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IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2009 IV Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação PUCRS Desafios de Mobilidade Enfrentados por Idosos em seu Meio Milena Abreu Tavares de Sousa-Fischer , Ângelo José Gonçalves Bós (orientador) Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica, Instituto de Geriatria e Gerontologia, PUCRS. Resumo O envelhecimento populacional é uma realidade não apenas nos paises desenvolvidos, mas também nos subdesenvolvidos, como é o caso do Brasil. A população idosa aumenta com uma velocidade acima das outras faixas etárias. Em Porto Alegre a população idosa já constitui 14,3% da população total (IBGE, 2009). Na proporção que a longevidade aumenta, a dependência tende a aumentar em decorrência de múltiplos fatores, que podem ser problemas intrínsecos ao processo do envelhecimento ou problemas extrínsecos (dificuldades enfrentadas pelos idosos no meio em que vivem). Portanto, diante da relevância do tema, do aumento rápido e progressivo de idosos, da necessidade de avaliar o grau de mobilidade às características da independência e as interações dos idosos com o ambiente em que vivem, este estudo tem como objetivo identificar os fatores relacionados à freqüência com que os idosos saem dos seus domicílios, as dificuldades enfrentadas pelos mesmos e a adequação do meio urbano onde os idosos estão inseridos. A partir dos resultados desse estudo, será possível dar suporte para subsidiar políticas públicas no que se diz respeito à urbanização das cidades para suportar e melhor integrar essa parcela da população, que tende a crescer cada vez mais. Introdução Os inúmeros problemas que afetam a qualidade de vida dos idosos demandam respostas urgentes em diversas áreas. Sendo assim, é de extrema importância, para essa população, ações de caráter mais preventivo, principalmente no controle da autonomia, e conseqüentemente, na qualidade de vida. Um dos elementos que determinam a expectativa de vida ativa ou com qualidade é a independência para realização das atividades habituais. Essa independência depende não somente das condições clínicas do idoso, mas também da 887

72087-Milena Abreu Tavares de Sousa Fischer

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  • IV Mostra de Pesquisa da Ps-Graduao PUCRS, 2009

    IV Mostra de Pesquisa da Ps-Graduao PUCRS

    Desafios de Mobilidade Enfrentados por Idosos em seu Meio

    Milena Abreu Tavares de Sousa-Fischer, ngelo Jos Gonalves Bs (orientador) Programa de Ps-Graduao em Gerontologia Biomdica, Instituto de Geriatria e Gerontologia, PUCRS.

    Resumo

    O envelhecimento populacional uma realidade no apenas nos paises desenvolvidos,

    mas tambm nos subdesenvolvidos, como o caso do Brasil. A populao idosa aumenta com

    uma velocidade acima das outras faixas etrias. Em Porto Alegre a populao idosa j

    constitui 14,3% da populao total (IBGE, 2009). Na proporo que a longevidade aumenta, a

    dependncia tende a aumentar em decorrncia de mltiplos fatores, que podem ser problemas

    intrnsecos ao processo do envelhecimento ou problemas extrnsecos (dificuldades

    enfrentadas pelos idosos no meio em que vivem). Portanto, diante da relevncia do tema, do

    aumento rpido e progressivo de idosos, da necessidade de avaliar o grau de mobilidade s

    caractersticas da independncia e as interaes dos idosos com o ambiente em que vivem,

    este estudo tem como objetivo identificar os fatores relacionados freqncia com que os

    idosos saem dos seus domiclios, as dificuldades enfrentadas pelos mesmos e a adequao do

    meio urbano onde os idosos esto inseridos. A partir dos resultados desse estudo, ser

    possvel dar suporte para subsidiar polticas pblicas no que se diz respeito urbanizao das

    cidades para suportar e melhor integrar essa parcela da populao, que tende a crescer cada

    vez mais.

    Introduo

    Os inmeros problemas que afetam a qualidade de vida dos idosos demandam respostas

    urgentes em diversas reas. Sendo assim, de extrema importncia, para essa populao,

    aes de carter mais preventivo, principalmente no controle da autonomia, e

    conseqentemente, na qualidade de vida. Um dos elementos que determinam a expectativa de

    vida ativa ou com qualidade a independncia para realizao das atividades habituais. Essa

    independncia depende no somente das condies clnicas do idoso, mas tambm da

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  • IV Mostra de Pesquisa da Ps-Graduao PUCRS, 2009

    adequao do meio onde ele vive (JOHNSTON et al., 2006). A incapacidade funcional ocorre

    medida que os idosos no conseguem se adaptar s mudanas decorrentes do processo de

    envelhecimento e ao meio onde vivem (SCHNEIDER et al., 2008).

