Upload
diogo-alves-rodrigues
View
50
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DO PARAN DISCIPLINA DE TCNICA OPERATRIA
APOSTILA DAS AULAS TERICAS
CURITBA 2007
ATO CIRRGICO
Operao ou interveno cirrgica o conjunto de gestos manuais ou
instrumentais que o cirurgio executa para a integral realizao de ato cruento
com finalidade diagnstica, teraputica ou esttica. Goffi
Toda operao um trauma, porm um trauma controlado.
A energia transmitida aos outros tecidos controlada. Cabe ao cirurgio
o controle de toda essa energia. Respeitar planoscontrole da forabisturi. Quando a energia no controlada se assemelha ao trauma de rua com
suas conseqncias (maior dano tissular, maior sangramento, maior
isquemia...).
A anestesia diminui o trauma psquico: diminui a dor e a resposta
metablica.
Descobertas importantes para a cirurgia: transfuso, antibiticos,
equilbrio hidroeletroltico, nutrio, estudo da resposta metablica ao trauma.
Quanto menor o trauma, melhor a resposta metablica, melhor a
recuperao do paciente.
Objetivo cada vez maior das cirurgias de diminuir o trauma e a resposta metablica.
Ao Reao:
Neuroendcrina. Cardiovascular. Celular.
Energia Transmitida aos Tecidos
Mecnica. Eltrica: 3x mais risco de isquemia e infeco, pode ser usada,
mas controladamente.
Radiante: 10x mais risco de isquemia e infeco Quanto maior a isquemia maior o risco de infeco.
2
Energia Mecnica
Diviso: cirurgia. Tenso: trauma. Compresso: trauma.
A compresso e a tenso envolvem uma quantidade maior de tecido e
necessitam de maior quantidade de energia pra promover dano tissular.
O trauma cirrgico pode se assemelhar ao de rua quando o cirurgio
descuidado, no controla instrumentos, no sabe tcnica cirrgica, usa
excessivamente alguns instrumentos de forma errada.
Cirurgia
Sntese: unir Direse: abrir Hemostasia: parar sangramento
Direse = Diviso
toda manobra destinada a criar descontinuidade de tecidos. Manobra
cirrgica destinada a criar via de acesso atravs dos tecidos. Goffi
Procedimento cirrgico que, atravs dos tecidos, nos d acesso para
realizarmos determinada operao.
Inciso: seco de tecidos moles, produzindo ferimento inciso - bisturi.
Seco: cortar tesoura. Divulso: separao dos tecidos, disseco. Descolamento: aproveitar um plano anatmico. Puno: com instrumento perfurante Dilatao: para aproveitar o trajeto de canais naturais Serrao: com serra Curetagem: raspar cureta
3
Instrumentos: bisturis, facas, serras, curetas, trocartes, eletrocautrio.
Tipos de energias utilizadas: mecnica eltrica laser ultra-som. Laser
Fragmenta, vaporiza e aspira os tecidos ricos em H2O e pobres em
colgeno, muito isquemiante (torna-se 10x mais propcio a infeco que
mecanicamente).
O tecido vizinho no afetado e os vasos so coagulados.
A cicatrizao pode ser retardada.
Microrganismos so eliminados, diminuio da disseminao de clulas
neoplsicas, menor dor ps-operatria.
Maior rico de infeco maior isquemia. Caractersticas da Direse
O tamanho das incises no deve comprometer a segurana do ato
cirrgico, devem ter a mesma extenso em todos os planos, respeitar tecidos
nobres, individualizar planos anatmicos, apresentar bordos ntidos e verticais,
acompanhar as linhas de fora (paralelas a elas), no criar espaos mortos
(pode fazer acmulo de lquido aumentando as chances de infeco), respeitar
vasos e nervos, evitar manobras bruscas que desvitalizem tecidos.
Sntese = Unio
a aproximao correta dos tecidos visando apressar a cicatrizao.
Consiste na aproximao das bordas de tecidos seccionados ou ressecados.
Visa pela manuteno da contigidade dos tecidos, facilitar as fases iniciais do
processo de cicatrizao, afim de que a continuidade tecidual possa ser
restabelecida. Goffi
Conjunto de manobras que tem por finalidade unir os bordos da ferida
cirrgica ou taumtica, com o objetivo de reconstruir o tecido lesado,
restabelecendo a funo do rgo ou estrutura anatmica, acelerar a
cicatrizao e propiciar resultado esttico aceitvel.
Suturas manuais: fios e agulhas.
4
Suturas mecnicas: grampeadores (resultados comparveis s suturas
manuais, mas so mais rpidas, menor risco de infeco na pele porque no
h comunicao com o exterior).
Adesivos: fitas adesivas e colas cirrgicas
Caractersticas da Sntese
Todas as suturas diminuem as defesas locais da ferida, o trauma da
agulha induz uma resposta inflamatria, pontos apertados necrose infeco, suturas que penetram na pele avenida para bactrias, presena de suturas aumenta a susceptibilidade a infeces.
As suturas contnuas so mais hemostticas, porm mais isquemiantes,
podem ser simples ou ancoradas.
As suturas descontnuas, com pontos separados so mais seguras (se
um ponto abre o outro no), possuem menos corpos estranhos, mais
demorada.
Fios Cirrgicos
A escolha do fio deve observar vrios fatores como o baixo custo,
adequada fora tnsil, calibre, memria (retorno a forma original, os
monofilamentares reabsorvveis tem muita memria), capilaridade, facilidade
de esterilizao, maleabilidade, mnima reao tecidual, no txico ou
corrosvel, no deve ter ao litognica.
A facilidade do manuseio tambm deve ser considerada. A flexibilidade,
o arrasto tecidual, o coeficiente de frico e a visibilidade no campo so
importantes. Quanto maior o arrasto (exemplo: multifilamentares), maior o dano
tecidual. Um fio monofilamentar reabsorvvel, que possui um baixo coeficiente
de frico, perder o n com mais facilidade, ou seja a segurana do n
menor, no atendendo a necessidade de se manter tecidos aproximados at
fase proliferativa da cicatrizao.
Deve-se selecionar o fio mais fino possvel para o tecido, visando
diminuir o tamanho do corpo estranho e o aspecto esttico, neste caso optando
5
por fios inabsorvveis. Os tecidos de lenta cicatrizao (pele, fscia, tendo)
devem ser suturados com fios inabsorvveis ou de lenta absoro.
Naturais Sintticos
Multifilamentar Monofilamentar Multifilamentar Monofilamentar
Absorvveis Catgut (simples ou cromado)
Poliglactina (Vycril) Ac. poligliclico
Polidoxanona (PDS) Poligliconato Poliglecaprone (Monocryl)
Inabsorvveis Algodo Seda (biodegradvel) Linho
Polister (Dacron)
Poliamida (Nylon, biodegradvel) Polipropileno (Prolene) Politetrafluoretileno
Fios naturais promovem maiores reaes tissulares, com isso no devem ser usados na presena de infeco.
O catgut absorvido por protelise. Os fios sintticos so absorvidos por hidrlise. Fios inabsorvveis (encapsulados, no digerveis) no devem ser
usados no trato biliar e urinrio pela ao litognica.
Fios metlicos: ao. Agulhas
Traumticas Atraumticas
Absoro
Curtssimo espao de tempo: Catgut simples (7-10 dias) Curto espao: Catgut cromado (15-20 dias) Mdio espao: Ac. poligiclico e poliglactina (50-70 dias) Moderado espao: poliglecaprone (90-120 dias) Longo espao: poligliconato (150-180 dias)
6
Condies Essenciais para Sntese
Assepsia e anti-sepsia (feridas limpas ou contaminadas que possam ser
limpas), bordos ntidos, hemostasia perfeita, uso de material apropriado,
vascularizao ntegra, ausncia de corpos estranhos e espaos mortos, unio
de tecidos sadios, tcnica correta, ausncia de tenso.
Espaos Mortos
O espao morto ruim, pior, no entanto, o fio de sutura nesse espao,
bactrias suspensas em fludos so difceis de ser fagocitadas, exsudato das
feridas so pobres em opsoninas.
Hemostasia
toda manobra destinada a evitar ou estancar a hemorragia. Visa
evitar que a perda sangunea comprometa a volemia do operado, mantendo
limpo o campo operatrio e evitando a formao de colees sanguneas e de
cogulos que favorecem a infeco. Favorece a evoluo normal da ferida
operatria e evita a infeco e a deiscncia. Goffi
Hemorragia por si s imunodepressora, portanto, quanto maior a
hemorragia maior a possibilidade de infeco.
Procedimento usado pelo cirurgio para conter a hemorragia.
A hemorragia pode ser:
Arterial, venosa ou capilar Externa ou interna Imediata ou mediata no PO Aguda ou crnica
Objetivos da Hemostasia
Evitar a perda sangunea (paciente que recebe transfuso durante
cirurgia oncolgica tem maior chance de fazer recidiva do tumor), melhorar
condies tcnicas, evitar infeco, melhorar a cicatrizao.
7
Tipos de Hemostasia
Espontnea: embolizao Prvia: antes de sangrar (clampeamento ou ligadura) Temporria: compresso manual, tampo de nariz. Definitiva: ligadura (fios cirrgicos), pinamento (pinas
hemostticas, clamps vasculares), coagulao trmica,
eletrocautrio, fotocoagulao, suturas, grampeamento,
obturao tpica (cera ssea), tamponamento e coagulao
tpica (adesivos, cola de fibrina, celulose oxidada, esponja
gelatinosa de fibrina, usada em sangramentos esplnicos e
hepticos)
Cruenta: em contato com o sangue (pinamento, ocluso endovascular (cateter de Fogarty), compresso digital, manobra
de Pringle (ocluso temporria do ligamento hepatoduodenal,
que contem a artria heptica, veia porta e o ducto biliar).
Incruenta: longe do sangue (compresso, garroteamento, manguito pneumtico, faixa de Smarch)
Hemorragia
Menor fluxo de sangue
Hipxia regional Diminuio de ATP Translocao Alterao do Ca++ resp. inflamatria
Prostaglandina E2
Linfcitos e macrfagos
Imunodepresso Infeco
8
INFECO CIRRGICA
Infeco cirrgica aquela que requer tratamento cirrgico e que se
desenvolveu antes desse tratamento ou como complicao do mesmo.
O tema engloba dois grupos de afeces. Um deles se refere s
infeces originadas fora do ambiente hospitalar, cujo tratamento
predominantemente cirrgico e so causadas geralmente pela associao de
germes patognicos. O outro grupo diz respeito a infeces decorrentes da
contaminao das feridas durante ou aps o ato cirrgico. So oriundas de
falhas tcnicas e por isso podem ser consideradas iatrognicas. Goffi
Infeces decorrentes de um ato cirrgico ou que necessitam de
interveno cirrgica para seu tratamento. tudo aquilo decorrente/resultante
de um ato cirrgico ou cujo tratamento seja cirrgico.
Dos pacientes admitidos em hospitais para tratamento de doenas
agudas, 5 a 10% adquirem infeco. Dessas 80% decorrem do trato urinrio,
da corrente sanguinea (cateteres vasculares), trato respiratrio (pneumonia por
ventilao assistida), de procedimentos invasivos em UTI e da rea cirrgica.
