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7/30/2019 A Agenda de Lisboa: uma via para a Modernizao da Europa
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A Agenda de Lisboa:uma via para a
Modernizao da EuropaRicardo Abreu (14707)
Sociologia da Modernidade
Mestrado em Estudos Sociais da Cincia
Este ensaio faz parte da avaliao do aluno em epgrafe para a unidade curricular
de Sociologia da Modernidade. O ensaio uma reflexo terica sobre o contributo
das polticas publicas europeias para modernidade contempornea. A estrutura do
ensaio pretende proporcionar ao leitor um entendimento de complementaridade
dos conceitos de modernidade, tecnologia e Estado-Nao teis noenquadramento da Agenda de Lisboa como caminho para a modernizao da
sociedade. Para o efeito analisado trs indicadores estratgicos: Emprego, I&D e
crescimento econmico.
ISCTE-IULJunho 2012
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ndice
Introduo ! 1A modernidade contempornea: Principais autores
!2
A modernidade e o desenvolvimento tecnolgico ! 5A modernidade dos Estados ! 7A Agenda de Lisboa e a modernizao dos Estados-Membros ! 8Notas conclusivas! 11Bibliografia! 14Anexos ! 16
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A Agenda de Lisboa a caminho da Modernidade
IntroduoA modernidade e os efeitos desta tem percorrido muita tinta e controvrsias nas ltimas dezenas de
anos. So imensos os autores que se debatem por defender a sua tese de modernidade para a
sociedade contempornea. Neste ensaio apresentado alguns desses autores principalmente os mais
clssicos, aqueles que foram fontes de inspirao.
Este ensaio pretende abordar a modernidade num enquadramento das polticas pblicas para a
Europa. sugerido que a Agenda de Lisboa, um programa estratgico de crescimento para a
Europa, seja um instrumento para a modernizao dos Estados-Nao compreendidos no projectoda Unio Europeia. Desta forma o ensaio dividido em 4 captulos que se complementam com o
objectivo de conjugar os conceitos de modernidade e a estratgia da Agenda de Lisboa.
No primeiro capitulo apresentado o conceito de modernidade na perspectiva de trs autores
fundamentais para este estudo. Karl Marx, mais conhecido pelo seu trabalho ideolgico no
manifesto comunista, mas com Friedrich Engel mostram uma viso da sociedade constituda por
classes sociais distintas e divergentes nos seus objectivos finais. Uma sociedade dividida
essencialmente por dois estratos sociais, a classe trabalhadora e os capitalistas.
Neste capitulo tambm abordada a perspectiva de mile Durkheim de uma modernidade objectiva
e construda factos. Para este autor na sociedade os indivduos competem entre si mas com um
sentido de solidariedade. Esta solidariedade pode ser de dois tipos: do tipo mecnica e do tipo
orgnica. Outro autor, outra viso de sociedade moderna proposta por Max Weber, que prope
uma sociedade baseada na aco dos indivduos e caracterizada por conceitos amplos a que designa
de ideais-tipo.
No segundo capitulo do ensaio proposto discutir a relao entre a modernidade e a tecnologia.
Sendo a Agenda de Lisboa uma estratgia baseada na tecnologia disponvel, este capitulo pretende
enquadrar o fenmeno da tecnologia na modernidade. realado algumas teorias dos estudos
sociais da tecnologia, nomeadamente as vises construtitivistas e deterministas de alguns autores
relativamente tecnologia. ainda chamada ateno a viso de Andrew Feenberg do papel
mediador da tecnologia na sociedade contempornea.
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O terceiro capitulo encoraja o leitor a reflectir sobre as teorias do Estado no contexto da
modernidade. abordada em sntese as noes de Estado segundo Marx, Durkheim e Weber,
culminando no conceito de Estado-Nao, descrito pelo socilogo Anthony Giddens. Este conceito
de Estado tem a sua importncia no enquadramento da aco da Agenda de Lisboa nos diversos
Estados-Nao que implementaram esta estratgia.
