltimos anos.

  • 7/21/2019 6565924014992378

    6/216

    Ningum dono de um texto. O texto escrito no pertenceapenas quele que o constri; pertence ao espao e ao tempovivenciado pelo sujeito e tem como co-autores todos aquelesque participaram de sua histria de vida Artur Roman

    Numa economia onde a nica certeza a incerteza, a nicafonte segura de competitividade duradoura o conhecimento- Ikujiro Nonaka.

    Voc aprender coisas novas a qualquer momento de suavida, se estiver disposto a ser um aprendiz. Se voc aprender

    realmente a ser um aprendiz, o mundo todo estar a seualcance Brbara Sher

    No h nada permanente exceo da mudana.-Herclito(450 a . C)

    A complexidade dos problemas e a necessidade de os colocarcoletivamente impem o recurso a mtodos to rigorosos eparticipativos quanto possvel; sem esquecer, naturalmente, oslimites da formalizao, porque os homens so tambmguiados pela intuio e paixo - Michel Godet

    Os modelos so invenes do esprito para representar ummundo que nunca se deixar encerrar na jaula dasequaes - Michel Godet

    As grandes decises tomam-se raramente, elas tornam-secada vez menos improvveis medida que se acumulam aspequenas decises Jacques Lesourne

    Uma teoria em que nem as hipteses nem as conseqnciaspodem ser confrontadas com o real, desprovida de qualquerinteresse cientfico Maurice Allais

    Tempo movimento. Eu sou o autor do meu tempo, do meumovimento, da minha vida. Antoninho Caron

  • 7/21/2019 6565924014992378

    7/216

    RESUMO

    LOVATO, Lourival. Indicadores estratgicos para a gesto do desempenho

    empresarial: estudo de caso de uma empresa do setor eltrico. 2011. 216 f.

    Dissertao de Mestrado - Programa de Ps-Graduao interdisciplinar em

    Organizaes e Desenvolvimento da FAE - Centro Universitrio Franciscano -

    Curitiba.

    A dcada de 90 marcada por duas grandes linhas de poltica econmica, visando

    aumentar a concorrncia e a capacidade competitiva por parte das empresas.

    Fazem parte desse processo, a poltica de abertura da econmia para o mercado

    externo e o Programa Federal de Desregulamentao estimulado pela mudana do

    marco institucional-regulatrio. Com isso, o Governo passa a agir menos como

    proprietrio de empresas e mais como agente regulador, destacando-se a criao,

    em 1996, da Agncia Nacional de Energia Eltrica - ANEEL. Desta forma, o objetivo

    desta pesquisa analisar o problema de gesto do desempenho empresarial, com a

    identificao dos indicadores estratgicos a partir das prticas de gesto de

    referncia, incluindo os princpios de transparncia, eqidade, prestao de contas e

    responsabilidades com todas as partes interessadas. Com base no referencial

    terico (Kaplan, Norton, Hitt, Porter, Mintzberg, Hammel, Prahalad, Abell,

    Govindarajan, Wright, entre outros, e nos fundamentos da Fundao Nacional da

    Qualidade) estudado, foi possvel iniciar a compreenso do problema da gesto do

    desempenho empresarial, das prticas de referncia e dos principais indicadores

    estratgicos destacados por esses autores. Esta pesquisa possibilita orientar a

    implantao de indicadores de desempenho que mensurem e estabeleam

    comparativos entre a Companhia Paranaense de Energia - COPEL e as demaisempresas do setor eltrico no Pas, a fim de identificar no mercado seu

    posicionamento e o referencial comparativo pertinente. Ao se considerarem na Viso

    da empresa a referncia em governana, a gesto empresarial e de pessoas para a

    sustentabilidade, estas metas remetem a uma reflexo ampliada, exigindo uma

    observao sistmica, interdisciplinar e de longo prazo.

    Palavras-chave: Administrao Estratgica; Desenvolvimento Sustentvel; PartesInteressadas; Prticas de Gesto; Ativos Intangveis; Gesto do Desempenho.

  • 7/21/2019 6565924014992378

    8/216

    ABSTRACT

    LOVATO, Lourival. Strategic indicators for business performance management: case

    study of a power sector company. 2011. 216 f. Masters dissertation - Programa de

    Ps-Graduao Interdisciplinar em Organizaes e Desenvolvimento da FAE -

    Centro Universitrio Franciscano - Curitiba.

    Two major economic policy trends characterize the 90s in Brazil, both aiming at

    intensifying the competition among companies and their competitive capacity. The

    opening of the economy to the external market and the National Deregulation

    Program, stimulated by the change of the institutional and regulatory milestone, are

    part of this process. The Government, that once acted as the owner of companies,

    becomes a regulator agent, with the creation of the Brazilian Electricity Regulatory

    Agency (Agncia Nacional de Energia Eltrica - ANEEL), in 1996, as a highlight. The

    aim of this research is to analyze the problem of the business management

    performance, identifying the strategic indicators in reference management practices,

    including the principles of transparency, equity, financial accountancy and

    responsibility to all of the stakeholders. Based on the theoretical reference reviewed

    (Kaplan, Norton, Hitt, Porter, Mintzberg, Hammel, Prahalad, Abell, Govindarajan,

    Wright, among others, and the bases of the National Foundation for Quality) it was

    possible to start to understand the problem of the business management

    performance, the reference practices and the main strategic indicators highlighted by

    those authors. This research makes it possible to guide the implementation of

    performance indicators that measure and establish comparisons between

    Companhia Paranaense de Energia- COPEL and the other companies of the power

    sector in Brazil, aiming at identifying its position in the market and the properbenchmark. Considering, in the companys view, the reference in governance, the

    corporate and people management towards sustainability, these goals lead to a

    deeper reflection, requiring systematic, interdisciplinary and long term observation.

    Key-words: strategic management; sustainable development; stakeholders;

    management practices; intangible assets; performance management.

  • 7/21/2019 6565924014992378

    9/216

    LISTA DE ILUSTRAES

    FIGURA 1 - SISTEMA DE GESTO DE CIRCUITO FECHADO.............................. 32FIGURA 2 - MODELO DE EXCELNCIA DA GESTO (MEG)............................. 52FIGURA 3 - DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL ............................................... 60FIGURA 4 - TRIPLE BOTTOM LINE TBL.............................................................. 66FIGURA 5 - PRINCPIOS BSICOS DO PACTO GLOBAL ..................................... 67FIGURA 6 - OS TRS GRUPOS DE STAKEHOLDERS.......................................... 76FIGURA 7 - ATIVOS INTANGVEIS BSC.............................................................. 92FIGURA 8 - MODELO DIAGRAMTICO DO CONCEITO DE COMPETNCIA ...... 97FIGURA 9 - GERENCIAMENTO DE PORTFLIO................................................. 120FIGURA 10 - ANLISE DO VALOR AGREGADO EVM...................................... 124FIGURA 11 - GESTO INTEGRADA DE RISCOS CORPORATIVO..................... 130FIGURA 12 - AVALIAO DE RISCOS................................................................. 131FIGURA 13 - ALINHAMENTO DO PLANEJAMENTO COM O ORAMENTO....... 135

    FIGURA 14 - MEDIDA DE CONTROLE X HORIZONTE DE TEMPO.................... 151FIGURA 15 - DEFINIO DE INDICADORES ESTRATGICOS.......................... 157FIGURA 16 - GESTO EMPRESARIAL PARA SUSTENTABILIDADE ................. 178

  • 7/21/2019 6565924014992378

    10/216

    LISTA DE QUADROS

    QUADRO 1 - RESUMO DE INTERPRETAO DE CPI E SPI.............................. 124QUADRO 2 - QUADRO DO RESUMO DE LEITURA DE CPI E SPI...................... 124QUADRO 3 - INDICADORES DA PERSPECTIVA: FINANCEIRA ......................... 160QUADRO 4 - INDICAD. DA PERSPECTIVA: RESPONSABILIDADE PBLICA.... 161QUADRO 5 - INDICADORES DA PERSPECTIVA: MERCADO E DE CLIENTES. 161QUADRO 6 - INDICADORES DA PERSPECTIVA: INOVAO............................ 161QUADRO 7 - INDICADORES DA PERSPECTIVA: PROCESSO........................... 162QUADRO 8 - INDICADORES DA PERSPECTIVA: PESSOAS.............................. 162QUADRO 9 - INDICAD. DA PERSPECTIVA: AQUISIO E FORNECEDORES.. 162QUADRO 10 - INDICAD. DA PERSPECTIVA: AMBIENTE ORGANIZACIONAL... 163QUADRO 11 - SNTESE DA METODOLOGIA....................................................... 172QUADRO 12 - PROCESSOS CHAVES DA COPEL.............................................. 173QUADRO 13 - INDIC. PROPOSTOS: PERSP. FINANCEIRA................................ 184

    QUADRO 14 - INDIC. PROPOSTOS: PERSP. RESPONSABILIDADE PBLICA. 184QUADRO 15 - INDIC. PROPOSTOS: PERSP. MERCADO E DE CLIENTES....... 185QUADRO 16 - INDIC. PROPOSTOS: PERSP. INOVAO .................................. 185QUADRO 17 - INDIC. PROPOSTOS: PERSP. PROCESSOS............................... 185QUADRO 18 - INDIC. PROPOSTOS: PERSP. PESSOAS .................................... 186QUADRO 19 - INDIC. PROPOSTOS: PERSP. AQUISIO E FORNECEDORES187QUADRO 20 - INDIC. PROPOSTOS: PERSP. AMBIENTE ORGANIZACIONAL.. 187QUADRO 21 - INDIC. UTIL. EMPR: PERSP. SUSTENTABILIDADE .................... 188QUADRO 22 - INDIC. UTIL. EMPR: PERSP. FINANAS...................................... 188QUADRO 23 - INDIC. UTIL. EMPR: PERSP. CLIENTES, MERCADO E PI .......... 189QUADRO 24 - INDIC. UTIL. EMPR: PERSP. PROCESSOS INTERNOS.............. 189

    QUADRO 25 - INDIC. UTIL. EMPR: PERSP. APRENDIZADO E CRESCIMENTO 190

  • 7/21/2019 6565924014992378

    11/216

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    AA1000 Responsabilidade Social dilogo com as Partes InteressadasABM Gesto Baseada em AtividadesABNT Associao Brasileira de Normas TcnicasABRADEE Associao Brasileira de Distribuidores de Energia EltricaANEEL Agncia Nacional de Energia EltricaBM&FBOVESPA Bolsa de Valores, Mercadorias e FuturosBNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e SocialBPM Business Process Management Gerenciamento de Processos

    de NegciosBSC Balanced ScorecardCAD Conselho de AdministraoCE Critrios de ExcelnciaCI Capital Intelectual

