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8 Revista Saúde e Educação, Coromandel, v. 1, n. 1, p. 08-31, ago./dez. 2016 A ANÁLISE DA INSERÇÃO DO PSICÓLOGO EM GRUPO COMUNITÁRIO: um referencial do CRAS Gilmar Antoniassi Júnior Lúcia Helena dos Santos * RESUMO Este artigo apresenta ao leitor, através pesquisa de campo, o que representa o CRAS e qual a sua importância para a sociedade. Mostra ainda de que forma o psicólogo atua junto à rede de proteção social para a população que se encontra em situação de vulnerabilidade. Tem o objetivo de avaliar a melhoria que o atendimento dos grupos psicoterápicos oferecidos pelo CRAS II (Jardim Aquarius na cidade de Patos de Minas/MG) oferece ao público e sua abrangência de atendimento, considerando os serviços prestados como agente prioritário e modificador das situações de risco e vulnerabilidade social em que a comunidade se encontra inserida. Esta pesquisa foi constituída por via de um estudo descritivo que desenvolve a metodologia qualitativa, tendo como principal instrumento os Grupos Psicoterápicos Comunitários. Os dados foram coletados através de questionário com base na amostra de 30 usuárias que utilizam os serviços prestados pela unidade, sendo todas as participantes matriculadas em oficina de artes e inseridas em um dos grupos resilientes. Através do instrumento utilizado, foi possível colher opiniões individuais das participantes acerca das repercussões dos trabalhos ofertados. Com os relatos transcritos das participantes, verificou-se que, antes da sua participação, havia relatos de processos depressivos, indisposição psicofísica e casos de insônia. Com a inserção nos Grupos, as participantes informaram melhora nas relações interpessoais, na atenção e em todas as condições adversas referidas acima de forma relevante. De acordo com análise dos dados coletados, conclui-se que os grupos psicoterápicos comunitários têm significado de agente de mudança, o que possibilita aos usuários alçar desafios junto às alternativas da rede de apoio social, que disponibilizam melhoria e potencialização da qualidade de vida dos sujeitos que vivem em risco e vulnerabilidade social. Palavras-chaves: CRAS. Psicologia. Desafios. Apoio Social. Mestre em Promoção da Saúde pela Universidade de Franca (UNIFRAN). Especialista em Consultoria em Psicologia Escolar pela Talent Consultoria (2007). Especialista em Docência do Ensino Superior pela Faculdade Cidade Patos de Minas (FPM, 2009). Graduado em Psicologia pela Fundação Educacional de Fernandópolis (2006). Professor e diretor do Departamento de Psicologia da FPM. [email protected] Graduada em Psicologia pela FPM. Rua Agenor Maciel n°256 fundos, Centro, Patos de Minas/ MG. [email protected]

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Revista Saúde e Educação, Coromandel, v. 1, n. 1, p. 08-31, ago./dez. 2016

