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 Navigator 5 A Am érica port uguesa na cart ograf i a de Pero de M aga l hães de G ândav o 73 Navigator  , N.4 A América portuguesa na cartografia A América portuguesa na cartografia A América portuguesa na cartografia A América portuguesa na cartografia A América portuguesa na cartografia d e P d e P d e P d e P d e Pe r er e r er e r o de M o de M o de M o de M o de M agalhães de Gândav agalhães de Gândav agalhães de Gândav agalhães de Gândav agalhães de Gândav o  Jos é C ar los de Ara ujo N eto  Jos é C ar los de Ara ujo N eto  Jos é C ar los de Ara ujo N eto  Jos é Car los de Ara ujo N eto  Jos é C ar los de Ara ujo N eto Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Especializado em História do Brasil e Administração Escolar pela Universidade Cândido Mendes. Atualmente é Primeiro-Tenente, lotado no Serviço de Documentação da Marinha e é mestrando do Programa de História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro. RESUMO O artigo tem por objetivo expor uma parcela dos conhecimentos produzidos em relação à colonização portuguesa na América por meio da cartografia lusitana no século XVI , período em que foi elaborado documento cartográfico divulgado na História da Província Santa Cruz, obra de Pero de Magalhães de Gândavo. A partir do estudo da carta de Gândavo e das informações já produzidas por diversos autores no que se refere à produção cartográfica lusitana, esse trabalho visa a contribuir para a discussão sobre as linhas imaginárias que o indivíduo português, representado aqui por Pero de Magalhães de Gândavo, imprimiu sobre a construção e conquista geográfica da Província Santa Cruz. PALAVRAS-CHAVE: CARTOGRAFIA; BRASIL COLÔNIA; PERO DE MAGALHÃES DE GÂNDAVO. ABSTRACT  The article aims to rela te t he bran ch o f th e knowledge produced about the Portuguese colonization in America, by means of the Lusitanian cartography of the XVI century, made public in the cartography document História da Província Santa Cruz, elaborated by Pero de Magalhães de Gândavo. From the study of the maps of Gândavo and others information on the subject produced by diverse authors, this article has the purpose to contribute for the debate on the imaginations lines that the Portuguese, represented here by Pero de Magalhães, transcribed about the structure and geographic conquest of the Santa Cruz Province. KEYWORD: CARTOGRAPHY; COLONIAL BRAZIL; PERO DE MAGALHÃES DE GÂNDAVO.

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A América portuguesa na cartografiaA América portuguesa na cartografiaA América portuguesa na cartografiaA América portuguesa na cartografiaA América portuguesa na cartografiade Pde Pde Pde Pde Pererererero de Mo de Mo de Mo de Mo de Magalhães de Gândavagalhães de Gândavagalhães de Gândavagalhães de Gândavagalhães de Gândavooooo

José Carlos de Araujo NetoJosé Carlos de Araujo NetoJosé Carlos de Araujo NetoJosé Carlos de Araujo NetoJosé Carlos de Araujo Neto

Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Especializado

em História do Brasil e Administração Escolar pela Universidade Cândido Mendes. Atualmente

é Primeiro-Tenente, lotado no Serviço de Documentação da Marinha e é mestrando do Programa de

História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

RESUMO

O artigo tem por objetivo expor uma parcelados conhecimentos produzidos em relação àcolonização portuguesa na América por meio dacartografia lusitana no século XVI, período em quefoi elaborado documento cartográfico divulgadona História da Província Santa Cruz, obra de Perode Magalhães de Gândavo. A partir do estudo dacarta de Gândavo e das informações já produzidaspor diversos autores no que se refere à produçãocartográfica lusitana, esse trabalho visa acontribuir para a discussão sobre as linhasimaginárias que o indivíduo português,representado aqui por Pero de Magalhães deGândavo, imprimiu sobre a construção econquista geográfica da Província Santa Cruz.

PALAVRAS-CHAVE: CARTOGRAFIA; BRASILCOLÔNIA; PERO DE MAGALHÃES DE GÂNDAVO.

