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A ÁFRICA VIVE EM NÓS”: a lei 10.639/03 sai do papel e vai ao pátio escolar José Uesele Oliveira Nascimento 1 Manoel Ribeiro Andrade 2 RESUMO: Este texto tem o propósito de refletir sobre o alcance da Lei 10.639/03 num espaço educativo estadual da região centro-sul do Estado de Sergipe. Essa lei alterou alguns dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/1996), tornando o Ensino de História da África e da Cultura Afro-brasileira obrigatórios nos currículos oficiais da Educação Básica. Essa medida visa contemplar a formação de professores, a elaboração de material didático implicando nos discursos pedagógicos antirracistas e na desconstrução da tradição eurocêntrica. O texto apresenta uma breve contextualização da lei como fruto da luta do movimento negro, ao mesmo tempo em que se propõe a analisar como a Escola Estadual Lourival Fontes - EELF vem contribuindo para a efetivação da lei, tendo como referência os trabalhos desenvolvidos pela instituição, no interstício de 2012-2014. Palavras-chave: Educação antirracista. Escola Estadual Lourival Fontes. Lei 10.639/03. INTRODUÇÃO “Eu quero que toda pessoa branca neste auditório, que gostaria de ser tratada da mesma maneira que a sociedade trata os cidadãos negros, se levante” (pausa) “Vocês não entenderam. Se vocês, brancos, querem ser tratados do modo como os negros são tratados, levantem-se.”(Mais uma pausa). Ninguém se levantou. “Isso deixa claro que vocês sabem o que está acontecendo. Vocês não querem isso para vocês. Quero saber por que, então, aceitam isso e permitem que aconteça com os outros.” 3 1 Licenciado em História (2008) e pós-graduado em Docência do Ensino Superior (2010) pela Faculdade José Augusto Vieira. Atualmente leciona História e Cultura Sergipana na rede municipal e estadual de ensino. E-mail: [email protected] 2 Licenciado em História (FJAV) e pós-graduado em História do Brasil (Faculdade Pio Décimo) e em Gestão de Políticas Públicas com Foco em Gênero e Raça (UFS). Atualmente é historiógrafo da Prefeitura Municipal de Lagarto e professor de História e Sociedade e Cultura da rede estadual de ensino. E-mail: [email protected] 3 Fragmento extraído do diálogo registrado em um dos workshops de Jane Eliot, citado por Azoilda Loretto da Trindade, no artigo Fragmentos de um discurso sobre afetividade contidos no vol.1 do Cadernos de Textos - Saberes e Fazeres: modos de ver do projeto A cor da Cultura. (p.104).

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“A ÁFRICA VIVE EM NÓS”: a lei 10.639/03 sai do papel e vai ao pátio

escolar

José Uesele Oliveira Nascimento1

Manoel Ribeiro Andrade2

RESUMO: Este texto tem o propósito de refletir sobre o alcance da Lei 10.639/03 num

espaço educativo estadual da região centro-sul do Estado de Sergipe. Essa lei alterou alguns

dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/1996), tornando o

Ensino de História da África e da Cultura Afro-brasileira obrigatórios nos currículos oficiais

da Educação Básica. Essa medida visa contemplar a formação de professores, a elaboração de

material didático implicando nos discursos pedagógicos antirracistas e na desconstrução da

tradição eurocêntrica. O texto apresenta uma breve contextualização da lei como fruto da luta

do movimento negro, ao mesmo tempo em que se propõe a analisar como a Escola Estadual

Lourival Fontes - EELF vem contribuindo para a efetivação da lei, tendo como referência os

trabalhos desenvolvidos pela instituição, no interstício de 2012-2014.

Palavras-chave: Educação antirracista. Escola Estadual Lourival Fontes. Lei 10.639/03.

INTRODUÇÃO

“Eu quero que toda pessoa branca neste auditório, que gostaria de ser tratada da

mesma maneira que a sociedade trata os cidadãos negros, se levante” (pausa)

“Vocês não entenderam. Se vocês, brancos, querem ser tratados do modo como os

negros são tratados, levantem-se.”(Mais uma pausa). Ninguém se levantou.

