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    DIREITO PENAL 06 Mar 2007

    HISTRIA DO DIREITO PENAL

    PROF ENIO HUGO DOS SANTOS

    1. CONCEITO DE CRIME

    Existem quatro sistemas para a conceituao de crime:

    Formal.

    Material.

    Formal e material.

    Formal, material e sintomtico.

    Predominam dois sistemas: o formal e o material.

    Conceito Material de Crime

    a ao ou omisso, imputvel a pessoa, lesiva ou perigosa a interesse

    penalmente protegido, constitudo de determinados elementos e eventualmente integrada

    por certas condies ou acompanhada de determinadas circunstncias previstas em lei.

    Nada mais que a violao de um bem penalmente protegido.

    Conceito Formal de Crime

    Crime um fato tpico e antijurdico. A culpabilidade constitui pressuposto da pena.

    2. ANLISE E CARACTERES DO CRIME SOB O ASPECTO FORMAL

    Caracteres do Crime sob o Aspecto Formal

    Conceituamos o crime como sendo o fato tpico e antijurdico. Para que haja crime,

    preciso uma conduta humana positiva ou negativa. Nem todo comportamento do

    homem, porm, constitui delito, em face do princpio da reserva legal. Logo, somente

    aqueles previstos na lei penal que podem configurar o delito.

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    Pode-se dizer, portanto, que o primeiro requisito do crime o fato tpico.

    No basta que o fato seja tpico, pois preciso que seja contrrio ao direito:

    antijurdico. Isto porque, embora o fato seja tpico, algumas vezes considerado lcito

    (legtima defesa etc.).

    Logo, excluda a antijuridicidade, no h crime.

    Fato Tpico: Antijuridicidade e Culpabilidade

    Fato tpico: o comportamento humano (positivo ou negativo) que provoca um

    resultado (em regra) e previsto na lei penal como infrao.

    Elementos do fato tpico

    Conduta humana: dolosa ou culposa. Resultado: salvo nos crimes de mera conduta.

    Nexo causal: salvo nos crimes de mera conduta e formais.

    Enquadramento do fato material a uma norma penal.

    Antijuridicidade

    a relao de contrariedade entre o fato e o ordenamento jurdico.

    Culpabilidade

    a reprovao da ordem jurdica, em face de estar ligado o homem ao fato tpico e

    antijurdico. No se trata de requisito de crime, funciona como condio de imposio da

    pena.

    Punibilidade

    uma conseqncia jurdica do crime e no seu elemento constitutivo.

    Nada mais que a aplicabilidade da funo.

    Se a punibilidade fosse requisito do crime, extinta, resultaria a insubsistncia do

    prprio crime, o que no ocorre.

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    Requisitos Elementares e Circunstncias do Crime

    Os requisitos do crime so o fato tpico e a antijuridicidade. Faltando um destes, no

    h figura delituosa.

    Pode-se falar em:

    Requisitos genricos: so o fato tpico e a antijuridicidade;

    Requisitos especficos: so os elementos, i.e., as vrias formas em que os requisitos

    genricos se manifestam nas diversas figuras delituosas.

    Circunstncias

    So determinados dados que, agregados figura tpica fundamental, tm a funo

    de aumentar ou diminuir a pena. Vem do latim circum stare, que significa estar ao redor.

    A falta de uma circunstncia no faz com que desaparea o crime.P.: Qual a diferena entre elementar e circunstncia?

    R.: preciso estabelecer qual a conseqncia da retirada do elemento do contexto do

    fato.

    Quando se trata de distinguir o crime de um comportamento lcito ou de outro delito,

    elementar; ao contrrio, quando agrava ou atenua a sua gravidade objetiva, aumentando

    ou atenuando a pena, presente est uma circunstncia.

    Ausncia de uma elementar pode produzir dois efeitos:

    Atipicidade absoluta: ocorre quando, excluda a elementar, o sujeito no responde por

    infrao alguma;

    Atipicidade relativa: ocorre quando, excluda a elementar, no subsiste o crime do qual

    se cuida, havendo a desclassificao para outro delito.

    No se pode confundir elementar com circunstncia. Aquela interfere na qualidade do

    crime, esta na quantidade da sano.

    Crime e ilcito Civil

    No h diferena substancial entre eles. O ilcito penal sancionado com pena,

    enquanto o civil produz sanes civis (indenizao etc.).