ABSTRACT

 The article aims to relate the branch of theknowledge produced about the Portuguesecolonization in America, by means of theLusitanian cartography of the XVI century,made public in the cartography documentHistória da Província Santa Cruz, elaborated byPero de Magalhães de Gândavo. From the studyof the maps of Gândavo and others informationon the subject produced by diverse authors,this article has the purpose to contribute for the debate on the imaginations lines that thePortuguese, represented here by Pero deMagalhães, transcribed about the structureand geographic conquest of the Santa CruzProvince.

KEYWORD: CARTOGRAPHY; COLONIAL BRAZIL;PERO DE MAGALHÃES DE GÂNDAVO.

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INTRODUÇÃO

Pero de Magalhães de Gândavo foi umdaqueles portugueses do século XVI cuja pro-dução intelectual transformou-se em rele-vante documentação para o estudo da his-tória da colonização portuguesa na Améri-ca. Inclui-se, nessa produção, uma importan-te concepção cartográfica desse territóriocolonial. Gândavo nasceu em torno de 1540e foi o responsável pela impressão e divul-gação, em sua obra História da Província San-

ta Cruz, no ano de 1576, do documento car-tográfico abordado nessa pesquisa. Essa foi

a primeira publicação em língua portuguesasobre a colônia portuguesa na América e,além de inaugurar a historiografia e a geo-grafia brasileiras, uma preocupação cons-ciente de seu autor, foi pioneira também aoapresentar a nova terra como um local apra-zível e habitável, e não como um exótico pal-co de aventuras e perigos.

Sua obra foi traduzida desde cedo emcastelhano e mais tarde em francês, publi-cada por Ternaux Compans, em 1837. Per-maneceu quase desconhecida, embora se-gundo Henri Ternaux fosse uma das “mais

notáveis que apareceram no século XVI, sobre

a descrição de países longínquos”1. Além daedição francesa de 1837, o texto de 1576teve mais duas reedições em 1858: uma emLisboa e outra no Rio de Janeiro. Além daBiblioteca Nacional, a Biblioteca da Marinhatambém possui uma edição de 1858, impres-sa no Rio de Janeiro.

A partir do estudo da carta de Gândavo edas informações já produzidas por diversosautores no que se refere à produção carto-gráfica lusitana, esse trabalho tem por obje-tivo contribuir para a discussão sobre as li-nhas imaginárias que o indivíduo português,representado aqui por Pero de Magalhãesde Gândavo, imprimiu sobre a construção econquista geográfica da Província de Santa

Cruz, compreendendo como interesses polí-ticos e comerciais definiram as linhas terri-

toriais do nosso país, ajudando nos estudossobre o período colonial brasileiro.

 A história não é somente uma questãode fato; ela exige imaginação que penetreo motivo da ação, que sinta a emoção jásentida, que viva o orgulho ou a humilha-

ção já provados.2

As dificuldades que se apresentam duran-te o desenvolvimento de um trabalho destanatureza se caracterizam pelo distanciamen-to que se tem das fontes originais de pesquisa,

sabiamente preservadas em bibliotecas daEuropa, o que torna o trabalho não só demora-do como oneroso ao pesquisador. Embora setenham cópias de boa qualidade publicadasem forma de livros no Brasil, os documentosoriginais sempre apresentam novas oportuni-dades de abordagem, possibilitando o apare-cimento de reinterpretações. As reduções eformatações gráficas que documentos carto-gráficos sofrem na adequação para as pági-nas dos compêndios tornam algumas repre-

sentações e escritas difíceis de serem inter-pretadas em algumas ocasiões.

A crítica das fontes exige que o analistapossua leituras mais vastas, pois a Históriaé um domínio múltiplo. É necessário se veri-ficar o valor extrínseco do documento, ouseja, como o documento foi produzido, quemredigiu o documento, em que momento seredigiu o documento, para qual destinatário,sob que forma se apresenta, como chegouaté os que o detém, qual discurso elabora,

questões de letra, suportes, escritas, etc.Sem desvalorizar a crítica interna, a herme-nêutica buscando saber as intenções de fun-do do documento.