A ANÁLISE DA INSERÇÃO DO PSICÓLOGO EM GRUPO COMUNITÁRIO: um referencial do CRAS

Gilmar Antoniassi Júnior

Lúcia Helena dos Santos*

RESUMO

Este artigo apresenta ao leitor, através pesquisa de campo, o que representa o CRAS e qual a sua importância para a sociedade. Mostra ainda de que forma o psicólogo atua junto à rede de proteção social para a população que se encontra em situação de vulnerabilidade. Tem o objetivo de avaliar a melhoria que o atendimento dos grupos psicoterápicos oferecidos pelo CRAS II (Jardim Aquarius na cidade de Patos de Minas/MG) oferece ao público e sua abrangência de atendimento, considerando os serviços prestados como agente prioritário e modificador das situações de risco e vulnerabilidade social em que a comunidade se encontra inserida. Esta pesquisa foi constituída por via de um estudo descritivo que desenvolve a metodologia qualitativa, tendo como principal instrumento os Grupos Psicoterápicos Comunitários. Os dados foram coletados através de questionário com base na amostra de 30 usuárias que utilizam os serviços prestados pela unidade, sendo todas as participantes matriculadas em oficina de artes e inseridas em um dos grupos resilientes. Através do instrumento utilizado, foi possível colher opiniões individuais das participantes acerca das repercussões dos trabalhos ofertados. Com os relatos transcritos das participantes, verificou-se que, antes da sua participação, havia relatos de processos depressivos, indisposição psicofísica e casos de insônia. Com a inserção nos Grupos, as participantes informaram melhora nas relações interpessoais, na atenção e em todas as condições adversas referidas acima de forma relevante. De acordo com análise dos dados coletados, conclui-se que os grupos psicoterápicos comunitários têm significado de agente de mudança, o que possibilita aos usuários alçar desafios junto às alternativas da rede de apoio social, que disponibilizam melhoria e potencialização da qualidade de vida dos sujeitos que vivem em risco e vulnerabilidade social.

Palavras-chaves: CRAS. Psicologia. Desafios. Apoio Social.

Mestre em Promoção da Saúde pela Universidade de Franca (UNIFRAN). Especialista em Consultoria em Psicologia Escolar pela Talent Consultoria (2007). Especialista em Docência do Ensino Superior pela Faculdade Cidade Patos de Minas (FPM, 2009). Graduado em Psicologia pela Fundação Educacional de Fernandópolis (2006). Professor e diretor do Departamento de Psicologia da FPM. [email protected] Graduada em Psicologia pela FPM. Rua Agenor Maciel n°256 fundos, Centro, Patos de Minas/ MG. [email protected]

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ABSTRACT

This article has the purpose of presenting to the reader, through field research, what CRAS represents and how important it is to society. It also shows how the psychologist works with the social protection network for the population that is vulnerable. Another objective is to evaluate the improvement that the psychotherapy groups offered by CRAS II - Jardim Aquarius in the city of Patos de Minas (MG) offer to the public and its range of services, considering the services provided as a priority agent and modifier of the situations of Risk and social vulnerability in which the community is inserted. This research was constituted through a descriptive study that develops the qualitative methodology, having as main instrument the Community Psychotherapeutic Groups. The data were collected through a questionnaire based on the sample of 30 users who use the services provided by the unit, all participants are enrolled in an arts workshop and inserted in one of the resilient groups. Through the instrument used, it was possible to gather individual opinions of the participants about the repercussions of the works offered. With the transcribed reports of the participants, it was verified that before the participation of the individuals, there were reports of depressive processes, psychophysical indisposition and cases of insomnia. With the insertion in the Groups, the participants reported improvement in interpersonal relations, attention and in all the adverse conditions mentioned above in a relevant way. According to an analysis of the data collected, it is concluded that the community psychotherapeutic groups can be important agent of change, which allows the users to face the alternatives of the social support network, which provide improvement and potentiation of the subjects' quality of life of those who live at risk and social vulnerability.

Keywords: CRAS. Psychology. Challenges. Social. Support.

1 INTRODUÇÃO

De acordo com Andrade e Romagnoli (2010), o Centro de Referência de

Assistência Social (CRAS) tem como objetivo básico subsidiar a proteção social e

atuar na prevenção de situações de risco. Nele, são atendidas as famílias que se

encontram em estado de fragilidade e com necessidades de assistências básicas.

Isso, por meio de projetos ou programas que possam potencializar as famílias como

unidades de referência, fortalecendo os vínculos familiares e articulando-os com o

contexto social onde residem.