70% por organismos resistentes.
reas cirrgicas em que ocorrem infeco:
Incisionais:
Superficiais pele e tecido celular subcutneo Profundas fscia e msculo
rgo/espao
Nas reas cirrgicas 2/3 esto confinadas inciso e 1/3 envolve
rgo/espao. As superficiais so mais comuns porque acontecem em
locais menos vascularizados.
Incisional Superficial
Ocorre at 30 dias aps a operao, envolve a pele e o TCSC da
inciso, drenagem purulenta com ou sem confirmao laboratorial, diagnstico:
pela cultura, pelos sinais clnicos (calor, dor, rubor) ou pelo cirurgio. No se
refere a abcesso na sutura, episiotomia, circunciso ou queimaduras.
9
Incisional Profunda
Ocorre at 30 dias aps a operao ou at 1 ano se uma prtese for
colocada, envolve tecido mole profundo (fscias e msculos), drenagem
purulenta com ou sem confirmao laboratorial, diagnstico: pela cultura, pela
deiscncia da ferida ou reinciso cirrgica, sinais de febre, dor ou aumento da
sensibilidade local, por imagem (US) ou pelo prprio cirurgio.
rgo/espao
Ocorre at 30 dias aps a operao ou at um ano se uma prtese for
colocada, envolve qualquer parte da anatomia que no seja a inciso,
drenagem purulenta de um dreno que havia sido colocado anteriormente,
diagnstico: por reoperao, por imagem (US), cultura, histopatologia ou pelo
prprio cirurgio.
Microbiologia das Infeces Cirrgicas
Fontes de infeco:
Exgenas centro cirrgico Endgenas paciente (maioria)
As fontes exgenas de contaminao, tais como a equipe cirrgica, o
ambiente, instrumentos e materiais cirrgicos raramente constituem infeco
cirrgica.
As infeces cirrgicas resultam da quebra da barreira muco-cutnea no
local da operao, trauma ou doena.
A maioria dessas infeces so causadas por germes que residem
normalmente na mucosa da pele.
A maioria das infeces cirrgicas so adquiridas durante o ato
operatrio.
Fatores que propiciam a infeco: cateterizao IV, bisturi, sondas
(vesical, naso-gstrica, endo traqueal), drenos, tiro, queimadura, fratura
exposta.
10
Um inoculo de bactrias maior que 105 /g de tecido pode propiciar uma
infeco. Na presena de sintomas o nmero cai para 104 /g, e na presena de
corpo estranho para 102.
Bactrias Gram - citocinas resposta inflamatria sistmica FMOS (falncia de mltiplos rgos e sistemas).
Bactrias encapsuladas inibem a fagocitose (so mais virulentas).
Estafilococos colagenase negativa produzem glicoclix que inibe a
penetrao de antibiticos e de fagocitose.
Aerbios so mais passveis de causar infeco que anaerbios (maior
virulncia).
Assepsia mata todos os M.O. vivos (esterilizao). Anti-sepsia reduz o nmero de M.O. em organismos vivos. Retira
bactrias patognicas (flora transitria), mas no flora residente.
Desinfeco reduz o nmero de M.O. em materiais. Condies que modificam a microflora cutnea
Umidade, calor, idade, dermatoses (psorase, dermatite seborreica,
eczema), curativos oclusivos, hospitalizao.
Alteraes da Flora Normal
Pequeno nmero de aerbios e anaerbios na pele contrasta com a
complexidade da microflora do TGI ou respiratrio, a densidade e a
composio da microflora variam com umidade e a presena de lipdeos e
produtos das glndulas sebceas.
Alteraes da Flora do Trato Respiratrio
Hospitalizao, doenas crnicas (DM, alcoolismo, desnutrio, DPOC),
antibioticoterapia, entubao endo-traqueal, condies que alteram a
mobilidade ciliar (sonda nasogstrica).
Alteraes da Flora do TGI
Diminuio da acidez gstrica, doenas que alteram a motilidade,
obstruo (em 6h a concentrao aumenta em 106 bactrias/g de tecido), ala
11
cega, fstulas, divertculos, doenas biliares (clculos e obstrues aumenta a
flora bacteriana), lceras (duodenal hipermotilidade / gstrica hipomotilidade).
Defesa do Hospedeiro
Devido natureza traumtica do ato operatrio e queda da imunidade
que se observa na maioria das doenas cirrgicas, podemos afirmar que quase
a totalidade dos pacientes so imunodeprimidos.
Imunodeficincia primria 1 em 10.000 indivduos. Imunodeficincia adquirida secundria a doenas ou intervenes
mdicas ou cirrgicas.
Idade, desnutrio, obesidade (quanto maior a presena de gordura, menor a vascularizao e conseqentemente maior
isquemia)
Doenas neoplsicas, queimaduras, infeces Trauma e cirurgia, anestesia, DM Transfuso sangunea, insuficincia renal Esplenectomias, radioterapia (pode levar vasculite que aumenta
a isquemia)
Drogas corticoesterides e quimioterpicos Classificao das feridas (stio cirrgico)/operaes
Classe I Ferida Limpa Ferida cirrgica no infectada sem inflamao, sem penetrao de
nenhum dos tratos (digestivo, respiratrio, genital e urinrio sem
contaminao), feridas suturadas primariamente, sem drenos (exceo drenos
fechados), em falhas tcnicas, feridas no traumticas. Exemplos:
neurocirurgia, cirurgia cardaca, tireoidectomia, herniorrafia (inguinal na
ausncia de encarceramento de ala), cirurgia oftalmolgica, cirurgia
ortopdica (sem drenagem).
12
Classe II Ferida Limpo-contaminada Penetrao de um dos tratos (digestivo, respiratrio, genital, urolgico
no infectado) de maneira controlada e sem grande contaminao, sem
evidncia de infeco, sem falhas tcnicas importantes, incluem nessa
categoria (operaes sobre o trato biliar, apndice, vagina e orofaringe),
penetrao no trato urinrio e biliar na ausncia de bactrias (urina
normalmente no tem bactrias). Exemplos: gastrectomia, traqueostomia,
histerectomia, enterectomia/colectomia (com o intestino preparado),
tonsilectomia. Exemplo: apendicectomia inicial.
Classe III Ferida-contaminada Feridas traumticas abertas e recentes, quebra dos princpios tcnicos
(massagem cardaca aberta) ou contaminao grosseira do TGI, presena de
secreo inflamatria no purulenta, penetrao no trato urinrio ou biliar em
presena de urina ou bile infectada. Exemplo: apendicectomia.
Classe IV ferida Infectada Feridas traumticas com tecido desvitalizado, corpos estranhos,
contaminao fecal ou tratadas tardiamente (mais de 18 horas), presena de
pus, vsceras perfuradas. Exemplos: drenagem de abscesso, apndice
supurado, lcera perfurada, presena de necrose.
Riscos associados ao paciente
Idade, estado nutricional, classe ASA, obesidade, tempo de internao
hospitalar (1 dia 6% - 21 dias 14,7%), doenas associadas (3 ou mais diagnsticos), infeco distncia, DM (nveis de glicose > 200 mg/dl),
tabagismo (diminuio de oxignio no tecido), uso de corticoesterides e/ou
imunossupressores, nmero de rgos envolvidos no trauma, choque).
Classificao ASA
Risco anestsico do paciente Considera o estado geral do paciente no pr-operatrio
13
Grau Condies pr-operatrias
1 Paciente hgido
2 Paciente com doena sistmica controlada
3 Paciente com doena severa mas no incapacitante
4 Paciente com doena sistmica incapacitante
5 Paciente moribundo com perspectiva de bito em 24h, com ou
sem cirurgia
6 Paciente com morte enceflica (doao de rgos)
Riscos associados operao
Anti-sepsia do paciente e do cirurgio, tricotomia (deve ser feita 1 hora
antes da cirurgia), profilaxia antibitica, durao da cirurgia, trauma tissular,
procedimentos mltiplos, nmero de pessoas no centro cirrgico (somente o
necessrio), drenagem (na dvida no drena), tcnica cirrgica, corpos
estranhos no local da operao (pouco fio, cautrio melhor), hemostasia
deficiente, transfuso sangunea, operaes de emergncia, cirurgio
inexperiente, drenos, luvas perfuradas, falhas tcnicas.
Risco de Infeco
Cirurgia abdominal, durao maior de 2 horas, operao contaminada ou
infectada, mais de 3 diagnsticos na alta. 1 ponto para cada item acima.
Pontuao Risco
0 1,0%
1 3,6%
2 9,0%
3 17%
4 27%
Estratificao do Risco de Infeco
14
Operao contaminada ou infectada, ASA 3,4 ou 5, operao abdominal,
tempo de operao acima do 75 percentil (Ex: tempo normal de uma
apendicectomia na mdia de 1 hora, se a mesma durar 2 horas ou mais o
risco de infeco aumenta).
Medidas Pr-Operatrias
Banho: reduo da flora cutnea entre 2 a 9x com iodforos e
clorexidina.
Tricotomia: na noite que antecede a operao aumenta os ndices de
infeco, 24 horas antes 7,1%, imediatamente antes da operao 3,1%, agentes depilatrios ou barbeadores eltricos diminuem o risco de infeco.
Princpios da Profilaxia Antibitica
Iniciar antes da operao para que os nveis bactericidas do
medicamento estejam presentes no momento da inciso (1 hora).
A concentrao sangunea deve ser mantida durante a operao e os
nveis teraputicos no mximo 24 horas aps o fechamento da inciso.
No usado para esterilizar os tecidos, mas para diminuir a contaminao operatria. No previne contaminao ps-operatria.
Teoricamente, nas cirurgias limpas no se usa antibitico profiltico.
Deve ser usado para todas as operaes cujo uso evidenciou reduo
da infeco ou nos casos que uma infeco pode ter conseqncias
desastrosas (operaes limpo-contaminadas).
Dose independe da funo renal (pela curta durao) e a via
endovenosa a preferida.
Usar um antibitico seguro, barato, cujo espectro bactericida cubra a
maioria doa germes contaminantes. Preferncia por cefalosporinas de 1 e 2
geraes.
O antibitico reduz significativamente o risco de infeco, mas no
substitui a tcnica cirrgica. Se a tcnica ruim ainda h risco de infeco.
Depois da inciso h leso dos vasos locais e faz isquemia. No adianta
usar antibitico s depois da inciso porque ele no vai chegar no local.
15
Administrar antibitico profiltico sempre que houver indicao.
Endovenoso durante a operao, repetir durante (quando superior a 2 horas) e
aps fechar a inciso em at 24 horas. Vancomicina no deve ser utilizada
rotineiramente.
Diminuio dos Riscos Per-Opertrios
Profilaxia antibitica adequada, manter o paciente aquecido, manejo
suave dos tecidos, evitar cautrio e ligaduras desnecessrias, manter a ferida
mida, usar suturas corretamente, elevar a PaO2 (evitar hemorragia).
