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9o Seminário Nacional deDesenvolvimento da Suinocultura

25 a 27 de abril de 2001

Gramado, RS

Anais

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Exemplares desta publicação podem ser solicitados a:

Embrapa Suínos e AvesBr 153, Km 110Caixa Postal 2189.700-000 – Concórdia, SCe–mail: [email protected]

ABCS/ACSURGSRua Dinarte Vasconcelos, n o40Parque 20 de maioCaixa Postal 10595.880-000 – Estrela, RS

Tiragem: 600 exemplares

COORDENAÇÃO EDITORIAL: 1

- Tânia Maria Biavatti Celant

COMISSÃO DE SUPORTE TÉCNICO DA EMBRAPA SUÍNOS E AVES

- Cicero J. Monticelli- Flávio Bello Fialho- Irene Z.P. Camera- Jerônimo Antônio Fávero- Jean C.P.V.B. Souza- Paulo R.S. da Silveira- Sandra S.Schirmann- Simone Colombo- Tânia Maria Biavatti Celant- Tânia Maria Giacomelli Scolari- Viviane Zanella

Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura(9. : 2001: Gramado, RS).Anais do 9o Seminário Nacional de Desenvolvimento daSuinocultura, 25 a 27 de abril de 2001. Concórdia: EmbrapaSuínos e Aves, 2001.98 p.1. Suino – produção. 2. Suinocultura - desenvolvimento.

I.Titulo

CDD 636.406

c© EMBRAPA – 2001

1As palestras foram formatadas diretamente dos originais enviadas em disquete pelos autores.

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PROMOÇÃO

CO-PROMOÇÃO

Suínos e Aves

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9o Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura25 a 27 de abril de 2001 — Gramado, RS

REALIZAÇÃO

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APOIO

PIC

Saúde Animal

Suínos e Aves

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9o Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura25 a 27 de abril de 2001 — Gramado, RS

SIN DIC AR NES-R S

SEC R ETA RIA DAA G R IC U LTU R A E

A B A STECIM EN TO-R S

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9o Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura25 a 27 de abril de 2001 — Gramado, RS

COMISSÃO ORGANIZADORAJosé Adão Braun - Presidente ABCS

Gilberto Moacir da Silva - Presidente ACSURSValmir Costa da Rosa - Coordenador Geral

Gilberto Moacir da Silva - Coord. RSPaulo Tramontini - Coord. SC

Severino A. Bezerra - Coord. PR

COMISSÃO TÉCNICAValmir Costa da Rosa - ABCSFlauri Migliavacca - ACSURS

Jerônimo A. Fávero - Embrapa Suínos e AvesWerner Meincke - EMPRESA

DIRETORIA DA ABCSJosé Adão Braun - Presidente

Clair Eloy Dariva - 1o Vice PresidenteCidney Puppim - Vice Presidente

Márcio A.S. Araújo - Vice PresidenteMilton Becker - Vice Presidente

Rivaldo Dhein - Diretor ExecutivoValmir C. da Rosa - Super. do SRGS-BR

Ingrid Klein Cord - SecretáriaRosa Maria Hansen - Secretária

DIRETORIA DA ACSURSGilberto M. da Silva - Presidente

Martin A. Riordan - 1o Vice PresidenteMartin D. L. Foster - 2o Vice Presidente

Ilânio P. Johner - 3o Vice PresidenteAlfredo I. Barth - Diretor ExecutivoMaica Ely - Secr. Administrativa

Valmor V. Barros - Super. do SRGS/RS

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9o Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura25 a 27 de abril de 2001 — Gramado, RS

APRESENTAÇÃO

Ao completarmos 45 anos da fundação desta entidade, estamos oferecendoaos nossos associados, a oportunidade de comemorarmos esta data, participandoda nona edição do Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura, emGramado,RS, no período de 25 a 27 de abril do corrente ano. Este, é o maior eventoda suinocultura, promovido pela ABCS, executado em conjunto com a ACSURS eco-promovido pela Embrapa Suínos e Aves.

Para realizarmos este Seminário tivemos o apoio direto das Associações Estaduaisfiliadas à ABCS, do MA-DENACOOP, dos suinocultores e sem dúvidas, das empresasque o viabilizaram financeiramente e de muitas outras pessoas que colaboraram naelaboração da parte técnica e comercial do 9o SNDS.

Esperamos que a exemplo da suinocultura que atravessa um bom momento, onosso evento seja coroado de pleno êxito e que as mensagens deixadas pelos nossopalestrantes e painelistas sejam bem aproveitado por todos.

Agradeço a confiança em mim depositada para coordenar este seminário, onde,transfiro o sucesso do mesmo a todos os que nele apostaram e contribuíram.

Muito obrigado a todos.

Valmir Costa da RosaCoordenador Geral do 9o SNDS

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SUMÁRIO

Motivação e a qualidade de vidaKeen O’Donnell . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

Questões a resolver, para a adequação ambiental da propriedade suinícolaCícero Bley Jr . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

Produção de suínos e a prevenção do meio ambienteRepresentante da Secretaria Estadual do Meio Ambiente - RS . . . . . . . . 4

A produção de suínos e a preservação do meio ambienteAlceu Cunegatto Marques . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

Produção de suínos e meio ambienteCarlos Cláudio Perdomo, Gustavo J. M. M. de Lima, Kátia Nones . . . . . . . 8

Control and benefit of high health herdsSylvain Messier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Silagem de grão úmido de milhoItavor Nummer Fo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Sistema de produção de suínos em cama sobreposta “Deep Bedding”Paulo Armando V. de Oliveira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

Fatores determinantes do rendimento de carne magraLeandro Hackenhaar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

Fatores determinantes do rendimento de carne magra em suínos:melhoramento genéticoJoão Donisete do Nascimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

Avanços tecnológicos na nutrição de machos reprodutores suínosLaurent Hugonin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

Expansão da suinocultura brasileira e perspectivas de absorção daprodução, pelos mercados interno e externoOsler Desouzart . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

Clasificación de las canales porcinas en francia y en europaGérard Daumas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

Unificação dos processos de tipificação de carcaças (Visão das indústrias)Vincenzo Francesco Mastrogiácomo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91

Unificação dos processos de tipificação de carcaças (Visão do MA/DIPOA)Rui Eduardo Saldanha Vargas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

Unificação dos processos de tipificação de carcaças (Visão dos produto-res)José Adão Braun . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96

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9o Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura25 a 27 de abril de 2001 — Gramado, RS

MOTIVAÇÃO E A QUALIDADE DE VIDA

Keen O’Donnell

Austrália

Resumo

Vivemos num momento de grandes transformações. As pressões econômicas,sociais e políticas estão reformulando a vida no planeta. O furacão produzido peloefeito destas três leva tudo consigo, desde uma nação rica e industrializada até oúltimo camponês cuidando do seu rebanho de cabras na Ásia Central. A globalizaçãoe o conseqüente aumento de concorrência empresa com empresa e país com país, aprivatização, a terceirização, a busca pela qualidade e a informatização são os ventosdeste furacão que está mudando irreversivelmente a maneira de trabalhar e de viver.

Da mesma maneira o que sustenta o ser humano é seu conjunto de valorespessoais e força interior. Para ir atrás das suas metas ele também converte seusrecursos físicos, emocionais e espirituais em pensamentos, palavras e ações - o seu"produto". Dependendo da qualidade deste produto ele "vende" ou não nos seusrelacionamentos sociais, de família ou de trabalho. Igual que uma organização, oindivíduo precisa reinventar-se de forma contínua. Precisa ser capaz de manter-semotivado mesmo considerando as tempestades que vem de fora.

Este tipo de estabilidade depende de dois fatores - uma auto-definição clara e umsenso de propósito elevado. O que nasce do ser é o querer. O que nasce do quereré o fazer. O estado ótimo de motivação é quando o ser, o querer e o fazer estãoalinhados e em harmonia com o meio em que se produz. Mesmo para fazer as tarefasmais simples como pegar um copo d’água, precisamos ter um motivo. Neste caso avontade está conectada com a sede e é esta que faz com que o intelecto se mova elocalize o copo e a água e executar o resto.

Da mesma maneira, precisamos identificar a nossa verdadeira sede existencialpara poder ser guiado por ela. Qual é a ’água’ que pode saciar a sede do ser? Amotivação (ou falta dela) está por detrás de todos os atos conscientes. Por isso queé a vontade que dá luz à motivação. É a vontade que vem de dentro que nos leva asuperar obstáculos que a lógica mundana diria impossível.

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9o Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura25 a 27 de abril de 2001 — Gramado, RS

QUESTÕES A RESOLVER, PARA A ADEQUAÇÃOAMBIENTAL DA PROPRIEDADE SUINÍCOLA

Cícero Bley Jr

Engenheiro AgrônomoPós Graduado em Ciência do Solo

Especialista em Gestão de ResíduosEndereço: www.ecoltec.com.br

Fone: 041 643-1370

Em um encontro da magnitude e importância política como este da ABCS, soulevado a entender, que os aspectos meramente tecnológicos da gestão ambiental dapropriedade suinícola são secundários, diante das ações políticas, que desafiam ossuinocultores, as lideranças do setor e exigem atitudes e providências.

Assim abdicando por um momento da minha natural posição técnica, ousorelacionar alguns itens de ações políticas que se levadas a bom termo, facilitariama vida do suinocultor brasileiro, quanto à difícil tarefa de adequar suas atividadesprodutivas às exigências ambientais previstas nas leis brasileiras.

Primeiro. Tudo o que envolve posturas ambientais dos cidadãos em geral, pode seragrupado em um grande título - Direitos Coletivos e Difusos. Embora a sua obediênciaseja individual, cada produtor responde por suas próprias ações, o Direito Ambientaldecorre das relações do indivíduo com sua coletividade, com seus vizinhos, comsua comunidade, com seu Estado, com sua Nação e nessas os seus defensores, osfiscais e promotores públicos, executores das leis. Assim, definitivamente é necessárioentender que o suinocultor não deve ficar exposto diretamente às ações ambientais dasociedade e do governo, mesmo estando em flagrante conflito. É coletivamente queo suinocultor deve se apresentar para encaminhar seus direitos e deveres ambientais.Assim as Associações de Produtores têm um papel fundamental na orientação, nadefesa e na representação do suinocultor diante das exigências e dos executoresdessas. Poucos são os temas mais adequados ao associativismo do que o dosdireitos coletivos e entre esses o Direito Ambiental. É preciso que as Associações, aNacional, as Estaduais e as Regionais, se capacitem para estar ao lado do suinocultorpara o enfrentamento das questões ambientais, seja orientando-os tecnicamente, sejadefendendo-os juridicamente.

Segundo. É tempo de reconhecer, que a suinocultura se desenvolve em uma matrizeconômica primária e que para produzir gera impactos ambientais equivalentes aos daindústria. Por esta razão as soluções tecnológicas de controle ambiental disponíveisem grande número para a indústria, não podem ser utilizadas pelo suinocultor. Nãocabem na sua matriz econômica. Na industrial, os custos ambientais são repassadosno valor agregado dos produtos. Na suinocultura não há como repassá-los. Não háretorno para enfrentar os custos dos investimentos em tecnologias não geradoras derenda. Nos países mais adiantados, como a França, Holanda e na Escandinávia,os investimentos ambientais são subsidiados. O Brasil tem "vergonha de subsídios",por isso simplesmente culpa o suinocultor, como se fosse por negligência, que elenão adquire soluções tecnológicas ambientais. A saída está no desenvolvimento de

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9o Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura25 a 27 de abril de 2001 — Gramado, RS

tecnologias ambientais próprias para a suinocultura e é claro, com o imprescindívelapoio governamental, desde que esse apoio não leve o produtor à falência, porser ofertado com base nos parâmetros da política econômica nacional, com jurosextorsivos e a hedionda correção monetária.

Terceiro. A suinocultura convive há anos com um grande sofisma, uma gravedistorção. Fez-se e faz-se grande esforço para vender a idéia de que pode haverrecuperação econômica com a aplicação agrícola dos dejetos suínos. Até pode, emdeterminadas condições, mas não em todas. No entanto, há presente o ufanismode que dejeto tem alto valor agrícola e sua gestão, que seria a acumulação emesterqueiras e a distribuição nas lavouras, são operações que geram lucros adicionaispara o produtor. Muitos ao redor do suinocultor propagam esse sofisma. Sofisma,porque a compreensão correta seria a de que dejeto é resíduo e todas as atividadeseconômicas que produzem resíduos, debatem-se com custos para a sua gestão, maisainda com o endurecimento das leis ambientais. Assim, é tempo de colocar os pingosem seus is e aceitar definitivamente que a gestão dos dejetos traz despesas, nãolucros e que se há alguma recuperação econômica pelo valor fertilizante dos dejetos,essa recuperação nunca cobrirá a totalidade das despesas da gestão. Despesasde investimento e de custeio, por mais simples que seja o método empregado pelosuinocultor, como acumular e distribuir no solo agrícola. É tempo de entender quedejeto bom mesmo é aquele que não existe, que não é formado e que sendoinevitável sua formação, para destiná-lo dentro da lei, geram-se despesas. Essasdespesas nos dias de hoje não estão relacionadas nas planilhas de custos oficiaisda produção. Nenhum item relativo às despesas com meio ambiente, consta daplanilha de custos da produção suinícola. Nem os custos das licenças ambientais,que são desproporcionais para a suinocultura, nem os investimentos em maquináriopara instalação de esterqueiras, nem os custos inviáveis da impermeabilização destase muito menos os custeios de coletar dejetos, transportá-los líquidos por distânciaseconomicamente inviáveis, para poder livrar-se deles em alguma lavoura. Os custosambientais da gestão da propriedade suinícola corroem a economicidade da atividade,pois são totalmente empurrados para o produtor, com direito ainda a conviver com ailusão de que poderia ganhar dinheiro com eles. É tempo de se ter a coragem deencarar esta realidade, de sentarem-se as associações de produtores e a indústriae incluir os critérios ambientais na planilha de custos da produção, repassando-ospara o mercado, que hoje simplesmente exige a adequação ambiental da propriedadesuinícola, mas que não paga um centavo sequer, por esta adequação.

Com esses três temas melhor resolvidos, entre tantos outros é claro, com certezaavançarão as atitudes dos suinocultores diante da necessidade de adotar medidaspara conviver adequadamente com a sociedade.

Afinal, não há perversidade no posicionamento do suinocultor frente às exigênciasambientais. Há impossibilidades tecnológicas, políticas e econômicas de atendê-las.

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9o Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura25 a 27 de abril de 2001 — Gramado, RS

PRODUÇÃO DE SUÍNOS E A PREVENÇÃO DOMEIO AMBIENTE

Representante da Secretaria Estadual do Meio Ambiente - RS

O autor não apresentou texto escrito sobre assunto.

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9o Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura25 a 27 de abril de 2001 — Gramado, RS

A PRODUÇÃO DE SUÍNOS E A PRESERVAÇÃO DOMEIO AMBIENTE

Alceu Cunegatto Marques

Suinocultor em Itaquiproprietário da Suinocultura Yargo, Itaqui, RS

Produção de suínos

Embora de conhecimento comum, não é demais lembrar a importância daprodução de suínos. Sendo a carne mais consumida no mundo e envolvendosignificativa geração de empregos, a produção de suínos tem, também, decisivo valoreconômico, importante fator social e grande contribuição em tributos.

A importância da produção de suínos é maior em países como o Brasil, carente deempregos, necessitado de "fixação do homem no campo" e ávido por tributos.

Qualquer empreendimento de política agrícola e agropecuária responsável nãopode rescindir de aprovação e estímulos à produção de suínos.

Em termos de imagem e conceitos, o produtor de suínos tem sido visto, tambémcomo poluidor e sua atividade, a produção de suínos, como prejudicial à preservaçãodo meio ambiente.

A preocupação generalizada com o meio ambiente, agredido que está, pelocrescimento industrial e suas tecnologias poluidoras, a concentração urbana crescentee desmedida, o uso fantástico do automóvel e outros meios de transporte poluidores,cria nas populações natural preocupação com o meio ambiente, e, ao invés dedirigirem suas preocupações prioritariamente para as grandes fontes de poluição,dirigem-se, também sem proporcionalidade, para as "poluições" de responsabilidadede pessoas social e politicamente mais fracas, entre esses, os produtores de suínos.

É preciso ver com realidade, o que e quanto polui a produção de suínos. Por justiçae sem projeções de culpas do homem urbano e do homem industrial, que está na hora,de realizar o devido balanço entre o custo e o benefício ambiental da suinocultura.Está na hora de não confundir potencial poluidor com efetividade na poluição.

Preservação do meio ambiente

É estéril e ingênua a preservação do meio ambiente sem pensar e atuar naproteção do solo (da terra) e não há proteção do solo sem matéria orgânica, que lheproporciona vida, cobertura vegetal e sustentação natural. "Se, nos solos desérticos,houvesse intensa suinocultura, não haveria desertos".

No Brasil, e no Rio Grande do Sul, a maioria de suas terras é pobre em matériaorgânica.

No Rio Grande do Sul, há tempos atrás, foi lançada a "operação tatu", quevisava a melhoria de suas terras. Faltam estudos e atenção para destacar a enormecontribuição dos dejetos de suínos no enriquecimento dos solos. No Rio Grande do

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9o Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura25 a 27 de abril de 2001 — Gramado, RS

Sul, existem, como é de conhecimento comum, significativas áreas em processo dedesertificação, especialmente nas regiões da campanha (Alegrete, São Francisco deAssis, São Gabriel e outros), de modo geral, todo o solo gaúcho e brasileiro é pobreou muito pobre em matéria orgânica.

Ora, os dejetos corretamente aplicados ao solo são, comprovadamente, excelentesadubos e notáveis melhoradores das terras. E, é isso o que se tem feito no Brasil eno mundo. Fala-se que o solo no continente europeu estaria saturado de matériaorgânica, mas absolutamente não é o caso da América do Sul e nem do Brasil.Portanto, não há oposição entre produção de suínos e a preservação do meioambiente.

A preservação do meio ambiente não se opõe à produção de suínos que, commanejo adequado, sobretudo com técnicas que incorporem ao solo toda a rica matériapara adubação contida nos dejetos dos suínos, as terras se enriquecem, melhoramsignificativamente sua cobertura vegetal, sendo os dejetos, como é de conhecimentocomum, um importante componente para produção de grãos, destacadamente aprodução de milho.

Como os dejetos de suínos, incorporados ao solo melhoram significativamente asterras, pode-se dizer que com a produção de suínos há, não só melhor preservação,como também melhoria do meio ambiente.

Existe um certo terrorismo conceitual descabido com relação às águas, fala-seem restringir seu uso, diz-se da possibilidade de vir a faltar água. De fato a águaé um bem precioso, mas não se pode confundir o seu necessário e bom uso compráticas escabidas e poluidoras, o que se pode perfeitamente evitar na produção desuínos. Na abordagem da preservação do meio ambiente e na produção de suínos,especialmente na produção confinada, estará sempre presente a questão água. NoBrasil, com suas águas subterrâneas abundantes, falar em faltar água é exageroprotecionista. A questão é o manejo da água e não o seu uso.

Outra questão de menor importância é o cheiro da criação de suínos. Isto tem sidoadministrado no Brasil, com manejo dos dejetos, como também com "cortinas verdes",isto é, árvores e arbustos em torno e dentro das granjas.

A questão da legislação

Basta uma leitura superficial da legislação brasileira de proteção do meio ambiente,para notar seu caráter terrorista e radicalmente punitivo. Deveria se pensar em normasmais educativas e por prêmios e punições econômicos, e por outras formas impositivasde leis que visassem mais o modo de fazer e menos a pessoa produtora.

Felizmente, tem sido moderada a real aplicação da lei, até porque se fosseradical, não haveria penitenciárias suficientes para os "crimes ambientais". O poderpolítico/social das propriedades pequenas tem sido respeitado e os "infratores" têmprocurado se adaptar a atual legislação. É imprescindível que continue e se aperfeiçoeessa moderação.

Existe nos organismos fiscalizadores boa vontade com os suinocultores, mas, faltaver e destacar os inegáveis aspectos positivos dos dejetos de suínos na melhoriado solo. É melhor um solo com bastante matéria orgânica, por isso com abundantecobertura vegetal, do que um solo em erosão e desertificação.

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9o Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura25 a 27 de abril de 2001 — Gramado, RS

Até pela imagem da suinocultura, da carne suína, é preciso enfatizar, tornarexplicitamente público que não há incompatibilidade entre preservação do meioambiente e a produção de suínos.

A produção de suínos, enquanto grande produtora de dejetos, que é adubo, que éenriquecedora do solo, colabora e melhora a preservação do meio ambiente.

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9o Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura25 a 27 de abril de 2001 — Gramado, RS

PRODUÇÃO DE SUÍNOS E MEIO AMBIENTE

Carlos Cláudio Perdomo1 Gustavo J. M. M. de Lima2 Kátia Nones3

1Eng. Agr., D.Sc., Pesquisador da Área de Engenharia Rural da Embrapa Suínos e Aves,BR 153, KM 110, Cx. Postal 21, 89.700–000, Concórdia-SC, Brasil

e-mail:[email protected] Eng. Agr., Ph.D., Pesquisador da Área de Nutrição da Embrapa Suínos e Aves.

3Bolsista da Área de Nutrição Animal da Embrapa Suínos e Aves.

1 Introdução

Os criadores se preocupam mais com os fatores que atuam diretamente sobreos animais do que com as variáveis que ditam os níveis necessários de controle dobioclima local e que influenciam a operacionalidade, a economicidade, o desempenhoe a saúde dos animais e dos tratadores. Desconforto, aumento de doenças associadasa perda da qualidade do ar, da água e do solo, redução do desempenho, maiordependência energética e degradação ambiental, tem sido atribuído a ausência decritérios mais rigorosos para o dimensionamento dos sistemas.

Seja qual for a forma de criação, a suinocultura é atividade de grande potencialpoluidor, face ao elevado número de contaminantes gerados pelos seus efluentes,cuja ação individual ou combinada, pode representar importante fonte de degradaçãodo ar, dos recursos hídricos e do solo. A degradação biológica dos resíduosproduz gases tóxicos, cuja exposição constante a níveis elevados, pode reduzir odesempenho zootécnico dos suínos e incapacitar precocemente os tratadores parao trabalho, mas o lançamento dos dejetos na natureza sem tratamento prévio, podecausar desequilíbrios ambientais, a exemplo da proliferação de moscas e borrachudos,aumento das doenças vinculadas a água e ao solo.

Esta situação exige a fixação de parâmetros de emissão cada vez mais rigorosos.Os grandes centros produtores de suínos, a exemplo da Europa, já enfrentamdificuldades para manter os seus atuais rebanhos, como decorrência do excessode dejetos, da saturação das áreas para disposição agronômica, da contaminaçãodos recursos naturais e dos altos investimentos para o tratamento dos efluentes.Esta situação é excelente oportunidade de crescimento para os países do Mercosul,especialmente o Brasil, que dispõe de clima tropical e extensas áreas para a utilizaçãocomo fertilizante agrícola.

O objetivo deste trabalho é o de discutir alguns aspectos da produção de suínose o seu impacto sobre o meio ambiente, pois a resolução da questão ambiental seráfundamental para a expansão da atividade suinícola brasileira, cuja produção de carneem 1998 foi de 1.699 ton, considerada elevada quando comparada a do Mercosul(1.896 ton), mas bem abaixo de outros centros produtores, a exemplo, do NAFTA(10.755 ton), UE (16.850 ton), Leste Europeu (3.295 ton) e Ásia (48.358 ton).

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9o Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura25 a 27 de abril de 2001 — Gramado, RS

2 Características da produção

Os sistemas confinados constituem a base da expansão suinícola (Tabela 1) einduzem a adoção do manejo de dejetos na forma líquida. O elevado nível de diluiçãoconstitui um agravante para os problemas de captação, armazenagem, tratamento,transporte e distribuição dos dejetos.

Tabela 1 — Estimativas da distribuição (%) dos sistemas de pro-dução de suínos no Brasil.

Sistema/ano 1990 1995 2000Confinado 40,0 48,0 61,0Semi Confinado 27,0 26,0 21,0Extensivo 32,8 25,5 17,0Ar Livre 0,2 0,5 1,0

Fonte: Gomes et al. (1992).

Todos os sistemas resultam potencialmente poluidores, mas com níveis de impactoambiental diferenciados, por exemplo: o sistema confinado, de uma forma geral,coleta e armazena os dejetos suínos para posterior tratamento e utilização enquantoo SISCAL mantém uma relação mais estreita e direta com o meio ambiente, ouseja, gera e distribui os efluentes no próprio local. A intensificação no sistemaSISCAL acarreta, por outro lado, num aumento da pressão sobre os recursos naturais,especialmente da integridade do solo (dificuldade para manter a cobertura vegetal,compactação, erosão) e na contaminação das águas superficiais e subterrâneas.

