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8/18/2019 9011602ResumoAula1Direito-Administrativo-enfase
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Direito Administrativo
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
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Sumário
1. Considerações Iniciais ................................................................................................. 2
2. Supremo Tribunal Federal .......................................................................................... 2
2.1 Concurso Público ................................................................................................... 2
2.1.1 Direito Subjetivo à Nomeação ........................................................................ 2
2.1.2 Teoria do Fato Consumado ............................................................................ 3
2.2 Poderes Administrativos ....................................................................................... 5
2.3 Agentes Públicos ................................................................................................... 92.4 Sistema Remuneratório ...................................................................................... 10
3. Superior Tribunal de Justiça ...................................................................................... 12
3.1 Súmula 552 .......................................................................................................... 12
3.2 Improbidade Administrativa ............................................................................... 13
3.2.1 Sujeito Passivo do Ato de Improbidade ....................................................... 13
3.2.2 Sujeito Ativo do Ato de Improbidade ........................................................... 15
3.2.3 Prazo Prescricional ....................................................................................... 18
3.3 Concurso Público ................................................................................................. 20
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1. Considerações Iniciais
No encontro de hoje, vamos relembrar os principais julgamentos proferidos peloSupremo Tribunal Federal (STF) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) no segundo
semestre do ano passado em relação ao Direito Administrativo.
Começaremos pelos julgados proferidos pelo Supremo.
2. Supremo Tribunal Federal
Vamos começar com um tema que certamente interessa muito, que é “Concurso
Público”.
2.1 Concurso Público
2.1.1 Direito Subjetivo à Nomeação
Se você acompanha a jurisprudência do STF, já deve saber que essa jurisprudência é
no sentido que os aprovados dentro do número de vagas indicado no edital do concurso
público têm direito subjetivo à nomeação, salvo a ocorrência de algumas situações
excepcionais.
Mas, surge a pergunta: será que o surgimento de novas vagas ou a abertura de um
novo concurso dá direito à nomeação para aqueles que foram aprovados fora do número devagas? O Supremo analisou esse tema ano passado e deu uma resposta a esta pergunta. A
resposta do Supremo foi não. O Supremo disse, então, que não basta o surgimento de novas
vagas nem o lançamento de um novo concurso; para que os aprovados fora do numero de
vagas do edital tenham direito subjetivo à nomeação, é preciso mais, é preciso que se esteja
diante daquilo que o Supremo chamou de “hipótese de preterição arbitrária e imotivada por
parte da Administração”.
Então, é preciso que surjam novas vagas, ou que seja lançado um novo concurso;
mas, além disso, é preciso que se esteja diante desta hipótese de preterição arbitrária e
imotivada por parte da Administração.
O que significa este conceito? O Supremo disse que a preterição é arbitrária e
imotivada quando revelar um comportamento expresso ou tácito do poder público que
revele a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade
do certame, a ser demonstrada pelo próprio candidato.
Neste julgado, que foi submetido à sistemática da repercussão geral, o Supremo disse
que existem três hipóteses em que há direito subjetivo à nomeação pelo aprovado em
concurso público. As duas primeiras são hipóteses que já vinham estabelecidas pela
jurisprudência por muito tempo:
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a) quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas do edital;
b) quando houver preterição na nomeação pela não observância da ordem de
classificação; e
Essas duas primeiras hipóteses são situações consolidadas há muito tempo na
jurisprudência.
A última hipótese é a grande novidade, que revela o entendimento que foi fixado
nesta decisão:
c) quando surgirem novas vagas, ou for aberto novas vagas durante a validade do
certame anterior + ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e
imotivada por parte da administração.Não se esqueça do mais, pois é preciso que haja novas vagas ou um novo concurso
mas, também, ocorrer a preterição dos candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte
da administração.
Esse entendimento foi fixado no julgamento do RE 837311/PI, rel. Min. Luiz Fux,
9.12.2015.
O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, fixou tese nos seguintes termos:
“O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo,
durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito ànomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as
hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizada
por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca
necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser
demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subjetivo à nomeação do
candidato aprovado em concurso público exsurge nas seguintes hipóteses: 1 – Quando a
aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital; 2 – Quando houver
preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação; 3 – Quando
surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame
anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parteda administração nos termos acima.” Vencido o Ministro Marco Aurélio, que se
manifestou contra o enunciado. Ausentes, nesta assentada, os Ministros Gilmar Mendes
e Dias Toffoli. Presidência do Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 09.12.2015.
2.1.2 Teoria do Fato Consumado
O segundo julgado também versa sobre o tema do concurso público e trata da teoria
do fato consumado. Se você acompanha a jurisprudência dos Tribunais Superiores, já deve
saber que a teoria do fato consumado é utilizada para impedir que uma decisão provisóriaque favorece uma das partes do processo seja cassada depois do transcurso de um longo
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lapso temporal. Normalmente, esta teoria é aplicada para aquelas hipóteses nas quais um
particular litigue contra um ente público.
Ela foi aplicada durante muito tempo pelos nossos Tribunais Superiores para impedir
que aquele indivíduo que tomava posse em um cargo público e entrava em exercício por
força de uma decisão provisória perdesse aquele cargo depois do transcurso de um longo
lapso temporal, quando seu processo chegava ao fim e, no judiciário, se chegava à conclusão
de que ele, realmente, não deveria ter tomado posse naquele cargo. Se chegava à conclusão
que o comportamento da administração pública que elimina o indivíduo em algum momento
do concurso, realmente, era o comportamento certo.
Por exemplo: um indivíduo X faz um concurso público e é eliminado no teste físico. Se
este indivíduo conseguia uma liminar, entrava em exercício e depois de 10 ou de 20 anos se
chegava à conclusão que ele deveria ter sido eliminado no teste físico, durante muito tempo,
os Tribunais aplicaram a teoria do fato consumado para impedir que, em situações como
essas, esse indivíduo perdesse o cargo. Ou seja, a teoria era aplicada para manter o indivíduo
exercendo aquelas funções que ele exercia há muito tempo.
