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1 Resumo do Canto V O canto anterior terminou com o Velho do Restelo a amaldiçoar a expansão para o Oriente, o que desde logo sugere ao leitor que a viagem não será fácil. Ora, terminada a narração da História de Portugal, Vasco da Gama vai contar ao rei de Melinde como decorreu a sua viagem de Lisboa até ali. Mais uma vez, realidade e fantasia se misturam, pois a par da indicação do percurso geográfico efectuado aparecem episódios fantásticos. Nesta etapa da viagem, os navegadores enfrentam inúmeros perigos que reforçam a ousadia dos Portugueses. Os fenómenos atmosféricos como o Fogo de Santelmo e a Tromba Marítima geraram nos navegadores um grande receio, mas que estes conseguiram superar. Surge-nos, mais adiante, um episódio cómico. Fernão Veloso, um marinheiro fanfarrão resolve arriscar-se em terra, mas logo se arrepende e volta para o barco perseguido pelos africanos. Um ponto crítico desta etapa da viagem era, sem dúvida, a passagem do Cabo das Tormentas, famoso pelos inúmeros naufrágios aí ocorridos. O episódio do Gigante Adamastor representa de um modo simbólico a desproporção de forças: por um lado, a fragilidade das naus e dos homens a bordo, por outro, a fúria do mar, magnificamente personificada por este gigante aterrador. Mas, os problemas dos Portugueses não terminariam aqui, ultrapassadas as dificuldades de navegação, surge uma doença mortal: o Escorbuto, provocado pela falta de ingestão de alimentos frescos. Por fim, Vasco da Gama termina a sua longa narração iniciada no canto III. O Gigante Adamastor Episódio narrado por Vasco da Gama ao rei de Melinde na 1.ª pessoa Passaram-se cinco dias de navegação calma quando, de repente, numa noite, uma nuvem escura nos aparece. Vinha tão carregada, que ficámos cheios de medo. Tanto, que pedi ajuda a Deus. Mal começara a rezar, quando se nos apresenta a nossos olhos uma figura enorme, gigantesca e horrenda. Tinha o rosto carregado, a barba esquálida, os olhos encovados, a cor terrena e pálida; toda a postura era medonha e má. Tinha os cabelos cheios de terra e crespos; os dentes eram amarelos e a boca negra. Além disso, falou-nos em tom de voz horrendo e grosso/que pareceu sair do mar profundo. Por isso ficámos, eu e todos, arrepiados. E disse em tom irado: - Ó gente ousada, já que, ultrapassando os limites proibidos, ousas navegar nos meus mares, que nunca foram sulcados por nenhum humano, e vens ver os segredos

7 - O Adamastor

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O canto anterior terminou com o Velho do Restelo a amaldiçoar a expansão para o Oriente, o que desde logo sugere ao leitor que a viagem não será fácil. Ora, terminada a narração da História de Portugal, Vasco da Gama vai contar ao rei de Melinde como decorreu a sua viagem de Lisboa até ali.

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Resumo do Canto V

O canto anterior terminou com o Velho do Restelo a amaldiçoar a expansão para

o Oriente, o que desde logo sugere ao leitor que a viagem não será fácil.

Ora, terminada a narração da História de Portugal, Vasco da Gama vai contar ao

rei de Melinde como decorreu a sua viagem de Lisboa até ali.

Mais uma vez, realidade e fantasia se misturam, pois a par da indicação do

percurso geográfico efectuado aparecem episódios fantásticos.

Nesta etapa da viagem, os navegadores enfrentam inúmeros perigos que

reforçam a ousadia dos Portugueses.

Os fenómenos atmosféricos como o Fogo de Santelmo e a Tromba Marítima

geraram nos navegadores um grande receio, mas que estes conseguiram superar.

Surge-nos, mais adiante, um episódio cómico. Fernão Veloso, um marinheiro

fanfarrão resolve arriscar-se em terra, mas logo se arrepende e volta para o barco

perseguido pelos africanos.

Um ponto crítico desta etapa da viagem era, sem dúvida, a passagem do Cabo

das Tormentas, famoso pelos inúmeros naufrágios aí ocorridos. O episódio do Gigante

Adamastor representa de um modo simbólico a desproporção de forças: por um lado, a

fragilidade das naus e dos homens a bordo, por outro, a fúria do mar, magnificamente

personificada por este gigante aterrador.

Mas, os problemas dos Portugueses não terminariam aqui, ultrapassadas as

dificuldades de navegação, surge uma doença mortal: o Escorbuto, provocado pela falta

de ingestão de alimentos frescos.

Por fim, Vasco da Gama termina a sua longa narração iniciada no canto III.