3 O Problema dos dejetos

A estratégia da armazenagem e distribuição como controle da poluição não temsido totalmente correta, pois revela um distanciamento da realidade e interessedos produtores. Estudo realizado em Santa Catarina pela Epagri, revela queapenas 15% das propriedades suinícolas possuíam alguma forma de tratamento(esterqueiras e bioesterqueiras) no início da década de 90, mas em 1997 já eram40% (6 324) dos produtores integrados a Agroindústria e 70% (9 012) em 1999(Tramontini, 1999). Embora tenha havido significativo avanço na capacidade dearmazenagem e distribuição (os demais estados, também apresentam evoluçõessignificativas neste sentido), convém destacar que a poluição por dejetos suínos vemse agravando nos principais centros produtores, pois armazenagem e distribuição nãosignificam tratamento. O grande desafio resulta em utilizar corretamente os dejetos etratar o excesso de acordo com os padrões de emissão da Legislação Ambiental emvigor.

O maior problema para a adequação das propriedades existentes as exigências dalegislação, é que as ações para a melhoria da qualidade do ar e redução do poderpoluente dos dejetos suínos a níveis aceitáveis, requerem investimentos significativos,normalmente acima da capacidade de pagamento do produtor e, muitas vezes, semgarantias de atendimento das exigências da legislação ambiental. Por outro lado, a

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utilização dos dejetos suínos como nutriente para as plantas e instrumento de melhoriadas condições físicas, químicas e biológicas do solo, também exige conhecimentose planos de utilização específicos para cada situação e razoáveis investimentos emcaptação, armazenagem, transporte e distribuição, nem sempre disponíveis para ospequenos e médios produtores.

O conhecimento do volume e da composição química dos dejetos são fundamen-tais para o estabelecimento de um programa de manejo, armazenagem, tratamento,distribuição e utilização visando o controle da poluição e a valorização agronômica.

• Volume produzido

De uma forma geral, estima-se que um suíno (na faixa de 16 a 100 kg depeso vivo) produz de 8,5 a 4,9% de seu peso corporal em urina + fezesdiariamente (Jelineck, 1997). O manejo, o tipo de bebedouro e o sistemade higienização adotado (freqüência e volume de água utilizada), bem como,o número e categoria de animais também influenciam o volume de dejetos(Tabela 2). Estima-se a produção de efluentes das unidades de Ciclo completo,em condições normais, em 100 L/matriz/dia, 60 L/matriz/dia para as unidadesde produção de leitões e 7,5 L/terminado/dia. Portanto, uma granja em Ciclocompleto com 80 matrizes e dejetos “pouco diluído”, gera 8 000 L/dia, cerca de12 000 L/dia com “diluição média” e 16 000 L/dia no caso de “muito diluído”.

Tabela 2 — Produção média diária de esterco (kg), esterco + urina(kg) e dejetos líquidos (L) por animal por Fase

Categoria de Suínos Esterco Esterco+ urina Dejetos líquidos25–100 kg 2,30 4,90 7,00Porcas em Gestação 3,60 11,00 16,00Porcas em Lactação 6,40 18,00 27,00Machos 3,00 6,00 9,00Leitão desmamado 0,35 0,95 1,40Média 2,35 5,80 8,60

Fonte: Oliveira (1993).

A Tabela 3 nos dá uma idéia da distribuição espacial do rebanho nacional e daprodução de dejetos suínos nas diferentes regiões do Brasil.

• Composição físico, química e biológica

As características dos dejetos (Tabela 4) está associada ao sistema de manejoadotado e aos aspectos nutricionais, apresentando grandes variações naconcentração dos seus elementos entre produtores e dentro da própria granja.

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Tabela 3 — Rebanho (cabeças) e estimativa da produção de dejetos suínos (em m3)nas diferentes regiões brasileiras

Produção de dejetos2

Região Rebanho1 Diária AnualNorte 4 569 170 24 952 9 107 480Nordeste 8 069 180 52 046 18 996 790Sudeste 6 095 021 47 700 17 410 500Sul 12 005 395 103 246 37 684 935Centro-Oeste 3 466 437 26 532 9 684 180Total 34 205 203 294 164 92 883 885

1 ANUALPEC (1997).2 Estimada com base no peso vivo médio e dados da Tabela 2.

Tabela 4 — Características de dejetos suínos (Fezes + Urina), expressopor 1.000 kg de peso vivo.

Parâmetro Unidade ValorVolume- urina kg 39

Fezes kg 45Densidade kg/m3 990Sólidos - totais kg 11

Voláteis kg 8,5DBO5 kg 3,1DQO kg 8,4PH 7,5Nitrogênio- total kg 0,52

Amoniacal kg 0,29Fósforo total kg 0,18Potássio total kg 0,29Minerais - cálcio kg 0,33

Magnésio kg 0,070Enxofre kg 0,076Sódio kg 0,067Cloro kg 0,26Ferro Mg 16Manganês Mg 1,9Zinco Mg 5,0Cobre Mg 1,2

Coliforme-total Colônia 45x1010

Fecal Colônia 18x1010

Fonte: ASAE (1993)

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3.1 Principais impactos ambientais

Os gases, vapores e poeiras gerados pela suinocultura comprometem o conforto ea saúde de homens e animais, corroem equipamentos e edificações, mas os elevadosníveis de matéria orgânica, nitrogênio, fósforo, sais e bactérias contidos nos dejetosconstituem em risco ao meio ambiente e a saúde da população. A capacidadepoluidora dos dejetos de suínos é superior ao de outras espécies, a exemplo dahumana, pois enquanto a DBO5 de um suíno com 85 kg de peso vivo varia de 189a 208 g/dia, a humana é de 45 a 75 g/habitante/dia (ASAE, 1993).

A degradação de fibras vegetais e de proteínas provoca a formação de compostosvoláteis. Os ácidos aminados submetidos aos processos de desaminação, transa-minação, descarbolixação oxidativa dão origem ao CO2,NH3 e ácidos graxos voláteis(AGV). Segundo Pain e Bonazzi (1991) citado por Belli (1995), a concentração deAGV varia de 4 a 27 g/L de dejetos. Sob condições aeróbias o CO2 é o principalgás produzido mas em processos anaeróbios predomina o CH4 (60 a 70%) e o CO2

(30%). Dentre os mais de 40 compostos gasosos identificados como resultante dadegradação de dejetos animais, cabe destaque ainda para a família dos mercaptanos,sulfides, esteres, carbonilas e aminas. A produção de CH4 é pequena na produção desuínos, representando menos de 1% da energia consumida e, comparada a produçãode ruminantes resulta insignificante, sendo levemente superior a 1 kg de CH4 porcabeça/ano (Tamminga e Verstegen, 1992).

• Qualidade do ar

A poluição do ar e a incidência de doenças relacionadas a perda da qualidadedo ar nas edificações tem aumentado nos últimos anos. Cerca de 50% dossuínos criados em sistemas confinados, apresentam problemas de saúde emuitos criadores tornam-se precocemente incapacitados para o trabalho, faceaos danos causados em seu sistema respiratório pela exposição constante aambientes com elevadas concentrações de poeiras e gases.

A concentração de bactérias (estafilococos, estreptococos e outras) no ar deedifícios fechados, variam de 17.650 durante o verão e 353.000 no inverno porm3 de volume de ar, mas em edifícios que possuem uma das laterais abertas, asconcentrações reduzem-se a 3.530 e 175.500 por m3 de volume de ar durante overão e inverno, respectivamente (Curtis 1978). Estas concentrações internas debactérias podem ser consideradas elevadas quando comparadas a externa queé da ordem de 353 por m3 de volume do ar. Um bom sistema de ventilação,possibilita manter a concentração de partículas suspensas no ar em níveisadequados.

Os gases de maiores interesses para a suinocultura são a amônia, dióxidode carbono e hidrogênio sulfídrico. Duas de suas dimensões apresentamgrande significância, qual seja: o nível da concentração incidente e o tempode permanência.

– Amônia (NH3)Facilmente detectado através do odor na concentração de 5 ppm ou mais, apartir de 50 ppm passa a afetar o crescimento e a saúde dos animais. Sendomais leve que o ar, tende a concentrar-se junto ao forro. Sua concentração

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depende muito mais da higiene do que da ventilação e não é um bomindicador da qualidade da ventilação. Drumond et al. (1980) encontramreduções de 12,0; 30,0 e 29,9% do ganho de peso de suínos (8,5 kg depeso vivo) quando expostos a concentrações de 50; 100 e 150 ppm de NH3

durante quatro semanas.Para o maior conforto e segurança dos criadores e animais, recomenda-seque os níveis de NH3 não ultrapassem os 10 ppm.

– Dióxido de carbono:O CO2 é mais pesado do que o ar, inodoro e asfixiante. A concentraçãomáxima admissível na edificação é de 3.500 ppm sendo que valoressuperiores a 20.000 ppm provocam aumento dos batimentos cardíacos,sonolência e dor de cabeça. Permanece nas camadas mais baixas dasedificações e das estruturas de armazenagem, deslocando gradualmenteos gases mais leves. Perdomo (1995) encontrou concentrações de 0,030%em edifícios climatizados naturalmente e de 0,038% naqueles climatizadosartificialmente, muito abaixo daqueles referidos como tóxicos. Um suíno de50 kg pode produzir cerca de 450 kg/ano de CO2, o qual contribui para oefeito estufa (Tamminga & Verstegen, 1992).

– Hidrogênio sulfídrico (H2S):É detectado na concentração de 0,01 ppm ou mais, e entre 50–200 ppmpode acarretar sintomas, tais como: perda de apetite, fotofobia, vômitos ediarréias nos animais. Recomenda-se que os níveis de H2S nas edificaçõesnão ultrapassem os 20 ppm.

• Qualidade da água e do solo

O problema da adição de dejetos aos recursos hídricos, resulta do rápidoaumento populacional das bactérias e na extração do oxigênio dissolvido naágua para o seu crescimento. As bactérias são as principais responsáveispela decomposição da matéria orgânica. Se o corpo d’água contem oxigêniodissolvido (OD), os organismos envolvidos na decomposição da matériaorgânica são as bactérias aeróbias ou facultativas, sendo o CO2 e a H20 ossubprodutos finais da digestão aeróbia.

Quando se adiciona uma grande quantidade de dejetos num corpo d’água,teoricamente, a população de bactérias pode dobrar a cada divisão simultânea,ou seja, uma bactéria com tempo de multiplicação de 30 minutos pode gerar umapopulação de 16 777 216 novas bactérias em apenas 12 horas de vida (Kruegeret al.,1995).

– NutrientesO nitrogênio (N) e o fósforo (P) são considerados como os principaisproblemas de poluição dos recursos hídricos. Dietas ricas em proteína,e consequentemente nitrogênio, exigem maior consumo de água, uma vezque o metabolismo das proteínas gera menor produção de água metabólica,quando comparada ao de carboidratos e lipídeos. A excreta na urina étanto maior quanto mais elevado for o nível de N da dieta. A importânciadeste detalhe pode ser facilmente percebida, pois ao se aumentar a

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digestibilidade da matéria seca de 85 para 90% pode-se causar reduçãode 30% da matéria seca nas fezes (Tabela 5). Este raciocínio pode seraplicado aos outros componentes da ração.

Tabela 5 — Redução da matéria seca (MS, em kg) nas fezes, de acordo coma digestibilidade

Parâmetro Peso vivo (kg)10 a 30 25 a 105

Ingerida 30 200Excretada nas fezes

85% digestibilidade 4,5 3090% digestibilidade 3,0 20

DiferençaEm (kg) -1,5 -10Em % 33 -33

Fonte: Inborg (1992).

O N é o nutriente que exige maiores cuidados, pois além de limitar o desenvolvi-mento da maioria das culturas, é o mais sujeito a transformações biológicas e perdas,seja na armazenagem ou no solo. A Tabela 6 apresenta as perdas de N em função dosistema de estocagem e utilização.

Tabela 6 — Perdas de Nitrogênio (%) em função do sistema de estoca-gem, tratamento e utilização

Sistema Perda de NLagoa anaeróbia 70 a 85Esterqueira 20 a 40Aspersão 15 a 40Distribuição

Liquida 10 a 25Sólida 15 a 30

Injeção ou incorporação imediata 1 a 5Fonte: USDA (1994)

Os teores de nitratos detectados no lençol freático de solos tratados com altasquantidades de dejetos líquidos (160 m3/ha) são 10 vezes maiores que os de solos nãotratados. Estudos realizados em Oklahoma, nos Estados Unidos, com observações alongo prazo (9 a 15 anos) em três tipos de solo, revelaram um aumento de 27 kg/hado fósforo disponível para cada 100 kg/ha de fósforo contido no esterco adicionado.

Seganfredo (1998a) ao estudar o efeito acumulativo da aplicação de dejetos suínosno solo (três anos), concluiu que doses para suprir até 150 kg/ha de N na cultura domilho, aumentou os teores de N total, N-NH4 e N-NO3 na camada de 0 a 20 cm dosolo e de N-NO3 na de 40 a 60 cm. A concentração de N-NO3 na profundidade de40 a 60cm foi 172% superior a testemunha (adubação mineral) e os teores de NO3

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excederam de 50 a 121% o limite estabelecido pela legislação ambiental (10 mg/L).Outro estudo do autor (b) com dosagens de 100 a 150 kg/ha de N, revelou que aaplicação de dejetos de suínos diminui a microporosidade e a densidade do solo, masaumentaram a macroporosidade e a porosidade total do solo.

Além dos macronutrientes essenciais, os dejetos de suínos, devido a suplemen-tação mineral oferecida aos animais, contém micronutrientes como o Zn, Mn, Cu e Feque, em doses elevadas, também, podem ser tóxicos às plantas. A indústria de raçãocostuma usar doses elevadas de Zn (3 000 ppm) e de Cu (250 ppm) na ração de leitõespara a prevenção de diarréias e como estimulante do crescimento, respectivamente.

• Ação dos animais:

No caso do SISCAL, o problema resulta da ação dos animais sobre o solo e dotempo de ocupação da área que depende, basicamente, da qualidade do solo e daprecipitação pluviométrica (freqüência e intensidade).

Solos do tipo sedimentar com baixa declividade são ideais para o SISCAL, masos argilosos (impermeáveis) e arenosos (permeáveis) exigem cuidados especiais.Observações de campo relatam danos ao meio ambiente em muitas unidadesem SISCAL, a exemplo de erosão, compactação, infeção bacteriana do solo econtaminação de lagos e rios, como conseqüência da alta densidade, da faltade cuidado no manejo dos animais e, especialmente, do demasiado tempo depermanência na mesma área (muito acima dos 2 anos recomendados). Esta situaçãofavorece o carreamento dos poluentes (pela ação da chuva) para os rios e lagos,acumulando poluentes e provocando rápido aumento populacional das bactérias e naextração do oxigênio dissolvido na água para o seu crescimento.

O problema para manter uma boa cobertura vegetal, especialmente no inverno,decorre da dificuldade de encontrar espécies vegetais com bom sistema radicular,capacidade de crescimento e de adaptação para o pisoteio e para o ato de fuçarcaracterístico da espécie suína. Os produtores obrigam-se a usar dispositivos decontrole (destrompe) ou alocar áreas cada vez maiores para o sistema, nem sempredisponíveis nas regiões produtoras do Sul e Sudeste, caracterizadas por um relevofortemente ondulado e estrutura minifundiária.

Se considerarmos que a área recomendada é de 1.000m2/matriz alojada e 2 anosde permanência do sistema SISCAL, isto significaria, por exemplo, que uma cargade 92 kg de nitrogênio total, 47 kg de fósforo e 460 kg de DBO5 seria distribuída em10 ha, perfeitamente administravel do ponto de vista ambiental, se a erosão do solopudesse ser reduzida, se a capacidade de retenção de água do solo fosse aumentadae se a matéria orgânica pudesse ser adequadamente incorporada durante o tempo deocupação da área.

3.2 Estratégia de controle da poluição

A estratégia para o controle da poluição começa pela redução do volume e daconcentração, seguido pelo destino adequado das emissões, visando a preservaçãoda saúde e da qualidade do solo, da água e do ar.

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• Redução dos desperdícios de água

Os desperdícios podem ter várias implicações, a exemplo do umedecimento dopiso e estímulo ao comportamento excretório dos animais em áreas imprópriasda baia, diluição e aumento do volume de água para a higienização e elevandoos custos de coleta, armazenagem, tratamento e distribuição.

Tabela 7 — Exigências de água (L/animal/dia) de acordocom a fase do ciclo de produção e vazão dobebedouro

Exigências* Fluxo mínimo**Fase Mínima Máxima (L/min.)Leitões

Lactentes 0,1 0,5 0,2Desmamados 1,0 5,0 0,2 – 0,5

Suínos25 – 50 kg 4,0 7,0 0,750 – 100 kg 5,0 10,0 1,0

PorcasLactação 20,0 35,0 2,0Gestação 15,0 23,0 1,0 – 2,0Cachaços 10,0 15,0 1,0 – 2,0

* Adaptado de BODMAN (1994).** Limite de pressão de 1,4 kg/cm2 até a creche e 2,1 kg/cm2 para asdemais fases.

O modelo e a operacionalidade dos bebedouros influenciam as perdas de água,um bom bebedouro, em termos de concepção e instalação, proporciona economiade água por animal produzido. Os resultados de um estudo com dois tipos debebedouros (concha e chupeta) fabricados por tradicionais Indústrias de SantaCatarina, mostraram excelentes resultados (Tabela 8) e comprovam o alto nívelalcançado pela indústria nacional.

Tabela 8 — Consumo de água (CA, em L/cabeça) e ração consumode água/consumo de ração (RAR, em L/kg) de suínos emcrescimento-terminação em 84 dias de teste, de acordo com o tipode bebedouro(1).

FASE CA RARConcha 577,0 3,6Chupeta 510,3 3,2

Fonte: Perdomo e Dalla Costa (2000)

Os resultados acima foram considerados bons em relação ao desempenhoconsiderado padrão para suínos em crescimento-terminação (480 L/cabeça), sendoo consumo de água da chupeta 8% inferior ao do concha e relação “consumo deágua/consumo de ração) ficou dentro do intervalo esperado (2 a 5 L de água/kg de

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ração consumida), respectivamente. A Tabela 9 apresenta o consumo de comparativode água entre bebedouros com diferente qualidade.

Tabela 9 — Consumo de água (L) de suínos em diferentes fases dedesenvolvimento, de acordo com a qualidade de bebedouro.

Tipo bebedouroPeso corporal, kg Bom Ruim Desperdício

Consumo diário de água, L5–10 0.91 1.59 0.6911–100 4.98 8.32 3.34

Consumo total de água, L5–10 11.11 25.39 14.2811–100 542.82 906.88 364.06ECONOMIA – — 378,34

Fonte: Adaptação de Brooks (1994) por Penz e Viola (1995).

Em situações livres de estresse, a ingestão diária corresponde a 5 ou 6% do pesocorporal. Geralmente o consumo situa-se entre 2 a 2,5 kg de água por kg de matériaseca do alimento. Os animais jovens possuem um “turnover” de água muito maiorque os adultos, face a sua maior perda pelos pulmões, superfície corporal e da menorcapacidade em concentrar a urina.

• Formulação da dieta

Produtores e nutricionistas atualmente têm como objetivo a maximizaçãoindividual da performance dos suínos, mas formulando-se para esse objetivotem-se a suplementação de excesso de nutrientes nas dietas, resultando emexcessivas quantidades de N, P, K e outros nutrientes nas fezes e urina dossuínos.

Clanton (1993), citado por Stilborn (1998), observa a chave para o sucessono manejo de dejetos é um bom planejamento nutricional, considerando-seos ingredientes da dieta dos animais, a excreção e perda de nutrientes nosdejetos, sua armazenagem, transporte e aplicação no solo, e ainda o uso dessesnutrientes pela planta. A média de eficiência de utilização do N da dieta de suínosé de 29%, do P é de 28% e do K é de 6%. Nesse mesmo contexto, é sugeridopelo NRC (1998) que 45 a 60% do N, 50 a 80% do Ca e P e 70 a 95% do K, Na,Mg, Cu, Zn, Mn e Fe consumidos são excretados pelos animais.

Um excesso de proteína dietética ou deficiência de energia poderá causar umamaior utilização da proteína como fonte de energia. Dessa forma, o excesso deproteína será desanimado e as cadeias carbônicas resultantes dos aminoácidosserão utilizadas como fonte de energia e o nitrogênio será excretado na formade uréia nos mamíferos e ácido úrico nas aves.

Em suínos com alto potencial para deposição de carne magra, a proteínada dieta pode ser reduzida para 14,5% no crescimento e menos que 13%na terminação sem afetar o desempenho, com uma redução da excreção denitrogênio e potássio de mais de 20% (Eurolysine no 24). Dourmad et al. (1991),

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citados por Henry e Dourmad (1992), reduziram o nível de proteína bruta da dietade 17 para 14%, corrigindo a relação entre os aminoácidos, houve uma reduçãona excreção de nitrogênio na urina em 18%. O limite superior para excreção denitrogênio no crescimento-terminação de suínos deveria ser em torno de 40% doN consumido, ao invés disso atualmente 60% do N é excretado nos dejetos.

• Sistemas de tratamentos

A combinação de sistemas de separação de fases com processos biológicosde tratamento, pode valorizar o uso dos dejetos, facilitar o manejo e reduzir oscustos de armazenagem, tratamento e transporte.

Um pré tratamento, com uso de separadores de fase (decantadores ou peneiras),além de valorizar os dejetos do ponto de vista de adubação orgânica (aumentaa concentração de nutrientes por volume), reduz os custos de tratamento,armazenamento e distribuição. Dentre os processos biológicos de tratamento,cabe destaque para a utilização de lagoas naturais pela sua eficiência, facilidadede operação e baixos custos, embora apresente como desvantagem a exigênciade grandes áreas.

A combinação de diferentes processos ligados em série, a exemplo dodesenvolvido pela EMBRAPA/UFSC, apresenta excelente eficiência de remoçãode poluentes, além de valorizar o uso agronômico dos mesmos a custosrazoáveis (Tabela 10).

Tabela 10 — Eficiência (%) de remoção de um sistema de tratamento com-posto por decantador de palhetas (DECAP), lagoas anaeróbias(LANAE-1 e 2), facultativa (LFACU) e de aguapé (LAGUA).

Unidade PH ST SF SV DBO5 NT PT CFAfluente1 7 16 668 6 489 10 179 10 417 2 164 610 75,7x109

DECAP 40 38 41 25 16 38 33LANAE-1 52 36 62 79 23 67 99LANAE-2 23 12 35 57 21 40 99LFACU 41 39 43 47 59 35 93LAGUA 41 45 33 51 50 46 79Efluente1 7,8 1 332 734 598 209 180 26 2,7x103

Final (%) 92 87 94 98 92 96 99,9

Onde: ST-sólidos totais, SF-fixos e SV-voláteis; DBO-demanda bioquímica de oxigênio,NT-nitrogênio e PT-fósforo total, todos expressos em mg/L. CF - taxa de coliformes fecais,em NMP/100 ml.Costa et al (1997)1 Características físico química do afluente e do efluente.

• Decantação:

O decantador é a peça chave do sistema, sua função é separar as fases sólidase líquidas. O decantador de palhetas é um dos mais eficientes e adequados paraos pequenos e médios criadores, face ao baixo custo e facilidade de construção

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e operação. A sua presença aumenta a vida útil das lagoas e esterqueiras, reduza presença de maus odores.

De uma forma geral, a área necessária de decantação é calculada pelaexpressão de Merkel (1981) e Green e Kramer (1979):

A (m2)= Q (m3/h)/Vs (m/h)

Onde:

A = área necessária do decantador, em m2

Q = vazão horária de efluentes da granja, em m3/h

Vs = Velocidade de sedimentação dos dejetos, em m/h3m/h)

A velocidade de sedimentação é uma questão muito delicada em termos deprojeto, nossa experiência nos sugere trabalhar com o nível de 0,1 m/h e fazeras devidas correções para as granjas que não possuem um controle rigoroso davazão hora. Neste tipo de decantador, a produção de lodo representa 10 a 15%do volume total de efluentes (remoção a cada 2 dias) e exige esterqueiras parasua armazenagem, visando a estabilização (em torno de 120 dias de retenção)antes da sua utilização como adubo. O conteúdo de NPK do lodo é de cerca de30% mais elevado que os dejetos brutos.

• Peneiras:

A capacidade de remoção dos sólidos por peneiras (3 a 10% para as estáticase 40% nas vibratórias) é menos eficiente do que a remoção obtida emdecantadores. A eficiência da centrifugação é de 1 a 2% de sólidos totais nafase líquida e de 20 a 25% na fase sólida, com 75 a 80% de eficiência (Belli eCastilhos, 1990).

• Lagoas naturais:

o tratamento do efluente líquido pode ser eficientemente tratado com a utilizaçãode lagoas anaeróbias, facultativas e de aguapé ligadas em séries.

As Lagoas anaeróbias são lagoas profundas (>2,5 m) e tem como objetivoprincipal, a remoção da carga orgânica (carbonácea) e coliformes fecais, mas tambémapresentam boa eficiência de remoção de fósforo. Seu dimensionamento deve serfeito em função da carga orgânica (DBO) e do tempo de retenção hidráulico pode serfeito de acordo com a equação abaixo:

Vla (m3) = (COA kg de DBO5 /d)/TAV (kg de DBO5 /m3/d)Onde:Vla = volume necessário da lagoa anaeróbica, em m3.COA = carga orgânica a aplicar na lagoa, em kg de DBO5 /dia.TAV = taxa de aplicação volumétrica aceitável para o bom funcionamento da lagoa,

em kg de DBO5 por m3.dia nas condições climáticas locais (0,3 kg de DBO5/m3/dia).O valor de COA é obtido pela expressão COA = So x Q onde So representa a

carga de DBO5 do efluente em kg de DBO5/m3 e Q = a vazão do efluente em m3/dia,expresso em kg de DBO5/dia.

