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Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho

PROCESSO Nº TST-RR-262-98.2012.5.05.0022

Firmado por assinatura digital em 14/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

A C Ó R D Ã O

2ª Turma

GMJRP/rl/pr/ac

RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA

VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014.

RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. JUSTA

CAUSA. REVOLVIMENTO DE FATOS E PROVAS.

IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 126 DO TST.

O Regional reformou a sentença por

entender que inexistiu justa causa para

a rescisão contratual. Consignou que o

autor exercia a função de porteiro na

sede da reclamada e que trabalhava

sozinho quando ocorreu o sumiço de um

cartão de crédito de uma das empregadas,

em 31/12/2010. Assentou, ainda, que o

reclamante confirmou ter trabalhado

sozinho nos dias 1º e 2/1/2011 e que as

atividades da reclamada foram retomadas

no dia 3/1/2011, data em que foi

questionado pelo sumiço do citado

cartão. A Corte a quo, ao analisar o

conjunto-probatório dos autos,

concluiu que, nos dias seguintes,

deu-se a oitiva do obreiro na delegacia,

culminando com a sua dispensa, por justo

motivo, no dia 19/1/2011. O Regional

registrou que, ao investigar o motivo da

dispensa, em que pese constar do

documento apresentado ao reclamante,

quando despedido, de que aquela se deu

por ato de improbidade, o real motivo

foi, em verdade, ter a ré entendido que

houve, por parte do autor, a quebra de

fidúcia e o descumprimento de ordens. O

documento de dispensa, apresentado aos

autos, indica que a ruptura foi motivada

por ter o empregado permitido a entrada,

nas dependências da ré, de um

ex-funcionário que havia sido despedido

anteriormente, por furtos em sua sede.

Ao avaliar os documentos acostados aos

autos, o Regional concluiu que não há

prova de que a conduta do reclamante

tenha sido dotada de gravidade

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suficiente a ensejar a ruptura

contratual por justo motivo, sob o

fundamento de que não há registro de

nenhuma advertência ou suspensão

aplicada ao obreiro, ao longo dos doze

anos de trabalho, bem como não há

nenhuma referência de que o reclamante

agia, ainda que não punido, em

desobediência às ordens da reclamada.

Por fim, o Tribunal registrou que no

depoimento prestado na delegacia, o

autor não admitiu nenhuma participação

no furto, ou seja, não confessou fato

delituoso algum que o prejudicasse. Ao

contrário, delineou os fatos de forma

que apenas admitiu ter sido enganado

pelo ex-empregado. Neste contexto, a

Corte a quo assentou que não há nenhum

elemento nos autos que permitisse a

conclusão de que o reclamante

corroborava com o ex-empregado demitido

anteriormente, na prática do ato

delituoso ou na sua facilitação, ou que,

mesmo ciente da periculosidade deste,

permitiu, deliberadamente, a sua

entrada às dependências da empresa.

Assim, o Regional consignou que, diante

da falta cometida, considerando a

circunstância da ocorrência dos fatos e

o comportamento pregresso do

reclamante, sem máculas e sem punições,

não há prova de que o autor violou o

princípio da boa-fé, que deve nortear as

relações contratuais, portanto sua

conduta não foi grave o suficiente para

abalar a fidúcia que deve existir na

relação de emprego. Diante do exposto,

o Regional reformou a sentença para

reconhecer a inexistência de justa

causa para a rescisão contratual. Para

se adotar entendimento diverso,

necessário seria, inequivocamente, o

revolvimento fático-probatório dos

autos, procedimento vedado nesta

instância recursal de natureza

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extraordinária, nos termos em que

dispõe a Súmula nº 126 desta Corte.

Recurso de revista não conhecido.

DIFERENÇAS DE REPOUSO SEMANAL

REMUNERADO DECORRENTE DAS HORAS EXTRAS.

RECURSO DE REVISTA QUE NÃO ATENDE AO

REQUISITO DISPOSTO NO ARTIGO 896, §

1º-A, INCISO I, DA CLT. AUSÊNCIA DE

INDICAÇÃO DO PREQUESTIONAMENTO.