    COPEL Companhia Paranaense de EnergiaCOSO Committee of Sponsoring Organizations of the TreadwayCommission

    CRM Customer Relationship Management Gesto doRelacionamento com Clientes

    CVM Comisso de Valores MobiliriosDJSI Dow Jones Sustainability Index- ndice Dow Jones de

    SustentabilidadeEIA Rima Estudos de Impacto Ambiental e Relatrio de Impacto

    AmbientalER Empresa de Referncia

    ERM Enterprise Risk Management Gesto Integrada de RiscosCorporativosEVA R Economic Value Added, ou Valor Adicionado Econmico. EVAR

    uma marca registrada da Stern StewartFCS Fatores Crticos de SucessoFNQ Fundao Nacional da QualidadeFPNQ Fundao para o Prmio Nacional da QualidadeGC Gesto CorporativaGIRC Gesto Integrada de Riscos CorporativosGPD Gerenciamento pelas DiretrizesGRI Global Reporting Initiative

    IBASE Instituto Brasileiro de Anlises Sociais e EconmicasIBGC Instituto Brasileiro de Governana CorporativaIDH ndice de Desenvolvimento HumanoIFT ndice de Felicidade no TrabalhoISE ndice de Sustentabilidade EmpresarialISO International Standardization OrganizationsISO 9000 Gesto da qualidadeISO 14000 Gesto ambientalISO 16001 Responsabilidade SocialISO 26000 Responsabilidade SocialISO 31000 Gesto de RiscosKPI Key Performance IndicatorsLatibex Bolsa de valores de Madri

  • 7/21/2019 6565924014992378

    12/216

    MEG Modelo de Excelncia de GestoMVA Market Value Added - Valor de Mercado AdicionadoNYSE Bolsa de Valores de Nova IorqueOHSAS 18001 Gesto da sade e segurana ocupacionaisOAC Oramento Anual de Custeio

    OAI Oramento Anual de InvestimentoONG Organizao No-GovernamentalONU Organizao das Naes UnidasPDCA Mtodo de controle de processos caracterizado pelas atividades

    Planejar (Plan), Fazer (Do), Controlar (Check) e Agir (Action)PI Partes InteressadasPIB Produto Interno BrutoP&D Pesquisa e DesenvolvimentoP&D+i Pesquisa e Desenvolvimento e InovaoPMI Project Management InstitutePMO Project Management Office

    PNQ Prmio Nacional da QualidadePNUMA Programa das Naes Unidas para o Meio AmbienteQFD Quality Function Deployment Desdobamento da Funo

    QualidadeRAC Reunio de Anlise CrticaRAE Reunio de Anlise EstratgicaRE Referencial EstratgicoREDIR Reunio da Diretoria Executiva da COPELROC Return Over Customers Retorno Sobre ClientesROI Return on Investiment - Retorno sobre InvestimentoROL Receita Operacional LquidaRH Recursos HumanosRPI Requisito das Partes InteressadasRPL Retorno sobre o Patrimnio LquidoRSE Responsabilidade Social EmpresarialRSC Responsabilidade Social CorporativaSA 8000 Responsabilidade Social relaes de trabalhoSCM Strategic Cost Management Gesto Estratgica de CustosSEB Setor Eltrico BrasileiroSEC Securities and Exchange CommissionSMD Sistemas de Medio de Desempenho

    SOX Lei Sarbanes-OxleySWOT Analysis Modelo de anlise do ambiente a partir de quarto dimenses:pontos fortes (Strenghs), pontos fracos (Weeknesses),oportunidades (Opportunities), e ameaas (Threats)

    TCE Tribunal de Contas do EstadoTF Taxa de FreqnciaTG Taxa de GravidadeTI Tecnologia da Informao (hardwaree software)TOC Theory of Constraints Teoria das RestriesTQC Total Quality Control Controle da Qualidade TotalTQM Total Quality Management -Gesto pela Qualidade Total

    US GAAP United States Generally Accepted Accounting Principles

  • 7/21/2019 6565924014992378

    13/216

    SUMRIO

    1 INTRODUO ...............................................................................................................141.1 APRESENTAO DO PROBLEMA......................................................................... 141.2 OBJETIVOS................................................................................................................. 19

    1.3 JUSTIFICATIVA......................................................................................................... 191.4 ESTRUTURA DO TRABALHO................................................................................. 252 FUNDAMENTAO TERICA ................................................................................... 272.1 ADMINISTRAO ESTRATGICA........................................................................ 272.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL.................................................................552.3 PARTES INTERESSADAS ........................................................................................742.4 ATIVOS INTANGVEIS.............................................................................................862.5 PRTICAS DE GESTO .........................................................................................1012.6 GESTO DO DESEMPENHO ................................................................................. 1423 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS................................................................... 1643.1 PLANO DE PESQUISA ............................................................................................ 164

    3.2 CLASSIFICAO DA PESQUISA.......................................................................... 1653.3 FORMULAO DO PROBLEMA .......................................................................... 1693.4 QUESTO DE PESQUISA....................................................................................... 1693.5 LIMITAO DA PESQUISA...................................................................................1703.6 COLETA DE DADOS............................................................................................... 1713.7 SNTESE DA METODOLOGIA............................................................................... 1723.8 ANLISE E INTERPRETAO DOS DADOS...................................................... 1724 ESTUDO DE CASO ...................................................................................................... 1764.1 A COPEL EM RESUMO........................................................................................... 1764.2 GESTO PARA A GOVERNANA CORPORATIVA - COPEL.......................... 1794.3 CONTROLE DE RESULTADOS ............................................................................. 1804.4 IDENTIFICADORES DE DESEMPENHO GLOBAL.............................................1835 CONCLUSES E RECOMENDAES...................................................................... 1965.1 CONCLUSES..........................................................................................................1965.2 RECOMENDAES ................................................................................................ 198

  • 7/21/2019 6565924014992378

    14/216

    14

    1 INTRODUO

    1.1 APRESENTAO DO PROBLEMA

    A dcada de 90 marcada por duas grandes linhas de poltica econmica,

    que objetivam aumentar a concorrncia exigindo crescente capacidade competitiva

    por parte das empresas. Fazem parte desse processo, a poltica de abertura

    econmica para o mercado externo e o Programa Federal de Desregulamentao

    estimulado pela mudana do marco institucional-regulatrio. Com a abertura da

    economia, soma-se concorrncia interna a concorrncia dos produtos/servios

    externos, verificando-se uma crescente internacionalizao dos mercados entre

    blocos econmicos e maior abrangncia global dos negcios. Este cenrio estimula

    as empresas a melhorarem seus sistemas de atendimento, qualidade, variedade e

    preo de produtos e servios.

    A transformao do ambiente institucional decorrente das polticas

    econmicas adotadas a partir da dcada de 90 muda as regras e afetam

    sobremaneira o ambiente competitivo para a economia brasileira, que passa a ser

    orientado para o mercado consumidor. Para o setor eltrico brasileiro, tambm neste

    perodo dos anos 90, inicia-se o processo de privatizao e da redefinio do papel

    do Governo no setor. Essas mudanas, em parte se desenvolveram a partir de

    mudanas observadas no contexto internacional, associadas principalmente com a

    introduo do modelo de competio estabelecido no Reino Unido, marcada pela

    abertura do mercado de energia eltrica.

    Castell (1999, p.181) corrobora neste processo, acrescentando que o

    mecanismo para levar o processo de globalizao1,2 maioria dos pases era ou

    por meio da presso poltica por intermdio de atos diretos do Governo ou porimposio pelo FMI/Banco Mundial/Organizao Mundial do Comrcio. Uma vez

    que, j havia sido alterada a expresso mercados do terceiro mundo para

    mercados emergentes, esta mudana nesta simples expresso, com um novo

    significado, contribuiu para que os investidores encontrassem oportunidades com

    1 Globalizao significa que no existe mais isolamento no mundo e que nada ficar de fora dacompetio global. (KRAUZE, 2008, p.74). Nas2nas trs ltimas dcadas do sculo XX, o nacionalismo econmico entrou em declnio e as barreiras

    ao comrcio e aos investimentos reduziram-se. A liberalizao do comrcio e dos investimentoslevou a uma mudana na percepo e na ao das organizaes quanto aos modelos de atuaoglobal (FNQ, 2006, p.3).

  • 7/21/2019 6565924014992378

    15/216

    15

    retorno significativo e com o apoio governamental, para a reduo dos riscos

    relacionados aos investimentos. Destaca assim Castell (1999, p.181):

    a reestruturao das empresas, e as novas tecnologias dainformao, embora fossem a fonte das tendncias globalizadoras,

    no teria evoludo, por si s, rumo a uma economia global em rede,sem as polticas de desregulamentao, privatizao e liberao docomrcio e dos investimentos. Essas polticas foram decididas eimplantadas pelos governos ao redor do mundo, e por instituieseconmicas internacionais. (CASTELL, 1999, p.188)

    No Brasil as privatizaes permitiram a entrada de grandes grupos

    estrangeiros no setor de energia e em outros setores. Esse processo, aliado s

    mudanas do modelo de regulao, introduziu no negcio de energia brasileiro um

    ambiente de competitividade que deixou de ser local para ser global. A concorrncia

    passou a acontecer entre as cadeias produtivas e no mais entre empresas isoladas

    e em virtude dessa competitividade, os requisitos de eficincia e produtividade para

    as empresas do setor passam a ser extremamente altos. O que acontece dentro das

    empresas importante, porm, o ambiente empresarial externo s empresas

    tambm passou a desempenhar um papel vital.

    Com isso, o Governo passou a agir menos como proprietrio de empresas e

    mais como agente regulador, destacando-se a criao, em 1996, da Agncia

    Nacional de Energia Eltrica - ANEEL que possui como misso proporcionarcondies favorveis para que o mercado de energia eltrica se desenvolva com

    equilbrio entre os agentes e em benefcio da sociedade.

