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Curso de Técnico de Produção Agropecuária – Aprendizagem 6655_Literatura do nosso tempo 50h Helena Queiroz Nome do formand o: Assinatura do formador: Data: Classifica ção Corrigenda do teste de avaliação O menino que escrevia versos Mia Couto 1 De que vale ter voz se só quando não falo é que me entendem? De que vale acordar se o que vivo é menos do que o que sonhei? (VERSOS DO MENINO QUE FAZIA VERSOS) 5 10 15 — Ele escreve versos! Apontou o filho, como se entregasse criminoso na esquadra. O médico levantou os olhos, por cima das lentes, com o esforço de alpinista em topo de montanha. — Há antecedentes na família? — Desculpe doutor? O médico destrocou-se em tintins. Dona Serafina respondeu que não. O pai da criança, mecânico de nascença e preguiçoso por destino, nunca espreitara uma página. Lia motores, interpretava chaparias. Tratava bem, nunca lhe batera, mas a doçura mais requintada que conseguira tinha sido em noite de núpcias: — Serafina, você hoje cheira a óleo Castrol. Ela hoje até se comove com a comparação: perfume de igual qualidade qual outra mulher ousa sequer sonhar? Pobres que fossem esses dias, para ela, tinham sido lua-de-mel. Para ele, não fora senão período 1 Mia Couto nasceu na Beira, em Moçambique, em 1955. Foi jornalista e atualmente é professor e biólogo. É sócio correspondente, eleito em 1998, da Academia Brasileira de Letras, sendo sexto ocupante da cadeira 5, que tem por patrono Dom Francisco de Sousa. Como biólogo, dirige a Avaliações de Impacto Ambiental, IMPACTO Lda., empresa que faz estudos de impacto ambiental, em Moçambique. Mia Couto tem realizado pesquisas em diversas áreas, concentrando-se na gestão de zonas costeiras.

6655_corrigenda Do Teste de Avaliação

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6655 - viver em portugues

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Curso de Tcnico de Produo Agropecuria Aprendizagem6655_Literatura do nosso tempo 50h Helena QueirozNome do formando:Assinatura do formador:

Data:Classificao

Corrigenda do teste de avaliao

O menino que escrevia versosMia Couto[footnoteRef:1] [1: Mia Couto nasceu na Beira, em Moambique, em 1955. Foi jornalista e atualmente professor e bilogo. scio correspondente, eleito em 1998, da Academia Brasileira de Letras, sendo sexto ocupante da cadeira 5, que tem por patrono Dom Francisco de Sousa. Como bilogo, dirige a Avaliaes de Impacto Ambiental, IMPACTO Lda., empresa que faz estudos de impacto ambiental, em Moambique. Mia Couto tem realizado pesquisas em diversas reas, concentrando-se na gesto de zonas costeiras. ]

De que vale ter voz se s quando no falo que me entendem? De que vale acordar se o que vivo menos do que o que sonhei? (VERSOS DO MENINO QUE FAZIA VERSOS)