Hoje, diante do atual quadro, quando um juiz, no final do processo, seja ele de
Tribunal ou Tribunal Superior, quando chega ao final do processo e ele percebe a existência
de uma situação como essa, que alguém toma posse em um cargo público em razão de uma
decisão liminar e, ao final do processo, se percebe que aquela liminar ela não representa amelhor aplicação do direito o que esse juiz deve fazer? Ele deve, simplesmente, dizer que
deve perder o seu cargo depois de passado longo lapso temporal ou ele deve aplicar a teoria
do fato consumado para dizer que, apesar do indivíduo não ter direito a ocupar aquele
cargo, o transcurso de longo lapso temporal faz com que ele deva ser mantido no cargo?
O Supremo examina essa questão vai adotar a primeira posição. O Supremo vai dizer
o seguinte: esse candidato que toma posse em concurso público por força de uma decisão
judicial precária não deve ser mantido no cargo simplesmente porque o desempenha há
muito tempo. Então, o Supremo vai nos dizer que, nesta situação, o princípio concursal, que
exige que as pessoas sejam aprovadas para tomar posse em cargos públicos, deve prevalecer
sobre o interesse desse indivíduo. O Supremo vai nos dizer que o princípio concursal é um
valor constitucional que vai preponderar sobre o interesse individual desse candidato, que
não pode invocar, no caso, o princípio da proteção da confiança legítima porque conhecia a
precariedade daquela medida que lhe possibilitou tomar posse nesse cargo.
Em resumo, a conclusão a qual nós chegamos é que não se aplica a teoria do fato
consumado para candidatos que assumiram cargos públicos por força de decisão judicial
provisória posteriormente revista. Com isso, não devemos aplicar a teoria do fato
consumado nestas hipóteses.
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Vamos dar uma olhada no julgamento:
Concurso público e nomeação precária - 2O candidato que toma posse em concurso público por força de decisão judicial precária
assume o risco de posterior reforma desse julgado que, em razão do efeito “ex tunc”,
inviabiliza a aplicação da teoria do fato consumado em tais hipóteses. Assim a Primeira
Turma concluiu o julgamento, por maioria, ao negar provimento a recurso ordinário em
mandado de segurança no qual se pretendia a incidência da teoria do fato consumado,
bem como a anulação da portaria que tornara sem efeito
nomeação para o cargo de auditor- fiscal do trabalho. (...).
(Informativo 808, 1a Turma)
RMS 31538/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio,
17.11.2015. (RMS-31538)
Essa decisão foi proferida pelo Supremo no julgamento do Recurso em Mandado de
Segurança (RMS) nº 31538/DF.
Decisão: Por maioria de votos, a Turma negou provimento ao recurso ordinário em
mandado de segurança, nos termos do voto do Senhor Ministro Marco Aurélio, Redator
para o acórdão, vencido o Senhor Ministro Luiz Fux, Relator. Não participou,
justificadamente, deste julgamento, o Senhor Ministro Edson Fachin. Presidência da
Senhora Ministra Rosa Weber. 1ª Turma, 17.11.2015.
RMS 31538/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio,
17.11.2015. (RMS-31538)
Agora, vamos passar para o próximo tema.
2.2 Poderes Administrativos
Uma das grandes discussões dos administrativistas é a delegabilidade de um dos
poderes administrativos, o poder de polícia. O que acontece? Como o poder de polícia se
relaciona intimamente com o poder de império do Estado, predomina a ideia de que o poder
de polícia só poderia ser delegado para pessoas jurídicas de direito público – autarquias e
fundações públicas de direito público, quando estamos pensando em pessoas
administrativas.
Existe, ainda, uma corrente minoritária, que é encapada na nossa doutrina pelo
professor Diogo de Figueiredo Moreira Neto. A posição do professor Diogo, é adotada em
alguns julgados do STJ e, segundo esta posição, nós devemos olhar o poder de polícia não de
forma integral como se fosse uma coisa única, mas devemos dividi-lo em algumas fases.
Então, o professor Diogo vai nos apresentar quatro fases do poder de polícia:
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i) Ordem de Polícia;
ii) Consentimento de Polícia;iii) Fiscalização de Polícia e;
iv) Sanção de Polícia.
O que o professor Diogo de Figueiredo vai nos dizer é que algumas fases do ciclo de
polícia, como não se relacionam com o exercício do poder de império, poderiam ser
delegadas para particulares, para pessoas jurídicas de direito privado.
Que fases são essas que seriam delegáveis? Em primeiro lugar, a fase do
consentimento de polícia, que é a primeira fase do ciclo, e que acontece quando o poder
público consente que o particular exerça uma determinada atividade. Este consentimento é
veiculado, na maior parte das vezes, através de licenças ou de autorizações. E, o professor
Diogo diz que também é delegável a terceira fase do ciclo de polícia, a fiscalização de polícia,
que corresponde ao exame dos requisitos legais para o desempenho da atividade regulada
pelo poder de polícia, ou o exame da abstenção de determinada atividade que seja proibida
pelo exercício do poder de polícia.
Por que que consentimento e autorização seriam delegáveis para particulares?
Porque seriam fases que não envolveriam poder de império do Estado. Poderia, por isso, ser
delegado para pessoa jurídica de direito público ou para pessoa jurídica de direito privado.
O professor Diogo vai nos dizer que a primeira fase do ciclo de polícia, ordem de
polícia, que é aquela norma que vai impedir que a atividade seja exercida ou que vai
restringir a liberdade do particular com relação ao exercício de determinada atividade, seria
indelegável para particulares. E, a quarta fase, a da sanção de polícia, também seria uma
fase indelegável para pessoa jurídica de direito privado porque se relaciona intimamente ao
exercício do poder de império.
É uma discussão que se tem na doutrina: se poderíamos delegar o poder de polícia
apenas às pessoas jurídicas de direito público ou se poderíamos delegar algumas fases dessepoder de polícia também para pessoas jurídicas de direito privado. Essa discussão
doutrinária acaba se refletindo na jurisprudência – e a questão continua sendo muito
controvertida.