O processo de inserção do psicólogo na comunidade relaciona-se com o tipo

de necessidades encontradas no contexto social onde atua. Após a análise

necessária que a demanda exige, são feitas as intervenções político-sociais que

orientam as práticas psicológicas em comunidade. Tendo isso em vista, o presente

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trabalho discorre sobre as consequências derivadas desse processo de inserção,

enfocando os reflexos na relação do Psicólogo com a comunidade e na construção

da identidade de ambos. Na vivência dos grupos comunitários dentro do CRAS, os

indivíduos procuram realizar experiências cotidianas e fortalecer os vínculos com a

comunidade. Nesse sentido, a proposta psicodramática instaurada pelo psicólogo

pode contribuir com técnicas de resgate da autoestima e recriação de projetos de

vida no trabalho com a pessoa idosa. Ou seja, estas e outras várias ações são

práticas comprometidas com a transformação social em direção a uma ética voltada

para a emancipação humana, assim como sugerem ser o trabalho do psicólogo no

Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e os Parâmetros para Atuação de

Assistentes Sociais e Psicólogos na Política da Assistência Social (2007). Do mesmo

modo, espera-se levar o indivíduo

[...] a atuar suas ações conflitivas em campo mais relaxado e a recodificar distorções, tanto do Modelo Interno da Realidade Externa, quando do Modelo Interno do próprio organismo, possibilitando novas formas de adaptação. (SOEIRO, 1995, p. 51).

O objetivo é apresentar dados de pesquisa sobre a Representação Social do

Psicólogo e de sua prática.

2 CRAS: compreendendo seu significado e história

Segundo Andrade e Romagnoli (2010), o CRAS faz parte da extensa rede de

promoção e proteção social implantada pelo Governo Federal através do Ministério

do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, funcionando como um programa de

assistência social que faz parte do SUAS. Seu objetivo é a prevenção de situações

de risco e vulnerabilidade, o fomento da ampliação de potencialidades e o

fortalecimento das famílias e da comunidade.

Os serviços ou atividades desempenhados no CRAS são de caráter

preventivo, de proteção e proatividade. As intervenções são territorializadas, por isso

é necessário que haja um planejamento sobre as ações a serem desenvolvidas e

que se estabeleçam metas, procedimentos e métodos baseados na leitura da

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realidade, visando desenvolver mudanças nas situações encontradas, de acordo

com a PNAS (BRASIL, 2006).

Conforme as informações contidas na MDS nº 442/2005, cartilha de

orientações técnicas do centro de referência de assistência social, que tem por

finalidade esclarecer à população a respeito dos serviços disponibilizados à

comunidade, pode-se evidenciar que os projetos desenvolvidos pelo programa da

seguinte forma:

Atendimento social. Orientações e encaminhamentos para rede sócio-assistencial. Atendimento psicológico. PAIF – Programa de Atendimento Integral a Família. Atendimentos aos beneficiários do Bolsa Família. Atendimento Benefício de Prestação Continuada. Atendimentos aos beneficiários da Habitação, que residem na área

de abrangência. Oficinas e curso. Atividades esportivas. Atividades pedagógicas e de Inclusão Digital (recreação, teatro,

informática, alfabetização. Grupos Sócios Educativos com crianças, adolescentes, idosos e

mulheres. (p. 3-4).

O atendimento disponível pelo CRAS, conforme apresenta Andrade e

Romagnoli (2010) é predominantemente voltado para a assistência social, que

demonstra uma cisão entre os atendimentos de assistência social e os atendimentos

psicológicos, sendo a psicologia associada ao processo de saúde e doença mental e

a assistência social às dificuldades socioeconômicas.

Cabe lembrar que o trabalho desenvolvido por psicólogos nos CRAS é

caracterizado pela prática grupal, porém esse trabalho é compreendido pelo saber

clínico da população leiga, que objetiva a prática individualizada.

O psicólogo atua junto a uma equipe multiprofissional que visa à promoção da

saúde e a prevenção de situações que coloquem em risco o indivíduo, contudo

ainda existem barreiras quanto à presença dos psicólogos em visitas domiciliares da

equipe, devido à visão de que esses profissionais do CRAS são tão somente

responsáveis pelo diagnóstico e acompanhamento psicoterápico dos usuários. Mas,

a orientação no processo de formação do psicólogo é que se prevaleça à prática

profissional em instituições, com trabalho de intervenção grupal, sendo o foco clínico

em questões emergenciais.

