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 introdadm1sem2011  Departamento de Enfermagem Básica Disciplina Administração em Enfermagem I A ADMI NISTRAÇÃO E A ENFERMAG EM 1 . GRECO, ROSANGELA MARIA 2 Objetivos Conhecer os conceitos, princípios e objetivos da administração geral; Refletir sobre a origem, a filosofia e a evolução do saber administrativo na enfermagem; 1 – Por que estudar administração? O ser humano é um ser social por natureza, vivemos em COMUM-UNIDADE, que se articula e se organiza através de instituições diversas, que são denominadas organizações , assim todas as atividades, sejam elas de produção de bens ou de prestação de serviços são realizadas dentro de organizações. As atividades são desenvolvidas através de processos de trabalho que podem ser definidos como sendo a relação do homem com a natureza, onde o homem por sua ati vid ade tra nsforma um ob jet o determinado, est eja es te em est ado nat ura l ou trabalhado, em um produto determinado, e ao modificar dessa forma a natureza ele transforma a si mesmo (MARX, 1988). Todo processo de trabalho é composto pelos elementos: objeto, meios e ou instrumentos e a finalidade deste trabalho (MARX, 1988). Objeto – pode ser a matéria bruta (que vêm diretamente da natureza) ou a matéria-prima (que já sofreu uma modificação qualquer pelo trabalho); Meios e instrumentos: são tanto as coisas ou conjunto de coisas que o trabalhador utiliza para intervir diretamente sobre o objeto de trabalho, como po dem se r as condições ma teri ais que, mesmo se m inte rvir diretamente no objeto são indispensáveis para a realização do trabalho; Finalidade é aquilo que se quer alcançar com o trabalho (HARNECKER, mimeo). As organizações/instituições/empresas desenvolvem processos de trabalho, ou seja, transformam objetos através de meios e instrumentos, tendo em vista a finalidade da orga niza ção/ instit uição /empr esa. No inicio dos temp os esta s orga niza ções eram  pequenas com estruturas simples e fáceis de serem controladas. Entretanto com a evolução da sociedade as organizações cresceram e ganharam uma dimensão tal que exigiu a criação de uma disciplina que desse conta de pensar, discutir e viabilizar a estruturação dessas instituições. Esta s organizações /insti tuiçõ es/em presa s são composta s por recu rsos “não- humanos” (físicos, materiais, financeiros, tecnológicos, mercadológicos e outros) e  pessoas, que para trabalharem em conjunto, tendo em vista a finalidade do serviço, necessitam que sua prática seja estruturada, através da definição de planos de ação, de objetivos, da condução dos recursos e da estruturação formal do desenvolvimento das 1  Este texto foi elaborado como material instrucional para a Disciplina Administração em Enfermagem I,  para os acadêmicos do Curso de Gra duação em Enfermagem da Faculdade de Enfermage m da Universidade Federal de Juiz de Fora. Pedimos que, caso haja o interes se em utilizar este material, seja citada a referência. 2  Enfermeira, Doutora em Saúde Pública, Professor Associado do Departamento de Enfermagem Básica da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora. 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENFERMAGEM

A Administração e a Enfermagem

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  • introdadm1sem2011

    Departamento de Enfermagem Bsica

    Disciplina Administrao em Enfermagem I

    A ADMINISTRAO E A ENFERMAGEM 1.

    GRECO, ROSANGELA MARIA2Objetivos

    Conhecer os conceitos, princpios e objetivos da administrao geral; Refletir sobre a origem, a filosofia e a evoluo do saber administrativo na

    enfermagem;

    1 Por que estudar administrao?O ser humano um ser social por natureza, vivemos em COMUM-UNIDADE,

    que se articula e se organiza atravs de instituies diversas, que so denominadas organizaes, assim todas as atividades, sejam elas de produo de bens ou de prestao de servios so realizadas dentro de organizaes.

    As atividades so desenvolvidas atravs de processos de trabalho que podem ser definidos como sendo a relao do homem com a natureza, onde o homem por sua atividade transforma um objeto determinado, esteja este em estado natural ou j trabalhado, em um produto determinado, e ao modificar dessa forma a natureza ele transforma a si mesmo (MARX, 1988).

    Todo processo de trabalho composto pelos elementos: objeto, meios e ou instrumentos e a finalidade deste trabalho (MARX, 1988).