“Isso deixa claro que vocês sabem o que está acontecendo. Vocês não querem isso

para vocês. Quero saber por que, então, aceitam isso e permitem que aconteça com

os outros.”3

1 Licenciado em História (2008) e pós-graduado em Docência do Ensino Superior (2010) pela Faculdade José

Augusto Vieira. Atualmente leciona História e Cultura Sergipana na rede municipal e estadual de ensino. E-mail:

[email protected] 2 Licenciado em História (FJAV) e pós-graduado em História do Brasil (Faculdade Pio Décimo) e em Gestão de

Políticas Públicas com Foco em Gênero e Raça (UFS). Atualmente é historiógrafo da Prefeitura Municipal de

Lagarto e professor de História e Sociedade e Cultura da rede estadual de ensino. E-mail:

[email protected] 3 Fragmento extraído do diálogo registrado em um dos workshops de Jane Eliot, citado por Azoilda Loretto da

Trindade, no artigo Fragmentos de um discurso sobre afetividade contidos no vol.1 do Cadernos de Textos -

Saberes e Fazeres: modos de ver do projeto A cor da Cultura. (p.104).

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IV CONGRESSO SERGIPANO DE HISTÓRIA & IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH/SE

O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64

Este trabalho se propõe a estudar de que forma as origens étnicas vem sendo

contempladas pelo currículo escolar, em especial as matrizes africanas, por muito tempo

relegadas a um “espaço de silêncio” na história da educação brasileira, o qual passou a

ser contestado pelo movimento negro, quando começou a haver rupturas através de

medidas legais com a implantação da Lei 10.639/03. Sabe-se que toda legitimidade deve

ter uma dimensão prática, pois toda conquista é fruto da própria trajetória histórica.

Desse modo, buscar-se-á avaliar a aplicabilidade da Lei em uma realidade institucional,

nos detendo a região centro-sul sergipana, no contexto pós lei. Imbuídos do espírito

cientifico e valendo-se de subsídios teórico-metodológicos, tais como análise dos

programas e referenciais curriculares da rede estadual.

Com a Lei 10.639/03 insere-se a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura

Afro-brasileira nos currículos escolares. Nas linhas que seguem, nos deteremos apenas a

analisar como Escola Estadual Lourival Fontes - EELF vem trabalhado, através de seu

currículo, com as questões étnico-raciais no processo educativo, fazendo referência aos

conteúdos ministrados e perpassando pela prática de projetos no âmbito escolar. Para

além disso, buscou-se verificar sobre a existência de ferramentas colaborativas para

capacitação docente e identificar as medidas e ações governamentais de incentivo e

fomento desta temática tão urgente para a formação da consciência cidadã e superação

das assimetrias étnico-raciais.

OS PASSOS DE UMA AFIRMAÇÃO NEGADA

A urgência da Lei 10.639/03 é uma necessidade coletiva, emanada de um

processo de discussão histórica, que precisou ser revista, pois por muito tempo foi

predominante o discurso eurocêntrico de superioridade branca europeia em nossa nação,

o qual serviu para silenciar ou até mesmo sufocar com suas representações simbólicas a

“memória cultural negra”. Suas contribuições, evidentemente espalhadas pelo espaço

social brasileiro são marcas evidenciadas nos ritos, no corpo e na alma do nosso povo.

Mesmo sabendo que “a História oficial relegou aos negros um papel secundário,

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O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64

dificultando o caminho a sua inclusão social e criando um estado de desigualdade difícil

de ser alterado” (BRANDÃO, 2006:13).

Tem-se buscado por meio da legalidade, través da luta, acabar com ações

discriminatórias, muitas vezes veladas no cotidiano escolar onde as relações

interpessoais são permeadas por ideologias disfarçadas de preconceitos, presentes não

só nos atos discriminatórios, mas também nos próprios materiais didáticos, que por sua

vez reforçam em seus conteúdos, os preconceitos construídos socialmente.