O recurso de revista foi interposto na

vigência da Lei nº 13.015, de 2014, que

alterou a redação do artigo 896 da CLT,

acrescendo a esse dispositivo, entre

outros, o § 1º-A, que determina novas

exigências de cunho formal para a

interposição do recurso de revista,

estatuindo que, “Sob pena de não conhecimento,

é ônus da parte: I - indicar o trecho da decisão recorrida

que consubstancia o prequestionamento da controvérsia

objeto do recurso de revista”. Na hipótese, a

parte transcreve a íntegra do acórdão ao

invés de indicar o trecho da decisão

recorrida em que se encontram

prequestionadas as matérias objeto de

sua irresignação, como exige o art. 896,

§ 1º-A, inciso I, da CLT, de forma que

a exigência processual contida no

dispositivo em questão não foi

satisfeita.

Recurso de revista não conhecido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso

de Revista n° TST-RR-262-98.2012.5.05.0022, em que é Recorrente

ASSOCIAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DO ESTADO DA BAHIA e Recorrido

ROBSON SANTOS DE ALMEIDA.

O Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, por

intermédio do acórdão de págs. 1.232-1.241, reformou a sentença, sob o

fundamento de que inexistiu justa causa para a rescisão contratual, bem

como deferiu o reflexo das horas extras no repouso semanal remunerado

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e a integração deste para pagamento de férias com 1/3, décimos terceiros

e depósitos de FGTS.

Inconformada, a reclamada interpõe recurso de

revista, às págs. 1.420-1.432, com fundamento nas alíneas “a” e “c” do

artigo 896 da CLT, em que pretende a reforma da decisão.

O recurso de revista foi admitido às págs. 14-16.

Contrarrazões foram apresentadas às págs. 10 e 11.

Não houve remessa dos autos ao Ministério Público do

Trabalho, ante o disposto no art. 83 do Regimento Interno do Tribunal

Superior do Trabalho.

É o relatório.

V O T O

1. RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. JUSTA CAUSA.

REVOLVIMENTO DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 126 DO TST

CONHECIMENTO

O Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região reformou

a sentença, sob o fundamento de que inexistiu justa causa para a rescisão

contratual.

Eis o teor da decisão:

“RECURSO DO RECLAMANTE

Rebela-se o Reclamante contra a decisão de primeiro grau que

reconheceu a justa causa por si praticada para dissolução do vínculo e

indeferiu parte dos pedidos da exordial.

Sustenta que a Magistrada não observou os limites da lide, pois foi

dispensado com esteio na alínea “a” do art. 482, “ato de improbidade”,

quando a própria Ré, na sua defesa, negou ter imputado ao Autor qualquer

ato de tal qualidade, asseverando que o despediu por descumprimento dos

seus deveres contratuais.

Sendo assim, e apenas por isso, entende que já há motivos para

afastamento da decisão. Não obstante, prossegue aduzindo que não há provas

dos fatos a si imputados como autorizadores da justa causa a si aplicada.

Por fim, argumenta que houve perdão tácito, ante a demora de ser

dispensado após a ocorrência do fato tido como grave e ensejador da ruptura.

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A justa causa demanda prova robusta e inequívoca, uma vez que pode

causar ao nome do empregado uma mácula irreparável, afetando, assim, a

sua carreira profissional. Tal prova incumbe à Reclamada, à luz dos arts.818,

da CLT e 333, II, do CPC.

Demais disso, a despeito de inexistir no nosso ordenamento jurídico

norma sobre o exercício do poder disciplinar, o certo é que a doutrina e a

jurisprudência são unânimes em afirmar que devem ser observados alguns

requisitos na aplicação das penalidades por parte do empregador, como por

exemplo, a imediatidade, a proporcionalidade entre a falta e a punição, a

impossibilidade de dupla punição, a conexão com o serviço e etc. A falta

cometida, ademais, deve ser grave o bastante para abalar a fidúcia que deve

existir na relação de emprego.

Outrossim, o empregador deve observar a gradação e a

proporcionalidade entre a falta cometida e a penalidade aplicada, de modo

que apesar de não estar impedido de rescindir o contrato de trabalho por justa

causa se não advertiu ou suspendeu o empregado, anteriormente, quando se

tratar de falta realmente grave.

Neste sentido vale transcrever a lição de Sergio Pinto Martins in

Comentários à CLT, 12ª edição, pág. 504:

“Deve haver proporcionalidade entre o ato faltoso e a

punição. O poder de aplicar penalidades ao empregado é

decorrente do poder de direção ou mais especificamente do

poder disciplinar do empregador. Esse poder admite que o

empregado seja advertido verbalmente, por escrito, suspenso e

dispensado. (...) O empregador, porém, não poderá usar

arbitrariamente ou abusivamente o poder que lhe é conferido.

