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semeandovida.org http://www.semeandovida.org/2010/01/mensagem-do-apocalipse-metodo-de_26.html Método de interpretação da formação histórica do apocalipse Por Ray Summers Anotamos previamente que este quinto método poderia ser considerado como uma parte do método preterista. Parece desejável discutir isto em separado, por duas razões: primeira, porque o grupo esquerdista deixou apenso a todo o sistema preterista uma associação bastante indesejável; segunda, porque mesmo alguns direitistas, cujo método tem muito em comum com o da formação histórica, sustentam que o Apocalipse só tem mensagem para aqueles que primeiro o receberam. Por isso, parece mui recomendável tratar o método da formação histórica como um método separado de interpretação, e não encará-lo como uma parte doutra divisão do método preterista. De fato, ele merece maior reconhecimento e deve ser tratado como método à parte. Talvez o melhor modo de explicar o que vem a ser este método seja o de anotar os princípios de interpretação que ele segue. Nenhum dos métodos de interpretação já referidos tem o monopólio da interpretação do Apocalipse. Cada escola tem tido no seu número de defensores alguns homens muito sábios e piedosos. Quando estudamos os pontos de vista e buscamos escolher um que nos pareça correto, ficamos como que vendidos, porque em cada um deles há falácias mui patentes. Os princípios que vão agora aqui apresentados talvez sugiram um método que reúna uma parte da ala direita do método preterista a uma parte do método da Filosofia da História. 1° PRINCÍPIO DE INTERPRETAÇÃO - Este método sustenta que o autor escreveu sua mensagem visando primeiramente encorajar e edificar os cristãos de seus próprios dias. Quem adota este método deve, portanto, fazer um bom estudo da Igreja daqueles dias. Deve, quanto possível, conhecer o escritor do livro, as condições em que o escreveu e suas relações para com os que iam receber sua mensagem. Deve saber a data aproximada em que foi escrito; deve enfronhar-se das condições morais, religiosas, sociais e políticas da época em que foi escrito o livro. Deve, ainda, conhecer a mente ou o espírito do povo que se via Semeando Vida: Método de interpretação da formação histórica do apoc... http://www.semeandovida.org/2010/01/mensagem-do-apocalipse-meto... 1 de 5 22/01/2014 17:29

8 Método de Interpretação Da Formação Histórica Do Apocalipse

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  • semeandovida.org http://www.semeandovida.org/2010/01/mensagem-do-apocalipse-metodo-de_26.html

    Mtodo de interpretao da formao histrica do apocalipse

    Por Ray Summers

    Anotamos previamente que este quinto mtodo poderia ser considerado como uma parte do mtodo preterista.

    Parece desejvel discutir isto em separado, por duas razes: primeira, porque o grupo esquerdista deixou

    apenso a todo o sistema preterista uma associao bastante indesejvel; segunda, porque mesmo alguns

    direitistas, cujo mtodo tem muito em comum com o da formao histrica, sustentam que o Apocalipse s tem

    mensagem para aqueles que primeiro o receberam.

    Por isso, parece mui recomendvel tratar o mtodo da formao histrica como um mtodo separado de

    interpretao, e no encar-lo como uma parte doutra diviso do mtodo preterista. De fato, ele merece maior

    reconhecimento e deve ser tratado como mtodo parte.

    Talvez o melhor modo de explicar o que vem a ser este mtodo seja o de anotar os princpios de interpretao

    que ele segue. Nenhum dos mtodos de interpretao j referidos tem o monoplio da interpretao do

    Apocalipse. Cada escola tem tido no seu nmero de defensores alguns homens muito sbios e piedosos.

    Quando estudamos os pontos de vista e buscamos escolher um que nos parea correto, ficamos como que

    vendidos, porque em cada um deles h falcias mui patentes.

    Os princpios que vo agora aqui apresentados talvez sugiram um mtodo que rena uma parte da ala direita do

    mtodo preterista a uma parte do mtodo da Filosofia da Histria.

    1 PRINCPIO DE INTERPRETAO - Este mtodo sustenta que o autor escreveu sua mensagem

    visando primeiramente encorajar e edificar os cristos de seus prprios dias.