Os livros didáticos e outras produções bibliográficas ignoram a

participação de africanos e afro-brasileiros na construção intelectual e

material do país. Este descuido tem o propósito de levar a uma sub-

representação de uma parte da população na história do Brasil, para

reproduzir o processo de dominação e opressão a que essa parcela da

sociedade tem sido submetida (FELIPE; TERUYA, 2008:19).

Além disso, evidencia-se a rejeição ao elemento negro nas dissimulações,

apelidos, xingamentos, ironias, piadinhas de mau gosto, uso de termos pejorativos que

chegam a ofender a índole dos cidadãos negros. Formas de tratamentos estas que

estereotipam e estigmatizam as camadas sociais negras.

Vivencia-se hoje rediscussões sobre a temática negra, ausente por muito tempo

no currículo escolar e sufocada pela tradição eurocêntrica; esta atravessou uma fronteira

de silêncios de um lado e contestações de outro, por mais de meio século. Somente com

o processo de democratização do ensino que inaugura o espaço de ação de inserção, até

bem pouco tempo esquecido, passou-se a reivindicar a adoção de um currículo escolar

mais amplo, menos tendencioso e excludente, reconhecendo e valorizando a diversidade

cultural e a pluralidade do povo brasileiro.

A partir do debate gerado pela Lei 10.639/03 os conteúdos passaram a ser

repensados, buscou-se selecionar materiais didáticos com abordagens antirracistas,

produzidos por intelectuais negros africanos e afro-brasileiros. Na proposta de trabalhar

linguagens múltiplas de significados humanizadores, o qual carece de cuidados na

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seleção de discursos e materiais pedagógicos adotados na escola, intentando minimizar

as distorções sociais e culturais legadas em discursos subjacentes.

Para alguns autores vivemos em uma realidade dialógica em que as imagens

exercem um poder reacionário sobre os nossos sentidos. Dessa maneira:

As imagens tornaram-se essenciais no estudo da história e na reflexão social

pelo poder que elas ganharam, no decorrer do século XX, de formar ou

deformar opiniões, de padronizar posições ideológicas e de construir ou

desconstruir estereótipos (FELIPE; TERUYA, 2008: 22).

Por isso, é importante a perícia consciente dos manuais didáticos, dos materiais

fílmicos, dos programas de rádio e TV, dos artigos de jornais, matérias na internet, etc.,

no intuito de evitar “distorções” históricas, reforçando assim preconceitos e

discriminações.

As iniciativas de fomento à cultura e história da África e afro-descendentes

começaram a existir no Brasil, principalmente após a observância da Lei 10.639/03,

mesmo que de forma lacunar, pois o caminho ainda é longo. Algumas pesquisas estão

sendo feitas através de órgãos como Secad/MEC (Secretaria de Educação Continuada,

Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação e Cultura) que elaborou um

material de esclarecimento com eixos temáticos ligados a pluralidade cultural e étnica

(dentro da proposta de Educação Inclusiva que contemplam o pensamento indígena e

negro)4.

Todavia, a acessibilidade a esse material ainda é muito restrita, carecendo de

uma política contínua de promoção da igualdade racial através da formação continuada

e melhor distribuição dos materiais produzidos. Outras iniciativas de apoio pedagógico

existem como o projeto A Cor da Cultura, feito em parceria com a Fundação Roberto

Marinho, esse material consiste de um Kit educativo (contendo CD, DVDs, livros

teóricos, cadernos de atividades e jogos educativos) que foram distribuídos para escolas

4 A Lei 11.645/08 reforça a Lei 10639/03 estabelecendo as diretrizes e bases da educação nacional, para

incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-

Brasileira e Indígena”.

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de educação básica, no intuito de acalourar os debates e aumentar a compreensão das

contribuições culturais da população negra ao longo da história.

Compactuando essas propostas, evidencia-se que o caminho vem sendo traçado,

sendo a busca pelo conhecimento uma condição natural no processo educativo,

almejando-se com essas iniciativas, elucidar as questões étnico-raciais existentes.

Trajetória da Lei 10.639/03 Enquanto Conquista do Movimento Negro.