    Contudo, em 2003, depois de um perodo de racionamento de energia

    eltrica conhecido como Apago foi lanado pelo Ministrio de Minas e Energia o

    Modelo Institucional do Setor Eltrico estabelecendo as bases do novo modelo do

    setor eltrico brasileiro com normas regulatrias para equilibrar interesses entre os

    agentes do mercado e a proteo dos consumidores de energia eltrica.Mudanas de rumo fizeram as empresas reverem seus planejamentos, sua

    estrutura de negcios (gerao, transmisso, distribuio e negcios correlatos) e

    sua forma de executar e controlar. E, especificamente para a COPEL, alm das

    novas regras impostas pela ANEEL, tambm, mudou a forma de gesto do acionista

    majoritrio, aumentou a participao ativa das demais Partes Interessadas PI

    (acionistas, comunidade financeira, agncias reguladoras, legisladores,

    procuradores do Estado, ONGs, ambientalistas, alm do pblico interno empresa),

  • 7/21/2019 6565924014992378

    16/216

    16

    aliadas ao ambiente regulado, de recursos limitados e a necessidade de foco na

    estratgia.

    A utilizao de controles, ferramentas e mtodos de auxlio no

    exclusividade da COPEL, na tomada de decises, no planejamento e na gesto so

    exercidas com base em instrumentos gerados principalmente pela contabilidade

    financeira e de custos e por prticas de governana amadurecidas ao longo da

    existncia da empresa. Fundamentalmente, evidncias, segundo Johnson e Kaplan

    (1987), tm-se indicado que os sistemas de controles gerenciais tradicionais no

    tm cumprido adequadamente seu papel dentro das empresas, inseridas em um

    ambiente diverso daquele encontrado na era industrial. Tambm corroboram, Shank

    e Govindarajan (1997, p.176) quando afirmam que, as medidas financeiras refletem

    os resultados das decises passadas, no os passos exeqveis necessrios para

    sobreviver no ambiente competitivo atual.

    No entanto, o uso de sistemas de controle no-financeiro no reduz com a

    importncia dos resultados financeiros. Neste sentido, Shank e Govindarajan (1997,

    p.183) destacam que as empresas passaram a acreditar que os resultados

    financeiros positivos decorrem da bem sucedida implementao de fatores crticos

    do sucesso3de controle no-financeiros. Assim, as crticas apresentadas, partiram

    da premissa de que a gesto baseada exclusivamente em indicadores financeiros

    conduziria as organizaes miopia pela priorizao de resultado de curto prazo. Ao

    se estabelecer indicadores no-financeiros, as organizaes voltam-se tambm para

    os resultados de mdio e longo prazo.

    Kaplan e Norton (2009, p.107-108) acrescentam tambm:

    as empresas que ainda no implementaram um sistema de gestobaseado na estratgia dependem basicamente do sistemaoramentrio para estabelecer uma agenda de reunies gerenciais

    peridicas.

    No entanto, os autores alertam os gestores de que importante abordar os

    problemas operacionais de curto prazo. Contudo, importante discutir o progresso

    na implementao da estratgia o que envolve agendas e participantes diferentes.

    3 Refere-se aos principais requisitos da Organizao, derivados do planejamento estratgico.Representam, tambm, o estgio crtico no planejamento quando as estratgias gerais e metas sotransformadas em ao. Assim, o fator crtico de sucesso tudo aquilo que a Organizao deve fazer

    muito bem feito para que a realizao da sua estratgia obtenha sucesso. (QUALIMTICACONSULTORIA, 2007, p.4)

  • 7/21/2019 6565924014992378

    17/216

    17

    A Fundao Nacional da Qualidade - FNQ (2002, p.5) acrescenta que

    devido ao distanciamento e ao maior grau de exigncia dos acionistas e

    investidores, os quais esto aprimorando seu entendimento sobre gesto,

    aumentando a necessidade de ter um processo de medio objetivo, sistemtico,

    transparente e que no fique restrito aos indicadores financeiros. Destaca tambm, a

    importncia da maior velocidade na tomada de decises, a observncia aos efeitos

    destas decises e que a organizao precisa ser cautelosa ao avaliar o impacto

    sistmico das decises no desempenho global.

    Assim, alm do monitoramento das premissas e cenrios externos, nota-se

    que a COPEL procura de forma contnua, sofisticar os sistemas de auxlio Gesto

    do Desempenho Empresarial4e as Prticas de Gesto. Esta sofisticao caminha na

    direo de associar aos mecanismos tradicionais de gesto do desempenho

    baseado no resultado financeiro, as inovaes e aos requisitos em relao s

    demais PI. Para a COPEL significa oferecer maior acesso informaes e maior

    proteo a todos os envolvidos com a empresa. Assim, nota-se que a organizao

    precisa dispor de prtica de gesto do desempenho aliada estratgia e que a

    coloque em vantagem competitiva sustentada5no setor em que atua.

    Neste ambiente, modelos gerenciais, teorias sobre pessoas, processos,

    sistemas, estruturas organizacionais so cada vez mais inventados e remodelados.

    Diversas abordagens, modelos, teorias foram formuladas no decorrer dos sculos

    XIX e XX no campo da administrao. Ao final deste ltimo perodo houve uma

    anlise, reflexo e reformulao das idias de modo a adequ-las ao contexto de

    uma sociedade baseada na informao e no conhecimento (MINTZBERG et al.,

    2000).

    Apesar da grande variedade de modelos de avaliao do desempenho

    utilizados, permanece a dificuldade de classificar, organizar e mensurar osindicadores de desempenho. Considerando que as prticas de gesto6de referncia

    requerem decises baseadas em fatos e dados e rejeitam julgamentos alicerados

    em sentimentos. Assim, o estabelecimento de um conjunto de indicadores, que

    4Compreende a forma como a organizao analisa seu desempenho, considerando as informaes evariveis dos ambientes internos e externos, incluindo as informaes comparativas pertinentes(FNQ, 2008, p.15).5 As estratgias de valor de uma empresa que no podem ser copiadas por concorrentes e que

    resultam em altos retornos financeiros durante um longo perodo de tempo. (WRIGHT, KROLL ePARNELL, 2000, p.124)6Processos gerenciais, mtodos de trabalho ou metodologias criadas para gerir uma organizao.

  • 7/21/2019 6565924014992378

    18/216

    18

    permitam acompanhar o desempenho de uma organizao7, um dos motivadores

    para as organizaes desenvolverem seus sistemas de controle e avaliao, e que

    no seja baseado somente em indicadores que refletem o lucro das empresas. O

    problema reside em saber se as medidas de desempenho escolhidas so as mais

    adequadas, considerando que o acompanhamento do processo de planejamento

    deve ser realizado a partir da definio de indicadores de desempenho que facilitem

    a anlise das causas e efeitos dos desvios8, entre o programado e o realizado.

    Considerando a exposio acima, esta pesquisa exige uma abordagem

    sistmica e interdisciplinar9, assim como, uma anlise com viso de longo prazo. O

    referencial da academia se faz necessrio, pois, com base no paradigma da

    complexidade10, contribui para evitar o reducionismo e assim, assumir a

    inseparabilidade recursiva das interaes do sujeito e do objeto. Dentro do esprito

    cientfico possibilitada a construo de uma resposta, a um problema apresentado,

    se que esta existe, incitando o pesquisador a se utilizar de forma conjunta a

    cincia (epistmica) e a ao (pragmtica) com conscincia (tica).

    Por ser a gesto das empresas uma rea do conhecimento de cunho social

    aplicado, existe um campo frtil para experimentaes e inovaes. Assim, para

    analisar e sugerir as melhorias necessrias que garantam a eficcia do processo de

    gesto do desempenho e da Governana Corporativa como um todo, exige do

    pesquisador, construo / reconstruo de modelos e interao recorrente com o

    caso estudado, tantas vezes, necessrias forem.

    Com base nas consideraes expostas, a pergunta de pesquisa : de que

    forma a COPEL poder fazer a gesto do desempenho empresarial, considerando

    as exigncias atuais de Governana Corporativa?

    7 Cabe destacar que uma organizao deve ser entendida como uma empresa, companhia, firma,rgo ou instituio pblica ou privada, sociedade annima, limitada ou com outra forma estatutria,que tem funes e estruturas administrativas prprias e autnomas, com ou sem finalidade de lucro,de porte pequeno, mdio ou grande (FNQ, 2008, p.2).8A anlise de causa e efeito realizada avaliando o impacto esperado dos resultados das iniciativaspara o alcance das metas vinculadas a cada objetivo, partindo da perspectiva de aprendizado ecrescimento at alcanar o objetivo da perspectiva de sustentabilidade no mapa estratgico. utilizada para garantir a coerncia e o alinhamento entre os indicadores utilizados na avaliao dodesempenho estratgico e os utilizados na avaliao do desempenho operacional.9A busca do conhecimento deve ter carter interdisciplinar, ou seja, no somar os pontos de vista deespecialistas (viso multidisciplinar), mas sim, cruz-los, justap-los e integr-los entre as vriasdisciplinas que tratam do tema em questo.10

    Morin diz que a complexidade a ordem dentro da desordem ou a certeza da incerteza. Ascincias da complexidade, por sua vez, so as que se ocupam da forma, do desenvolvimento e dofuncionamento de sistemas complexos.

  • 7/21/2019 6565924014992378

    19/216

    19

    1.2 OBJETIVOS

    Os objetivos a seguir consideram que eles contemplam um conjunto de

    variveis tangveis e intangveis, atrelados estratgia da empresa. Tambm, alm

    do monitoramento das premissas e cenrios externos descritos nos objetivos,destaca-se que a COPEL precisa, de forma contnua, manter os sistemas de auxlio

    Gesto do Desempenho Empresarial e as Prticas de Governana Corporativa

    existentes e ampli-las no que for necessrio, a fim de caminhar na direo de

    associar aos mecanismos tradicionais de gesto do desempenho baseado no

    resultado financeiro, inovaes e aos requisitos em relao s demais PI.

    1.2.1 Objetivo geral

    Analisar o problema de gesto do desempenho empresarial, considerando

    as prticas de gesto de referncia e seus respectivos indicadores estratgicos,

    incluindo os princpios de transparncia, eqidade, prestao de contas e

    responsabilidades com todas as PI, que possam ser aplicadas na COPEL.

    1.2.2 Objetivo especfico

    Os objetivos especficos desta pesquisa so:

    1. Selecionar os principais indicadores estratgicos a serem considerados

    na gesto do desempenho empresarial da COPEL;

    2. Orientar a implantao de indicadores de desempenho que mensurem e

    comparem a COPEL frente s demais empresas do setor eltrico.

    3. Identificar variveis tangveis e intangveis relacionadas aos indicadores

    selecionados;

    1.3 JUSTIFICATIVA

    No s o mercado investidor, assim como, tambm, a sociedade exige das

    empresas informaes sobre o seu patrimnio, gerao de impostos, empregos e,

    sua atuao no campo social e ambiental.