    Objeto pode ser a matria bruta (que vm diretamente da natureza) ou a matria-prima (que j sofreu uma modificao qualquer pelo trabalho);

    Meios e instrumentos: so tanto as coisas ou conjunto de coisas que o trabalhador utiliza para intervir diretamente sobre o objeto de trabalho, como podem ser as condies materiais que, mesmo sem intervir diretamente no objeto so indispensveis para a realizao do trabalho;

    Finalidade aquilo que se quer alcanar com o trabalho (HARNECKER, mimeo).

    As organizaes/instituies/empresas desenvolvem processos de trabalho, ou seja, transformam objetos atravs de meios e instrumentos, tendo em vista a finalidade da organizao/instituio/empresa. No inicio dos tempos estas organizaes eram pequenas com estruturas simples e fceis de serem controladas. Entretanto com a evoluo da sociedade as organizaes cresceram e ganharam uma dimenso tal que exigiu a criao de uma disciplina que desse conta de pensar, discutir e viabilizar a estruturao dessas instituies.

    Estas organizaes/instituies/empresas so compostas por recursos no-humanos (fsicos, materiais, financeiros, tecnolgicos, mercadolgicos e outros) e pessoas, que para trabalharem em conjunto, tendo em vista a finalidade do servio, necessitam que sua prtica seja estruturada, atravs da definio de planos de ao, de objetivos, da conduo dos recursos e da estruturao formal do desenvolvimento das

    1 Este texto foi elaborado como material instrucional para a Disciplina Administrao em Enfermagem I, para os acadmicos do Curso de Graduao em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora.

    Pedimos que, caso haja o interesse em utilizar este material, seja citada a referncia.2 Enfermeira, Doutora em Sade Pblica, Professor Associado do Departamento de Enfermagem Bsica da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora.

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENFERMAGEM

  • atividades, ou seja, elas necessitam da ADMINISTRAO (CHIAVENATO, 1993; KWASNICKA, 1991; PARK, 1997).

    Alm disso, se voc reparar bem a administrao necessria toda vez que duas ou mais pessoas interagem para alcanar certo objetivo, assim a administrao no est presente apenas nas grandes empresas, mas por exemplo em famlias, clubes, organizaes pblicas, ONGs, igrejas, entre outras. Assim pode-se concluir que a administrao necessria em todas as organizaes sendo universal, uma vez que seu corpo de conhecimentos pode ser aplicado em todos os nveis de uma organizao e por todas as reas de conhecimento (MEGGINSON; MOSLEY; PIETRI, 1998).

    2 O que Administrar?A necessidade da administrao existe desde as mais antigas sociedades (quadro

    1 em anexo), todavia foi com a expanso do processo de produo industrial na Inglaterra, Frana e EUA que as mudanas na organizao do trabalho, com a separao entre a concepo, execuo e controle, fizeram com que a prtica e a teoria da administrao/gerncia do trabalho ganhassem impulso (PINHEIRO, 1998).

    A palavra administrao vem do latim ad (direo, tendncia para) e minister (subordinao ou obedincia), significando aquele que realiza uma funo, um servio, sob um comando, para o outro, estando frequentemente associada funo controle (CHIAVENATO, 1993).

    Na sua origem a administrao e o controle tinham como caractersticas a rigidez e coero, com a evoluo da prtica e da teoria geral da administrao, as formas de controle foram se transformando incorporando a flexibilidade, participao e negociao como estratgias, passando a ser compreendidas como forma de monitoramento das prticas ou aes (PINHEIRO, 1998).

    Para CHIAVENATO (1993) administrar nos dias de hoje significa fazer uma leitura dos objetivos propostos pelas instituies e empresas e transform-los em ao organizacional partindo das funes administrativas ou seja do planejamento, organizao, direo e controle atravs do esforo de todos, realizado em todas as reas e em todos os nveis da organizao, a fim de alcanar os objetivos propostos da maneira mais adequada situao.

    Segundo PARK (1997) a administrao uma filosofia em ao, pois ao observamos a realidade, construmos nossas idias, que so transformadas em ao pelo princpio criativo e a administrao visa um equilbrio entre a compreenso e a extenso de nossas idias.

    Para DRUCKER (2001, p.13) Administrar aplicar o conhecimento ao(grifo nosso), uma vez que a administrao transforma a informao em conhecimento e este em ao.