De uma forma aproximada, também podemos obter o volume necessário da lagoaanaeróbia multiplicando a vazão diária da granja pelo tempo de retenção necessáriopara o tratamento (35 a 40 dias).

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As lagoas facultativas tem como objetivo a remoção de nutrientes (especialmentenitrogênio e fósforo) e auxilio ao processo de remoção da carga orgânica e coliformesfecais. São lagoas rasas (1 m) e, semelhantemente as facultativas, são dimensionadasde acordo com a carga orgânica e tempo de retenção hidráulica, qual seja:

Vlf (m3) = (COA kg de DBO5/d)/TSA (kg de DBO5 /10 000m2/d)Onde:Vlf = volume necessário da lagoa facultativa, em m3.COA = carga orgânica a aplicar na lagoa, em kg de DBO5 /dia.TSA = taxa de aplicação superficial aceitável para o bom funcionamento da lagoa,

em kg de DBO5 por ha.dia nas condições climáticas locais (mínimo de 152 kg deDBO5/ha.dia, considerando que a temperatura média do mês mais frio é superior a15oC).

As lagoas de aguapé também podem ser uma boa opção para a remoção denutriente (nitrogênio e fósforo). Elas podem ser dimensionadas a semelhança dasfacultativas. Sua eficiência é boa no verão, mas decai no inverno em função dadesaceleração do crescimento vegetativo das plantas.

A eficiência de cada processo e do sistema total pode ser visualizado pelaTabela 10, mas podemos utilizar a expressão baixo:

E (%) = So (mg/L)/(1 + k.TRH)Onde:E = eficiência de remoção, em %.So = onde So representa a carga de DBO5 do efluente em mg/Lk = um fator de degradação, variável de seqüência que a lagoa ocupa no processo.

Sugere-se 0,14 para a primeira lagoa, 0,12 para a segunda, 0,10 para a terceira e 0,08para a quarta lagoa da série.

TRH = tempo de retenção hidráulico em dias, obtido pela divisão entre o volumeda lagoa e a vazão dia.

• Compostagem

A decomposição pode ocorrer por processos aeróbio e anaeróbios. Dafermentação aeróbia (com desprendimento de calor) resultam como produtosfinais a água e CO2 e, da anaeróbia, resultam CO2, CH4, H2SO4 e outros.Da putrefação anaeróbia pelo genêro Clostridium resulta a não liberaçãocompleta de Nitrogênio aminado como NH3, formação de aminas incompletasmalcheirosas. O produto resultante possui cerca de 1 a 2% de N, 0,5 a 1% de Pe de K. A relação carbono/nitrogênio (C/N) dos resíduos a serem compostadosdeve ser 30. Valores abaixo de 20 ou 25 provocam uma amonificaçãocom perdas de N, mas acima de 50 provocam retardamento do processo decompostagem que resultam num produto final menos estável e de qualidadeinferior.

• Uso como fertilizante

Os dejetos de suínos podem ser usados na fertilização das lavouras, trazendoganhos econômicos ao produtor rural, sem comprometer a qualidade do solo edo meio ambiente. Para isso, é fundamental a elaboração de um plano técnicode manejo e adubação, considerando a composição química dos dejetos, a

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área a ser utilizada, a fertilidade e tipo de solo e as exigências da cultura aser implantada.

Através da determinação da densidade dos dejetos, é possível estimar a suacomposição em nutrientes e calcular a dose adequada a ser aplicada para umadeterminada cultura. Com o valor da densidade, através da Tabela de Conversão(Tabela 11), obtêm-se as características químicas dos dejetos analisados.

Por exemplo, se a leitura registrada no densímetro apresentou um valor de1014, consultando-se a tabela, observa-se os seguintes valores: 2,54% dematéria seca (MS); 2,52 kg/m3 de nitrogênio (N); 2,06 kg/m3 de fósforo (P2O5) e1,38kg/m3 de potássio (K2O). Quanto mais alto for o teor de matéria seca, menorserá a quantidade de água presente nos dejetos e melhor será a qualidadefertilizante dos mesmos.

A quantidade de dejetos a ser aplicada depende do valor fertilizante, do resultadoda análise do solo e das exigências da cultura a ser implantada. Na Tabelade Conversão, a título de ilustração, tendo por base o teor de nitrogênio,apresenta-se as quantidades de dejetos para fertilização da cultura de milhopara duas faixas de produtividade: de 50 até 100 sacos e mais de 100 sacos porhectare, e para dois teores de matéria orgânica do solo: de 2,6 a 3,5 e de 3,6 a4,5%.

Utilizando-se o valor da densidade do exemplo anterior (1014), e considerando-se que o produtor pretenda adubar uma lavoura de milho, com potencial deprodutividade de até 100 sacos por hectare, e que a análise de solo apresenteum teor de matéria orgânica de 3,0%, verifica-se que a quantidade de esterco aser aplicada é de 44 metros cúbicos por hectare.

Para a aplicação dos dejetos deve-se utilizar equipamentos que permitam adistribuição da quantidade recomendada. Os sistemas mais usados são:

– a) conjunto de aspersão com canhão;

– b) Conjunto trator e tanque distribuidor.

Quando se utiliza o trator e tanque distribuidor, é necessário fazer a calibração doconjunto, através do seguinte procedimento:

1. Carrega-se o distribuidor com um volume determinado, por exemplo 1.000 L;.

2. Percorre-se uma determinada distância com velocidade normal (4–7 Km/h), atécompleto esvaziamento do tanque;

3. Determina-se a área onde os dejetos foram aplicados (largura × distânciapercorrida) e calcula-se a taxa de aplicação por hectare.

Exemplificando, aplicando-se uma regra de três para um volume aplicado de1.000 L numa área de 400 m2 (8 m de largura × distância percorrida de 50 metros),obtêm-se uma taxa de aplicação de = 25m3/ha.

Considerando-se a recomendação do exemplo anterior para a cultura do milho,a taxa de aplicação obtida de 25 m3/ha foi inferior à recomendada (44 m3/ha),tornando-se necessário uma nova regulagem no conjunto trator-distribuidor. Para

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ajustar a taxa de aplicação deve-se diminuir a largura da faixa de aplicação e reduzira velocidade de marcha ou fazer duas aplicações na mesma área e para evitar perdasde nutrientes dos dejetos após a aplicação, por escorrimento da água da chuva oupor volatilização, a distribuição deve ser feita nos horários de menor insolação, comimediata incorporação no solo e, de preferência, o mais próximo possível do plantioda cultura.

Aplicações de 40 m3/ha de dejetos líquidos é a dose mais recomendada para acultura do milho em solos com teores médios de matéria orgânica (Scherer al., 1994)e 45 m3/ha para solos de cerrado.

Tabela 11 — Coeficientes de conversão para dejetos suínos

Densidade

MS N P2O5 K2O Volume a aplicar (m3/ha) para o milho, de acordo

(Kg/m3) (%) (Kg/m3) (Kg/m3) (Kg/m3) com a produção (sc/ha) e teor de MO (%)50 a 100 sc/ha > 100 sc/ha

2,6–3,5% 3,6–4,5% 2,6–3,5% 3,6-4,5%1002 – 0.68 0.22 0.63 162 132 206 1761004 0.27 0.98 0.52 0.75 112 92 143 1221006 0.72 1.29 0.83 0.88 85 70 109 931008 1.17 1.60 1.14 1.00 69 56 88 751010 1.63 1.91 1.45 1.13 58 47 73 631012 2.09 2.12 1.75 1.25 52 42 66 571014 2.54 2.52 2.06 1.38 44 36 56 481016 3.00 2.83 2.37 1.50 39 32 49 421018 3.46 3.13 2.68 1.63 35 29 45 381020 3.91 3.44 2.99 1.75 32 26 41 351022 4.37 3.75 3.29 1.88 29 24 37 321024 4.82 4.06 3.60 2.00 27 22 34 301026 5.28 4.36 3.91 2.13 25 21 32 281028 5.74 4.67 4.22 2.25 24 19 30 261030 6.19 4.98 4.53 2.38 22 18 28 241032 6.65 5.28 4.84 2.50 21 17 27 231034 7.10 5.59 5.14 2.63 20 16 25 211036 7.56 5.90 5.45 2.75 19 15 24 201038 8.02 6.21 5.76 2.88 18 14 23 19

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CONTROL AND BENEFIT OF HIGH HEALTH HERDSSylvain Messier

DMV, Genetiporc Canada, St-Bernard, Qc,Canada

Introduction

The objectives of the pork production chain have changed over the years and weexpect an increasing tendency for food safety. For instance, the recent episode of madcow disease in England bears out that consumers will decrease their consumption of aproduct that could be hazardous to human health. Similarly, consumers will chose thesafest product on the market. For example, between meat that may contain antibioticresidues and meat produced without antibiotics, the consumer will obviously choosethe second one. A processor wanting to have access to the beneficial market ofexportation (e.g. the Asian market), needs to be competitive with other countries.European producers do not currently use growth promotant antibiotics in the feed andplan to ban some families of antibiotics even at the treatment level considering the riskof microbial resistance transfer from animal to human. This allows them to have apremium or increase their chance to export pork meat worldwide.

Producer challenge

To be competitive, processors from other countries will ask similar carcass toslaughter plans and these slaughter plans will turn towards producers to have accessto these specific animals. Therefore, producers will need or will have advantage, tobe able to produce a pig with a minimum (or without) antibiotics. To achieve this, theproducer needs a high health status to be able to produce pigs at an economic price.The cost of each important diseases in production lost is very high.

Disease impact on production cost

In table 1 there is an example of loss per pig for some of the main pig diseases, baseon some literature references. The "Feed conversion" column is the feed conversionvariation in presence of the disease. The "Days to market" column is the range ofextra days to market in presence of the disease. The "% dead" column is the rangeof mortality in presence of the disease. The "Min cost" column represents the minimalimpact of the disease considering the lowest numbers of each of the previous columnsif the price of 0,01 feed conversion variation is fixed at $0,30 and 1 day to market at$0,15 and 1,0% variation in dead rate at $1,00. In the next column "Max cost" the sameexercise was done but with the highest level of loss for each factors. Finally, in the lasttwo columns I report the advantage to be free for each disease on the value of one gilt(considering that a gilt will produce 50 piglets in her life). You need to know that thistable represents lost associated with endemic diseases during growing period only.

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Table 1 — Economic Impact of Major Diseases on Production Cost

DiseasesFeed

conversionDays tomarket

%dead

Min. cost(per pig)

Max. cost(per pig)

Min. cost(per gilt)

Max. cost(per gilt)

Rhinitis 0,1 - 0,2 4 - 15 0 - 1 $ 3,60 $ 9,25 $ 180,00 $ 462,00Mycoplasma Hyo. 0,05 - 0,3 3 - 21 2 - 4 $ 3,95 $ 16,15 $ 197,50 $ 807,50APP 0,1 - 0,3 4 - 15 2 - 4 $ 5,60 $ 15,25 $ 280,00 $ 762,50PRRS Variable variable variable $ 5,00 $ 15,00 $ 250,00 $ 750,00Aujeszky’s 0,1 - 0,3 6 - 14 2 - 3 $ 5,90 $ 14,10 $ 295,00 $ 705,00Salm. Cholerasuis ? ? 2 - 5 $ 2,00 $ 5,00 $ 100,00 $ 250,00Swine Dysentery 0,05 - 0,1 4 - 8 0 - 1 $ 2,10 $ 5,20 $ 105,00 $ 260,00TGE 0 - 0,05 0 - 3 1 - 4 $ 1,00 $ 5,95 $ 50,00 $ 297,50Mange 0,05 - 0,1 3 - 8 0 - 0 $ 1,95 $ 4,20 $ 97,50 $ 210,00

Reference: Muirhead (1988), Moore (1993), Meridith (1995)

Pharmaceutical reality

Another concern is the fact that pharmaceutical companies invest less and lessmoney on research in animal division compare to human division. If they find newmolecules, these molecules are restricted to human market in order to minimize therisk of resistance appearance due to the widespread use in the field. Here, we mustconclude that less and less antibiotic molecules will be available to make face to newemergent diseases or appearance of resistant strains of existing diseases. The easiestoption for the producers will be to prevent introduction of new pathogens (including newstrains of existing pathogens) in their commercial herds.

Creation of high health herds

In order to be ready to produce the pig of the future, Du Breton Group decided 15years ago to populate a Nucleus with the highest level of health achievable at that time.They bought the best pregnant gilts available from several selection farms and proceedby aseptic cesareans to populate the new unit. They were able to have access to a highgenetic quality naïve for the main diseases with an impact on production.

How to keep high health

Since that time, the challenge is to keep these animals free of all of these importantdiseases during the expansion of the company. Remember that it is always easy toprogress on a genetic quality but with health, we start at one level and we can justdecrease following mistakes. Health improvement inside the same herd is a lot moredifficult and almost impossible for some specific diseases. To keep a high health statusin the long term, we need to rely on biosecurity. The concept of biosecurity is allwe need to do and all we can do to prevent the entry of external microorganisms(pathogen) in a herd. Over the last 15 years, Genetiporc (division of Du Breton Group)has developed a minding of biosecurity in the thinking of their employees.

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Now the biosecurity is base on a HACCP (Hazard Analysis of Critical Control Point)approach. It means that we identify the risk factors for the entry of new pathogens, weidentify the critical control points for each of these risk factors. Then, for the controlpoints, we put a monitoring in place, with critical limits for each measurement. In theevent that a limit is overpassed, we need to have an emergency plan. Finally we musthave records of all the steps and proceed to a constant reevaluation of our procedures.Table 2 is an example of a HACCP approach for one risk factor (transport) and one oftheir critical control points. The same approach is used to develop all the risk factorsand each of their critical control points.

Table 2 — Example of a HACCP aproach for on risk factor - pig transport - and onecritical control point

RISK FACTORS- Animal introduction, transport, geographic isolation,

material introduction, etc.

CRITICAL CONTROL POINTS- Washing disinfection drying, specialization by network,

vehicle conception, etc.MONITORING - Inspection of all the trailers, Bacteriological controlsCRITICAL LIMITS - No visual residue, no enterobacteriaceae

EMERGENCY PLAN- Redo washing, review schedule according

to downtime

RECORDS- Inspection sheet, computerization results of inspection

in the transport schedule

REEVALUATION- Review of different techniques, review of critical

limits

Add value to meat quality

Even if the company obtained good and stable production costs, the integratedcompany decided (3 years ago) to get the maximum value from all of these efforts bycreating its own line of high value end product "Natural Pork". Natural Pork is a marketclaim created to reach consumers ready to pay more for a safe meat with good andstandard organoleptic propriety. Safe because the meat come from pigs that growthwithout antibiotic and without animal byproduct from the weaning to the slaughter time.Standard organoleptic propriety because pigs come from specific genetics line withgood marbled and without Halotane and RN gene responsible for meat degradation.

To produce this meat, the company relies on a strong research and developmentprogram of its genetic division oriented on meat quality. On high health source ofreplacement gilts for the commercial farm. And finally on a all in all out tree site systemof production ideal to identify groups of animals that meet the standard for NaturalPork production with no risk of cross contamination by treatment of sick groups (thesegroups (entire buildings) can be easily discard from Natural Pork production).

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Conclusion

In fact, healthy herds have a direct impact on the cost of production for thecommercial producers, particularly in a world where a decreasing number of antibioticsis available. In addition there is the indirect impact allowing the production of "greenpigs". To keep herds healthy, producers need to rely on a safe replacement from asupplier with a strong biosecurity system.

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SILAGEM DE GRÃO ÚMIDO DE MILHO

Itavor Nummer Fo

Pionner

Introdução

A silagem de grão úmido de milho está sendo cada vez mais utilizada no Brasil,permitindo aos produtores estocar os grãos em suas propriedades de uma maneiraprática, econômica e sem alterar os valores nutricionais do milho.

É indiscutível a importância do valor nutricional do grão de milho na alimentaçãode suínos, aves, bovinos de corte e leite, principalmente como fonte de energia.Entretanto, também a proteína contida no grão de milho tem merecido estudos dosnutricionistas pois representa ao redor de 25% da proteína bruta consumida pelossuínos e aves.

O Departamento de Nutrição Animal da Pioneer Sementes vem desenvolvendoestudos com o objetivo principal de fornecer informações dos níveis nutricionais dosgrãos de seus híbridos (proteína bruta/ aminoácidos, óleo e amido) aos seus clientes,nas mais diferentes situações e regiões produtoras de milho do Brasil.

"Milho: fonte de energia responsável por 25% da proteína bruta consumida porsuínos e aves."

Conceitos Básicos

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• É um processo de ensilagem em que estocamos somente os grãos da planta demilho.

• A colheita é feita com colheitadeira convencional e deve ser realizada quando aumidade dos grãos estiver entre 30 e 40%.

• Após a colheita, os grãos devem ser moídos finos (suínos), quebrados oulaminados (bovinos de corte e leite e ovinos), com o objetivo principal defavorecer a compactação.

• Os grãos devem ser armazenados em silos tipo bunker, trincheira ou bag’s, bemcompactados e cobertos com lona plástica preta ou de dupla face.

• A silagem de grão úmido é uma ótima opção para armazenar grãos de milho porlongo período, com baixo custo e, principalmente, mantendo o valor nutricional.

• Armazena-se, em média, 1000 a 1300 kg (15 a 19 sacos com 13% de umidade)de grãos úmidos por metro cúbico de silo.

• Uma silagem de grão úmido de qualidade depende da escolha de híbridos demilho que apresentem grãos sadios e alto valor nutricional.

Vantagens da silagem de grão úmido

• Não existem taxas e impostos.

• Não há transporte do produtor para a cooperativa ou fábrica de rações evice-versa.

• Não existe desconto de umidade, impurezas e grãos ardidos.

• Não há custo de armazenamento.

• A colheita é antecipada em 3 a 4 semanas.

• Ocorrem menores perdas por ataque de fungos, ratos, carunchos e traças (vejaTabela 1).

• Possui maior digestibilidade e, conseqüentemente, melhora o desempenhoanimal (veja Tabela 2).

• Melhora a sanidade dos animais, causando menos diarréias.

• Tem alta concentração de energia, para balancear com alimentos protéicos.

• Seu custo independe do preço de mercado.

Conforme pode ser observado nas Tabelas 1 e 2, ocorrem perdas significativas porgrãos danificados e também na digestibilidade ao longo do período de armazenamen-to.

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Tabela 1 — Danos causados por insetos no milho armazenadoem paióis em 200 propriedades do Estado de MinasGerais

Tipo de Dano Época de amostragemAgosto Novembro Março

Grãoscarunchados1 17,3% 36,4% 44,5%

Redução depeso nos grãoscarunchados

17,8% 20,6% 32,2%

Perda de pesoem relação ao total

armazenado3,1% 10,4% 14,3% .

1 Grãos danificados por carunchos e por traça do milho.Fonte: Santos & Fontes (1990a)

Tabela 2 — Digestibilidade "in vitro" da matéria orgânica(DIVMO) de grãos de milho em função doperíodo de armazenamento e das regiões amo-stradas

Região DIVMO (%)mai/85 out/85 abr/86 média

Norte 78,1 45,5 31,5 52,0Sul 78,5 48,3 34,6 54,8Leste 78,6 48,6 34,5 53,9Oeste 78,7 46,4 32,6 52,5

Fonte: Vilela et al. (1988)

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Desvantagens da silagem de grão úmido

• Dificuldade ou impossibilidade de comercialização.

• Necessidade de preparo diário da dieta aos animais. A mistura do grão úmidocom o núcleo poderá gerar aquecimento e provocar diarréia nos animais. Asilagem corretamente produzida melhora sensivelmente o tempo entre a misturae o fornecimento aos animais, sem alterar a qualidade nutricional.

Quem pode usar silagem de grão úmido

Todos os produtores pequenos, médios ou grandes, que tenham criação deruminantes (bovinos de corte ou leite, ovinos, caprinos) ou monogástricos (suínos),visando realizar a integração agricultura-pecuária na sua propriedade, agregando maisvalor ao produto final.

O milho na alimentação animal

O milho representa 60 a 75% dos ingredientes que constituem a dieta de suínos eaves. Desta forma, qualquer incremento de qualidade no grão de milho terá um efeitomuito significativo na formulação da ração, na resposta animal e, principalmente, naredução dos custos de produção.

Composição média - grão de milho convencional

Milho convencional x milho alto óleo

Um dos grandes investimentos realizados pela Pioneer nesses últimos anos naárea da nutrição animal, tem sido a melhoria da qualidade nutricional do grão de milhoem comparação ao milho convencional (milho comumentemente comercializado).

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A principal diferença entre o milho convencional e o milho alto óleo está na maiorparticipação do embrião no milho alto óleo, conferindo ao mesmo maiores teores deóleo e de proteína de alta qualidade.

Obs.: Padrão americano de milho convencional e alto óleo.

Escolha do híbrido

"Uma silagem de grão úmido de alta qualidade requer híbridos com adaptação re-gionalizada, produtividade e grãos com sanidade e valores nutricionais diferenciados".

Características como adaptação regionalizada, produtividade, sanidade e valornutricional são fundamentais na escolha de um híbrido para silagem de grãoúmido. Os híbridos Pioneer 3071, 3041, 3027 e 30F80 apresentam, além destascaracterísticas, um elevado valor nutricional principalmente no que se refere aos níveisde proteína e óleo. São híbridos que, tanto para grão seco como para silagem de grãoúmido, apresentam mais energia, mais proteína e maior potencial de resposta animalpor quilo de alimento, transformando em mais carne, mais leite, mais ovos, melhorandoa eficiência na produção animal.

Ponto de colheita

A colheita é feita com colheitadeira convencional de grãos e deve ser realizadaquando o grão estiver com a umidade situada entre 30 e 40%. Os melhores resultadostêm sido obtidos com umidade entre 32 e 35%. Desta forma, a colheita pode serrealizada 3 ou 4 semanas mais cedo, permitindo ao produtor antecipar o plantio dacultura subseqüente, seja ela feijão, sorgo, soja, etc., melhorando a eficiência de usoda área com melhores respostas econômicas dentro do processo produtivo.

Para determinar o momento correto da colheita no campo, o agricultor ou técnicodeve selecionar algumas espigas de diferentes pontos do meio da lavoura, quebrá-lasao meio e observar nos grãos centrais da espiga a formação da camada preta nabase do grão. Isso indicará que a umidade está entre 32 e 35% - ponto de maturação

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fisiológica. No laboratório, a determinação da umidade é feita através de estufas oudeterminador universal e serve para indicar o momento de iniciar a colheita.

Transporte

O transporte poderá ser feito com carretas ou caminhões. Deve-se tomarcuidado para que o transporte não seja realizado a distâncias muito longas, o quepoderá ocasionar uma elevação da temperatura dos grãos e iniciar um processo defermentação aeróbica indesejável, prejudicando o valor nutricional da silagem de grãoúmido de milho.

"A granulometria da moagem dependerá da espécie ou da categoria de animaisque se pretende alimentar e do teor de umidade do grão."

A moagem deve ser feita imediatamente após a colheita e todo o grão colhido,preferencialmente, deve ser moído e compactado no mesmo dia, visando um produtode alta qualidade.

Como regra geral para suínos a granulometria deve ser bastante fina (peneira 8mm). Entretanto, para porcas criadeiras a granulometria pode ser pouco mais grossa(até 12 mm).

Para bovinos de corte ou de leite, ovinos e caprinos, pode-se quebrar os grãos empartículas maiores, ou seja, é suficiente quebrar os grãos em 3 ou 4 pedaços, podendoter até 10 a 15% de grãos inteiros.

Quanto mais úmido os grãos de milho, maior pode ser a granulometria e, àmedida que há uma redução no conteúdo de umidade, devemos reduzir o tamanhodas partículas, evitando possíveis efeitos negativos na compactação, fermentação econseqüentemente no produto final.

Para a moagem pode-se utilizar todos os tipos de moinhos existentes no mercadoou até ensiladeiras de milho adaptadas para quebrar os grãos, desde que atendaàs necessidades de capacidade de moagem (kg/hora) e o tamanho de partículas,dependendo da espécie e categoria dos animais. Outra forma de preparar os grãospara ensilar é o processo de laminar ou amassar, que consiste em amassá-los entrecilindros com distância pré-determinada, de forma que seja rompida a estrutura dosgrãos. Este tipo de processamento é recomendado para ruminantes.

O uso do inoculante para silagem de grão úmido tem como objetivos:

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• Evitar perdas durante o processo de fermentação.

• Evitar formação de ácidos indesejáveis como o butírico e o propiônico.

• Evitar perdas superficiais.

• Aumentar a participação do ácido láctico, melhorando a palatabilidade parabovinos, suínos e outras espécies.

• Melhorar a fermentação, reduzindo as diarréias em animais jovens e adultos.

• Melhorar o consumo animal, ganho de peso e conversão alimentar.

• Evitar a refermentação após aberto o silo.