    As dificuldades que os idosos apresentam no meio em que vivem, mesmo aqueles

    independentes, provocam um grande impacto sobre a mobilidade, a independncia e a

    qualidade de vida dos idosos e afeta a sua capacidade de locomoo. Alm do ambiente

    externo a habitao e o sistema de transporte contribuem para a mobilidade confiante,

    comportamentos saudveis, participao social e a determinao, porm o inverso pode

    provocar o isolamento, a inatividade e a excluso social (KALACHE & KICKBUSCH 1997).

    O guia A Cidade Amiga Do Idoso, desenvolvido por Kalache e Plouffe, pela World

    Health Organization (WHO) relatou questes e preocupaes expressas por cerca de 1500

    idosos e 750 cuidadores residentes em 33 cidades do mundo com relao a domnios da vida

    urbana (WHO, 2007). Atravs desses domnios poderamos adequar a cidade s caractersticas

    amigveis do idoso. Atravs desse guia, foi construdo um questionrio que aborda tanto as

    caractersticas de dependncia e clnicas dos idosos, como tambm a interao dos idosos com

    a sociedade e o meio onde vivem, buscando assim, descrever e verificar a adequao do meio

    em que os idosos vivem s mudanas relacionadas ao envelhecimento. Dessa forma ser

    possvel observar o meio atravs da perspectiva do idoso.

    Este estudo pode servir como ferramenta para o estado do Rio Grande do Sul fazer uma

    avaliao da contribuio do Estado para a melhoria da qualidade de vida do idoso. Os idosos

    quantificaro e avaliaro a qualidade do ambiente onde eles vivem atravs das suas

    experincias. Esta abordagem fornecer informaes essenciais a serem analisadas por

    gestores pblicos para adaptar as intervenes e polticas.

    Nesse contexto, este estudo tem como objetivo analisar a associao entre as

    dificuldades de mobilidade e as barreiras que os idosos enfrentam na cidade onde vivem como

    tambm verificar sua relao com as morbidades.

    Metodologia Estudo analtico e descritivo ser realizado a partir de um corte transversal em uma

    amostra de base populacional, domiciliar, com coleta de dados primrios. A populao em

    estudo sero idosos (com 60 anos ou mais), de ambos os sexos, no institucionalizados,

    residentes em domiclios da zona urbana do Estado do Rio Grande do Sul-RS.

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  • IV Mostra de Pesquisa da Ps-Graduao PUCRS, 2009

    Os critrios de incluso sero idosos com idade igual ou superior a 60 anos e que

    sejam residentes em domiclios particulares no Estado do Rio Grande do Sul. E os critrios de

    excluso sero os idosos que no aceitarem participar do estudo e aqueles que moram a menos

    de seis meses na residncia atual do dia em que foi realizada a entrevista.

    Os participantes desse estudo sero aleatoriamente escolhidos pelo sorteio de

    residncias uniformemente escolhidas nas ruas doe 15 municpios selecionados do Estado do

    Rio Grande do Sul. As ruas sero escolhidas por sorteio aleatrio a partir dos setores

    censitrios de acordo com a classificao do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    (IBGE). Sero entrevistados os primeiros homens ou mulheres com 60 anos ou mais de idade

    que residam na moradia sorteada ou na moradia subjacente.

    A varivel dependente ser definida como o nvel de mobilidade dos idosos, e ser

    determinado conforme o grau de distribuio das freqncias com que os idosos entrevistados

    costumam sair de casa. As variveis independentes so: dados scio-demogrficas (incluem

    informaes sobre sexo, idade, etnia, escolaridade, renda e estado civil.); grau de facilidade na

    execuo de atividades habituais; situao de sade (ser verificada atravs de questes que

    avaliam a autopercepo da sade, a sade mental e as morbidades) e desafios mobilidade

    (ser verificado atravs das dificuldades que os idosos enfrentam para sair de casa

    relacionadas ao declnio fisiolgico do processo de envelhecimento ou se o meio apresenta

    barreiras para sua mobilidade).

    Os idosos entrevistados recebero explicaes e sero esclarecidos sobre o objetivo do

    estudo e, ao concordarem com a participao, assinaro o termo de consentimento livre e

    esclarecido. Este estudo j foi submetido ao Comit de tica em Pesquisa da Pontifcia

    Universidade Catlica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e est em fase de anlise.

    Referncias FUNDAO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA - IBGE. Populao Residente. Porto Alegre, 2009. JOHNSTON, C. B., HARPER, G. M., LANDEFELD, C. S. Geriatric medicine. In: MCPHEE, S. J, PAPADAKIS, M. A., TIERNEY, JR. Current medical diagnosis & treatment. New York: McGraw Hill Medical, 2006. KALACHE, A., KICKBUSCH, I. A global strategy for healthy ageing World Health, n. 4, p. 4-5, 2007. SCHNEIDER, R. H., MARCOLIN, D. DALACORTE, R. R. Avaliao funcional dos idosos. Scientia Medica, Porto Alegre, v.18, n. 1, p. 4-9, jan./mar. 2008. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global Age-friendly Cities: A Guide: Report of a World Health Organization. Geneva: WHO, 2007.

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