    A administrao pode ser compreendida tambm como cincia, arte, tcnica e processo o que explicitado por BALDERA (1995):

    uma cincia social porque seu objeto de estudo o homem nas organizaes sociais. Fundamenta-se em princpios que se expressam em um marco terico, seus conhecimentos so coerentes e sistematizados, aplica o mtodo cientfico para desenvolver sua teoria, e tem um mtodo prprio de aplicao;

    uma tcnica, porque se aprende em aulas, se aplica em campos de trabalho, requer prtica e utiliza instrumentos prprios;

    uma arte porque implica destrezas, sentimentos especiais, experincia e equilbrio esttico, o que diferencia o fazer.A administrao coordena as aes de todas as reas de uma organizao, a

    rea de atividade humana que se ocupa de conseguir fazer coisas com e atravs de pessoas (FONSECA, 1996).

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  • Para DRUCKER (2001, p. 22) ainda, h duas respostas bem populares para a pergunta: O que administrao? Uma diz que administrao o pessoal superior e o termo administrao pouco mais do que um eufemismo para o patro. A outra define um administrador como algum que dirige o trabalho de outros e cujo trabalho, como diz o slogan, fazer que os outros trabalhem.

    Para os alunos do 6 perodo do curso de graduao em enfermagem da FACENF/UFJF do 1 semestre de 2011 Administrao :______________________________________________________________________

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    3 Qual base de sustentao da administrao? Seus princpios.Para fazer a administrao os administradores contam com tcnicas, ferramentas

    e truques que auxiliam no alcance de seus objetivos, entretanto estes meios e instrumentos no so to importantes quanto os princpios essenciais sob o qual se aliceram a cincia da Administrao (DRUCKER, 2001).

    Para CHIAVENATO (1993), princpio uma afirmao, uma proposio geral vlida e aplicvel para determinados fenmenos, uma previso antecipada do que dever ser feito quando ocorrer quela determinada situao, um guia de ao.

    Os princpios so a base sob a qual se sustentam as teorias, no devem ser abordados de forma rgida, mas sim considerados relativamente e flexivelmente, tendo como base o bom senso.

    Segundo CHIAVENATO (1993) os 11 princpios que fundamentam o fazer administrativo so:

    Em relao aos objetivos: 1 - Os objetivos da organizao/instituio/empresa devem ser claramente definidos e estabelecidos por escrito. Toda organizao tem que ter um compromisso com metas comuns e valores compartilhados, tem de ter objetivos simples, claros e unificantes, simples e flexveis.Em relao s atividades e agrupamento de atividades:2 Toda funo por mais simples que seja deve ter uma responsabilidade definida. 3 As funes devem ser claramente descritas e designadas para que se alcance a operao mais eficiente e econmica, ou seja a utilizao racional dos recursos disponveis.Em relao autoridade: 4 - Deve haver uma linha de autoridade claramente definida, conhecida e reconhecida por todos, desde o topo da organizao at cada indivduo da base.5 A autoridade, a responsabilidade, os deveres de cada pessoa ou rgo, bem como suas relaes com outras pessoas ou rgos, devem ser definidos, estarem documentados e comunicados a todos.

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  • 6 - O desempenho das funes deve ser acompanhado da respectiva responsabilidade que deve andar junto com a correspondente autoridade, ambas devem estar equilibradas entre si.7 A autoridade para tomar ou iniciar uma ao deve ser delegada o mais prximo possvel da cena da ao.8 O nmero de nveis de autoridade deve ser o mnimo possvel.Em relao s relaes:9 - H um limite quanto ao nmero de pessoas que podem ser supervisionadas por um superior, considerando-se sempre a relao local/tempo/pessoas.10 - Cada pessoa deve subordinar-se a um nico superior, evitando-se duplicidade de ordens.11 A responsabilidade da autoridade mais elevada para com os atos de seus subordinados absoluta.Os administradores que compreenderem esses princpios e trabalharem sob sua

    luz muito provavelmente sero administradores bem-formados e bem-sucedidos.