O ltimo capitulo pretende apresentar a estratgia associada a Agenda de Lisboa e os seus principais
objectivos. O ensaio no descreve em pormenor a origem e todos os objectivos desta estratgia
Europeia, mas foca o seu interesse no trabalho fundamental da professora Maria Joo Rodrigues na
criao e posterior anlise das polticas da Agenda de Lisboa. apresentado as principais
orientaes estratgicas e as fases de implementao estratgica, como tambm algumas criticas aos
objectivos da Agenda de Lisboa.
Este ensaio no pretende fazer uma recesso critica ao projecto da Agenda de Lisboa, nem abordar
todo o trabalho feito pelos diversos governos europeus. Este ensaio uma reflexo terica sobre a
modernidade com o objectivo de a enquadrar nas polticas publicas europeias. A estrutura do ensaio
pretende proporcionar ao leitor um entendimento de complementaridade dos conceitos de
modernidade, tecnologia e Estado-Nao teis no enquadramento da Agenda de Lisboa como
caminho para a modernizao da sociedade.
A modernidade contempornea: Principais autoresA Modernidade est associada a fenmenos que respeitam aco e estrutura da sociedade. E a
sociologia o campo cientfico que mais se aproxima a uma anlise e interpretao destes
fenmenos. So vrios os autores que documentam esta analise e tomam para si opinies
divergentes e de consenso. So exemplo os trabalhos de Karl Marx e Friedrich Engel (Marx, 1968;Marx & Engels, 1970), Max Weber (Weber, 1983; Weber, Henderson, & Parsons, 1964) e mile
Durkheim (Emile Durkheim, 1970, 1984) que inspiram muitos pensadores e socilogos da
modernidade.
Os trabalhos de Marx reflectem a sua opinio disruptiva da sociedade contempornea. uma viso
histrica da sociedade e sendo a modernidade uma transformao continua da sociedade. Porque a
histria limitada a um conjunto de situaes. na mudana que o Homem encontra a capacidade
de transformar por via da interaco entre a aco colectiva e as circunstancias histricas.
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Para Marx a base das estruturas sociais esto localizadas nas trocas de bens e servios ao nvel da
produo. As foras de produo tem a capacidade de gerar riquezas por via essencialmente da
capacidade laboral dos trabalhadores (fora produtiva), pela disseminao de conhecimento, etc. E a
organizao da fora de trabalho origina relaes entre os Homens de mbito social, poltico e
econmico. sobre estas relaes scio-econmicas que Karl Marx analisa e critica o sistema
capitalista (Marx, 1996).
Para este socilogo o capitalismo induz um elevado nvel de stress entre as estruturas das foras
laborais e de poder econmico. Ou seja, entre dois tipos de poder ou classes sociais: o poder de
quem coordena e o poder de que executa o trabalho (Giddens, 1993b). Enquanto a classe operria
(proletariado) contribui para o aumento da riqueza da sociedade, as relaes entre esta classe e os
poderes do capitalismo (burguesia) no contribuem para alterao ou mudana, mas sim para
desigualdades.
A viso de modernidade marxista conotada por um conflito continuo entre classes sociais
diferentes no sentido em que a suas relaes sociais, econmicas e polticas definem as
transformaes necessrias para o desenvolvimento e modernizao das sociedades. Portanto
podemos afirmar que a modernizao da sociedade assenta na criao de riqueza por via do
proletariado e que este deve ser o foco de interesse nas polticas publicas dos dirigentes. Polticas ao
nvel da educao, formao, emprego e rendimento.
Em contraposto noo de classe social adjacente teoria de modernidade de Marx. Emile
Durkheim apresenta uma viso da modernidade baseada em factos. E explica que o os
comportamentos e atitudes sociais dos Homens tem origem no conceito de competitividade entre osindivduos. No entanto alerta para o facto que esta competitividade exige solidariedade entre os
actores sociais para a estabilizao e continuidade da sociedade.