Uma das questões práticas por trás dessas questões teóricas vai ser relacionar à
delegabilidade do poder de polícia para guardas municipais aplicarem multas, porque em
muitos municípios a guarda municipal é criada com natureza jurídica de empresa pública,
pessoa administrativa de direito privado. Se pergunta: as guardas municipais, se tiverem
natureza jurídica de pessoa administrativa de direito privado, podem exercer poder de
polícia ou não?
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O Supremo vai examinar esta questão em um julgado do ano passado, mas ele não
responde à nossa pergunta. O Supremo diz que:
Guarda municipal e fiscalização de trânsito - 3
É constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício do poder de polícia de
trânsito, inclusive para imposição de sanções administrativas legalmente previstas. Com
base nessa orientação, o Plenário, por maioria e em conclusão de julgamento, desproveu
recurso extraordinário em que se discutia a possibilidade de lei local designar a guarda
municipal para atuar na fiscalização, no controle e na orientação do trânsito e do
tráfego, em face dos limites funcionais dispostos no art. 144, § 8º, da CF (“§ 8º - Os
Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens,
serviços e instalações, conforme dispuser a lei”) — v. Informativo 785.
Lembrem sempre deste trecho inicial porque é certamente este que será cobrado nas
provas deste ano.
A Corte destacou que o poder de polícia não se confundiria com a segurança pública. O
exercício daquele não seria prerrogativa exclusiva das entidades policiais, a quem a
Constituição outorgara, com exclusividade, no art.144, apenas as funções de promoção
da segurança pública.
O art.144 da CRFB/88 é aquele que vai restringir essa atividade de segurança pública
às polícias: polícia civil, polícia militar, polícia federal, polícia rodoviária federal, etc.
Constituição
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é
exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
O julgado continua:
Ademais, a fiscalização do trânsito com aplicação das sanções administrativas
legalmente previstas, embora pudesse se dar ostensivamente, constituiria mero exercício
de poder de polícia. Não haveria, portanto, óbice ao seu exercício por entidades não
policiais.
Sobre o poder de polícia, realmente é este o entendimento, que diversos órgãos e
diversos entes estatais poderiam exercer o poder de polícia. A dúvida aqui é qual a natureza
jurídica desses entes e desses órgãos, se só poderiam exercer o poder de polícia os entes ou
os órgãos com personalidade jurídica de direito público, ou se, também, algumas das fasesdo poder de polícia poderiam ser exercidas por entes com personalidade jurídica de direito
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privado, como empresas públicas e sociedades de economia mista. E foi essa a pergunta que
o Supremo não respondeu.
E ele continua:
O CTB, observando os parâmetros constitucionais, estabelecera a competência comum
dos entes da administração para o exercício da fiscalização de trânsito. Dentro de sua
esfera de atuação, delimitada pelo CTB, os Municípios poderiam determinar que o poder
de polícia que lhes compete fosse exercido pela guarda municipal. O art.144,§8º da CF,
não impediria que a guarda municipal exercesse funções adicionais à de proteção de
bens, serviços e instalações do Município. Até mesmo instituições policiais poderiam
cumular funções típicas de segurança pública com o exercício do poder de polícia.
Vencidos os Ministros Marco Aurélio (relator), Teori Zavascki, Rosa Weber, RicardoLewandowski (Presidente) e Cármen Lúcia, que davam parcial provimento ao recurso.
Entendiam ser constitucional a lei local que conferisse à guarda municipal a atribuição
de fiscalizar e controlar o trânsito, inclusive com a possibilidade de imposição de multas,
porém, desde que observada a finalidade constitucional da instituição de proteger bens,
serviços e equipamentos públicos (CF, art. 144, § 8º) e os limites da competência
municipal em matéria de trânsito, estabelecidos pela legislação federal (CF, art. 22, XI).
RE 658570/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso,
6.8.2015. (RE-658570)
(Informativo 793, Plenário, Repercussão Geral)
Lembrando que o art.144, §8º da CRFB/88 é aquele que vai dizer que a guarda
municipal tem por função proteção de bens, serviços e instalações dos municípios.
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é
exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, através dos seguintes órgãos:
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus
bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
Essa foi a manifestação do Supremo no RE 658570/MG.
DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PODER DE POLÍCIA. IMPOSIÇÃO
DE MULTA DE TRÂNSITO. GUARDA MUNICIPAL. CONSTITUCIONALIDADE.
1. Poder de polícia não se confunde com segurança pública. O exercício do primeiro não
é prerrogativa exclusiva das entidades policiais, a quem a Constituição outorgou, com
exclusividade, no art. 144, apenas as funções de promoção da segurança pública.
2. A fiscalização do trânsito, com aplicação das sanções administrativas legalmente
previstas, embora possa se dar ostensivamente, constitui mero exercício de poder de
polícia, não havendo, portanto, óbice ao seu exercício por entidades não policiais.
3. O Código de Trânsito Brasileiro, observando os parâmetros constitucionais,
estabeleceu a competência comum dos entes da federação para o exercício da fiscalização de trânsito.
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4. Dentro de sua esfera de atuação, delimitada pelo CTB, os Municípios podem
determinar que o poder de polícia que lhe compete seja exercido pela guarda municipal.
5. O art. 144, §8o, da CF, não impede que a guarda municipal exerça funções adicionais à
de proteção dos bens, serviços e instalações do Município. Até mesmo instituições
policiais podem cumular funções típicas de segurança pública com exercício de poder de
polícia. Entendimento que não foi alterado pelo advento da EC no 82/2014.
6. Desprovimento do recurso extraordinário e fixação, em repercussão geral, da seguinte
tese: é constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício de poder de polícia
de trânsito, inclusive para imposição de sanções administrativas legalmente previstas.
RE 658570/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso,
6.8.2015. (RE-658570)
Como dito, o Supremo não responde à grande dúvida sobre essa matéria, mas o quepode aparecer e, certamente, aparecerá em alguma prova deste ano (2016), é o início do
julgado, dizendo que é constitucional sim a atribuição às guardas municipais do exercício do
poder de polícia do trânsito, inclusive para a imposição de sanções administrativas
legalmente previstas.