• Melhorar o custo-benefício do uso do grão úmido.

• Aumentar a estabilidade após aberto o silo.

• Melhorar a resposta animal.

Com o uso do inoculante para silagem de grão úmido, tem se observado que afermentação está concluída entre 5 e 8 dias. Com uma rápida fermentação as perdassão reduzidas. Quando não usamos inoculante devemos esperar no mínimo 28 dias,ou seja, são pelo menos 20 dias a mais fermentando e perdendo qualidade. Pois,quando colhemos o milho com 35% de umidade temos uma baixa concentração deUFC de bactérias lácticas, o que leva à ocorrência de ácidos butírico e propiônico,além de reações químicas que produzem CO2, água e consomem energia.

Compactação e armazenamento

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A compactação pode ser feita com tratores e tem fundamental importância noresultado final da silagem. Uma boa silagem de grão úmido deve ter, no mínimo,900 kg de silagem por metro cúbico, sendo que o ideal é ter entre 1.100 e 1.200 kgpor metro cúbico.

Qualquer tipo de silo pode ser usado para a estocagem dos grãos úmidos.Entretanto, o produtor deve estar ciente que está armazenando entre 16 e 20 sacosde milho por metro cúbico, devendo armazenar de tal forma que favoreça a retiradatanto em dias de chuva como em dias com sol forte, evitando perdas e trabalho comdesconforto e baixo rendimento.

O tamanho do silo dependerá da quantidade de alimento que o produtor devefornecer aos animais diariamente.

O tempo de armazenagem da silagem depende da compactação e da vedação dosilo. Um silo fechado de forma adequada pode armazenar a silagem de grão úmidopor vários anos. Entretanto, os produtores têm utilizado a silagem de grão úmido porum período máximo de 2 anos.

Fechamento do silo

O fechamento do silo é feito, geralmente, com lona preta comum. Entretanto,devido a baixa qualidade das lonas existentes no mercado, o que não garante aperfeita vedação do silo, a maioria dos produtores está utilizando lonas mais grossas,usadas para cobrir carga de caminhão. Apesar do custo mais elevado, este tipo podeser reutilizado por 4 anos consecutivos, tornando viável seu uso.

Durante o fechamento do silo é muito importante retirar totalmente o ar que estásob a lona com a colocação de uma camada de terra, pneus, tijolos, telhas, etc.

Perdas potenciais no processo

Tabela 3 — Estimativas de perdas potenciais nas di-versas fases do processo de confecção dasilagem de grão úmido

Fase Perda potencial(%)Colheita 1 a 5Fermentação 1 a 2Fermentação aeróbica 1 a 2Perdas de superfície/no cocho 0 a 5Total 3 a 14 .

Fonte: Keplin, Departamento de Tecnologia da Pioneer Semen-tes Ltda., 1997

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Retirada

Após aberto o silo, o produtor deve retirar uma camada maior que 10 cm de largurae fornecer diariamente aos animais, evitando armazenar os grãos úmidos, após retirardo silo.

Custos de Produção

Os custos de produção podem variar de região para região, dependendo datecnologia adotada e, principalmente, da produtividade da lavoura. De qualquermaneira, a silagem de grão úmido representa uma considerável economia para oprodutor, como isenção do pagamento de taxas, impostos, descontos de umidade,impurezas, grãos ardidos e armazenamento, além de outros benefícios, bem como acerteza de um produto final de alta qualidade com baixos custos para a alimentaçãode seus animais ao longo do tempo.

A tabela abaixo mostra o custo médio de produção de uma silagem de grão úmidoproduzida durante o período de três anos (1995, 1996 e 1997) com produtividademédia de 8.300 kg/ha.

Lavoura em pé R$ 530,00Colheita R$ 59,30Transporte R$ 8,30 (R$ 1,00/ton)Trituração R$ 12,50 (R$ 1,50/ton)Compactação R$ 8,30 (R$ 1,00/ton)Total/ha R$ 618,40Saca ensilada R$ 4,47Saca ensilada (+5%= R$ 31,00) R$ 4,70

Obs.: Os custos são considerados num sistema terceirizado de colheita,transporte, compactação e aquisição da lavoura de milho (média do período: valoresem reais; janeiro 2000).

Poderiam ser feitos vários cenários com relação às vantagens da silagem de grãoúmido em comparação com outras formas de utilização do milho na alimentaçãoanimal, tais como o preço do milho grão e preço do milho embutido na ração.Entretanto, muitas são as variáveis que fazem parte desse cenário, como por exemploa variação do preço do milho grão e do milho dentro da ração e o percentual de comprada ração pronta por parte do produtor.

Apesar de sabermos que o preço do milho embutido na ração representa na médiacerca de 1,5 até 2,5 vezes mais do que o custo do milho sob forma de silagem de grãoúmido, temos que levar em consideração que na maioria das vezes o produtor nãocompra o milho ou não adquire a ração pronta, e desta forma não absorveria o custointegral desse milho na ração, aspecto esse que não invalida os benefícios da silagemde grão úmido.

Para calcular a quantidade de silagem e o dimensionamento do silo, sãonecessárias algumas informações relativas ao consumo por categoria do animal,reserva técnica, dentre outros aspectos conforme podemos listar a seguir:

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Considerar que:

• Criadeira e cachaço consomem em média 850 kg de grão úmido/ano.

• Em média são 22 leitões/porca/ano.

• Leitões (recria e terminação) consomem em média 210 kg de grão úmido/ano.

• Bovinos confinados consomem em média 2,5 kg de grão úmido/cab/dia.

• Vacas leiteiras consomem 3,5 kg de grão úmido/cab/dia.

• Borregos confinados consomem 370 g/cab/dia.

• Recomenda-se uma reserva técnica de 33% de silagem no primeiro ano.

• Em média recomenda-se um corte de 10 a 20 cm de largura/dia, considerandouma durabilidade de 24 horas da silagem.

• Em média 1 m3 de silo armazena 1.000 a 1.200 kg de silagem de grão úmido.

Exemplo para suínos

Com os parâmetros acima nós poderemos calcular a necessidade de produção desilagem de grão úmido e o dimensionamento do silo. Vamos ao seguinte exemplo:

No de criadeiras 150No de cachaços 5(1 cachaço/30 criadeiras)No de leitões 3.600 (150 criadeiras x 22 leitões)

Nós poderemos calcular que:

150 criadeiras x 850kg = 127.500kg3.600 leitões x 210kg = 756.000kg5 cachaços x 850kg = 4.250kgTotal de consumo/ano = 887.750kgTotal de consumo/ano coma reserva técnica de 33% = 725.750x1,33= 1.180.707kg

Considerando que 1.200 kg de silagem ocupa 1 m3 teremos:

1.180.707 : 1.200 m3 = 984 m3 de silo

Considerando agora o consumo diário de silagem de grão úmido teremos:

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887.750 kg : 365 dias = 2.432 kg/dia (aprox. 2.500 kg/dia)

Como 1.200 kg de silagem ocupam 1 m3, serão gastos 2 m3/dia de silagem. Comosão cortados 20 cm de largura de silagem/dia (0,20 m), teremos então:

2m3 : 0,20 m = 10 m2de área a ser cortada/dia

Caso o produtor resolva fazer 3 silos, por exemplo, ele teria que calcular:

984m3(considerar a reserva técnica): 3 silos = 328 m3/silo

Como a área de corte dia é de 10 m2, o produtor agora pode fazer as dimensõesdo silo conforme o local disponível como por exemplo:

Dividindo-se os 328 m3 : 10 m2, teremos 32,8 m de comprimento, enquanto os 10m2 de área podem ser feitos numa dimensão de 5 m de largura por 2 m de altura.

Assim, para o exemplo do planejamento dado o produtor teria que construir 3 silosde 328 m3 cada, onde cada um poderia ser construído com 5 m de largura x 2 m dealtura com 32,8 m de comprimento.

Considerando o exemplo acima, 984 m3 de silo e que, em média, 1m3 de siloarmazena 1.200 kg de grãos úmidos. Se um produtor tiver uma produtividade médiade 9.000 kg/ha de grãos (35% de umidade), ele precisará então plantar 131 hectaresde milho.

984m3 x 1.200 kg = 1.180.707 kg de silagem de grão úmido1.180.707 kg: 9.000 kg/ha = 131 hectares de milho

Veja outros indicativos

Com base na produção de 130 t de silagem de grão úmido, veja quantos animaisvocê pode manter:

• 150 porcas criadeiras por um ano; ou

• 620 suínos nas fases de recria e terminação abatidos com 100 kg de peso vivo;ou

• 520 bois confinados durante 100 dias; ou

• 100 vacas leiteiras durante 365 dias; ou

• 7.000 borregos confinados durante 50 dias.

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Análises - resultados

Abaixo são apresentados os resultados médios das análises químico-bromatológicas obtidos na silagem de grão úmido com os híbridos Pioneer 3071, 3041,3027, 30F80 e 32R21.

M.S. Umidade P.B. Gordura Digestib. N.D.T.(%) (%) (%) E.E.(%) (%) (%)64,2 35,7 10,6 4,5 88,3 90,2

Fonte: dados médios obtidos em estudos realizados no Depto. de Tecnologia daPioneer Sementes com amostras obtidas em lavouras comerciais.

Os resultados expressos na tabela comprovam a elevada qualidade nutricionalapresentada pelos híbridos Pioneer 3071, 3041, 3027, 30F80 e 32R21 por seuselevados índices de proteína bruta (P. B.), gordura, nutrientes digestíveis totais (N.D. T.) e digestibilidade.

Resposta Animal - Suínos

Na tabela a seguir pode-se ver a resposta animal em suínos com a utilização desilagem de grão úmido em substituição ao milho grão (13% de umidade) contido naração.

Parâmetros RaçãoGrão úmido

de milhoDiferença

Suínos terminados 40.709 9.299 -Mortalidade(%) 2,0 1,5 -25,0%Conversão alimentar 3,33 3,12 -6,31%Peso do leitão(kg) 20,4 21,8 +1,4kgPeso final (kg) 97,6 99,6 +2,0kgCusto de produção(%) 100,0 94,8 -5,2%

Fonte: Jornal do DIRAT - no 69, Coop. Central de Laticínios do Paraná Ltda. -1991.

Observa-se menor mortalidade e custo de produção, além do maior peso do leitãoe peso final.

Na tabela abaixo pode-se observar a diferença do desempenho de suínosalimentados com silagem de grão úmido de milho versus concentrado (ração), emum acompanhamento ao longo do tempo.

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Fase Com raçãoCom silagem de

grão úmido de milhoúltimos

12 mesesÚltimos6 meses

últimos3 meses

últimomês

RecriaAnimais transferidos 1.262 1.227 1.333 1.259Idade de saída (dias) 104,33 102,77 99,07 95,78Peso de saída(kg) 61,77 61,79 61,14 57,36Peso aos 112 dias(kg) 68,09 68,90 72,77 71,96Ganho médio diário(kg) 0,867 0,912 0,948 0,931Conversão alimentar 2,267 2,257 2,294 2,287TerminaçãoAnimais vendidos 1.242 1.220 1.231 1.044Idade de saída(dias) 150,01 146,55 141,42 140,95Peso de saída(kg) 101,54 101,87 101,09 99,82Peso aos 150 dias(kg) 101,13 104,32 109,24 108,42Idade aos 100 kg(dias) 148,38 144,58 140,27 141,14Ganho médio diário (kg) 0,872 0,946 0,966 0,918Conversão alimentar 3,095 2,899 2,870 2,703

Fonte: Wienfried M. Leh - Granja Rhaetia, Guarapuava, PR.

Pode-se observar, assim as vantagens da utilização da silagem de grão úmidoem comparação à ração, evidenciando o maior ganho médio diário, maior conversãoalimentar e menor idade por ocasião do abate.

Resposta animal - bovinos

Os dados abaixo mostram os resultados comparativos do desempenho de novilhos,cruza Nelore, em confinamento, alimentados com ração comercial versus silagem degrão úmido de milho.

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Parâmetros Lote 1 Lote 2Ração comercial Grãos úmidos

Peso médio de chegada(kg) 306,5 307,1Peso médio inicial (kg) 331,4 326,6Peso médio final (kg) 495,7 485,1Consumo Médio (cab./dia)Silagem de milho (kg) 19,7 16,8Ração comercial(kg) 2,802 -Silagem de grãos úmidos (kg) - 2,684Farelo de soja (kg) - 0,535Silagem na matéria seca(%) 77,3 75,2Ração na matéria seca(%) 22,7 24,8Ganho médio diário(kg) 1,694 1,634Conversão alimentar 6,45 5,87Conversão alim. no melhor período 5,32 5,12Custo da alimentação-cab./dia(R$) 0,77 0,64Custo da alimentação/kg de boi (R$) 0,46 0,39Custo da alim. x preço da arroba (%) 48 41Outros custos (%) 22 29Diferença pró grão úmido +31,8%Idade de entrada15 a 17 meses

Período de Avaliação 97 dias

Idade de saída18 a 20 meses

Período de confinamento 115 dias

Período de adaptação 18 diasPreço de venda do bovino=R$ 0,90/kg ou R$ 27,00/arroba.Fonte: Departamento de Tecnologia da Pioneer Sementes Ltda.Convênio Pioneer Sementes/Nutrimental Agropecuária.

A tabela acima evidencia as vantagens da utilização da silagem de grão úmido,mostrando um menor custo da alimentação e maior lucro líquido.

A tabela abaixo mostra a comparação da produção de leite com a utilização deração normal e silagem de grão úmido no concentrado.

Comparação da produção de leite com ração normal(1)e silagem de grão úmido de milho no concentrado (2)

Númerode vacas

Produção médiade leite

1- Ração normal 16 20,1 kg/vaca/dia2- Grão úmido 15 20,8 kg/vaca/dia

Diferença +0,7Fonte: CCLPL, 1991.

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Os resultados mostram uma vantagem de 0,7 kg de leite por vaca/dia a favor dautilização de silagem de grão úmido no concentrado, quando comparado com o usoda ração normal.

Conclusões

A silagem de grão úmido de milho é uma técnica que vem apresentando acentuadocrescimento em quase todas as regiões produtoras de milho do Brasil. Estamodalidade de silagem representa uma redução de custos na alimentação animal quepode chegar a 20/30% no caso da bovinocultura de corte, 20% na criação de gadoleiteiro e na suinocultura pode variar de 15 a 25%.

Com o preço da saca de milho oscilando todos os anos, todo e qualquer produtorque tenha em sua propriedade uma criação de animais em que o milho apareça comoum ingrediente importante da alimentação, deve conhecer as vantagens da silagem degrão úmido. Na suinocultura, por exemplo, o milho representa de 50 a 75% do volumeda ração, o que torna imprescindível a adoção do armazenamento de milho atravésda técnica da silagem de grão úmido.

A silagem de grão úmido é, talvez, uma das poucas práticas que conseguereunir baixos custos com elevada qualidade nutricional ao longo do tempo dearmazenamento, e alta resposta animal.

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SISTEMA DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS EM CAMASOBREPOSTA “DEEP BEDDING”

Paulo Armando V. de Oliveira

Engenheiro Agrícola, Ph.D., Embrapa Suínos e Aves,e-mail: [email protected].

1 Introdução

Os modelos de edificações em uso para a produção de suínos, ao induzir omanejo de dejetos na forma líquida, favorece o seu lançamento na natureza, semtratamento prévio, constituindo-se numa das principais fontes de poluição ambientalnos grandes centros produtores. A escolha do sistema de manejo dos dejetos éo maior desafio para a sobrevivência das zonas de produção intensiva, em razãodos riscos de poluição das águas superficiais e subterrâneas por nitratos, fósforo eoutros elementos minerais ou orgânicos e, do ar, pelas emissões de NH3, CO2, N2Oe H2S, também, em função dos custos e dificuldades de armazenamento, tratamento,transporte, distribuição e utilização na agricultura (Oliveira, 1999).

Os investimentos em tratamento do resíduo líquidos, por outro lado, nem sempresão compatíveis com a realidade econômica dos produtores e representam umaimportante barreira para a solução do problema ambiental. O desenvolvimento deprocessos que agreguem valor econômico aos dejetos e que sejam capazes de reduzirnão só o seu poder poluente, mas também o volume, os investimentos e os custosoperacionais de manejo, constituem-se no maior desafio do momento.

Atualmente o sistema de criação de suínos dominante, nas fases de creche, cres-cimento e terminação é do tipo ripado total ou ripado parcial (81%), sendo os dejetoslíquido manejados internamente sob o piso ripado ou externamente em canaletasabertas. Todos estes sistemas de produção exigem a utilização de esterqueiras oude lagoas para o armazenamento dos dejetos. O volume total dos dejetos produzidos(dejetos líquidos produzido pelos animais + perda de água nos bebedouros + águautilizada na limpeza) requer grandes estruturas para o armazenamento (os órgãosde fiscalização ambiental preconizam um tempo mínimo de 120 dias de retenção),áreas com culturas suficientes para o aproveitamento agronômico desses resíduos, etambém, a disponibilidade de máquinas e equipamentos pelos produtores.

A produção de suínos em sistemas Deep Bedding (Camas Sobrepostas), nasfases de creche e terminação constitui-se alternativa, viável para a produção desuínos em substituição ao sistema de criação sobre piso ripado (total ou parcial). Apotencialidade de absorção de esterco e de urina que alguns materiais apresentam,promovem a compostagem “in situ” visando a redução dos riscos de poluição e melhorvalorização agronômica. O sistema permite obter um composto orgânico (relação C/N< 20), melhorar o condicionamento ambiental da edificação em virtude de sua duplafunção (pavimento e compostagem), eliminação total dos resíduos líquidos e menoremissão de gases poluentes e de odores. Os principais materiais empregados comocama são a maravalha (aparas de madeira), a casca de arroz, a palha de cereais e aserragem (partículas finas de madeira).

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2 Origem e excreção de nitrogênio e do fósforo pelosuíno

O nitrogênio excretado pelos suínos corresponde a parte do N alimentar que nãofoi retida pelo animal sob forma de proteína corporal (porco em crescimento) ouexportada do animal na forma de leite (porcas em lactação). Podemos então destacardois componentes principais:

• A fração de N não digerida e eliminada nas fezes, principalmente na forma deproteínas vegetal e bacteriana. A importância relativa desta fração comparada aquantidade ingerida, depende essencialmente da digestibilidade das proteínas edo tipo de alimentação, especialmente das matérias primas que a constitui.

• A fração excretada pela urina, em grande parte sob forma de uréia. Ela égerada pela oxidação, principalmente nos rins, dos aminoácidos não utilizadosna sínteses protéica. A importância desta fração, depende da boa adequaçãoqualitativa e quantitativa do consumo de proteína em função das necessidadesdos animais.

Um suíno em terminação dentro das condições de regime de tremoneutralidadeambiental e de alimentação adequada, pode-se afirmar que do N ingerido viaalimentação ele excreta em média o equivalente a 15 à 20% nas fezes e de 45 à50% na urina, ou seja um total de 60 à 70% da quantidade de N ingerida. As fraçõesde N excretadas nas fezes (fração sólida) e na urina (fração liquidá) representamentão, respectivamente, um pouco menos de 1/3 e de um pouco mais de 2/3 dosdejetos totais (Dourmad, 1999). Pode-se estimar que, dentro das condições atuaisde produção de suínos, sobre os 8,7 kg de Nitrogênio necessários a produção de umporco do nascimento a terminação (incluindo-se a alimentação da porca), 1/3 do N éretido no animal, 1/3 é perdido sob forma de volatilização da amônia e 1/3 resta nosdejetos podendo ser usado na agricultura (Figura 1).

A excreção de nitrogênio e de fósforo, nos dejetos, variam principalmenteem função da performance zootécnica dos animais e dos teores, qualidade edigestibilidade da proteína e do fósforo nos alimentos. A Tabela 1, apresenta aestimativa do consumo, retenção e perdas de fósforo (P) na produção de suínos donascimento ao abate.

Tabela 1 — Estimativa do consumo, retenção e perdas de fósforo na produção desuínos.

Consumo PerdasSuínos Dias P Ração P Retido P Fezes P Urina P TotalMaternidade (0–8 kg) 27 1,34 0,07 0,19 0,09 1,28Creche (8–28 kg) 42 1.27 0,12 0,13 0,02 0,15Terminação (28–108 kg) 110 1,40 0,48 0,77 0,15 0,92Total/Suíno, kg 179 2,01 0,67 1,09 0,26 1,35% – 100 33,3 54,2 12,9 67,2

Fonte: Dourmad, 1999.

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N in gerid o (Ração) 8,7 kg (100% )

N ret ido

2,9 kg (33% )

N excretado (67% ) U rina 5,8 kg 4,4 kg (51% )

Fecal G ases1,4 kg (16% ) 1,5 kg

N -volatilização 0,3 kgAplicação

2,8 kg (32%) Volatilização 1,2 kg

P lantas N -Denitrificação N gas (N2, N 2O )N -Lixiviação (NO 3)

N -Fertilizante N-Deposição pela chuva

3,0 kg (34% )

SUÍ NO

D EJE TOS

S OLO

N H3

Figura 1 — Representação esquemática do fluxo de Nitrogêniona produção de um suíno do nascimento ao abate(Dourmad, 1999)

3 Sistemas de Tratamento de Dejetos Líquido

O tratamento dos dejetos de suínos reagrupa um conjunto de ações detransformação por diferentes meios (físico-químico e biológico) com a finalidadede modificar sua composição química e consistência física (Oliveira, 1993). Amodificação da composição química do substrato tratado é realizado pela eliminaçãoou transformação de certos elementos (N-orgânico transformado em N-amoniacal) e amodificação da consistência física, na prática, consiste em aumentar a concentraçãoem elementos nutritivos (N,P,K) em uma ou outra fase de tratamentos dos dejetos. Emse tratando de dejetos de porcos e devido a complexidade físico-química do substrato,a diversidade de situações existentes e da situação técnico-econômica dos diferentesprodutores o importante é dispor em matéria de técnicas de tratamento de umalarga gama de soluções técnicas, pois cada caso deve ser tratado isoladamente. Asprincipais preocupações em relação ao Meio Ambiente devido ao manejo inadequadodos dejetos de suínos é representada na Figura 2. O destino dos dejetos, na maiorparte dos casos, será usado como fertilizante agrícola gerando um risco grande depoluição ambiental.

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Odores Amônia(NH 3)Patógenos

Emissão pelo solo:Óxido N itroso (N 2O )Metano (CH 4)

Escoamento:C arga orgânicaPatógenosFosfatos

LixiviaçãoNitrato

C ob reZinco

Custo de t ransporte

Figura 2 — Principais problemas a serem resolvidos no manejo dos dejetos líquido desuínos.

Como pode-se observar na Figura 1 e na Tabela 1, grande parte do nitrogênio e dofósforo encontra-se na fase líquida, como os sistemas de tratamento de dejetos em usono Brasil, basicamente, trabalham com lagoas naturais, pode-se considerar-los comograndes decantadores, não eliminam o nitrogênio e o fósforo (Oliveira et al., 1995e Costa et al., 1997). Na escolha do manejo dos dejetos (líquido ou sólido) deve-seconsiderar que a maior concentração de poluentes encontra-se na fase líquida. Sendoassim, uma condição indispensável para os sistemas de tratamento dos dejetos líquidoé que eles eliminem os elementos N e P, caso contrario não passam de lagoastrabalhando como enormes decantadores.

4 Sistemas de Tratamento de Dejetos por composta-gem (Deep Bedding)

A produção de suínos em sistemas Deep Bedding (Cama sobreposta) constitui-sealternativa de manejo, onde os dejetos sofrem compostagem “in situ” (Oliveira, 1999;Oliveira, 2000), com o objetivo de reduzir os riscos de poluição (ar, água e solo)e viabilizar economicamente seu uso como adubo orgânico. O sistema de criaçãosobre leito formado por maravalha ou palha foi introduzido no Brasil em 1993 pelaEmbrapa-Suínos e Aves pelos pesquisadores Paulo Armando de Oliveira e JurijSobestiansky (Oliveira, 1993), através de experimento que comparou a produção desuínos em três sistemas de produção (cama de maravalha; cama de palha; pisocompacto) nas fases de crescimento e terminação. Posteriormente, em função dosresultados alcançados foi implantada duas unidades de observação, nas fases decrescimento e terminação, uma na cidade de Gaurama-RS na granja Fontana (1994) eoutra em Concórdia-SC na granja Gasperini (1994), sistemas estes que permanecematé hoje em produção (6 anos). Estas granjas, com lotes de 200 e 350 suínos emuma única baia, permite a criação de até 4 lotes de suínos (25 à 100 kg) sobre o

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mesmo leito sem necessidade de se adicionar ou trocar a maravalha (Oliveira, 2000).O desempenho zootécnico de suínos criados sobre maravalha comparado ao sistemasde piso ripado (total ou parcial) foi estudado por diferentes autores entre eles Perdomo(1997); Corrêa (1997) e Oliveira (1999). Os resultados médios de dedois anos detrabalho desenvolvido por Oliveira (1999) de comparação de desempenho zootécnicoe de emissão de gás em sistemas de criação de suínos em cama de maravalha e pisoripado durante os anos de 1987 e 1988 estão na tabela Tabela 2 e 3. Na Tabela 2pode-se observar que o peso médio dos animais foi ligeiramente superior no sistemade criação de suínos sobre camas, mas a diferença não foi significativa. Não houvediferença para o consumo de alimento, conversão alimentar, ganho de peso e a taxade músculo, bem como para o rendimento de carcaça e a espessura de gordura nosanimais criados em cama de maravalha quando comparado ao piso ripado.