Na sociedade de Durkheim existe dois tipos de solidariedade, aquela que assenta na semelhana
entre o colectivo dos actores sociais, a que denomina por solidariedade mecnica. E por outro lado a
sociedade apresenta tambm um tipo de solidariedade orgnica, que diz respeito interdependncia
da diviso de trabalho. precisamente atravs da diviso laboral que a competitividade se
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desenvolve e por esta via que se diferencia e especializa (da Cruz, 2004a; Emile Durkheim,
1970) .
Para este socilogo, a modernidade surge da dinmica destes dois tipos de solidariedade. Reside na
evoluo de uma sociedade baseada na solidariedade mecnica para uma tipologia mais orgnica.
Ou seja, a modernizao da sociedade depende em muito do grau de especializao e diferenciao
do mercado de trabalho e da fora laboral (Emile Durkheim, 1984) .
Para ambas teorias retratadas anteriormente a modernidade justificada por uma viso estruturalista
da sociedade. Quer seja por uma diviso estrita de classes sociais, quer por uma diviso sistmica
da prtica laboral. Outros autores, como Max Weber, apresentam uma viso oposta modernizao
estrutural. Este autor teoriza a modernizao por via da aco consciente dos indivduos
representados na sociedade (da Cruz, 2004b) .
Weber relativiza a importncia das cincias sociais concebendo-a como uma interiorizao das
normas e valores dos cientistas sociais. Contudo, afirma que existem correntes predominantes
concebidas pelos cientistas que disseminam pela sociedade. Ou seja, possvel desenvolver
conhecimento sociolgico pela criao de modelos tipo, ou tipo-ideal, aceites por todos como
conceitos universais. Para Weber existem 4 modelos tipo-ideal (da Cruz, 2004b): o modelo baseado
na aco racional (por objectivos e valor) de caracter legal; modelo de aco tradicional assente na
crena quotidiana; e o modelo de aco afectiva de domnio carismtico.
Se considerarmos o Capitalismo como um tipo ideal segundo Weber, este reflexo de uma aco
racional com objectivos econmicos e valores sociais partilhados por grande diversas naes e
sociedades. O capitalismo, neste ponto vista, um processo de racionalizao econmica queassociado a uma tica protestante e calvinista incute um aspecto moral na obteno do lucro
econmico (Weber, 1983). Para Weber a modernizao um processo de racionalizao assente
numa aco guiada por objectivos.
Nem sempre este processo de modernizao linear, por vezes opem-se prpria razo. Na
medida em que, na senda da eficincia os indivduos tomam aces que ultrapassam a
razoabilidade. Como exemplo a burocracia, outro ideal-tipo, que pretende optimizar os processos
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mas por vezes esquece objectivos iniciais (Giddens, 1993b). No processo de modernizao existe o
perigo dos meios justificarem os fins.
Verificamos com estes autores contemporneos trs vises da modernidade antagnicas e
complementares de uma sociedade capitalista heterognea. Por um lado o capitalismo caracterizado
por lutas de classes sociais, para um outro em que a solidariedade fonte do progresso e por fim
uma viso do capitalismo e modernidade orientada por processos de racionalizao da aco dos
indivduos. Em suma podemos afirmar que a modernidade um conjunto de transformaes sociais
que configuram a sociedade ao longo do tempo.
Estas transformaes s existem pela aco dos diversos actores sociais, os indivduos, as
instituies e os governos que tem uma papel fundamental na construo social da modernidade.
Em relevo este ltimo que sob a gide de um estado implementa e coordena polticas que
influenciam os comportamentos e atitudes dos restantes actores. O desenvolvimento da
modernidade est implcito no prprio desenvolvimento do estado.