    4 - Administrao para que? Objetivos.Objetivos so alvos que se busca atingir, todos ns possumos objetivos, eles so

    as molas propulsoras que impulsionam as nossas vidas. As organizaes tambm possuem objetivos, e so eles que aliceram o

    trabalho, na medida em que determinam a estrutura das instituies, as atividades e a distribuio dos recursos humanos nas diversas tarefas (DRUCKER, 1991).

    Os objetivos em uma instituio ou servio, devem ser dinmicos, pois so base da relao entre a organizao o ambiente externo e os participantes e, portanto esto em contnua evoluo, alterando essas relaes, devendo ser reavaliados e modificados em funo das mudanas no ambiente externo e interno da organizao (FONSECA, 1999).

    Objetivos amplos possibilitam a definio de polticas, diretrizes, metas, programas, procedimentos e normas; possibilitando que se identifique o papel que a organizao desempenha na sociedade em geral.

    Segundo MEGGINSON; MOSLEY; PIETRI (1998) a administrao possui dois objetivos principais:

    - Alcanar a eficincia se refere aos meios, os mtodos, processos, regras e regulamentos sobre como as coisas devem ser feitas na empresa a fim de que os recursos sejam adequadamente utilizados. Uma organizao eficiente aquela que utiliza racionalmente seus recursos,

    - Alcanar a eficcia se refere aos fins, os objetivos e resultados a serem alcanados pela empresa, significa a capacidade de realizar um objetivo ou resolver um problema, capacidade de se chegar aos resultados.

    Quadro apresentando: Algumas diferenas entre eficincia e eficcia

    Eficincia Eficcia nfase nos meios Fazer corretamente as coisas Resolver problemas Salvaguardar recursos Cumprir tarefas e obrigaes Treinar os subordinados Manter as mquinas

    nfase nos resultados Fazer as coisas corretas Atingir os objetivos Otimizar a utilizao dos recursos Obter resultados Proporcionar eficcia aos subordinados Disponibilizar mquinas

    Willian (1978) apud Chiavenato (1987)

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  • De modo geral podemos dizer que a finalidade da administrao estabelecer e alcanar os objetivos das instituies, tornar o trabalhador um realizador, alm de discutir e analisar os impactos sociais e as responsabilidades sociais da empresa (MEGGINSON; MOSLEY; PIETRI, 1998 e DRUCKER, 2001).

    5 - A administrao e a enfermagemA enfermagem moderna conforme vocs j viram, surgiu na segunda metade do

    sculo XIX, com Florence Nightingale, sendo que seu incio como profisso cientfica se deu juntamente com o surgimento da administrao como cincia. A utilizao dos conhecimentos administrativos pela enfermagem parte da necessidade de estar-se organizando um ambiente teraputico nos hospitais, constituindo um saber de administrao em enfermagem cuja gnese se deu junto com a organizao das tcnicas, instrumentos de trabalho para o cuidado (ALMEIDA; ROCHA, 1997).

    Assim, pode-se dizer que o trabalho da enfermagem se organizou em trs direes -

    1. Organizao do cuidado ao doente, atravs da sistematizao das tcnicas de enfermagem;

    2. Organizao do ambiente teraputico atravs da discusso das condies de trabalho e do meio ambiente;

    3. Organizao da equipe de enfermagem, atravs do treinamento e desenvolvimento do pessoal (GOMES, et al, 1997).Com o desenvolvimento do capitalismo industrial, a administrao cientfica se

    difundiu, consolidando a diviso tcnica do trabalho o que vem influenciar a enfermagem que incorpora os princpios de controle, hierarquia e disciplina, por exemplo, (FELLI; PEDUZZI, 2005).

    A partir da dcada de 70 a enfermagem passou a ser compreendida como parte do processo de produo em sade, como uma prtica social e no apenas tcnica, pois ao estar inserida na sociedade brasileira, historicamente estruturada, estabelece relaes sociais com outros trabalhos, no devendo ser definida como uma profisso isolada dos outros trabalhos da sade, uma vez que ela complementa e interdependente dos demais processos de trabalho, tanto no modelo individual como no de sade coletiva (ALMEIDA et al, 1989).

    Assim, ela marcada por determinaes sociais, econmicas e polticas, e consequentemente pelo modo de organizao do processo de produo em sade e das instituies de sade de modo geral.