Esse também foi um julgado submetido à sistemática da repercussão geral e, por
isso, ele é tão importante.
2.3 Agentes Públicos
O próximo julgamento versa sobre o tema dos agentes públicos e vai tratar sobre a
contratação de servidores temporários e a competência para discussão judicial de processos
que envolvam alegados vícios na contratação de servidores temporários.
O Supremo diz que:
Contratação de servidores temporários e competência - 2
A justiça comum é competente para processar e julgar causas em que se discuta a
validade de vínculo jurídico-administrativo entre o poder público e servidores
temporários. Esse o entendimento do Plenário que, em conclusão e por maioria, deu
provimento a agravo regimental e julgou procedente pedido formulado em reclamação
ajuizada com o objetivo de suspender ação civil pública proposta pelo Ministério Público
do Trabalho perante vara trabalhista.
Então, é competente a justiça comum porque a relação entre a administração pública
e o servidor público temporário é estatutária; é uma relação fundada na lei e não uma
relação contratual, uma relação celetista. E, é justamente por isso, que quem deve julgar
essas causas é a justiça comum.
Vejamos o que o Supremo continua dizendo:
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No caso, o “parquet” pretendia a anulação de contratações e de credenciamentos de
profissionais — ditos empregados públicos — sem a prévia aprovação em concurso
público. Alegava-se afronta ao que decidido pelo STF na ADI 3.395 MC/DF (DJU de
10.11.2006), tendo em conta que o julgamento da lide competiria à justiça comum — v.
Informativo 596. O Colegiado asseverou que orientação firmada na decisão paradigma
seria no sentido de competir à justiça comum o julgamento de litígios baseados em
contratação temporária para o exercício de função pública, instituída por lei local em
vigência antes ou depois da CF/1988. Isso não atrairia a competência da justiça
trabalhista a alegação de desvirtuamento do vínculo. Assim, a existência de pedidos
fundados na CLT ou no FGTS não descaracteriza a competência da justiça comum. Por
fim, o Tribunal deliberou anular os atos decisórios até então proferidos pela justiça
laboral e determinar o envio dos autos da ação civil pública à justiça comumcompetente. Vencidos os Ministros Marco Aurélio (relator) e Rosa Weber, que negavam
provimento ao agravo.
Rcl 4351 MC-AgR/PE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli,
11.11.2015. (Rcl-4351 MC-AgR)
(Informativo 807, Plenário)
Então, veja, ainda que se alegue que existe um desvirtuamento daquela relação do
estatutário com a administração pública, isso não é suficiente para mudar a natureza jurídica
daquela relação, que é uma relação estatutária. Isso não vai alterar o critério para fixação decompetência. Ainda que se diga que a contratação temporária foi ilegal, ainda que, com base
nisso, se pleiteiem direitos relativos à CLT ou de FGTS, a questão deve continuar sendo
julgada na justiça comum, seja ela Federal, seja ela Estadual.
Essa decisão foi proferida na Reclamação (Rcl) 4351, decidida pelo Plenário do
Supremo Tribunal Federal.
Decisão: O Tribunal, por maioria, deu provimento ao agravo regimental e, desde logo,
julgou procedente a reclamação, fixando a competência da justiça comum e
determinando a remessa dos autos, vencidos os Ministros Marco Aurélio (Relator) e Rosa
Weber, que negavam provimento ao recurso de agravo. Redigirá o acórdão o Ministro
Dias Toffoli. Ausentes, justificadamente, o Ministro Celso de Mello e, neste julgamento, o
Ministro Gilmar Mendes. Presidiu o julgamento o Ministro Ricardo Lewandowski.
Plenário, 11.11.2015.
Rcl 4351 MC-AgR/PE, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli,
11.11.2015. (Rcl-4351 MC-AgR)
2.4 Sistema Remuneratório
O próximo julgado é sobre sistema remuneratório e, vamos falar de mais um julgadosubmetido à sistemática da repercussão geral. E é sabido que os julgados submetidos à
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sistemática da repercussão geral e dos recursos repetitivos são sempre os mais importantes,
aqueles que se deve saber com mais detalhes, porque costumam ser os mais cobrados em
provas de concurso.
O próximo julgado vai versar sobre a temática do teto remuneratório e vantagens
pessoais.
Nesse julgado, o Supremo decidiu que o teto constitucional estabelecido que foi
estabelecido pela EC41 de 2003, é de eficácia imediata e vai atingir todas as verbas de
natureza remuneratória recebidas por todos os servidores públicos de todos os entes
federativos. Então, o teto constitucional estabelecido pela EC 41/2003 é de eficácia imediata
e vai atingir todas as verbas remuneratórias recebidas pelos servidores públicos de todos os
entes federativos.
Agora, com relação a essa questão, são feitas algumas observações importantes.
Observação1: o teto vai atingir até mesmo as verbas remuneratórias que foram
atingidas legalmente de acordo com o regime jurídico anterior. Ou seja, o teto vai ter
eficácia imediata para reduzir as verbas remuneratórias recebidas além do seu limite.
O que o Supremo diz, neste julgamento, é que essa redução ao teto é uma redução
legítima, que não violou nem o princípio da irredutibilidade de subsídio – porque ele estava
limitado à observância do teto – nem a garantia do direito adquirido.
Observação2: O teto se aplica para verbas remuneratórias, jamais se aplicará para
verbas indenizatórias. A verba indenizatória é aquela que só vai recompor aquilo que o
servidor público gasta para trabalhar. É, por isso, que o teto não se aplica para as verbas
indenizatórias, de forma que o servidor poderá continuar recebendo verba indenizatória que
exceda o valor do teto.
Observação3: Apesar da EC41 ser de 2003 e, apesar do Supremo ter dito que ela tem
eficácia imediata, neste julgamento, o Tribunal dispensou da devolução dos valores
recebidos a maior todos os servidores públicos até a data em que foi proferida a decisão do
Supremo. E, por quê o Supremo dispensa da devolução servidores públicos com relação
àqueles valores recebidos até a data da decisão? Por uma questão de boa-fé e de segurança
jurídica, já que a questão da limitação dessas verbas ao teto acabava sendo uma questão
bastante controvertida.