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Ele escreve versos!Apontou o filho, como se entregasse criminoso na esquadra. O mdico levantou os olhos, por cima das lentes, com o esforo de alpinista em topo de montanha. H antecedentes na famlia? Desculpe doutor?O mdico destrocou-se em tintins. Dona Serafina respondeu que no. O pai da criana, mecnico de nascena e preguioso por destino, nunca espreitara uma pgina. Lia motores, interpretava chaparias. Tratava bem, nunca lhe batera, mas a doura mais requintada que conseguira tinha sido em noite de npcias: Serafina, voc hoje cheira a leo Castrol.Ela hoje at se comove com a comparao: perfume de igual qualidade qual outra mulher ousa sequer sonhar? Pobres que fossem esses dias, para ela, tinham sido lua-de-mel. Para ele, no fora seno perodo de rodagem. O filho fora confeccionado nesses namoros de unha suja, restos de combustvel manchando o lenol. E oleosas confisses de amor. Tudo corria sem mais, a oficina mal dava para o po e para a escola do mido. Mas eis que comearam a aparecer, pelos recantos da casa, papis rabiscados com versos. O filho confessou, sem pestanejo, a autoria do feito. So meus versos, sim.O pai logo sentenciara: havia que tirar o mido da escola. Aquilo era coisa de estudos a mais, perigosos contgios, ms companhias. Pois o rapaz, em vez de se lanar no esfrega-refrega com as meninas, se acabrunhava nas penumbras e, pior ainda, escrevia versos. O que se passava: mariquice intelectual? Ou carburador entupido, avarias dessas que a vida do homem se queda em ponto morto? Dona Serafina defendeu o filho e os estudos. O pai, conformado, exigiu: ento, ele que fosse examinado. O mdico que faa reviso geral, parte mecnica, parte elctrica.Queria tudo. Que se afinasse o sangue, calibrasse os pulmes e, sobretudo, lhe espreitassem o nvel do leo na figadeira. Houvesse que pagar por sobressalentes, no importava. O que urgia era pr cobro quela vergonha familiar. Olhos baixos, o mdico escutou tudo, sem deixar de escrevinhar num papel. Aviava j a receita para poupana de tempo. Com enfado, o clnico se dirigiu ao menino: Di-te alguma coisa?Di-me a vida, doutor. O doutor suspendeu a escrita. A resposta, sem dvida, o surpreendera. J Dona Serafina aproveitava o momento: Est a ver, doutor? Est ver? O mdico voltou a erguer os olhos e a enfrentar o mido: E o que fazes quando te assaltam essas dores? O que melhor sei fazer, excelncia. E o que ? sonhar.Serafina voltou carga e desferiu uma chapada na nuca do filho. No lembrava o que o pai lhe dissera sobre os sonhos? Que fosse sonhar longe! Mas o filho reagiu: longe, porqu? Perto, o sonho aleijaria algum? O pai teria, sim, receio de sonho. E riu-se, acarinhando o brao da me. O mdico estranhou o mido. Custava a crer, visto a idade. Mas o moo, voz tmida, foi-se anunciando. Que ele, modstia apartada, inventara sonhos desses que j nem h, s no antigamente, coisa de bradar terra. Exemplificaria, para melhor crena. Mas nem chegou a comear. O doutor o interrompeu: No tenho tempo, moo, isto aqui no nenhuma clinica psiquitrica.A me, em desespero, pediu clemncia. O doutor que desse ao menos uma vista de olhos pelo caderninho dos versos. A ver se ali catava o motivo de to grave distrbio. Contrafeito, o mdico aceitou e guardou o manuscrito na gaveta. A me que viesse na prxima semana. E trouxesse o paciente. Na semana seguinte, foram os ltimos a ser atendi dos. O mdico, sisudo, taciturneou: o mido no teria, por acaso, mais versos? O menino no entendeu. No continuas a escrever? Isto que fao no escrever, doutor. Estou, sim, a viver. Tenho este pedao de vida disse, apontando um novo caderninho quase a meio.O mdico chamou a me, parte. Que aquilo era mais grave do que se poderia pensar. O menino carecia de internamento urgente. No temos dinheiro fungou a me entre soluos. No importa respondeu o doutor.Que ele mesmo assumiria as despesas. E que seria ali mesmo, na sua clnica, que o menino seria sujeito a devido tratamento. E assim se procedeu. Hoje quem visita o consultrio raramente encontra o mdico. Manhs e tardes ele se senta num recanto do quarto onde est internado o menino. Quem passa pode escutar a voz pausada do filho do mecnico que vai lendo, verso a verso, o seu prprio corao. E o mdico, abreviando silncios: No pare, meu filho. Continue lendo...

Grupo I Compreenso do texto1. Dona Serafina, a me do menino, foi incisiva ao apresentar ao mdico o mal de que o filho padecia ele escreve versos!...1.1. Que sentimento(s) poder ter revelado na entoao com que proferiu esta frase?Esta frase ter sido proferida com um sentimento de preocupao, mas tambm com um misto de zanga e de perplexidade.

1.2. O mdico mostrou-se sensvel a qualquer sentimento que tenha captado nas palavras da senhora? Justifica a tua resposta.O mdico no mostrou qualquer sentimento. Perguntou simplesmente se havia antecedentes na famlia, como se o problema/facto descrito pela me fosse uma doena como qualquer outra.

1.3. Na tua opinio, o que torna esta consulta urgente e, talvez, decisiva para o futuro do doente?Se o rapaz no se curasse da estranha mania de escrever versos, ou seja, no acabasse com aquela vergonha familiar, deixaria de frequentar a escola, uma vez que a culpa daquela mariquice intelectual s podia ser da escola, dos estudos e das ms companhias.

