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1 A AGROECOLOGIA COMO ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL FRENTE A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA – UM ESTUDO NO MUNICÍPIO DE CORONEL VIVIDA - PR Ana Paula Stasiak UNIOESTE –Francisco Beltrão. [email protected] Resumo A pesquisa tem por objetivo geral analisar a produção agroecológica no município de Coronel Vivida como alternativa sustentável frente ao processo de modernização da agricultura, e compreender os diferentes territórios formados pelas duas categorias. A pesquisa a ser realizada é de caráter empírico e bibliográfico, pois, a mesma apresentará uma revisão bibliográfica sobre a modernização da agricultura, e sobre a Agroecologia como alternativa sustentável por parte dos agricultores familiares brasileiros, estendendo-se para o município. Para caracterizar a produção Agroecológica serão efetuadas entrevistas pré-estruturadas com os agricultores agroecológicos do município, além disso, entrevistas com alguns produtores que já praticaram esse tipo de agricultura e abandonaram a mesma, para averiguar quais as dificuldades da implantação da agroecologia no município, e vantagens e desvantagens em ambas. Palavras chave: Agroecologia. Sustentabilidade. Modernização. Agricultura. Território Introdução O município de Coronel Vivida – PR, fez parte do processo de modernização da agricultura adotado pelo governo brasileiro. O município assim como todo o país adotou um padrão agrícola voltado ao mercado nacional e internacional, privilegiando o cultivo de grãos como a soja e o milho, que juntos correspondem a 89% da produção agrícola do município (SEAB/ DERAL). No entanto, segundo dados da EMATER (2011) o município apresenta uma estrutura fundiária com predominância de pequenas e médias propriedades, sendo que, 2078 propriedades pertencem a agricultores familiares, 34 são propriedades indígenas, e apenas 195 propriedades pertencem à agricultura empresarial. Muitos não possuem mecanização própria para o cultivo, sendo que, apenas 377 estabelecimentos do município possuíam tratores em 2006 segundo o Censo agropecuário do IBGE. Sabendo que a modernização da agricultura ao mesmo tempo, que trouxe um aumento da produtividade agrícola, gerou um aprofundamento das desigualdades sociais no campo e a

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A AGROECOLOGIA COMO ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL FRENTE A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA – UM ESTUDO NO MUNICÍPIO DE

CORONEL VIVIDA - PR

Ana Paula Stasiak UNIOESTE –Francisco Beltrão.

[email protected]

Resumo A pesquisa tem por objetivo geral analisar a produção agroecológica no município de Coronel Vivida como alternativa sustentável frente ao processo de modernização da agricultura, e compreender os diferentes territórios formados pelas duas categorias. A pesquisa a ser realizada é de caráter empírico e bibliográfico, pois, a mesma apresentará uma revisão bibliográfica sobre a modernização da agricultura, e sobre a Agroecologia como alternativa sustentável por parte dos agricultores familiares brasileiros, estendendo-se para o município. Para caracterizar a produção Agroecológica serão efetuadas entrevistas pré-estruturadas com os agricultores agroecológicos do município, além disso, entrevistas com alguns produtores que já praticaram esse tipo de agricultura e abandonaram a mesma, para averiguar quais as dificuldades da implantação da agroecologia no município, e vantagens e desvantagens em ambas. Palavras chave: Agroecologia. Sustentabilidade. Modernização. Agricultura. Território

Introdução

O município de Coronel Vivida – PR, fez parte do processo de modernização da agricultura

adotado pelo governo brasileiro. O município assim como todo o país adotou um padrão

agrícola voltado ao mercado nacional e internacional, privilegiando o cultivo de grãos

como a soja e o milho, que juntos correspondem a 89% da produção agrícola do município

(SEAB/ DERAL).