Vamos ver agora o julgado, olha o que o Supremo diz:
Teto remuneratório: EC 41/2003 e vantagens pessoais - 1
Computam-se, para efeito de observância do teto remuneratório do art. 37, XI, da CF,
também os valores percebidos anteriormente à vigência da EC 41/2003 a título de
vantagens pessoais pelo servidor público, dispensada a restituição de valoreseventualmente recebidos em excesso e de boa-fé até o dia 18.11.2015 [DATA DO
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JULGAMENTO]. Essa a conclusão do Plenário que, por maioria, proveu recurso
extraordinário em que discutida possibilidade de servidor público aposentado continuar
a receber as vantagens pessoais incorporadas antes da EC 41/2003, que dera nova
redação ao art. 37, XI, da CF. O Colegiado rememorou o que decidido nos autos do RE
609.381/GO (DJe de 11.12.2014), oportunidade em que o Tribunal, em repercussão
geral, reputara necessária a imediata adequação dos vencimentos pagos aos servidores
públicos, desde a promulgação da EC 41/2003, ao teto nela previsto para cada esfera do
funcionalismo. Entretanto, ainda remanesceria à Corte definir a respeito do cômputo das
vantagens pessoais para fins de incidência do teto. (…)
RE 606358/SP, rel. Min. Rosa Weber, 18.11.2015. (RE-606358)
(Informativo 808, Repercussão Geral).
Essa decisão foi proferida no Recurso Extraordinário (RE) nº 606358/SP, tambémdecisão proferida em sede de repercussão geral.
Decisão: O Tribunal, apreciando o tema 257 da repercussão geral, por maioria e nos
termos do voto da Relatora, conheceu e deu provimento ao recurso, vencido o Ministro
Marco Aurélio, que o desprovia. Por unanimidade, o Tribunal fixou tese nos seguintes
termos: "Computam-se para efeito de observância do teto remuneratório do art. 37, XI,
da Constituição da República, também os valores percebidos anteriormente à vigência
da Emenda Constitucional nº 41/2003 a título de vantagens pessoais pelo servidor
público, dispensada a restituição dos valores recebidos em excesso e de boa-fé até o dia
18 de novembro de 2015". Não participaram da fixação da tese os Ministros Marco Aurélio e Dias Toffoli. Falaram, pelo recorrente Estado de São Paulo, a Dra. Paula Nelly
Dionigi; pela recorrida, o Dr. Márcio Cammarosano; pelo amicus curiae Sindicato dos
Servidores da Assembléia Legislativa e do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo -
SINDALESP, o Dr. Antonio Luiz Lima do Amaral Furlan; e, pelos Estados da Federação e
pelo Distrito Federal (amici curiae), a Dra. Lívia Deprá Camargo Sulzbach, Procuradora
do Estado do Rio Grande do Sul. Ausente, justificadamente, o Ministro Celso de Mello.
Presidiu o julgamento o Ministro Ricardo Lewandowki. Plenário, 18.11.2015.
RE 606358/SP, rel. Min. Rosa Weber, 18.11.2015. (RE-606358)
Com isso, a gente encerra essa nossa revisão com relação ao Supremo e passamos a
falar pelos julgados proferidos pelo STJ ano passado.
3. Superior Tribunal de Justiça
3.1 Súmula 552
É uma recentemente editada pelo STJ na nossa disciplina. Então, é recomendado que
se decore essa súmula. Como se sabe, as súmulas vinculantes do Supremo precisam ser
conhecidas de cor e as súmulas do STJ também merecem uma atenção muito grande,
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principalmente para aquelas mais recentes. Este é um tema muito cobrado em concurso e é
um ponto fácil de se ganhar porque não se exige nada além de memória.
SÚMULA 552
O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com deficiência para o fim
de disputar as vagas reservadas em concursos públicos. Corte Especial, aprovada em
4/11/2015, DJe 9/11/2015 (Informativo 572).
Lembre-se que estamos falando sobre surdez unilateral. A súmula é sobre surdez e
não nenhuma outra deficiência.
E, agora, a gente passa a tratar do nosso primeiro tema, que é o da improbidadeadministrativa.
3.2 Improbidade Administrativa
3.2.1 Sujeito Passivo do Ato de Improbidade
O primeiro julgado que vamos ver sobre esse tema vai ser relacionar com o sujeito
passivo do ato de improbidade. O sujeito passivo do ato de improbidade é aquele que vai
sofrer a ação de improbidade, a “vítima”, digamos assim. Os sujeitos passivos vêm definidos
no art.1º da Lei 8.429/92 (LIA).
Lei 8.429/92
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não,
contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa
incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário
haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da
receita anual, serão punidos na forma desta lei.
Vamos ver o que o STJ falou sobre essa questão no julgado.
DIREITO ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA E CONDUTA DIRECIONADA
A PARTICULAR.
Não ensejam o reconhecimento de ato de improbidade administrativa (Lei 8.429/1992)
eventuais abusos perpetrados por agentes públicos durante abordagem policial, caso os
ofendidos pela conduta sejam particulares que não estavam no exercício da função
pública. O fato de a probidade ser atributo de toda atuação do agente público pode
suscitar o equívoco interpretativo de que qualquer falta por ele praticada, por si só,
representaria quebra desse atributo e, com isso, o sujeitaria às sanções da Lei
8.429/1992. Contudo, o conceito jurídico de ato de improbidade administrativa, por ser
circulante no ambiente do direito sancionador, não é daqueles que a doutrina chama de
elásticos, isto é, daqueles que podem ser ampliados para abranger situações que não
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tenham sido contempladas no momento da sua definição. Dessa forma, considerando o
inelástico conceito de improbidade, vê-se que o referencial da Lei 8.429/1992 é o ato do
agente público frente à coisa pública a que foi chamado a administrar. Logo, somente se
classificam como atos de improbidade administrativa as condutas de servidores públicos
que causam vilipêndio aos cofres públicos (atos que causam prejuízo ao erário – art 10
LIA) ou promovem o enriquecimento ilícito do próprio agente ou de terceiros (art 9, LIA),
efeitos inocorrentes na hipótese.