Tabela 2 — Comparação do desempenho zootécnico, da taxa de músculo e dorendimento de carcaça dos animais criados sobre o piso ripado e sobrecama de maravalha

Resultados médios Ano 1 Ano 2Parâmetros avaliados Ripado Cama Ripado CamaPeso entrada (kg) 29,8±1,2 30,5±1,4 31,5±1,7 31,6±1,4Peso saída (kg) 99,9±7,5 102,3±7,9 95,6±12,6 94±10,3Consumo alimento (kg) 189,7 191,8 187,3 184,2Ganho Peso (g/dia) 779 794 712 701Conversão Alimentar (kg/kg) 2,71 2,67 2,91 2,95Relação água / Alimento (lit./kg) 2,25 2,33 2,05 2,36Consumo tot. água (lit.) 423,7a 446,4b 383,8a 435,4b

Músculo F.O.M. (%) 60,3±2,4 60,9±1,8 58,7±3,5 60,5±1,6Rendimento carcaça (%) 81,9±2,7 81,8±2,6 82,3±1,2 82,8±1,0

Valores diferentes por uma letra minúscula ab diferem statisticamente entre eles (P<0,05)

Na avaliação de lesões Pulmonares e de Renite Atrofica, a nível de abatedouro,não foi encontrada diferença entre os animais criados nos sistemas cama e pisoripado (Oliveira, 1999). Os resultados de avaliação de lesões de úlcera observadasno abatedouro mostraram maior formação de hiperqueratose nos animais criados empiso ripado quando comparado ao sistema de cama. Em média 70% dos animaiscriados sobre cama apresentaram uma mucosa normal (lisa de coloração branca),enquanto que somente 30% dos animais criados em piso ripado apresentaram umamucosa com tais características.

Os resultados obtidos do balanço de nitrogênio em sistemas de cama e piso ripado(Tabela 3), demonstram que somente 20 à 40% do N-excretado pelos suínos seencontram retido na cama, enquanto que no piso ripado 70 à 75% do N se encontraretido nos dejetos líquidos. Pode-se afirmar que um sistema de criação de 1000suínos na fase de terminação, sob cama de maravalha, produzirá em um ano 600ton. de composto orgânico pronto para ser utilizado na agricultura com uma relaçãoC/N < 18, contra 750 ton. de dejetos líquidos fortemente mineralizado, para o caso desistema sobre piso ripado. O fósforo excretado pelos suínos se encontra totalmentearmazenado nos dejetos líquidos para o caso de sistemas com piso ripado. No sistema

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da cama de maravalha 58% do fósforo excretado pelos animais é retido nas camadacom até 15 cm de profundidade da cama (Kermarrec, 1999).

Tabela 3 — Comparação do balanço de nitrogênio nossistemas de criação de suínos sobre o pisoripado ou sobre cama de maravalha, por 100unidade de N que entra no sistema, via raçãoou água.

Resultados médios Ano 1 Ano 2Parâmetros avaliados Ripado Cama Ripado CamaRetido no suino 35 36 33 34Dejeto / Composto 48 12 45 26NH3 12 5 13 7N2 4 40 8 27

Fonte: Oliveira, 2000

A quantidade de N-total no efluente final representa entre 20 à 40% do N contidonos dejetos e se encontra essencialmente sob forma orgânica (> 90% do N-total) parao caso das criações sobre cama (Tabela 3). No caso do piso ripado este N representauma fração de 70 à 75%, dividido em N-orgânico e N-amoniacal, respectivamente30-40% e 70-60%. A diferença entre os dois sistemas é em função da emissãosignificativa de N2 (40-60%) para o caso das criações sobre cama de maravalha.Independentemente do sistema de criação em torno de 20% do N contido nos dejetosé eliminado na forma de gás NH3 e N2O. Para o caso do sistema de cama as emissõesde NH3 e N2O são sensivelmente semelhantes. Porém, para o caso do piso ripado asemissões da NH3 são dominantes (Robin et al., 1999).

As emissões de gases poluentes e de odores é menor no sistema de cama quandocomparado ao piso ripado, as emissões de amônia NH3 pelo sistema de cama é 40 %menor em relação ao piso ripado (Oliveira, 1999).

5 Balanço de água em criações de suínos sobre camaou piso ripado

A modelização do balanço de água em sistemas de produção de suínos foiestudado por Oliveira (1999) e Oliveira et al. (1999), comparando dois sistemas deprodução de suínos, piso ripado e cama de maravalha, os resultados se encontramna Tabela 4. O consumo de água tende a ser mais elevado no sistema de criaçãosobre camas quando comparado ao sistema de piso ripado, sendo em média de22,7 litros/suíno ou uma diferença de 0,25 litros de água consumidos diariamente. Aquantidade de água total extraída do sistema de produção foi em média de 516 litros nosistema sobre cama e 278 litros no sistema piso ripado ou seja, 238 litros de diferençaa favor do sistema sobre cama. O sistema de cama de maravalha permite evaporarem média de 2,64 litros de H2O por dia, enquanto no piso ripado a água evaporadano sistema foi de 278 litros o que corresponde praticamente a água emitida pelaevaporação natural dos animais (274 litros), o que demonstra que a evaporação d’água

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contida nos dejetos armazenada sob o piso ripado pode ser considerada desprezível.Não observou-se diferença (Tabela 4) entre os valores observados e estimados d’águaarmazenada tanto para o piso ripado (203,6 e 195,5 litros) como para a cama (14,6 e13,4 litros).

Tabela 4 — Balanço geral d’água, observado ou estimado, em função dos sistemasde criação de suínos em piso ripado ou sobre cama de maravalha (litrosd’água/suíno).

Balanço água Piso Ripado Cama de maravalhaParâmetros avaliados Observado estimado Observado EstimadoConsumo de água 423,7 - 446,4 -Água ingerida via ração 22,8 - 23,0 -Água prod. Metabólica (Suíno) - 54,2 - 54,5Água prod. Metabólica (Cama) - - - 23,4Água retida no suino - 37,6 - 38,6Água armazenada (ripado/cama) 203,6A 195,9A 14,6B 13,4B

Água contida nos dejetos - 200,1 - 210,5Produção vapor d’água (Suíno) - 273,5 - 268,8Água evaporada ambiente - 4,1 – 247,2Água retirada do sistema 278A – 516B –

(A,B) Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente (P<0,05).Fonte: Oliveira, (1999)

A grande vantagem do sistema de criação de suínos sobre cama é que o calordesenvolvido na compostagem permite evaporar quase a totalidade da fração de águacontida nos dejetos. Essa evaporação representa em média 5,7 litros de água porsuíno e por dia, enquanto que a quantidade de água introduzida ou gerada no sistemaé de 6,1 litros. Outra vantagem é a viabilização economica de transporte do compostofinal gerado no sistema de criação sobre cama de maravalha para fora da propriedade,pois concentra os nutrientes contidos nos dejetos na cama.

6 Produção de calor em sistemas de produção desuínos sobre cama

Na adaptação de edificações destinadas a criação de suínos sobre leito de cama,deve-se considerar as produções de calor geradas pelo binômio “animal+cama”. Asnecessidades de ventilação e de isolamento das edificações depende das produçõesde calor e de vapor d’água geradas no sistema. A produção especifica de calorgerado pela cama é pouco conhecida e sua importância é fundamental para adeterminação da taxa de ventilação, otimização da evaporação d’água e do processode compostagem (Oliveira, 1999).

Como não há diferença para o desempenho zootécnico dos animais em sistemasde produção de suínos de cama quando comparado ao sistema de piso ripado, estesresultados nos permitiram formular a hipótese de homogeneidade dos fluxos de calor

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metabólico, produzidos pelos animais dentro dos sistemas de produção estudados.A Tabela 5 apresentam a evolução do fluxo de calor observado experimentalmenteem sistema de produção de cama e piso ripado e estimado pelos modelos teóricosescolhidos. Pode-se observar, na Tabela 5, que os valores observados da produçãode calor (total, sensível e latente) sobre o piso ripado não diferem dos valores teóricoso que demonstra que os modelos desenvolvidos para o piso ripado geram valoresque podem ser usados para representar o fenômeno real em sistemas de cama. Nocaso da criação sobre cama, os valores observados são todos diferentes dos valoresgerados pelos modelos teóricos com exceção do calor sensível calculado pelo modelode Bruce et al.

Os animais produzem em torno de 170 W na fase inicial de crescimento e 250 W nofinal da terminação. O coeficiente entre o fluxo sensível (necessidade de isolamento) elatente (necessidade de ventilação) para o caso da cama é de 0,45 valor este diferente(entre 0,56 e 0,65).

Determinou-se experimentalmente o fluxo de calor gerado pelo processo decompostagem da cama (QtotLit) que pode ser estimado pela seguinte equação:QtotLit=2,026 x m – 60,75; m= massa do suíno (kg), suínos variando entre 30 a 100 kg.Este fluxo de calor pode variar de 80 a 120 W/suíno em função do peso vivo do animal.

Tabela 5 — Comparação das médias ajustadas de produção de calor(W), observado e teórico, gerados pelos suínos criados nossistemas de produção em piso ripado ou sobre as camas demaravalha

Fluxo de Calor Total Sensível LatenteSistema Ripado Cama Ripado Cama Ripado Camaφ observado 213aA 302bA 113aA 127bA 101aA 176bA

CIGR–84 199aA 200aB 110aA 112aB 89aA 83aB

CIGR–92 186aA 188aB 102aA 106aB 88aA 80aB

Bruce–81 175aA 184aB 117aA 122aA 85aA 80aB

(a,b)Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha diferem estatisticamente(P<0,05).(A,B) Médias seguidas de letras diferentes na mesma coluna diferem estatisticamente(P<0,05).

7 Aproveitamento dos resíduos de suínos como ferti-lizante

O destino final dos dejetos de suínos é seu aproveitamento como fertilizanteem lavoura, pastagens, pomares e reflorestamento. Porém, sua viabilidadeeconômica é dependente da concentração de nutrientes existentes nos resíduos.Na Tabela 6, pode-se observar os resultados das analises dos resíduos líquidosou sólidos de diferentes sistemas de produção de suínos. Pode-se observar naTabela 6 que os resíduos em sistemas de produção sobre pisos ripado apresentamuma concentração de nutrientes muito baixa (dejetos líquido bruto), praticamente

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inviabilizando economicamente seu uso como adubo orgânico transportado pordistribuidores acoplado em tratores. Uma alternativa de utilização destes dejetoslíquidos é os sistemas de fertirrigação, porém deve-se avaliar a relação custo/beneficioantes de sua implantação. Um outro fator a ser considerado é o uso de dejetospara a melhoria de matéria orgânica em solos pobres. Estudos realizados, temdemonstrado que o uso continuo de dejetos líquidos de suínos em solos não trazaumento significativo da concentração de matéria orgânica.

Tabela 6 — Resultado observados de diferentes amostras analisadas deresíduos gerados em diferentes sistemas de produção desuínos.

Dejetos Líquidos (Bruto) Kg/ ton ou /m3

Piso ripado (parcial ou total) % MS Ntot P2O5 K2ODejetos geral (CORPEN, 1988) 5,5 5 4 3Ciclo completo (CEMAGREF, 1983) 4,9 4,3 3,8 2,6Terminação (IPT, 1993) 9,3 9,6 4,0 6,4Terminação perda H2O nula (INRA, 1999) 14,5 9,0 6,0 8,5Ciclo completo (EMBRAPA,1997) 1,6 2,2 0,6 0,9Dejetos sólidos–Cama Maravalha

Terminação por lote (ITP, 1996) 31 7,9 7,6 12,7Creche por lote (ITP, 1994) 29,2 9,9 7,4 10,5Terminação (1 ano) (ITP, 1996) 41,6 13,1 17,7 25Terminação (2 lotes) (INRA, 1999) 38,8 7,9 11,8 14,5Terminação (EMBRAPA (1 ano), 1994) 43,4 8,7 7,2 11,7

Fonte: de Oliveira, 1993; Texier, 1997; Oliveira, 1999.

Os resíduos de sistemas de produção sobre camas de maravalha apresentam umaconcentração muito maior de nutrientes quando comparado ao sistemas de produçãode suínos sobre pisos ripados e uma relação C/N menor que 20, viabilizando seu usocomo fertilizante orgânico e facilitando sua distribuição na lavoura.

8 Modelos de edificações para a produção de suínosem camas sobreposta

A Embrapa Suínos e Aves, em função de uma demanda técnica crescente naárea de novos conceitos em edificações para atender as necessidades da AgriculturaFamiliar, da sustentabilidade ambiental e dos conceitos de sistema de produção"Agroecológico" na produção de suínos, desenvolveu dois modelos de edificação,um para o crescimento e terminação e outro para a creche, adaptada as exigênciastermodinâmica dos animais, ao manejo e as condições climáticas brasileiras. Osmodelos são apresentados a seguir:

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8.1 Modelo de edificação para crescimento e terminação

O modelo de edificação é construído de alvenaria, com cobertura em telhas debarro e piso de solo compactado. O concreto, somente é usado na área destinada aoscomedouros e bebedouros. Os bebedouros e comedouros são os mesmos em usonos sistemas convencionais de produção. A densidade animal recomendada para osistema é de 1,20 m2 por suíno. O consumo de maravalha é em torno de 1 m3 paracada 6 suínos, considerando-se, no mínimo, 3 ciclos de produção com a reposição domaterial, quando necessário. A altura do leito que forma a cama deve situar-se entre0,40 e 0,50 m. A seguir apresentamos na foto (Figura 3) uma vista geral do modelode edificação desenvolvido pela Embrapa Suínos e Aves destinado a criação de 200suínos em leito formado por maravalha nas fases de crescimento e terminação.

Figura 3 — Vista da edificação para a criação de suínossobre leito formado por maravalha (GranjaFontana Gaurama/RS).

8.2 Edificação para a produção de leitões em cama sobreposta

O modelo de edificação com o uso de cama sobreposta de maravalha foiimplantado na granja Fontana no município de Gaurama-RS em 1999. Este sistema foiprojetado com a finalidade de oferecer uma edificação para a produção de leitões, nafase de creche, aos pequenos e médios produtores com baixo custo de implantação.

A edificação é construída em alvenaria, com cobertura em telhas de barro episo em concreto, somente na área destinada aos comedouros e bebedouros. Osbebedouros e comedouros são os mesmos em uso nos sistemas convencionais deprodução, porém recomenda-se o uso de equipamentos com baixo desperdício deágua e ração. A densidade animal recomendada para o sistema é de 2 suíno por m2.O consumo de maravalha é em torno de 1 m3 para cada 15 leitões, considerando-se2 ciclos de produção com a reposição do material, quando necessário. A altura doleito de maravalha ou palha recomendada situa-se entre 0,30 e 0,40 m. A seguirapresentamos na Figura 4 uma vista geral do modelo de creche destinado a criação

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entorno de 140 a 150 leitões por baia, totalizando entorno de 870 leitões (6 baias) emleito formado por maravalha, implantadas na referida granja.

Figura 4 — Vista do modelo de edificação para a produção de leitões (Granja FontanaGaurama-RS).

9 Referências Bibliográficas

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FATORES DETERMINANTES DO RENDIMENTO DECARNE MAGRA

Leandro Hackenhaar1

Eng. Agrônomo (ESLAQ/USP)Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP)

Nutricionista (Tortuga Cia. Zootécnica Agrária)

1 Introdução

A suinocultura é uma atividade dinâmica e que vem usufruindo de váriastecnologias desenvolvidas nos diversos setores do conhecimento humano (nutrição,construções, ambiência, eletrônica, etc.). Nos últimos anos, por exemplo, foramincorporados nas linhas de abate equipamentos que permitem a quantificação dacarne presente nas carcaças dos animais abatidos.

A viabilização econômica destes processos de leitura da espessura de toucinho ede lombo permitiu que se concretizasse uma antiga reivindicação dos suinocultores,ou seja, o pagamento por tipificação de carcaça. Beneficiando, assim, os bonsprodutores que sempre buscaram aperfeiçoar-se em genética, manejo e nutrição.

Infelizmente, ainda não estão sendo beneficiados todos produtores de suínos doBrasil. Contudo, pelos grandes benefícios que traz para a atividade e pela redução decustos dos equipamentos, brevemente, a tipificação de carcaças deve passar a fazerparte do dia a dia de todos os suinocultores do país.

Enquanto isto ainda não acontece, os produtores das regiões ainda nãobeneficiadas, já deveriam se preparar para a chegada da tipificação, pois os benefíciosde produzir-se uma carcaça com menos gordura não param apenas no pagamento dabonificação, que pode chegar a até 20% de acréscimo sobre o preço de mercado dosuíno.

Produzir gordura custa caro! Portanto, fazer um animal com menos gordura é maisbarato do que produzir um suíno com muita banha. Por exemplo, para produzir umquilograma de gordura é necessário quatro vezes mais alimento do que para produzirum quilo de carne.

Além de tudo isto, o produtor não deve esquecer do consumidor. Este aspectoé de fundamental importância, pois sabemos do potencial que existe no Brasil paraaumentar o consumo de carne suína e, sabemos também, que o consumidor desejauma carne com pouca gordura.

O setor, portanto, não pode ir contra as exigências do mercado e desperdiçar esteenorme potencial de crescimento. Isto irá beneficiar a todos, inclusive, o consumidorque terá a sua disposição uma carne nutritiva, saudável, barata e muito saborosa.

1Dados baseados no livro "Swine Nutrition Guide", 1995,publicado em Saskatchenwan/Canadá e de autoria de J.F. Patience, P.A. Thacker e C.F.M de Lange.

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2 Características do desenvolvimento dos suínos

Quando o suíno nasce, a porção de músculo representa mais da metade do pesocorporal. A gordura representa apenas 5 a 10% do total (Figura 1). Contudo, no animaladulto o tecido adiposo passa a representar quase metade do corpo.

O suíno, no entanto, é abatido bem antes de chegar ao peso adulto. O abateocorre normalmente num ponto próximo a metade do peso adulto, no momento emque a curva de crescimento começa a declinar.

A proporção entre carne e gordura, no entanto, pode ser alterada quando adotadasalgumas medidas adequadas de manejo. Por isto, o suinocultor deve prestar a atençãotanto na velocidade de crescimento, como também, no tipo de tecido que o animal estádepositando (gordura ou carne).

O objetivo do suinocultor, portanto, é encontrar formas de minimizar a deposiçãode gordura. Para isto, é interessante conhecer um pouco sobre a forma dos suínoscrescerem.

200 d ias

Oss o s

10%

M ú sc u lo

43%

Go rd u ra

47%

N asc im en to

Oss o s

36%

M ú sc u lo

57%

Go rd u ra

7%

Figura 1 — Composição corporal do suíno em diferentes idades

2.1 Manutenção

Mesmo sem crescer, os animais necessitam de certa quantidade de alimento paramanter as funções vitais do organismo, como: circulação, respiração e digestão.Apenas os alimentos que excederem as necessidades de manutenção é que serãoutilizados para crescimento muscular e deposição de gordura (Figura 2).

A quantidade de alimento necessário para a “manutenção” é variável. Contudo estaquantidade é sempre menor quanto melhores forem as condições oferecidas para osanimais (temperatura, sanidade, espaço, etc.).

Por outro lado, sabendo que uma certa quantidade de alimento sempre énecessária para a “manutenção”, deve-se procurar fazer com que o animal cresçao mais rápido possível. Desta forma, a quantidade de alimento necessária para amanutenção é diluída. Por exemplo, se o animal cresce 200g/dia ou 400g/dia, aquantidade de ração para manutenção praticamente não se altera. Assim, a conversãoalimentar do suíno crescendo 400g/dia será bem melhor do que daquele crescendomais lentamente.

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Consumo de Alimento

Ganho

0

Gordura

Manutenção

Carne

Fonte: de Lange, C.F.M (1995)

Figura 2 — Consumo de alimento e deposição de tecidos

Sempre existe, no entanto, uma quantidade mínima de deposição de gordura emsuínos em crescimento, a qual não pode ser evitada.

2.2 Potencial máximo de deposição de tecido muscular

A partir de certo volume de consumo, no entanto, o animal atinge seu potencialmáximo de deposição de tecido muscular. Quanto isto ocorre a ração consumida emexcesso é praticamente toda transformada em gordura. Assim, a conversão alimentarpiora sensivelmente, pois o animal é muito menos eficiente em depositar gordura(Figura 3).

O ponto em que o animal passa a consumir mais alimento do que necessita paramaximizar a deposição de carne caracteriza a passagem da fase de crescimento paraa fase de terminação. Isto implica uma série de alterações no manejo da dieta.

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1 2 3

C o n sum o

Ga nh o

Pad rãoG enético

Médio

Fo nte : de L an ge, C .f.M. (1995 )

1 2 3

de Alimen to (kg/d ia)

Padrão

Gené tic oSuperio rC arne

G ordu ra

Figura 3 — Consumo de alimento e deposição de tecidos

2.3 Fase de crescimento

Nos suínos em fase de crescimento a quantidade de alimento consumido nãoé suficiente para o animal atingir o seu potencial máximo de deposição de tecidomuscular. Isto ocorre porque a ingestão de alimento é determinada pela capacidadefísica de acomodação do alimento, ou seja, do enchimento do estômago.

Nesta fase, portanto, todo esforço para melhorar a ingestão de energia pelo animalserá recompensada por uma elevação da velocidade de crescimento de carne magra.Outra conseqüência será a melhora da conversão alimentar (Tabela 1).

Tabela 1 — Efeito da densidade energética da ração sobre o consumovoluntário e performance de machos inteiros entre 22 e 50 kgde peso vivo.

Energia Digestível (kcal/kg)2.850 3.035 3.250 3.466 3.600

Consumo de ração (kg/dia) 2,20 2,21 2,19 2,17 2,05Consumo de energia (Mcal/dia) 6,14 6,62 7,10 7,48 7,39Ganho de peso (g/dia) 695 776 847 898 913Conversão alimentar 3,16 2,89 2,61 2,39 2,25Esp. de toucinho 14,4 15,3 15,6 16,0 16,4

Fonte: Campbell & Taverner (1986).

O aumento do consumo de energia pode ser alcançado aumentando o teor deenergia das rações. Para isto, podem ser utilizados nas rações alimentos ricos emenergia, como óleos vegetais e gordura animal.

Outra forma de aumentar o consumo de ração é melhor controlar os fatores queinterferem no consumo de alimento pelos suínos.

A qualidade da ração e das matérias-primas utilizadas na sua elaboração sãofatores importantes. A presença de fungos, a uniformidade da mistura, a presençade alimentos de baixa palatabilidade, o tempo de estocagem, o formato dos cochos, adisponibilidade de água são muito importantes para favorecer o consumo de ração.

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A temperatura é outro importante fator. Temperaturas altas fazem com que oconsumo caia na proporção de 1% para cada elevação de 1oC acima da temperaturade conforto térmico.

O excesso de lotação também inibe o consumo. A cada redução de 0,1 m2 noespaço, deve ser esperada uma redução de 2 a 3% no consumo de ração.

2.4 Fase de terminação

A fase de terminação é caracterizada pelo fato dos suínos conseguirem ingerirmais alimento do que o necessário para atingir o potencial máximo de deposição decarne.

Outra característica está relacionada ao fato do volume de ingestão de alimentoestar relacionada à necessidade diária de ingestão de energia, e não mais àcapacidade física do estômago em comportar o alimento. Desta forma, o animal tema capacidade de ajustar a ingestão diária de energia pelo aumento do consumo dealimento (Figura 4).

D iges tív el

FO NT E: de Lange, C .F.M. (1995)

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

20 30 40 50 60 70 80 90 10 0 11 0

P eso Corporal (kg )

Co

ns

um

o d

e A

lim

en

to (

kg

/dia

)

3.150 kca l D E/kg

3.400 kca l D E/kg

Figura 4 — Curva de consumo de suínos recebendo dietas comdiferentes níveis de energia

De forma prática, para se conseguir um efeito significativo sobre a deposiçãode gordura na fase de terminação deverá ser necessária uma redução drástica dadensidade energética da ração. Por exemplo, incluindo pequenas quantidade de farelode trigo nas rações de terminação, apenas, se obterá um efeito negativo sobre aconversão alimentar, isto porque, o suíno nesta fase tem a capacidade de elevar oconsumo para alcançar sua necessidade diária de energia. Sendo assim, o ganho depeso é o rendimento de carne magra não mudam.

3 Fatores determinantes da capacidade máxima dedeposição de tecido muscular

Geralmente, a capacidade máxima de deposição de tecido muscular é atingidoquando os suínos, alimentados à vontade, chegam a 60 kg de peso vivo. Contudo,

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vários fatores contribuem para alterar este referencial, tanto para mais, como paramenos.

3.1 Genética

Provavelmente, a genética é o fator que tem maior influência sobre capacidademáxima de deposição de tecido muscular.