    Para Lauretti (2003, contracapa),

    o processo mundial de globalizao imps novos imperativos deintegrao e comunicao, que so particularmente atuantes nas

  • 7/21/2019 6565924014992378

    20/216

    20

    empresas de capital aberto... essas empresas precisam demonstrar,com total abertura e objetividade, seus projetos, resultados eperspectivas, bem como sua aderncia aos princpios hojeamplamente institucionalizados de boa governana e deresponsabilidade social.

    Para Hendriksen & Breda (1999, p. 516-517),...sem a presso da comunidade contbil ou do poder pblico, asempresas relutam em aumentar sua transparncia, sob os argumentosde que disclosure11 ajudar os concorrentes, aumentar o poder debarganha dos sindicatos, confundir, ao invs de esclarecer, osinvestidores e que tem motivao limitada pela falta de conhecimentodas necessidades dos investidores, elevando os custos dedivulgao...

    Para Wright, Kroll e Parnell (2000, p.117-118) a responsabilidade social

    refere-se a expectativa de que as empresas ajam de acordo com os interessespblicos. A empresa faz parte da sociedade, e suas aes tm desdobramentos

    tanto sociais quanto econmicos. Seria praticamente impossvel isolar as decises

    de negcio da empresa de suas conseqncias econmicas e sociais.

    A sociedade espera que as empresas ajudem a preservar o ambiente,vendam produtos seguros, tratem seus funcionrios com igualdade,sejam verdadeiras com seus clientes e, em alguns casos, cheguemat mais longe, oferecendo treinamento aos desempregados,contribuindo para a educao e as artes e ajudando a revitalizar reas

    urbanas onde h concentrao de favelas.

    Neste sentido, as empresas do setor de energia eltrica procuram a melhor

    forma de exercerem suas atividades, considerando os requisitos e os interesses das

    PI, afinal, sua continuidade tem estreita relao com o consentimento delas. As

    empresas do setor eltrico brasileiro, que durante vrias dcadas viveram sob a

    gide dos monoplios estatais fechados, experimentaram, nos ltimos anos, uma

    srie de mudanas no seu ambiente de negcios, com reforma setorial,

    privatizaes, competio, forte regulao por parte do Governo e fenmenos

    econmicos e sociais de alcance mundial. Tambm, com o objetivo de manter as

    vantagens competitivas duradouras em uma economia globalizada, as empresas do

    setor se organizaram, por meio da constituio de consrcios, para poder competir,

    principalmente nos negcios de gerao e transmisso de energia, pois, para estes

    11

    o mesmo que abertura, ou transparncia. Procedimentos de divulgao de informaes por partede uma empresa, possibilitando uma tomada de deciso consciente pelo investidor e aumentando asua proteo.(fonte: www.economia.uol.com.br/glossrio, acessado em 25/10/2010)

  • 7/21/2019 6565924014992378

    21/216

    21

    negcios e por meio do Poder Concedente12, as concesses so colocadas

    disposio por meio de leiles. Este processo licitatrio conduz as empresas

    participantes, a apresentarem desgios em relao Receita Anual Permitida

    RAP. Este desgio, permite custos menores na composio da tarifa13, e a principal

    PI beneficiada com este ganho o cliente.

    No Brasil, as companhias de capital aberto obrigam-se a evidenciar sua

    situao financeira e econmica e outros fatos relevantes exigidos pelas

    deliberaes da BM&FBOVESPA. Essas informaes so acompanhadas e

    analisadas pelos investidores, acionistas, rgos fiscalizadores e regulamentadores

    do mercado e, especificamente, no caso das empresas do setor eltrico, pela

    ANEEL.

    Com o objetivo de incorporar valores de desenvolvimento sustentvel,

    aspectos de responsabilidade social e ambiental com as PI e excelncia14na gesto,

    mudanas tm acontecido no setor eltrico, necessrias para se buscar a

    perenidade dos negcios. A seguir so destacados as mudanas ocorridas no

    sistema de governana no setor eltrico:

    Criao de um Comit de Sustentabilidade;

    Criao de Ouvidoria;

    Conselho Fiscal absorvendo funes do Comit de Auditoria, prevista na

    Lei Sarbanes-Oxley15;

    Informaes econmico-financeiras trimestrais para compor relatrio

    trimestral a ser encaminhado BM&FBOVESPA.

    Balano Patrimonial e Demonstraes Financeiras consolidados e

    adaptado para o padro internacional US GAAP 16;

    12A Unio ou entidade por ela designada.13Tarifa: valor homologado pelo Poder Concedente para a prestao de servio pblico de energiaeltrica.14Excelncia no um estado absoluto, mas uma disposio intensa, constante, abrangente de fazerbem, em esprito e em verdade. um horizonte. Se em algum instante crermos t-la alcanado, este o momento em que a teremos perdido (FNQ, 2006, p.8).15 Lei Sarbanes-Oxley: Em 30 de junho de 2002, o Presidente dos Estados Unidos assinou a LeiSarbanes-Oxley, como uma forma de reao aos escndalos existentes no ambiente corporativoamericano no ano anterior. Essa Lei refora regras de governana corporativa relacionadas divulgao e emisso de relatrios financeiros. Um dos aspectos mais importantes que aSarbanes-Oxley no isenta empresas no americanas de seu alcance e exige que todas as

    companhias de capital aberto com aes listadas na Bolsa de Valores de Nova Iorque a ela seadaptem.16US GAAP: United States Generally Accepted Accounting Principles.

  • 7/21/2019 6565924014992378

    22/216

    22

    Adaptao dos controles internos ao requisito 404 da Lei Sarbanes-

    Oxley.

    Aprovao de Planos Estratgicos pelo Conselho de Administrao;

    Implementao de Modelo de Governana Corporativa

    17

    ; Elaborao de relatrio socioambiental contemplando todas as PI;

    As mudanas decorrentes da instituio do novo modelo do setor eltrico

    brasileiro ainda so recentes e impactam na forma das organizaes considerarem o

    negcio gerao, transmisso e distribuio de energia e negcios correlatos,

    aliadas ao ambiente regulado e de recursos limitados. Neste sentido, um dos

    grandes desafios para administradores dessas empresas como estabelecer

    estratgias corporativas capazes de prover eficincias empresariais, que gerem os

    resultados esperados e que atendam aos anseios das PI. Destacam-se neste

    contexto, os seguintes pressupostos para as empresas que tem suas aes

    comercializadas no BM&FBOVESPA:

    A valorizao e a liquidez das aes de um mercado so influenciadas

    positivamente pelo grau de segurana que os direitos concedidos aos

    acionistas oferecem e pela qualidade das informaes prestadas pelas

    empresas. Para entrar no Nvel 1 - BM&FBOVESPA, as empresas precisam adotar

    padres elevados de transparncia. No Nvel 2 - BM&FBOVESPA, a

    exigncia a mesma, mas as empresas tambm precisam adotar normas

    de Governana Corporativa, o que significa adotar os critrios norte-

    americanos (US GAAP) na demonstrao contbil, renovar seu conselho

    de administrao uma vez por ano, e at dar direito de voto aos

    detentores de aes preferenciais18

    nas questes mais cruciais. O terceironvel, o novo mercado propriamente dito, ser a consolidao deste

    modelo de Governana Corporativa.

    17Definio formal de quais so os rgos de governana da companhia, qual o seu papel e quaisso e como funcionam as interfaces entre eles. Como exemplos, podem ser citados o Conselho deAdministrao, Comits do Conselho, Conselho Fiscal, diretoria executiva, auditoria interna eauditoria externa. Esta definio pode ser feita atravs dos documentos de governana dacompanhia, entre eles: Diretrizes de Governana, Poltica de Negociao de Valores Mobilirios,Regimentos Internos, Estatuto Social e Acordo de Acionistas entre outros. (ISE, 2010, p.134)18 A ao preferencial um tipo de parcela representativa do capital social de uma empresa, sem

    direito a voto, e com prioridade na distribuio de dividendos. Na extino da empresa os detentoresdeste tipo de ao tm prioridade na restituio do capital. (fonte: www.pt.wikipedia.org, acessado em12 de novembro de 2010)

  • 7/21/2019 6565924014992378

    23/216

    23

    Uma medida indispensvel ao aperfeioamento contnuo a definio de

    indicadores de desempenho capazes de aferir os resultados prticos do

    processo.

    Com o surgimento do novo mercado, com regras explcitas de

    funcionamento que privilegiam as boas prticas de Governana

    Corporativa, a transparncia na divulgao das aes e dos resultados da

    empresa passa a ser requisito fundamental para as organizaes que

    tenham interesse em participar desse mercado. A imediata conseqncia

    dessa postura da empresa a diminuio do risco dos investidores. Em

    funo disso, as aes das companhias que adotam o modelo do novo

    mercado tornam-se mais valorizadas.

    A Governana Corporativa passou a ser vista no meio empresarial e

    acadmico com mais nfase aps os escndalos financeiros ocorridos em grandes

    empresas. Aps os estragos provocados pela falta de transparncia na gesto das

    empresas (Enron, WorldCom, Sumitomo Corporation, Tyco, Parmalat, Banco

    Nacional e Econmico do Brasil), este tema ganhou dimenso estratgica nas

    organizaes preocupadas com a gerao de resultados sustentveis em pilares de

    tica, confiabilidade, transparncia e responsabilidade social e foi na dcada de 90

    que o conceito alcanou sua plenitude.

    A Governana Corporativa est relacionada gesto de uma organizao,

    sua relao com os acionistas (shareholders) e demais PI (stakeholders): clientes,

    funcionrios, fornecedores, comunidade, entre outros. Sua essncia est baseada

    em mecanismos de soluo para o Conflito de Agncia19, decorrente da assimetria

    informacional e conflito de interesses20entre as partes envolvidas.

    O presidente da KPMG Internacional Michael Rake (2004, p.106), ementrevista a revista HSM Management, destaca que a cultura organizacional firme

    que no permita excessos -, poltica adequada de remunerao por desempenho e

    19O conflito de agncia ocorre quando o agente (gestor), agindo em nome do principal (acionistas),toma decises que divergem dos interesses destes proprietrios. Isto ocorre porque em muitassituaes o agente no estaria atuando em defesa dos direitos dos acionistas e trabalhando pelamaximizao de sua riqueza, ou seja, muitas vezes os agentes maximizam suas utilidades pessoais,deixando de lado os interesses dos proprietrios. (SIRQUEIRA, KALATZIS, 2006, p.3).20

    h conflito de interesses quando algum no independente em relao matria em discusso epode influenciar ou tomar decises motivadas por interesses distintos daqueles da organizao.(Fonte: www.ibgc.org.br, acessado em 17 de setembro de 2010.)

