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  Os desafios da Prática Arquivística em Instituições Públicas Adriana Viegas de Freitas Graduada em Arquivologia  UEPB Especialista latu sensu em Gestão de Documentos e Informação   (Faculdade Integrada) Arquivista da UEPB No complexo panorama da atualidade, marcado pela evolução da Ciência e das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC), o fenômeno da informação aparece como o fundamento para o sucesso de toda e qualquer estratégia de desenvolvimento. Sendo assim, a informação configura-se como um recurso vital para o cotidiano das pessoas e torna-se essencial à vida da sociedade e das organizações. Diante disso, os profissionais que atuam diretamente no trabalho de organização, tratamento, guarda e conservação dessas informações, passam a ter um papel de destaque frente a essa nova configuração da sociedade, denominada então, Sociedade da Informação. As organizações públicas e privadas, mais do que nunca, se veem na necessidade urgente de ter a presença desses profissionais, uma vez que, são eles os responsáveis por tratar, organizar, dar acesso, enfim, por gerir todo o processo informacional. Atualmente, com a cobrança e exigência cada vez maior, por parte do governo e da sociedade, de garantir o acesso às informações governamentais dos arquivos públicos como meio de efetivar o mecanismo de transparência pública, e o cumprimento do dispositivo constitucional de que todo cidadão tem direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, os profissionais da informação, em especial, o Arquivista, se vê diante de um mar de novos desafios. A informação seja ela de caráter público ou privado, antes de tudo precisa estar organizada para se tornar acessível. É imprescindível a implantação de um programa de Gestão Documental nos arquivos, para que de fato o arquivista tenha mecanismos para disponibilizar a informação governamental. No entanto, as repartições públicas em sua maioria, ainda não se desprenderam de suas culturas conservadoras, em que os servidores responsáveis pela produção e tramitação das informações governamentais não aceitam as mudanças trazidas pelas novas tecnologias e pela nova prática arquivística, que consiste não mais em apenas guardar a informação, mas em organizar, dar acesso e democratizá-la. Sendo assim, o arquivista contemporâneo na tentativa de fazer valer os princípios e a prática arquivística em seu ambiente de trabalho e na busca de atender aos dispositivos legais da garantia de acesso à informação e da preservação do patrimônio documental precisa adotar meios que levem a administração pública a reconhecer a necessidade e a importância da gestão documental como instrumento imprescindível para a garantia de acesso e preservação da memória de nosso país. Enquanto o arquivista não for visto pelos gestores e pelas autoridades como profissional responsável e dotado de autonomia para gerenciar todo o processo documental desde a sua produção até sua destinação final, esse não passará de mero reprodutor técnico das atividades rotineiras impostas pelos servidores conservadores da administração pública. E o direito de “acesso à informação pública” poderá ter a sua efetividade comprometida. ................................................................................................... A situação Arquivística no estado do Pará: o contraste entre a função e a realidade.  Leonardo Torii Mestrando em História Social da Amazônia/UFPA Técnico em Gestão Cultural do Arquivo Público do Estado do Pará Especialista em Patrimônio Histórico e Cultural do Estado do Pará   UFPA Apesar de o Brasil possuir um debate extremamente profícuo acerca as questões arquivísticas e ser dotado de um aparato de atos normativos, a Lei N° 8.159 e diversas resoluções do CONARQ, nota-se que a situação dos arquivos no Estado do Pará não acompanhou todas as discussões e medidas legais propostas. Dentro do Estado não há políticas estadual e municipal para a área de arquivos, e somente quatro dos cento e quarenta e quatro municípios possuem arquivos públicos municipais. No nível do poder executivo do estado, apesar do Pará possuir um sistema estadual de arquivos o mesmo nunca foi regulamentado. 7ª EDIÇÃO  MAIO DE 2015 Pag.1

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Os desafios da Prática Arquivística em Instituições Públicas

Adriana Viegas de FreitasGraduada em Arquivologia – UEPBEspecialista latu sensu em Gestão deDocumentos e Informação  –  (FaculdadeIntegrada)Arquivista da UEPB 

No complexo panorama da atualidade, marcado pelaevolução da Ciência e das Tecnologias Digitais da Informaçãoe Comunicação (TDIC), o fenômeno da informação aparececomo o fundamento para o sucesso de toda e qualquerestratégia de desenvolvimento. Sendo assim, a informaçãoconfigura-se como um recurso vital para o cotidiano daspessoas e torna-se essencial à vida da sociedade e dasorganizações.

Diante disso, os profissionais que atuam diretamenteno trabalho de organização, tratamento, guarda econservação dessas informações, passam a ter um papel dedestaque frente a essa nova configuração da sociedade,denominada então, Sociedade da Informação. Asorganizações públicas e privadas, mais do que nunca, seveem na necessidade urgente de ter a presença dessesprofissionais, uma vez que, são eles os responsáveis portratar, organizar, dar acesso, enfim, por gerir todo o processoinformacional.