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    Crime e Ilcito Administrativo

    No existe diferena essencial. a espcie de sano que permite diferenciao

    (entre ambos).

    O Crime na Teoria Geral do Direito

    O crime um fato. Dentre os fatos, crime constitui um fato jurdico, pois produz

    efeitos jurdicos, no sendo, assim, indiferente ao Direito. Como elemento jurdico, crime

    uma ao (ou omisso) humana de efeitos jurdicos involuntrios. Nesta categoria,

    corresponde ao ilcito penal.

    Do Sujeito Ativo do Crime

    Sujeito ativo quem pratica o fato descrito na norma penal incriminadora.Todo homem possui capacidade para delinqir.

    A lei usa de algumas terminologias para se referir ao sujeito ativo, dependendo da

    fase processual.

    O Direito Material usa a expresso agente.

    No inqurito policial indiciado.

    Durante o processo ru, acusado ou denunciado.

    Na sentena condenatria sentenciado, preso, condenado,

    recluso ou detento.

    Sob o ponto de vista biopsquico criminoso ou delinqente.

    3. DA CAPACIDADE PENAL

    Conceito

    o conjunto das condies exigidas para que o sujeito possa tornar-se titular de

    direitos ou obrigaes no campo de direito penal.

    Difere da imputabilidade por se referir ao momento anterior ao crime, enquanto a

    imputabilidade constitui momento contemporneo ao delito.

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    Da Capacidade Penal das Pessoas Jurdicas

    H algumas teorias que tentam explicar esse assunto. Duas prevalecem:

    Teoria da fico: a pessoa jurdica no tem conscincia e vontade

    prpria. uma fico legal. Assim, no tem capacidade penal e no pode cometer crime,

    sendo responsveis os seus dirigentes;

    Teoria da realidade (teoria organicista): v na pessoa jurdica um ser geral, tendo

    vontade prpria. Assim, pode ela delinqir.

    Com a CF de 1988, inovou-se no sentido de reconhecer a admisso da

    responsabilidade penal da pessoa jurdica. (arts. 173, 5. e 225, 3.). A lei ambiental

    tambm assim o faz (arts. 3. e 21 a 24).

    Da Capacidade Especial do Sujeito AtivoH crimes que podem ser cometidos por qualquer pessoa. Outros, porm, exigem

    determinada posio jurdica ou de fato do agente para sua configurao (ex.: funcionrio

    pblico).

    Estes ltimos recebem denominao de crimes prprios.

    O fenmeno da capacidade especial do sujeito ativo se reveste de relevante

    interesse na questo do concurso de agentes. Assim, embora sejam prprios os crimes de

    infanticdio e peculato, respondem por eles no somente a me ou o funcionrio pblico,

    mas tambm o estranho que dele por ventura participe.

    Diferentes so os crimes de mo-prpria, que so aqueles que somente podem ser

    praticados pelo autor em pessoa. Ex.: crime de falso testemunho.

    A diferena entre os crimes prprios e os crimes de mo-prpria reside no fato de

    que os primeiros podem ser cometidos por pessoas a mando do autor, enquanto nos

    segundos ningum os comete por intermdio de outrem.

    Da Capacidade Penal em Face das Normas Permissivas

    Em determinados casos de excluso da pena ou do crime, a lei penal exige

    capacidade especial do agente. Ex.: aborto s ser legal se praticado por mdico.

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    Do Sujeito Passivo do Crime

    Conceito

    Sujeito passivo o titular do interesse, cuja ofensa constitui a essncia do crime.

    Para que seja encontrado, preciso indagar qual o interesse tutelado pela lei penal

    incriminadora.

    Espcies

    Sujeito passivo geral, constante ou formal: o titular do mandamento proibitivo no

    observado pelo sujeito ativo ( o Estado).

    Sujeito passivo eventual, particular, acidental ou material: aquele que sofre a leso do

    bem jurdico, do qual titular o homem, o Estado, a pessoa jurdica e a coletividade.Os crimes em que os sujeitos passivos so coletividades destitudas de personalidade

    jurdica, como a famlia, o pblico ou a sociedade, so denominados vagos.

    Posies do Estado

    O Estado pode figurar nas seguintes posies:

    sujeito passivo formal;

    sujeito passivo material;

    sujeito passivo nico;

    sujeito passivo junto a outro sujeito passivo.