Ao estabelecer conceitos apropriadospara o desenvolvimento dessa pesquisa, énecessário fundamentar uma noção inicialde representação, pois as fontes principais

1 GÂNDAVO, Pero de Magalhães de. Histoire de la Province de Sancta Cruz que nous nommons Brésil . Paris: ABertrand, 1837, p. 2.2 ABREU, Capistrano. Capítulos de histórica colonial (1500-1800), p. 15.

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utilizadas serão admitidas como, em primei-ra instância, como representações dos ele-

mentos constitutivos do universo em tornode Pero de Magalhães. Conforme a pers-pectiva de Roger Chartier (1990), as repre-sentações construídas do mundo social, em-bora aspirem à universalidade de um diag-nóstico fundado na razão, são sempre de-terminadas pelos interesses de grupos quea forjam. Daí, para cada caso, deve-se evi-denciar o necessário relacionamento dosdiscursos proferidos com a posição dequem os utiliza. Para o autor, as percepções

do social não são de forma alguma discur-sos neutros, pois produzem estratégias epráticas sociais e políticas que tendem aimpor uma autoridade à custa dos outros,por elas menosprezados, a legitimar umprojeto reformador ou a justificar, para ospróprios indivíduos, as suas escolhas e con-dutas. Por isso a investigação sobre as re-presentações supõe-nas como estando co-locadas em um campo de concorrência ede competições cujos desafios se enunci-am em termos de poder e de dominação.As lutas de representações são importan-tes para compreender os mecanismos pe-los quais um grupo impõe, ou tenta impor,sua concepção do mundo social, os valoresque são os seus e o seu domínio. (CHARTI-ER: 1990, p.17)

As construções simbólicas que se pro-cessam no âmbito territorial são em essên-cia imagens que projetadas nas mentes doshomens podem tomar significados diferen-tes, pois estão intrinsecamente relacionadasà dimensão subjetiva do indivíduo, que nota-damente recebeu influências do meio e dasociedade a qual encontrava-se inserido. Aoanalisar a concepção de lugares imaginári-os, que já vinham de uma herança culturalda Idade Média, e suas correlações com osregistros de Gândavo, este trabalho tentacontribuir para uma “história do imaginário”,tão pouco explorada na historiografia brasi-leira, se comparando com a quantidade deproduções de autores estrangeiros. A ima-

ginação simbólica é capaz de elaborar umasistematização dos seus significados, rela-cionando-os com os principais conceitos

desse “campo da história” emergente. Des-sa forma, pode-se entender que a territoria-

lidade foi construída notadamente pelas prá-ticas sociais que se efetivaram no espaçoas quais inseriu-se em um determinado es-paço/tempo simbólico.

Desta feita, esse trabalho divide-se emduas partes: a primeira é voltada a exporuma parcela dos conhecimentos produzi-dos em relação à cartografia lusitana noséculo XVI, a fim de que possa auxiliar nasinterpretações do mapa de Gândavo, e asegunda é tecer comentários sobre o docu-

mento cartográfico divulgado na História da

Província de Santa Cruz e contribuir para osdebates em torno desse tipo de documen-tação e sua contribuição para os estudoshistóricos.

O ESTUDO DA CARTOGRAFIALUSITANA DO SÉCULO XVI

O episódio da chegada dos portuguesesao litoral das terras que posteriormente se

denominariam Brasil marcou o início da pro-dução e reprodução mental, verbal e visualda América portuguesa por meio da incor-poração de sistemas simbólicos diferencia-dos, gerando documentos históricos queguardaram essas representações do imagi-nário português. O território brasileiro pelassuas características geográficas e étnicaspassou a atrair muitos viajantes, cientistase aventureiros europeus, que, a partir doséculo XVI, passaram a relatar as suas expe-riências, observações e aventuras ao seumundo contemporâneo, o qual as recebeusempre com voraz curiosidade, como se ve-rifica no próprio Pero de Magalhães e emautores como Hans Staden, Jean de Lery eAndré Thevet.