Atualmente, com a cobrança e exigência cada vezmaior, por parte do governo e da sociedade, de garantir oacesso às informações governamentais dos arquivos públicoscomo meio de efetivar o mecanismo de transparênciapública, e o cumprimento do dispositivo constitucional deque todo cidadão tem direito a receber dos órgãos públicosinformações de seu interesse particular, os profissionais da

informação, em especial, o Arquivista, se vê diante de ummar de novos desafios.

A informação seja ela de caráter público ou privado,antes de tudo precisa estar organizada para se tornaracessível. É imprescindível a implantação de um programa deGestão Documental nos arquivos, para que de fato oarquivista tenha mecanismos para disponibilizar a informaçãogovernamental. No entanto, as repartições públicas em suamaioria, ainda não se desprenderam de suas culturasconservadoras, em que os servidores responsáveis pelaprodução e tramitação das informações governamentais nãoaceitam as mudanças trazidas pelas novas tecnologias e pela

nova prática arquivística, que consiste não mais em apenas

guardar a informação, mas em organizar, dar acesso edemocratizá-la.

Sendo assim, o arquivista contemporâneo natentativa de fazer valer os princípios e a prática arquivísticaem seu ambiente de trabalho e na busca de atender aosdispositivos legais da garantia de acesso à informação e dapreservação do patrimônio documental precisa adotar meios

que levem a administração pública a reconhecer anecessidade e a importância da gestão documental comoinstrumento imprescindível para a garantia de acesso epreservação da memória de nosso país.

Enquanto o arquivista não for visto pelos gestores epelas autoridades como profissional responsável e dotado deautonomia para gerenciar todo o processo documental desdea sua produção até sua destinação final, esse não passará demero reprodutor técnico das atividades rotineiras impostaspelos servidores conservadores da administração pública. E odireito de “acesso à informação pública” poderá ter a suaefetividade comprometida.

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A situação Arquivística no estado do Pará: ocontraste entre a função e a realidade. 

Leonardo ToriiMestrando em História Social da Amazônia/UFPATécnico em Gestão Cultural do Arquivo Públicodo Estado do ParáEspecialista em Patrimônio Histórico e Culturaldo Estado do Pará – UFPA

Apesar de o Brasil possuir um debate extremamenteprofícuo acerca as questões arquivísticas e ser dotado de umaparato de atos normativos, a Lei N° 8.159 e diversasresoluções do CONARQ, nota-se que a situação dos arquivosno Estado do Pará não acompanhou todas as discussões emedidas legais propostas.

Dentro do Estado não há políticas estadual emunicipal para a área de arquivos, e somente quatro doscento e quarenta e quatro municípios possuem arquivospúblicos municipais. No nível do poder executivo do estado,apesar do Pará possuir um sistema estadual de arquivos o

mesmo nunca foi regulamentado.

7ª EDIÇÃO – MAIO DE 2015

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7/18/2019 7 Edição - Jornal ProArquivos

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A maior instituição arquivística do estado é o Arquivo Públicodo Estado do Pará, fundado em 1901. Porém este arquivonão consegue cumprir com as suas funções institucionais emetodológicas de arquivo público. Atualmente, o mesmoestá atrelado à Secretaria de Estado de Cultura, sendo quesua situação no organograma não permite que ele possa teruma autonomia administrativa e financeira. Além disso, aprópria tradição construída ao redor do arquivo público nãoproporciona maiores avanços. Desde a sua criação, orecolhimento de documentos de “caráter histórico” dá-secomo sua principal atividade, o que infelizmente, inviabiliza otrato com os documentos de valores administrativos.

Dentro da esfera estadual não há um Plano deClassificação de Documentos e de uma Tabela deTemporalidade. Isso tem gerado grandes prejuízos àadministração, como arquivos intermediários sem umcontrole da entrada e saída de documentos, má conservaçãodo suporte de papel, falta de espaço físico adequado. Ouseja, não há uma gestão documental implantada dentro dosgovernos estadual e municipal. E com isso todas asconsequências negativas são bastante visíveis.

Nos arquivos permanentes sem uma gestão dedocumentos sistematizada e implementada, todas as funçõese atividades peculiares a eles ficam comprometidas, hajavista, a situação de desorganização dos arquivosintermediários, assim como o grande acervo desnecessárioque é transferido para os arquivos definitivos. Por contadisso, não há recolhimento para o Arquivo Público do Estadodo Pará desde a década de 1980, pela falta de espaço físicono prédio.

Espera-se que essa situação possa mudar com

efetivação do curso de Arquivologia na Universidade Federaldo Pará, que funciona desde 2012, com a contratação deuma mão de obra capacitada para essa área.

Como está exposto, são vários os desafios para aárea da Arquivologia na região amazônica e principalmentepara o Estado do Pará: o clima, a umidade, odesconhecimento técnico, o descompromisso de algunsgestores públicos, a falta de recursos financeiros, entreoutros, que devem ser superados e um olhar especial para osarquivos por parte das autoridades competentes....................................................................................................