  • 7/21/2019 6565924014992378

    24/216

    24

    equilbrio na tomada de riscos so os pilares da governana corporativa. O autor

    destaca ainda, que os desvios acontecem com as empresas que se distanciam de

    seu negcio central. Para Rake (2004, p.106), governana corporativa o

    mecanismo pelo qual se assegura a superviso correta de empresas que possuem

    responsabilidade pblica.

    Isso possvel por meio da combinao de vrios fatores: o papelque desempenham os executivos, o compromisso dos diretores queno ocupam cargos executivos, a responsabilidade dos auditoresperante os acionistas, a atuao de rgos normativos e outros gruposde interesse e, em sentido amplo, a apresentao transparente dasatividades de uma empresa e dos riscos com que depara. Alm disso,uma boa governana corporativa implica manter o devido equilbrio aoassumir riscos, sem expor a empresa a perigos descabidos, eassegurar que as recompensas para os executivos por alcanar os

    objetivos estabelecidos no sejam descabidas.

    O IBGC Instituto Brasileiro de Governana Corporativa em 1999, assim se

    manifestou:

    Governana Corporativa o sistema que assegura aos scios-proprietrios o governo estratgico da empresa e a efetivamonitorao da diretoria executiva. A relao entre propriedade egesto se d atravs do conselho de administrao, a auditoriaindependente e o conselho fiscal, instrumentos fundamentais para oexerccio do controle. A boa governana assegura aos scios a

    equidade, transparncia, responsabilidade pelos resultados(accountability) e obedincia s leis do pas (compliance).

    A ausncia de monitoramento, controle e de bons sistemas de Governana

    Corporativa tem levado empresas a fracassos decorrentes de:

    Abusos de poder (do acionista controlador sobre minoritrios, da diretoria

    sobre o acionista e dos administradores sobre terceiros);

    Erros estratgicos (resultado de muito poder concentrado no executivo

    principal); Fraudes (uso de informao privilegiada em benefcio prprio, atuao em

    conflito de interesses).

    Assim, com a implementao das boas prticas de Governana Corporativa,

    esta pode possibilitar uma gesto mais profissionalizada e transparente, podendo

    diminuir a assimetria informacional, minorando os problemas decorrentes dos

    conflitos de interesse entre as PI, buscando maximizar a criao de valor na

    empresa.

  • 7/21/2019 6565924014992378

    25/216

    25

    O presente trabalho, tambm, se vale de lacuna deixada por estudos

    anteriores sobre a gesto do desempenho empresarial: no tocante utilizao de

    um processo para o levantamento de indicadores estratgicos, a partir das boas

    prticas, para a gesto do desempenho global da organizao.

    1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

    Para abordar o tema apresentado, esta pesquisa foi estruturada da seguinte

    forma:

    O Captulo 1 aborda de forma geral o tema selecionado para pesquisa,

    apresentando o problema, problemtica da dissertao, o objetivo geral, objetivos

    especficos, justificativas e estrutura da dissertao.

    O Captulo 2 apresenta os principais conceitos relacionados aos temas:

    Administrao Estratgica: discutir administrao estratgica

    necessrio para o entendimento do processo de deciso e

    posicionamento estratgico da empresa e sua influncia na construo

    de sistemas de indicadores de desempenho, que retratem com maior

    preciso as decises e caminhos estratgicos seguidos pela

    organizao.

    Desenvolvimento Sustentvel: alinhando ao objetivo desta pesquisa, a

    proposta identificar indicadores que materializem o dilogo da empresa

    com as PI. A partir da definio de Materialidade, que tem por objetivo

    estruturar e fortalecer o dilogo com os diferentes pblicos, por meio de

    publicao padronizada de qualidade e em atendimento as expectativas

    das PI. Tambm, mensurar se as aes acordadas entre a empresa e as

    PI, so implementadas e apresentam os resultados planejados.

    Partes Interessadas: importante destacar que no somente o

    presidente da empresa, porm todo seu staff precisa estar preparado

    para responder a uma srie de vozes: defensores de acionistas,

    comunidade financeira (analistas de mercado, negociadores de firmas de

    participaes, gestores de fundos), agncias reguladoras, legisladores,

    procuradores do Estado, ONGs, ambientalistas, alm do pblico interno

    empresa. Longe de ser uma lista exaustiva de PI, destaca-se a

  • 7/21/2019 6565924014992378

    26/216

    26

    importncia das mesmas para a definio da estratgia e numa relao

    de causa e efeito, para a gesto do desempenho global da organizao.

    Prticas de Gesto: A busca de melhores prticas um processo

    contnuo de comparao de prticas de gesto, que pode incluir

    estratgias, procedimentos, operaes, sistemas, processos, produtos e

    servios.

    Ativos Intangveis: Pode se considerar que as empresas na Era da

    Informao esto mais atentas em identificar indicadores adequados

    para mensurar seus ativos intangveis, com o objetivo de se saber sua

    vantagem competitiva e com isto, obter maiores retornos para todas as

    PI.

    Gesto do Desempenho: A atividade de se fazer a gesto do

    desempenho requer proatividade e antecipao. E para que estes sejam

    alcanados de forma eficiente, a disponibilidade da informao fator

    crtico. O atraso na entrega da informao pode torn-la irrelevante,

    antiga, o que pode no ter valor para embasar a tomada de deciso. Por

    outro lado, a informao em tempo hbil, mas com qualidade duvidosa,

    pode direcionar as aes dos tomadores de decises que no tragam os

    benefcios esperados ou, at mesmo, que tenham impactos negativos

    nos objetivos estratgicos da organizao.

    O Captulo 3 descreve a metodologia empregada nesta pesquisa, onde so

    apresentados a fundamentao metodolgica, a classificao para pesquisa e os

    procedimentos metodolgicos.

    O Captulo 4 descreve o estudo de caso, onde apresentado a COPEL em

    resumo, o modelo de gesto empresarial para a sustentabilidade, a gesto para agovernana corporativa, os resultados referentes s informaes coletadas junto aos

    especialistas dos principais processos chaves e os principais indicadores para a

    gesto do desempenho estratgico.

    O Captulo 5 apresenta os resultados e concluses sobre a gesto do

    desempenho empresarial, considerando as prticas de gesto de referncia e seus

    respectivos indicadores estratgicos, bem como as sugestes de continuidade e

    aprofundamento no trabalho proposto.

  • 7/21/2019 6565924014992378

    27/216

    27

    2 FUNDAMENTAO TERICA

    No presente captulo apresenta-se a base terica que serve para a

    sustentao desta pesquisa. Os referenciais tericos utilizados remetem aos

    seguintes temas: administrao estratgica, desenvolvimento sustentvel, partes

    interessadas, prticas de gesto, ativos intangveis e gesto do desempenho.

    importante apresentar o estado da arte dos temas propostos em funo de

    que a gesto do desempenho empresarial deveria, em tese, auxiliar o processo de

    avaliao dos resultados obtidos pela empresa, com a adoo de determinados

    posicionamentos estratgicos. Mas, muitas vezes, ao contrrio do que se postula, a

    gesto do desempenho empresarial limita-se a indicar resultados operacionais da

    empresa, que em quase nada refletem seu direcionamento estratgico,

    principalmente se levado em considerao o fato de que a criao de valor de uma

    empresa no est atrelada a fatores tradicionais de desempenho.

    Desta forma, pretende-se desenvolver o embasamento terico suficiente

    para criar as condies necessrias criao do modelo de gesto do desempenho

    empresarial, que sirva tanto para os gestores da empresa, quanto para as demais

    PI.

    2.1 ADMINISTRAO ESTRATGICA

    Considerando que a administrao estratgica tem vnculo estreito com o

    planejamento estratgico, entende-se que a viso holstica do processo estratgico

    contribui de forma mais eficaz na definio de diretrizes estratgicas, na gesto da

    organizao e na obteno de seus resultados. Tambm, assumindo que a

    organizao um sistema desdobrvel e interdependente.

    Segundo Kaplan e Norton (2001, p.87-88) a essncia da estratgia aopo por executar atividades de forma diferente dos concorrentes, a fim de oferecer

    uma proposio de valor exclusiva. Estes autores acrescentam que a estratgia

    denota o movimento da organizao da posio atual para uma posio futura

    desejvel, mas incerta. Destacam tambm que:

    h tantas maneiras diferentes de descrever a estratgia quanto onmero de tericos e de metodologias sobre a estratgia. Noseremos capazes de implementar a estratgia se no conseguirmos

    descrev-la. (KAPLAN e NORTON, 2001, p.21)

  • 7/21/2019 6565924014992378

    28/216

    28

    Para Hitt et al (2002, p. 37) a busca da competitividade a alma da

    administrao estratgica. O mesmo, aplica-se s escolhas feitas sobre o traado e

    a utilizao do processo de administrao estratgica.

    As empresas concorrem entre si para obter acesso aos recursosnecessrios, auferir retornos acima da mdia e oferecer um elevadoatendimento s necessidades dos interessados. A utilizao eficaz daspartes interdependentes do processo de administrao estratgica trazcomo resultado a escolha do rumo que a empresa adotar e osrecursos que usar para alcanar os resultados desejados em termosde competitividade estratgica e retornos acima da mdia.

    A empresa alcana a competitividade estratgica e aufere retornossuperiores mdia quando suas competncias essenciais exclusivasso alavancadas com eficcia tal que lhe permita usufruir dasvantagens das oportunidades do ambiente externo.

    Antes de continuar a reviso terica dos conceitos de Administrao

    Estratgica, Gesto Estratgica e Planejamento Estratgico, importante entender

    como muitas empresas operacionalizam seu planejamento e a execuo de suas

    aes. Como primeiro ponto de destaque, fcil encontrar empresas que trabalham,

    com muita nfase nas aes de curto prazo, atendendo principalmente a rotina

    operacional, consumindo, normalmente, mais de 90% dos recursos fsicos e

    financeiros. Em outras palavras, as aes que so realizadas normalmente tm a

    ver com o tapar os furos da caixa dgua. O ideal seria as empresas planejarem

    aes de curto, mdio e longo prazo, conhecido tambm, como o duplo

    planejamento, que segundo Abell (1999, p.107), para sustentar a excelncia

    administrativa, as empresas precisam de uma estratgia hoje para hoje e outra

    hoje para amanh. Talvez, o mais importante que precisa ser entendido, por que

    as empresas tm a tendncia de atuarem no curto prazo, esquecendo-se das aes

    de mdio prazo que visam entregar mais valor ao cliente e as de longo prazo que

    dizem respeito aos processos de inovao e de sustentabilidade. Segundo, as

    estratgias so muitas vezes uma remodelao das antigas. Em certo sentido, as

    antigas idias estratgicas nunca desaparecem completamente.