A América é uma terra vasta. Lá existemmuitas tribos de homens selvagens,com muitas línguas diversas, e numero-sos animais esquisitos. Tem um aspec-to agradável. As árvores são sempre ver-des; aí não mecham as semelhantes àsnossas hessianas. Os habitantes andamnus. Na parte da terra que fica entre ostrópicos, em nenhum tempo do ano fazfrio, como aqui no dia de São Miguel,

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mas a terra ao sul do trópico do Capri-córnio é um pouco mais fria.3

Mesmo após os primeiros reconhecimen-tos do território colonial americano, o ima-ginário português ainda estava repleto dedivagações e hipóteses, pois somente algunspoucos privilegiados tiveram acesso in loco

às novas terras.

A vastidão dos matos, dos rios, dos cha-padões desolados, as caatingas de vege-tação rala do litoral, cheiroso de cajuei-ros, não estava vazia de entidades pode-rosas e ardentes.4

Muitos estudiosos acreditavam que a re-presentação cartográfica do território bra-sileiro no século XVI esteve intimamente as-sociada aos interesses políticos e econô-micos da nação responsável pela elabora-ção do mapa. Os cartógrafos acabaram porse tornar elementos de importância estra-tégica dentro da política expansionista dePortugal, pois, além de responsáveis por re-presentar nos pergaminhos, as informa-ções geográficas sobre as novas terras ob-

tidas nas empreitadas portuguesas dealém-mar, também registravam as rotasmarítimas utilizadas para se chegar a es-sas mesmas terras. Esses documentos car-tográficos eram conhecidos no século XVIcomo Cartas de Marear5, e os seus produ-tores como Mestres de Cartas de Marear.Cartografia e cartógrafo são neologismoshíbridos que os navegadores dos séculosXV e XVI não conheceram. Esses vocábulossó passaram a ser usados a partir do sécu-lo XIX. Os Mestres de Cartas de Marear eramartistas que, nesse sentido, colaboravam

com os pilotos, aqueles que realmente seutilizavam desses mapas para navegar.

O renascimento da cartografia no séculoXVI foi grandemente determinado pelas des-cobertas geográficas. Estas, por sua vez, nãoforam obra do acaso. Estão ligadas ao de-senvolvimento do comércio da época e àevolução de conhecimentos técnicos, comoa descoberta da bússola, da orientação deventos e correntes, o aperfeiçoamento danavegação marítima e a introdução de no-vos tipos de barcos, nos quais os marinhei-ros tinham mais esperanças de voltar ao

porto. Neste mesmo período, inicialmente naItália e depois no resto da Europa, a impren-sa começou a se impor, e sem ela seria im-possível pensar no desenvolvimento da car-tografia. A xilogravura pertencia às técnicasgráficas mais antigas e foi, até meados doséculo XVI, a técnica principal para a fabri-cação de mapas.

Desde 1826, o Visconde de Santarém6 jáse ocupava em estudos da cartografia histó-rica. Após a derrota dos absolutistas na guer-ra civil portuguesa, foi viver em Paris, ondese dedicou à história da cartografia antiga,disciplina de que é considerado fundador, eno domínio da qual produziu uma vasta obra,onde publicou cartas antigas em ordenaçãocronológica.

O historiador português Armando Corte-são7 definiu quatro grandes marcos na his-tória da cartografia náutica: o desenvolvi-mento da carta-portulano8, no século XIII; ainvenção da navegação astronômica e a in-trodução das latitudes nas cartas, em finais

3 STADEN, Hans. Duas viagens ao Brasil . Belo horizonte: Ed. Itatiaia, São Paulo: Ed. Da USP, 1974, p. 152.4 CASCUDO, Luís da Câmara. Mitos brasileiros. Rio de Janeiro: Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro,1976, p. 4.5 Segundo o Vocabulário português e latino, de autoria do Padre Raphael Bluteau, por volta de 1712, carta demarear é a que apresenta em plano todo o globo da terra, ou parte dela, [...] com todos os rumos da agulhade marear. Nela se conhece o tempo dos mares, [...]. Por ela sabe o piloto, qual vento [...], para onde há deencaminhar sua nau. p. 168.6 Manuel Francisco Mesquita de Macedo Leitão e Carvalhosa, 2o Visconde de Santarém (1791-1855).

7 CORTESÃO, Armando. Cartografia e cartógrafos portugueses dos séculos XVI e XVII . Lisboa: 1935.8 Eram representações gráficas do escrito no roteiro (portulano), ou melhor, da costa e dos lugares nela visitadose localizados pelos navegadores na área do Mar Mediterrâneo. Foram embriões das cartas de marear.