O Gigante Adamastor

Episódio narrado por Vasco da Gama ao rei de Melinde na 1.ª pessoa

Passaram-se cinco dias de navegação calma

quando, de repente, numa noite, uma nuvem escura

nos aparece. Vinha tão carregada, que ficámos

cheios de medo. Tanto, que pedi ajuda a Deus. Mal

começara a rezar, quando se nos apresenta a nossos

olhos uma figura enorme, gigantesca e horrenda.

Tinha o rosto carregado, a barba esquálida, os olhos

encovados, a cor terrena e pálida; toda a postura era

medonha e má. Tinha os cabelos cheios de terra e

crespos; os dentes eram amarelos e a boca negra.

Além disso, falou-nos em tom de voz horrendo e

grosso/que pareceu sair do mar profundo. Por isso

ficámos, eu e todos, arrepiados.

E disse em tom irado:

- Ó gente ousada, já que, ultrapassando os limites proibidos, ousas navegar nos

meus mares, que nunca foram sulcados por nenhum humano, e vens ver os segredos

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escondidos da natureza e do mar, o que é vedado aos humanos, ouve os castigos que

reservo para o vosso atrevimento. Sabe que, daqui para a frente, todas as naus que

fizerem esta viagem me terão como inimigo e eu farei com que haja naufrágios,

perdições de toda a sorte/que o menor mal de todos seja a morte.

Será o caso da primeira armada que por aqui passar depois da vossa frota (a

armada de Pedro Álvares Cabral). Hei-de vingar-me de Bartolomeu Dias, que foi quem

primeiro me descobriu, fazendo-o naufragar aqui mesmo. O mesmo vai suceder a Dom

Francisco de Almeida, primeiro vice-rei da Índia, que aqui morrerá, no seu regresso à

pátria. E será o caso de Manuel de Sousa Sepúlveda, que naufragará por estes sítios,

com sua mulher amantíssima e com os filhos. Antes de morrerem abraçados, verão

morrer com grande sofrimento os seus filhos, gerados de tanto amor, e serão sujeitos a

maus-tratos pelos negros indígenas.

Mais ia a dizer o monstro horrendo, quando, de pé, o interpelei, perguntando,

sem mostrar receio:

- Quem és tu? que esse estupendo corpo, certo me tem maravilhado!

E então algo de estranho se passou. Dando um espantoso e grande brado,

respondeu-me, com voz amarga, como se a pergunta o tivesse magoado:

- Eu sou o Cabo que vós chamais de Tormentório ou das Tormentas, desco-

nhecido dos grandes geógrafos antigos. Aqui termino toda a costa africana. Fui um dos

Gigantes que defrontaram os deuses do Olimpo, em guerra sangrenta. O meu nome é

Adamastor e andei na luta contra o meu deus: Júpiter e, depois tornei-me capitão do

mar. No entanto, apaixonei-me por Tétis, a princesa das águas, e por ela desprezei

todas as restantes deusas. Aconteceu um dia em que a vi nua na praia, acompanhada das

Nereidas. A partir daí senti-me irremediavelmente preso. Tendo consciência de que

seria difícil alcançá-la, dado que sou muito feio, decidi tomá-la pela força das armas e

fiz saber isto a Dóris, sua mãe, para que ela pudesse convencê-la a aceitar-me. Dóris foi

então falar com ela e ela respondeu-lhe: - Qual será o amor bastante de ninfa, que

sustente o de um Gigante? No entanto, eu vou encontrar uma maneira de evitar a

guerra, sem ficar prejudicada ou desonrada.

Fiquei convencido e, ingenuamente, desisti da guerra. Numa noite, prometida

por Dóris, aparece-me o gesto lindo da branca Tétis, única, despida. Corro como louco

para ela, procurando abraçar aquela que era vida deste corpo e beijando-lhe as faces e

os cabelos.

Mas, eu nem sei como contá-lo, achei-me abraçado, não à minha amada, mas a

um duro monte, frente a um penedo, e eu próprio transformado em penedo!

- Ó Ninfa, a mais formosa do Oceano,/já que minha presença não te

agrada,/que te custava ter-me neste engano,/ou fosse monte, nuvem, sonho, ou

nada?

Por esta altura já todos os meus irmãos tinham sido

vencidos e transformados em montes e também eu comecei a sentir

que me transformava neste Cabo.

Mas o que mais me dói ainda é que, por mais dobradas

mágoas, /me anda Tétis cercando destas águas.

Assim contava o Gigante e, chorando, afastou-se de nós. Eu

então fiz uma prece a Deus, pedindo-lhe que as profecias do

Adamastor se não viessem a verificar.

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Síntese da 1.ª parte (est. 37 – 38)

Vasco da Gama narra ao rei de Melinde que, depois de ver uma nuvem escura e

carregada de tal forma que causava terror, perguntara a Deus que ameaça ou que

segredo seria aquele.