    Nos dias de hoje, o marco tradicional da administrao aplicada a enfermagem, vem sendo substitudo por um novo marco progressista, atravs de concepes que passam pela sensibilidade, criatividade, iniciativa, viso estratgica, participao, liderana integrativa, caminhando para um referencial humanstico da administrao das organizaes e dentre elas da enfermagem (ERDMANN, et al, 1994).

    6 Por que estudar administrao na enfermagem?Antes de qualquer coisa por que toda enfermeira uma administradora, de sua

    prpria vida e dos cuidados de seus pacientes. Assim ela tem que desenvolver a capacidade de administrao (KRON; GRAY, 1994).

    A administrao, conforme vocs viram, uma cincia, ou seja, possui um corpo de conhecimentos que lhe prprio. O que ns na enfermagem fazemos utilizar esse corpo de conhecimentos aplicando-os da finalidade do nosso trabalho.

    No decorrer do curso de graduao vocs vm se instrumentalizando, ou seja, adquirindo conhecimentos que permitem a vocs atuarem sobre o nosso objeto de trabalho para transform-lo na direo de nossa finalidade.

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  • A administrao em enfermagem, nada mais do que mais um instrumento ou meio, para que vocs possam estar atuando em enfermagem.

    Conforme j foi discutido anteriormente a finalidade do nosso trabalho o cuidar que tanto no modelo individual como no de sade coletiva, se operacionaliza por diferentes processos de trabalho: o de assistncia sade; o de administrao dessa assistncia, o de ensino e o de investigao cientfica (gerando o saber necessrio produo) (ALMEIDA, et al. 1989; QUEIROZ; SALUM, 1996).

    Entretanto, a administrao da assistncia de enfermagem muitas vezes tem sido considerada como sendo uma das responsveis pela crise da enfermagem, no que diz respeito ao distanciamento do enfermeiro de sua clientela.

    Durante muito tempo a falta de compreenso da inter-relao entre a funo administrativa e a funo assistencial na prtica profissional foi considerada questo polmica (VICENTIM, et al, 1991). E infelizmente nos dias de hoje ainda muitos profissionais consideram que esta funes so antagnicas e excludentes.

    Entretanto, a administrao em enfermagem no pode e no deve ser compreendida como dicotmica em relao assistncia de enfermagem, e to pouco deve ser considerada como uma funo restrita, unicamente, a realizao de atividades burocrticas. A assistncia e a administrao em enfermagem devem andar de mos dadas, so as faces de uma mesma moeda. Mas, o que mesmo administrao em enfermagem?

    Administrao em enfermagem uma funo inerente ao trabalho do enfermeiro, ou seja, no d pra fazer enfermagem sem utilizar os conhecimentos da administrao, querem ver? Vocs j devem ter realizado um procedimento simples do tipo administrar um medicamento, ou realizar um curativo. Pois muito bem, para realizar essas funes vocs tiveram que pensar e avaliar o que iriam fazer, depois tiveram que providenciar os recursos materiais para realizar a atividade tiveram que utilizar um determinado ambiente e em muitos dos casos tiveram que tornar esse ambiente adequado, ou no ? Pois em todas essas atividades esto implcitos conhecimentos de administrao, vocs estavam se auto administrando, ou seja administrando a prpria atuao. Alm disso, temos a Sistematizao da Assistncia de Enfermagem, onde o enfermeiro: planeja, prescreve, executa e avalia.

    Nestes dois exemplos podemos perceber tambm que o assistir em enfermagem compreende todos os atos do enfermeiro, diretos e indiretos.

    Segundo Vicentin et al (1991) assistir diretamente em enfermagem compreende dois aspectos: quando o enfermeiro determina e faz a ao; e, quando o enfermeiro determina e no faz a ao. Assistir indiretamente quando o enfermeiro no determina, no faz a ao, mas prov os recursos para realizar a ao.

    Do mesmo modo a Administrao em Enfermagem pode ser pensada a partir de dois momentos: a gerncia do cuidado e a gerncia da unidade sendo que nos dois momentos o enfermeiro assiste e administra em nveis diferentes.

    Em sntese pode-se dizer que na enfermagem, a funo administrativa, consiste no planejamento da assistncia, no provimento de recursos fsicos, humanos, materiais e financeiros, bem como a tomada de deciso, na superviso e na liderana da equipe de enfermagem, proviso de recursos necessrios implantao do plano teraputico de Enfermagem, utilizando no decorrer desse processo aes de comando, coordenao, acompanhamento, orientao e avaliao da equipe de trabalho (VICENTIN et al, 1991).