No entanto, segundo dados da EMATER (2011) o município apresenta uma estrutura

fundiária com predominância de pequenas e médias propriedades, sendo que, 2078

propriedades pertencem a agricultores familiares, 34 são propriedades indígenas, e apenas

195 propriedades pertencem à agricultura empresarial. Muitos não possuem mecanização

própria para o cultivo, sendo que, apenas 377 estabelecimentos do município possuíam

tratores em 2006 segundo o Censo agropecuário do IBGE.

Sabendo que a modernização da agricultura ao mesmo tempo, que trouxe um aumento da

produtividade agrícola, gerou um aprofundamento das desigualdades sociais no campo e a

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degradação dos recursos naturais, assim como, prejuízos para a saúde humana e

contaminação dos alimentos através dos agrotóxicos e insumos presentes na agricultura

convencional. É viável estabelecer alternativas sustentáveis para a agricultura com a

preservação ambiental e a sustentabilidade econômica e social da agricultura familiar nas

áreas rurais.

Através da Agroecologia que é definida por Altieri (1995 apud Hespanhol, 2008, p.127 e

128) “como ciência ou disciplina científica que apresenta uma série de princípios, conceitos

e metodologias para estudar, analisar, dirigir e avaliar agroecossistemas, com o objetivo de

favorecer a implantação e o desenvolvimento de sistemas de produção com maiores níveis

de sustentabilidade”, poderia ser proporcionado aos agricultores familiares do município

uma alternativa, que vise melhorar as condições de vida desses produtores através da

diversificação da sua produção e maior autonomia local no processo de produção, além de

contribuir para a preservação ambiental.

Desenvolvimento e metodologia

A agricultura passou por diversas transformações a partir da inserção de técnicas industriais

no seu processo produtivo. A denominada modernização da agricultura com a adoção do

pacote tecnológico da “revolução verde”, fez com que houvesse um aumento da

produtividade na agricultura, mas por outro lado, provocou mudanças significativas nas

estruturas sociais das áreas rurais, aumentando a concentração fundiária e as desigualdades

sociais. Ainda trouxe sérios problemas ambientais com a utilização de agrotóxicos, plantas

geneticamente modificadas e o cultivo de monoculturas.

O Brasil passou a adotar essas tecnologias a partir de meados da década de 1960. Ao

mesmo tempo em que vivia o seu auge da modernização da agricultura em meados da

década de 1970, já surgiam movimentos que defendiam práticas alternativas ao chamado

pacote tecnológico da “revolução verde”, nesse contexto a Agroecologia é proposta como

alternativa sustentável em relação à modernização da agricultura.

A modernização da agricultura brasileira concentradora e excludente não atende às

necessidades dos pequenos produtores que se utilizam de mão-de-obra familiar, os

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denominados agricultores familiares. Por isso vê se necessário a adoção de técnicas

alternativas e sustentáveis que atendam as necessidades ambientais, sociais e econômicas

dos mesmos.

O município de Coronel Vivida localizado no sudoeste do Paraná possui, assim como, a

mesorregião mais de 40% de seu PIB vindo da agropecuária, ou seja, 46% do PIB do

município correspondem à agropecuária. Além disso, cerca de 90% das propriedades rurais

do município são classificadas como pertencentes a agricultores familiares, no entanto,

verifica-se que a grande maioria das propriedades rurais do município pratica a agricultura

convencional, sendo que, atualmente apenas três propriedades praticam a denominada

agricultura agroecológica em suas propriedades (IBGE, 2006).

Tal dificuldade da implantação de sistemas agroecológicos por parte dos agricultores no

município é um dos objetivos da pesquisa, que visa analisar a produção agroecológica no

município de Coronel Vivida como alternativa sustentável frente ao processo de

modernização da agricultura e compreender os diferentes territórios formados pelas duas

categorias.

A pesquisa a ser realizada é de caráter empírico e bibliográfica, pois, a mesma será

realizada através de uma revisão bibliográfica sobre a modernização da agricultura e sobre

a Agroecologia como alternativa sustentável por parte dos agricultores familiares

brasileiros, estendendo-se para o município de Coronel Vivida.