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As referências para atuação do psicólogo no CRAS traduzem um grande

esforço no desenvolvimento de um método coletivo de produção de conhecimento

sobre a intervenção profissional em Políticas Públicas. Estas referências não

constituem um modelo único e fechado. O objetivo é apontar possibilidades e trazer

para a reflexão dos profissionais da psicologia aspectos da dimensão ético-política

da assistência social com base na relação da psicologia, junto à assistência social e

frente à atuação do psicólogo no CRAS, quanto ao papel que deve desempenhar, de

acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (BRASIL,

2006).

O psicólogo do CRAS deve direcionar seu trabalho para a prevenção das

situações de sofrimento que podem ser oriundas do processo socioeconômico. Na

tentativa de promover autonomia do sujeito vitimado, de desnaturalizar a violação de

seus direitos e de propiciar o desenvolvimento de vínculos interpessoais, é que o

psicólogo deve pautar suas ações dentro do CRAS, atuando no campo simbólico e

interpretando com vista o fortalecimento pessoal. Assim, é possível contribuir para a

inserção social do sujeito, como propõem os Parâmetros para Atuação de

Assistentes Sociais e Psicólogos (as) na Política de Assistência Social (BRASIL,

2010).

A proposta de atuação do psicólogo na Política de Assistência Social (PAS) é

proporcionar a consciência de direitos aos seus usuários, dando voz e vez a estes,

possibilitando a saída da situação de objeto do assistencialismo, para que se tornem

reais protagonistas de suas próprias vidas.

No trabalho com famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF),

pôde-se criar uma tomada de consciência e mudança de postura em relação às

condicionalidades do programa, não mais sendo encaradas como obrigações para

receber o benefício, mas como oportunidades de proporcionar aos seus filhos

caminhos para realizações de sonhos profissionais e pessoais e de melhoria de

vida.

De acordo com os Parâmetros para Atuação de Assistentes Sociais e

Psicólogos na PAS, o psicólogo pode contribuir com técnicas que resgate a

autoestima que recriem projetos de vida. Estas e outras várias ações são práticas

comprometidas com a transformação social em direção a uma ética voltada para a

emancipação humana (BRASIL, 2010).

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O trabalho do Psicólogo dá-se no sentido de escutar, formar, informar,

transformar e possibilitar ações que façam os usuários responsáveis por suas

próprias histórias. É trazer para a reflexão a necessidade de alcançar as mudanças

no estado de vulnerabilidade social, obtendo a capacidade de sonhar e de ansiar

novas ações que favoreçam a proteção.

O psicólogo pode contribuir no sentido de considerar e atuar sobre a dimensão subjetiva dos indivíduos, favorecendo o desenvolvimento da autonomia e cidadania. Dessa maneira, as práticas psicológicas não devem categorizar patologizar e objetificar as pessoas atendidas, mas buscar compreender e intervir sobre os processos e recursos psicossociais, estudando as particularidades e circunstâncias em que ocorrem. Tais processos e recursos devem ser compreendidos de forma indissociada aos aspectos histórico-culturais da sociedade em que se verificam posto que se constituem mutuamente. (CREPOP, 2008, p. 22).

O psicólogo é parte integrante das equipes de atendimento à população em

risco e vulnerabilidade social. É um profissional que precisa repensar a maneira de

compreender a pobreza e a forma como agir sobre ela. Não se trata aqui de manter

a premissa do assistencialismo, mas sim de pensar em novas possibilidades de agir,

de ressignificar a prática, de promover ao sujeito o rompimento do ciclo de pobreza,

a independência dos benefícios oferecidos e a promoção da autonomia, na

perspectiva da cidadania, tendo o indivíduo como integrante e participante ativo

dessa construção. Os movimentos de mudança na atuação profissional iniciam

quando os psicólogos começam a promover a saúde e a qualidade de vida das

pessoas e das coletividades, contribuindo para a diminuição da negligência,

discriminação, exploração e violência assumindo a responsabilidade social de sua

ciência.