Deve, assim, o empregador punir as faltas mais leves com penas

mais brandas, e as faltas mais graves com penas mais severas. O

despedimento deve ficar reservado para a última falta ou para a

mais grave. Dessa forma, uma falta sem grande importância

deveria ser punida com advertência por escrito. Numa próxima,

seria suspenso. Se o empregado não atende aos aspectos

pedagógicos das penas que lhe foram aplicadas e continua

recalcitrante, na última falta deve ser punido com a dispensa. É

claro que necessariamente o empregador não deve observar essa

ordem, principalmente quando o ato cometido pelo empregado é

tào grave, ocasião em que deve ser dispensado de imediato" (o

grifo não é do original).

O Reclamante era Porteiro da sede da Reclamada e estava trabalhando

sozinho quando do ocorreu o sumiço de um cartão de crédito de uma das

empregadas, em 31/12/2010, como o mesmo afirmou, no seu depoimento de

fl. 541. Também confirmou que estava trabalhando sozinho nos dias 1º e

02/01/2011. Demais disso, também afirmou que foi questionado pelo sumiço

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do cartão tão logo a Ré voltou a funcionar, no dia 03/01/2011, já que nos dias

anteriores estava fechada em razão dos festejos de fim de ano.

Depreende-se dos autos que, nos dias seguintes, deu-se a sua oitiva na

Delegacia, culminando com a dispensa, por justo motivo, no dia 19/01/2011.

Entre o ocorrido e a dispensa se passaram 19 dias, o que, ao contrário

do que afirma o Reclamante, afasta qualquer demora e alegação de suposto

perdão tácito, até porque ele próprio confirma ter havido, nesse lapso

temporal, investigação policial sobre os fatos.

Investigando-se o motivo da dispensa, em que pese constar do

documento apresentado ao Reclamante quando despedido, fl. 97, de que

aquela se deu por ato de improbidade, o real motivo foi, em verdade, ter a

Reclamada entendido que houve, por parte do Obreiro, quebra de fidúcia e

descumprimento de ordens. O documento de fl. 98 indica que a ruptura foi

motivada por ter o Reclamante permitido a entrada, nas dependências da Ré,

de um ex-empregado que havia sido despedido anteriormente, por furtos em

sua sede.

Ocorre que não há prova nos autos de que a conduta do Obreiro tenha

sido dotada de gravidade suficiente a ensejar a ruptura contratual por justo

motivo.

Noto, como já fiz questão de salientar, que não há registro de qualquer

advertência ou suspensão aplicada ao Reclamante, ao longo de doze anos de

trabalho. Não há qualquer menção de que o Reclamante agia, ainda que não

punido, em desobediência às ordens da empresa.

Demais disso, no depoimento prestado na Delegacia, fls. 100/101, o

Reclamante não admitiu qualquer participação no furto, ou seja, não

confessou qualquer fato delituoso ou algo parecido que o prejudicasse. Ao

revés, delineou os fatos de forma que apenas admitiu ter sido enganado pelo

ex-empregado.

É certo que o Reclamante admitiu ter possibilitado tal acesso e que

sabia que assim não era permitido, a testemunha ouvida à fl. 542 assim

confirma, mas não há qualquer elemento nos autos que permita a conclusão

de que este corroborava com o ex-empregado, na prática do ato delituoso ou

na sua facilitação, ou que, mesmo ciente da periculosidade deste permitiu,

deliberadamente, o acesso deste às dependências da empresa.

Perfeitamente possível e muito mais coerente com o histórico dos fatos

e comportamento pregresso dos envolvidos é a conclusão de que estes se

deram da exata forma que o Reclamante narrou no seu depoimento, ou seja,

de que foi enganado, até porque a testemunha citada depôs no sentido de que

ex-empregado foi afastado por “fazer coisas erradas” e confirma que foi

chamado a assistir uma fita de vídeo do banco, na qual este saca dinheiro

através de um cartão que havia sido furtado dentro da empresa - sendo

indiscutível, pois, o grau de periculosidade àquele atribuído.

A falta cometida, considerando a circunstância da ocorrência dos fatos

e o comportamento pregresso do Reclamante, sem máculas e sem punições,

não foi grave o bastante para abalar a fidúcia que deve existir na relação de

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emprego. Com efeito, não há prova de que o Reclamante violou o princípio

da boa-fé que deve nortear as relações contratuais.

Reformo, pois, a sentença para reconhecer a inexistência de justa causa

para a rescisão contratual.