Além disso, serão feitos levantamentos de dados de órgãos como o IBGE (Instituto

Brasileiro de Geografia e Estátisticas), IPARDES (Instituto Paranaense de

Desenvolvimento Econômico e Social), EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária), SEAB/DERAL (Secretária de Estado da Agricultura e Abastecimento/

Departamento e Economia Rural) e EMATER, sindicatos dos trabalhadores rurais e

secretaria da agricultura da prefeitura do município de Coronel Vivida.

Para caracterizar a produção agroecológica serão efetuadas entrevistas pré-estruturadas com

os agricultores agroecológicos do município, além disso, entrevistas com alguns produtores

que já praticaram esse tipo de agricultura e abandonaram a prática, para averiguar quais as

dificuldades da implantação da Agroecologia no município e vantagens e desvantagens em

ambas.

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Por fim, delimitar os diferentes territórios criados pela agricultura convencional, e a

Agroecologia através do mapeamento dessas duas categorias, e as redes de produção e

comercialização das mesmas.

Dessa forma, tal pesquisa se justifica através da necessidade de uma análise da produção,

comercialização e atuação dos agricultores agroecológicos do município, assim como,

verificar as dificuldades e falta de apoio político e técnico necessário para a adoção de tal

prática por parte de mais agricultores do município. Ainda verificar as condições que

levaram a produtores a abandonar a prática da Agroecologia e voltar à agricultura

convencional.

A modernização da agricultura

É consenso entre diversos autores, considerar a modernização da agricultura como a

inserção de técnicas industriais na produção agropecuária. A utilização de máquinas em

substituição ao trabalho manual, a quimificação e até mesmo a utilização de crédito rural

concedido pelo governo para incentivar a aquisição de tais produtos industriais por parte

dos agricultores.

Para Delgado (1985), a agricultura brasileira se industrializou no contexto da urbanização e

industrialização brasileira, então, era viável incentivar o aumento da produção agropecuária

para atender a nova demanda urbano-industrial. Da mesma forma, de acordo com Silva

(1998), era viável incentivar o consumo industrial nacional e substituir a importação de

máquinas e insumos para a agricultura, os quais somente se internalizaram no período de

1965 a 1975.

A internalização da produção de máquinas e insumos (indústria a montante) para a

agricultura, junto com a modernização da indústria a jusante (processamento de produtos

agrícolas), segundo Silva (1998) vai se constituir na formação de um Complexo

Agroindustrial (CAI). Assim, de acordo com Delgado (1985), a agricultura se moderniza

sobe o influxo dos incentivos do Estado e induzida tecnologicamente pela indústria.

Para Delgado (1985), a política de crédito rural desenvolvida pelo Estado a partir de 1965,

com a criação do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), o qual oferecia subsídios

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com taxas de juros diferenciadas e pré-fixadas, prazos e carência de pagamento

favoreceram a modernização da agricultura brasileira. De acordo com Santos e Silveira

(2001) aumentaram os financiamentos a produtores e cooperativas 2,3 vezes entre 1970 e

1980, sendo que este número conhece certo declínio nos anos 1990 (em 1995 os

financiamentos foram 3,8 vezes menores que em 1980).

Segundo Oliveira (2005), houve sim uma forte integração entre a indústria e a agricultura

brasileira, mas, no entanto, não se deve generalizar o processo de modernização da

agricultura, pois, existem muitos estabelecimentos agropecuários, que não se utilizam de

fertilizantes ou até mesmo máquinas na sua produção. Então segundo o autor a agricultura

brasileira apresenta uma modernização concentrada, tanto em nível espacial como em nível

setorial.