Recomendaes
IA: identificar e tratar infeces distncia, tricotomia s quando interferir na inciso e realizada com barbeadores eltricos logo antes da
operao, administrar o antibitico profiltico EV antes da inciso, repeti-lo
durante o ato cirrgico (quando maior que 2 horas) e quando a inciso estiver
fechada.
IIB: controle da glicemia pr-operatria, eliminar o fumo 30 dias antes,
banho com anti-sptico na noite anterior, reduzir o tempo de internao,
suspender corticosterides (se possvel), iniciar controle nutricional, escovao
por 5 minutos (visa diminuio da flora transitria, unhas cortadas, no usar
unhas artificiais, jias ou esmaltes), notificar funcionrios com sinais e sintomas
de doena infecciosa, afastar pessoas com leses supurativas na pele e enviar
material para cultura (no devem ser excludas rotineiramente indivduos com
cultura positiva pra S. aureus ou Strepto grupo A, a no ser que haja ligao
epidemiolgica), antes de operaes colorretais eletivas realizar preparo
mecnico do clon e administrar antibiticos orais no absorvveis, no usar
rotineiramente vancomicina, troca de aventais midos, fechamento primrio
retardado em casos altamente contaminados, usar drenos ativos com sistema
fechado e exteriorizao por incises contralaterais, remove-los o mais
precocemente, proteger a ferida com curativo por 24 a 48 horas.
16
Anti-spticos e sua ao
Agente Ao
lcool Desnatura protenas
Clorexidina Rompe membrana celular
Iodine/iodforos Oxidao/substituio de aminocido da membrana
Centro Cirrgico
Fluxo: corredores limpos devem ser separados dos contaminados.
As bactrias do assoalho do centro cirrgico no constituem causa de
infeco, desinfetantes diminuem a quantidade de bactrias no assoalho por
apenas 2 horas, desinfeco do assoalho entre as operaes limpas ou limpo-
contaminadas desnecessria.
As desinfeces entre as operaes contaminadas so recomendadas
apesar de no haver suporte cientifico.
Fluxo de ar: raramente implicado como causa de infeco cirrgica. A
presso no centro cirrgico deve ser positiva. Fluxo laminar s tem utilidade em
cirurgias limpas.
Aventais e campos: barreiras que visam isolar a ferida cirrgica. Devem
ser impermeveis, confortveis e baratos. Adesivos plsticos ou qualquer
barreira para separar reas estreis de no estreis no demonstraram a
diminuio da infeco cirrgica.
Luvas e mscaras: as luvas protegem o paciente do cirurgio e o
cirurgio do paciente. 13% apresentam furos no final da operao e 58%
quando testadas eletronicamente. No se evidenciou correlao entre furos e
infeco. As mscaras protegem o cirurgio e no se evidenciou se seu uso
diminui ou no os riscos de infeco.
Equipamentos trazidos de fora do centro cirrgico no necessitam de
degermao.
17
Fechamento de uma sala de operao aps cirurgia infectada no tem
suporte cientifico.
A maior fonte de contaminao o paciente, seguido da equipe
cirrgica.
Citocinas e Resposta ao Trauma e Infeco
Citocinas so glicopeptideos que agem como mediadores da resposta
metablica, hemodinmica e imune nos pacientes aps trauma ou infeco.
So produzidos por todas as clulas atuando em outra clula, tecido ou rgo,
de maneira autcrina, parcrina ou endcrina, com respostas distintas e
extremamente potentes, mesmo em baixa quantidade. So as chemoquinas,
linfocinas, monocinas, interleucinas e interferons.
Antagonista das citocinas glicocorticides. NORMAL INFLAM. LOCAL INFLAM. SISTMICA FMOS Aumento na concentrao de citocinas
Endotoxinas (Infeco)
Bactria Queimadura
Trauma Produo de citocinas Pancreatite
Hipxia Fluxo Sanguneo
Inflamao local Recuperao
Inflamao sistmica
FMOS
Morte
Aumentam o nmero de leuccitos, de clulas imaturas da medula
ssea e a quimiotaxia dos neutrfilos (primeiras clulas a chegar na ferida),
18
agem na produo e atividade de outras citocinas, podem ter atividade pr-
inflamatria ou antiinflamatria.
Agem na cicatrizao de feridas (fatores de crescimento), aumento
exagerado de citocinas pr-inflamatrias levam a choque sptico e FMOS,
produzem a mobilizao de aminocidos dos msculos (fonte de energia).
Aumentam a sntese de protenas inflamatrias para diminuir os efeitos
sistmicos da leso tecidual (protena C reativa, fibronectina...), diminuem o
ferro circulante (inibindo o crescimento de bactrias), seu efeito deve ser
limitado ferida (angiognese e fibroplastia).
Febre e os sintomas relacionados induzem o paciente ao repouso a fim
de evitar stress adicional.
TNF
Aparece precocemente aps trauma ou infeco, induz liberao de
neutrfilos da medula ssea, marginalizao e passagem trans-endotelial.
Produzida pelos moncitos/macrfagos e clulas de Kupffer, com vida mdia
de 20 minutos.
Importante indutor do catabolismo muscular e caqueixa, estimula
angiognese e fibroplastia na cicatrizao, promove a sntese das protenas
inflamatrias, estimula a coagulao, sntese de prostaglandina E2.
IL-6
Quantifica o trauma, IL-1 e TNF- so importantes indutores de IL-6,
aps o trauma aparece em 60 minutos, importante mediador da resposta
heptica ao trauma, tem propriedades anti-inflamatrias, atenuando a ao de IL-1 e TNF-.
Interferon
Ativa moncitos e macrfagos, ativao de macrfagos pulmonares
pode induzir o SARA aps grandes operaes ou trauma, detectvel 6 horas
aps o trauma.
19
CICATRIZAO
o fechamento das falhas teciduais ou substituio de um tecido
destrudo por outro de mesmo tipo ou por tecido fibroso que recompe as
partes lesadas. Magalhes
Processo dinmico que envolve mediadores, clulas e matriz extra
celular.
Cicatrizao reparo (outro tecido), semelhante a embriognese e carcinognese (celularidade induzida por outra substncia).
Regenerao mesmo tecido (fgado e epitlio). Primeira Inteno
Quando as superfcies das bordas da ferida esto estreitamente
ajustadas uma outra, podendo com o mnimo de formao tecidual unirem-
se, fechando a ferida. Este o objetivo das feridas fechadas cirurgicamente
com os requisitos de assepsia e anti-sepsia que proporcionam adaptao e
sutura das bordas. Magalhes
Reparo cirrgico sutura Segunda Inteno
Quando as bordas da ferida esto dilaceradas ou por trauma, por estar
infectada ou por falha na pele causada por queimadura. Neste caso a
cicatrizao da ferida ocorre depois de um estgio de secreo aumentada e
formao de tecido de granulao, o que acontece nos ferimentos deixados
intencionalmente abertos. Magalhes
Deixar aberto para drenar e cicatrizar sozinha, por meio de processos biolgicos naturais.
Terceira Inteno
Cicatrizao por primeira inteno retardada, ferida infectada. Fazer a
aproximao dos bordos da ferida aps a cicatrizao por segunda inteno,
para um melhor resultado esttico.
20
Fase Inflamatria (0-7 dia) Fase Proliferativa (7-3 semana) Fase de Maturao (3 semana - 1 ano). Esta diviso tem aspecto didtico, na
verdade impossvel se determinar exatamente quando termina uma fase e
comea outra. A cicatrizao um processo dinmico em que tudo aconteceu
ao mesmo tempo.
Cicatrizao hemostasia, inflamatria, proliferao, remodelao. Fase Inflamatria (0-7 dia) sem inflamao no h cicatrizao
Hemostasia
Ativao dos fatores de coagulao para formar fibrina e fibronectina (matriz provisria, onde se ligam os fatores de
crescimento e as citocinas)
Vasoconstrio 5 a 10 minutos (tromboxano, catecolaminas e prostaglandinas), vasoconstrio local e transitria
Formao de rolha plaquetria, participao do tromboxano. Degranulao plaquetria com secreo de PDGF, TGF-, FGF,
EGF e tromboglobulina.
Hemoflico no faz coagulao, no faz fibrina, atrapalha o processo de cicatrizao deficincia do fator VIII
Inflamao
Mediadores inflamatrios so essenciais para quimiotaxia celular. Fibrina, fibronectina e fragmentos servem de suporte para as
clulas que migrarem (macrfagos, neutrfilos...)
Neutrfilos so as primeiras clulas a migrar estimuladas pelo complemento, citocinas, TNF-, TGF-, PF4,IL-1, produtos
bacterianos. Realizam a fagocitose. Eles no so essenciais.
Macrfagos
Aparecem no 2 ou 3 dia. Na ausncia de bactrias substitui os neutrfilos, so as clulas mais importantes
21
Fagocitose: radicais de O2 e xido ntrico, ferida isqumica pouca oferta de oxignio ineficincia de macrfagos retarda a cicatrizao aumenta o risco de infeco
Desbridamento: colagenases e elastases debridam pequenas reas isqumicas
Sntese de fatores de crescimento e citocinas (inicialmente feita pelas plaquetas) > de 30
Produo de cido ltico, que juntamente com fatores de crescimento (suporte de oxignio) promovem a angiognese.
Cortar vasos zona isqumica metabolismo anaerbio aumento da produo de cido ltico
Leuccitos predominam no 2 e 3 dia, assim aps 72 horas inicia uma diminuio do processo inflamatrio (IL-10, IL-4)
Hemostasia e inflamao so estimuladas simultaneamente pela liberao de inmeros fatores solveis: histamina, serotonina,
bradicinina, prostaglandinas, prostaciclinas, tromboxanos, C5a.
Produo de metaloproteinases, que diferem os tipos de colgeno e possibilita a infiltrao de mais clulas inflamatrias e
mesnquimais.
Fatores de crescimento
Famlia dos PDGF (Platelet Derived Growth Factors): a partir dos grnulos, moncitos, macrfagos, fibroblastos, clulas
musculares lisas e endotlio. Promovem quimiotaxia de clulas
inflamatrias e induzem formao de colgeno.
Famlia dos TGF- (Transformer Growth Factor): liberado em grande quantidade aps o trauma pelas plaquetas, quimiotxico
para neutrfilos, macrfagos e fibroblastos. Inibe reepitelizao.
22
Fase Proliferativa (7 dia 3 semana)
Proliferao de clulas endoteliais para a formao de novos capilares
angiognese, proliferao e quimiotaxia de fibroblastos fibroplasia, proliferao de clulas epiteliais para restabelecer a barreira contra infeco e
perda de lquidos epitelizao (24 48 horas a ferida esta coberta). Na fase inflamatria so os pontos que seguram a anastomose. Depois
do 4 dia o colgeno que da sustentao (para haver produo de colgeno
necessita de oxignio). No 5 e 6 dias fase crtica formao de colgeno. Epitelizao: inicia algumas horas aps o trauma, clulas da camada
basal do epitlio se dividem e migram para a periferia, entre 24 48 horas a
ferida esta coberta. Nas feridas abertas a epitelizao se d a partir dos anexos
drmicos (glndulas sebceas e pilosas).