A capacidade de consumo de alimento, por exemplo, pode estar relacionada afatores genéticos. Em estudos realizados na Universidade de Purdue verificou-se que,em suínos de diferentes linhagens de uma mesma raça, pode haver uma diferençade 20 a 30% no consumo voluntário de ração. As implicações deste fato sobre aporcentagem de gordura na carcaça são enormes e já foram discutidas anteriormente.

Sabe-se também que suínos selecionados apenas para produção de carne magra,e não para ganho de carne magra, podem ter sua capacidade de ingestão reduzidaem relação ao controle. Este fato é bastante relevante, pois o que realmente interessaao produtor são animais que cresçam rapidamente, mas com pouco toucinho.

Contudo a seleção de animais baseadas em dois critérios, até certo pontoantagônicos, é bem mais complicada e demorada. Apenas generalizando, se umadeterminada linhagem for selecionada somente para produção de carne magra, elaprovavelmente terá baixo consumo voluntário e baixa velocidade de crescimento. Poroutro lodo, linhagens selecionadas apenas para crescimento rápido, geralmente, irãoconsumir muito e irão depositar muita gordura. Portanto, o correto é selecionar levandoem conta os dois critérios: velocidade de crescimento e espessura de toucinho, ouseja, velocidade de deposição de carne magra.

Na Figura 1 estão relacionados animais de dois genótipos diferentes, o do ladoesquerdo possui uma capacidade de deposição de carne magra inferior a do suínorepresentado no lado direito. Sem dúvida, a linhagem desejada é a da direita, poisesta atingirá maior porcentagem de carne na carcaça e também terá melhor conversãoalimentar.

O produtor pode perguntar, portanto, qual é a melhor raça. A resposta, no entanto,não é fácil. Atualmente, devemos, até certo ponto, não mais falar em raças, poisdentro de uma mesma raça existem linhagens completamente diferentes. Um bomexemplo e o caso da raça Duroc, que geralmente é conhecida por sua rusticidade, boavelocidade de crescimento, boa qualidade da carne (cor e marmorização) e tambémpela alta porcentagem de gordura na carcaça. No entanto, por exemplo, existemlinhagens de Duroc no Canadá que têm todas as boas características da raça e aindatêm espessura de toucinho inferior a 10 mm aos 100 kg de peso vivo.

Da mesma forma, também estão no mercado várias linhagens sintéticas quebuscam somar as boas características de todas as raças que as compõe.

O peso desejado de abate também deve ser observado na escolha da genética aser utilizada. Geralmente, animais com genética Pietrain são excelentes em produziralta porcentagem de carne magra em suínos com pesos próximos a 100 kg. Contudo,linhagens especiais de Large White e Duroc têm obtido maior êxito, quando os animaissão abatidos com pesos próximos a 120 kg.

Também existem alguns genes que afetam a proporção de carne na carcaça.O mais conhecido é o gene do Halotano ou do Estresse. Sabe-se que animaishomozigotos para este gene têm sensivelmente mais carne magra na carcaça, mas

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também sofrem de problemas sérios de qualidade de carne (carne PSE) e tambémde estresse. Quanto às características dos animais heterozigotos, existem váriastrabalhos científicos mostrando resultados contraditórios quanto a capacidade deproduzir mais carne magra ou de produzir carne PSE, quando comparados a animaislivres do gene.

3.2 Sexo

Existem diferenças entre o potencial de crescimento de carne magra dos diferentessexos. Os machos inteiros têm o maior potencial de crescimento de carne magra,seguidos pelas fêmeas e depois pelos machos castrados.

Infelizmente, devido a problemas de odor na carne, o abate de machos inteirosnão pode ser realizado. No futuro, no entanto, devem estar viabilizados testes rápidos,como os que estão sendo desenvolvidos na Universidade de Guelph/Canadá, paradetecção das substâncias que provocam o terrível odor liberado durante o cozimento.

Geralmente a diferença entre os sexos aumenta com a idade, podendo chegar a15% na fase de terminação (Figura 5). Machos castrados consomem mais, crescemmais rapidamente, têm pior conversão alimentar e menos porcentagem de carnemagra do que leitoas (Tabela 2).

FO NTE: Praire Swin e Ce ntre Inc . (199 5)

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

2,2

2,4

2,6

2,8

3,0

3,2

20 30 40 50 60 70 80 90 10 0

P eso Vivo (kg)

Co

ns

um

o (

kg

/dia

)

C astrados

Le itoas

Figura 5 — Consumo voluntário de alimento de machos castrados ede leitoas

Devido à diferença entre os sexos, a adoção de algumas medidas de manejopodem se tornar interessantes. Uma delas é separar os animais por sexo. Isto permiteum uso mais eficiente das instalações, pois os machos podem ser enviados para oabate com maior antecedência.

Também pode ser vantajoso ao produtor segurar as fêmeas até um peso superiora dos machos, pois elas têm maior capacidade de deposição de carne.

Outra alternativa, um pouco mais trabalhosa, é proporcionar rações adequadaspara cada sexo. As fêmeas, por exemplo, respondem mais favoravelmente aoaumento da densidade energética da dieta. Contudo, nunca se deve esquecer queas diferenças aumentam a medida que os animais se tornam mais velhos, portanto,economicamente, não se justificam rações diferentes para animais muito jovens.

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Tabela 2 — Performance de leitoas e de machos castradosSexo Diferença

Castrados Leitoas (%)Peso inicial (kg) 23,9 24,4 –Peso final (kg) 105,1 104,1 –Consumo (Kg/dia) 2,42 2,16 12,0Ganho de peso (g/dia) 840 780 7,7Conversão alimentar 2,87 2,78 3,2Rend. de carcaça (%) 80,90 80,30 0,7Porcentagem de carne (%) 48,1 50,5 –4,8

Fonte: Praire Swine Centre Inc. (1993).

3.3 Manejo das rações

3.3.1 Restrição alimentar

Uma das formas mais eficientes de melhorar a porcentagem de carne magra nacarcaça é a restrição alimentar (Tabela 3).

A explicação teórica do funcionamento desta técnica fica muito fácil quando seobserva a Figura 3. Se a partir de um certo volume de ração consumido o animalultrapassa a capacidade máxima de deposição de tecido muscular, basta restringir ofornecimento de ração exatamente nesta quantidade para incrementar sensivelmentea porcentagem de carne na carcaça.

Tabela 3 — Estimativa do efeito da restrição alimentar sobre aperformance

Consumo de raçãoMédio Médio − 10%

Ganho de peso (g/dia) 823 729Conversão alimentar 2,97 2,88Rend. de Carcaça(%) 79,70 79,20Índice de Bonificação 107,8 110,3

Obs.: Suínos com padrão genético levemente superior à média, sendo350g/dia o limite máximo de deposição de carne.Fonte: Praire Swine Centre Inc. (1993).

No gráfico da direita (Figura 3), a ração deveria ser restringida a um montanteligeiramente inferior a 2 kg/dia e no gráfico da direita, ligeiramente superior a 2 kg/dia.Como conseqüências da aplicação da técnica, são melhoradas a porcentagem decarne na carcaça e a conversão alimentar. No entanto, o ganho de peso é sempreprejudicado.

O grande problema da adoção desta técnica, no entanto, é saber qual deve ser aquantidade de ração a ser restringida, pois, como visto, vários fatores interferem nacapacidade de deposição de carne (genética, ambiente, etc.).

Outro problema está relacionado à dificuldade de fazer a restrição alimentar. Comoos animais chegam a passar fome, a ração deve estar à disposição de todos ao mesmo

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tempo. Caso contrário, os animais mais fortes irão comer à vontade e os demais irãoficar desnutridos.

A restrição alimentar muito severa, no entanto, pode afetar demasiadamente oganho de peso, neste caso a conversão alimentar tende a piorar.

Como discutido anteriormente, fica fácil entender porque a restrição alimentarproporciona resultados mais significativos quando aplicada a animais mais velhos,machos castrados e suínos de linhagens de baixo potencial de crescimento de carne.

3.3.2 Ração úmida

O uso de ração úmida favorece o consumo de ração pelos suínos. Por exemplo, ouso de bebedouros dentro dos cochos aumenta entre 1 a 7% o consumo de ração.

O maior consumo de ração é interessante até o final da fase de crescimento,mas prejudica sensivelmente o percentual de carne magra, quando ocorre na fasede terminação.

Desta forma, poderia ser recomendado o uso de ração úmida somente até o finalda fase de crescimento, mas isto esbarra em um problema. Os animais, depois deacostumados com ração úmida, rejeitam, por um bom período de tempo, a ração seca.Portanto, a ração úmida deve ser evitada quando se busca produzir animais com altopercentual de carne magra.

3.3.3 Alimentação por fases

A necessidade diária de nutrientes aumenta a medida que o suíno cresce.Contudo, o consumo de alimento aumenta mais rápido do que a necessidade denutrientes, portanto, a densidade nutricional da dieta pode diminuir. Este conceitoé a base da alimentação por fases, o qual evita o desperdício de nutrientes caros peloanimal.

Tabela 4 — Comparação entre diferentes programas de arraço-amento em suínos.

Fases (tipos de rações)uma duas três

Ganho de peso (g/dia) 772 784 789Conversão alimentar 3,28 3,24 3,22Índice de Bonificação 106,2 106,3 106,3Custo da Ração ($/cab.) 38,44 37,03 35,89

Obs.: 1) Todas as rações continham 3.150 kcal ED/kg;2) Animais com padrão genético médio;3) Uma fase: 0,65% de lis. dig. dos 25 aos 105 kg;4) Duas fases: 0,70% dos 25 aos 60 kg e 0,57% dos 60 aos 105 kg;5) Três fases: 0,75% dos 25 aos 45 kg, 0,60% dos 45 aos 75kg e 0,52%dos 75 aos 105kg.Fonte: Praire Swine Centre Inc. (1993).

A adoção de um maior número de rações para melhor atender as necessidadesde cada fase de desenvolvimento dos animais, portanto, não melhora a quantidade degordura na carcaça. Contudo, propicia redução nos custos de produção (Tabela 4).

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3.4 Sanidade

São inúmeros os fatores que afetam a produção de carne magra e a sanidadedo rebanho é um dos que geralmente é esquecido. Como pode ser observado naTabela 5, animais detentores de melhor saúde consomem mais ração, têm melhorganho de peso, obtêm melhor conversão alimentar e também proporcionam carcaçascom maior percentual de carne magra.

Tabela 5 — Efeito do estado sanitário sobre a performance desuínos em crescimento e terminação.

Grau de Exposição a doençasBaixo Alto

Consumo de ração (kg/dia) 2,47 2,36Ganho de peso (g/dia) 890 780Conversão alimentar 2,76 3,07Porcentage de carne(%) 57,0 52,5

Fonte: Williams (1994).

3.5 Nutrição

Toda a formulação das rações deve estar baseada na capacidade de ingestão dealimentos e na capacidade de deposição de carne do animal. Quando estes dados sãoconhecidos fica muito fácil formular uma ração para suínos. No entanto, geralmentenão se conhece com muita exatidão estes valores. Desta forma, sempre se buscaformular com uma certa margem de segurança.

A justificativa para isto pode ser encontrada na Figura 6. Se uma dieta for formuladacom teor de lisina inferior ao requerido por uma determinada genética de suínos, adeposição de carne diminui. Da mesma forma, não se justifica uma quantidade muitoelevada de aminoácidos para suínos com pouca capacidade de crescimento de carne.

FO NT E: Stahly (1989)

0

50

10 0

15 0

20 0

25 0

30 0

35 0

40 0

45 0

0,5 0,65 0,8 0,95

N ív el d e L is in a (% )

De

po

siç

ão

de

Ca

rne

(g

/dia

)

Baixo

Alto

Pad r ão Gen é tic o

Figura 6 — Efeito do nível de lisina e do padrão genético sobre adeposição de carne em suínos

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O que se busca, portanto, é fazer uma ração adequada para cada genéticade suínos, sempre levando em consideração os demais fatores que determinam acapacidade de deposição de carne na carcaça.

4 Conclusão

São vários os fatores envolvidos na produção de carne e o maior segredo está emproduzir bem. Um animal de boa genética, saudável, criado em ambiente adequado erecebendo boa alimentação terá uma boa porcentagem de carne na carcaça.

Medidas como a restrição alimentar, nestes casos, tem muito pouca influênciasobre o resultado final e, portanto, chegam a ser desnecessárias.

A busca da carne magra, por outro lado, faz com que o produtor dê maioratenção às fases de crescimento e terminação, as quais sempre dispensaram maiorescuidados. Vale lembrar que neste período é consumida mais de 70% do total de raçãopara produzir um suíno (Figura 7).

C o n s u m o (k g /100k g )

P ré -

In ici a l

2 %

In i cia l

10 %

C re sc . +

T erm .

74 %

G est. +

L ac ta çã o

14 %

D es p esas (R $/100k g )

P ré -

Ini ci a l

1 0%

Ini ci a l

2 9%

C re sc . +

T erm .

5 1%

G es t. +

L ac ta çã o

1 0%

Figura 7 — Distribuição do consume e despesas com arraçoamento.

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FATORES DETERMINANTES DO RENDIMENTO DECARNE MAGRA EM SUÍNOS:MELHORAMENTO GENÉTICO

João Donisete do Nascimento

Gerente de Genética Agroceres PICCaixa postal, 472, CEP 38703-236 - Patos de Minas-MG

Introdução

O melhoramento genético de suínos teve o seu início, nos moldes da indústriaatual, a partir da década de 60. Naquela década, a taxa de crescimento dos animaise, em seguida,

a economia de ração eram os objetivos perseguidos nos programas de seleção, istoporque, tanto a carne quanto a gordura, tinham valor comercial. A partir da década de70, com o crescimento da indústria do óleo vegetal e a conseqüente campanha contrao colesterol, bem como as mudanças nos hábitos alimentares das pessoas, houve umdecréscimo substancial no valor da gordura animal.

Em função desse aspecto, os programas de melhoramento genético buscaramincluir, como critério de seleção, a redução da espessura de toucinho subcutâneae conseqüentemente diminuir o conteúdo de gordura na carcaça dos suínos.

Qualidade de carcaça e de carne é influenciada por fatores genéticos, de manejoalimentar, da qualidade da nutrição (qualidade dos ingredientes e níveis nutricionais),do estado de saúde do rebanho, do sistema de produção, do transporte dos animais,do manejo pré-abate, de abate e pós-abate, do processamento e do armazenamentoda carne.

Neste trabalho, será enfocada a influência do melhoramento genético sobre aqualidade de carcaça e de carne suína.

Qualidade de carcaça e de carne

Há um bom motivo para se dar especial atenção ao melhoramento genético paraqualidade de carcaça e de carne suína: são características de alto valor econômico ea resposta à seleção referente a muitos critérios aplicados a elas é boa.

A crescente demanda de carne, associada à disponibilidade de uso de aparelhosde ultra-sonografia de melhor poder de resolução, possibilitou a intensificação doaumento do conteúdo de carne na carcaça (SZALO et al.,1999). No Brasil, a partirdo final da década de 80, especial atenção foi dada à conformação de carcaça, bemcomo a distribuição dessa carne em partes de maior valor comercial, tais como pernil,lombo e paleta.

DE VRIES & KANIS (1994), analisando informações disponíveis na literatura sobrea evolução genética nos últimos anos para características de eficiência de crescimentoe qualidade de carcaça, encontraram valores entre 1 a 2% em relação ao progressogenético anual para redução da espessura de toucinho.

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Atualmente, o objetivo de continuar aumentando o conteúdo de carne na carcaçaestá se tornando mais complexo, visto que há uma tendência de aumento no pesode abate de suínos que diminui a taxa de deposição de carne em detrimento deuma maior taxa de deposição de gordura (MOREIRA, 1998). Também, a intensaseleção genética de suínos para produção de carcaça com menor conteúdo degordura tem provocado um efeito negativo na qualidade da carne (TERRA & FRIES,2000; RÜBENSAM, 2000), além de contribuir para a redução do consumo de alimento,afetando, com isso, a taxa de crescimento dos animais. Especialmente, animais degenótipos musculares apresentam baixa taxa de ingestão de ração e menor taxade crescimento e estão associados a presença do gene halotano cujo efeito estárelacionado com a alteração do metabolismo que acarreta a diminuição aceleradae intensa de pH que, por sua vez, afeta a cor e a capacidade de retenção de água,além de afetar as propriedades organolépticas da carne, tais como maciez, suculênciae sabor.

Por essa razão, nos anos recentes, especial atenção tem sido dada aomelhoramento genético para qualidade de carne suína.

Na Tabela 1 são apresentados os valores de herdabilidade para cor, gorduraintramuscular, capacidade de retenção de água, maciez e pHu e a correlação genéticaentre essas características de qualidade de carne com o ganho de peso diário,espessura de toucinho, % carne na carcaça e teor de gordura intramuscular (MOREL,1995 citado por SOSNICKI et al, 1996).

Tabela 1 — Herdabilidades e correlações genéticas entre características de qualidade decarne e qualidade de carcaça e taxa de crescimento

Parâmetro Valor CorGordura

Intramuscular

CapacidadeRetençãode Água

Maciez pHu

H2 Médio 0,30 0,50 0,20 0,30 0,20Amplitude 0,10/0,60 0,25/0,85 0,05/0,65 0,20/0,40 0,10/0,40

Rg Ganho Médio -0,15 (D) O,40 0,00 -0,15 (D)Peso Diário Amplitude -0,50/0,15 0,15/0,60 -0,80/0,50 -0,40/0,50Rg Espessura Médio 0,20 (F) 0,20 0,20 (F) 0,20 (F) 0,15 (F)Toucinho Amplitude -0,20/0,60 -0,20/0,60 -0,20/0,80 -0,20/0,40 0,40/0,50Rg % Carne Médio -0,25 (D) -0,20 (D) -0,35 (D) -0,20 (D) -0,10 (D)Carcaça Amplitude -0,60/0,20 -0,50/0,40 -0,80/0,25 -0,60/0,20 -0,70/0,35Rg Gordura Médio -0,20 (D) -0,05 (D) 0,25 (F) 0,00Intramuscular Amplitude -0,10/0,35 0,20/0,30 -0,20/0,40

Legenda:h2 - Valores de herdabilidaderg - Correlação GenéticapHu- pH da carne 24 hs após o abateF - Valor da correlação favorávelD- Valor da correlação desfavorável

Como pode ser observado nos valores das correlações genéticas mencionadas naTabela 1, o melhoramento para a quantidade de carne na carcaça resulta em um efeito

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desfavorável sobre a cor, teor de gordura intramuscular, capacidade de retenção deágua, maciez e pHu da carne.

O progresso genético para as características de qualidade de carne, tais comocor, capacidade de retenção de água, maciez, suculência e sabor, tem sido dificultadopelos seguintes fatores:

1. indefinição do sistema de pagamento e pouca compreensão do que seriaimportante para a indústria em termos de qualidade de carne;

2. dificuldade de medir as características no animal vivo; e3. algumas medidas apresentam um certo grau de subjetividade (PIC, 1997).Apesar dessas dificuldades, o programa genético da PIC, do qual faz parte o

programa genético Agroceres PIC, tem buscado melhorar a qualidade de carneem dois dos seus aspectos principais: cor e pH. Isso tem sido possível por meiode medidas de qualidade de carne, principalmente de fêmeas do núcleo genéticoenviadas para o abate - sendo estas informações consideradas na estimativa do méritogenético dos animais selecionados via BLUP (PIC, 1997).

A seleção assistida por marcadores genéticos, que é uma técnica que combinainformações do genótipo do animal com informações fenotípicas, está contribuindo, econtribuirá ainda mais, para incrementar o progresso genético para as característicasrelacionadas à qualidade de carne suína.

O teste HAL- 1843 R©, desenvolvido no Canadá em 1991, foi o primeiro testede DNA disponível para uso comercial sendo largamente utilizado nos programasgenéticos em todo mundo.

Um segundo gene de efeito importante que afeta qualidade de carne, denominadogene da carne ácida, foi identificado em animais oriundos da raça Hampshire(PLASTOW, 2000). Esse gene está relacionado ao conteúdo de glicogênio das célulasque formam as fibras musculares brancas e sua presença implica em uma perdano rendimento industrial de determinados cortes da carcaça suína, especialmente opernil, quando cozido sem a adição de fosfato (SOSNICKI et al., 1996).

O teor de gordura intramuscular, que afeta a aparência e o sabor da carne,tem sido identificado como um importante fator na determinação da preferência doconsumidor pelo consumo da carne suína e, recentemente foi encontrado genes deefeitos importantes relacionados a esta característica (PLASTOW, 2000).

A PIC investe, continuamente, significativos recursos em genética molecular como objetivo de encontrar novos marcadores ligados as características de qualidadede carne, isso porque a utilização de genes de efeitos importantes que afetamqualidade de carne proporcionará uma excelente oportunidade de melhoria permitindoa obtenção de grandes progressos em um espaço de tempo relativamente curto,contribuindo para redução da variabilidade em termos de qualidade do produtofinal, uma vez que alguns genes relevantes podem ser fixados, além de permitir adiferenciação de produtos para mercados específicos.

Considerações finais

O consumidor demanda carne de qualidade em relação a cor, consistência,sabor, valor nutricional, conveniência, segurança alimentar e preço. Os distribuidoresexigem da indústria que processa produtos que atendam às necessidades dos

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consumidores. A indústria procura identificar aqueles produtores que possuemmatéria prima que reúne as condições de rendimento industrial e atendam àsexigências dos consumidores de carne suína. Os produtores, por sua vez, necessitamproduzir suínos que produzam carne de boa qualidade a um custo mínimo. Por isso,o programa genético Agroceres PIC procura reunir, nos produtos que desenvolve ecomercializa, todos os requerimentos da cadeia da carne suína, estabelecendo comoum dos objetivos prioritários de melhoramento genético, a qualidade de carcaça e aqualidade de carne.

Com vista ao atendimento dos objetivos de melhoramento supracitados, oprograma genético Agroceres PIC se organiza em quatro etapas, as quais são:

1. escolha das populações genéticas que atendam os objetivos previamentedefinidos;

2. seleção genética dentro destas populações, usando os princípios da genéticaquantitativa e molecular;

3. cruzamentos buscando, entre outros aspectos, a complementaridade entre aspopulações genéticas; e

4. disseminação de genes do ápice para a base da pirâmide de produção de suínos.

O programa genético Agroceres PIC tem o propósito de desenvolver suínos queatendam a demanda dos diferentes segmentos que compõem a cadeia da carnesuína, com o objetivo principal de atender o consumidor final.

Bibliografia

DE VRIES,A.G.,KANIS,E. Selection for efficiency of lean tissue deposition inpigs.In:Principles of Pig Sience, 1994. p.23- 41, Nottingham University Press,UK.

MOREIRA,I. Nutrição de Rebanhos (de Suínos) Geneticamente Melhorados. IISimpósio Nacional de Melhoramento Animal,Uberaba,1998. P.177-183.

MOREL,P. Meat quality series. Newsbrief. 1995. 2p. cidado por SOSNICKI,A. A.,SHELLIER,K.K., WILSON,E.R., VIRIES, A.G. Pork quality traits: Genetic andenvironmental effects. II jornada en produccion porcina,México,1996.p.29-38.

PIC "Breeding for Meat Quality" Program. Technical Update - genetics. PIC USA. V.2,n.1, 1997.4p.

PLASTOW, G. S. Molecular Genetics in the Swine Industry. III Simpósio Nacional deMelhoramento Animal, Belo Horizonte, 2000.p.21-37.

RÜBENSAM,J.M. Transformações Post Mortem e Qualidade da Carne Suína. IConferência Virtual Internacional sobre Qualidade de Carne Suína,2000.

SZALO,C., BABINSZKY,L., VERSTEGEN,M.W.A.,VAGEN,O., JANSMAN, A.J.M., KA-NIS,E. The application of digital imaging tecniques in the in vivo estimation of bodycomposition of pigs: a review. Livestock Production Science, 60:1-11, 1999.

TERRA,N.N., FRIES,L.L.M. A qualidade da carne suína e sua industrialização. IConferência Virtual Internacional sobre Qualidade de Carne Suína,2000.

SOSNICKI,A.A, SHELLIER,K.K., WILSON,E.R., VIRIES, A.G. Pork quality traits:Genetic and environmental effects. II jornada en produccion porcina,México,1996.p.29-38.

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AVANÇOS TECNOLÓGICOS NA NUTRIÇÃO DEMACHOS REPRODUTORES SUÍNOS

Laurent Hugonin

Eng. Agr., Swine Nutrition - Idena, France

Um novo modo de incrementar a produtividade da granja de suínos

O manejo de cachaços tem recebido cada vez mais atenção com o desenvolvi-mento da técnica de Inseminação Artificial. Antes desta prática não havia nenhumde condições climáticas e ambientais, embora ainda algumas vezes os machos sãomantidos em condições desfavoráveis de higiene. Portanto, muitas recomendaçõestêm sido realizadas baseadas em práticas de porcas em gestação.

Porém, o macho reprodutor não atinge o desempenho desejado - não tem o mesmoapetite - e, na prática, a quantidade de alimento fornecido não é proporcional ao pesometabólico e nem às condições ambientais. Os machos destinados à InseminaçãoArtificial têm um alto potencial de desenvolvimento muscular, com menor espessurade toucinho e, conseqüentemente maior propensão a problemas locomotores.