Para comprovar tais fenômenos Oliveira (2005) apresenta alguns dados retirados de censos

agropecuários. No que diz respeito ao uso de fertilizantes químicos o consumo aumentou de

12,6% dos estabelecimentos agropecuários em 1970 para 31,9% dos estabelecimentos em

1995/96. Embora tendo um aumento considerável o autor reflete que mais da metade, ou

seja, cerca de 60% dos estabelecimentos não empregavam nenhum tipo de fertilizantes.

Assim, a grande maioria dos estabelecimentos, que caracterizam a agricultura brasileira não

se utilizava desse produto.

Concordamos com as idéias de Oliveira, pois, na questão de máquinas agrícolas os dados

também demonstram que esse produto não está generalizado, sendo que, no censo

agropecuário de 1995/96 somente 30% dos estabelecimentos utilizavam-se desse recurso,

os demais (70%) ainda utilizava-se em seus trabalhos força animal ou humana. Quanto ao

número de tratores nos estabelecimentos agropecuários de 1995/96, apenas 10% possuíam

qualquer tipo de trator. Se esses dados forem comparados por regiões e setores agrícolas a

concentração será ainda maior, como exemplo, nos estabelecimentos produtores de soja

95% utilizavam-se de fertilizantes segundo o censo de 1995/96, e como mostra a tabela a

seguir a concentração regional e nacional de tratores ainda permanece, sendo que, ainda são

apenas cerca de 10% dos estabelecimentos que possuem tratores. Dos quais, as regiões que

mais possuem tratores por estabelecimentos, são respectivamente sul (24%), centro-oeste

(18%) e sudeste (16%).

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Tabela.1- Tratores existentes nos estabelecimentos agropecuários segundo grandes regiões Regiões Total de estabelecimentos Tratores existentes Estabelecimentos/ % Total Norte 479.158 16.657 3% 25.923 Nordeste 2.469.070 41.493 1% 58.736 Sudeste 925.613 150.775 16% 241.690 Sul 1.010.335 249.700 24% 341.811 Centro-Oeste 319.954 60.677 18% 119.893 Brasil 5.204.130 519.302 9,9% 788.053 Fonte: IBGE, Censo Agropecuário, 2006

Ao analisarmos esses dados percebe-se que o pacote da chamada revolução verde iniciada

com a modernização da agricultura nos anos de 1970 privilegiou a agricultura comercial

excluindo desse processo a maioria dos pequenos proprietários, ou seja, a agricultura

camponesa.

De acordo com Santos e Silveira (2008,p.120),

Hoje, tanto os cinturões, quanto as frentes pioneiras revelam que o território brasileiro tem incorporado muitas das características da chamada revolução agrícola, mas especialmente nas culturas de exportação, aquelas que consolidam a divisão do trabalho mundial. Assim, esses produtos acabaram por invadir, com velocidade cada vez maior, áreas antes destinadas a produções domésticas. Houve uma desvalorização das agriculturas alimentares básicas e de tradição nacional (como arroz, feijão e mandioca), e isto se dá com a colaboração do crédito público, da informação, da propaganda, e dos novos consumos... a produção de soja, milho, cana-de-açúcar e laranja vêem crescer rapidamente as suas produções depois de 1960.

Percebe-se que a modernização da agricultura além de se caracterizar concentradora, ela

também acabou por privilegiar alguns setores, principalmente aqueles destinados ao

mercado externo em detrimento aos destinados ao mercado interno. Nesse processo de

modernização agrícola e redirecionamento dos setores produtivos, a agricultura comercial

realizada em grandes propriedades é responsável pela maioria da produção para exportação,

enquanto a agricultura familiar, de acordo com Santos e Silveira (2008) é responsável por

30% do volume da produção agropecuária, e produz principalmente para o mercado

interno.

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No entanto segundo Oliveira (2005), os financiamentos agrícolas ficam concentrados nas

mãos de latifundiários, enquanto a agricultura camponesa recebe uma pequena parte de

todo o crédito destinado, sendo que, “... no ano de 1995/96, a obtenção de crédito estava

dirigida socialmente, pois 3,5% do total chegou aos estabelecimentos com menos de 10 ha;

26,5% aos 10 a 100 ha, e os restantes 70% foram destinados às propriedades de mais de

100 ha” (p.474).