Colgeno ( 2 cadeias 1 e uma cadeia 2): a protena mais comum
dos mamferos, apresenta abundncia de dois aminocidos: hidroxiprolina e
hidroxilisina, a hidroxilao se d a partir da prolina e da lisina e requer
vitamina C e oxignio, excretado do fibroblasto como pr-colgeno, no
espao extra-celular, se transforma em colgeno pela clivagem das
peptidases.O colgeno maduro tem fibras avermelhadas. As fibras imaturas
(colgeno tipo III) so verdes.As cadeias de protenas so ligadas por pontes
dissulfetos/bissulfetos.Surgem ligaes entre os filamentos que ficam mais
grossos.
Matriz: inicialmente composta de fibrina e fibronectina, segue-se
deposio de glicosaminoglicanos e proteoglicanos (cido hialurnico),
deposio de colgeno que aumenta por 3 a 4 semanas, a matriz extra-celular
um reservatrio de fatores de crescimento, alm de integrinas que fixam as
clulas.
Fase de Maturao
Inicia em torno do 15 dia, aumento da produo por 4 a 5 semanas,
equilbrio entre a produo e degradao, fibras colgenas tornam-se mais
espessas e organizadas, aumento da fora tnsil, substituio do colgeno tipo
III pelo colgeno tipo I (mais resistente).
23
Apesar de a fase de maturao durar em torno de um ano, as fibras
colgenas nunca se tornam organizadas nem adquirem fora tnsil do tecido
intacto. Readquirem 80 90% de tenso, nunca 100%.
Processo de Cicatrizao
Tempo Zero: Inciso vasos seccionados vasoconstrio hemceas e plaquetas tromboxano.
Tempo 0 hora: Cogulo de fibrina matriz extra-celular do incio do
processo cicatricial) fibrinognio e fibronectina plaquetas produzindo fatores de crescimento que produzem vasodilatao (comeo da fase
inflamatria).
Tempo 1 6 horas: Muitos neutrfilos e alguns linfcitos (diapedese).
Tempo 2 dia: Macrfagos (produo de todos os fatores) epitelizao inicial (proliferao fechamento).
Tempo 3 - 5 dia: Fibroblastos neovascularizao comea a produo de colgeno matriz celular com colgeno tipo III.
Tempo 7 - 10 dia: Epitelizao total colgeno tipo I Fibroblasto Contrao da ferida
Os fibroblastos, assim como as clulas musculares contm filamentos de
actina, sendo chamados de miofibroblastos, a contrao responsvel por
90% da reduo das feridas perineais e 30% das lceras de perna, aparece no
6 dia e aps 4 semanas desaparece paulatinamente.
Citocinas
Estimulam a proliferao e diferenciao de clulas. So um fator
positivo para a ferida e negativo sistmicamente.
IL-1
Aparece na ferida logo aps o trauma, estimula a proliferao de
fibroblastos aumentando a produo de PGDF nestas clulas, estimula a
sntese de colgeno nos fibroblastos e a sntese de substncias
24
vasodilatadoras como a PGE2, as fontes principais so os macrfagos e
moncitos.
TNF-
Aparece precocemente na ferida, as fontes principais so os macrfagos
e moncitos, estimula a proliferao e diferenciao celular.
Trauma
Produo de citocinas
Boa resposta M resposta
Boa Resposta: na ferida clulas-alvo M Resposta: sistmica queimadura, pancreatite, sepse, excesso de
cicatrizao (aumento na sntese do colgeno, no tempo e intensidade, fase
inflamatria responsvel por excesso de tecido cicatricial, no feto onde no
se tem inflamao no se verifica cicatrizes, quelides e cicatrizes hipertrficas,
estenose dos canais biliares, aderncia nos tendes).
Aspectos Clnicos da Cicatrizao
Oxignio (prova!): a maior parte do oxignio consumido na ferida serve para produo de radicais oxidantes, sntese de colgeno epitelizao.
Mais importante que a saturao do oxignio da hemcea a perfuso
tissular. Oxignio tissular e sntese de colgeno pode ser mantida em
indivduos com hematcrito de 15% desde que tenham corao normal e no
apresentem vasoconstrio.
Diminuio da perfuso tecidual: hipertenso, DM, fumo, radiao
(vasos pequenos isquemia relativa), edema, aterosclerose, drogas, choque,
depleo, hipotermia.
Nutrio: a desnutrio protica esta associada com cicatrizao
deficiente, fase inflamatria e prolongada e a fibroplasia impedida, o que
significa uma reduo na proliferao, deficincia de Mg, Mn, Ca, Cu, Fe afeta
25
a sntese de colgeno, vitaminas A e C esto associadas no fibroplasia e
envolvidas na produo de colgeno.
Infeco: ocorre aumento da fase inflamatria com diminuio do aporte
de oxignio. Um baixo numero de bactrias na ferida parece que acentua o
processo de fibroplasia, grande quantidade de bactrias inibe a cicatrizao,
tecidos isqumicos infectam facilmente e no cicatrizam, a circulao de
antibitico pelos tecidos requer a presena de tecidos sadios, tcnica cirrgica
essencial, profilaxia das infeces no pr, trans e ps-operatrio.
Diabetes: gera um processo inflamatrio anormal, com proliferao dos
fibroblastos, alteraes na fagocitose, nos fibroblastos e no endotlio.
Diminuio da deposio de colgeno pela hiperglicemia e da contrao da
ferida pela diminuio dos receptores de insulina.
Estudo da Cicatrizao: exame antomo-patolgico, fora tnsil,
dosagem de hidroxinolina (quanto maior melhor a cicatrizao), densitometria
do colgeno (quantificao de colgenos tipo III e I).
Excesso de cicatrizao: quelides (aumento da produo e diminuio
da degradao de colgeno no somente no local do trauma) e cicatriz
hipertrfica (restrito ao local do trauma). O tempo e a intensidade da fase
inflamatria esto aumentados. Podem ocasionar estenose do canal biliar,
aderncia de tendes, cirrose heptica, contratura de Dupuytren, sind. de
Peronie e estenose valvar.
Cicatrizao deficiente: anormalidade no grau e na durao da
cicatrizao que pode ocasionar eviscerao, hrnia incisional, deiscncia e
fstula de anastomoses gastrointestinais.
26
LAPAROTOMIAS
Definio
Laparotomia (laparon = flanco + tome = corte) significa, na acepo
exata do termo seco do flanco tem, entretanto o significado de abertura
cirrgica da parede abdominal no conceito da maioria dos cirurgies.
Celiotomia (clio = abdome + tome = corte + ia) seria o termo correto. A
denominao de laparotomia como sinnimo de celiotomia geralmente aceita,
consagrada pelo uso. Goffi
Acessar atravs da parede abdominal a cavidade peritoneal.
Caractersticas de um bom acesso cirrgico
Conforto para realizara determinada cirurgia. Inciso de pele, de
preferncia o mais prximo da leso que se pretende intervir, passvel de ser
estendida de forma ampla e direta, se prestar a uma boa reconstruo da
parede slida funcional esttica, prever a necessidade de estomas fora da inciso e bem localizados, prever a necessidade de drenagem fora da
inciso e bem localizada.
Classificao
Longitudinais
Vantagens Desvantagens
Menor leso muscular e nervosa Ao se afastar da linha media lesa mais nervos
Perpendicular s linhas de fora Esttica desfavorvel, por ser perpendicular s linhas de fora
Tempo de abertura e fechamento menor
Mais eventraes e complicaes respiratrias
Menor sangramento PO mais doloroso
Medianas: melhor acesso para emergncias, bom para infeces. Evitar sempre descolamentos anatmicos alm do necessrio
para a sutura, no faz denervao do msculo reto abdominal,
bom acesso para esfago at o reto e para cirurgias
27
ginecolgicas. A cicatriz umbilical importante, aps as cirurgias
deve-se mant-la, pois a mesma mantm a simetria do abdome.
A linha alba supra-umbilical mais larga. Na inciso mediana
supra-umbilical o acesso se d sem lesionar o msculo reto
abdominal, j na infra, devido a linha ser filiforme, a penetrao se
d atravs da musculatura.
o supra/infra-umbilical
o xifopbica (desvio da cicatriz umbilical pela esquerda para no lesar ligamento redondo)
Paramedianas o para-retal interna (Lennander)
supra/infra/para-umbilical xifopbica
o para-retal externa
supra e infra-umbilical (Jalaguier) o trans-retal (no se usa mais)
Transversais:
Vantagens Disvantagens
Menor leso nervosa Maior leso muscular e nervosa
Esttica favorvel, por ser paralelo s linhas de fora
Cicatrizao fibrosa pela seco muscular.
Menos eventraes, evisceraes e complicaes respiratrias
Tempo de abertura e fechamento maior
PO menos doloroso Maior sangramento
Maior superposio de planos (mais firme)
Aproximao dos planos ao esforo (menor dor e maior colaborao)
Bom acesso supramesoclico (hepate, esplene, pancreatectomia)
28
Supra-umbilical o Parcial (Sprengel)
o Total
Infra-umbilical (grande retrao) o Parcial (Pfannenstiel): indicada para cirurgias plvicas
ginecolgicas. transversal somente na pele e subcutneo
o restante incisado na vertical (a aponeurose pode ser
incisada na horizontal), localiza-se dois dedos acima da
pube. Pode ser linear ou cncava, com a concavidade
voltada para cima. No tem possibilidade de expanso
(no boa para CA ou esvaziamento plvico).
o Total
Oblquas
Kocher: inciso oblqua subcostal. Bom acesso para fgado e vias biliares, possibilidade de expanso para dorso e mediastino.
Seco completa do reto, o mesmo no necessita ser suturado no
fechamento.
McBurney: acesso em FID (apndice). Localizada 2/3 abaixo da cicatriz umbilical, na linha imaginria que une o umbigo crista
ilaca D. oblqua e no secciona a musculatura (apenas
divulso), pode ser ampliada (apenas medialmente).
Semilunares
Cherney Chevron
Anatomia
Anatomia da parede abdominal ntero-lateral
Pele Tela subcutnea
29
Planos musculares: reto abdominal ( mais largo na poro superior e envolvido pelas aponeuroses dos outros msculos
ficando entre as bainhas), oblquo externo (emite 1 folheto
aponeurtico que se estende at a linha mdia do abdome. Suas
fibras so no sentido nfero-medial de cima para baixo), oblquo interno (emite 1 folheto aponeurtico at a poro mdia
que tem cursos diferentes acima e abaixo da Linha Arqueada de
Douglas. Suas fibras so no sentido contrrio ao do oblquo
externo, ou seja, de medial para lateral), transverso. A linha mdia
(Alba) no a insero das aponeuroses dos msculos largos do
abdome e sim o seu entrelaamento. Esses msculos trabalham
como uma unidade e so digstricos funcionais.