    Segundo Nicolau (2001, p.3), todas as definies de estratgias assentam

    na inseparabilidade entre organizao e o meio envolvente que, se por um lado

    representa uma condicionante sua atividade, por outro, lhe oferece oportunidades

    que importa aproveitar. esta relao entre organizao e envolvente que d

    sentido ao conceito de estratgia.

  • 7/21/2019 6565924014992378

    29/216

    29

    Acrescenta ainda, que em certas organizaes ou em determinadoscontextos de alteraes profundas e imprevisveis do meio envolvente,a estratgia no se desenvolve atravs de processos claros,ordenados nem se encontra explcita (ou integralmente explcita) emqualquer documento. Vai se formando atravs da aprendizagem sobrea envolvente, capacidades internas da organizao e a formaapropriada de estabelecer relao entre elas. (NICOLAU, 2001,p.12)

    Em muitas empresas, a formao e o desenvolvimento da estratgiaesto ligados no ao planejamento formal, mas ao pensamentoestratgico21 viso empresarial criativa da empresa e do meioenvolvente - ou tomada casustica de decises que representamrespostas efetivas a oportunidades e a problemas inesperados.(NICOLAU, 2001, p.15)

    Corrobora neste sentido Godet (1997, p.14), quando destaca que uma

    organizao pode planejar (tomar o futuro em considerao) sem se envolver num

    processo de planejamento (num procedimento formal) mesmo quando produz planos

    (intenes explcitas).

    Considerando que o cenrio acima o ambiente que se encontra

    disseminado em muitas organizaes empresariais, o que pode ser feito para mudar

    a forma como feita a gesto estratgica, incluindo-se a elaborao de portflio de

    opes estratgicas para o futuro e as respectivas etapas de alinhamento,

    desdobramento de metas, execuo e controle dos resultados? Sabe-se queresultados expressivos so obtidos com a definio clara da estratgia e a

    respectiva execuo. O que no aconselhvel que se apresente um resultado

    indesejvel e uma boa razo pela no execuo, entre outras palavras, uma boa

    desculpa.

    2.1.1 Gesto estratgica

    No incio dos anos de 1980, a administrao estratgica mostrou que a

    implementao das estratgias era to importante quanto sua formulao, e que a

    estratgia era basicamente um conjunto de regras de deciso para orientar o

    comportamento de uma organizao. Com as mudanas propostas no incio da

    21Pensamento estratgico pode ser descrito como um planejamento estratgico dirio, ou seja, aanlise e a concepo de estratgias deve ser um processo ininterrupto, onde a mente dospensadores estratgicos (lderes) da organizao deve estar constantemente alerta s mudanasdo ambiente. A cada mudana percebida, novas decises so tomadas e novos planos de ao so

    encaminhados para manter o alinhamento da operao com as diretrizes estratgicas gerais, numprocesso de controle e aprendizado contnuo. (PAGANO, 2002, p.2)

  • 7/21/2019 6565924014992378

    30/216

    30

    dcada de 90, veio a valorizao da gesto estratgica, cujo foco era o processo de

    planejamento, onde se busca aumentar as chances de sucesso em um mundo de

    negcios que muda constantemente, captando sinais de alerta no mercado e

    permitindo que as empresas alcancem a vantagem competitiva. Neste sentido a

    gesto estratgica por participar do processo de planejamento estratgico, fornece

    aconselhamento alta gerencia. No entanto, a formulao das estratgias

    empresariais no um processo simples, uma vez que a prpria estratgia est

    mergulhada em uma multiplicidade de fatores crticos internos e externos e muitos

    destes fatores esto situados fora do controle e da previso da organizao. Apesar

    de no ser um processo simples, esta formulao precisa estar coerente com o

    modelo de negcio, compreendendo a forma de atuao, a definio dos produtos, a

    rea de atuao, a seleo de mercados e clientes-alvo, a escolha de parceiros, o

    relacionamento com fornecedores e outros aspectos considerados relevante para o

    sucesso do negcio.

    Neste sentido, a definio do Referencial Estratgico - RE representa as

    etapas iniciais do planejamento da organizao e compreendido por uma srie de

    passos, que tem por objetivo ratificar/retificar a Misso22, a Viso23 de futuro, os

    Valores Institucionais24, Diretrizes do Conselho de Administrao CAD e com base

    nos Princpios de Governana da organizao. Por meio de anlises estruturadas

    feito o diagnstico do ambiente, que compreende a anlise dos fatores internos e

    externos organizao capazes de influenciar a estratgia da organizao.

    Ao se estabelecerem as providncias a serem tomadas pelo gestor para

    uma determinada situao futura desejada, estas tendem a ser diferentes em

    relao s tomadas no passado. Assim, este processo deve ser contnuo e interativo

    e que vise manter a organizao integrada com o seu ambiente.

    Neste contexto, os planos da alta administrao para alcanar resultadosconsistentes com a Misso, Viso, Diretrizes e com os objetivos gerais da

    22A Misso de uma organizao a sua razo de ser, a referncia que a inspira, mobiliza e a orienta.Deve responder s perguntas relativas ao que se faz, como se faz, para quem se faz e qual o impactomaior desta ao na comunidade (FNQ, 2008, p.11).23A Viso de uma organizao est relacionada ao estado que esta deseja atingir no futuro. Deveencaminhar para resultados, antecipando mudanas, aproveitando oportunidades e fazendo ascorrees de rumo em longo prazo (FNQ, 2008, p.11).24 Valores Institucionais O que importante para a organizao. So as normas, princpios ou

    padres aceitos ou mantidos pela organizao. So as crenas da organizao, ou seja, a forma deagir ou com quais condutas e comportamentos a empresa acredita que vai atingir a Viso (LEME,2008, p.24).

  • 7/21/2019 6565924014992378

    31/216

    31

    organizao, so referidos estratgia e por meio da gesto estratgica identificar

    as vantagens competitivas da organizao.

    Porter (1986) entende que o posicionamento deve ser tal que coloque a

    organizao a salvo da investida de concorrentes entrantes potenciais,

    fornecedores, compradores e substitutos. Para tanto recomenda uma anlise

    acurada da estrutura de mercado, dos recursos disposio da firma e a avaliao

    comparativa dos rivais.

    Mintzberg (1994) e Quinn (1980) propem um gerenciamento estratgico

    mais emergente que o planejado, adotando uma viso mais aberta ao aprendizado,

    possibilitando ajustes contnuos e incrementais. Segundo Quin (1980, p. 104) a

    estratgia emerge no de um plano detalhado, mas da fundamentao das

    atividades realizadas atravs da organizao e de acordo com um processo de

    aprendizado de tentativa e erro.

    Para Hammel e Prahalad (1995, p.324), o processo estratgico ento visto

    como um processo para ampliar a capacidade de previso do setor e trabalhar

    coletivamente para desenvolver uma arquitetura estratgica. A estratgia deveria

    voltar-se ao futuro buscando novas funcionalidades ou novas formas de emprego de

    funcionalidades tradicionais.

    As organizaes necessitam constantemente ajustar-se, adaptar-se, ao seu

    contexto ambiental. Assim, a mudana numa organizao reflexo de presses

    ambientais externas e internas, e o papel da gesto estratgica ser o de assegurar

    um certo grau de adaptao entre a organizao e o seu ambiente operativo.

    Kaplan e Norton (2009, p.110) resumem, apresentando o sistema de gesto

    de circuito fechado, conforme figura a seguir:

  • 7/21/2019 6565924014992378

    32/216

    32

    FIGURA 1 - SISTEMA DE GESTO DE CIRCUITO FECHADO

    FONTE: Kaplan e Norton (2009, p.110)

    Os autores destacam que o sistema possui seis estgios principais, sendo:

    Estgio 1: Os gestores desenvolvem a estratgia usando vrias

    ferramentas de estratgia.

    Estgio 2: A organizao planeja a estratgia usando ferramentas como

    mapas de estratgia e Balanced Scorecards.

    Estgio 3: Uma vez articulados o mapa de estratgia de alto nvel e o

    Balanced Scorecard, os gestores alinham a organizao com a

    estratgia transmitindo em cascata os mapas de estratgia e Balanced

    Scorecards vinculados a todas as unidades organizacionais. Eles

    alinham os funcionrios por meio de um processo de comunicao

    formal e vinculam os objetivos pessoais e incentivos dos funcionrios a

    objetivos estratgicos.

    Estgio 4: Com todas as unidades organizacionais e funcionrios

    alinhados com a estratgia, os gestores agora podem planejar

    operaes utilizando ferramentas como gesto de processo e da

    qualidade, reengenharia, indicadores de processo, previses com

  • 7/21/2019 6565924014992378

    33/216

    33

    atualizao freqente, Custeio Baseado em Atividade, planejamento de

    capacidade de recursos e oramentos dinmicos.

    Estgio 5: medida que a estratgia e os planos operacionais so

    executados, a empresa monitora e aprende sobre os problemas,

    barreiras e desafios. Esse processo integra informaes sobre

    operaes e estratgia em uma estrutura de reunies de reviso

    gerencial.

    Estgio 6: Os gestores usam dados operacionais internos e novos dados

    de concorrentes e ambientes externos para testar e adaptar a estratgia,

    lanando outro circuito em torno do sistema integrado de planejamento e

    execuo operacional da estratgia.

    2.1.2 Planejamento estratgico

    Com a mudana de cenrio ocorrido no setor eltrico, que objetiva aumentar

    a concorrncia e exigir crescente capacidade competitiva por parte das empresas,

    da poltica de abertura da econmica para o mercado externo, do Programa Federal

    de Desregulamentao, com a concorrncia interna acrescida da concorrncia dos

    produtos/servios externos e da crescente internacionalizao dos mercados entre

    blocos econmicos e da maior abrangncia global dos negcios, todos estes fatores

    exigem maior concentrao e ateno dos administradores. Neste sentido, a

    incluso do planejamento estratgico, como metodologia gerencial, na gesto

    estratgica da empresa, permite-a se posicionar em relao s ameaas e

    aproveitar as oportunidades encontradas em seu ambiente, assim como, de

    identificar os objetivos organizacionais e as aes necessrias para alcan-los.