1. Assinala com V (verdadeira) ou F (falsa) as seguintes afirmações:

a) Tinham passado cinco dias de navegação com ventos favoráveis.

b) Numa noite em que estavam de vigia à proa, viram formar-se sobre as suas cabeças

uma nuvem que escurecia os céus.

c) A nuvem era tão escura e carregada que inspirava um grande fascínio.

d) Ouvia-se ao longe o estrondo das vagas contra as naus.

e) Meu Deus - exclamou Vasco da Gama - que ameaça ou que segredo este mar nos

mostra, que parece ser coisa pior que um temporal?

Síntese da 2.ª parte (est. 39 – 41)

Não tinha terminado as suas exclamações, quando já uma figura gigantesca se

erguia. O aspecto era medonho e temível, era tão gigantesco que poderia ser um

segundo colosso de Rodes, uma das sete maravilhas do mundo. Os navegadores

arrepiaram-se de medo só de o ouvir e ver.

As sete maravilhas da Antiguidade

O Colosso de Rodes

Estátua de bronze de Apolo erigida na entrada do porto em

Rodes em 292-280 a.C. Diz-se ter tido cerca de 30 metros de

altura. Foi destruído em 224 a.C. devido a um sismo.

O Templo de

Artemisa em Éfaso

As sete Artemisa, na

mitologia grega, é a

deusa da castidade. Irmã

gémea de Apolo, era

adorada em centros de culto espalhados um pouco por

todo o mundo grego, sendo um dos maiores o que se

situava em Éfaso.

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O Farol de Alexandria

Farol de grandes dimensões (120 m de

altura), construído à entrada do porto de

Alexandria, no século III a.C., pelos reis

macedónios Ptolomeu I e Ptolomeu II. Foi

totalmente destruído pelos sucessivos

sismos que o atingiram.

A grande Pirâmide de Gizé

Situa-se

no Egipto,

é a única

maravilha

do Mundo

Antigo que ainda existe. Tem mais de 5 milhões de pedras

com mais de duas toneladas e meia cada uma.

O Mausoléu de Halicarnasso

Em Halicarnasso, actual Bodrum (Turquia) existia o túmulo de

Mausolo, construído cerca de 350 a.C. pela rainha viúva Artemísia.

Feito em mármore da melhor qualidade, foi esculpido com figuras de

homens e cavalos. Este túmulo impressionava pelas suas dimensões

bastante grandes. Este monumento foi destruído por representar a arte

pagã.

A estátua de Zeus em Olímpia

"Em sua mão direita uma figura de Vitória feita de marfim e

ouro. Em sua mão esquerda, seu ceptro embutido com todos os metais, e

uma águia empoleirada no ceptro. As sandálias de Zeus são feitas de

ouro, como o seu manto." (Pausanias, 2 d.C). Esta estátua encontrava-se

no Parthenon de Atenas, media 12 m de altura e era revestida a ouro. Foi destruída por um

terramoto no ano 170 a.C.

Os Jardins Suspensos da Babilónia Segundo a lenda, o rei Nabucodonosor construiu os jardins no

séc. VI a.C. para uma das suas esposas, saudosa da sua terra natal, nas

montanhas da Pérsia. Segundo Diodorus siculus (séc I a.C.), " a

entrada para os jardins estava inclinada como uma ladeira, e as várias

partes da estrutura cresciam de camada em camada...sobre tudo isto, a

terra foi empilhada...foram expressamente plantadas árvores de todas

as espécies que, por seus grandes tamanhos e outros fascínios, davam

prazer ao proprietário...

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1. Relê com atenção as estrofes 39 e 40, que se seguem:

"Não acabava, quando uma figura “Tão grande era de membros, que bem posso

Se nos mostra no ar, robusta e válida, Certificar-te que este era o segundo

De disforme e grandíssima estatura, De Rodes estranhíssimo Colosso,

O rosto carregado, a barba esquálida, Que um dos sete milagres foi do mundo.

Os olhos encovados, e a postura Cum tom de voz nos fala, horrendo e grosso

Medonha e má, e a cor terrena e pálida, Que pareceu sais do mar profundo.

Cheios de terra e crespos os cabelos, Arrepiam-se as carnes e o cabelo,

A boca negra, os dentes amarelos. A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo!

1.1. Completa o quadro com os elementos das estrofes transcritas:

Descrição do Adamastor Elementos observados Características

figura robusta e ________________

_________________ disforme e _____________________

_________________ carregado

barba ____________________

olhos ____________________

______________________ medonha e __________

cor __________________ e pálida

cabelos cheios de terra e _________________

______________________ negra

dentes ____________________

membros ______________

tom de voz _____________ e grosso

1.2. Qual a palavra que se repete mais vezes na estrofe 39?

R.: A conjunção coordenativa copulativa ____.

1.2. Identifica a figura de estilo utilizada.

R.: ________________________

Trata-se da presença da figura de estilo designada de polissíndeto, que consiste

na repetição intencional de elementos de ligação, as conjunções.