Percebam o seguinte: o STJ apresenta, então, neste julgado, dois tipos de ato de
improbidade administrativa: os atos que importam em enriquecimento ilícito do agente,
previstos no art.9º da LIA e os atos que causam prejuízo ao erário, previstos no art.10 da LIA.
Mas, ele deixa de apresentar o terceiro tipo de ato de improbidade, que são os atos que
violam princípios da administração pública, previstos no art.11 da LIA.
Lei 8.429/92
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito
auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo,
mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei,
e notadamente:
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer
ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º
desta lei, e notadamente:
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
O STJ faz isso de propósito porque a conduta do policial que atua em
desconformidade com o que lhe é determinado, ela poderia sim ser, em tese, enquadrada
como ato de improbidade que viola princípio da administração pública. Mas, para dizer que
não se enquadra, o STJ simplesmente não cita essa hipótese. Vamos ver o que ele diz nesse
julgamento:
Assim, sem pretender realizar um transverso enquadramento legal, mas apenas
descortinar uma correta exegese, verifica-se que a previsão do art. 4o, “h”, da Lei
4.898/1965, segundo o qual constitui abuso de autoridade “o ato lesivo da honra ou do
patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de
poder ou sem competência legal”, está muito mais próxima do caso – por regular o
direito de representação do cidadão frente a autoridades que, no exercício de suas
funções, cometerem abusos (art. 1o) – , de modo que não há falar-se em incidência da Lei
de Improbidade Administrativa. REsp 1.558.038-PE, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, julgado em 27/10/2015, DJe 9/11/2015 (Informativo 573).
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Qual a conclusão do STJ nesta situação é que, se nós temos policiais que cometem
um ato em que o ofendido é o particular, este ofendido, em sendo particular, não se
enquadra nas hipóteses do art.1º da LIA, que vai dizer que o sujeito passivo do ato de
improbidade é o Estado, é a Autarquia, é a Fundação Pública, Empresa Pública, Sociedade de
Economia Mista, etc. Então, o STJ vai dizer que essa situação se enquadra na ideia de abuso
de autoridade, mas não se enquadra nas circunstancias referentes à Lei de Improbidade
Administrativa.
Agora, passamos para o segundo julgado que vai tratar do sujeito ativo do ato de
improbidade.
3.2.2 Sujeito Ativo do Ato de Improbidade
O sujeito ativo é aquele que comete o ato de improbidade administrativa. Existem
dois sujeitos ativos possíveis quando falamos em ato de improbidade administrativa.
O primeiro tipo vem previsto já no art.1º da LIA.
Lei 8.429/92
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou
não , contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes daUnião, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa
incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário
haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da
receita anual, serão punidos na forma desta lei.
Aqui, devemos atentar, primeiro ao fato de que qualquer agente público, servidor ou
não, é sujeito ativo possível do ato de improbidade, ao fato de que “agente público” é uma
palavra que está sendo usada em uma acepção ampla, como qualquer um que exerça função
pública, ainda que não tenha vínculo com a administração pública. Normalmente, quando
estamos falando desta situação, lembramos dos mesários, dos conscritos, etc. O art.2º deixa
isso muito claro.
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda
que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.
É importante fazer esse sublinhado no Vade Mecum, pois é muito importante.
O art.2º da LIA deixa claro que o conceito de agente público é muito abrangente e vai
ser utilizado para designar todo aquele que exerça função pública, independente do fato
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desta pessoa ter ou não vínculo com a administração. A gente vê, aqui, o primeiro tipo de
sujeito ativo possível do ato de improbidade administrativa.
O art.3º da LIA vai trazer o segundo sujeito ativo possível.
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não
sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou
dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta .
O art.3º vai englobar aquelas pessoas que não exerçam função pública, mas que
estejam colaborando com alguém que o faça ou que se beneficie desse ato de improbidade.
Quando se observa este artigo, temos algumas observações a fazer:
Observação1: O particular, aquele que não pode ser enquadrado no conceito deagente público, só vai poder ser enquadrado na Lei de Improbidade e responder por ato de
improbidade administrativa, se ele colaborar com o agente público. Ou seja, o particular não
pode figurar sozinho no polo passivo em uma Ação de Improbidade. Esse é o entendimento
que já foi fixado pelo STJ há algum tempo e, um dos julgados paradigmas deste
entendimento é o REsp 115599-2.
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RÉU PARTICULAR. AUSÊNCIA DEPARTICIPAÇÃO
CONJUNTA DE AGENTE PÚBLICO NO PÓLO PASSIVO DA AÇÃO DEIMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. 1. Os arts. 1º e 3º da Lei 8.429/92 são expressos ao
prever a responsabilização de todos, agentes públicos ou não, que induzam ouconcorram para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficiem sob qualquer
forma, direta ou indireta. 2. Não figurando no pólo passivo qualquer agente público, não
há como o particular figurar sozinho como réu em Ação de Improbidade Administrativa.
3. Nesse quadro legal, não se abre ao Parquet a via da Lei da Improbidade
Administrativa. Resta-lhe, diante dos fortes indícios defraude nos negócios jurídicos da
empresa com a Administração Federal, ingressar com Ação Civil Pública comum, visando
ao ressarcimento dos eventuais prejuízos causados ao patrimônio público, tanto mais
porque o STJ tem jurisprudência pacífica sobre a imprescritibilidade desse tipo de dano.4.
Recurso Especial não provido.
(STJ - REsp: 1155992 PA 2009/0171665-6, Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data
de Julgamento: 23/03/2010, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe
01/07/2010)
Observação2: As pessoas jurídicas podem ser enquadradas sim neste dispositivo na
condição de terceiro beneficiado e o STJ também já disse isso no REsp 1127143.
ADMINISTRATIVO. ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. ART. 10, DA LEI 8.429/92.
DANO AO ERÁRIO. MODALIDADE CULPOSA. POSSIBILIDADE. FAVORECIMENTO PESSOAL.