Aponeuroses
Acima da Linha Arqueada de Douglas o do msculo oblquo externo: em frente ao reto abdominal
o do msculo oblquo interno: divide-se em folheto anterior e posterior, que envolvem o reto.
o do msculo transverso: atrs do reto abdominal
Portanto: o Bainha anterior: aponeuroses do oblquo externo e folheto
anterior do oblquo interno
o Bainha posterior: folheto posterior do oblquo interno, aponeurose do transverso e trade peritoneal (fascia
transversalis, gordura pr-peritoneal e mesotlio (peritnio
parietal) )
Abaixo da Linha Arqueada de Douglas o Bainha anterior: todas as aponeuroses.
o Bainha posterior: trade peritoneal.
30
Vascularizao
Sistema epigstrico-mamria (na bainha posterior do reto) Sistema das intercostais e lombares Sistema cutnea-abdominal Sistema circunflexa-ilaca Veia cava inferior: principal via de drenagem venosa da parede
abdominal.
Inervao
Nn. Toracodorsal, lio hipogstrico, lio inguinal e intercostais (inervao da parede ntero-lateral)
Se trs nervos ou mais forem seccionados, compromete-se a tenso da parede (as incises para-retais, trans-retais e as
transversais lesam vrios nervos). A alterao motora e no
sensitiva, exceto na regio inguinal (por leso dos nn. lio-
hipogstrico e lio-inguinal)
Tempos Cirrgicos Bsicos
Pele e subcutneo: preparar a pele (tricotomia na hora da cirurgia e anti-
sepsia), usar campos, fazer a inciso cirrgica correta com bisturi frio, evitar
queimadura de subcutneo com eletrocautrio. Lembrar que em hrnias pode
haver alas coladas na parede. Colocar campos diretos.
Aponeurose e peritnio: todos os planos devem ter a mesma extenso
da inciso da pele e devem ser incisados preferencialmente com bisturi frio. A
musculatura deve ser divulsionada, de preferncia. Se isso no for possvel,
usar cautrio para evitar sangramento. Elevar o peritnio com duas
hemostticas, fazer uma pequena inciso para fazer o pneumoperitnio e no
correr o risco de abrir alguma ala aderida. Em seguida, amplia-se a inciso ate
a extenso necessria. Pode-se utilizar campos diretos peritoneais tambm.
Inspeo da cavidade: uma vez aberta a cavidade, deve-se confirmar a
presena da leso pela qual o doente est sendo operado (palpao e
31
visualizao). Verifica-se se h alguma outra leso (inventrio geral da
cavidade), palpao comeando pelo hiato esofgico, estmago, alas, clon,
sigmide, fgado, mesentrio, etc. Deve-se sempre descrever esta inspeo e
tratar as leses que encontrar. Executar o processo cirrgico programado.
Antes de fechar a cavidade, rever a operao, drenos, hemostasia e
corpos estranhos (gazes e compressas so corpos estranhos e, se deixados na
cavidade podem provocar infeco. Quando deixados propositadamente,
devem ser descritos no pronturio do paciente).
Fechamento da parede abdominal: deve ser fechada sempre por planos.
O fechamento do peritnio evita maior aderncia no ps-operatrio (de
preferncia fio absorvvel sinttico). A aponeurose pode ser fechada com
pontos prximos de no mximo 1 cm a cada lado e com fio inabsorvvel ou de
absoro lenta em pontos separados ou contnuos. O subcutneo nunca deve
ser suturado: s faz isquemia e faz maior reao tissular. Os pontos de reforo
(totais ou sub-totais) devem ser feitos em pacientes que tem dificuldade de
cicatrizao (tossidor crnico, DPOC, carcinose, ascite) e so feitos com fio
monofilamentar inabsorvvel, os pontos de reforo previnem eviscerao mas,
no eventrao. A pele deve ser suturada de forma que aproxime os bordos
sem tenso.
Sutura em plano nico usada em reoperaes. As reoperaes podem
ser precoces ou tardias. Precoce o acesso na mesma inciso cirrgica. Nas
tardias deve-se lembrar que sob a cicatriz deve haver vsceras aderidas. A
reviso precoce da laparotomia, a operao de segunda olhada ou second
look, est indicada em pacientes de risco independente da evoluo clnica
operatria inicial.
Peritoniostomia o no fechamento da parede nos casos de pancreatite
grave, peritonite fecal difusa. Trata a cavidade abdominal como sendo ferida
infectada de tecidos moles.
Sndrome compartimental abdominal: altas presses intra-abdominais isquemia importante repercusso sobre todos os sistemas. Para evitar esta sndrome pode-se utilizar a Bolsa de Bogot, manter a cavidade aberta ou
monitorar a PIA e, caso esteja elevada, abrir a cavidade. freqente em
32
pacientes operados em carter de emergncia, em grandes cirurgias
(aneurisma de aorta) e situaes inflamatrias.
Deiscncia aguda da ferida cirrgica
Fatores predisponentes:
Idade maior que 65 anos Infeco da ferida Doena pulmonar, sepsis, obesidade, uremia Instabilidade hemodinmica Hipoproteinemia, ascite Estoma atravs da inciso Malignidade, uso de corticides HAS, hiperalimentao
Fatores de risco:
Tipo de inciso Tcnica de abertura da cavidade com cautrio Tenso na sutura, fios de sutura, fechamento do peritnio Sntese por planos x sutura total Segurana dos ns Sutura continua x sutura com pontos separados Pontos totais de apoio Sexo 2:1 Operaes de emergncia Experincia do cirurgio Obesidade, DM, ictercia, anemia, transfuso, m nutrio, dficit
protico, dficit de vitamina C e zinco, malignidades TGI
33
Cicatrizao da Fscia
Resistncia da ferida 40 80% em 3- 6 semanas rea de cicatrizao, colagenlise Importncia do processo inflamatrio Tenso Resistncia da sutura em cadveres
Casos de falncia aguda da ferida cirrgica
Afrouxamento da sutura Erros no n Pontos distantes / espaos mortos Rompimento dos tecidos por sutura incorreta
34
SUTURAS E ANASTOMOSES GASTRINTESTINAIS
Anastomose: reconstituio de 360 de uma seco de toda a
circunferncia do tubo, comunicao natural ou artificial entre duas estruturas
geralmente tubulares.
Anatomia e Fisiologia
Finalidade: reconstituir o trnsito do TGI alterado por alguma disfuno.
Vascularizao: importante saber a anatomia do segmento intestinal a
ser manipulado e de sua vascularizao, evitando dessa maneira ligadura de
vasos importantes na nutrio do segmento e sua conseqncias, como a
deiscncia e a fistulizao.
Flora Bacteriana: toda cirurgia do TGI no mnimo potencialmente
contaminada.
Esfago: flora bacteriana mista, predominando anaerbios da cavidade bucal.
Estmago e 1 poro do duodeno: pequena populao bacteriana, devido ao pH cido. Entretanto, deve-se considerar a
possibilidade de haver bactrias no estmago em casos de
produo inadequada de cido. Exemplos: na acloridria
(anticidos, bloqueadores H2 e IBP) e hipocloridria (neoplasias)
ou hipercloridria (quando h necrose). O H. pylori tambm fator
adverso na cicatrizao.
Duodeno at vlvula ileocecal: o numero de bactrias aumenta no sentido distal.
Clon: grande quantidade de bactrias aerbias e anaerbias (1012 bactrias/g de fezes). Nas cirurgias de clon deve-se fazer
uma antibioticoterapia sistmica e lavagem intestinal para
remover o contedo fecal e assim diminuir a flora bacteriana.
Peritnio e cavidade peritoneal: circulao dinmica. Em poucos minutos as bactrias esto na circulao.
35
Mordedura humana: mais grave que por animais porque a flora bacteriana maior e mais patognica. altamente contaminada,
deve ser tratada com ATB e cicatrizar por segunda inteno.
Cuidados pr-operatrios: importante para diminuir a infeco. Se a
cirurgia for at o leo, deve-se fazer jejum de 12 horas antes da cirurgia. Para
cirurgias em clon, o preparo pode ser feito com manitol 10% (para eliminao
do contedo intestinal). A lavagem intestinal usada para pacientes com
possvel ocluso intestinal.
Objetivos da anastomose
Estabelecer continuidade e ser assptica. Vedao: o tubo digestivo deve ficar hermeticamente fechado,
no podendo extravasar contedo slido, liquido ou gasoso.
Tomar cuidado com isquemia.
Preservar a vascularizao: as deiscncias ocorrem classicamente no 4 ou 5 dia do ps-operatrio e so falhas
tcnicas na maioria das vezes. As principais causas so: excesso
de tenso ou necrose da rea anastomosada.
Ausncia de tenso na linha de sutura: isso fcil no segmento jejuno-ileal devido a sua mobilidade. Os outros segmentos so
mais fixos. Existindo tenso, esta representar uma fora
contraria ao sentido de vedao, o que dificulta a cicatrizao. O
peristaltismo intestinal tambm exerce tenso nos pontos.
Inverso da mucosa: a mucosa deve ficar para dentro da luz, isso desempenha o papel fundamental da vedao e diminuem o risco
de infeco e de contaminao. Jamais everter.
Justaposio da serosa sem tenso: garante a boa cicatrizao, vedao, continuidade e menor aderncia de tecidos vizinhos, o
processo de cicatrizao melhor nos rgos do TGI que
possuem serosa. Os rgos sem serosa so: esfago, parte
retroperitoneal do duodeno e poro distal do reto (1/3 inicial
36
possui), esses locais so mais suscetveis s complicaes das
suturas e anastomoses. Nesse caso deve-se procurar recobrir a
anastomose com alguma serosa mesmo que seja omento
(reperitonizao).
Hemostasia adequada: uma boa hemostasia diminui o risco de infeco. A camada que comporta maior vascularizao a
submucosa, sendo, portanto, importante a tcnica cuidadosa na
sua sutura. A formao de hematoma causa uma maior tenso
sobre a linha de sutura, sendo sua ausncia um dos objetivos da
anastomose. As suturas mecnicas so geralmente mais frgeis e
sangram mais.
Submucosa: alm de ter grande vascularizao, nela que se encontra a maior quantidade de fibras colgenas, sendo por isso
ela quem garante a resistncia sutura. Todas as anastomoses
devem incluir a camada submucosa no plano de sutura.
Conferir solidez com tcnica delicada: deve ser slida e no grosseira.
Indicaes
Estenoses e atresias congnitas do TGI Leses traumticas do TGI Resseces de leses benignas ou malignas Estenose devido a processos inflamatrios ou ulcerosos Isquemia ou necrose de intestino Resseco de fstulas
Mtodos e meios
Pontos totais: atravessam todas as camadas (mucosa serosa), ou
seja, penetra na luz intestinal. mais slida, mais resistente e mais
hemosttica, porm, estabelece uma continuidade terica entre o intestino e o
37
exterior provocando contaminao. Todo plano total deve ser recoberto com
um segundo plano de sutura (sero-muscular).
Pontos sero-musculares ou extra-mucosos: no incluem a mucosa. Inclui
necessariamente a submucosa, porque ela quem confere resistncia
sutura. O ponto sero-muscular deve incluir a submucosa sem perfurar a luz
intestinal. Podem ser feitos em um ou dois planos. Ambos podem ser feitos de
maneira contnua ou interrompida.