A condição do negro no processo pós-abolicionista, deixados à própria sorte,

sem uma política de amparo e proteção social, provocou um destino de miséria. A

primeira abolição serviu apenas como lastro contra a “inércia ideológica” do

preconceito.

Na realidade, começou a partir daí uma luta incansável pela inserção social, e

por que não dizer pela aceitação de sua cor e condição, seja no trabalho, nas ruas ou nos

espaços escolares, este último serviu para eles como um veículo de ascensão social, a

fim de aplacar a dor da rejeição, como atesta as pesquisas sociológicas de Florestan

Fernandes (1978) e Clóvis Moura (2002). Este último, faz uma afirmação reveladora da

condição dos negros no principiar do século XX, em suas palavras “ a preocupação com

a educação é uma constante. O negro deve educar-se para subir socialmente.” Falava-se

até na adoção de estudantes negros nos estabelecimentos de ensino particulares e

oficiais nos graus secundário e superior, como pensionistas do Estado. 5

Essa luta atravessou o século XX, chegou ao XXI cansada, tomando novo fôlego

embrenhando-se em contundentes e necessárias reivindicações. Tendo como porta voz

os movimentos sociais negros, inserindo na pauta de reclames democráticos questões

como: estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura

negra no espaço brasileiro e o negro na formação da sociedade nacional brasileira.

Uma das primeiras manifestações explícita dos movimentos de luta negra

aconteceu em 1950, no Rio de Janeiro, quando essas lideranças se reuniram no I

5 Informações veiculadas pelos meios impressos circulantes, na primeira metade do século XX, por

militantes intelectuais negros como Abdias do Nascimento dirigente do jornal Quilombo.

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Congresso do Negro Brasileiro, promovido pelo TEN (Teatro Experimental do Negro)

quando se discutiu a urgência da criação de institutos de pesquisas para o resgate da

história negra e dos procedimentos de inserção dos mesmos na sociedade brasileira,

essas discussões demorariam a vingar, acabariam ficando amortecidas pelo tempo,

silenciadas pelos órgãos repressores da ditadura militar brasileira até o momento de

abertura quando foram retomadas pela constituinte de 1988.

Na década de 90, no século XX, têm-se novos eventos para definir a educação

antirracistas, como a Marcha Zumbi dos Palmares Contra o Racismo, Pela Cidadania e

a Vida, realizada estrategicamente em 20 de novembro de 1995, em Brasília, onde foi

entregue ao então presidente Fernando Henrique Cardoso o Programa de Superação do

Racismo e da Desigualdade Racial, no que se refere à educação voltada à inclusão

negra, contemplavam iniciativas como o cuidado com a elaboração do material didático

para que não veiculem conteúdos com ideologia preconceituosa de toda e qual quer

ordem. Nesse tocante vieram as primeiras conquistas quando muitos livros didáticos

foram retirados de circulação, quando estes reproduzissem estereótipos por apresentar

imagens que denotassem a condição subalterna ou de inferioridade. Dessa forma alguns

currículos escolares e planejamentos docentes, aos poucos tiveram que ser repensados,

principalmente quando as leis orgânicas de alguns estados da federação incluíram essas

conquistas, agora legais, devendo alcançar o âmbito da prática educacional legítima, já

que sancionar leis não garante o cumprimento e exercício da mesma, pois precisa-se de

suprimentos técnico-metodológicos para alcançar a finalidade da conscientização cidadã

para aplicação de tais medidas.

Outros avanços alcançam o século XXI, quando a educação assume um caráter

democrático, pelo crivo da “justiça e dívida social” quando é implementada a Lei nº

10.639, em 2003 pelo Governo Lula. Tal lei chega a ser um avanço normativo, mas

deveria assegurar as condições de ensino de forma estrutural, no sentido de ceder

material pedagógico específico, garantir a qualificação dos professores já em atividade e

mudar as matrizes curriculares nos cursos de formação docente no intuito de viabilizar

as bases instrumentais da legislação vigente para que ela não se torne letra morta. Pois,

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na trajetória histórica dessa conquista existiu muita luta de homens e mulheres

comprometidos com seus ideais para construção da verdadeira democracia racial.