TERCEIRO BENEFICIADO. REQUISITOS CONFIGURADOS. INCURSÃO NAS PREVISÕES DA LEI
DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. 1. O ato de improbidade administrativa previsto noart. 10 da Lei 8.429/92 exige a comprovação do dano ao erário e a existência de dolo ou
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culpa do agente. Precedentes. 2. Os arts. 62 e 63, da Lei 4.320/64 estabelecem como
requisito para a realização do pagamento que o agente público proceda à previa
liquidação da despesa. Nesse contexto, incumbe ao ordenador de despesa aferir a
efetiva entrega do material ou fornecimento do serviço contratado, em conformidade
com a nota de empenho que, por sua vez, expressa detalhadamente o objeto contratado
pelo Poder Público, com todas as suas características físicas e quantitativas. 3. A conduta
culposa está presente quando, apesar de o agente não pretender o resultado, atua com
negligência, imprudência ou imperícia. Nessa modalidade, há um defeito inescusável de
diligência, no qual se comete um erro sobre a condição do agir ou sobre a consequência
da conduta. A punição dessa prática justifica-se pela criação de um risco proibido ao
bem jurídico tutelado. 4. Na hipótese, além do dano ao erário, a descrição dos elementos
fáticos realizada na origem evidencia a negligência da autoridade municipal, pois: a)realizou o pagamento da nota de empenho sem adotar qualquer providência para aferir
a entrega da mercadoria, seja por meio da verificação do processo administrativo que
ensejou a contratação, seja pela provocação da empresa contratada para comprovar a
entrega do bem; b) deixou transcorrer praticamente três anos entre o pagamento
integral do débito e a entrega parcial da mercadoria, sem ter adotado qualquer medida
ou cobrança do particular; c) após todo esse tempo, sequer a totalidade da quantia
contratada foi entregue. 5. A lei de improbidade administrativa aplica-se ao beneficiário
direto do ato ímprobo, mormente em face do comprovado dano ao erário público.
Inteligência do art. 3º da Lei de Improbidade Administrativa. No caso, também está claro
que a pessoa jurídica foi beneficiada com a prática infrativa, na medida em que selocupletou de verba pública sem a devida contraprestação contratual. Por outro lado, em
relação ao seu responsável legal, os elementos coligidos na origem não lhe apontaram a
percepção de benefícios que ultrapassem a esfera patrimonial da sociedade empresária,
nem individualizaram sua conduta no fato imputável, razão pela qual não deve ser
condenado pelo ato de improbidade. 6. Recurso especial provido em parte.
(STJ - REsp: 1127143 RS 2009/0042987-9, Relator: Ministro CASTRO MEIRA, Data de
Julgamento: 22/06/2010, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 03/08/2010)
No nosso julgado, no julgado que o STJ proferiu no segundo semestre do ano
passado, o que ele vai decidir é que o estagiário pode ser sujeito ativo do ato deimprobidade porque ele vai se enquadrar naquela primeira hipótese possível de sujeito ativo
de ato de improbidade. O estagiário exerce função pública e, ao fazê-lo, ele integra o
conceito amplo de agente público. Olha como o STJ coloca a questão:
Segunda Turma
DIREITO ADMINISTRATIVO. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA LEI DE IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA A ESTAGIÁRIO.
É lógico que, aqui, o STJ está falando do estagiário que faz estágio em órgão público.
Seria o estagiário do MPF, o estagiário da Justiça Federal, o estagiário da AGU, etc. É esse
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estagiário que se fizer algum ato que possa ser qualificado como ato de improbidade
administrativa, pode ser chamado a responder nos termos da Lei 8.429/92. Vejamos:
O estagiário que atua no serviço público, ainda que transitoriamente, remunerado ou
não, está sujeito a responsabilização por ato de improbidade administrativa (Lei
8.429/1992). De fato, o conceito de agente público, constante dos artigos 2o e 3o da Lei
8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa), abrange não apenas os servidores
públicos, mas todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração,
por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura
ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função na Administração Pública. Assim, na
hipótese em análise, o estagiário, que atua no serviço público, enquadra-se no conceito
legal de agente público preconizado pela Lei 8.429/1992. Ademais, as disposições desse
diploma legal são aplicáveis também àquele que, mesmo não sendo agente público,induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob
qualquer forma, direta ou indireta. Isso porque o objetivo da Lei de Improbidade não é
apenas punir, mas também afastar do serviço público os que praticam atos
incompatíveis com o exercício da função pública.
REsp 1.352.035-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 18/8/2015, DJe 8/9/2015
(Informativo 568).
O nosso último julgado de improbidade administrativa vai tratar sobre o prazo
prescricional do ato de improbidade.
3.2.3 Prazo Prescricional
Se já estudou um pouco o assunto, sabe que existem várias regras com relação a esse
prazo prescricional. A primeira delas vem inserida na Constituição da República, no art.37,
§5º, que vai determinar que sejam imprescritíveis os pedidos de ressarcimento ao erário.
Constituição
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dosEstados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer
agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas
ações de ressarcimento.
Então, esse pedido de ressarcimento pode ser feito em uma ação de improbidade
administrativa a qualquer tempo, ainda que ele seja cumulado com outros pedidos que
estejam prescritos, o pedido de ressarcimento ao erário deve sempre ser processado porque
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm#art3http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm#art3http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm#art3http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm#art3
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ele é sempre imprescritível. Essa é a primeira regra, prevista na Constituição no art.37, §5º;
as demais regras vêm na própria Lei de Improbidade, no art.23.
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser
propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de
função de confiança;
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares
puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo
ou emprego.
III - até cinco anos da data da apresentação à administração pública da prestação de
contas final pelas entidades referidas no parágrafo único do art. 1º desta
Lei. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
E, uma dessas muitas regras, vai se aplicar especificamente aos agentes políticos e vai
determinar que, para eles, o prazo prescricional de 5 anos vai se iniciar apenas após o
termino do seu mandato. Então, se o político comete um ato de improbidade no segundo
ano do seu mandato, o seu prazo prescricional só começa ao final do quarto ano, quando ele
deixa de exercer aquela função pública e, até lá, o prazo prescricional não se inicia.