Na Europa, muitos Centros de Inseminação têm que adaptar alimentos especiaispara a nutrição de machos reprodutores, em razão do grande número de descartesprecoces. Investigações têm sido conduzidas para estabelecer os parâmetrosnutricionais e as respostas obtidas nos machos reprodutores. As exigências deaminoácidos e de diferentes tipos de ácidos graxos influenciam o desenvolvimentosexual e a capacidade reprodutiva. Os espermatozóides devem manter uma altacapacidade de movimentação e a integridade destes gametas é a mais importantecaracterística para se obter um boa condição de fertilização.

A nutrição dos machos reprodutores pode influenciar a quantidade de sêmen(número de espermatozóides e volume do ejaculado), especialmente nos animaisjovens e sob condições desfavoráveis de ambiente, já que é bem conhecida adepressão da alta temperatura sobre a produção de sêmen. A puberdade é atrasadaquando a ingestão de alimento do jovem macho reprodutor reduz-se. Uma quedade 30% na ingestão de alimento resultou em um atraso de 30 dias para os animaisatingirem a puberdade para reprodutores sintéticos.

A respeito da libido, o impacto da nutrição com a variação da ingestão de energiae proteína mostra efeitos expressivos. Porém, matérias-primas ditas alternativas,como a aveia, são geralmente utilizadas considerando-se a variação das cadeiaslongas de ácidos não-graxos. O efeito da energia e da proteína aparece quando omacho reprodutor recebe 20% das exigências. Os resultados da utilização de níveisdiferentes de aminácidos não mostram efeitos diretos, sendo os mais importantantesa queda da libido quando o macho adulto aumenta excessivamente seu peso, além dapresença de gordura corporal mais firme e de letargia. O balanço energia x proteínaé completamente diferente entre os cachaços jovens e adultos.

Sobre a produção de esperma, têm sido observadas algumas diferenças no volumetotal do sêmen, reduzindo as células com patologias. O tempo necessário para amaturação e transporte de espermatozóide justifica a alimentação diferenciada dos

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machos por seis semanas. É importante aumentar os níveis e a disponibilidade deaminoácidos e de alguns microminerais, como zinco, manganês e ferro, especialmenteos quelatados. O complexo zinco-metionina tem sua função muito bem conhecidapara os machos reprodutores. O selênio na dieta é essencial para o desenvolvimentoadequado dos espermatozóides e para otimizar a taxa de fecundação das porcas.Quanto ao balanço eletrolítico, é muito importante considerar exigências de potássio,sódio e cloro, que tem uma concentração muito específica no sêmen.

Diferentes tipos de ácidos graxos são necessários, além da necessidade degordura bruta, por estarem envolvidos na composição de hormônios e na reserva deenergia do espermatozóide. Os cachaços necessitam diferentes e elevados níveisvitamínicos, especialmente vitamina A, E e biotina. A deficiência de biotina estáassociada a complicações de casco e perda de pelo. A vitamina E atua como umantioxidante de membrana celular, com grande importância no espermatozóide, ondeos ácidos graxos são um componente fundamental. Os machos adultos podemutilizar de maneira eficaz a fibra da dieta, transformando-a em açúcares simples.Assim, justifica-se por que uma restrição alimentar pode levar a fome, constipaçãoe alteração do comportamento relativo ao alimento. O aumento do conteúdo de fibra,especialmente a Fibra Detergente Ácida, pode resultar em sensação de saciedadee boa taxa de trânsito sem produção de toxinas no trato intestinal. Estas últimaspossuem grande influência na incidência de úlceras e na qualidade do sêmen.

A produção de espermatozóides é contínua, ainda que a coleta seja intermi-tente. Assim sendo, é necessário o fornecimento do SUINUTRIS CACHAÇO, onovo programa de nutrição de machos reprodutores suínos da NUTRIS. Nele éincluído o SPERMITO, um suplemento especialmente desenvolvido para melhorar aperformance desta categoria de animais.

Alimentos específicos têm uma grande contribuição para o sucesso dos programasde Inseminação Artificial, pela melhora na produção de espermatozóides.

A produção de espermatozóides pode influenciar o tamanho da leitegada (+ 0,48leitão viável por leitegada) e, evidentemente, a taxa de fecundação. A capacidade domacho reprodutor em fornecer 50% do potencial genético de animais de terminaçãoé muito bem conhecida por todos. Entretanto, um programa de nutrição de cachaçosmal conduzido pode significar uma expressiva perda de leitões nascidos. A relaçãoeconômica é muito simples: o custo da alimentação para machos reprodutoresem Inseminação Artificial representa cerca de 0,4% do custo da alimentação dasporcas na granja. O custo da alimentação em uma Central de Inseminação éaproximadamente 7% do custo total e, a cada ano, um macho utilizado em uma Centralpode produzir 1500 doses de sêmen ou 9.000 leitões nascidos.

Um BOM PROGRAMA NUTRICIONAL é o primeiro passo para a saúde e o bomdesempenho de um macho reprodutor suíno

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EXPANSÃO DA SUINOCULTURA BRASILEIRA EPERSPECTIVAS DE ABSORÇÃO DA PRODUÇÃO,

PELOS MERCADOS INTERNO E EXTERNO

Osler Desouzart

Frangosul S/A Agro Avícola Industrial

O autor não apresentou texto escrito sobre assunto.

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CLASIFICACIÓN DE LAS CANALES PORCINAS ENFRANCIA Y EN EUROPA

Gérard Daumas

ITP (Institut Technique du Porc)– BP3 – 35651 Le Rheu cedexFrancia

Introducción

Los esquemas de clasificación de las canales de las reses de abasto sonactualmente una herramienta básica para el sector productivo y la administración, yaque permiten la regulación y transparencia de las transacciones commerciales.

La necesidad de aplicar métodos de descripción de las canales surgió en los paísesexportadores de carne, en especial del comercio intercontinental. Aunque en el casodel porcino, los comienzos surgen en Dinamarca para mantener los estándares decalidad en sus exportaciones de bacon al Reino Unido.

El objetivo de la clasificación es agrupar las canales en grupos o clases basándoseen uno o varios criterios de calidad. Así pues, los compradores pueden disponer deun lenguaje común que les permite especificar y comprar aquellas que cumplan susrequerimientos. Un buen sistema de clasificación conduce a diferencias de preciosentre las clases que se reflejan en los ingresos que pueden obtener los ganaderos.Esta situación ofrece a los productores la posibilidad de mejorar sus sistemas deproducción para llegar al mercado con las canales que estén más cotizadas.

A continuación se presenta un historico de la clasificación objetiva (con equipos) enEuropa en general y en Francia en particular que acaba con la situación actual. Antesde dar unas perspectivas para el futuro, se describe el sistema de pago en Francia.

1 Breve historico

Varios métodos nacionales se desarrollaron en Europa entre los años 1930 y1950. La creación de la Comunidad Económica Europea (CEE) permitió adoptar unsistema único en los 6 países fundadores. Este estaba basado en la apreciaciónvisual de la grasa dorsal en un cierto número de posiciones en la línea media dela canal y en la apreciación visual del tipo (conformación), dando una idea de lamusculatura. La combinación de estas apreciaciones daba 5 clases de calidad. Perola interpretación de los estándares descriptivos difería notablemente entre países.Las recriminaciones referente a ésto fueron la razón principal del cambio hacia unaclasificación instrumental. Se aceleró este movimiento con la adhesión de Dinamarca,Reino Unido e Irlanda, que ya utilizaban estos instrumentos.

Otra razón del uso de instrumentos era que el porcentaje de magro de las canalesse predecía mejor por el espesor de grasa dorsal medida lateralmente (entre 4 y 8 cmde la línea media) que por medida en la línea media (De Boer et al., 1975 ; Kempster

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y Evans, 1979 ; Diestre y Kempster, 1985 ; Branscheid et al., 1987). Aparatos ópticosfueron desarrollados permitiendo la medida de la grasa lateralmente a la línea media.

La clasificación instrumental se desarrolló mucho más rápido para los cerdos quepara los vacunos u ovinos, porque la capa subcutánea es proporcionalmente máselevada (Kempster et al., 1982).

Tabla 1 — Distribución de los tejidos grasos en 3especies

En % de la grasa total Cerdo Ovino VacunoGrasa subcutánea 71 46 32Grasa intermuscular 19 42 52Grasa perirenal 10 12 16

Luego posteriores estudios demostraban que el área del lomo mejoraba laprecisión de la predicción del porcentaje de magro. Apareció entonces una segundageneración de aparatos.

2 Introducción de la clasificación objetiva

2.1 Reglamentación comunitaria

La clasificación objetiva fue introducida en la CEE (Comunidad EconómicaEuropea) en los años 1984/1985. Los reglamentos CEE no 3220/84 y 2967/85 debíanentrar en vigencia a partir del 1 de noviembre del 1985 y antes del 31 de diciembredel 1988. El sistema implantado en todos los Estados miembros esta basado en lossiguientes principios:

• Presentación normalizada de las canales;

• Identificación individual de las canales;

• Utilización de medidas objetivas para predecir el porcentaje de carne magra dereferencia.

Este ultimo criterio sirve para otorgar las clases comerciales dentro de intervalosde 5% según las letras EUROP (Tabla).

Tabla 2 — Clasificación EUROPClases % de magroE > = 55U 50 - 54R 45 - 49O 40 - 44P < 40

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Los Estados miembros que lo desean pueden introducir una clase adicional (S)para 60 y más.

Según estas normativas, el porcentaje de magro estimado se determina pormétodos aprobados, los cuales deben cumplir ciertos requisitos estadísticos. Lainformación debe estar basada sobre una muestra representativa de la menos 120canales disecadas. Cada uno de los métodos debe predecir el porcentaje de magrocon un residual de la desviación típica (RSD) máximo, de 2.5%.

2.2 Métodos aprobados para cada Estado miembro: el caso deFrancia

Cada Estado miembro ha logrado la aprobación de sus propios métodos declasificación usando medidas objetivas y ecuaciones para estimar el porcentaje demagro de referencia, sujetos a los requerimientos estadísticos mínimos exigidos. Enla mayoría de los casos cada método consiste en una ecuación para estimar elporcentaje de magro de referencia a partir de medidas de espesores de grasa dorsaly profundidades de músculo usando un instrumento o equipo determinado.

En Francia, la clasificación objetiva según el porcentaje de magro empezó el13 de junio del 1986 en los mataderos bretones y poco a poco se amplio a lasdemás regiones. Un solo instrumento se utilizaba: el Fat’O Meater (FOM) concebidoen Dinamarca. Tres espesores estaban medidos en 2 sitios y combinados en unaecuación de predicción:

Y = 57.399− 0.330X2− 0.441X4 + 0.193X5 Se= 2.21

X2: espesor de grasa subcutánea entre la 3a y 4a vértebra lumbar contando a partirde la ultima a 8 cm de la línea media

X4: espesor de grasa subcutánea entre 3a y 4a costilla contando a partir de laultima a 6 cm de la línea media

X5: profundidad de músculo entre 3a y 4a costilla contando a partir de la ultima a6 cm de la línea media

Y: porcentaje de magro obtenido con un método nacional de disección.

Esta ecuación fue el resultado de un ensayo de disección realizado en 1982 sobre344 canales. La elección de estos predictores resulta de la experiencia de Dinamarca,que utilizaba 3 sitios de medida. Sin embargo, la elevada velocidad de las líneas desacrificio francesas militaba a favor de la supresión de un sitio. Fue la espesor mínimode grasa en la línea media al nivel del m. gluteus medius, variable que reduce poco elerror (Desmoulin et al., 1984).

Desde el ensayo del 1982, nuevos aparatos de clasificación habían aparecido enel mercado. Por un lado, el uso en el mismo Estado de métodos de clasificaciónfundamentalmente diferentes generaba un riesgo alto de desviaciones sistemáticas.Por el otro lado, el monopolio de un fabricante tiene también desventajas. Entonces elMinisterio francés decidió una estrategia intermedia: utilizar varios instrumentos perocon la misma ecuación para todos. Se consideraba los aparatos de clasificación comoinstrumentos para medir espesores de grasa y de músculo. Esto necesitaba el uso deun aparato calificado de referencia, teniendo 2 papeles:

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• Medir los predictores en la muestra de disecciones,

• Eliminar las deviaciones sistemáticas entre aparatos.

La experimentación tenia lugar en 2 etapas:

• Un ensayo clásico de disección, pero el aparato utilizado no era él comercial sinoél de referencia. Este ensayo tuvo lugar durante 1987 en una muestra de 168canales.

• Un ensayo de calibración de los instrumentos. Cinco aparatos: FOM-6 (sondacon un diámetro de 6 mm), FOM-8, SPC, Destron y HGP2 fueron comparadoscon el método de referencia (endoscopio + miómetro) en una muestra de 350canales para cada método durante 1988. Solo el HGP2 no supero al test.

En base a la 1a etapa fue calculada la siguiente ecuación:

Y = 55.703− 0.190X2− 0.595X4 + 0.193X5 Se= 1.88

Pero esta ecuación nunca entro en vigencia. Su introducción hubiera provocadoun cambio importante de los porcentajes de magro estimados, lo que parecía difícildurante una crisis aguda. Entonces Francia pidió a la Comisión Europea unaautorización provisional para emplear los 4 aparatos con la ecuación resultando delensayo del 1982. Además como se habían observado desviaciones entre países,debido probablemente y en gran parte al uso de métodos nacionales de disección, sepidió una investigación sobre este tema.

3 Evolución de la clasificación objetiva

3.1 El ensayo comunitario de armonización del 1990

En las ecuaciones aprobadas en los años 1980 el porcentaje de magro dedisección se obtuvo con métodos nacionales, que luego se ajustaron al magro dereferencia utilizando los datos obtenidos en el estudio CEC (1979). Existían evidenciasclaras que la población porcina había cambiado durante los últimos diez años, poresto las relaciones de ajuste establecidas en ese tiempo podían no tener validez.Lógicamente, no estaba claro que todas las ecuaciones de los métodos en usofueran estimadores no sesgados de porcentaje de magro de referencia con el nivelde precisión requerido. De cara al mercado único en el 1992, era importante que lascanales de una calidad dada, comparadas en cualquier Estado miembro, deberíantener el mismo contenido en carne magra.

La Comisión de las CE decidió de un proyecto de investigación con los siguientesobjetivos:

• Estimar los sesgos entre Estados miembros y reducirlos si fuera necesario.

• Evaluar el interés de armonizar los puntos de medición de los predictores(espesores de grasa y músculo).

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9o Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura25 a 27 de abril de 2001 — Gramado, RS

• Utilizar un método único de disección de referencia (método de Kulmbach) ydefinir un método simplificado, que pueda reemplazar el método de referenciacompleta; esto permitiría calibrar las ecuaciones con más frecuencia.

En este trabajo se estudiaron 120 canales por país que fueron seleccionadas deforma que el 40% representaban las más grasas, el 40% las más magras y el 20% lamedia del Estado miembro. Los resultados fueron publicados en 1992 (Cook y Yates).Los ponentes de este ensayo de armonización hicieron las siguientes conclusiones:

• La precisión de los métodos autorizados era conforme al requisito reglamentarioen la mayoría de los casos.

• La introducción de una ecuación única en la Comunidad provocaría una notableperdida de precisión.

• La introducción del sexo mejoraría la precisión en varios países.

• El uso de un método simplificado de disección disminuiría considerablemente elcoste con una escasa perdida de precisión.

• El coste podría todavía ser reducido gracias a la introducción simultánea de unmétodo de disección supersimplificada combinada en un doble muestreo.

3.2 La modificación del porcentaje de magro y de los métodos

Las conclusiones fueron luego trasladadas a la reglamentación. Se simplificó ladisección, limitándose a los 4 piezas principales: jamón, lomo, espalda y panceta(Walstra y Merkus, 1996). Así se redujo a la mitad el tiempo de disección y a la vez seguardaba una buena apreciación del valor comercial de las canales. Base a este modode disección se consiguió un compromiso para definir el modo de calculo del nuevoobjetivo de clasificación. Esté conservo la misma denominación en la reglamentacióncomunitaria.

Desde entonces los Estados miembros deben presentar el protocolo de losensayos de disección antes de empezar al Comité de Gestión de la Carne Porcinaen Bruselas, lo que permite hacer modificaciones. Igualmente este Comité debedar su autorización antes de la introducción de los nuevos métodos en el territorionacional. Para ayudar en el débate se redacto una guía con el fin de superarcuestiones estadísticas pendientes. Por ejemplo, recientemente un país ha debidocambiar las ecuaciones que había calculado inicialmente, porque no respetaba alas recomendaciones de la guía, lo que demoro de 6 meses la autorización de susmétodos.

A 1 de enero del 2001, 8 Estados miembros habían obtenido la autorización demétodos de predicción del nuevo porcentaje de magro. Los 7 restantes se beneficiantodavía de la autorización de sus métodos de clasificación según la antigua definición.La ausencia de un calendario de armonización provoca una fase transitoria de variosaños, por lo menos de 1997 hasta 2002.

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4 Situación actual de la clasificación

4.1 En Francia

4.1.1 Métodos de clasificación

En marzo 2001, 3 métodos de clasificación son autorizadas en Francia. Todosincluyen el sexo. Cuando la velocidad de la línea de sacrificio supera los 500 cerdos /hora se deben utilizar 2 aparatos. Se puede conseguir más detalles sobre los ensayosy los cálculos de las ecuaciones en Daumas et al. (1998).

• Método CGM

El aparato esta fabricado y comercializado por la sociedad francesa SYDEL,ubicada en Lorient. Se llama CGM lo que significa Capteur Gras Maigre (SondaGrasa Músculo). Utiliza la reflectáncia tal como el FOM o el HGP. Un botónpermite grabar el sexo. Desde su aparición en el mercado en 1993 es el aparatomas utilizado en Francia.

Dos sitios de medida son utilizados:

– entre 3a y 4a vértebra lumbar contando a partir de la ultima a 8 cm de lalínea media

– entre 3a y 4a costilla contando a partir de la ultima a 6 cm de la línea media

Figura 1 — Sitios de medición del CGM

En el primer sitio la sonda se introduce perpendicularmente a la piel para medir elespesor de grasa (G1). En el segundo sitio la sonda se introduce paralelamentea la línea media para medir el espesor de grasa (G2) y la profundidad del músculo(M2).

Las ecuaciones de predicción del porcentaje de magro por sexos son lassiguientes:

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Para hembras:

Y = 61.68− 0.142G1− 0.449G2 + 0.154M2

Para machos castrados:

Y = 58.15− 0.198G1− 0.570G2 + 0.255M2

• Método Ultra-Meater

El aparato esta fabricado y comercializado por la sociedad alemana CSB-SYSTEM, ubicada en Geilenkirchen. Utiliza la ecografía (imágenes deultrasonidos en 2 dimensiones: scan B) También se puede grabar el sexo.

Se utiliza un solo sitio de medida: entre 2a y 3a costilla contando a partir dela ultima a 6 cm de la línea media. La trayectoria de los ultrasonidos sonperpendiculares a la piel. El programa de análisis de imagen determina elespesor de grasa (Gc) y la profundidad del músculo (Mc).

Las ecuaciones de predicción del porcentaje de magro por sexo son lassiguientes:

Para hembras:

Y = 60.87− 0.797Gc+ 0.209Mc

Para machos castrados:

Y = 58.44− 0.953Gc+ 0.304Mc

• Método manual (regla)

Se concibió un método manual para los mataderos que sacrifican menos que200 cerdos por semana o en caso de avería del aparato electrónico. Se toman 2medidas en la línea media:

– el espesor mínimo de grasa sobre el m. gluteus medius (G),

– el espesor mínimo del músculo lumbar (M).

Las ecuaciones de predicción del porcentaje de magro por sexo son lassiguientes:

Para hembras:

Y = 54.84− 0.545G + 0.194M

Para machos castrados:

Y = 48.35− 0.488G + 0.255M

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Figura 2 — Sitios de medida delmétodo manual

Figura 3 — Regla de clasificación (recto y verso)

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Con fines prácticos se fabrico una regla para utilizar manualmente estasecuaciones. A cada uno de los lados corresponde un tipo sexual. Primero semide el espesor de grasa la cual esta graduada en porcentaje de magro (parteizquierda de la regla). Segundo se mide el espesor de músculo el cual estaconvertido en una variación del porcentaje de magro. Tercero se añaden los 2valores, por ejemplo: 62 + (-1) = 61 % de magro.

• Precisión de los métodos

La precisión esta entre 2.0 y 2.5. El método CGM es el más preciso pero necesitala medida de un segundo espesor de grasa. Para este aparato la precisión paralas hembras supera a la de los machos castrados.

Tabla 3 — Desviación estándar residual de los métodos francesesCGM Ultra-Meater Manual

Hembras 1.98 2.21 2.45Castrados 2.17 2.24 2.49

4.1.2 Resultados de clasificación

En Francia la clasificación está organizada por Asociaciones interprofesionalesregionales. Pesaje y clasificación se llevan a cabo bajo la responsabilidad delpropietario de los animales durante el sacrificio. En el gran oeste, donde sesacrifican los 3/4 de los cerdos en Francia, esta responsabilidad esta delegada aun organismo independiente (llamado Uniporc Ouest). La clasificación con aparatoselectrónicos se realiza en un centenar de mataderos, sacrificando 95% de loscerdos. Seis organizaciones regionales centralizan los datos de su región y publicanperiódicamente estadísticas. Representan 78 mataderos y 90% de la matanzanacional; todos usan el CGM.

Tabla 4 — Resultados técnicos de clasificación en Francia en 2000Gran oeste Conjunto Hembras (H) Castrados (C) Diferencia (H-C)Peso canal (kg) 87.4 87.4 87.5 - 0.1Porcentaje de magro 60.3 61.7 58.8 + 2.9G1: Grasa lumbar (mm) 16.8 15.8 17.9 - 2.2G2: Grasa dorsal (mm) 15.2 13.8 16.6 - 2.8M2: Músculo longissimus (mm) 54.2 55.1 53.5 + 1.6

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Figura 4 — Distribución de los cerdos según el porcentaje de magro para cada sexo

4.2 En la UE

Generalmente se publican los resultados de los ensayos de disecciónes que sirvenpara obtener la aprobación de los métodos de clasificación. Se puede por ejemploreferir a Gispert y Diestre (1994) para España, Branscheid et al. (1997) para el Autofomen Alemania, Busk et al. (1999) para el Autofom en Dinamarca.

La tabla 5 presenta todos los métodos autorizados de los Estados miembros dela UE. La figura 5 específica el equipo más común en los mataderos y el número desitios de medición.

Sólo unos países publican estadísticas referentes a los datos de pesaje yclasificación en sus mataderos. Se trata de Alemania (por Land), Dinamarca, Francia,Gran Bretaña, Países Bajos y Suecia. Alemania publica por clases EUROP, lo que espoco informativo, casi todos los cerdos pertenecen a las clases E o U. Gran Bretañasólo publica datos relativos a la espesor de grasa (MLC, 2000). Suecia y Países Bajossólo han publicado estimaciones del porcentaje de magro con la antigua definición.

Dos dificultades hacen difícil la comparación de la calidad promedio de las canalesen la Unión europea: las definiciones diferentes del porcentaje de magro y la fuente deinformación (resultados nacionales o muestra). Los ensayos de disección realizadospara llevar a cabo los métodos de clasificación deben ser representativos de lapoblación nacional porcina. En este caso constituyen una fuente interesante deinformación. De la comparación salen 2 grupos: uno con 60–61 % y el otro con 56–58%. Bélgica, Francia y Dinamarca tienen los porcentajes de magro más elevados. Hayincertidumbres sobre las posiciones de Gran Bretaña, España y Países Bajos, quetodavía utilizan la antigua definición del porcentaje de magro.

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1 sitio

Mas de 2 sitios

2 sitiosH GP

H GP

FOM

CG M

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ZP

SK G

H GP

CCH GP

Figura 5 — Equipo más común y número de sitios de medición porEstado miembro (Marzo 2001).

Tabla 6 — Porcentaje de magro promedio por Estado miembroEstado

miembroBél-gica

Fran-cia

Dina-marca

GranBretaña

Ale-mania

Aus-tria

Espa-ña

Sue-cia

Fin-landia

Ir-landa

PaísesBajos

% magro 61 60 60 58 57 57 57 57 56 56 56Método (1) Nuevo Nuevo Nuevo Viejo Nuevo Nuevo Viejo Nuevo Nuevo Nuevo ViejoAño 1996 2000 2000 1996 1995/96 1996 1996/97 2000 1995 1996 2000

Fuente (2)Mues-

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nal(1) Nueva o vieja definición del % de magro(2) Estadísticas nacionales o muestra para ensayo de disección.

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5 El pago según el porcentaje de magro: el caso deFrancia

El sistema de clasificación de canales debe incentivar a los productores a buscarmétodos para llegar al mercado con canales mas magras. En el Reino Unido,Kempster et al. (1986) encontraron que desde 1975 a 1984 se había reducido0.5 mm/año el espesor de grasa. Desde la generalización de la introducción de laclasificación objetiva en la UE se ha observado un incremento del porcentaje de magroen todos los países. El sistema de pago siempre favorece este aumento, más o menossegún los países. Como ejemplo se va a detallar a continuación el sistema de pagoen Francia.