    Quem adota este mtodo deve, portanto, fazer um bom estudo da Igreja daqueles dias. Deve, quanto possvel,

    conhecer o escritor do livro, as condies em que o escreveu e suas relaes para com os que iam receber

    sua mensagem.

    Deve saber a data aproximada em que foi escrito; deve enfronhar-se das condies morais, religiosas, sociais

    e polticas da poca em que foi escrito o livro. Deve, ainda, conhecer a mente ou o esprito do povo que se via

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  • diante de tantas perplexidades e numa situao aparentemente desastrosa.

    Um ponto de real importncia para guiar o intrprete perceber o propsito do livro e as

    circunstncias histricas que lhe deram origem. O Apocalipse foi escrito em forma de carta

    dirigida a certas comunidades crists, e se inicia com um relato pormenorizado das condies

    e circunstncias dessas comunidades. O livro parte de uma situao histrica bem definida,

    qual se faz referncia novamente no fim; e as vises intermedirias, que constituem o corpo da

    obra, no podem, por uma teoria razovel, ser divorciadas de sua montagem histrica. (H. B.

    Swete, The Apocalipse of John [II ed., Londres, Macmillan and Company, 1907], p. CCXIII.)

    E o expositor continua a dizer que o livro surge de circunstncias locais e temporrias, que a resposta do

    Esprito Santo aos temores dos cristos asiticos sujeitos aos perigos do final do primeiro sculo, e que tudo

    quanto lana luz sobre a sia Menor do ano 70 ao ano 100 de nossa era e sobre a cristandade daquele perodo

    de suma importncia para o intrprete do livro do Apocalipse.

    Joo no estava escrevendo sobre o sculo vinte, e nem sobre outro sculo qualquer, e, sim,

    sobre aquele em que estava vivendo... Para as igrejas em luta e perseguidas, s quais ele se

    dirigia, meros pormenores do futuro em nada interessavam; precisavam elas duma renovada

    certeza de que o cristianismo teria brilhante futuro na terra. Dispensaes e quadros de

    pocas remotas nunca os teriam ajudado naquela sua posio desesperada; precisavam da

    luz da esperana crist a brilhar em seus prprios dias. (Dana, op. cit., p. 86.)

    William Peter King acrescenta seu conceito do Apocalipse aos de outros intrpretes, dizendo:

    O propsito do livro fortalecer o nimo e a f dos cristos, mostrando-lhes a derrocada do

    Imprio Romano e o triunfo final do Reino de Deus e do Cristo vencedor. O autor escreve em

    meio a uma situao aparentemente desesperadora... de admirar como os adventistas

    chegaram a se convencer de que uma predio do aparecimento e queda de algum papa ou

    ditador moderno pudesse propiciar algum conforto e incentivo queles cristos primitivos to

    duramente provados. (William P. King, Adventism (Nashville, Abingdon-Cokesbury Press,

    1941, p. 100 em diante.)

    Outras autoridades que esposam estas idias sero citadas na discusso da formao histrica do livro. As

    que citamos bastam para mostrar que o primeiro passo para a interpretao deste livro compreender a sua

    formao histrica ou o seu fundo histrico.

    2 PRINCPIO DE INTERPRETAO - O que devemos ter em mente que o livro foi escrito em sua maior

    parte numa linguagem simblica.

    A palavra "smbolo vem do grego , que significa "com", mais o infinito , que quer dizer "lanar"

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  • "atirar", e da "reunir", "ajuntar". Smbolo ento aquilo que sugere algo mais por causa de sua relao ou

    associao.

    um sinal visvel de algo invisvel, assim como uma ideia ou uma qualidade. No Apocalipse empregam-se

    smbolos para retratar ou representar idias abstratas que o escritor desejou apresentar a seus leitores.

    O livro do Apocalipse (logo depois de seus trs primeiros captulos) um livro de quadros divinos, um livro de

    desenhos espirituais, uma representao ilustrada, atravs de smbolos de certas foras que subjazem ao

    desenvolvimento histrico da Igreja Crist e aos seus incessantes conflitos. (Pieters, op. cit., p. 69.)