    Para que a organizao possa identificar, planejar e implementar suas

    estratgias, segundo Abell (1999, p.107), importante entender que o planejamento

    requer duas vises de pensamento estratgico, sendo: para o presente, requer uma

    estratgia prpria uma viso de como a empresa pode funcionar hoje, dada suas

    competncias e seus mercados-alvos e qual o papel de cada funo-chave; j o

    planejamento para o futuro feito com base em uma viso do futuro e, mais

    importante ainda, em uma estratgia para chegar l. Em outras palavras, Abell

    (1999, p.107-108) orienta que:

    planejar para hoje requer uma definio clara e precisa da atividadeda empresa delineamento dos segmentos-alvo de clientes, funes

  • 7/21/2019 6565924014992378

    34/216

    34

    de cliente e abordagem empresarial a ser adotada. Implica modelar aempresa para atender com excelncia s necessidades atuais dosclientes. Isso envolve no s a identificao dos fatores crticosorganizacionais, os processos, a cultura, os incentivos e as pessoas.

    planejar para amanh significa descobrir como a atividade daempresa precisa ser redefinida para o futuro. Tem enfoque diverso,exige uma linguagem diferente para ser descrita e tm implicaesoperacionais diferentes. Pode implicar remodelar a empresa paraque ela possa competir com mais eficcia no futuro.

    Porm, preciso entender que, uma vez definida a estratgia empresarial,

    seja esta de curto, mdio ou de longo prazo, esta estratgia precisa primeiramente

    ser entendida por todos os colaboradores e segundo, que haja um compromisso da

    organizao em execut-la, para ento, buscar o alcance dos objetivos e metas

    estratgicos definidos pela organizao.Para Germany e Muralidharan (2001, p.58) ao se realizar o planejamento

    estratgico, este deve considerar toda a rede de parceiros e no somente a empresa

    de forma individual. As organizaes esto operando cada vez mais sob a forma de

    redes25 dinmicas e abertas. Os autores lembram ainda, que o planejamento

    estratgico um processo contnuo, e no um evento anual concentrado na poca

    de elaborao de oramentos. Kaplan e Norton (1999, p.7) corroboram neste

    sentido, destacando que na maioria dos sistemas de gesto das empresas, ooramento financeiro a principal ferramenta de coordenao, previso e avaliao

    do desempenho.

    Shank e Govindarajan (1997, p.121) destacam a importncia do processo de

    planejamento estratgico, principalmente quando o ambiente incerto, pois a

    gerncia precisa concentrar-se mais em lidar com as incertezas e isto exige uma

    viso mais ampla. No caso, em que o ambiente mais estvel, os autores destacam

    que pode no haver um processo de planejamento estratgico formal. Este processo mais interessante para as unidades de negcios com estratgias de construir26,

    25Estruturando-se em redes, as organizaes esto cada vez mais interligadas e interdependentes.No lugar das estruturas piramidais, baseadas no modelo de comando e controle, surgem novasestruturas mais horizontais e entrelaadas, ligando parceiros, colaboradores, contratados,fornecedores e clientes, em vrias formas de colaborao (FNQ, 2006, p.5).26Estratgia de construir: Esta misso implica uma meta de aumento da fatia de mercado, mesmo acusta de ganhos e fluxo de caixa de curto prazo. Uma unidade de negcios que siga esta misso

    deve ser uma usuria lquida de caixa, no sentido de que o dinheiro retirado de suas operaesatuais geralmente seria insuficiente para atender s suas necessidades de investimento de capital.(SHANK e GOVINDARAJAN, 1997, p.117)

  • 7/21/2019 6565924014992378

    35/216

    35

    em comparao com a estratgia de colher27, no entanto, os autores destacam que,

    em se tratando de uma corporao com diversos negcios, mesmo, queles que

    optaram pela estratgia de colher podem ser necessrios, pois o plano estratgico

    corporativo deve englobar todos os seus negcios a fim de equilibrar de forma eficaz

    os fluxos de caixa.

    Segundo a Fundao para o Prmio Nacional da Qualidade FNQ (2002,

    p.16), essa variabilidade conseqncia da existncia de vrias escolas de

    planejamento estratgico e dos vrios enfoques adotados por essas escolas para

    definir e apresentar a estratgia. O Comit concluiu que a estratgia pode

    ser desdobrada e representada visualmente atravs de objetivos,planos, iniciativas, projetos, etc. Porm, deve ficar claro que osobjetivos, planos, etc. no so a estratgia, j que a estratgiatambm composta de conceitos que no so desdobrveis, porserem filosficos/ abstratos, ou por conterem trade-offs(sacrifcios) -atividades que a organizao no vai realizar. A definio adotadapelo Comit a que est no Glossrio dos CE-2002: Estratgia ocaminho escolhido para posicionar a organizao de forma competitivae garantir sua sobrevivncia a longo prazo.

    Para que se possa definir uma determinada estratgia, os gestores precisam

    ser capazes de observar melhor as mudanas de cenrio, contexto e circunstncia.

    Significa conhecer o rumo das coisas. Significa que, mesmo que haja sido definida

    uma determina estratgia, esta deve ser um tanto quanto flexvel, para adaptar-se s

    novas condies apontadas pelo cenrio em que se encontra a organizao.

    Segundo (MORIN, 2000, p.90), uma estratgia determinada levando-se em conta

    uma situao imprevista, elementos adversos e at os adversrios, uma situao

    que teve de se modificar em funo de informaes fornecidas durante a operao.

    Tem, portanto, grande maleabilidade. Contudo, para que uma estratgia possa ser

    conduzida por uma organizao, necessrio que tal organizao no seja

    planejada para obedecer s a programas. Ela deve ser capaz de lidar comelementos que contribuam para a elaborao e desenvolvimento de estratgias.

    A estratgia deve prevalecer sobre o programa. O programaestabelece uma seqncia de aes que devem ser executadas semvariao em um ambiente estvel, mas, se houver modificao dascondies externas, bloqueia-se o programa. A estratgia, aocontrrio, elabora um cenrio de ao que examina as certezas e asincertezas da situao, as probabilidades, as improbabilidades. Ocenrio pode e deve ser modificado de acordo com as informaes

    27

    Estratgia de colher: Esta misso implica uma meta de maximizao dos ganhos e dos fluxos decaixa de curto prazo, mesmo custa da fatia de mercado. Uma unidade empresarial que siga estamisso seria um fornecedor lquido de caixa. (SHANK e GOVINDARAJAN, 1997, p.118)

  • 7/21/2019 6565924014992378

    36/216

    36

    recolhidas, os acasos, contratempos ou boas oportunidadesencontradas ao longo do caminho. Podemos, no mago de nossasestratgias, utilizar curtas seqncia programadas, mas, para tudo quese efetua em ambiente instvel e incerto, impe-se a estratgia. Deve,em um momento, privilegiar a prudncia, em outro, a audcia e, sepossvel, as duas ao mesmo tempo.

    Considerando que as organizaes so convidadas a se adaptarem

    constantemente s mudanas no ambiente (organismo vivo), como exemplo que

    pode ser citado, de no observao a estas mudanas, e que foi de grande impacto

    nas estratgias organizacionais, foi a crise econmica, que teve seu auge no final de

    2008. J havia sinais de excesso de demanda e de financiamento, mesmo assim,

    muitas empresas ignoraram estes sinais, no revisaram seus planejamentos e por

    conseqncia, ou tiveram grandes prejuzos ou em alguns casos, acabaram porencerrar seus negcios. Este um exemplo de que muitas organizaes, mesmo as

    mais experientes e organizadas, ainda so levadas a resolver os problemas de curto

    prazo.

    Para minimizar os impactos, como o do exemplo citado, as empresas

    podem, por meio do planejamento estratgico, definir o que querem ser e como

    querem atuar nos perodos estabelecidos para o curto, mdio e longo prazo. Dessa

    forma, o planejamento estratgico constitui-se num sistema integrado de decises,capaz de produzir dados e informaes para ajudar os gestores a pensar

    estrategicamente.

    Para Caron (2003, p.47) os administradores de empresa sempre tm duas

    linhas bsicas de trabalho.

    A primeira de cuidar que os produtos e servios que a empresa gerasejam feitos com maior rapidez, com menores custos e com maisqualidade. A segunda preocupao constante cuidar da introduode inovaes e de melhorias constantes. Portanto, aprender, treinar,

    inovar e racionalizar constantemente um desafio a enfrentar esuperar constantemente nas lidas empresariais.

    Para isto, deve estar bastante claro, onde a empresa se encontra e qual o

    salto estratgico que deve ser dado para construir a organizao do futuro,

    identificado por meio da anlise ambiental.

    Quando definido o futuro da organizao, basicamente h dois eixos

    principais ou temas que precisam ser observados:

  • 7/21/2019 6565924014992378

    37/216

    37

    Excelncia operacional: a busca da produtividade no curto prazo; a

    busca por manter os clientes satisfeitos e fora de trabalho motivada e

    preparada; a busca em excelncia em custos, nos relacionamentos e em

    inovao; e a excelncia dos servios;

    Expanso dos negcios: crescimento por meio da criao de valor no

    longo prazo e a pesquisa de novas tecnologias no setor para a expanso

    da matriz de produtos/servios com fontes renovveis e no poluentes;

    Para ambos os eixos ou temas importante destacar a necessria

    transformao dos processos organizacionais - foco na diferenciao, para se

    buscar a competitividade e o desempenho empresarial, com a entrega de mais valor

    ao cliente, qualidade dos servios, otimizao de custos, aumento da produtividade,

    inovao em processos, imagem junto s PI e viso empresarial em governana,

    gesto e sustentabilidade. Estes so ganhos estratgicos e permitem alavancar o

    negcio frente aos desafios setoriais, estabelecendo vantagens competitivas nicas

    e sustentabilidade do negcio. O que no seria conveniente que ocorresse, seria

    apenas uma transformao incremental foco na melhoria contnua, que em outras

    palavras, seria uma transformao por meio de um conta gotas. Estes ganhos so

    operacionais e garantem a melhora da eficcia e eficincia dos processos na sua

    atual condio.

    Planejar as estratgias da organizao requer anlises e implicaes da

    administrao estratgica atual, tais como pensamento estratgico, modelagem de

    negcio, inovao, competitividade, inteligncia competitiva, modelos e

    metodologias de planejamento estratgico. Esses fatores contribuem com a

    definio de estratgia corporativa e/ou dos negcios.