    Alm de tudo o que conversamos at agora, importante ressaltar ainda que consta na Lei 7498/86 que dispe sobre a regulamentao do Exerccio da Enfermagem em seu art. 11 como atividades privativas do enfermeiro - direo do rgo de Enfermagem integrante da estrutura bsica da instituio de sade, pblica ou privada, e chefia de servio e de unidade de Enfermagem; organizao e direo dos servios de

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  • Enfermagem e de suas atividades tcnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses servios; planejamento, organizao, coordenao, execuo e avaliao dos servios de assistncia de Enfermagem (BRASIL, 1986).

    Portanto, legalmente a administrao dos servios de enfermagem atribuio e responsabilidade privativa do enfermeiro.

    7 - Consideraes Finais Administrar em enfermagem no uma tarefa fcil, e muitas vezes no

    considerada uma tarefa nobre. Na enfermagem para muitos o bacana fazer assistncia direta ao paciente.

    E para muitos tambm, a Administrao em enfermagem a culpada pelo distanciamento do enfermeiro da assistncia direta.

    No entanto, sem aquele que pensa e sabe o que deve ser feito, no como se deve fazer, que providencia os recursos para que se possa estar realizando as aes, que avalia se a forma como foi proposta a realizao do trabalho foi adequada ou no, ou no se faria nada, ou se faria muito pouco, ou se levaria o dobro do tempo para realizar o trabalho, ou at a ao seria desenvolvida mas sem a satisfao esperada e desejada.

    J hora de assumirmos que a Administrao em enfermagem faz parte do cotidiano de trabalho do enfermeiro, que precisa saber realizar as funes administrativas e aplicar os conhecimentos administrativos de modo correto, para que se possa alcanar uma assistncia de enfermagem de qualidade.

    Pois segundo Vicentin et al (1991), a Administrao em Enfermagem uma forma de organizao do trabalho do enfermeiro adequado realidade, no dicotmica onde o administrar subsdio para o assistir (grifo nosso).

    8 Referencias

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    ALMEIDA, M. C. P. de; ROCHA, S. M. M. (org.) O trabalho de enfermagem. So Paulo, Cortez, 1997.

    BALDERAS, M. de la L. Administracin de los servicios de enfermera. Mxico, Interamericana/McGRAW-HILL, 1995.

    BRASIL. Lei 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispe sobre a Regulamentao do Exerccio da Enfermagem e d outras providncias. Braslia: Ministrio da Sade; 1986. [citado em 19 de maio de 2011]. Disponvel em: http://www2.camara.gov.br/legin/fed/lei/1980-1987/lei-7498-25-junho-1986-368005-norma-pl.html

    CHIAVENATO, I Teoria Geral da Administrao: abordagens descritivas e explicativas. So Paulo, MacGraw-Hill, 1987. vol.2.

    CHIAVENATO, I. Teoria Geral da Administrao. So Paulo, MAKRON BOOKS, 1993.

    DRUCKER, P.F. Introduo administrao. So Paulo, Pioneira, 1991.

    DRUCKER, P.F.O melhor de Peter Drucker: a administrao. So Paulo, Nobel, 2001.

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  • ERDMANN, A. L. et al. A disciplina de administrao da assistncia de enfermagem: culpada? Rev. Texto & Contexto. v.3, n.2, p. 17-23, jul.-dez. 1994

    FELLI, V. E.; PEDUZZI, M. O trabalho gerencial em enfermagem. In: KURCGANT, P. Gerenciamento em enfermagem. Rio de Janeiro, Guanabara/Koogan. 2005..

    FONSECA, M. das G. Administrao geral e a enfermagem. Faculdade de Enfermagem/ Departamento EBA, 1996. (apostila de curso).

    FONSECA, M. das G. As funes administrativas aplicadas gerncia da unidade de trabalho. Faculdade de enfermagem/Departamento EBA, 1999. (apostila de curso).

    GOMES, E. L. R. et al. Dimenso histrica da gnese e incorporao do saber administrativo na enfermagem In: ALMEIDA, M. C. P. de; ROCHA, S. M. M. O trabalho de enfermagem. So Paulo. Cortez, 1997

    KRON, T.; GRAY, A.. Administrao dos cuidados de enfermagem ao paciente. Rio de Janeiro: Interlivros, 1994.