Esta repetição usada na descrição do Adamastor suscita no leitor uma

ideia de vastidão, de uma figura pesada, complexa.

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Conjunções e locuções conjuncionais coordenativas

Subclasse Conjunções Locuções

Copulativas (indicam adição)

e

também

nem

que (1)

não só ... mas também

não só ... como também

tanto ... como

Adversativas (indicam oposição)

mas

porém

todavia

contudo

que (2)

entretanto

no entanto

não obstante

apesar disso

ainda assim

mesmo assim

de outra sorte

ao passo que

Disjuntivas (indicam alternativa)

ou

ou ... ou

ora ... ora

já ... já

quer ... quer

seja ... seja

seja ... ou

nem ... nem

Conclusivas (ligam uma oração que

exprime conclusão ou

consequência a uma

anterior)

logo

pois

portanto

por consequência

por conseguinte

pelo que

Explicativas (ligam duas orações, a

segunda das quais

justifica o conteúdo da

primeira)

pois

que

porquanto

porque

(1) Que é conjunção copulativa quando equivale a e. Bate que bate.

(2) Que é conjunção adversativa quando equivale a mas. O trabalho deves fazê-lo tu que (mas) não eu.

2. Repara nos seguintes adjectivos:

“grandíssima estatura” (est. 39)

“estranhíssimo Colosso” (est. 40)

2.1. Em que grau se encontram os adjectivos sublinhados?

R.: Grau _______________________________________________________________

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Embora, neste caso, as duas formas tenham uma estrutura semelhante, estes

adjectivos apresentam algumas diferenças na sua flexão em grau. Compara-os:

Grande é um adjectivo que, à semelhança de mau, bom, pequeno, baixo, alto,

apresenta particularidades relativamente aos graus comparativo e superlativo (atenta no

quadro abaixo Comparativos e superlativos irregulares).

Estranho é um adjectivo cuja flexão em grau respeita a norma (repara no

quadro que se segue).

Grau dos adjectivos

Grau Formação Exemplos

Comparativo

de superioridade mais + adjectivo + que, do

que ou quanto És mais alto que o João.

de igualdade tão + adjectivo + como Ela é tão ágil como a

mãe.

de inferioridade menos + adjectivo + que,

do que ou quanto Sou menos hábil que tu.

Superlativo

Absoluto sintético (1)

acrescentam-se os sufixos

-íssimo, -imo, -rimo

belíssimo, felicíssimo,

facílimo, libérrimo

Absoluto analítico

antepõem-se ao adjectivo

os advérbios muito, bem,

assaz, bastante,

imensamente, etc.

muito fácil, bem pobre,

assaz difícil, bastante

largo, imensamente bom

Relativo de superioridade

antepõe-se o (a) ao

comparativo de

superioridade

É o mais antigo prédio

Foi a mais hábil

professora

Relativo de inferioridade

antepõe-se o (a) ao

comparativo de

inferioridade

O Carlos é o aluno

menos estudioso do

colégio

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Comparativos e superlativos irregulares

Adjectivo Comparativo de

Superioridade

Superlativo

Absoluto Relativo

bom melhor óptimo o melhor

mau pior péssimo o pior

grande maior máximo o maior

pequeno menor mínimo o menor

3. Atenta no verso:

“Fui dos filhos aspérrimos da Terra.” (est. 51)

3.1. Identifica o adjectivo que qualifica o Adamastor e seus irmãos: _____________

3.2. Em que grau se encontra flexionado? No grau ___________________________

3.4. Indica qual o adjectivo que está na sua origem: __________________________

3.5. Coloca-o no grau comparativo de inferioridade: __________________________

4. Associa o adjectivo ao grau em que se encontra flexionado:

a) fermosa 1. Superlativo absoluto sintético

b) misérrima 2. Comparativo de superioridade

c) Ó gente ousada mais que quantas 3. Superlativo relativo de inferioridade

d) Que o menor mal de todos seja a morte 4. Grau normal

Síntese da 3.ª parte (est. 41 - 48)

O Adamastor inicia o seu discurso dirigido aos navegadores portugueses.

Começa por designar os portugueses de “gente ousada”, mais audaz do que qualquer

outro povo.

O Adamastor ameaça ter preparado grandes males para castigar o atrevimento

dos portugueses e afirma que todas as naus que ali chegarem serão castigadas. O gigante

refere que irá vingar-se do primeiro que o descobriu – Bartolomeu Dias – mas que não

ficará por aí, que todos os anos causará naufrágios, perdições de toda a espécie de forma

que o menor mal será ainda o da morte.

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Adamastor continua a profetizar, mencionando que D. Francisco de Almeida

morrerá e o seu corpo jazerá no seu espaço territorial, que Manuel de Sousa Sepúlveda e

sua família sobreviverão a um naufrágio para sofrerem até à morte em terra maus-tratos

dos indígenas.