A Paleografia na formação do Arquivista 

Débora Mônica Cardoso MonteiroArquivista – SRTE/BA nº 0277Bacharel no Curso de arquivologia da UFBA

Paleografia! “É a arte de ler documentos”. Documentos antigos e atuais. Tanto faz!E quais são então as finalidades da Paleografia para aformação do Arquivista?Que grande mestria!

Na Idade Média, começaram a registrar e interpretardocumentos antigos,Mas como as pessoas poderiam entender tudo isso?Ora, ora, ora, que castigo!Então a Paleografia no exercício das suas atividades viroumotivo de reflexão.Pensaram logo em produzir um manual de orientação.

Como toda prática se supera em conhecimento, quandocomeça a ser pensada,Viram-se diante de um dilema a ser resolvidoReconheceram então que precisavam de “ferramentasoperativas” (improviso?)NÃO! Ferramentas essas, indispensáveis para o uso dainterpretação dos documentosPorém, o historiador necessitava de um auxiliar em vistaE olha só quem surgiu no cenário para ajudá-lo!Pois é, isso mesmo! O ARQUIVISTA!

Vejamos agora de fato e de verdadeQuais são as verdadeiras finalidadesDa Paleografia na formação dos arquivistasCom o auxílio dos nossos analistas.Paleografia... Diplomática... HistóriaSão elas as auxiliares da Arquivologia?Ou seria o contrário? Para a nossa alegria!

Autenticidade, legalidade e identidadePapel importante do arquivista para a sociedadeAjuda a distinguir a época e a origem do documentoA decifrar e a interpretar o que está escrito,

Afirmando assim, o nosso compromisso.

Hoje, com a era da Ciência da Informação,A Paleografia ainda continua a ser essencial ao arquivista nasua formaçãoComo ferramenta para a compreensão do processo geradorda informação.Assim também, ela, a Paleografia, ganhou nova tarefa e umanova direção.

Paleografia! Hoje você não é tão somente uma auxiliadora naleitura e interpretação de documentos,

Paleografia! Hoje você é uma ferramenta importante na erada informaçãoA qual faz do Arquivista um agente transmissor  –  na suaformação!...................................................................................................

JORNAL PROARQUIVOS – COMPARTILHANDO SABERES COM DINAMISMO E CREDIBILIDADE02

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7/18/2019 7 Edição - Jornal ProArquivos

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Empreender, concurso ou magistério?

João Paulo Silva de SouzaPresidente do CAARQ/UFPBCoordenador Geral da ENEA

Ao longo de alguns anos e períodos vividos na UFPBconheci várias pessoas que ingressaram no curso deArquivologia UFPB com intuito e histórias diferentes, algunscom o interesse voltado à esfera pública e outros aoempreendedorismo.

Entre estas visões estive a refletir: Empreender,concurso ou magistério?

No atual cenário de nosso país, enfrentamos uma“pequena” crise financeira, porém o mercado para concursopúblico na área de arquivologia vem correspondendo de

maneira significativa mesmo com vagas ainda nãosatisfatórias à demanda da área e, paralelo a isso, o númerode empreendedores vem crescendo consideravelmente.Conheço e converso com alguns empreendedores da área deArquivologia que se mostram satisfeitos com o crescimentode seu negócio e relatam que já estão gerando outras frentesde trabalhos para Arquivistas. Nesse mesmo viés deconversa, procurei alguns outros que prestaram concursopúblico e já estão exercendo o cargo de técnico em Arquivo,Arquivista ou Professor, e estes me relataram que serealizaram na função ao qual se submeteram.

Não pretendo me alongar neste diálogo, deixo entãoaqui a pergunta reflexão que não quer calar: em que nichovocê pretende atuar?

Independentemente da sua escolha, o fato é que omercado é muito amplo e tende a se desenvolver, trazendograndes possibilidades ao Arquivista que, para se inserir,basta ter competência e se capacitar continuamente, e osucesso chegará.

COORDENAÇÃO E EDIÇÃOAna Clara Lacerda

Flávia de Araújo Telmo

REVISÃO EDITORIALIsmaelly BatistaSonia Scoralick

Yasmin Brito de L. Vieira

COLUNISTAJoão Paulo Souza

DIAGRAMAÇÃOEmerson SilvaFrançois Braga

COLABORADORAAlzira Karla

CONTATO [email protected]

 jornalproarquivos.wordpress.comfacebook.com/jornalproarquivos

JORNAL PROARQUIVOS – COMPARTILHANDO SABERES COM DINAMISMO E CREDIBILIDADE03

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CAARQ/UFPB – PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS

Participamos da XI SEMEP - Seminário e Exposição sobre Profissões no mezanino do Espaço Cultural, uma ação promovida peloscolégios: N.S. de Lourdes, Instituto João XXIII e Santa Dorotéia, que teve o intuito de orientar os alunos na escolha de sua busca

profissional vislumbrando uma carreira de sucesso.