O público atendido nos CRAS é de pessoas inseridas em comunidades de

risco e de instabilidade social. Já a prática psicológica consiste em colaborar para o

desenvolvimento de projetos que visam minimizar a pobreza e desigualdade social,

por meio de ações que estimulam a reflexão do indivíduo, por exemplo, em buscar o

emprego e obter sua própria renda, na orientação familiar e encaminhamento a

serviços da rede sócioassistencial em todas as suas esferas (saúde, educação e

assistência social).

De acordo com a proposta de Bleger (1984, p. 71-72), os psicólogos devem

mudar o foco da sua atividade uma vez que

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[...] deve-se tratar de superar a organização de uma assistência individual e privada, dedicada fundamentalmente à cura, fazendo com que a ênfase ou o maior peso da atividade profissional dos mesmos recaia sobre a população (a comunidade) e não sobre os indivíduos.

Nesse sentido, a psicohigiene engloba as ações voltadas para a comunidade,

indo além da higiene mental e da saúde pública. Dentro da psicohigiene o

profissional atuará mais de acordo com as intervenções propostas em instituições ou

organismos não assistenciais. Assim, podem intervir junto às inter-relações “[...] nas

tensões de uma fábrica ou na correta criação das crianças ou na preparação dos

jovens para a vida sexual ou afetiva [...]” (BLEGER, 1984, p. 76).

De acordo com a reflexão proposta pelo autor citado, diante dos escritos da

psicohigiene, o profissional que trabalha junto à comunidade, organização ou

instituição, dever ser um profissional autônomo e independente da saúde pública. A

proposta é atuar no contexto real do indivíduo, distanciando-se da proposta da

clínica e da doença. O trabalho em comunidade exige que se tenham técnicas

adequadas e de suporte a vivências grupais. Os projetos disponibilizados pelo

CRAS são de caráter comunitário. Um exemplo disso são os grupos

socioeducativos, em que o psicólogo poderá atuar a partir de técnicas psicoterápicas

que visem à inserção do indivíduo em tais grupos de modo que prevaleça o contexto

social, tornando as atividades mais dinâmicas e com objetivos voltados à prevenção

e educação da comunidade.

O objetivo da psicohigiene coincide com os objetivos do campo institucional,

tais como: conseguir a melhor organização e as condições que tendem a promover

saúde e bem-estar dos integrantes da instituição.

Assim, o psicólogo no CRAS poderá trabalhar como um técnico da relação

interpessoal e de vínculos humanos, explicitando o que há de implícito nas relações

e promovendo a saúde, integração e bem-estar do ser humano.

Para Lewin (1973), um grupo é mais que a soma de seus membros. Possui

estrutura própria, objetivos próprios e relações próprias com os outros grupos. A

essência de um grupo não é a semelhança ou a diferença entre seus membros, mas

sua interdependência, cujo grau varia desde a massa amorfa de uma unidade

compacta. O mesmo autor caracteriza um grupo como sendo um todo dinâmico, o

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que significa que uma mudança no estado de uma das subpartes provoca mudança

no estado de todas as outras.

A Escola da Dinâmica de Grupo desenvolvida por Moreno (1985) demonstra a

proposição de que "[...] o comportamento, as atitudes, as crenças e os valores de

indivíduo baseiam-se firmemente nos grupos aos quais pertence. Essas

características são próprias de grupos e das relações entre as pessoas.”