Planos de sutura
Dois planos: total + sero-muscular ou mucoso + sero-muscular. Os
pontos totais devem sempre ser recobertos com pontos sero-musculares
(sepultamento da anastomose) para evitar a contaminao. No sentido de
hemostasia a melhor a em dois planos.
Plano nico: sero-muscular (cicatrizao mais precoce, mais rpida, sem
necrose, acol bem as vsceras) ou total (exceo). A tendncia atual se
fazer anastomose cada vez mais em plano nico que to segura e slida
quanto a anastomose em dois planos. No sentido de evitar estenoses e obter
melhor evoluo anatomopatolgica a sutura em plano nico melhor.
Plano anterior e plano posterior:
Ala mvel: a ordem se sutura a seguinte: total anterior total posterior sero-muscular anterior sero-muscular posterior.
Ala fixa: o segmento que no se pode mobilizar adequadamente. Quando se deseja fazer uma sutura em dois
planos, utiliza-se a seguinte seqncia: sero-muscular posterior
total posterior total anterior sero-muscular anterior.
Nunca esquecer: fechamento da brecha mesentrica (ala pode ser
estrangulada) e fazer a coprostase antes.
Formas fundamentais de sutura
Interrompida: mais segura porque tem maior vascularizao, provoca
uma reao tecidual menor (menos corpo estranho), provoca menos isquemia
38
e menos estenose. imperativa em rgos de pequeno calibre. menos
estenosante e menos hemosttica.
Continua: provoca maior linha de isquemia, mais hemosttica, mas faz
mais estenose. Promove a formao de um anel inelstico em toda a
circunferncia. Dependendo da trao vai produzir uma rea grande de
estenose, prejudicando a boa cicatrizao.
Material de Sutura
Os clamps intestinais so atraumticos e fazem hemostasia temporria,
as agulhas devem ser cilndricas (de preferncia atraumticas fio agulhado),
os fios devem ser sintticos absorvveis monofilamentares 3.0 ou 4.0, o
Vicryl um bom fio (multifilamentado, mas muito bom). O Catgut no um fio
de segurana, o material usado na anastomose (tempo contaminado da
cirurgia) deve ser sempre isolado e nunca utilizado para fechar a parede, aparelhos de sutura mecnica so descartveis.
Medidas de proteo isolamento visceral
Exteriorizao sempre que possvel (antes de abrir a vscera), campos
acessrios (proteo para limitar a contaminao caso no seja possvel
exteriorizar a vscera), coprostase por clampeamento, uso de aspiradores de
baixa presso, material isolado, trocas de luvas e aventais, tcnica de no
tocar (no por os dedos em mucosa).
O tempo contaminado deve ser sempre o ultimo tempo da cirurgia!
Tipos de Anastomoses
Trmino-terminal: envolve as extremidades livres dos segmentos.
Utilizada quando os dimetros dos segmentos so iguais.
Trmino-lateral: utilizadas quando os dimetros dos segmentos so
diferentes.
Ltero-lateral: utilizada quando h tumores extensos e no podem ser
ressecados. Nesse caso os segmentos no so seccionados transversalmente
em toda sua extenso. Se fosse feita uma anastomose trmino-lateral teria o
39
risco de ocorrer uma ruptura do coto distal (ala cega) devido secreo de
muco (acmulo).
Tempos Cirrgicos Bsicos
Preparo visceral Aproximao dos estomas com clamps Proteo adequada Pontos de reparo sero-musculares Confeco da sutura
Tipos Especiais de Sutura
Pontos Totais
Albert: um ponto no invaginante, no tem boa capacidade de inverter a mucosa. Pode ser continuo ou interrompido. Trajeto: serosa mucosa mucosa serosa.
Mikulicz: um ponto invaginante, feito como o Albert, porm em direo oposta ficando o n na luz. Pode ser continuo ou
interrompido. Trajeto: mucosa serosa serosa mucosa.
Connell (ou Connell-Mayo): um ponto continuo e invaginante (sepulta bem), e bastante usado. O ponto passa paralelamente
linha de inciso: entra e sai a mais ou menos 1 cm da borda de
40
inciso de um lado e entra e sai do outro lado. Trajeto: serosa mucosa mucosa serosa paralela inciso, passa para o outro
lado por cima da inciso e perpendicularmente a esta e serosa
mucosa mucosa serosa paralela a inciso novamente.
Schmilden: um ponto que aproxima bem as camadas invaginante e contnuo. Ele diferente dos outros pontos, pois
sempre entra em mucosa fazendo como se fosse um oito.
Trajeto: mucosa serosa de um lado e mucosa serosa do outro lado.
Pontos Extra-mucosos
Lembert: faz uma invaginao do plano a ser suturado e
utilizado, geralmente, para
sepultar o plano total que j foi
feito. Pode ser contnuo ou
interrompido. Trajeto: serosa muscular submucosa
submucosa muscular
serosa do mesmo lado e serosa
muscular submucosa
submucosa muscular
serosa do outro lado.
41
Lembert-Albert: um exemplo de sutura em dois planos, faz um ponto total de Albert que tem a tendncia de everter a mucosa e
um ponto de Lembert para sepulta-la.
Czerny: uma sutura para ser feita em plano nico. um plano extra-mucoso, pois pega todas as camadas, exceto a mucosa.
Pode ser continuo ou interrompido. Trajeto: serosa muscular submucosa submucosa muscular serosa.
Cushing: corresponde ao ponto de Connell sem penetrar na luz (no pega a camada mucosa), aproxima a serosa para peritonizar
um plano j feito. continuo. Trajeto: serosa submucosa- submucosa- serosa do mesmo lado serosa submucosa-
submucosa- serosa do lado oposto.
Bolsa de Tabaco: feito para sepultamento de cotos. Exemplo: coto apendicular em apendicectomias.
42
SUTURAS MECNICAS GASTRINTESTINAIS
Indicaes
Nenhum estudo mostrou superioridade de anastomoses mecnicas
sobre as manuais. O que importa o respeito s normas tcnicas. As suturas
mecnicas devem ser usadas quando o local a ser anastomosado de difcil
acesso (esfago-jejunal alta ou colo-retal baixa).
Anastomoses esofgicas: nas anastomoses entretorcicas as tcnicas
manual e mecnica so equivalentes.
Anastomoses gastro-jejunais: h diminuio do tempo, mas as
anastomoses mecnicas no so imprescindveis.
Anastomoses de delgado ou colo-colnicas altas: os resultados das
duas tcnicas so semelhantes. Recomenda-se que seja feita manual, pois o
custo da anastomose mecnica muito alto.
Anastomoses colo-colnicas baixas: a sutura mecnica tem vantagens
porque h dificuldade de acesso a essa rea (clon sigmide e reto). As
anastomoses baixas ficam com boa qualidade.
Contra-indicaes
Anastomoses bilio-digestivas Anastomoses de intestino com vsceras parenquimatosas (fgado,
pncreas).
Vantagens
Facilita a anastomose em locais de difcil manuseio Facilidade tcnica de execuo Aparelhos circulares tem diferentes tamanhos para diferentes
lmens
Aparelhos
Von Pitz
Difcil aplicao e esterilizao
43
Pesados Usados apenas uma vez
Aparelhos Lineares e Aparelhos Cortantes
Uso mltiplo Recarregveis Mais leves
A Ethicon introduziu aparelhos plsticos e descartveis, com dimetros
diferentes e bordas ajustveis aos tecidos.
Princpios na sutura mecnica
Perfeita coaptao das bordas Hemostasia adequada Anastomose resistente, sem isquemia, impermevel e livre de
tenso, no h sobreposio das mucosas a serem suturadas
Tipos
Bordas invertidas: regio cruenta para dentro da luz da vscera (usada em anastomoses trmino-terminais e ltero-laterais)
Bordas evertidas: promove a aproximao da mucosa da vscera, regio cruenta para fora da luz
44
CICATRIZAO DO TRATO GASTRINTESTINAL
Mucosa
Clulas epiteliais, glndulas, vilosidades, criptas Epitlio colunar (exceto esfago que o epitlio escamoso) Lmina prpria Muscular da mucosa
O reparo ocorre por migrao e hiperplasia celular que veda o defeito.
Barreira para o contedo intraluminal (3 dias para a vedao completa se
houver s justaposio).
Submucosa
Plano principal de resistncia do TGI. Resistncia tnsil, tecido
conjuntivo mais vasos, plexo de fibras nervosas e gnglios, colgeno I, II e IV
(produzido na muscular da mucosa e muscular).
Matriz extracelular, acelular, capacidade angiognica, sem rejeio,
resistncia infeco, fatores de crescimento, colgeno, fibronectina,
glicosaminoglicanos.
Muscular Prpria
Clulas musculares lisas mais colgeno I, II, IV.
Serosa
Tecido conjuntivo vascularizado mais cobertura mesotelial, proteo de
suturas e anastomoses (exceto reto e esfago), inciso de parede intestinal
(vasoconstrio inicial, vasodilatao aumenta a permeabilidade cininas, edema dos tecidos).
Colgeno sntese x lise = integridade da sutura Aspectos Particulares
Arquitetura visceral Contedo intraluminal
45
Serosa Suprimento vascular nico ao TGI (tronco celaco e mesentrico) Leso em todas as camadas + resposta fibrtica com inflamao
e proliferao
Cicatrizao deficiente deiscncia, fstula Cicatrizao exuberante retrao, estenose, obstruo
Resistncia da Cicatriz
Reduo: 3 a 4 dias colagenase, aumento do infiltrado de neutrfilos. Protease, radicais livres de O2.
Aps 3 a 4 dias aumento da colagenase, aumenta a resistncia. Fatores que influenciam a cicatrizao do TGI
Locais
Suprimento sanguneo Anastomoses sem tenso Bordos ntegros e sadios Contaminao bacteriana Obstruo distal Leso por radioterapia Preparo intestinal Hipotermia
Sistmicos
Estado nutritivo Sepsis Hipovolemia Drogas (esterides, no esterides, anti-neoplsicos) Imunocompetncia
46
Uremia Ictercia Hipovolemia, isquemia, transfuses (diminuem resposta imune)
Tcnica cirrgica
Cirurgio Tcnica delicada Isolamento visceral Suturas (local, distncia, tenso, ns) Limpeza adjacente, irrigao Sepsis (aumenta colagenlise e diminui a sntese do colgeno no
local)
Omentoplastia (para proteger a linha de sutura) Drenos (nunca devem ficar em contato com uma linha de sutura,
pois podem causar deiscncia)
Aspectos Particulares
Anastomoses realizadas na presena de doenas inflamatrias cursam
com mais deiscncia e com formao e organizao tardia do colgeno.
A deiscncia de anastomoses gastrintestinais uma das mais temveis
complicaes cirrgicas. Tem altas taxas de morbidade e mortalidade (0%
35%). Presumvel culpabilidade do cirurgio.
Raramente se atribui a falha da anastomose a fatores tcnicos. A
deiscncia atribuda a fatores como HAS, fumo, idade, anemia, DM,
corticides, entre outros fatores.