Em consequência, insiro na condenação o aviso prévio indenizado e

integrado, décimo terceiro proporcional, férias proporcionais com 1/3,

liberação do FGTS com 40% e indenização equivalente ao seguro

desemprego.

Não é devida a multa do art. 477, da CLT, pois as verbas rescisórias

que a Reclamada entendia devida foram quitadas tempestivamente – fl. 95, e

a inclusão das verbas supra não tem o condão de legitimar a inclusão da

multa na condenação. Não são devidas férias simples e décimos terceiros,

pois os recibos anexados aos autos comprovam a quitação (fl. 177/187 e fls.

124,134, 146, 152 e 161)” (Págs. 1.233-1.237, destacou-se)

Em resposta aos embargos de declaração, assim se

manifestou o Regional:

“EMBARGOS DA RECLAMADA

A título de prequestionamento, a Reclamada alega a violação, pelo

aresto embargado, ao art. 5º da CF, 482 e 818 da CLT e 333 do CPC,

afirmando que tudo leva a crer que houve “equívoco material na apreciação e

valoração do conjunto probatório contido nos autos”(fl. 632).

Ocorre que o requisito do prequestionamento resulta atendido se a

questão foi aborda pela decisão embargada, o que ocorreu, sem dúvidas, haja

vista que não apenas foi apreciada, com detalhes, a justa causa alegada pela

Ré, como assim se fez indicando com esteio nas regras de distribuição do

ônus da prova, como expressamente consta da decisão, fl. 603.

Este órgão julgador, expressamente, repito, manifestou-se sobre a

questão e, ante a alegação de que há “equívoco material”, fica evidente que a

Embargante, a pretexto da existência de violação a textos legais e

necessidade de prequestionamento, busca obter o reexame da matéria

analisada nos autos com vistas a desfazer juízo de valor já firmado, o que,

todavia, não é possível por meio dos embargos de declaração.

Os embargos declaratórios só devem ser utilizados quando a decisão

padece de alguma das irregularidades apontadas nos artigos 535 do CPC e

897-A da CLT, o que, definitivamente, não é a hipótese dos autos.

Se há erro de julgamento, o Embargante deve ingressar com o recurso

próprio para obter a reforma do julgado, pretensão que não pode ser atendida

por meio dos embargos de declaração, pois os embargos devem ser

encarados, apenas, como instrumento de aperfeiçoamento da prestação

jurisdicional e não como apelo autorizador da reforma do julgado.

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NEGO PROVIMENTO aos embargos de declaração da Reclamada.” (págs. 1.334 e 1.335, destacou-se)

Nas razões do recurso de revista, insurge-se a

reclamada contra a decisão regional em que não se reconheceu a justa causa

aplicada ao reclamante pelo Juízo de origem.

Alega que estão presentes nos autos provas robustas

que comprovam a falta grave praticada pelo autor.

Sustenta que “o reclamante jamais foi acusado de furto, ou mesmo

participação neste. O FUNDAMENTO DA JUSTA CAUSA, APLICADA PELO RECLAMADO FOI

O FATO DE QUE O RECLAMANTE (QUE ERA PORTEIRO) SE VALEU DA CONFIANÇA QUE

LHE FOI CONCEDIDA PELO RECLAMADO, PARA QUE RESGUARDASSE SEU PATRIMÔNIO

E, DE FORMA DELIBERADA, PERMITIU O ACESSO A EX-EMPREGADO, ACUSADO DE

FURTO, ADENTRASSE AO PRÉDIO, ACOMPANHADO DE MAIS DUAS MULHERES

ESTRANHAS” (pág. 1.245).

Afirma que, comprovada a falta grave praticada pelo

autor, nos termos do artigo 482, alínea “a” da CLT, imperiosa se faz a

aplicação da justa causa, uma vez que ficou comprovada a quebra de fidúcia

em relação ao empregado.

Assevera que se desincumbiu do seu encargo probatório,

porque produziu prova inequívoca da falta grave praticada pelo

reclamante.

Indica violação dos artigos 5° da Constituição

Federal, 482, alínea “a” e 818 da CLT e 333 do CPC de 1973.

Colaciona arestos para o cotejo de teses.

Sem razão.

O Regional reformou a sentença por entender que

inexistiu justa causa para a rescisão contratual. Consignou que o autor

exercia a função de porteiro na sede da reclamada e que trabalhava sozinho

quando ocorreu o sumiço de um cartão de crédito de uma das empregadas,

em 31/12/2010. Assentou, ainda, que o reclamante confirmou ter trabalhado

sozinho nos dias 1º e 2/1/2011 e que as atividades da reclamada foram

retomadas no dia 3/1/2011, data em que foi questionado pelo sumiço do

citado cartão.