A modernidade e o desenvolvimento tecnolgicoQuando abordamos a modernizao das sociedades no podemos excluir a importncia da
tecnologia e inovao nas transformaes sociais. Recordemos o impacto que a revoluo industrial
entre os sculos XVII e XIX teve nas sociedade ocidentais. A introduo da mquina a vapor, de
maquinaria e de novos processos organizacionais permitiu a esta regio do mundo atingir
crescimentos de produtividade e riqueza nunca antes alcanado. O sculo XX foi tambm um
perodo extraordinrio para a inovao tecnolgica. Da electricidade ao desenvolvimentos
industriais na construo automvel trouxe mobilidade s populaes, o surgimento da
microelectrnica permitiu aparecimento dos computadores. O incio do sculo XXI foi marcadocom a grande transformao social influenciada pelas tecnologia de informao e comunicao que
elevou o grau de complexidade nas relaes entres os indivduos.
A tecnologia um factor catalisador de modernidade e que afecta toda sua a infra-estrutura (Brey,
2004). Segundo alguns autores (Bijker, Hughes, & Pinch, 1987) a tecnologia uma construo
social, ou seja, o surgimento de novas tecnologias feito com o envolvimento de diversos actores
sociais que em conjunto com os artefactos tecnolgicos produzem sistemas e estruturas tcno-
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sociais. Nesta perspectiva podemos sugerir que a modernizao feita pela construo scio-
tcnica das sociedades.
Os sistemas sociais modernos so sistemas scio-tcnicos em que a tecnologia parte integrante da
actividade das instituies sociais e agentes econmicos (Brey, 2004). Podemos afirmar que a
actividade social no se estrita somente ao resultado do comportamento do colectivos mas depende
em muito da tecnologia utilizada nas transaces e relacionamentos sociais. As sociedades
modernas so caracterizadas por uma transformao cultural influenciada pela tecnologia. Mesmo
do ponto de vista do marxismo a tecnologia de produo tida em conta, contudo como factor
constrangedor estrutura econmica (idem, 2004).
Outra forma de perspectivar a relao entre a tecnologia a a sociedade surge por alguns autores
como Heidegger, Marcurse e Ellul que teorizam a tecnologia como factor determinante para
submisso da humanidade e racionalizao da sociedade e cultura (Brey, 2004). O determinismo
tecnolgico assenta na base que a tecnologia desenvolvida segundo uma lgica no influenciada
por factores sociais mas que gera consequncias sociais inevitveis (idem,2004). Ou seja, as
transformaes tecnolgicas so independentes da actividade social contudo tm um impacto na
estrutura econmica, social e cultural da sociedade.
Sem dvida que a tecnologia uma das maior fontes de poder publico nas sociedades modernas. As
decises do dia-a-dia so definidas por mecanismos associados a sistemas tecnolgicos e
dominados por sectores que exercem o seu poder na sociedade. Andrew Feenberg (Feenberg &
Hannay, 1995) afirma que a tecnologia no deve ser perspectivada pela forma determinista ou
neutral. Ele argumenta que o papel da tecnologia na sociedade moderna deve prevalecer como
mediadora das diversas actividades sociais, como na produo, medicina, educao ou sectormilitar. O autor adianta ainda que em consequncia mediao tecnolgica a democratizao da
nossa sociedade requer tambm mudanas polticas.
Podemos conceber a sociedade contempornea como uma definio particular da tecnologia com
objectivos associados ao lucro e poder (Feenberg & Hannay, 1995). Para Feenberg (1995) numa
viso mais ampla da tecnologia, um tipo de racionalidade societal pode ser interpretada com base na
responsabilidade das aces tecnolgicas em contextos humanos e naturais. A tecnologia pode
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assegurar mais do que um tipo de civilizao tecnolgica e ser incorporada em diferentes
sociedades democrticas (idem, 1995).