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do século XV; a descoberta e aplicação dachamada Projeção de Mercator, e por últi-

mo o aperfeiçoamento do cronômetro, quepermitiu a determinação da longitude nomar, em finais do século XVII. Apesar das ino-vações, o autor classificou de “período deesplendor” da cartografia portuguesa, aque-le que vai do final do século XV até a UniãoIbérica em 1580. Período de interesse des-se trabalho, que coincide com os primeirosanos de existência no Brasil para os euro-peus. Logo, um período que aparentementeoferece muitas oportunidades de estudos

que contribuam para a História do Brasil.A partir da década de 1940, o estudo dos

mapas se intensificou, não só como fonte deanálise e interpretação do passado, mas tam-bém como instrumento de estudo e planeja-mento da política de desenvolvimento regio-nal. O lançamento, em 1935, da Imago Mun-

di9, a inauguração em 1964 das ConferênciasInternacionais de História da Cartografia, re-alizadas a cada três anos, e a fundação daInternational Science for the History of Car-

tography, na década de 70, representam,moderadamente, os marcos da intensificaçãodos inventários, dos estudos e da divulgaçãodo imenso acervo cartográfico acumuladodurante séculos por quase todos os povos,em diferentes estágios de cultura.

Mas foi em 1944, no Rio de Janeiro, du-rante um curso de mapoteconomia ministra-do no Palácio do Itamaraty pelo portuguêsJaime Cortesão10, que pela primeira vez abor-dou-se aqui a documentação cartográfica

antiga do Brasil, tanto sob o aspecto do es-tudo sistemático e cronológico das respec-tivas cartas geográficas quanto sob o de suautilização metodológica na interpretação eesclarecimento de fatos e monumentos his-tóricos. Notável historiador, Jaime Cortesão,por meio de suas obras, contribuiu para a

renovação dos horizontes metodológicosque enquadram os aspectos estudados den-

tro da temática cartográfica, publicou His-tória da cartografia política do Brasil e História

do Brasil nos velhos mapas, ambos pelo Mi-nistério das Relações Exteriores. Entre seusalunos, surgiram outros grandes profissio-nais e estudiosos do tema, como Isa Adoni-as, que por muito tempo esteve à frente daMapoteca do Ministério das Relações Exte-riores. Dentre suas principais obras estáMapa: imagens da formação territorial brasi-

leira, que marca profundamente os estudos

históricos brasileiros do ponto de vista doevolucionismo cartográfico do território bra-sileiro, pois inventariou de forma cronológi-ca os principais mapas do Itamaraty refe-rentes ao Brasil, acompanhados de suasanálises pessoais acerca dos aspectos geo-gráficos e imaginários neles representados.

Apesar de Francisco Adolpho de Varnha-gen ter sido, aqui no Brasil, o pioneiro nosestudos da cartografia antiga relativa ao ter-ritório brasileiro, estudando diversos aspec-tos e publicando suas análises em torno do Atlas de Fernão Vaz Dourado, elaborado em1571, atualmente, o estudo da cartografiabrasileira e suas contribuições para a Histó-ria para Brasil é desenvolvido em seu maisalto nível por meio das obras de Max JustoGuedes11, Doutor Honoris Causa pela Univer-sidade Nova de Lisboa, que publicou inúme-ros artigos sobre o tema no Brasil, em Portu-gal, na Espanha e nos Estados Unidos daAmérica. Contra-Almirante da Marinha doBrasil, sua formação e experiência de nave-

gação consolidam a perspectiva náuticacomo sua principal característica nos estu-dos das cartas e é atributo marcante emsuas publicações, entre elas O Descobrimen-

to do Brasil e o primeiro volume da coleçãoHistória Naval Brasileira. O Almirante Max éa mais clássica e importante referência do

9 Revista de cartografia antiga editada na Inglaterra, de periodicidade anual.10 Historiador português que residiu no Rio de Janeiro, tornando-se professor universitário, especializando-se

na história dos Descobrimentos Portugueses e na formação do Brasil. Veio a falecer em 1960.11 Na Revista Isto É de 19 de novembro de 1997, no artigo “O Verdadeiro Cabral”, Max Justo Guedes é citadocomo “o principal pesquisador brasileiro sobre história do Descobrimento do Brasil”.