1. Assinala com V (verdadeira) ou F (falsa) as seguintes afirmações:

a) O narrador deste episódio é Luís de Camões.

b) O objectivo da primeira parte do discurso do Gigante é comover os

portugueses com a sua triste história.

c) O Adamastor dá informações aos portugueses sobre o caminho marítimo para

a Índia.

d) O Adamastor profetiza o naufrágio e morte da família Sepúlveda.

e) O Adamastor simboliza a oposição da natureza, as tempestades, os naufrágios.

f) O narrador deste episódio é Vasco da Gama.

g) O Adamastor considera o povo português ousado.

h) O Cabo das Tormentas foi dobrado pela primeira vez por navegadores

espanhóis.

i) O Cabo das Tormentas, depois de ser dobrado por Bartolomeu Dias, passou a

ser designado por Cabo da Boa Esperança.

j) “O Adamastor” é um episódio trágico e lírico.

l) A figura do Adamastor foi criada por Camões para corporizar, simbolizar a

quase intransponível força do mar.

m) O gigante é, pois, o símbolo das forças cósmicas que o homem terá de

vencer, se quiser «da lei da morte» se libertar.

2. Indica as figuras de estilo presentes nos versos:

a) “Arrepiam-se as carnes e o cabelo 1. Dupla

A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo.” Adjectivação

b) “Abraçados, as almas soltarão 2. Hipérbole

Da fermosa e misérrima prisão”

c) “E disse: - «Ó gente ousada, mais que 3. Encavalgamento

quantas”

d) “Ou fosse monte, nuvem, sonho ou nada?” 4. Gradação

e) “Medonha e má e a cor terrena e pálida” 5. Apóstrofe

f) “Tão temerosa vinha e carregada” 6. Onomatopeia

g) “ Bramindo, o negro mar de longe brada” 7. Anástrofe

h) “Os olhos encovados, e a postura 8. Eufemismo

Medonha e má, e a cor terrena e pálida”

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3. Faz corresponder as profecias do Gigante às seguintes passagens do texto:

a) Morte de Bartolomeu Dias 1. “Aqui espero tomar(…)

De quem me descobriu suma vingança”

b) Morte de D. Francisco de Almeida 2. “Outro também virá (…)

E consigo trará a fermosa dama.”

c) Naufrágio e morte da família 3. “E do primeiro ilustre (…)

Sepúlveda Serei eterna e nova sepultura”

Síntese da 4.ª parte (est. 49)

O Adamastor continua a vaticinar o destino dos navegadores, quando Vasco da

Gama o interrompe e lhe pergunta quem é.

Ele retorceu os olhos, deu um espantoso brado como se a pergunta lhe tivesse

doído, e respondeu.

1. Houve uma mudança no tom de voz do Adamastor. Porquê?

R.: ___________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Síntese da 5.ª parte (est. 50 - 59) Cabo das Tormentas ou da Boa Esperança

O Adamastor responde ao

Gama que é aquele oculto e grande

cabo a quem chamam das Tormentas e

que se sente muito ofendido com a

ousadia dos portugueses.

Ele conta que foi filho da Terra

como outros gigantes revoltados,

andou na guerra contra Júpiter e contra

Neptuno e que foi o seu amor por

Tétis, esposa de Peleu, que o levou a

ser quem é.

Como era muito feio, resolveu conquistar Tétis à força e expor o assunto à mãe

dela – Dóris. Com medo, Dóris transmite a mensagem à sua filha que manda responder

a Adamastor que o amor de uma ninfa não satisfará o de um gigante mas, para evitar a

guerra e respeitando a sua honra, irá arranjar forma de evitar danos. Assim, Adamastor,

cego de amor, fica cheio de esperanças.

Certa noite, Adamastor foi ao encontro de Tétis, como tinha sido prometido por

ela e, ao ver o seu vulto, corre como louco e beija-a. Na realidade, não era Tétis mas um

duro monte. Ele próprio se sentiu pedra. Cheio de vergonha e desgosto, fugiu em busca

de um lugar onde ninguém o conhecesse.

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Seus irmãos gigantes, filhos da Terra, já tinham sido vencidos e sepultados em

vários montes e, como contra a vontade divina, os homens nada podem, Adamastor

começou a sentir o castigo pelos seus atrevimentos, transformando-se no cabo das

Tormentas, rodeado por Tétis nas águas.

Síntese da 6.ª parte (est. 60)

E, dizendo isto, com um

medonho choro o Adamastor

desapareceu diante dos olhos dos

marinheiros. Desfez-se a nuvem negra

e o mar soou lá longe. Vasco da Gama

pediu a Deus que removesse as

trágicas profecias do Adamastor.