A modernidade dos EstadosPara Karl Marx o Estado no mais do que um instrumento para regular a sociedade capitalista a
bem das classe dominantes. So estas que exercem poder sobre as classes trabalhadoras e definem o
seu funcionamento (Marx & Engels, 1970). Para Emile Durkhein o Estado o garante da coeso
das suas populaes e promove a moral e tica entre os cidados. Um Estado solidrio deve
assegurar os meios para que as suas populaes cresam e desenvolvam em ambientes de
cooperao entre governantes e governados (E. Durkheim & Giddens, 1986). A viso de Max
Weber do Estado assenta na capacidade de poder por via da aco social. Ou seja, por uma tipo
burocracia civil, caracterizada por regras administrativas e legais a que podemos chamar poltica
democrtica (Weber, Roth, & Wittich, 1978).
Os Estados so a forma mais completa de organizao da sociedade. Porque dele emanam a
identidade e representao do seu povo que diferenciam dos restantes. O Estado o garante da
independncia como do desenvolvimento da sua sociedade. Os Estados podem surgir com
limitaes territoriais e formas polticas de governao diferentes, uns com grande extenso de
territrio, outros podem somente ser uma cidade. Cada Estado governado por regras e polticas
que asseguram a independncia e o bem estar dos seus cidados. Num mundo globalizado o papel
do Estado assenta na capacidade de competir para capacitar as suas populaes com recursos
suficientes para o seu bem-estar.
Consideramos a organizao das sociedades modernas como Estado-Nao. E so definidos por
possuir uma soberania, ou seja os governos exercem um poder total dentro das suas fronteirasterritoriais. So constitudos por cidados que dentro da fronteira poltica e territorial possuem
direitos e deveres comuns. O Estado-Nao caracterizado ainda por tipo de nacionalismo
caracterizado por smbolos e crenas que identificam a comunidade poltica desse mesmo Estado-
Nao (Giddens, 1993b).
Um Estado moderno usa todos os meios disponveis para garantir a segurana, o bem-estar e o
desenvolvimento do seu povo, da sua sociedade. Como j foi referido o uso da tecnologia um
factor determinante para a diferenciao entre Estados ditos modernos. A Educao, um outro
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factor importante para o desenvolvimento de uma sociedade moderna. A Educao uma forma de
modernidade que envolve alunos e comunidade, um centro de saber onde onde o conhecimento
criado, retido e reproduzido (Giddens, 1993a).
Com o advento da industrializao at aos nossos dias o trabalho tornou-se cada vez mais
especializado. E a exigncia do sistema de educao perante as necessidades das populaes
permitiu o desenvolvimento amplo de instituies de ensino, contudo esse mesmo ensino tornou-se
mais abstracto, focando a sua ateno para as competncias de leitura, escrita e calculo. Vrios
autores afirmam que a expanso do ensino, principalmente no sculo XX, permitiu reduzir as
desigualdades entre os cidados, contudo a histria demonstra o contrrio ao longo deste ltimo
sculo (idem, 1993a).
A Europa eleva o esplendor da noo de Estado-Nao desde do tratado de Paris de 1958 em que
nesta regio do mundo foi estabelecido um mercado comum de transaces de bens entre os
Estados-Nao que completam a Unio Econmica Europeia (Giddens, 1993b). Mais tarde foi
criada um tipo de unio poltica que originou a designao de Unio Europeia (UE). Apesar das
diferenas sociais, culturais e econmicas entre as naes que integram a UE, os Estados-Nao so
receptores de polticas econmicas e sociais que tm o objectivo de estreitar os diferentes nveis de
desenvolvimento.
A Agenda de Lisboa e a modernizao dos Estados-MembrosComo definido anteriormente a modernidade um processo de transformao social por via de
diversas aces e actividades dos agentes e instituies sociais. A Unio Europeia defronta-se no
final do sculo XX com emancipao da globalizao estendida s regies do Sul, nomeadamente aAsia. Em termos de competitividade econmica a Europa confronta a capacidade cientfica e
tecnolgica dos Estados Unidos da Amrica e do Japo e da produtividade desenfreada das
economias Asiticas.