No tocante, as questões legislativas no Brasil, tentou-se preservar a memória

coletiva negra e suas contribuições ao menos pela tutela burocrática, evidências essas

presentes em vários documentos educacionais ao longo da nossa história republicana, na

tentativa de conter conflitos ideológicos, quando se utilizava o discurso da

democratização escolar, como consta nessa passagem: “condenação a qualquer

tratamento desigual por motivo de convicção filosófica, política ou religiosa, bem como

a quaisquer preconceitos de classe ou de raça.”6

Infelizmente, as LDBs seguintes (a de 5.540/68 e a Lei 5.692/71) não

impulsionaram o debate sobre a questão da inserção racial no espaço escolar, ausência

justificada pelo momento histórico vivido. Somente após o processo de

redemocratização política pós-regime militar, as associações engajadas pela questão

negra (intelectuais, clubes culturais e jornais) respirando o centenário da abolição

(1988), as discussões são retomadas através de pesquisas que comprovam as

disparidades étnicas em relação às oportunidades sociais, e o grande prejuízo para a

população negra. Essa problemática desemboca na inscrição legal do racismo como

crime inafiançável.

A Lei nº 9.394/96, por sua vez, ainda não consegue responder a essas questões,

somente seus desdobramentos repensam as matrizes culturais negras com iniciativas

como os PCNs que tratam, além de outras temáticas, sobre a Pluralidade Cultural, bem

como a efetivação do dia 20 de novembro como “ Dia da Consciência Negra”, a ser

respeitado pelo calendário escolar, incluído reflexões e comemorações acerca do tema

(pauta legal da lei 10.639/03). Pois, omissões culturais podem provocar deformações na

construção de uma identidade nacional, por muito tempo permeada pela visão

eurocêntrica, e reclamada fortemente pelos elementos étnicos da nossa formação

nacional. Essa proposta deverá perpassar todo currículo escolar, desde a realização de

projetos interdisciplinares nas escolas, e principalmente realizações concretas na

6 Presente na LDB 4024/61, no Título I- Dos Fins da Educação, Art. 1º, alínea g – finalidade da educação

nacional inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana.

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formação docente nas universidades com iniciativas como a implantação de disciplinas

(História da África e Cultura Afro–Brasileira) nos cursos de licenciatura voltadas para o

social, bem como se pensar em cursos de pós-graduação que fomentem pesquisas na

área de estudos africanos e por conseguinte a elaboração e divulgação do material

didático produzido. Já avançamos muito, no entanto:

Podemos observar que até hoje existem, nos currículos dos cursos de

História das universidades brasileiras, poucas disciplinas específicas sobre a

África, assim como praticamente se ignora o tema nos estudos de História

Geral do Ensino Fundamental e Médio. Ao tornar obrigatória sua inclusão na

Educação Básica, estaremos frente a uma imensa dificuldade: que História

será essa apresentada, se a maioria dos professores em sala não teve contato

com ela? (LIMA, 2006: 43).

As bases teóricas-práticas no tocante aos estudos africanos, vem sendo

repensados desde a Lei 10.639/2003, que foi um “marco histórico” como luta negra na

educação nacional, a partir daí novas iniciativas legais vem sendo adotadas como a

aprovação pelo CNE das “Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das

Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e

Africana” (Resolução nº1, de 17 de junho de 2004), seguindo os princípios de alteridade

social, da responsabilidade de desenvolvimento de projetos a nível distrital (autonomia

legal dos Estados) que acompanharão as ações, sendo de responsabilidade do sistema de

ensino prover de toda estrutura necessária para a prática escolar. Coube aos

estabelecimentos de ensino o desenvolvimento de projetos de forma interdisciplinar,

ainda a lei garante o incentivo a produção científica, tudo isso como reflexos de

movimentos engajados pela luta de direitos educacionais garantidos na forma de ações

afirmativas, agora legais.

Um experiência escolar: a Lei 10.639/03 em verso e reverso.