    KURCGANT, P. As teorias de administrao e os servios de enfermagem. In: KURCGANT, P. (org.). Administrao em Enfermagem. So Paulo, EPU, 1991, p.165.

    KWASNICKA, E. L. Introduo Administrao. So Paulo, Atlas, 1991

    MARX, K. O Capital: crtica da economia poltica. So Paulo, Nova Cultural, 1988.

    MEGGINSON, L.C.; MOSLEY, D. C.; PIETRI, P. H. JR. Administrao: conceitos e aplicao. Trad. Hopp, I. M. So Paulo. Harbra, 1998.

    MENDES, A M. B. Os novos paradigmas de organizao do trabalho: implicaes na sade mental dos trabalhadores. Rev Bras. De Sade Ocup. n 85/86, v. 23, p. 55-60. s/data.

    PARK, K. H. (coord.) Introduo ao estudo da administrao. So Paulo, Pioneira, 1997.

    PINHEIRO, T. X. A. Administrao Pblica. Rev. Adm. Pbl. n 3, v.11, p.95-101. 1998.

    QUEIROZ, V.M.; SALUM, M. J. L. Sntese do tema da primeira oficina de trabalho: processo de produo em sade. In: Seminrio de redirecionamento da prtica da enfermagem no SUS: caracterizao das necessidades dos enfermeiros para seu aperfeioamento 1. So Paulo, 1994.

    VICENTIM, L. et al. Administrao da assistncia de enfermagem e a atuao do enfermeiro. In: Anais. Jubileu de Ouro do Curso de Graduao em Enfermagem da Escola Paulista de Medicina Departamento de Enfermagem, 1991, p.131-142.

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  • Quadro 1: A administrao e as civilizaes antigas

    O Egito

    Os egpcios durante a construo das pirmides praticavam aes que garantem a legitimidade das teorias administrativas. Eles reconheceram o valor do planejamento das atividades, o uso de uma pessoa que comandasse os demais trabalhadores, como um conselheiro, o princpio de organizao em grupos, com diviso de atividades e responsabilidades e a tcnica de descrio das tarefas de cada elemento do grupo. Surgiu tambm a funo de administrador para coordenao do empreendimento estatal.

    A Babilnia O Cdigo de Hamurabi constitui um texto de leis que orientou o povo no princpio de trabalho; institui o principio da paga mnima, contratos de trabalho e recibos de pagamento que permitiam controlar transaes comerciais.

    Os hebreus

    Registraram alguns princpios bsicos administrativos na Bblia. O xodo, empreendido por Moiss, foi uma tarefa gerencial; foi utilizada uma poltica de descentralizao de decises em que se esboavam os primeiros contornos dos organogramas atuais. Os Dez mandamentos so algumas regras de conduta organizacional para preservar a solidariedade do grupo.

    Os Gregos Aristteles desenvolveu a tese de que a realidade apreendida atravs da percepo e da razo. O esprito cientfico de investigao formou a base da gerncia cientfica. Eles utilizavam arte e a msica como orientao. Seu ritmo serviu para definir os movimentos padronizados e as cadncias de trabalho - os repetitivos -

    Roma Desenvolveu um sistema semi-industrial de manufatura armamentista, para sua legio; de produo de cermica para o mercado mundial, e, posteriormente, txtil para exportao.

    China King WU fundou a dinastia CHOW e era vista como uma constituio, onde constava a relao do quadro de pessoal do Imperador, do mais alto escalo at a mo-de-obra considerada servial. Tambm se observava a descrio detalhada das tarefas de cada um. Implantaram tambm a seleo cientfica de seus trabalhadores atravs de critrios rgidos como: habilidade de cada indivduo, seu conhecimento e experincia para a tarefa e seus traos de personalidade.

    Fonte: Wren, D.A. The evolution of management thought. Canad: Wiley & Sons, 1979. Resumo elaborado pelo Prof. Doutor Nrio Amboni, UDESC/UNISUL, 1997 In: http://www.unisul.br/content/paginadoscursos/administracaoicara/disciplinas/ acessado em 08/maro de 2007.

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    A ADMINISTRAO E A ENFERMAGEM 1.GRECO, ROSANGELA MARIA27 - Consideraes Finais