De acordo com Militão (2000, p. 29), o que se espera alcançar de resultados

com a utilização da dinâmica de grupo é:

Desinibir a capacidade criadora dos participantes, levando-os a se tornarem bastante desenvoltos;

Aumentar as transformações no grupo, alterando a sua produtividade; Aumentar a coesão do grupo; Proporcionar um aperfeiçoamento do trabalho coletivo, procurando

atingir, através dos grupos, metas socialmente desejáveis, podendo, também, aumentar sua eficiência, fundamentando-a num firme conhecimento das leis que governam a vida do grupo;

Transformaro potencial do grupo, fazendo-o crescer em igualdade harmônica de relacionamento interpessoal.

Segundo Moreno apud Soeiro (1995), a psicoterapia de grupo como sendo

um método para tratar conscientemente, na fronteira de uma ciência empírica, as

relações interpessoais e os problemas psíquicos dos indivíduos de um grupo.Na sua

concepção, todos no grupo são agentes terapêuticos. Este método aspira alcançar

melhor agrupamento de seus membros para os fins que persegue, buscando não

somente tratar um indivíduo, mas sim todos os indivíduos do grupo.

Nesse sentido, cabe aos psicólogos que atuarem no CRAS direcionar o seu

trabalho para a prevenção, promover práticas terapêuticas grupais e priorizar a

escuta terapêutica, considerando as situações de sofrimento oriundas do processo

socioeconômico as quais os indivíduos estão expostos, além de articular com a rede

sócio-assistencial local.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

A amostra da presente pesquisa foi composta por pessoas da comunidade do

CRAS II – Jardim Aquarius da cidade de Patos de Minas-MG. Dentre as

participantes, 30 são pacientes e uma psicóloga, num total de 31 entrevistados. A

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coleta de dados foi feita a partir de questionário composto por sentenças

estruturadas.

Os dados foram coletados na perspectiva de buscar identificar as

tendências, padrões de relações e inferências, à busca de abstração. O processo da

coleta de dados deu-se entre os dias 28 de junho a 02 de setembro de 2011. Após

aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEPE) da Universidade de Franca

(UNIFRAN).

As análises dos dados consistem em trabalhar esse material coletado de

forma sistemática e sequencialmente disposta em itens que constituem o tema de

pesquisa. Ficaram, portanto, esclarecidos aos participantes da pesquisa os riscos

antecipados ou inicialmente previstos, inclusive riscos físicos, sociais e psicológicos,

associados à participação do sujeito no estudo sem finalidades lucrativas. Tudo foi

cuidadosamente explicado, incluindo a informação sobre quais seriam os benefícios

ou os serviços que estariam disponíveis aos participantes no momento em que a

pesquisa estivesse concluída.

A dimensão global da amostra foi investigar, no mínimo, 10% dos usuários

que utilizam os serviços prestados pela unidade do CRAS II – Jardim Aquarius. O

intuito foi averiguar o nível de satisfação dos usuários e a qualidade dos serviços.

A amostra de 30 participantes das oficinas ministradas nos grupos

psicoterápicos e a coleta de dados para a avaliação do projeto de pesquisa seguiu o

procedimento amostral, no qual foram utilizados questionários com nove perguntas

abertas e semiestruturadas em seis dias diferentes, para as usuárias das oficinas

dos grupos de pintura.

Destes questionários, todos os respondentes são do sexo feminino. Foram

respondidos cinco questionários a cada um dos seis dias de pesquisa. A

amostragem utilizada na pesquisa foi à probabilística, de cunho causal simples, de

modo que cada sujeito da pesquisa tinha igual oportunidade para ser incluído na

amostra. Esse tipo de técnica de amostragem define o melhor caminho para a

escolha dos elementos que irão compor a amostra, possibilitando a inferência.

Elementos retirados ao acaso das oficinas proporcionam a cada grupo ter

igual probabilidade de ser escolhido para a amostra. Através do instrumento

utilizado, foi possível colher opiniões individuais das participantes acerca das

repercussões dos serviços prestados na unidade do referido CRAS e saber quais

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são os resultados que esses serviços oferecem, no que se refere à melhoria de vida

dos grupos psicoterápicos.