Esse fato continua acontecendo em nível de valores percentuais concedidos para

agricultores familiares e não familiares, sendo que, estes últimos continuam com a maior

percentagem em valores. De acordo com valores retirados do BACEN (Banco Central do

Brasil), do total de crédito rural concedido a produtores e cooperativas em 2010 no Brasil,

67% dos contratos realizados foram para a agricultura familiar, através do PRONAFi, no

entanto, apenas 14% do valor destinado para crédito rural ficou com essa classe. O

PRONAF representou uma grande conquista por parte da agricultura familiar, que passou a

participar de uma forma mais ativa na aquisição de crédito para sua produção. Ainda é

necessário aumentar o percentual em valores, mesmo que esse tenha aumentado

consideravelmente nos últimos anos, como mostra os gráficos a seguir:

Graf.1 - valores disponibilizados para o Pronaf e taxa de financiamentos realizados

Fonte: MDA/SAF disponível em http://www.mda.gov.br/portal/saf/programas/pronaf/2259286-acessado em 31/01/2011. *Valor disponibilizado refere-se a bilhões de reais.

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Graf.2 – valores de financiamento realizados pelo Pronaf e sua evolução

Fonte: MDA/SAF disponível em http://www.mda.gov.br/portal/saf/programas/pronaf/2259286-acessado em 31/01/2011. *Valor realizado refere-se a bilhões de reais.

Ao analisarmos os gráficos podemos tirar algumas conclusões. Uma delas é de que, como

demonstra o primeiro gráfico, nem todo o valor disponibilizado para o PRONAF por parte

do governo foi adquirido pelos agricultores familiares. De acordo com o

Censo/Agropecuário de 2006 realizado pelo IBGE, cerca de 3,5 milhões de

estabelecimentos da agricultura familiar não obtiveram financiamento, especialmente por

que “não precisaram” ou por “medo de contrair dívidas”. De acordo com o gráfico no ano

safra de 2005/06 somente 85% do valor disponibilizado para financiamento foi realizado,

em 2006/07 essa taxa caiu para 84% e em 2007/08 o percentual realizado foi de 75%.

Ao mesmo tempo, que essa taxa de financiamentos realizados em relação ao dinheiro

disponibilizado diminuiu, o valor disponibilizado aumentou, assim como, o valor de

financiamentos realizados aumentou significativamente, tendo uma evolução de 319% dos

anos de 1999/2000 até 2007/2008.

As políticas públicas destinadas à agricultura familiar como a questão do PRONAF, não

estão sendo suficientes para atender as necessidades dessa classe, pois de acordo com

Hespanhol (2008,p.86) “se fazem necessárias a disponibilização de serviços de assistência

técnica e extensão rural públicos de qualidades e a criação de canais preferenciais para a

comercialização de produtos gerados por tais produtores”.

De acordo com o Censo Agropecuário de 2006, o Brasil ainda possui uma grande

concentração de terra, em relação aos estabelecimentos da agricultura familiariii e os

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agricultores não familiares, segundo o censo a agricultura familiar corresponde a 84,4% dos

estabelecimentos brasileiros, sendo que, isso corresponde a apenas 80,25 milhões de

hectares, ou seja, 24,3% da área ocupada pelos estabelecimentos brasileiros. Já os

estabelecimentos não familiares, apesar de representarem apenas 15,6% do total de

estabelecimentos, ocupavam 75,7% da área ocupada.

Assim, ao analisarmos esses dados, verifica-se que a agricultura familiar predomina no

Brasil em comparação a não familiar, sendo que, a agricultura familiar abrange uma menor

percentagem na área ocupada do país, assim como, nos financiamentos rurais e nos espaços

para produção de commodities. Podemos perceber que a modernização da agricultura esta

concentrada nas mãos de poucos e em algumas regiões do país.