O STJ já firmou jurisprudência no sentido de que, se houver reeleição desse
indivíduo, o prazo prescricional daquela falta que ele comete no segundo ano do seu
primeiro mandato, só vai começar a correr depois do final do último mandato. Então,quando ocorre reeleição, o prazo prescricional só começa a correr após o término do
segundo mandato.
No julgamento que vamos ver, a situação é essa. A peculiaridade desde julgamento é
que houve a interrupção do mandato em razão da anulação das eleições, e o que o STJ faz
neste julgamento é manter a regra do início do prazo prescricional apenas após o termino do
segundo mandato, mesmo nesta hipótese. Veja só:
Segunda Turma
DIREITO ADMINISTRATIVO. TERMO INICIAL DO PRAZO PRESCRICIONAL DA AÇÃO DEIMPROBIDADE ADMINISTRATIVA NO CASO DE REELEIÇÃO.
O prazo prescricional em ação de improbidade administrativa movida contra prefeito
reeleito só se inicia após o término do segundo mandato, ainda que tenha havido
descontinuidade entre o primeiro e o Segundo mandato em razão da anulação de pleito
eleitoral, com posse provisória do Presidente da Câmara, por determinação da Justiça
Eleitoral, antes da reeleição do prefeito em novas eleições convocadas. De fato, a
reeleição pressupõe mandatos consecutivos. A legislatura, por sua vez, corresponde,
atualmente, a um período de quatro anos, no caso de prefeitos. O fato de o Presidente
da Câmara Municipal ter assumido provisoriamente, conforme determinação da Justiça
Eleitoral, até que fosse providenciada nova eleição, não descaracterizou a legislatura. Assim, prevalece o entendimento jurisprudencial pacífico desta Corte, no sentido de que,
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13019.htm#art78ahttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13019.htm#art88....http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13019.htm#art88....http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13019.htm#art78a
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no caso de agente político detentor de mandato eletivo ou de ocupantes de cargos de
comissão e de confiança inseridos no polo passivo da ação de improbidade
administrativa, a contagem do prazo prescricional inicia-se com o fim do mandato.
Exegese do art. 23, I, da Lei 8.429/1992. Nesse sentido: AgRg no AREsp 161.420-TO,
Segunda Turma, DJe 14/4/2014.
REsp 1.414.757-RN, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 6/10/2015, DJe 16/10/2015
(Informativo 571).
O último julgado que vamos ver hoje é um julgado que versa sobre um tema em
relação ao qual começamos a conversar. Então, é um julgado do STJ que vai versar sobre o
concurso público.
3.3 Concurso Público
Nós vimos que, para o Supremo Tribunal Federal, o aprovado fora do número de
vagas do concurso público, só terá direito subjetivo à nomeação em hipótese excepcionais.
Como veremos agora, o STJ tem uma posição diversa da posição do Supremo. Veja o julgado:
Primeira Turma
DIREITO ADMINISTRATIVO. DESISTÊNCIA DE CANDIDATO APROVADO EM CONCURSOPÚBLICO DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS.
O candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital de concurso público
tem direito subjetivo à nomeação quando o candidato imediatamente anterior na ordem
de classificação, aprovado dentro do número de vagas, for convocado e manifestar
desistência. O posicionamento do STJ (RMS 33.875-MT, Primeira Turma, DJe 22/6/2015;
e AgRg nos EDcl nos EDcl no Ag 1.398.319-ES, Segunda Turma, DJe 9/3/2012) induz à
conclusão de que o candidato constante de cadastro de reserva, ou, naqueles concursos
em que não se utiliza essa expressão, aprovado fora do número de vagas previsto no
edital, só terá direito à nomeação nos casos de comprovada preterição, seja pela
inobservância da ordem de classificação, seja por contratações irregulares. Contudo,deve-se acrescentar e destacar que a desistência de candidatos aprovados dentro do
número de vagas previsto no edital do certame é hipótese diversa e resulta em direito do
próximo classificado à convocação para a posse ou para a próxima fase do concurso,
conforme o caso. É que, nessa hipótese, a necessidade e o interesse da Administração no
preenchimento dos cargos ofertados estão estabelecidos no edital de abertura do
concurso, e a convocação do candidato que, logo após, desiste, comprova a necessidade
de convocação do próximo candidato na ordem de classificação. Precedentes do STF
citados: ARE 866.016 AgR, Primeira Turma, DJe 29/10/2013; ARE 661.760 AgR, Primeira
Turma, DJe 29/10/2013; RE 643.674 AgR, Segunda Turma, DJe 28/8/2013; ARE 675.202
AgR, Segunda Turma, DJe 22/8/2013. AgRg no ROMS 48.266- TO, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, julgado em 18/8/2015, DJe 27/8/2015
8/18/2019 9011602ResumoAula1Direito-Administrativo-enfase
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Direito Administrativo
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
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(Informativo 567).
Essa decisão, que foi veiculada no Informativo 567, na verdade, ela revela oentendimento que foi manifestado em duas decisões desse informativo. Então, percebam
como o Supremo e o STJ têm uma posição um pouco diferente com relação à temática do
concurso público. O Supremo é muito mais resistente, muito mais refratário em aceitar que
exista um direito subjetivo à nomeação daqueles que foram aprovados fora do número de
vagas – o STJ é muito menos exigente nesse ponto.
Por isso, uma das grandes dicas que pode ser dada quando for fazer uma prova é ler
com muito cuidado o enunciado. Veja se o examinador está pedindo a posição do Supremo,
do STJ, se é a posição da doutrina majoritária, se é um conceito previsto em lei ou em
alguma súmula – tenha esse cuidado na prova. Outra dica é não deixar de estudar
informativos com muita frequência, lê-los reiteradamente, pelo menos uma vez por semana,
fazer uma boa revisão dos informativos, estar antenado com aqueles que são editados para
que você possa garantir pontos importantes na prova.
Para dúvidas ou dicas, a professora deixou o email: [email protected].