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

A Corte a quo, ao analisar o conjunto-probatório dos

autos, concluiu que, nos dias seguintes, deu-se a oitiva do obreiro na

delegacia, culminando com a sua dispensa, por justo motivo, no dia

19/1/2011. Registrou que, ao investigar o motivo da dispensa, em que pese

constar do documento apresentado ao reclamante, quando despedido, de que

aquela se deu por ato de improbidade, o real motivo foi, em verdade, ter

a ré entendido que houve, por parte do autor, a quebra de fidúcia e o

descumprimento de ordens.

O documento de dispensa apresentado aos autos indica

que a ruptura foi motivada por ter o empregado permitido a entrada, nas

dependências da ré, de um ex-funcionário que havia sido despedido

anteriormente, por furtos em sua sede.

Ao avaliar os documentos acostados aos autos o

Regional concluiu que não há prova de que a conduta do reclamante tenha

sido dotada de gravidade suficiente a ensejar a ruptura contratual por

justo motivo, sob o fundamento de que não há registro de nenhuma

advertência ou suspensão aplicada ao obreiro, ao longo dos doze anos de

trabalho, bem como não há nenhuma referência de que o reclamante agia,

ainda que não punido, em desobediência às ordens da reclamada.

Por fim, o Tribunal registrou que, no depoimento

prestado na delegacia, o autor não admitiu nenhuma participação no furto,

ou seja, não confessou fato delituoso algum que o prejudicasse. Ao

contrário, delineou os fatos de forma que apenas admitiu ter sido enganado

pelo ex-empregado.

Neste contexto, a Corte a quo assentou que não há

elemento algum nos autos que permitisse a conclusão de que o reclamante

corroborava com o ex-empregado demitido anteriormente, na prática do ato

delituoso ou na sua facilitação, ou que, mesmo ciente da periculosidade

deste, permitiu, deliberadamente, a sua entrada às dependências da

empresa.

Assim, o Regional consignou que, diante da falta

cometida, considerando a circunstância da ocorrência dos fatos e o

comportamento pregresso do reclamante, sem máculas e sem punições, não

há prova de que o autor violou o princípio da boa-fé, que deve nortear

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as relações contratuais, portanto sua conduta não foi grave o suficiente

para abalar a fidúcia que deve existir na relação de emprego.

Diante do exposto, o Regional reformou a sentença para

reconhecer a inexistência de justa causa para a rescisão contratual. Para

se adotar entendimento diverso, necessário seria, inequivocamente, o

revolvimento fático-probatório dos autos, procedimento vedado nesta

instância recursal de natureza extraordinária, nos termos em que dispõe

a Súmula nº 126 desta Corte.

Intacto, portanto, o artigo 482, alínea “a”, da CLT.

Cumpre salientar que somente é importante perquirir

a quem cabe o ônus da prova quando não há prova de fato arguido por qualquer

das partes. Assim, uma vez que este ficou provado, conforme asseverou

o Tribunal Regional, é irrelevante o questionamento sobre a quem caberia

fazer a prova. Portanto, nessa hipótese, não há reconhecer ofensa aos

artigos 818 da CLT e 333, inciso I do CPC de 1973.

Ademais, a invocação genérica de violação do artigo

5º da Constituição Federal de 1988, sem a indicação do inciso ou parágrafo

que entende por violado, não é suficiente para autorizar o conhecimento

deste recurso conforme dispõe o artigo 896 da CLT.

Por fim, as divergências jurisprudenciais

colacionadas não viabilizam o processamento do recurso de revista, tendo

em vista que os acórdãos paradigmas se ressentem da necessária

especificidade a que alude a Súmula nº 296, item I, desta Corte, na medida

em que não registram a mesma premissa fática consignada no acórdão

recorrido, pois versam sobre situações em que ficou comprovada a justa

causa por ato de improbidade.

Recurso de revista não conhecido.

2. DIFERENÇAS DE REPOUSO SEMANAL REMUNERADO

DECORRENTE DAS HORAS EXTRAS. RECURSO DE REVISTA QUE NÃO ATENDE AO

REQUISITO DISPOSTO NO ARTIGO 896, § 1º-A, INCISO I, DA CLT. AUSÊNCIA DE

INDICAÇÃO DO PREQUESTIONAMENTO

CONHECIMENTO

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PROCESSO Nº TST-RR-262-98.2012.5.05.0022

Firmado por assinatura digital em 14/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

O Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região reformou

a sentença e deferiu o reflexo das horas extras no repouso semanal

remunerado e a integração deste para pagamento de férias com 1/3, décimos

terceiros e depósitos de FGTS.