1. Faz corresponder os principais momentos da história amorosa do gigante

Adamastor às respectivas passagens do texto.

a) Paixão do Adamastor por Tétis 1. “De medo a Deusa então por mi lhe fala”

b) Intervenção de Dóris 2. “Só por amar das Águas a Princesa.”

c) Rejeição de Tétis 3. “Já que minha presença não te agrada”

d) Transformação do Gigante num rochedo 4. “ Converte-se-me a carne em terra dura”

e) Atitude provocadora da ninfa 5 “ Me anda Tétis cercando destas águas.”

Discurso do Adamastor

Na primeira parte do seu discurso (de 41 a 48) o Adamastor apresenta-se como

senhor do mar desconhecido (meus longos mares), ameaçando os portugueses, que

queriam devassar os seus domínios secretos, e profetizando para eles castigos futuros.

Surge, portanto, como um super-homem, quer no aspecto físico (focado atrás na

caracterização directa feita pelo narrador quer no aspecto psicológico, conhecendo o

passado dos portugueses e profetizando os seus desastres futuros. Na segunda parte do seu discurso (de 49 a 59), o Adamastor, começando embora por referir a sua força física de super-homem, identificando-se o cabo Tormentório, ufanando-se da sua intervenção numa guerra entre deuses, sendo contra o próprio Júpiter e conseguindo o domínio dos mares logo que se abre em confidências acerca da sua vida sentimental, revela-se um herói frustrado nos seus amores, iludido a ponto de julgar que apertava a branca Tétis, quando abraçava um duro monte, castigado pelos deuses de tal maneira que converteram o seu gigantesco corpo no próprio Cabo Tormentório. À realidade gigantesca do seu corpo de super-homem (1ª parte do discurso) sucede a fragilidade psicológica de um herói enganado e vencido que perde a sua própria individualidade transformando-se em penedos.

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Intenção da 1.ª parte do discurso do gigante:

A intenção da 1ª parte do discurso do gigante é demover os portugueses da

viagem empreendida. O Adamastor começa por reconhecer a valentia dos portugueses,

manifestada em muitas guerras, para logo lhes declarar que nunca os segredos do mar

(os vedados términos do húmido elemento) foram a nenhum grande humano concedidos

/ de nobre ou de imortal merecimento. Após mostrar assim que não tinha havido

precedentes em tal atrevimento, o gigante começa a agitar os castigos que vibrará sobre

os transgressores: inimiga terão esta paragem, / Eu farei de improviso tal castigo / Que

seja mor o dano que o perigo! / Que o menor mal de todos seja a morte! Note-se que os

castigos apontados se sucedem em progressão ascendente de grandeza (dos apontados o

pior é a morte, mas o poeta sugere outros males, não indicados, piores do que a própria

morte). Os destinatários destes castigos são primeiramente apontados em abstracto

(quantas naus esta viagem fizerem, inimiga terão esta paragem), sucedendo-se os casos

concretos de vinganças sobre personalidades ilustres portuguesas: a primeira armada

que passagem fizer... (a armada de Pedro Álvares Cabral), o primeiro ilustre (D.

Francisco de Almeida), outro também virá (Sepúlveda) e consigo a formosa dama

(esposa de Sepúlveda). Esta progressão ascendente da gravidade dos castigos a vibrar sobre os transgressores e esta transição do plano geral para planos particulares (individuais) são processos estilísticos muito adequados a um discurso em que predomina a função apelativa da linguagem, que tinha por fim afastar, pelo medo, os navegantes daquelas paragens.

Evolução do comportamento do gigante e de Vasco da Gama

... do Gigante ... de Vasco da Gama

1- mostra-se rancoroso, vingativo,

ameaçador;

1- amedrontado: "arrepiam-se as carnes e o

cabelo";

2- dor profunda, raiva, desespero;

humaniza-se, reconhece a sua derrota;

2- sem medo, de cabeça erguida (Alçado),

num tom de igual para igual, quase de

desafio;

3- desaparecimento.

3- atitude de fé: no momento em que o

Gigante, a chorar, desaparece, o Gama

pede a Deus que "removesse os duros /

Casos que Adamastor contou futuros."

Repara que a evolução dos comportamentos é oposta.

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Simbologia do Episódio

Já no meio da viagem, os portugueses encontram-se face a face com o maior dos

perigos e dos medos: o gigante Adamastor.

“O Adamastor” é um episódio simbólico e representa os perigos e as

dificuldades que se apresentam ao Homem que sente o impulso de conhecer e descobrir.

Só superando o medo, o Homem poderá vencer (princípio do Humanismo). O

Adamastor é, portanto, uma figura mitológica criada por Camões como forma de

concentrar todos os perigos e dificuldades a transpor pelos portugueses.