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O Projeto “A África vive em nós” é uma ação interdisciplinar desenvolvida pela

Escola Estadual Lourival Fontes - EELF, situada na Av. Doutor Luiz Garcia, 147,

Centro, em Riachão do Dantas. Nascido em 2012, esta iniciativa tem ao longo de sua

trajetória incorporado problemáticas e discussões, atentando sempre para as demandas

locais e institucionais.

A escola por ser espaço de conhecimento é a ferramenta utilizada para fomentar

mudanças e exercer a cidadania. O projeto citado objetiva a promoção política e social

da temática negra e o comprometimento com a educação cidadã, além disso, visa o

cumprimento da lei 10.639/2003 e 11.645/2008. Nele, procura-se discutir conceitos e

refletir preconceitos socialmente implantados no cenário brasileiro. A proposta oferece

condições para que estudantes e professores, especialmente da área de humanas, possam

nos conteúdos de sala de aula abordar questões reflexivas relativas a esta “doença

social”, desmistificando alguns valores arraigados no cotidiano, com a finalidade de

minimizar os conflitos sociais, ético-raciais e de gênero.

Ao longo de sua trajetória, dentro do recorte aqui estabelecido, o projeto teve uma

evolução. Em 2012 iniciou-se um trabalho sistematizado de discussão da problemática

negra, fazendo intersecções com a infância. Trabalhou-se o respeito, o reconhecimento e

a valorização da cultura africana e afro-brasileira levando em consideração o tema

apresentado, dentro da sua diversidade. No ano seguinte, percebendo a necessidade e

urgência de um trabalho aprofundado com o tema gênero, faz-se a inclusão de mais uma

temática buscando conhecer a diversidade de gênero e suas relações multifacetadas com

a raça. Nesta edição de 2014, observa-se a pretensão de inserir mais um grupo étnico-

racial nas discussões, trabalhando com histórias e culturas dos povos indígenas, sob a

temática família.

Considerando a abrangência dos tentáculos do projeto, percebeu-se que ao longo

de sua trajetória ele priorizou a temática negra, mas também buscou dialogar com

categorias e outras problemáticas, aumentando assim sua abrangência e paralelismo

étnico-racial, através de diversificadas intervenções pedagógicas. A iniciativa possui

uma rede colaborativa de componentes curriculares voltados para a temática, a saber:

História, Artes, Língua Portuguesa, Sociedade e Cultura, Ensino Religioso e outros.

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Diante dos problemas da educação pública, o projeto supracitado sobrevive da

criatividade e dos poucos recursos que a escola disponibiliza. Todas as ações do

programa busca aproveitar as diversas habilidades e competências dos discentes na sua

dimensão arte, representação, musicalidade, dança e cultura.

As ações do projeto ocorrem durante o ano inteiro, entre o “13 de maio” e o “20

de novembro” - datas significativas e semanticamente distintas para o movimento negro

- na sala de aula e em atividades extraclasse, com alunos do Ensino Fundamental Maior

da EELF.

Pensando na observância do alcance do projeto na vivencia dos discentes,

resolvemos aplicar um questionário, dentro de um universo amostral de 30 estudantes,

nas séries iniciais e finais do Ensino Fundamental II da EELF, a fim de aferir sobre as

contribuições do mesmo para o desenvolvimento da consciência cidadã e das questões

relativas à temática negra, confrontando os dados colhidos nas séries iniciais com os da

séries finais do processo ensino-aprendizagem.

Este questionário foi subdividido em duas dimensões: uma objetiva e outra

subjetiva. A primeira visando averiguar o domínio de conhecimentos referentes ao

contexto histórico africano e afro-brasileiro, imprescindíveis para uma educação no e

para os direitos humanos e a segunda objetivando perceber a relevância do projeto na

aquisição destes conhecimentos.

Dentro do universo dos questionamentos objetivos perscrutou-se sobre as

representações da história de resistência negra, seus conceitos e fatos históricos,

evidenciando que a grande maioria dos estudantes analisados demonstraram domínio

em relação a temática abordada, sendo esta realidade mais expressiva nas séries finais,

com maior número de acerto.