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pesquisador que se utiliza das informaçõescolhidas nos mapas antigos, a fim de cons-

truir uma História do Brasil pautada em fon-tes primárias ainda pouco exploradas porhistoriadores brasileiros. Sendo extrema-mente necessário “banalizar” a utilizaçãodesse tipo de documento primário em pes-quisas históricas relacionadas com o perío-do colonial brasileiro.

A AMÉRICA LUSITANA DE PERO DEMAGALHÃES DE GÂNDAVO

Pero de Magalhães de Gândavo teria nas-cido em Braga, na Província do Minho. re-gião que, segundo Câmara Cascudo, trazialembranças da Galícia e com elas o informede lendas que já estavam esvaecidas no pró-prio século XVI. Em muitas das primeiras for-mas de representação da colônia portugue-sa, tal como no Novo Mundo em geral, assis-te-se à objetivação no mundo empírico dasmúltiplas visões do paraíso e de outros mun-dos, tradicionalmente presentes no imaginá-rio escatológico antigo e medieval. O ele-

mento branco, colonial, foi o responsávelpela maioria dos mitos. Se não em volume,mas em força modificadora, em ação contí-nua. Nenhum mito se imunizou do prodigio-so contato e todos trazem vestígios, decisi-vos ou acidentais, sempre vivos, do “efeito”português, inclusive Gândavo.

Os mitos brasileiros vêm de três fontesessenciais: Portugal, indígena e a África.A colocação é proposital e na ordem dainfluência.12

A descoberta de terras, apesar de lendá-rias, estava estreitamente ligada à consoli-dação dos Estados europeus. A expectativade novas fontes econômicas de sustento ali-mentou os investimentos e as esperançasnessas terras de além-mar. Nesse contexto,a Geografia produzida pôde começar a seranalisada e os cartógrafos da época com-preendidos na sua obra. A análise dos agen-tes cartográficos e seus respectivos proces-

sos de produção já possibilitou a compreen-são de elementos de instância do pensa-

mento político relacionados aos lugares.

História da Província Santa Cruz a que vul-

 garmente chamamos Brasil: feita por Pero de

Magalhães de Gândavo, dirigida ao Ilustre

 Sñor Dom Lionis Pereira, é título do Códice“b.IV.28” da Biblioteca de El Escorial, na Es-panha. Esta obra compõe-se de 81 folhas depapel, com três folhas em branco no come-ço e nove no fim. A folha 12v contém umacarta do Brasil, medindo 196mm x 276mm,a qual está reproduzida neste trabalho. Des-

ta forma, de extrema raridade, conhecem-se dois exemplares, o da Biblioteca Nacio-nal de Lisboa e o da Biblioteca Nacional doRio de Janeiro. No ano 1576, foi publicadaem Lisboa, onde fez uma exposição do ambi-ente natural da América portuguesa. Abor-dou descritivamente o relevo, a fauna, a flo-ra da costa brasileira e uma análise, de cer-ta forma pretensiosa, da etnografia indíge-na. Assim, Gândavo produziu o primeiro tra-balho de construção geográfica do que viria

a ser o território brasileiro descrevendo aterra e ilustrando suas fronteiras.

Os antigos cartógrafos não se limitavamà função essencial de assinalar as rotas denavegação e representar o ambiente físicoou socioeconômicos das regiões em foco.Acresciam outros elementos informativos,tais como fatos, seres e coisas, dispostos nascartas de tal forma que as transformavamem conjuntos pictóricos da mais bela aparên-cia. A ausência de tais representações na ico-

nografia de Gândavo é um indício lógico deinfluência renascentista, pois tais imagenssublinhavam também a energia retórica e opoder de legitimação conferido aos mapasna Idade Moderna. Figurado nas cartas geo-gráficas, o ameríndio deixava de ser sujeitohumano para constituir-se em objeto de sa-ber europeu e cristão. Sua nudez é aquela dafé e da lei. O olhar que lançavam sobre eleera o de um colecionador de curiosidades.