Existem várias polêmicas em relação ao processo de modernização agrícola, tanto na

questão sócio-cultural de concentração de terra, expulsão dos trabalhadores através da

mecanização; quanto em questões econômicas como a modernização conservadora, na qual

conserva as estruturas fundiárias e privilegia algumas regiões em detrimento a outras;

questões políticas, onde políticas creditícias abrangem uma pequena parte dos produtores

rurais e concentra os maiores recursos nas mãos de médios e grandes proprietários de terra,

além, do redirecionamento setorial que acabou priorizando as culturas destinadas ao

mercado externo.

O que se percebe é que tanto por parte das empresas globais como por parte do Estado, o

que vêm sendo priorizado é a agricultura comercial e a agricultura “modernizada”, que

abrangem pequena parte dos agricultores brasileiros. A grande maioria que é composta por

agricultores familiares ( 84,4 % das propriedades segundo Censo Agropecuário - IBGE,

2006) estão sendo obrigados a se ajustar a essas novas tecnologias, mesmo que, as mesmas

não sejam adequadas ao porte de suas propriedades e condições socioeconômicos. Faz-se

necessário uma política para o desenvolvimento de tecnologias agroecológicas para o

fortalecimento da agricultura familiar e a permanência dos mesmos nas áreas rurais.

A Agroecologia como alternativa sustentável frente à modernização da agricultura

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Foi a partir da Segunda Revolução Industrial no final do século XIX e início do XX, que a

agricultura começou a implantar técnicas industriais no seu processo de produção, como: o

melhoramento genético; utilização de fertilizantes químicos e mecanização das atividades

agrícolas. Essas inovações tecnológicas permitiram uma grande elevação da produtividade

e a sua dependência em relação à indústria (Hespanhol, 2008).

No entanto, segundo Hespanhol (2008) essas modificações tecnológicas não trouxeram

somente benefícios como o aumento da produtividade, principalmente no que se refere às

culturas de exportação, mas provocaram diversos problemas sociais (aprofundamento das

desigualdades sociais e estruturas fundiárias; intenso êxodo rural e endividamento de

pequenos agricultores) e problemas ambientais (erosão e compactação do solo;

contaminação dos recursos hídricos, dos alimentos, do homem e animais; perdas da

biodiversidade) entre outros.

Portanto é importante o incentivo de práticas alternativas visando à melhora de qualidade

de vida e proteção ambiental, além disso, práticas que atendam as necessidades

socioeconômicas dos agricultores familiares. Para Gliessman (2001, p.54) “a Agroecologia

proporciona o conhecimento e metodologia necessários para desenvolver uma agricultura

que é ambientalmente consistente, altamente produtiva e economicamente viável”.

Como afirma o autor se faz necessária a “valorização do conhecimento local e empírico dos

agricultores, a socialização desse conhecimento e sua aplicação ao objetivo comum da

sustentabilidade” (p.54). Essa característica da Agroecologia se contrapõe a agricultura

convencional, a qual incentiva a industrialização da agricultura e a privatização do

conhecimento, além disso, uma agricultura sustentável garantiria o controle local sobre os

recursos, garantindo a igualdade de acesso às práticas, conhecimento e tecnologias

agrícolas.

De acordo com Guterres (2006), a transição da agricultura convencional para uma

agricultura agroecológica não é algo simples, mas sim um processo longo que necessita

entre outros fatores de um planejamento de ações, com base nos grupos e comunidades

rurais, buscando a articulação das dimensões econômicas, política, tecnológica, social,

cultural e ambiental; as decisões tomadas devem ser executadas com um constante

monitoramento, avaliação e replanejamento; os movimentos sociais da Via Campesina

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devem articular-se com instituições de assistência técnica, ensino, pesquisa, buscando a

participação das famílias dos agricultores para a definição de tecnologias apropriadas; e

assim fortalecer as iniciativas educacionais apropriadas para agricultura camponesa,

baseado na pedagogia da alternância, estabelecendo uma estreita relação entre a teoria e

prática, propiciando a construção coletiva de saberes.