Eis os termos do acórdão recorrido, na fração de

interesse:

“DIFERENÇAS DE REPOUSO SEMANAL REMUNERADO

DECORRENTE DAS HORAS EXTRAS

A integração das horas extra para pagamento do repouso semanal

remunerado foi indeferida, equivocadamente, pela Magistrada de base, sob o

fundamento de que o Reclamante era mensalista e já o tinha embutido no seu

salário.

Ocorre que, por habituais, as horas extras também se integram o

salário para repercussão no repouso semanal remunerado, pois decorre de

expressa disposição legal (Lei nº. 605/49, art. 7º, "a").

O fato do Reclamante ser mensalista não afasta o direito, haja vista que

na remuneração "normal" já se encontra incluso o repouso remunerado, mas

na remuneração do labor suplementar não, razão pela qual não se há de falar

em bis in idem. Aliado a isso, repito, a incorporação das horas extras ao

repouso semanal remunerado é assegurada pelo art. 7º, letra "a", da Lei n.º

605/49 e, também, pela Súmula nº 172 do c. TST.

Ademais, é certo que quando a base de cálculo do repouso semanal

remunerado se modifica, como no presente caso, a composição da

remuneração deve sofrer a mesma alteração, repercutindo, via de

consequência, em outras verbas, pois o principal - repouso semanal

remunerado - não se confunde com os acessórios - diferenças decorrentes das

repercussões legais das parcelas originais, daí porque entendo inaplicável a

OJ nº. 394 da SDI-1 do TST.

Reformo a sentença para deferir o reflexo das horas extras no repouso

semanal remunerado e a integração deste para pagamento de férias com 1/3,

décimos terceiros e depósitos de FGTS.” (págs. 1.238 e 1.239,

destacou-se)

Verifica-se, de plano, no entanto, que a parte não

indica, na petição do recurso de revista, o trecho da decisão recorrida

em que se encontram prequestionadas as matérias objeto de sua

irresignação, como exige o art. 896, § 1º-A, inciso I, da CLT, de forma

que a exigência processual contida no dispositivo em questão não foi

satisfeita.

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PROCESSO Nº TST-RR-262-98.2012.5.05.0022

Firmado por assinatura digital em 14/04/2016 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Com efeito, o recurso de revista foi interposto na

vigência da Lei nº 13.015, de 2014, que alterou a redação do artigo 896

da CLT, acrescendo a esse dispositivo, entre outros, o § 1º-A, que, em

seu inciso I, determina nova exigência de cunho formal para a interposição

do recurso de revista, estatuindo:

“§ 1ºA. Sob pena de não conhecimento, é ônus da parte:

I - indicar o trecho da decisão recorrida que consubstancia o

prequestionamento da controvérsia objeto do recurso de revista;” (destacou-se)

Na hipótese, conforme discorrido, a parte não indica,

na petição do recurso de revista, o trecho da decisão recorrida em que

se encontram analisadas as matérias objeto de sua irresignação, de modo

que o requisito mencionado, de fato, não foi satisfeito.

Registra-se que a mera menção somente à conclusão da

Corte regional acerca do tema ou à parte dispositiva do respectivo acórdão

não satisfaz o requisito exigido por meio do mencionado dispositivo de

lei.

Com efeito, a fim de se preencher o requisito

processual em questão, é necessário que a parte transcreva literalmente

o trecho da decisão regional pertinente à matéria impugnada em seu recurso

ou, caso a parte transcreva a íntegra da decisão regional, indique o

trecho pertinente com negrito, itálico, sublinhado ou outra forma que

destaque o trecho relativo ao prequestionamento, providência não

efetuada na hipótese, em que a parte se atém, em seu recurso de revista,

a atacar a responsabilidade solidária que lhe foi atribuída.

Nesse contexto, o recurso de revista não ultrapassa

a barreira do conhecimento.

Recurso de revista não conhecido.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do Tribunal

Superior do Trabalho, por unanimidade, não conhecer, integralmente, do

recurso de revista.

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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Brasília, 13 de abril de 2016.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

JOSÉ ROBERTO FREIRE PIMENTA Ministro Relator

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