    Aps as definies acima apresentadas, para o fechamento deste tpico,entende-se que a estratgia corporativa um processo realizado pela organizao

    de grande porte e diversificada e que de certa forma inseparvel da estrutura, do

    comportamento e da cultura onde esta ocorre. Por outro lado, a estratgia de

    negcio define o escopo e os limites que vai adotar em cada negcio, suas ligaes

    com a estratgia corporativa, assim como, a forma de competir. um modelo de

    decises que determina e revela seus objetivos e metas, produz as principais

    polticas e planos para alcanar essas metas, o tipo de organizao econmica ehumana que ela ou pretende ser e a natureza da contribuio econmica e no

  • 7/21/2019 6565924014992378

    38/216

    38

    econmica que ela pretende proporcionar s suas PI. A capacidade da empresa de

    manter sua posio competitiva em um mundo em constante mudana pode ser

    melhor trabalhada por gestores que consigam manter uma viso dupla de definio

    e avaliao da estratgia, considerando a histria de sucessos e insucessos da

    organizao e da segurana que essa, quanto da esperana de determinada

    alternativa. A prtica indica que solues conhecidas e que resultaram em sucesso

    no passado tendem a ser repetidas. Alm desta capacidade que deve ser

    trabalhada, h de se considerar ainda as atividades dirias da organizao, isto , o

    de tapar os furos da caixa dgua.

    Assim, a empresa moderna e por meio de sua administrao executiva, ao

    tomar decises estratgicas, trabalha observando o mercado, os objetivos das

    empresas, as ameaas e oportunidades dos ambientes interno e externo, sempre

    com o objetivo de obter o melhor resultado para a empresa nos diversos perodos de

    tempo (curto, mdio e longo prazo), criando-se desta forma o futuro desejado para

    organizao. Significar tambm, definir o caminho que a organizao deve seguir

    para que se obtenha os resultados esperados alinhados s estratgias

    organizacionais. Acrescenta-se assim, que os gestores possuem uma fonte

    significativa de recursos e de informaes, para o processo de planejamento, que

    auxilia na viso e direo do negcio ao qual esto vinculados. O planejamento

    estratgico torna-se tambm, um instrumento de controle, permitindo o

    monitoramento do comportamento da organizao como um todo. Segundo Nicolau

    (2001, p.9), apesar do carter contingencial do problema, que tem originado uma

    substancial proliferao de abordagens, pode-se, de uma forma ampla, considerar

    no essencial, trs linhas bsicas: a formao da estratgia como um processo

    racional e formal; a formao da estratgia como um processo negociado; e, a

    formao da estratgia como um processo em construo permanente.Kaplan e Norton (2001, p.13) fazem referncia implementao da

    estratgia, quando esta, exige que todas as unidades de negcio, unidades de apoio

    e empregados estejam alinhados e conectados estratgia, pois, considerando a

    rapidez com que as mudanas acontecem em tecnologia e nos regulamentos, a

    formulao e a implementao da estratgia devem converter-se em processo

    contnuo e participativo. Acrescentam, respondendo ao questionamento sobre os

    indicadores mais adequados para medir o desempenho futuro, que estes devememanar da viso e da estratgia da organizao.

  • 7/21/2019 6565924014992378

    39/216

    39

    Com base no referencial aqui destacado, importante compreender que o

    planejamento estratgico um instrumento dinmico de apoio gesto estratgica,

    o qual proporciona a tomada de decises antecipadas para o cumprimento da

    misso da empresa, para a definio de seu posicionamento no mercado, para a

    minimizao dos riscos, para a priorizao de seus investimentos e, principalmente,

    para a maximizao do retorno para as PI.

    Uma reflexo importante a ser destacada no processo de elaborao das

    estratgias: deve-se ter em mente que no h uma escola nica de estratgia, mas

    sim diferentes escolas, que dependem das suposies e perspectivas.

    2.1.3 Alinhamento estratgico

    A necessidade do alinhamento estratgico tem origem no carter ambguo

    da estratgia que pode gerar diferenas entre o produto do planejamento e o

    resultado de sua execuo. Diferentes grupos de pessoas, trabalhando em locais

    isolados em uma mesma organizao, podem direcion-la para sentidos distintos,

    quando no h uma gesto integrada vinculando ao estratgia e seus objetivos.

    Desta forma, a estratgia deve ser clara, garantindo que todo funcionrio entenda os

    detalhes do plano estratgico e o vnculo entre seu trabalho e as metas da empresa.Segundo Breene et al (2007, p.56) deve ser promovido uma tomada de

    deciso que sustente a mudana organizacional.

    Uma estratgia hoje ntida pode perder a clareza amanh medidaque as pessoas e o cenrio competitivo mudam. O Alinhamento podediminuir e desaparecer se no for continuamente reforado. Cabe aodiretor de estratgia, portanto, garantir que os integrantes da equipede liderana cheguem a um acordo em decises ligadas estratgia.Igualmente importante assegurar que nessas decises no percamfora ou sejam ignoradas medida que forem sendo traduzidas

    organizao afora.

    Sem a compreenso e consenso, a estratgia vai produzir muitos sorrisos,

    muitos tapinhas nas costas, mas zero de mudana quando cada colaborador voltar

    a sua sala.

    O alinhamento estratgico pode ser entendido como uma adequao dos

    elementos estratgicos (contexto externo, recursos e processos), aos elementos

    operacionais (estrutura, processos e capacidades) e pode ser entendido como um

  • 7/21/2019 6565924014992378

    40/216

    40

    processo dinmico que deve estar relacionado com os sistemas de mensurao do

    desempenho na empresa.

    Kaplan e Norton (2006, p.3-4) destacam que:

    as empresas que desfrutam dos maiores benefcios resultantes donovo sistema de gesto do desempenho so muito melhores noalinhamento de suas estratgias no nvel da organizao, dasunidades de negcios e das unidades de apoio, demonstrando queesse alinhamento, assim como o sincronismo alcanado pelas equipesremadoras de alto desempenho, produz grandes benefcios.

    A maioria das grandes empresas composta por portflios deunidades de negcios e unidades de servios compartilhados. Paraque a corporao agregue valor ao seu conjunto de unidades denegcios e unidades de servios compartilhados, ela precisa alinharessas unidades operacionais e de servios para criar sinergia

    Os autores destacam ainda, que ao alinhar a organizao s atividades de

    suas vrias unidades de negcios e de apoio - ela cria fontes adicionais de valor,

    denominado valor gerado pela organizao.

    Valor geradopela organizao

    Estratgiade criao

    de valor

    =Proposta devalor para

    o cliente

    +Proposta de valorda organizao

    =Criaode Valor

    Valor geradopelo cliente

    +

    Como o processo de planejamento, consiste em levar todos os gestores da

    empresa a trabalharem no sentido de obter sinergia, buscando alcanar o objetivo

    global da organizao, todas as reas da organizao devem participar e ao mesmo

    tempo, serem co-responsveis pela elaborao do planejamento. Partindo da diretriz

    estratgica global da empresa, definida pela alta gesto, so determinados os

    planos de cada rea.

    A estratgia empresarial, apesar de ter sua elaborao realizada pela altaadministrao, deve ser comunicada para todos os funcionrios da organizao, os

    quais devem atuar de forma que suas atividades estejam alinhadas estratgia

    empresarial.

    Porter (1999, p. 53) detaca que a essncia da estratgia est nas

    atividades. A opo em desempenhar atividades de forma diferente ou desempenhar

    atividades diferentes em comparao com os rivais. Assim, uma estratgia bem-

    sucedida e sustentvel consiste em assegurar o alinhamento entre as atividades

  • 7/21/2019 6565924014992378

    41/216

    41

    internas e a gerao de valor para o cliente28. O negcio rentvel quando o valor

    que a empresa cria superior ao custo do desempenho das atividades de valor.

    Considerando o alinhamento estratgico, Collis e Montgomery (1998, apud

    KAPLAN e NORTON, 2006) destacam que a estratgia corporativa notvel

    um conjunto aleatrio de diferentes componentes, mas um sistemade partes interdependentes, cuidadosamente concatenadas... Em umaestratgia corporativa tima, todos os elementos [recursos, negcios eorganizao] esto alinhados uns com os outros. Esse alinhamento impulsionado pela natureza dos recursos da empresa seus ativosespeciais, suas habilidades e suas capacidades.

    Kaplan e Norton (2001, p.19-26) apresentam os princpios da organizao

    focalizada na estratgia, que exige, entre outros: a participao da liderana no

    processo, para que as mudanas ocorram e assim, a estratgia seja implementada eque todos os empregados compreendam a estratgia e conduzam suas tarefas

    cotidianas de modo a contribuir para o xito da mesma.

    Estes princpios so:

    Mobilizar a mudana por meio da liderana executiva;

    Converter a estratgia em processo contnuo: requer a efetiva

    transformao de vrios sistemas de planejamento, oramento e

    controle; Transformar a estratgia em tarefa de todos;

    Alinhar a organizao estratgia: scorecardsem todas as unidades e

    de apoio;

    Traduzir a estratgia em um mapa com objetivos estratgicos vinculados

    a um Balanced Scorecardde medidas e alvos;

    2.1.4 Execuo da estratgia

    A diferena de maturidade entre as etapas de planejamento e execuo da

    estratgia requer o estudo de mecanismos e processos que auxiliem na reduo da

    discrepncia entre o que a execuo entrega e o que foi efetivamente planejado. As

    dificuldades pertinentes a execuo da estratgia somadas carncia de

    processos e prticas que auxiliem a organizao, contribuem para a baixa qualidade

    28

    Para Kotler (2003, p.476) o valor a ser entregue ao cliente composto do: valor (do produto, valordos servios, valor do pessoal, valor da marca) e do custo (monetrio, tempo, energia, psicolgico).Assim, o valor entregue ao cliente a diferena entre o valor total e custo total.

  • 7/21/2019 6565924014992378

    42/216

    42

    das informaes sobre o desempenho, com conseqncias indesejadas para os

    resultados da organizao.

    Em relao execuo da estratgia Neilson et al(2008, p.35-40) destacam

    que uma estratgia brilhante, um produto arrasador ou uma tecnologia

    revolucionria podem colocar a empresa no mapa competitivo mas s uma slida

    execuo ser capaz de mant-la ali. Acrescentam os autores que a execuo o

    resultado de milhares de decises tomadas todo dia por funcionrios agindo com

    base na informao que possuem e no interesse prprio.

    A seguir, os autores Neilson et al (2008, p.35-40) apresentam uma

    classificao sobre a importncia dos direitos de