A transição para a agricultura agroecológica requer organização por parte dos agricultores

e incentivos por parte do Estado para o desenvolvimento de tecnologias adequadas, que

promovam a sustentabilidade da agricultura. De acordo com Alves (2008) a agricultura

sustentável pode ser definida como um processo de mudanças nos sistemas rurais de

produção, afetando-os de forma multidimensional, esse processo, envolve diversas áreas

como o desenvolvimento econômico, as condições sociais, assim como, a conservação de

valores naturais e valores culturais.

Nessa perspectiva observa-se que a agricultura sustentável abrange diversas dimensões e

como o próprio autor cita, ela não pode obedecer a uma classificação homogênea, pois,

cada comunidade rural possui suas características culturais e históricas. Além disso, a

agricultura deve ser sustentável ecologicamente, economicamente e socialmente, pois, ela

deve apresentar alternativas ambientais viáveis, além de possibilitar a permanência e

sobrevivência do agricultor familiar nas áreas rurais.

Assim, concordamos com Hespanhol (2008), quando o mesmo afirma que a agricultura

praticada por pequenos produtores devem ser pensadas além do mercado, pois, o mesmo

não tem oferecido boas alternativas de renda para a agricultura familiar, sendo que, o que

vêm sendo priorizada são os complexos da soja e sucroalcooleiro. A melhor alternativa para

a agricultura familiar, que não consegue concorrer ao grande aparato tecnológico da

revolução verde, seria a diversificação produtiva.

Como se sabe a modernização agrícola foi responsável pela expulsão de grande parte de

pequenos agricultores que não conseguem acompanhar as tendências do mercado, além do

endividamento de muitos por tentarem adotar o pacote tecnológico da “revolução verde”,

além disso, verifica-se o aumento da concentração fundiária no campo. Dessa forma, a

diversificação da produção e a adoção de técnicas ecologicamente corretas contribuiriam

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para a permanência do agricultor familiar nas áreas rurais e a sustentabilidade dos recursos

naturais

Altieri (2004) propõe a Agroecologia como estratégia para o desenvolvimento que possa ao

mesmo tempo: melhorar a qualidade de vida dos camponeses; aumentar a produtividade da

terra de agricultores através de tecnologias de baixo uso de insumos externos para reduzir

os custos da produção; e gerar renda através da produção e processamento de alimentos

com tecnologias apropriadas às condições do agricultor.

Assim, para o autor a agricultura sustentável requer uma mínima utilização de recursos

externos, maximizando o uso de recursos locais e a diversificação na produção. Para isso,

seriam necessárias políticas voltadas à pesquisa e desenvolvimento de tecnologias

apropriadas às realidades locais, além de incentivos governamentais para produção e

pesquisa, e a divulgação de dados que revelem a depreciação ambiental causadas por

práticas inapropriadas da agricultura convencional.

Para Caporal e Costabeber (2007), os principios da Agroecologia que é vista como uma

ciência que abarca contribuições de diversas disciplinas científicas, além do conhecimento

local, é capaz de promover o desenvolvimento sustentável rural, que está alicerçado em seis

dimensões: a ecológica, econômica e social em primeiro nível; cultural e política num

segundo nível; e em terceiro nível a ética.

Para os autores a Agroecologia apresenta os princípios que direcionam a agricultura para a

sustentabilidade, pois, busca conciliar a multidimensionalidade do território, valorizando as

condições sociais, naturais e econômicas, diferentemente da agricultura convencional que

concentra seus interesses na dimensão econômica. Assim:

Como resultado da aplicação dos princípios, conceitos e metodologias da Agroecologia, podemos alcançar estilos de agricultura de base ecológica e, assim, obter produtos de qualidade biológica superior. Mas, para respeitar aqueles princípios, esta agricultura deve atender requisitos sociais, considerar aspectos culturais, preservar recursos ambientais, apoiar a participação política dos seus atores e permitir a obtenção de resultados econômicos favoráveis ao conjunto da sociedade, numa perspectiva temporal ao longo prazo que inclua tanto a presente como as futuras gerações (ética de solidariedade) (CAPORAL E COSTABEBER, 2007, P.116).