É interessante notar que quando questionados a respeito da visão projetada sobre o

continente africano a maioria entrou em contradição escolhendo alternativas

estereotipadas e oriundas das construções midiáticas. Ao mesmo tempo em que

demonstraram posse de conhecimentos básicos sobre a temática negra no Brasil,

inclusive saberes relativos aos problemas étnico-raciais nacionais, reproduziram

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conceitos equivocados sobre a África. Situação típica do bombardeamento das redes de

informação que lhe atribui uma visão exótica, negativista e homogênea.

No campo da subjetividade questionou-se a respeito de situações de preconceitos

vistas ou vividas no âmbito social, sobre a vivência de projetos ligados a questão afro na

escola e com relação ao currículo de matriz africana e cultura afro-brasileira.

Neste primeiro aspecto a maioria dos entrevistados informaram ter evidenciado

situações de preconceito, mas aproximando as lentes percebemos que alguns associaram

o preconceito racial a outras formas de preconceito – relativos a gênero, estética e as

várias formas de bullying – talvez de forma consciente, relacionando-os ao racial, ou

inconscientemente, confundindo os conceitos.

A respeito da experiência dos discentes, voltadas para projetos ligados ao

currículo de matriz africana e cultura afro-brasileira, denotamos que nas séries iniciais

havia poucas menções a respeito do tema. Todavia nas séries finais percebemos que a

grande parte dos entrevistados referiram-se ao projeto destacando-o para um despertar

de habilidades e competências que oportuniza alunos com faculdades e gostos

diferenciados, atinando para a construção da identidade brasileira e da consciência

cidadã e para o reconhecimento, respeito e valorização da diversidade étnico-racial do

Brasil, partindo das problemáticas sociais locais para uma realidade mais ampla.

Quando perguntados sobre a importância do estudo voltado para a história e

cultura da África e afro-brasileira, nas series iniciais, as respostas/justificativas

oscilaram entre conhecimentos associados à História, a diversidade cultural e ao

desenvolvimento de habilidades artísticas. Nas séries finais, obtivemos um aporte

dialógico mais complexo tocando em pontos como tolerância religiosa, diversidade

étnico-cultural, alteridade e subalternidade, discriminação racial, relação passado-

presente e cultura afro-brasileira como componente relevante da identidade nacional.

Analisando esta experiência em verso e reverso concluímos que os objetivos

propostos pelo “África vive em nós” foram alcançados consideravelmente, denotando-

se uma distinção significativa entre os discentes que não experimentaram o processo

integralmente e os que estão vivenciando sua terceira edição. Nestes, percebemos que os

conceitos voltados para a temática em questão estiveram bem mais concretos que os

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O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 64

presentes nos calouros, materializando abordagens que identificam traços de uma

educação voltada para os direitos humanos e para a efetivação da lei 10.639/03.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O intuito destas linhas não é solucionar as “marcas do passado”, mas puramente

refletir sobre essas relações dentro do cotidiano escolar para que não continuemos a

reproduzir nos espaços educativos uma visão unilateral da história, de conteúdos

discriminatórios fincados pela visão eurocêntrica que tanto vitima os discursos

pedagógicos de forma intencional ou inconsciente. Para tanto, ultrapassou-se as

fronteiras da teorização e da produção de discursos, afim de trazer a discussão para os

“círculos da prática”. A experiência da EELF contextualiza a efetivação da Lei

10639/03, uma realidade ainda em vias de construção. Apesar dos limites da educação

pública, evidenciamos que com o esforço de profissionais comprometidos e instruídos

foi possível desenvolver na comunidade escolar oportunidades de conhecer à

diversidade cultural e a vivenciar a pluralidade étnica, criando um espaço lúdico e

participativo dentro da escola para valoração dos bens culturais de nosso rico e

multifacetado patrimônio histórico afro-cultural-brasileiro, através de ações educativas

exitosas que contribuam significativamente para uma educação voltada para os direitos

humanos e para o enfrentamento das assimetrias étnico-raciais, socioculturais e

econômicas deste país.

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