O intitulado relatrio Paradoxo Europeu de Dosi (Dosi, Llerena, & Labini, 2006) demonstra de
facto o atraso da Europa na competitividade cientfica e tecnolgica. Este relatrio peremptrio ao
afirmar que apesar dos pases europeus liderarem a produo cientfica no conseguem transformar
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esse conhecimento acumulado em produo industrial e produtos inovadores. A responsabilidade
cai sobre os sistemas cientficos de investigao e numa indstria muito fraca.
Em Maro de 2000 o Concelho Europeu reuniu-se para uma sesso extraordinria da qual surgiu
uma nova estratgia para a competitividade europeia face ao mundo globalizado. Os objectivos
desta estratgia assentava em trs pilares fundamentais com um horizonte de implementao at
2010 (Europeu, 2000; Rodrigues, 2003): Um emprego forte, uma reforma econmica e uma coeso
social como parte integrante de uma sociedade e economia baseada no conhecimento. Tal como
Maria Joo Rodrigues, fundadora desta estratgia, cita na sua anlise uma das concluses deste
concelho (Rodrigues, 2009a): the union has today set itself a new strategic goal for the next
decade: to become the most competitive and dynamic knowledge-base economy in the world
capable of sustainable economic growth with more and better jobs and greater social cohesion.
Este esforo gigantesco para tornar a Europa uma regio e fora mundial assente numa sociedade e
economia baseada em conhecimento e inovao, exige dos Estados-Nao europeus um rigor na
implementao das estratgias e implicaes ao nvel dos indicadores comparativos. Desta forma
foram criadas diversas orientaes europeias para aplicao em polticas pblicas de cada Estado-
Membro (idem, 2009a):
a) Elaborao de uma poltica para a Sociedade de Informao. Pretendia melhorar a qualidade de
vida dos cidados por via das tecnologias de informao e comunicao em reas como a gesto
da sade e urbana ou na educao e servios pblicos. Aces concretas na criao de redes de
telecomunicaes avanadas ou democratizar o acesso internet.
b) Criar uma poltica comum para a Investigao e Desenvolvimento com um intuito de estabelecer
uma rea de I&D europeu por via de programas cientifico-tecnolgicos partilhados.
c) Promover de uma poltica de inovao e propriedade intelectual com o objectivo de criar umapatente comunitria.
d) Promover o empreendedorismo criando polticas nacionais que simplifiquem os processos
administrativos, melhores regulaes e acesso a capital de risco.
e) Avanar com reformas econmicas que promovam o crescimento e a inovao, que incentivem
os mercados financeiros a suportar novos investimento. E uma liberalizao total em sector mais
protegidos pelos Estados.
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f) Definir novas prioridades para poltica nacional de educao. Um ensino aberto sociedade e
baseado em novas ferramentas como o multimedia e a internet. Iniciativas como o diploma
Europeu ou o processo de Bolonha so exemplos destas polticas.
g) Intensificar as polticas activas de emprego como a aprendizagem ao longo da vida, ou a
promoo da igualdade de gneros. Sem descurar a sustentabilidade dos sistemas de segurana
social deve ser reduzida a taxa de desemprego.
h) Procurar a modernizao do Estado Social Europeu com a convergncia da idade de reforma com
a idade activa das populaes (esperana mdia de vida).
i) Elaboraes de planos nacionais que garantem a incluso social, entre outros, planos para a
educao, sade e habitao. E tambm para grupos de risco como os idosos ou crianas.
j) Implementao de polticas publicas para o desenvolvimento sustentvel ambiental. Uma
orientao que chega com Concelho de Estocolmo em 2001.