12 CASCUDO, Luís da Câmara. Op. Cit., p.3.

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Destoando dessa característica gráfica,o mapa de Gândavo limita-se a aspectos es-

sencialmente técnicos de navegação e iden-tificações geográficas. Nestes aspectos, essemapa confirma a tendência da cartografiaportuguesa no século XVI, exprimindo a ex-plosão informativa sobre a hidrografia e asmassas litorais das terras portuguesas, so-mando-se a um conjunto de cartas náuticasde grande precisão nos complexos marítimoscosteiros e com a máxima elucidação dosnúcleos geográficos com importância para anavegação como cabos, baías, golfos ou ilhas.

Fruto da inovação técnica das escalas delatitudes, da revolução informativa sobre asdiversas zonas terrestres e hidrográficas sobo domínio dos portugueses, o serviço carto-gráfico português era dirigido por um chefecuja vigilância constante consistia em impe-dir a difusão desses documentos, como sepode constatar nas formas discriminadas no“Alvará da Declaração das Cartas de Mare-ar e Defesa das Pomas”. Numa aparentecontramão desse contexto, o mapa de Gân-

davo, em virtude de sua publicação na obradescritiva de Gândavo, caracterizou-se porum dos maiores contribuintes para o grandeimpacto da cartografia náutica portuguesana restante cartografia européia.

Se na segunda metade do século XVI ain-da havia uma política de sigilo, a divulgaçãodesse mapa na obra História da Província

 Santa Cruz deixou explícito algumas informa-ções náuticas de enorme e extraordináriafidelidade geográfica sobre o litoral da colô-

nia portuguesa na América. A circularidadede informações e o contato com a intelectu-alidade de outros povos não era novidade,como é demonstrado, também, pela publi-cação do Tratado de Sphera, de Pedro Nu-nes, em 1573, onde abordou vários proble-mas relativos à navegação oceânica.

Segundo muitos estudiosos, a explora-ção da colônia portuguesa na América nãoera divulgada em Portugal devido a várias

razões, sendo a principal o Tratado de Tor-desilhas. Os cartógrafos portugueses sa-

biam, com tristeza, que a linha divisória ar-rebatava a Portugal todos os territórios aonorte do Amazonas, e a costa que se es-tendia para este desde o Rio da Prata doSul. Havia rumores de que para aqueleslados havia ouro e prata, por isso, dirigi-am-se expedições para o sul, enquantoautoridades fechavam os olhos e cartógra-fos manipulavam a linha de Tordesilhas. Ecom Gândavo não foi diferente, à área ex-posta pelo seu mapa soma-se a foz do

Amazonas e a do Rio da Prata, regiões quepela delimitação de Tordesilhas pertenci-am à Espanha.

Os pilotos portugueses eram, muito maisque quaisquer outros, peritos na deter-minação de latitudes, [...]13

Mais de 40 pontos geográficos identifi-cados, dentre os quais muitos são utilizadosaté hoje, e espantosa fidelidade das coorde-nadas geográficas são alguns dos inúmerosaspectos que o mapa de Gândavo oferece

para desenvolver profícuos debates. Ou seja,contendo alguns traços que dão continuida-de a diversas hipóteses, e também outrosindícios que levantam ainda mais dúvidassobre outras questões, o documento de Gân-davo pode ser usado como um impressio-nante instrumento de discussão e análise dahistória luso-brasileira no século XVI.

CONCLUSÃO

Os descobrimentos de novas terras pe-los portugueses provocaram uma grandeproliferação de documentos e testemunhosque se foram constituindo como um corpus

e heteróclito, alargando-se mais e mais,acompanhando, de maneira mais ou menosdiferida, as vicissitudes dos descobrimentose as temerárias viagens no descobrimento,ou ainda registrando, ao sabor da correntefactual, as diversificadas “invenções” deoutras terras e outras gentes.