Repara que, depois da passagem do cabo pelos portugueses, este passou a

designar-se de Cabo da Boa Esperança. Perpassa neste episódio a mentalidade renascentista: o homem afirma-se vencendo com o vigor físico e intelectual as forças cósmicas que continuamente o limitam. A destruição completa do gigante simboliza o completo domínio dos mares pelos portugueses. O Adamastor surge, no fim, como anti-herói, para dar lugar a heróis de carne e osso, a heróis reais, do tamanho do homem. A sequência gradativa verificada no verso «Ou fosse monte, nuvem, sonho, ou nada»: monte é o material, a natureza real que limita o homem; nuvem é material, mas menos palpável; sonho é o imaterial; nada é o zero absoluto, o aniquilamento. O Adamastor, enquanto foi realidade, foi um monte, ele identificou-se com

o cabo das Tormentas (eu sou aquele oculto e grande cabo). Este cabo constituía o

ponto mais difícil de dobrar. À medida que a força do gigante se vai desvanecendo, até

chegar a nada (anti-herói) a vitória dos portugueses (heróis) vai estando mais próxima,

até chegarem à Índia. Nota que, quando o gigante desaparece dos olhos dos marinheiros,

o poeta acrescenta: e cum sonoro bramido muito longe o mar soou. Isto é, a figura

simbólica (o Adamastor) reduziu-se a zero, mas a coisa simbolizada, o mar terrível,

estava ainda a bramir. Mas os portugueses, vencedores desse mar, seguiam vitoriosos. O significado simbólico deste episódio foi ainda realçado pelo facto de o poeta o ter colocado no centro do canto V que é também o centro d'Os Lusíadas. Deste modo, o episódio do Adamastor, em que se associam admiravelmente a realidade (perigos do mar) com o maravilhoso (profecias), em que não falta mesmo uma fantasiada história de lirismo amoroso, em que é simbolizada a vitória do homem sobre os elementos cósmicos adversos, constitui uma espécie de abóbada da grande catedral que é o poema. 1. Atenta no verso “Bramindo o negro mar de longe brada” (est.38) e assinala com

V (verdadeira) ou F (falsa) as seguintes afirmações:

a) Predominam as sensações auditivas que sugerem o ruído do mar.

b) A figura de estilo que se evidencia é a aliteração do r e dos sons nasais m e n.

c) Verifica-se uma aliteração do d, traduzindo o ruído das ondas.

d) As palavras que sugerem o ruído do mar são palavras onomatopeicas.

2. Integra este episódio no plano da narrativa correspondente:

a) Plano da Viagem b) Plano da História de Portugal c) Plano Mitológico

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3. Indica o recurso estilístico presente no verso “Contra o que vibra os raios de

Vulcano” (est. 51).

a) Metáfora b) Aliteração c) Apóstrofe d) Perífrase

4. Associa os arcaísmos ao fenómeno fonético que sofreram na sua evolução para o

português actual.

a) pera > para 1. prótese

b) fermosa > formosa

c) inda > ainda 2. epêntese

d) assi > assim

e) nacidos > nascidos 3. assimilação

f) mi > mim

g) despois > depois 4. paragoge

h) ante > antes

i) co > com 5. síncope

j) indinados > indignados

O Adamastor: comparação com “O Mostrengo”

1. Lê atentamente as estrofes do episódio do Adamastor de Os Lusíadas e o

poema de Fernando Pessoa:

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"Não acabava, quando uma figura

Se nos mostra no ar, robusta e válida,

De disforme e grandíssima estatura,

O rosto carregado, a barba esquálida,

Os olhos encovados, e a postura

Medonha e má, e a cor terrena e pálida,

Cheios de terra e crespos os cabelos,

A boca negra, os dentes amarelos.

"Tão grande era de membros, que bem posso

Certificar-te, que este era o segundo

De Rodes estranhíssimo Colosso,

Que um dos sete milagres foi do mundo:

Com um tom de voz nos fala horrendo e grosso,

Que pareceu sair do mar profundo:

Arrepiam-se as carnes e o cabelo

A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo.

O Mostrengo

O mostrengo que está no fim do mar

Na noite de breu ergueu-se a voar;

A roda da nau voou três vezes,

Voou três vezes a chiar,

E disse: «Quem é que ousou entrar

Nas minhas cavernas que não desvendo,

Meus tectos negros do fim do mundo?»

E o homem do leme disse, tremendo:

«El-Rei D. João Segundo!»

«De quem são as velas onde me roço?

De quem as quilhas que vejo e ouço?»

Disse o mostrengo, e rodou três vezes,

Três vezes rodou imundo e grosso.

«Quem vem poder o que só eu posso,

Que moro onde nunca ninguém me visse

E escorro os medos do mar sem fundo?»

E o homem do leme tremeu, e disse:

«El-Rei D. João Segundo!»