    Justamente por isto no podem ser seguidas aqui as regras ordinrias de interpretao. Costumeiramente,

    devemos tomar as palavras de qualquer passagem bblica em seu sentido claro e natural, a menos que haja

    alguma razo para tom-las em sentido figurado.

    Sempre nos inclinamos paca o sentido literal, e, quando agimos doutro modo, deve aparecer a causa disso. J

    no este o caso do livro do Apocalipse. Neste livro, apresentado em forma ilustrada, devemos notar que os

    smbolos, devem ser entendidos figuradamente, a menos que haja razo forte para tom-los literalmente.

    Poucos so os lugares em que se usa a linguagem literal no meio da linguagem simblica, e tais lugares

    facilmente os descobrimos, pois so como palavras gregas num livro em ingls.

    O intrprete do Apocalipse tem diante de si dois deveres, e no um apenas. Ao ler a histria de Davi e Golias,

    vemos a um rapaz, um gigante, a armadura, a funda e a vitria. Esta toda a histria.

    Agora, quando vemos,no captulo 12 do Apocalipse, a luta de Miguel e seus anjos contra o drago e os dele,

    no devemos ver s uma histria, e, sim, tambm aquilo que isso simboliza.

    No devemos tomar isso como uma informao duma batalha no cu em que Sat perdeu sua posio no cu

    em tempos pr-histricos, mas ver que a cena simboliza algum fato ou verdade da vida ou da experincia

    espiritual da cristandade. O intrprete que deseja conhecer o Apocalipse e comea por tom-lo literalmente

    principia pelo lado errado, e, quanto mais avanar nessa direo, menos entender o livro.

    O escritor usa smbolos para comunicar o seu pensamento aos iniciados que desejam ler os smbolos, mas ao

    mesmo tempo tambm para esconder suas idias dos que no pertencem ao crculo cristo. Na poca atual,

    este segundo objetivo parece no ser de grande importncia. Mas as condies dos dias em que o livro foi

    escrito revelam que tinha importncia capital.

    O significado da maior parte do simbolismo do Apocalipse bastante claro para o leitor moderno que realmente

    queira compreend-lo. H, verdade, alguns smbolos que no so facilmente compreendidos e cuja

    interpretao enseja grande diversidade de opinies. Nesses pontos ningum deve dogmatizar. O caminho mais

    sbio honestamente buscar descobrir o que que os primitivos cristos entendiam por este ou aquele

    smbolo, e tomar a opinio deles como a interpretao mais correta.

    O simbolismo do Apocalipse freqentemente fantstico e esquisito. Bestas-feras, com caractersticas mui

    naturalmente inverossmeis, so empregadas para representar os poderes mundiais do paganismo. Por que um

    animal tem sete cabeas, ou dez chifres, ou ps de urso e boca de leo? (13:1,2).

    certo que nunca existiu um animal assim. Todos os poderes imaginativos de P. T. Barnum, juntamente com os

    de Roberto Ripley, jamais criariam uma tal criatura!

    Apresenta-se um animal assim para simbolizar um antagonista poderoso e perverso que a causa da retido tem

    de enfrentar nas batalhas espirituais. Nenhum mtodo de interpretao chegar a descobrir a mensagem real

    do Apocalipse sem admitir, seguir e obedecer a esse seu simbolismo.

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  • 3 PRINCPIO DE INTERPRETAO Muito importante lembrar que o Apocalipse usa a terminologia

    do Velho Testamento com significado neotestamentrio.

    Expresses e imagens do Velho Testamento permeiam completamente o livro do Apocalipse. Alguns expositores

    tm cado no erro de interpretar essa linguagem como sendo a mesma usada no Velho Testamento.

    Assim, acham que uma palavra ou expresso que significa tal coisa numa parte da Bblia deve inevitavelmente

    significar o mesmo todas as vezes que aparecer no texto sagrado. uma falsa premissa que leva a erros sem

    conta.

    Uma expresso, ou smbolo, significa aquilo que o autor intentou significar no lugar em que a usou. Joo fala

    em certos animais que achamos tambm em Daniel, e emprega muitos termos de Ezequiel; mas isso no quer

    dizer que tenham a mesma interpretao. Ele os adaptou a sua mensagem.