13 LEITE, Duarte. Descobrimentos do Brasil . Lisboa: Aillaud e Lellos, 1931, p.24.

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A contribuição que a história, em especi-al a história do imaginário, pode dar ao en-

tendimento dessa “geografia cartográfica” égrande, apesar de não se dedicar especifica-mente ao conhecimento geográfico. E o mapade Gândavo é produto de um contexto históri-co onde as nacionalidades definiam-se e ini-ciava-se a criação de Estados centralizadospoliticamente, além do desenvolvimento dasuniversidades, com o surgimento de novascorrentes religiosas e científicas, elevando onível da cultura e das mentalidades. Porém, éna área econômica que estas e outras castas

mostravam o seu verdadeiro valor, eram osprincipais instrumentos de uma estratégiamaior de Portugal para a denominação dasrotas atlânticas em direção às Índias.

A História da Província Santa Cruz repre-senta um produto direto do imaginário de umhomem renascentista do Minho, ou seja, dePero de Magalhães de Gândavo. Ao registrar,também não deixa de participar do processode apropriação portuguesa do espaço ameri-cano, onde os indivíduos o transformam em

território e passam a estabelecer relaçõesde poder sobre a base física. Esse processode territorialidade é mediado pelas práticassociais que controlam, gerenciam e atuamativamente sobre o território. Entretanto per-cebe-se que o território envolve não só umarelação de poder e posse sobre um espaço,mas há nessa unidade físicas dimensões sub- jetivas, em que o indivíduo expressa um elomuito forte com o ambiente em que vive, con-ferindo-lhe outros significados.

O estudo dos ornamentos cartográficospermite acompanhar a trajetória de um in-ventário de variantes que, modificando tal fi-gura ou tal imagem, traz sentimentos novos àinterpretação dos mapas modernos. Atrás decada vinheta dissimula-se uma intenção po-lêmica, mais ou menos explícita ou escondi-da, que visa a justificar, convencer ou subli-

nhar. As imagens nos ornamentos e vinhetasdas cartas geográficas propõem ao leitor a

correta compreensão do texto e sua justa sig-nificação. Neste papel, elas são um lugar dememória cristalizando uma única represen-tação, uma história, uma propaganda, umensinamento. Ou, como sugere Roger Charti-er, são construídas como uma figura moral,simbólica e analógica que salva o sentido glo-bal do texto cartográfico de sofrer uma leitu-ra descontínua e errática. Neste uso, portan-to, envolvem adesão, produzem persuasão ecrença, exprimindo, finalmente a teoria da

intelecção pela imaginação, pois a capacida-de que o homem tem de criar e dar significa-do aos símbolos está entre um de seus atri-butos desde suas evidências mais remotasna Terra, basta lembrar os registros icono-gráficos deixados nas cavernas.

Este trabalho pretende alimentar a difu-são e a divulgação do estudo da cartografiaantiga como ferramenta para as áreas dehistória, geografia, antropologia, engenha-ria, entre outras. A cartografia antiga temcondições de oferecer não só aos historia-dores, como a outros pesquisadores, umacervo de fontes primárias de alto valor ci-entífico e artístico. Um potencial que podeser trabalhado a fim de se redefinir ou cons-truir novas visões acerca de uma questãoespecífica. É conveniente que o mapa deGândavo venha a se somar ao conjunto ori-ginal da cartografia portuguesa, com o obje-tivo de contribuir para a história e geografiada colonização européia das regiões tropi-

cais, aspectos que a bibliografia acadêmicatem praticamente ignorado. O que não se justifica, já que o Almirante Max Justo Gue-des faz questão de citar, em seus diversostrabalhos, a riqueza dos acervos cartográfi-cos brasileiros, como os da Biblioteca Naci-onal, da Biblioteca da Marinha, do ServiçoGeográfico do Exército e do Itamaraty.

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DADOS DO DOCUMENTO:

Título: Mapa da Província de Santa Cruz

Localização: Biblioteca da Marinha, rua MayrinkVeiga, nº 28, Centro – Rio de Janeiro – RJ.

Temática : História colonial brasileira.

Proveniência : Lisboa, Portugal.

Forma: folha medindo 196mm X 276mm

Data: 1576

Indicação Bibliográfica :CORTESÃO, Armando; MOTA, Avelino Teixeira da.Portugaliae Monumenta Cartographica. Volume 4.Lisboa: INCM, 1988, p. 35.

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