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Assim, se faz necessário uma mudança estrutural no processo de produção agrícola, que

vai além da simples troca de insumos químicos por insumos orgânicos, busca-se um

desenvolvimento territorial baseado nas condições sociais e locais. A Agroecologia é uma

alternativa, em contrapartida a homogeneização da produção proposta pela agricultura

convencional, pois, engloba as especificidades locais e territoriais, valorizando o

conhecimento tradicional e os recursos disponíveis no território, em oposição à aquisição

de recursos externos.

Conclusão

A busca pelo desenvolvimento rural sustentável é um desafio a ser superado pela

agricultura brasileira como um todo. As maiores dificuldades se encontram nos valores

impostos pelo sistema capitalista na sociedade como um todo, onde, a maior preocupação

esta no crescimento econômico, desvinculado da equidade social e preservação ambiental.

O campo brasileiro, se tornou uma extensão da indústria, estando subordinado às demandas

do mercado externo e interno, sendo que, as condições socioeconômicas dos agricultores

familiares não é prioridade nesse contexto, e muito menos a preservação do meio ambiente.

As propriedades agrícolas do município de Coronel Vividas caracterizam-se pela grande

representatividade da agricultura familiar, assim como, em todo o sudoeste paranaense. No

entanto, a maior parte das propriedades agrícolas do município pratica a agricultura

convencional, através da utilização de mecanização e agroquímicos, mesmo, sendo a

maioria das propriedades desprovidas de mecanização própria, sendo que, dos 2037

estabelecimentos rurais, apenas 377 possuíam tratores. Assim, a maioria dos

estabelecimentos dependem de mecanização de terceiros para produção, aumentando os

custos de produção e diminuindo suas rendas.

Mesmo assim, a agricultura convencional predomina entre os estabelecimentos rurais do

município, pois, apenas 3 estabelecimentos se consideram produtores agroecológicos,

sendo que no passado esse número já foi maior. Assim, buscamos entender quais as

dificuldades encontradas pelos agricultores familiares em desenvolver uma agricultura

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alternativa, como é o caso da Agroecologia, e as vantagens que os mesmos vêem em adotar

uma forma diferenciada de produção.

Nossa pesquisa esta apenas em estagio inicial, sendo que, as principais hipóteses para a

pouca representatividade da Agroecologia no município, seja a falta de incentivos políticos,

a falta de mão-de-obra, auxilio técnico, tecnologia adequada e conscientização por parte

dos produtores e consumidores.

Assim, percebe-se a necessidade de planejamento para o desenvolvimento local, visando o

desenvolvimento rural sustentável adequado às condições socioeconômicas e ambientais do

município.

Notas

iO PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – iniciou suas atividades em 1996, no governo de Fernando Henrique Cardoso. De acordo com o documento de criação do programa o seu objetivo principal é “propiciar condições para o aumento da capacidade produtiva, a geração de empregos e a melhoria da renda, contribuindo para a melhora da qualidade de vida e a ampliação da cidadania por parte dos agricultores familiares”(MDA/SAF). ii De acordo com a lei 11.326, de 24 de julho de 2006, que estabelece as diretrizes para a formulação da política nacional da agricultura familiar e empreendimentos familiares, considera agricultor familiar aquele que: não tenha a qualquer título, área maior que quatro módulos fiscais; utilize mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas no seu estabelecimento; tenha renda familiar originada do seu estabelecimento ou empreendimento; e dirija seu estabelecimento ou empreendimento com a própria família.

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