En Francia, el pago se decide generalmente a través de contratos interprofesiona-les regionales. Hay un precio de referencia al cual se añaden incentivos o se deducenpenalizaciones. El mercado bretón del cerdo sirve de referencia para toda Francia.Incentivos y castigos dependen de 3 criterios: porcentaje de magro, peso canal ycalidad de carne. Casi toda Francia utiliza la tabla de los incentivos según el porcentajede magro del mercado bretón.

Tabla 7 — Incentivos y penalizaciones según el por-centaje de magro en el mercado bretón

% magro Céntimos FRF/kg62 y más 12561 12060 11059 9558 7057 4556 2555 1054 053 - 2552 - 5051 - 7550 - 10049 - 12548 y menos - 250

El porcentaje de magro es el criterio lo más importante en la determinación delprecio. Dos veces a la semana se negocia el precio base por un canal de 54% demagro. El incentivo máximo es de 1,25 FRF/kg cuando el % de magro sobrepasa 61,lo que ocurre para aproximadamente 40% de los cerdos. El % de magro promedio es60%, pero los productores solo ganan 1 FRF (lo que corresponde a un poco mas que59%) porque la tabla no es lineal. Menos del 5% de los cerdos son castigados.

Peso y calidad de carne son criterios más regionales. Sin embargo para el pesoel principio es el mismo: hay un intervalo donde el precio es máximo y fuera de este

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rango se castiga. Generalmente el intervalo es de 30 kg. En febrero 2001 se modificoeste intervalo en la zona líder de 72–96 kg a 75–100 kg (peso canal caliente sin grasaperirenal, riñones y diafragma). Se espera un aumento de 2 kg del peso promedio alo largo de unos meses.

Tabla 8 — Penalizaciones según el peso

Peso canal (kg) Penalizaciones (FRF/kg)45 – 67.9 -2.0068 – 71.9 -1.5072 – 74.9 -0.6075 – 100 0

100.1 – 105 - 0.30105.1 – 120 - 1.00(MPB: desde el 26/02/01)

La calidad de carne no se aprecia directamente. Se han elaborado unosrequerimientos cuyos respeto debería evitar defectos de calidad. El contenido trata de:identificación y trazabilidad, normas alimentarias, especificaciones sanitarias, ayuno,muelle de carga. La finca debe tener una autorización por parte de un organismocertificador oficial. En este caso el premio es de 0.15 FRF/kg para los animales deestas granjas.

El precio se refiere a una canal fría. Al peso caliente se deduce un 3% para calcularel peso frío a la condición de que el tiempo entre la partición de la canal y el pesajesea menos de 7 min (si no es un 2% hasta 1 hora).

A nivel de la UE la definición estándar de la canal de porcino es el cuerpo despuésde sangrado, eviscerado y depilado, despojado de lengua, pezuñas, genitales, grasapélvicarenal, riñones y diafragma. Cuando la presentación comercial en un Estadomiembro es diferente se aplica un coeficiente corrector. En Francia por ejemplo, amenudo la lengua se queda con la canal; entonces se reduce el peso de 0.5%. Estacorrección esta incluída en el coeficiente de 3%.

En la UE se paga el productor en base al peso canal (frio o caliente según lospaíses). No se convierte en peso vivo. Entonces el rendimiento canal no es unapreocupación comercial. Sólo influye en la estimación de la ganancia promedia diariay del índice de consumo. En el analísis de los resultados técnicos e económicos delas granjas manejado por el ITP se utiliza un valor de rendimiento en frío de 76.5%, loque corresponde a un rendimiento en caliente de 78.9% para la presentación francesa(con lengua). Este valor es conforme con lo que se mide en las estaciones de control.

6 Perspectivas de evolución

Jones et al. (1997) y después Allen (1998) analizaron recientemente los métodosobjetivos de evaluación de las canales.

Estos últimos años los mayores progresos tocan a las técnicas no invasivas, talescomo ultrasonidos, el análisis de imágenes de vídeo y el escáner electromagnético. Encomparación con los equipos de reflectáncia estos métodos presentan las ventajas de

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una mayor precisión potencial y de la ausencia del riesgo de contaminación cruzada.El potencial de precisión viene de que no hay limitación a un o dos sitios determinadosde espesores de grasa y de músculo. Para esta misma razón los sesgos entregrupos de animales con una repartición diferente de sus tejidos pueden ser reducidos.Además, estos métodos son generalmente automáticos o capaces de serlo, lo quepermite de reducir el coste de mano de obra y de mejorar la objetividad así como larepetibilidad.

El coste elevado excluye las técnicas de tomografía que consisten en realizar unacartografía cortes transversales de los tejidos. Los rayos X como la RMN (ResonánciaMagnética Nuclear), utilizados en medicina humana, pueden ambos alcanzar una altaprecisíon.

El desarrollo de cámaras de vídeo y de programas informáticas bastante baratosha permitido la aparición de métodos de clasificación basados en imágenes. Cámarastoman imágenes en la línea media. De los análisis de las imágenes se extraen áreasde grasa y de músculo. Los Países Bajos se interesan a esta tecnología; estudianactualmente los factores que podrían influenciar a tales sistemas (Walstra, 1999).

En los años 1970 se ha introducido el TOBEC (Total Body Electrical Conductivity)para evaluar la masa corporal de los cerdos vivos (Jones et al., 1997). Es untúnel rodeado por un solenoide que provoca un campo electromagnético. Un animaldesplazado en el túnel absorbe la energía proporcionalmente a su conductividad. Elpico de conductividad está bastante correlacionado con el porcentaje de magro. LaUniversidad de Purdue in West Lafayette (Indiana, USA) ha hecho la mayoría de lasinvestigaciones con esta tecnología. La temperatura de la canal y su orientación en eltúnel influencian la curva de conductividad, lo que tiene su importancia en condicionesindustriales. En Irlanda, Allen y McGeehin (1997) concluyeron que el TOBEC eramenos preciso que el HGP. Los Países Bajos desarrollaron un sistema automático conun raíl dentro del túnel. Sin embargo la industria holandesa renunció a elegir estesistema.

7 Conclusiones

En el sector porcino se utilizan instrumentos de medición desde hace muchotiempo. En la Unión europea los aparatos de clasificación son obligatorios desde el1 de enero del 1989 para predecir el porcentaje de magro con medidas anatómicas.En la práctica, los países del sur todavía no cumplen este requisito porque no estánconvencidos del interés de este criterio sintético de la composición corporal para susmercados. En los demás países la transparencia del mercado es todavía parcial,conservando algunos países la antigua definición del porcentaje de magro. Bélgica,Francia y Dinamarca logran con un 60% el porcentaje más elevado.

Los aparatos más difundidos son las sondas que utilizan la reflexión de la luz, talescomo el FOM, HGP y CGM. Son sondas automáticas, manejadas por un operador.Sólo Dinamarca utiliza un equipo automático, el Centro de Clasificación, el cual inserta7 sondas FOM en la canal. Su coste elevado, su escasa velocidad (360 cerdos/hora)y su volumen son los mayores obstáculos a su exportación.

Dentro de unos años el Centro de Clasificación podría ser reemplazado por otrorobot, el Autofom, equipo no invasivo de ultrasonidos. Aunque un poco menos preciso

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que el Centro de Clasificación no tiene las desventajas de éste. Su capacidad declasificar las piezas podría revelarse como el mejor argumento para grandes unidadesde matanza-despiece, capaces de amortizar su coste todavía elevado (alrededor de300 000 euros). Hasta ahora sólo unos mataderos han estado interesados. La idea delAutofom es tomar numerosas medidas aunque con escasa precisión. La idea opuestaconsiste a medir con precisión un número limitado de variables. Para espesores,parece que el Centro de Clasificación alcanzó las limites de precisión. Para áreasse están desarrollando unos equipos de video en Holanda y Alemania. Sin embargosólo pueden filmar la línea media que ya se sabe que es menos informativa. El futuroes probablemente la medición de áreas internas (como la del músculo longissimusdorsi), pero tadavía falta la tecnología en condiciones industriales.

Entonces es muy probable que la gran mayoría de los mataderos continúenutilizando equipos de reflectáncia durante varios años. Las sondas de ultrasonidostienen un precio y una precisión próximos a las sondas de reflectáncia, lo que nole permite invadir a montones el mercado. Sólo razones sanitarias prohibiendo elpinchazo podrían favorecer el desarrollo de los ultrasonidos.

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UNIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE TIPIFICAÇÃODE CARCAÇAS (VISÃO DAS INDÚSTRIAS)

Vincenzo Francesco Mastrogiácomo

Diretor Industrial - Frigorífico Aurora - Chapecó, SC.

A tipificação de carcaças de suínos foi oficialmente instituída pelo Ministério daAgricultura no ano de 1981 e de lá até os dias de hoje muito se discute sobre essametodologia usada pelas empresas frigoríficas do Brasil.

A primeira empresa a utilizar esse método foi a Cooperativa Central OesteCatarinense Ltda, na cidade de Chapecó(SC), visava bonificar o produtor de suínosque entregava carcaças com um rendimento maior e uma melhor qualidade de carne.

O método empregado era de pesar a carcaça, medir a espessura de toucinho,com uma régua milimétrica, e com essas medidas as carcaças eram classificadas eatravés de índices estabelecidos pagavam-se bonificações ou então penalizava-se osprodutores.

No mundo a Tipificação de carcaças suínas é praticada a vários anos em paísesda Europa como:

• Dinamarca• Inglaterra• Espanha• Holanda• França• Itália

Os produtores de suínos e as Associações dos Abatedouros, após longos estudos,regulamentaram os resultados e firmaram um acordo através da norma CEE 3127/94,de 20/12/94, aprovada pela Comunidade Européia, passando a constituir as normasda tipificação de carcaças de suínos em 16 de junho de 1996.

Com isso uma nova forma de pagamento dos suínos abatidos entrou em vigor.Foi levado em conta uma ampliação da faixa de peso e também estabelecido comoas carcaças seriam apresentadas. Estabeleceu-se um critério único de classificaçãobaseado na Taxa de Carne Magra (TCM), que é definido pelo regulamento da CEEcomo sendo resultante "do corte de quatro partes principais da carcaça: pernil - paleta- barriga - lombo e expressas em quilogramas de carne magra por peso Carcaça".

TCM = Peso dos músculos das 4 peças x 100 x 1,3Peso de carcaça

* Suinocultura industrial out/nov.97

Atualmente as indústrias usam um equipamento semelhante a uma pistola, queatravés de uma sonda colocada entre a 3a e 4a vértebra da carcaça mede a espessurado toucinho e a profundidade do lombo, as quais, associadas com o peso da carcaça,determinam de imediato a quantidade de carne magra apresentada pelo animal.Esses dados são passados aos controles que estabelecem o prêmio a ser pago aoprodutor.

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A percentagem de carne magra é calculada por meio de uma fórmula matemática(regressão linear múltipla a partir de duas ou mais variáveis, cujo ponto principal dereferência é o músculo "longíssimus dorsi."

Com a adoção do processo de tipificação por parte das indústrias do Sul do Brasil,onde a suinocultura é tecnicamente mais desenvolvida e representa um dos fatoreseconômicos da região quanto a produção, desfrute, industrialização e exportação,os benefícios da tipificação como meio de melhorar a genética, aumentar o ganhodo produtor, surtiram efeito de imediato porque, gradativamente os produtores foramse engajando na melhoria dos planteis através de melhores reprodutores, melhoralimentação e manejo. O resultado representa ganho para a indústria e ganho para oprodutor. Mesmo assim nem todas as agroindústrias adotaram de imediato o sistemade tipificação porque as mesmas industrializavam toda a carne e gordura.

O consumo per capita de carne in natura era pouco demandado e o consumidornão exigia nada quanto a qualidade da carne.

Vantagens na introdução da tipificação de carcaças e qualidade da carne:

• Estabelecimento de padrões de carcaças para atendimento do mercado internoe externo.

• Oportunidade de ganho para o produtor (quanto maior for a uniformidade dacriação de suínos; escolha do melhor animal para criar).

• Relação muito confiável entre a medida por pistola e a dissecação nadeterminação da carne magra.

Na Europa, em especial na França, temos acompanhado que o pagamento pelaqualidade está vinculado a venda de carcaças, com diferentes classificações, levandoem conta o peso, a espessura de toucinho a conformação do pernil ou paleta segundoo seu destino final.

Na Itália a tipificação está sendo usada quase que exclusivamente para determinara classificação dos cortes e consequentemente o destino para a industrialização oupara o mercado consumidor.

Acreditamos que em nosso País essa tendência também ocorrerá, pois osplanteis estarão num patamar genético de muita qualidade produzindo animais dealto percentual de carne magra.

Com a oferta estabilizada quanto ao padrão, peso, carne magra e tipos de animais,as indústrias vão voltar o processo de tipificação para classificar o melhor pernil parapresunto, o melhor lombo para venda ao consumidor e para venda de carcaça, paraatender as exigências do mercado interno e, muito forte nesse momento, para aexportação, devido a abertura do mercado Russo.

Para o nosso debate sobre o processo unificado de tipificação de carcaça,acreditamos que seria viável e não vai acarretar transtorno nem a indústria e nemao produtor.

Hoje em dia temos a disposição os sistemas de tipificação através dos equipamen-tos, tais como:

1. Procedimento manual: peso e a régua para medir a espessura de toucinho eformar uma tabela de correlação entre essas medidas;

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2. O procedimento utilizando as sondas (pistolas), mede também os mesmosdados, espessura do toucinho e do músculo, associando os mesmos ao pesodas carcaças. Esses dados são registrados e processados automaticamenteatravés de um micro computador já programado que dará o resultado de carnemagra e por consequência o percentual a ser pago ao produtor.

Temos vários equipamentos:

• (Fat - o - Meater) de fabricação Dinamarquesa.• HGP (Hennessey Grading Probe II) - fabricado na Nova Zelândia.• DST (Destron PG - 100) - fabricado no Canadá• SKG II - fabricado na Alemanha.

As indústria buscam cada vez mais satisfazer o consumidor atendendo suasexigências e necessidades. No Brasil a carne suína passou uma séria resistência deconsumo, primeiro pela sua sanidade e higiene e segundo pela quantidade de gorduraque as carnes apresentavam.

Com os problemas de colesterol, os problemas cárdio-vasculares e a obesidade,surgiram as carnes alternativas com um grande Marketing de apelo para o menorpercentual de gordura, os produtos light e diet.

O consumidor está cada vez mais preocupado com o controle do corpo, perdade peso, melhora na qualidade de vida, mais saúde, vida mais saudável, comidasbalanceadas, proteínas, fibras e pouca gordura.

Por tudo isso a carne suína sofreu uma revolução e quem sabe a tipificaçãotenha desencadeado a visão de dados suficientes para que Indústria, genética e osprodutores andassem juntos na busca da qualidade da carne suína.

As Associações de Criadores de Suínos promovem incansavelmente açõespara mostrar ao consumidor a qualidade da carne suína, através de campanhaspublicitárias, enfatizando os aspectos higiênicos e sanitários na criação e os benefíciosda carne quanto aos índices de gordura, colesterol, etc..

As Indústrias com a adoção da Qualidade Total, boas práticas de produção ehigiene, controles de qualidade aperfeiçoados com a introdução do HCCP permitiramuma melhoria nos produtos apresentados ao consumidor que pode sentir e comprovaras melhorias, passando a consumir mais carne magra.

Na área da agropecuária os geneticistas realizaram trabalhos profundos eapresentam suínos com mais carne e menos gordura, em menos tempo de criação.Retiraram as características que cada raça tinha de melhor e produziram umnovo suíno, voltado para atender a necessidade da Indústria e do consumidor.Os zootecnistas e nutricionistas formularam novas rações visando atender essedesenvolvimento genético que, associado a uma melhor sanidade e melhor manejo,resultou na obtenção de animais mais produtivos.

O produtor que é o agente que vai usar essas novas técnicas e nova genéticaprecisa ser treinado e reciclado para poder acompanhar a evolução. Não é a toaque o número de produtores vem diminuindo mas a criação vai aumentado graças anovas tecnologias da genética, maior número de leitões porca/ano, menor tempo determinação, maior peso de abate, melhores rações balanceadas e melhor manejo.Isso tudo proporciona ao produtor, que produz com qualidade, melhores prêmiosatravés da tipificação, gerando mais estímulo para o desenvolvimento da atividade.

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Conclusão

Para podermos atingir o objetivo de termos um consumidor crescente de carnesuína devemos continuar destacando a sanidade e a higiene na criação dos animais,mais controle, mais segurança e mais bem estar animal.

Deveremos divulgar continuamente as qualidades da carne suína, mostrando anova genética dos animais baseados em mais carne e menos gordura e, portanto,muito mais saudável. Somente assim podemos conquistar tanto o mercado internocomo o externo.

O momento pelo qual passa a suinocultura Brasileira é de euforia, devido aocrescimento do consumo no mercado interno, uma percepção por parte da indústriaem oferecer a carne suína com melhor apresentação, maior variedade de cortes, maispraticidade, com produtos já elaborados, temperados e prontos para assar. Tambémcontribui a abertura do mercado externo de grande consumo como a Rússia e quemsabe o da Europa, em razão das dificuldades pelas quais passam esses mercados emrazão de problemas sanitários surgidos como a aftosa e a doença da vaca louca.

É chegado o momento de Criadores, Produtores, Indústrias, Associação Brasileirade Criadores de Suínos (ABCS), Ministérios da Agricultura, Associação Brasileira deExportação de Carne Suína (ABIPECS) sentarem juntos e propor medidas para ofortalecimento do setor com um todo, levando em conta toda a cadeia produtiva.

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Antônio Lourenço Guidoni.

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UNIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE TIPIFICAÇÃO DECARCAÇAS (VISÃO DO MA/DIPOA)

Rui Eduardo Saldanha Vargas

Representante do MA/DIPOA

O autor não apresentou texto escrito sobre assunto.

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UNIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE TIPIFICAÇÃO DECARCAÇAS (VISÃO DOS PRODUTORES)

José Adão Braun

Presidente da ABCSAssociação Brasileira de Criadores de Suínos

Produção de suínos

Desde o início da fase de modernização da suinocultura brasileira, que visavatransformar nosso rebanho suíno em maior produtor de carne e menor de gor-dura (banha) os suinocultores, através das suas associações - especialmente daABCS/Associação Brasileira de Criadores de Suínos - passaram a reivindicar aimplantação da tipificação de carcaças, por parte da indústria frigorífica.

O momento exigia rapidez no processo de melhoramento do rebanho. A cotaçãodas gorduras animais, especialmente da banha, que perdiam mercado para os óleosvegetais, caía cada vez mais. O produtor necessitava e buscava, rapidamente, colocarno mercado um animal com menos gordura.

Visando estimular a mudança e agilizar o processo, já nesta época, a ABCSentendia que o produtor deveria ter recompensado o seu esforço e os investimentosrealizados na busca desta melhor qualidade, sendo premiado com uma melhorremuneração do produto final da sua exploração. Somente assim, teria interesse emadequar-se rapidamente às novas exigências do mercado.

Até então, a classificação e a remuneração eram feitas simplesmente pela corda pelagem e pelo tamanho dos animais, o que ensejava tratamentos nem sempreos mais justos, e pouco contribuía para melhorar a qualidade da carne colocada nomercado, ao final do processo de produção.

Em 1964 a ABCS, através de seu Conselho Técnico realizou, em Santa Rosa/RS,o "1o Block-Test de Porcinos do Brasil", desenvolvendo de forma pioneira no país,os primeiros estudos visando a implantação de um sistema mais adequado declassificação e remuneração de suínos.

Já no ano seguinte, por ocasião do 1o Seminário Nacional de Porco Carne,realizado em Estrela/RS, e tendo por base os resultados do "1o Block-Test", a ABCSelaborava e publicava o "Método Brasileiro de Classificação de Carcaças", que foiadotado como método oficial para a classificação de carcaças suínas no país. Assimpermaneceu até 1991, quando sofreu sua primeira reestruturação - mais uma vez,realizada pelo Conselho Técnico da ABCS - sendo editada e lançada a PublicaçãoTécnica no 2 - "Método Brasileiro de Classificação de Carcaças".

Este breve histórico evidencia que a classe produtora do setor suinícola, atravésda sua entidade representativa maior, já cumpria o seu papel e fazia a sua parte nabusca de uma melhor ordenação e disciplinamento da comercialização do suíno vivoe da carne suína, há mais de 35 anos.

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No nosso entender, o retardamento na implantação da tipificação de carcaçasnos principais frigoríficos do sul do país, o que veio a acontecer somente há cincoanos atrás, trouxe grandes prejuízos ao setor. A indústria teve dificuldades emcolocar no mercado, um produto padronizado e de melhor qualidade, o que contribuiuinclusive, para o retardamento do ingresso da carne suína brasileira no mercadointernacional. Para o produtor que promoveu melhorias no seu plantel, tanto genéticasquanto sanitárias, produzindo com mais qualidade, não houve uma correspondentevalorização, traduzida por exemplo, em melhores preços.

O pesquisador da Embrapa Suínos e Aves Renato Irgang, no seu trabalho"Avaliação e Tipificação de Carcaças de Suínos no Brasil", considera que a tipificaçãode carcaças de suínos é um processo de classificação que tem tres objetivosprincipais, quais sejam: a) bonificar os produtores que oferecem animais com maiorrendimento e melhor qualidade de carne na carcaça, para a indústria frigorífica; b)selecionar as carcaças, destinando-as para um melhor aproveitamento industrial;c) padronizar o produto final, atendendo às crescentes exigências do mercadoconsumidor.

O Médico Veterinário José Vicente Peloso (Sadia/Concórdia/SC) no artigo "Tipifi-cação e Valorização de Carcaças Suínas - mais mérito para quem compra e para quemvende" a tipificação é um instrumento indispensável para a adoção de sistemas devalorização de carcaças e para o pagamento aos fornecedores pelo mérito de matériaprima, ou seja, pela quantidade de carne que realmente está entrando no frigorífico.Este método de compra de suínos atende às necessidades dos abatedouros, noquesito qualidade da matéria prima, e também aos anseios dos produtores, quevêem remunerada e premiada a melhor qualidade do produto fornecido ao frigorífico.Paralelamente, surgem outros benefícios que, a médio e longo prazos, contribuempara o melhoramento genético do rebanho, para melhorias sanitárias e para o bemestar dos animais, ítem que vem sendo, cada vez mais, observado pelo mercadocomprador, especialmente o internacional.

Apesar de comprovados a importância e os benefícios da tipificação de carcaçasjá implantada nas principais indústrias frigoríficas do sul do Brasil, a sua adoção eoperacionalização em todo o país, necessita ser regulamentada e padronizada. Aindaexistem reclamações dos produtores quanto à transparência do processo. Queixam-se de que não são devidamente informados sobre os procedimentos adotados paraapurar os índices considerados e aplicados na clasificação. Esta falta de transparênciagera desconfianças quanto à determinação justa da bonificação a ser paga.

No trabalho "Comparação dos Diferente Processos de Tipificação de Carcaçasde Suínos Adotados pelas Indústrias Frigoríficas", os autores J.A. Fávero e A.L.Guidoni, pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves destacam a importância datipificação na valorização da qualidade da matéria prima e sua contribuição efetivapara o processo genético da suinocultura brasileira. Deixam claro entretanto que,por não serem uniformes os procedimentos nas diversas indústrias, o processoprovoca questionamentos e descontentamento entre os produtores independentes,que ficam sem saber onde entregar seus animais para obter uma melhor bonificação.A pesquisa revela algumas diferenças entre as indústrias frigoríficas e, alerta a todosos segmentos da produção para a necessidade de buscar maior clareza nos processosde tipificação.

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Neste caso, foram enviados para o abate, em quatro diferentes indústrias, 196animais terminados e oriundos do Sistema de Produção de Suínos da EmbrapaSuínos e Aves. Todos com a mesma qualidade genética e manejados e alimentadosdo mesmo modo, de forma que não apresentavam diferenças apreciáveis de peso ede qualidade de carcaça. Mesmo assim, os resultados da tipificação nos diferentesfrigoríficos mostraram diferenças bastante acentuadas. Conclui-se que, pelo fatode as indústrias utilizarem equações distintas para predição do volume de carnenas carcaças, animais semelhantes apresentam percentuais de carne diferentesdependendo da indústria que os avalia. Os valores pagos, também serão diferentes.

Uma solução para o produtor, segundo FÁVERO e GUIDONI, seria a reivindicação,via associação de classe, de que as indústrias tornassem o processo de tipificaçãomais transparente, com a divulgação, não só da equação de predição de carne, comotambém a tabela de bonificação.

O posicionamento destes dois técnicos vem de encontro ao trabalho da ABCS que,recentemente, reiterou ao Ministério da Agricultura e Abastecimento, a reivindicaçãopara que fossem tomadas providências para normatização do processo de tipificaçãode carcaças, tornando-o transparente e padronizado, bem como, a divulgação porparte dos frigoríficos, das equações de predição de carne e das tabelas de bonificação.

Entendemos que, desta forma melhorará o entendimento entre o produtor e aindústria pois, não será mais necessário questionar porque carcaças com o mesmopeso e percentual de carne, recebem bonificações diferentes em frigoríficos distintos.

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