    A questo do Incapaz, da Pessoa Jurdica, da Morte, dos Animais e Coisas

    Inanimadas

    Todo homem vivo pode ser sujeito passivo material de crime, quaisquer sejam suas

    condies.

    Dessa forma, inegvel que o incapaz possa ser sujeito passivo do delito, tais

    como no infanticdio, homicdio, abandono intelectual etc. Em resumo, o incapaz pode ser

    sujeito passivo do delito porque titular de direito, como a vida, a integridade fsica etc.

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    Quanto pessoa jurdica, esta pode ser sujeito passivo do delito, desde que a

    descrio tpica no pressuponha uma pessoa fsica. Assim, pode ser vtima de furto, dano

    etc.

    Dvida surge quanto possibilidade da pessoa jurdica ser sujeito passivo dos

    crimes contra a honra. Damsio de Jesus entende que a pessoa jurdica no pode ser

    vtima de calnia quanto aos crimes comuns, podendo ser sujeito passivo da calnia

    quando lhe imputarem a pratica de um crime ambiental. Ainda, como no possui honra

    subjetiva, no pode ser vtima de injria, podendo ser sujeito passivo da difamao por

    possuir honra objetiva (reputao, boa fama etc.).

    No caso de injria, pode ocorrer ofensa honra subjetiva das pessoas que dirigem

    a empresa.

    O morto no pode ser sujeito passivo de delito, pois no titular de direito, podendoser objeto material do delito.

    O art. 138, 2., do CP dispe ser punvel a calnia contra os mortos, pois a

    memria dos mortos reflete na pessoa de seus parentes, que so os sujeitos passivos.

    homem pode ser sujeito passivo mesmo antes de nascer, pois o feto tem direito

    vida.

    Os animais e coisas inanimadas no podem ser sujeitos passivos de delito, podendo ser

    objetos materiais. Neste caso, os sujeitos passivos sero seus proprietrios, em certos

    casos a coletividade (art. 64 da LCP).

    P.: A pessoa pode ser ao mesmo tempo sujeito ativo e passivo do delito,

    em face de sua prpria conduta?

    R.: No. O homem no pode cometer crime contra si mesmo. As condutas ofensivas

    contra a prpria pessoa, quando definidas como crimes, ofendem interesses jurdicos de

    outros.

    Aspecto interessante oferece o crime de rixa, em que os rixosos so, a um tempo,

    sujeitos passivos e ativos. No se trata de exceo regra, pois ele sujeito ativo em

    relao a sua prpria conduta e sujeito passivo em relao a participao dos outros.

    A contraveno no art. 62 do CP (embriaguez) que dispe: Apresentar-se

    publicamente em estado de embriaguez, de modo que cause escndalo ou ponha em

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    perigo a segurana prpria ou alheia. O sujeito passivo o Estado, pois ela se encontra

    no captulo das infraes relativas Polcia de Costumes.

    No auto-aborto, a gestante o sujeito ativo; o feto, o passivo. Ela no sujeito

    passivo porque no se pune a autoleso.

    Sujeito Passivo e Prejudicado pelo Crime

    Geralmente, confundem-se na mesma pessoa, mas no necessariamente, como no

    crime de moeda falsa em que o sujeito passivo o Estado e o prejudicado a pessoa a

    quem se entregou a moeda.

    Prejudicado qualquer pessoa a quem o crime haja causado um prejuzo material

    ou moral.

    Do Objeto do Delito

    aquilo contra ao que se dirige conduta humana que constitui o delito.

    Pode ser:

    Objeto jurdico: o bem ou interesse tutelado pela norma penal;

    Objeto material: a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta do sujeito ativo.

    s vezes, o sujeito passivo se confunde com o objeto material.

    A ausncia ou a impropriedade absoluta do objeto material faz surgir a figura do

    crime impossvel ou quase-crime (objeto material imprpria).

    Pode haver crime sem objeto material, como no caso do falso testemunho e do ato

    obsceno.

    Do Ttulo do Delito (nomen juris)

    denominao jurdica do crime, que pressupe todos os seus elementos. Pode

    ser:

    Genrico: quando a incriminao se refere a um gnero de fato, o qual recebe ttulo

    particular. Ex.: crime contra a vida.

    . Especfico: o art. 30, in fine, do CP, que trata da comunicabilidade das elementares de

    natureza subjetiva, s se aplica ao ttulo do crime,no incidindo sobre os tipos privilegiados

    e qualificados.

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