Esta agenda para um crescimento sustentvel que colocaria a Europa no topo das economias mais
competitivas e poderosas do mundo numa dcada tinha trs fazes de implementao (Rodrigues,
2009a): Primeira fase que consistiu em transpor as concluses deste concelho de Maro em
instrumentos polticos da Unio Europeia que por sua vez traduzidos para os Estados-Membros.
Segunda fase, foi programada na avaliao intercalar de 2005. Esta fase consistiu em optimizar as
relaes de governana e aspectos financeiros entre as instituies europeias e consignados e novos
Estados-Membros. A terceira fase, comeou em 2007 com o objectivo de consolidar a agenda para
2010 e criar condies para a realizao de um novo tratado Europeu, designado mais tarde por
Tratado de Lisboa.
O Tratado de Lisboa vem proporcionar uma nova dinmica entre os Estados-Membros. O seu
propsito assentava em duas grandes novidades no processo de construo europeia (Lopes, 2007) :no mtodo e nas polticas. No mtodo por um sistema Aberto de Coordenao que permitiria
desenvolver o mercado de trabalho por via de uma abordagem flexvel que conjugava diversos
eixos de aco como a cognio, a apreendizagem mtua e a coordenao de esforos. Nas
polticas liberais, proporcionando mais concorrncia intra e inter Estados-Membros com o objectivo
de crescimento econmico. So reforadas as polticas de emprego, de educao e formao
profissional, de I&D e inovao.
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As criticas implementao desta agenda de crescimento so diversas e oriundas dos diversos
quadrantes polticos e ideolgicos. Nem todos os objectivos forma atingidos, da anlise da
performance da implementao da agenda dos 28 dos objectivos 17 falharam ou no foram
cumpridos at 2007. Penalizando sobretudo as aces para o desenvolvimento do mercado de
trabalho e do ensino ao longo da vida (Rodrigues, 2009b).
Na reviso de 2005 os resultados no foram muito esperanosos, a Europa continuava a ter uma
diferena elevada com as regies mais avanadas do mundo. Por isso reviu-se os objectivos e os
processos de implementao. E reduziu-se quase todos os indicadores quantitativos excepto o
objectivo de atingir os 3% do PIB em Investigao e Desenvolvimento. Os processos de
implementao das reformas no crescimento e emprego foram tambm reprogramados ao nvel dos
Estados-Membro (Johansson, Karlsson, Backman, & Juusola, 2007).
O relatrio da Comisso Europeia, em 2010, relativamente avaliao da Estratgia de Lisboa,
revela as dificuldades em implementar esta estratgia. A taxa de emprego atingiu 66% em 2008 um
crescimento somente de 4 pp. Apesar deste pequeno crescimento de emprego os mais pobres foram
deixados de fora o que comprometeu os objectivos da incluso social. A esta mesma data a despesa
em I&D representava em mdia europeia de 1,9% do PIB face aos 1,82% em 2000. Contudo os
mecanismos de Coordenao Mtua permitiu Europa e aos seus Estados-Membros maior
resilincia ao incio da crise financeira de 2008. um facto de que a Estratgia de Lisboa no
estava preparada para bloquear a onda de crise que se espalhou por todo o globo.
Notas conclusivasA modernidade pode ter diversas interpretaes e anlises. Mas uma certeza se impe, uma
transformao social que movimenta as pessoas e estabelece dinmicas institucionais na sociedade.A modernidade atinge o seu apogeu quando interiorizada conscientemente pelos os actores sociais
que actuam e relacionam-se com o objectivo de desenvolver o seu tipo de modernidade. Neste
ensaio foi apresentado de forma sinttica algumas perspectivas de modernidade que serviram de
mote para enquadrar a Agenda de Lisboa no processo de transformao Europeia.