2. No conflito que se gerou no seio familiar da Dona Serafina, ela que assume o papel mais delicado e mais difcil, explica porqu.A me tem um papel mais difcil e delicado, porque tem de convencer o pai e o filho, conciliar vontades que se opem. Se, por um lado, lhe parece importante que o filho continue a estudar e, possivelmente, at nem veja os versos que o filho escreve como um problema grave, apenas como um comportamento estranho, por outro lado, admite que o pai tem alguma razo para estar preocupado e no pode ir contra a sua autoridade. A me sente-se impotente para resolver o problema. Faltam-lhe argumentos para convencer quer o pai, que como chefe da famlia tem de ser respeitado, quer o filho, cujo futuro a preocupa e a quem quer proteger.

3. O pai logo sentenciara - l. 19O pai, conformado, exigiu l. 243.1. Que funo desempenha o pai no ncleo familiar? Justifica a tua resposta.O pai o chefe de famlia. Ele quem determina as normas de conduta e zela para que no haja desvios que comprometam o equilbrio familiar.

4. Di-me a vida, doutor. l. 37Perante esta afirmao e atendendo aos remdios que encontra para avaliar a dor, explica qual o problema do menino que escrevia versos.O problema do menino que escreve versos a sua capacidade de sonhar. No a rotina do dia a dia que o faz viver, o sonho. Os seus versos traduzem esse sonho, a fuga a uma vida que, ao que parece, no o satisfaz.

5. Ao longo do conto o mdico vai mudando a sua atitude em relao ao mido.5.1. Quando manifesta, pela primeira vez, interesse pelo menino que escrevia versos?O mdico comea a manifestar interesse pelo menino quando, em resposta simples pergunta que lhe dirige: Di-te alguma coisa?, o rapaz o surpreende dizendo: Di-me a vida.

5.2. Revela, logo, abertamente, esse interesse pelos versos/sonhos do rapaz? Justifica.O mdico ficou surpreendido com a resposta e posterior conversa com o rapaz, mas no manifestou interesse pelos versos. S por insistncia da me guardou o caderno dos sonhos numa gaveta, deixando para mais tarde a sua leitura.

5.3. Considerando a leitura que fizeste do conto, qual a interpretao que fazes do desenlace do conto.Resposta livre.Sugesto: Sentiria o mdico a mesma necessidade, que no podia revelar, sob pena de perder a credibilidade, de sonhar, de fugir a uma realidade pouco aliciante.

6. O narrador situa-nos num tempo que comea com a consulta. No entanto, o desenrolar da narrativa remete-nos para um tempo anterior. Identifica-o e descreve-o.O desenrolar da narrativa remete-nos para um tempo passado, desde o incio da relao entre os pais, da sua vida em conjunto, o momento da conceo deste menino. Remete-nos ainda para a altura em que os primeiros versos do menino comeam a surgir pela casa, rabiscados em pedaos de papel.

7. Ao longo do conto, direta ou indiretamente, as personagens vo-se revelando, dando-nos uma imagem de si prprias.7.1. Caracteriza cada um dos elementos da famlia, constituda pela Dona Serafina, o marido e o filho que escrevia versos.Pai: rude, conceito de vida intimamente relacionado com a sua baixa instruo e meio social em que se insere:Me: mulher sensata, que procura o equilbrio entre os motivos do pai e do filho, bem como perceber o que se passa com a criana.Filho: sonhador, com grande capacidade de imaginao; sensvel, que procura no sonho a vida.

Grupo II - Funcionamento da Lngua

1. Contei-lhe tudo tintim por tintim.Gostei imenso de ler este Tintim.O mdico destrocou-se em tintins. l. 61.1. Explica o sentido da palavra tintim em cada uma das frases.Na primeira frase a expresso tintim tem o significado de contar com todos os pormenores. Na segunda frase refere-se a uma personagem de BD. A terceira e ltima frase traduz a ideia de fazer vrias perguntas para obter as respostas quela pergunta que a senhora no entendera.

2. O mdico, sisudo, taciturneou. l. 562.1. Explica como se formou o verbo taciturnear e qual o sentido que pretendo transmitir com a sua utilizao/criao. O verbo taciturnear formou-se por sufixao a partir da palavra base taciturno e pretende pr em evidncia a forma sombria como o mdico falou.

3. Serafina voltou carga e desferiu uma chapada na nuca do filho. No lembrava o que o pai lhe dissera sobre os sonhos? Que fosse sonhar longe! Mas o filho reagiu: longe, porqu? Perto, o sonho aleijaria algum? O pai teria, sim, receio de sonho. E riu-se, acarinhando o brao da me.3.1. Reescreve excerto acima apresentado passando-o para o discurso direto.Serafina voltou carga e desferiu uma chapada na nuca do filho.- No te lembras do que o teu pai disse sobre os sonhos? Que fosses sonhar longe!Mas o filho reagiu: - Longe, porqu? Perto, o sonho aleija algum? O pai ter, sim, receio do sonho?E riu-se, acarinhando o brao da me.