Apesar de o processo cicatricial ser semelhante em todos os tecidos,
existem peculiaridades em cada um deles:
Fibroblastos derivados de clulas musculares no sofrem influencia de corticides
47
Estruturas anatmicas com mltiplas camadas Microflora abundante pH varivel, dependente da secreo excrina A aquisio da fora tnsil mais rpida No s o fibroblasto participa na formao de colgeno, as
clulas musculares participam desse processo se diferenciando
em miofibroblastos
Princpios Tcnicos
Sntese perfeita, no permitindo a drenagem de lquidos Evitar everso de mucosa Oposio perfeita das superfcies serosas Controle de hemorragia na parede intestinal Aproximao da mucosa para previnir estenose cicatricial Evitar tenso na linha de sutura Evitar drenos prximos da anastomose Suturar somente tecidos sadios
Tcnica Cirrgica
Diretamente relacionada com a experincia Manejo adequado dos tecidos Manter os tecidos midos Evitar toro, estenose e hematoma Cuidado com os ns Evitar a formao de abscessos intracavitrios Cuidados com assepsia e antisepsia
48
ENTERECTOMIAS E COLECTOMIAS
Indicaes
Neoplasias, doena de Crohn, RCU.
Anatomia Cirrgica
reas nobres do intestino delgado: ltima ala e valva ileocecal
(absoro de sais biliares, potssio, colonizao e trnsito). A resseco da
ltima ala leva h uma morbi/mortalidade aumentada para o paciente.
Vascularizao: artria mesentrica superior (delgado +/- 5 arcadas) e artria mesentrica inferior (clons).
Pode-se ressecar qualquer extenso do delgado. Os pacientes
costumam tolerar at 70%, acima disso bastante complicado.
Resseco
Deve ser feita em cunha, ligam-se as arcadas e no as artrias retas (evita que se tenham muitas ligaduras ou muitos ns no
mesentrio na hora de fech-lo)
O mesentrio deve sempre ser fechado para evitar hrnias O ponto anti-mesentrico com maior rea de isquemia O corte da ala deve se feito na diagonal O ponto sero-muscular de mesentrio o primeiro a ser dado A rea anti-mesentrica fica menor. Isso interessante porque
ela menos irrigada (tem maior risco de necrose e infeco)
Se aps a resseco, a linha de sutura ficar ciantica sinal de que vai
necrosar. Deve-se sempre ressecar novamente.
Existe a possibilidade, em casos raros, de se reoperar o doente aps 12
horas (second look) para ver como ficou a anastomose.
Anastomose em Y de Roux
Substituio de tecidos retirados.
49
Faz-se a seco da primeira ala intestinal. A parte distal levada aonde
se quer anastomosar (esfago, pncreas e outros stios) e a parte proximal
deve ser anastomosada na continuao.
O tamanho do coto superior deve ter de 50 a 60 cm (longo), para evitar
peristaltismo retrgrado.
Repercusses
Sndrome do intestino curto: faz desabsoro, especialmente em
mltiplas resseces.
Para economizar intestino abre-se em um sentido e fecha-se em outro
(abre na transversal e fecha na vertical). Muito usado em doena de Crohn.
Quando a rea a ser ressecada estentica e muito grande, pode-se
fazer uma anastomose ltero-lateral no trecho para economizar.
Colectomias
Protossigmoidectomia ou retossigmoidectomia Colectomia total: retira-se todo o clon, mas no o reto Protocolectomia: retirada de todo o clon e mais o reto.
50
COLOSTOMIAS, ILEOSTOMIAS E CECOSTOMIAS
Casos clnicos
1) Paciente 39 anos, masculino, histria de sangramento retal h 2
meses. Fezes em fita com abundante presena de muco. Puxo e tenesmo.
Refere emagrecimento de 5 kg nos ltimos 2 meses. Historia de DM e cirurgia
cardaca. Ao exame: massa tocvel a 3 cm da margem anal. Exame
endoscpio: leso ulcerada com aproximadamente 5 cm de extenso.
Anatomopatolgico: adenocarcinoma. Conduta: radioterapia seguida de
cirurgia.
Discusso:
O reto tem aproximadamente 15 cm e dividido em trs pores:
superior, mdio e inferior.
Superior: +/- 12 15 cm da borda anal Mdio: +/- 7 11 cm da borda anal Inferior: +/- at 6 cm da borda anal
O reto extra-peritoneal mede aproximadamente 9 cm.
O 1/3 superior mais fcil de ser retirado e fcil fazer a sutura manual.
O 1/3 mdio deve considerar a utilizao de sutura mecnica.
No 1/3 inferior no existe a possibilidade de se ressecar e
reanastomosar. necessrio que, aps a retirada da pea se feche e faa
colostomia definitiva.
Neste caso retira-se o tumor e todo o reto, retirando junto todo o
aparelho esfincteriano. Deve-se fazer a colostomia definitiva.
2) Paciente com trauma por arma de fogo (FAF), dor abdominal, abdome
em tbua, chocado. Conduta: transfuso e laparotomia de emergncia.
Achados: grande quantidade de sangue abdominal, ruptura esplnica,
perfurao de alas de delgado e perfurao de reto extra-peritoneal.
Discusso:
51
Para ruptura esplnica: esplenectomia.
Leses de delgado: sutura. Considerar enterectomia de acordo com o
tamanho da leso e rea a ser suturada.
Leso de reto: se a leso intra-peritoneal d pra reanastomosar. Toda
perfurao de clon depende do tempo e gravidade do trauma. Quanto maior o
trauma, mais infeco. Deve-se fazer uma colostomia derivativa para que as
fezes no cheguem na sutura do reto evitando a contaminao (colostomia
protetora). Depois que o processo cicatricial terminar e o paciente estiver bem (
2 3 meses), pode-se refazer o pertuito do clon-reto.
As colostomias se fazem nas partes mveis do clon: sigmide,
transverso e ceco (cirurgia de exceo muito contaminada e trs problemas
de trnsito delgado-grosso).
3) Paciente 72 anos, 5 anos de evoluo de dor em fossa ilaca
esquerda, parada de eliminao de fezes e gazes, distenso abdominal e
vmitos. Antecedentes de Dm e contratura abdominal em fossa ilaca e flanco
esquerdo. Ecografia: coleo de pus em flano e fossa ilaca esquerda.
Laparotomia: abscesso em fossa ilaca esquerda e processo inflamatrio
importante em clon sigmide.
Discusso:
Diagnstico: diverticulite (um dos divertculos perfurou e fez infeco).
Conduta: cirurgia de Hartmann. Resseco da rea afetada, fechamento
do coto distal e abertura da parte proximal na parede abdominal (colostomia
provisria).
4) Paciente 57 anos, masculino com adenocarcinoma de 1/3 mdio do
reto submetido resseco anterior do reto.
Discusso:
As anastomoses mecnicas podem falhar, devem ser testadas.
Prova do borracheiro: coloca-se ar na cavidade do reto e enche a
cavidade abdominal de soro e observa-se onde borbulha. Nos locais abertos
52
pode-se fazer pontos manualmente para tentar fechar. Se no ficar bom
mesmo com os pontos, deve-se fazer colostomia protetora.
Ileostomias tambm protegem anastomoses.
Em pacientes com mltiplas anastomoses existe maior risco de infeco
e deiscncia: recomenda-se ileostomia.
Nas RCUs retirava-se todo o clon. Hoje, deixa-se uma pequena poro
do reto e se faz uma anastomose de delgado e do leo terminal. Faz-se uma
anastomose ltero-lateral e uma ileostomia a montante para proteger a
anastomose.
Preparo Pr-operatrio e Localizao do Estoma
Trabalho conjunto com o cirurgio, familiares, estomatoterapia, nutricionista
Educao sobre o manejo do estoma Suporte familiar Auto-estima Orientao quanto ao estoma: temporrio ou definitivo
Marcao do Estoma
Antes da operao e junto com o paciente! Responsabilidade do cirurgio Longe de proeminncias sseas, umbigo, pregas cutneas,
virilha, cicatrizes, pois podem interferir na colocao da bolsa
Deixar uma rea de 5 cm de pele normal ao redor do estoma Deve ser colocado abaixo da linha do cinto No ponto mais proeminente da regio infra-umbilical (para que o
paciente possa ver a estomia e no dependa de ningum para
colocar a bolsa)
Atravs do msculo reto abdominal (para evitar hrnia ou prolapso)
53
Local
Cicatriz umbilical
Estoma Espinha ilaca ntero-superior
Tubrculo da pube
Muda de acordo com o tipo fsico do paciente.
Tipos
Terminal: principal indicao aps a protocolectomia total por polipose familiar ou por doena inflamatria do intestino como a
RCU e doena de Crohn. maturada precocemente.
Em ala: derivao do trnsito intestinal quando se quer proteger uma anastomose.
Durao
Definitiva ou temporria Complicaes
Obstruo Prolapso Infeco e dermatites Isquemia Retrao Hrnia paraileostomica Fistulas e ulceraes Sangramentos por varizes
Colostomias em Ala
Geralmente so temporrias. Derivao:
54
Obstruo Inflamao Trauma Proteo de anastomoses e/ou suturas baixas Sepse perineal
Tanto a ileostomia em ala quanto a colostomia em ala so eficazes na
disfuncionalizao do intestino distal.
Rotura diasttica do ceco: quadro oclusivo grave levando ao rompimento
do ceco.
Cecostomias
Menos usadas devido a complicaes. Faz-se necessrio o uso de valva
de descompresso.
Transversostomias e sigmoidostomias so preferveis.
Ileostomias: cuidados com proteo da pele e com distrbios
hidroeletrolticos.
Transversostomias: efluente semi-lquido. So feitas em geral, em
situaes de emergncias (mais susceptveis infeco).
55
TCNICA EM CIRURGIA PLSTICA
Material
Pinas e porta agulhas delicados Fios: 4.0, 5.0 e 6.0
Sutura da Pele
Movimentos precisos e delicados Sutura por planos Evitar espao morto Pontos simtricos em relao borda da ferida Hemostasia adequada Sutura intra-drmica Seguir linhas de fora da pele (paralelos a elas), as linhas de
fora so contrrias ao da musculatura
Zetaplastia
Reposiciona a ferida de acordo com as linhas de fora da pele Evita cicatrizes hipertrficas ngulo adequado o de 60 com alongamento mximo de 75% Todos os eixos devem possuir o mesmo tamanho Podem ser mltiplos Tratamento de retraes cicatriciais
56
Enxertos
Tecido no vascularizado que recebera nutrio inicialmente por
embebio, at que ocorra vascularizao.
Tecidos que podem ser enxertados: pele, cartilagem, osso.
Retalhos
Tecido que recebe nutrio proveniente de vasos sanguneos, no
ocorrendo interrupo dos mesmos. Podem ter um s tecido ou combinados.
Peles, msculos, ossos.
57
TRAUMA CIRRGICO - RESPOSTA ENDCRINA, METABLICA E IMUNOLGICA AO TRAUMA E A INFECO
O organismo responde de diferentes maneiras a diferentes tipos de
trauma. Existe uma diferena importante entre a resposta acidental e ao trauma cirrgico. O trauma cirrgico controlado, apesar de poder ser muito
agressivo.