    Muito do dispensacionismo que tem tumultuado o avano da interpretao repousa na crena de que o

    Apocalipse profetiza a "septuagsima semana" de Daniel s porque alguns dos termos so os mesmos.

    O Novo Testamento essencialmente um livro cristo, e no um livro do judasmo. Tem uma mensagem

    propriamente sua, sem cogitar de saber se sua linguagem se assemelha ou no do Velho Testamento, dos

    livros apcrifos ou se totalmente de Joo.

    4 PRINCPIO DE INTERPRETAO - Para compreendermos o verdadeiro significado do Apocalipse,

    devemos tomar as vises, ou sries de vises, como um todo e sem forar os pormenores do

    simbolismo.

    J se observou previamente que muitos dos pormenores so apresentados para efeito dramtico, e no para

    descer a minuciosos significados da passagem. Os pormenores duma viso podem ter significado, mas a maior

    parte das vezes so usados apenas para completar ou encher o cenrio.

    Este mesmo princpio tem aplicao na interpretao das parbolas e, a mido, nos livros de poesia. Como

    exemplo, notemos o Salmo 91:

    No temers espanto noturno,

    Nem seta que voe de dia;

    Nem peste que ande na escurido,

    Nem mortandade que assole ao meio-dia.

    Pieters diz sobre isto:

    Visto em conexo com todo o propsito do Salmo e como uma idia construda sobre detalhes

    concretos, tal conceito de que o crente est sempre sob o protetor cuidado de Deus muito

    lindo e mui verdadeiro. Agora, se tomarmos isto em seus pormenores, veremos que estes nem

    sempre so verdade, porque crentes morrem em batalhas e apanham doenas contagiosas,

    como os mais. No se d nfase aqui ao pormenor; os detalhes surgem apenas para, num

    efeito cumulativo, assegurar aos homens que Deus cuida dos que nEle confiam. (Pieters, op.

    cit., p. 73.)

    De modo semelhante, no Apocalipse os pormenores aparecem para produzir tremenda impresso no quadro

    descrito. No Apocalipse 6:12-17 temos terrvel impresso duma runa iminente e de terrores em toda a

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  • humanidade.

    Isto o suficiente, no havendo necessidade de se buscar saber minuciosamente o que significa a queda de

    cada estrela ou o desaparecimento do cu e de cada montanha. A melhor poltica, no caso, encontrar a

    verdade central e deixar que os pormenores se ajustem de modo natural.

    5 PRINCPIO DE INTERPRETAO - Este princpio sugerido por Pieters, quando salienta o fato de que

    o Apocalipse dirigido especialmente imaginao.

    Os livros da Bblia so dirigidos a diferentes faculdades do homem. Assim, a Carta aos Romanos dirigida

    razo, os Salmos sensibilidade, etc. De modo semelhante, o Apocalipse dirige-se imaginao do homem.

    medida que o expositor l o livro, deve procurar ver mentalmente os vrios episdios do grande drama, assim

    como se estivesse na ilha de Patmos, na companhia de Joo vendo essas vises.

    Deve representar para si mesmo a majestade da cena em que Cristo caminha entre as suas sangrantes igrejas

    com o remdio para os seus males.

    Se o leitor no fizer assim, certo deixar de apreender as maiores mensagens do Apocalipse. A pessoa que

    no tiver uma imaginao frtil, ou que a tem, mas se recusa a us-la, agir bem deixando de lado este livro.

    O livro foi escrito para transmitir sua mensagem, criando impresses, e tais impresses se firmam e consolidam

    medida que o leitor vai tomando parte no drama que se desenrola a seus olhos no palco da sia Menor nos

    anos de 90 a 96 de nossa era.

    Quando termina o drama e desce o pano de boca, aps a reverente orao do escritor "Amm! Ora vem,

    Senhor Jesus!" sentimo-nos possudos dum sentimento de majestade, de reverncia e de respeitoso temor.

    Sentimos a certeza da vitria, a respeito das disparidades aparentemente invencveis. E ficamos com a

    segurana de que, indubitavelmente, acontea o que acontecer, Cristo reina soberano, e de que poder algum

    jamais lhe arrebatar das mos a vitria que por direito lhe pertence.

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