4. Identifica os processos irregulares de formao das palavras/expresses que se seguem:a) UEFASigla f) GALPAcrnimo

b) PNLSiglag) print

c) pen h) MP3Sigla

d) DVDSiglai) TVISigla

e) Metroj) SICAcrnimo

5. Coloca frente de cada palavra, o nmero correspondente do processo de formao:1) Prefixao 2) Sufixao 3) Prefixao e sufixao 4) Parassntese

a) Refazer1e) Apressadamente 3i) Envelhecer4

b) Descontinuadamente3f) Depressinha 2j) Velhinho 2

c) Ensonado 4g) Avizinhar4k) Entardecer4

d) Recontar3h) Recompor3l) Devagarinho2

6. L o excerto a seguir transcrito e reescreve-o acrescentando a pontuao que consideres mais adequada:H quinze anos que no tenho quinze anos e no tenho pena nenhuma uma idade para esquecer mas inesquecvel trataram-me muito mal qualquer pessoa muito mal tratada se a apanharem com quinze anos a idade em que parece haver qualquer coisa contra ns o que concretamente o mundo inteiro ou melhor o mundo inteiro com a insidiosa* colaborao dos pais.Miguel Esteves Cardoso, Os meus problemas*insidiosa traioeira H quinze anos que no tenho quinze anos e no tenho pena nenhuma. uma idade para esquecer, mas inesquecvel. Trataram-me muito mal. Qualquer pessoa muito mal tratada se a apanharem com quinze anos. a idade em que parece haver qualquer coisa contra ns. O que concretamente? o mundo inteiro. Ou melhor o mundo inteiro com a insidiosa* colaborao dos pais.

7. Tendo em conta o Acordo Ortogrfico, reescreve a carta que a seguir se apresente, procedendo s alteraes necessrias.

Lisboa, 22 de Janeiro de 2010Querida Tia,Escrevolhe este postal para lhe dar os parabns. Espero que esteja tudo bem por a. No lhe dizia nada desde o Natal uma vergonha! A minisaia que me ofereceu tem feito um sucesso enorme. Sempre que a vem, as minhas amigas ficam verdes de inveja!J comecei as actividades extracurriculares aqui na escola. S descanso ao fimdesemana!Agora tenho como objectivo concentrarme nos trabalhos que tenho de fazer. So imensos, mas hde correr tudo bem!Muitos beijinhos,Sofia

Lisboa, 22 de janeiro de 2010

Querida Tia,Escrevolhe este postal para lhe dar os parabns. Espero que esteja tudo bem por a. No lhe dizia nada desde o Natal uma vergonha! A minissaia que me ofereceu tem feito um sucesso enorme. Sempre que a veem, as minhas amigas ficam verdes de inveja!J comecei as atividades extracurriculares aqui na escola. S descanso ao fim de semana!Agora tenho como objetivo concentrarme nos trabalhos que tenho de fazer. So imensos, mas h de correr tudo bem!Muitos beijinhos,Sofia

Grupo III Produo Escrita Poema

Em todas as ruas te encontro em todas as ruas te perco conheo to bem o teu corpo sonhei tanto a tua figura que de olhos fechados que eu ando a limitar a tua altura e bebo a gua e sorvo o ar que te atravessou a cintura tanto to perto to real que o meu corpo se transfigura e toca o seu prprio elemento num corpo que j no seu num rio que desapareceu onde um brao teu me procura

Em todas as ruas te encontro em todas as ruas te perco

Mrio Cesariny, in Pena Capital, 1957

Aps uma cuidada e atenta leitura do poema de Mrio Cesariny de Vasconcelos, intitulado Poema, redige um texto, tendo por base a ideia/mensagem introduzida pelo mesmo.O teu texto deve ser: Criativo; Cuidado; Ter em ateno a articulao das ideias, construo frsica e pontuao.Aps a sua redao, deves proceder a uma leitura/reviso final.

Cotao do teste de avaliao:Percentagem 100%Cotao 20 Valores

Grupo I Compreenso do texto1.1.1240%

8 valores

1.22

1.33

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3.3.14

4.5

5.5.12

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5.32

6.5

7.7.19

Grupo II Funcionamento da Lngua1.1.1340%

8 valores

2.2.13

3.3.18

4.8

5.6

6.5

7.10

Grupo III Produo escrita2020%4 valores

Totais:100