A Agenda de Lisboa consistiu em implementar uma estratgia poltica comum aos Estados-Nao
pertencentes Unio Europeia como objectivo de retirar a Europa do marasmo social e econmico
que vivia no final do sculo XX. Por via de instrumentos e objectivos especficos a Europa avano
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para a grande transformao social dos ltimos tempos. Podemos intuir que a estratgia da Agenda
de Lisboa, mais tarde materializada no Tratado de Lisboa, um processo de modernizao da
sociedade europeia.
Uma modernizao que pretendia elevar a Europa a um estgio de evoluo que permitisse afirmar-
se como uma economia baseada no conhecimento e uma sociedade inovadora. Como afirma Robert
Lindley (Lindley, 2003) a sociedade do conhecimento procura a mudanas estruturais a longo prazo
pela via da produo, dessiminao e utilizao do conhecimento como fonte de riqueza e
desenvolvimento. Acrescenta ainda que a sociedade de conhecimento no resultado de um
enquadramento terico mas sim de uma maturao na evoluo do capitalismo.
Os primeiros resultados da implementao da estratgia da Agenda de Lisboa no abonam para o
sucesso desta transformao social. Como podemos verificar1 2 nos dois indicadores de emprego e
despesa em I&D, os vrios Estados-Membros tem desenvolvimentos diferentes. O objectivo de
70% de taxa de emprego s foi alcanado em 2008 por 9 dos 27 pases e encontramos elevadas
diferenas entre os pases do norte e sul da Europa como tambm nos Estados-Membros mais
recentes vindos do Leste Europeu.
No que respeita ao indicador de despesa em I&D o objectivo dos 3% do PIB s foi alcanado por
dois pases, a Sucia e a Finlndia. Verificamos um grupo considervel de Estados com nveis que
no ultrapassam 1,5% e outro grupo que consegue ultrapassarmetade do objectivo. Esta diferena
entre os pases do centro e norte e leste da Europeu demonstra a dificuldade em aplicar as
orientaes da estratgia e o Mecanismo de Coordenao Mtua.
No quadro indicador do crescimento econmico podemos identificar o efeito da crise instalada em2008 e verificar a quebra do crescimento do PIB a partir de 2009. Mais acentuado na Europa do que
nos EUA, mas com uma recuperao prevista de maior valor nos EUA e Japo. O quadro demonstra
o atraso da Europa relativamente a outras plataformas regionais nas ltimas dcadas e revela que
no decnio 2000-2010 a taxa de crescimento entre alguns Estados-Membros diferenciada apesar
de estarem todos sobre a mesma estratgia de crescimento.
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1 Ver anexo A
2 Para efeitos deste ensaio o autor s analisa 3 indicadores: Emprego, I&D e Crescimento econmico.
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Dados estes dados podemos sugerir que a transformao social e econmica implcita na Agenda de
Lisboa no foi implementada de igual forma pelos vrios Estados-Nao membros da Unio
Europeia. A modernizao da Europa teve um caracter heterogneo, cada Estado partiu de
realidades diferentes e a implementao das orientaes estratgicas tiveram diferentes
implementaes. Como afirma Samuel Eisenstadt (Eisenstadt, 2002) podem coexistir vrias
modernidades ou diferentes nveis de modernidade. Nesta perspectiva temos que analisar os
resultados da Agenda de Lisboa como um caminho para a modernidade num respectivo espao
temporal.
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AnexosAnexo A
Grfico A1. Taxa de emprego na Unio Europeia 2000-2008. Objectivo Agenda de Lisboa
F
Fonte: Comisso Europeia, SEC (2010) 114 final
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Grfico A2. Despesa em Investigao e Desenvolvimento em %PIB. Objectivo AgendaLisboa
Fonte: Comisso Europeia, SEC (2010) 114 final
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Quadro A1. Crescimento do PIB, Taxa anual mdia de variao.
Fonte: European Economy Statistical Annex, Autumn 2011: 48-49(1) 1960-91 D_W; (2) 1960-91 including D_W; (3) Former EU-15; 1960-91 including D_W
* Provisrio** Estimado
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