Quanto maior a intensidade do trauma, maior o prejuzo do organismo.
Na resposta ao trauma ocorrem adaptaes fisiolgicas geneticamente
programadas que tem por objetivo assegurar a vida.
Via Aferente: Iniciadores (stress cirrgico)
Vias neurais da dor (principal, justifica uso de analgsicos pr e ps operatrio)
Medo, apreenso, sepsis, febre, mediadores inflamatrios, alteraes de pH e osmolaridade, anorexia, privao da entrada
adequada de nutrientes, imobilizao.
Hipovolemia: perda sanguinea ou formao de 3 espao, levam ao aumento de catecolaminas, renina e glucagon.
Choque: hipovolmico, sptico, cardiognico. Diminuio da perfuso tissular com danos em rgos vitais e FMO (mais de 3
resulta em bito).
Hipxia: diminuio de oxignio tissular aumenta a liberao de catecolaminas e ACTH, atravs da estimulao de
quimiorreceptores arteriais.
Infeco: endotoxinas bacterianas fornecem estimulo hipotalmico direto liberando ACTH, catecolaminas, ADH e GH.
Via Eferente
Conduo do estimulo doloroso pro fibras C, que seguem pelo corno dorsal, trato espinotalmico, tlamo e crtex. Hipotlamo
58
integra esse estmulo com os do sistema lmbico e SNA
(proveniente de quimio, osmo e barorreceptores).
Liberao hormonal do eixo hipotalamo-hipofisrio e rgos alvo perifricos (adrenal, tireide, pncreas)
Sistema nervoso autnomo - Predomnio do simptico.
- Ao curta (at 24 horas)
- Catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), que podem
ser inibidas por anestsicos.
- Ao imediata: taquicardia, vasoconstrio perifrica e
captao de sangue de reserva. Resulta em aumento do
DC e PA.
- Ao metablica: assim como o cortisol promove
hiperglicemia ps-traumtica (glicogenlise,
neoglicognese, liplise, cetognese, aumento da
resistncia perifrica a insulina). Aumento de T3, T4 e
renina.
- Ao imune: neutrofilia e linfocitose.
Resposta Endcrina
CRH-ACTH-Cortisol: estimulo promove altos nveis de corticides. Portadores de doena de Addison devem receber corticides.
Pode haver insuficincia na sua liberao em pacientes com
insuficincia supra-renal por administrao exgena.
- Estmulo: hipxia e infeco
- Ao: hiperglicemia
GH: elevao nas primeiras horas. - Estmulo: hipoglicemia, hipovolemia e trauma tissular.
- Ao: hiperglicemia (gliconeognese e liplise) e sntese
protica.
59
Glucagon - Estmulo: simptico e hipoglicemia.
- Ao: hiperglicemia (glicogenlise, gliconeognese e
liplise).
ADH - Estmulo: alta osmolaridade.
- Ao: manuteno da volemia ao aumentar a reabsoro
de gua e promover vasoconstrio esplncnica.
SRAA - Estmulo: simptico e queda da perfuso da artria renal,
que estimulam a renina. Assim como o ACTH e K leva a
liberao de aldosterona pelo crtex adrenal.
- Ao: aldosterona (vasoconstrio, reteno de Na e
eliminao de K e cido).
Diminuio de hormnios anablicos (insulina, andrognio, leptina) e aumento de hormnios reguladores catablicos
(catecolaminas, cortisol e glucagon)
O valor da resposta diretamente relacionado severidade do estimulo.
O trauma na colicistectomia por vdeo-laparoscopia muito menor do que o da
cirurgia aberta.
A resposta endcrina pode ser adequada ou inadequada (excessiva ou
prolongada). A excessiva (processo patolgico) uma auto-agresso, j a
prolongada um processo alongado que resulta de processos infecciosos (a
febre e a taquicardia so sinais da resposta metablica ao trauma).
Riscos e morbidades cirrgicos (dependem de mltiplos fatores)
Doenas prvias: DM, DPOC, cardiopatias Drogas pr-anestsicas apropriadas Tcnica anestsica
60
Cirurgias com tcnicas de mnima invaso Controle hemodinmico Controle de oxigenao (mscara nasal, oral, entubao) Controle da dor ps-operatria Instituio de alimentos precoce o mais apropriadamente possvel
(a via enteral sempre melhor, mas melhor a parenteral que a
no alimentao)
Resposta inflamatria
Ativao do sistema das citocinas, do sistema do complemento e da via
metablica do cido aracdnico.
Os mediadores inflamatrios constituem a resposta imune (citocinas anti
e pr-inflamatrias).
Citocinas inflamatrias: - IL 1
- IL 6 (estimulao heptica para formao de protenas de
fase aguda)
- IL 8
- TNF (estimulao da sntese heptica de TG e
lipoprotenas)
- Interferon
Resposta inflamatria sistmica sem infeco (SIRS ps-traumtica)
com estimulo a sntese heptica aguda do reagente e ao metabolismo da
glicose, facilitam o catabolismo muscular e aumentando o balano nitrogenado
(aumento do consumo de protena).
Sinais e sintomas da resposta Inflamatria:
Febre Leucocitose Taquicardia
61
Hiperventilao Resposta Metablica
Carboidratos: consumo rpido (glicogenlise) levando a hiperglicemia, com a finalidade de transformar glicose em energia.
Depende do grau do ferimento. Fase de fluxo (catecolaminas e
simptico suprimem insulina) e refluxo (retorno da produo,
porm com resistncia perifrica)
Mobilizao e elevao dos cidos graxos livres no plasma Osmolaridade extra-celular aumentada Lipdios: principal fonte de energia no trauma e infeco.
Estimulada por diminuio da insulina e aumento de esterides,
catecolaminas, glucagon, TNF e citocinas. Glicerol (via pouco
utilizada). Glicognese (a partir de cidos graxos livres)
Protenas: catabolismo aumentado. Excreo aumentada do nitrognio (atravs da urina) com balano negativo de substancias
nitrogenadas. Perda de volume muscular levando a fraqueza,
astenia e atrofia muscular. Diminuio da glutamina funo imune danificada, elevando os riscos de infeco.
Aumento das necessidades calricas
Adulto normal em repouso necessita de 2.000 kcal/dia a 2.500 Kcal/dia.
Politraumatizado grave necessita de 4.000 Kcal/dia ou mais. 24 a 48 hs aps o
trauma consumido o estoque de glicognio heptico e muscular (200 500g).
Aumento da eliminao de nitrognio
Normal: 11 17 g/dia Trauma: 30 50 g/dia 10 g de nitrognio = 62 g de protenas = 300 g de msculo mido
e magro
62
Lise de Nutrientes
Tipo I: aminocidos essenciais (glutamina, cistena, cistina, tirosina)
Tipo II: triglicerdios de cadeia mdia (rpida fonte de energia) Tipo III: substncias bioativas (GH recombinante com NPT
hipoclrica para melhorar o balano nitrogenado e a sntese
protica. Eritropoetina humana no tratamento da anemia na
insuficincia renal)
63
VIDEOCIRURGIA VIDEOLAPAROSCOPIA
Componente visual: melhorou a visualizao anatmica da estrutura.
Componente tctil: foi pejudicado, no entanto, a cirurgia tornou-se mais
simples. O cirurgio no pode palpar as estruturas.
Agressividade
Modo de acesso cavidade peritoneal diminui a agresso sobre a
parede. H somente divulso de estruturas, s se incisiona a pele. A cavidade
insuflada. Com isso cai a incidncia de infeces de parede, deiscncia de
sutura, evisceraes, eventraes e grandes hematomas.
Manobras cirrgicas bsicas: sntese, direse, disseco, preenso,
hemostasia. Continuam as mesmas, mas so mais delicadas.
Durao do procedimento depende da equipe cirrgica, mas tende a
diminuir (colecistectomia em 30 minutos).
Efeito de exposio ao meio reduzido. Evita a contaminao e uso de
afastadores.
Equipe
Componentes: cirurgio, primeiro auxiliar (filmador), segundo auxiliar,
intrumentador.
Treinamento:
Componente prtico e terico Familiaridade com o instrumental Pneumoperitnio (CO2) Sistemas pticos Eletrocoagulao Sistema de irrigao aspirao Instrumental especifico (iniciar a manipulao instrumental em
simulador prtica com animais auxiliar procedimentos de equipes mais experientes)
64
Pneumoperitnio
Injeo de CO2 (gs inerte) dentro da cavidade peritoneal.
Aberto: menor risco Fechado: maior riso, porm mais eficiente (no vaza CO2)
Presso
Mnima: 7 mmHg (para separar vsceras do peritnio) Mxima: 15 mmHg (para no fazer diminuio do retorno venoso
e sndrome do baixo dbito com repercusso circulatria grave)
Aberto
Inciso da pele (peri-umbilical) reparo e abertura da aponeurose abertura do peritnio introduo do 1 trocater de 10/12 mm introduo da ptica insuflao de CO2 demais punes
Indicaes: pacientes com cirurgia anterior, com histria de peritonite ou com quadro oclusivo
Vantagens: no lesa grandes vasos e leso visceral mnima Desvantagens: maior demora e maior escape de gs
Fechado
Inciso da pele reparo da aponeurose puno com agulhas de Veress insuflao de CO2 puno com trocater de 10/12 mm introduo da ptica demais punes
Indicao: pacientes sem cirurgia anterior Vantagens: mais rpido e menor escape de gs Desvantagens: maior leso visceral e possibilidade de leso
vascular (punes em cego). Contra indicado em paciente com
histrico de peritonite.
65
Complicaes Gerais
Insuflao de CO2 - Injeo de ar no subcutneo (enfisema) e/ou no espao
pr-peritoneal. Desaparece em 12 24 horas.
- Pneumomediastino (ocorre mais em pacientes idosos,
cirurgia de hrnia de hiato). Pode ocorrer como
complicao do pneumoperitnio.
- Pneumotrax (raro)
Embolia gasosa (sudorese, cianose, arritimia, diminuio da PA e diminuio da saturao de O2 arterial)
Leses viscerais: cuidados com aderncias devido a cirurgias prvias, antecedentes de peritonite, bexiga repleta (em punes
infra-umbilicais), distenso do TGI (ocluso intestinal)
Leses vasculares: hemorragia (principal complicao) da parede abdominal, aorta e vasos ilacos, veia cava inferior, vasos
mesentricos e linfticos.
CUIDADO: Baro-hemostasia venosa (a presso do gs intacavitrio ajuda na hemostasia, depois que desinsufla pode
sangrar o que no foi bem coagulado)
Parede abdominal: infeco, leso nervosa, hrnia, hematoma e leso venosa
Efeitos Cardiocirculatrios
Aumento da presso intra-abdominal levando diminuio do retorno venoso (sndrome do baixo dbito) e diminuio do fluxo
na artria renal
Efeitos Respiratrios
Hipercapnia (capngrafo saturao de CO2)
66
Instrumental
Sistema ptico
ptica de 0: enxerga-se somente o que estiver frente (sem angulao na extremidade)
ptica de 30: enxerga-se o que est posterior que est frente (v 30 ao l