Três vezes do leme as mãos ergueu,

Três vezes ao leme as reprendeu,

E disse no fim de tremer três vezes:

«Aqui ao leme sou mais do que eu:

Sou um povo que quer o mar que é teu;

E mais que o mostrengo, que me a alma teme

E roda nas trevas do fim do mundo,

Manda a vontade, que me ata ao leme,

De El-Rei D. João Segundo!»

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1. Assinala com V (verdadeira) ou F (falsa) as seguintes afirmações. Corrige as

falsas:

a) O poeta, depois de fazer uma pequena introdução, em que apresenta o mostrengo

revolvendo-se aterrador à volta da nau, introduz o diálogo entre o monstro voador e o

marinheiro.

b) Ao longo do diálogo nota-se uma grande tensão entre as duas personagens,

inconciliáveis devido à agressividade dos mostrengo e à determinação do marinheiro.

c) O mostrengo surge rodeado de mistério, pois “está no fim do mar”.

d) O número três está relacionado com as ciências naturais, é um número cabalístico, é

um triângulo sagrado, presente em muitas religiões, como a tríade dos cristãos

(Santíssima Trindade).

e) Este poema é constituído por três oitavas.

2. Coloca no lugar correcto as expressões, de modo a completares o quadro,

analisando comparativamente os dois textos nos aspectos propostos.

“Arrepiam-se as carnes e o cabelo” “Medonha e má e a cor terrena e pálida”

“tremendo” “Sou um Povo que quer o mar que é teu”

“De disforme e grandíssima estatura” “escorro os medos”

“tom de voz (…) horrendo e grosso” “imundo e grosso”

“E navegar meus longos mares ousas”

O Mostrengo O Adamastor

Sentimento

dos homens

perante

o monstro

Susto

susto

Medo

medo

Atitude dos

homens face ao

desconhecido

Ousadia

ousadia

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Mostrengo

O Mostrengo é o símbolo das histórias fantásticas que se contavam e que

amedrontavam mesmo os mais corajosos.

O «Homem do leme» representa todo um povo que quer dominar os mares...

Esta poesia assenta, curiosamente, no simbolismo do número três: o Mostrengo

voou três vezes, chiou três vezes e rodou três vezes em redor da nau.

O homem do leme ergueu as mãos três vezes, repreendeu-as três vezes, temeu

três vezes e disse três vezes a expressão «El-Rei D. João II».

É de notar ainda que este poema é constituído por três estrofes, tendo cada uma

nove versos (3 x 3 versos).

O número três representa uma ordem espiritual e intelectual, em Deus, no

Universo e no Homem.

O Mostrengo, tal como o poeta da Mensagem o elaborou, não existiria, se não

tivesse existido o Adamastor de Camões.

Algumas questões sobre o episódio

1. Caracteriza o discurso do Adamastor.

2. Explica a mudança de comportamento do Adamastor.

3. Analisa a evolução do estado de espírito dos Portugueses.

4. Explica a simbologia deste episódio.

1. O discurso do Adamastor é constituído por duas partes distintas, unidas entre si por

uma pergunta de Vasco da Gama.

No primeiro momento, o Gigante faz um discurso de carácter profético e ameaçador

e assume duas posições: por um lado, o elogio épico dos Portugueses; por outro, a

atitude vingativa e consequentes profecias.

A partir da estrofe 49, estamos no segundo momento, em que o Adamastor faz a sua

auto-apresentação e conta a sua história.

2. No início, o Gigante, com um tom arrogante faz o elogio da ousadia dos Portugueses

e assume uma postura ameaçadora.

No entanto, a partir do momento em que Vasco da Gama o interroga sobre a sua

identidade, assiste-se a uma mudança da comportamento por parte do Adamastor. Este,

ao recordar o seu passado amoroso infeliz, revela a sua sensibilidade e fragilidade

psicológica.

3. Antes do aparecimento do gigante, os marinheiros estão descuidados. Assim que

vêem a nuvem temerosa e carregada, ficam aterrorizados: Que pôs nos corações um

grande medo. Quando o Adamastor inicia o seu discurso, o medo intensifica-se:

arrepiam-se as carnes e o cabelo.

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No entanto, apesar de todas as ameaças proferidas pelo Adamastor, Vasco da Gama,

numa atitude quase desafiadora, ousa enfrentá-lo, de cabeça erguida, perguntando-lhe

quem era ele.

Por fim, quando o Gigante desaparece, Vasco da Gama demonstra a sua fé em Deus,

pedindo-lhe que as profecias do Adamastor não se concretizassem.

3. O gigante Adamastor aponta para um espaço geográfico - o Cabo das

Tormentas. Simboliza a oposição da Natureza, as tempestades, os naufrágios, os

terrores e as lendas do mar. Trata-se de uma figura mitológica criada por

Camões para significar todos os perigos que os Portugueses terão de enfrentar e

transpor nas suas viagens.

Bom trabalho!

Maria Filomena Ruivo Ferreira Santos