A sistematização dos dados obedeceu aos passos da Análise Compreensiva

de base fenomenológica, proposta por Bernardes (1991), também pelo pensamento

de J. C. Moreno, apresentado por Gonçalves, Wolff e Almeida (1988), e a partir da

análise de Soeiro (1995), que referencia o psicodrama e a psicoterapia com base na

Análise Institucional de Bleger (1984).

Em pesquisa realizada por More, Leiva e Tagliari (2002, p. 85), constatou-se

que a Representação Social do Psicólogo é a de um profissional “[...] que lida com

problemas emocionais, que ajuda, orienta, ouve e conversa [...]”, estando sua prática

associada a uma variedade de dificuldades, desconhecendo-se propostas de

tratamento psicológico.

A abordagem escolhida é de cunho qualitativa, que é definida “[...] como

aquela que privilegia os microprocessos, através do estudo de ações sociais

individuais e grupais, realizando um exame intensivo dos dados, caracterizado pela

heterodoxia no momento da análise.” (MARTINS, 2004, p. 289). Essa metodologia

visa buscar e valorizar elementos dos campos de pesquisa no contexto dinâmico da

relação entre pesquisador e seu alvo de pesquisa, entre eles a criatividade, a

proatividade, a desenvoltura, a intuição e o artesanato intelectual.

Por meio de levantamento bibliográfico feito a partir de sites científicos, entre

eles, o Scielo (Scientific Electronic Library Online) que foram selecionados alguns

artigos relacionados ao trabalho do psicólogo no CRAS. A busca bibliográfica

também foi feita a partir de materiais disponíveis pelo CRAS-II - Jardim Aquarius.

A pesquisa se realizou a partir de entrevistas por meio de questionário

estruturado com perguntas abertas que foram aplicados em um período de dois

meses. A amostra é composta por 30 pessoas com idade entre 19 e 70 anos, da

comunidade do CRAS II - Jardim Aquarius - Patos de Minas – MG, que foram

escolhidas aleatoriamente entre os participantes dos grupos psicoterápicos da

comunidade. Também foram entrevistados os psicólogos que trabalham no local.

Na análise de base fenomenológica está a noção de que “[...] os indivíduos

estão ativamente engajados em interpretar os eventos, os objetos e as pessoas em

suas vidas [...]” (BREAKWELL et al., 2010, p. 324). A fenomenologia trata das coisas

que aparecem a nós, em nossas experiências, já que percebemos e falamos de

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objetos e eventos. Assim, identificar a representação social do psicólogo no CRAS

depende da visão que os frequentadores deste local têm sobre a realidade em que

vivem.

4 A PESQUISA: análise e discussão dos resultados

4.1 A Disposição do CRAS II em Patos de Minas

A cidade de Patos de Minas está situada na região do Alto Paranaíba em

Minas Gerais, segundo dados estatísticos do IBGE de 2010, sua população é de

253.384 habitantes. Considerada pólo econômico regional, é a maior cidade da

região composta por dez municípios. O municipio conta com quatro unidades do

CRAS. O CRAS I está localizado no Bairro Nossa Senhora Aparecida, o CRAS II no

Bairro Jardim Aquarius, o CRAS III no Bairro Alvorada e o CRAS IV no Bairro

Sebastião Amorim.

A unidade do CRAS II Jardim Aquarius é administrada pela Prefeitura

Municipal de Patos de Minas, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento

Social, que atua no âmbito das famílias e dos indivíduos como principal mecanismo

para levar bem-estar e inclusão social.

A estrutura de pessoal que compõe o CRAS II – Jardim Aquarius

corresponde a: uma assistência social, uma psicóloga, uma coordenadora (diretora),

que deve ser assistente social, uma pedagoga, quatro instrutores de oficinas, três

monitoras, cinco estagiários, uma voluntária na oficina de artes e demais

profissionais.

A unidade do CRAS II Jardins Aquarius em Patos de Minas (MG)presta

serviços de proteção social básica, que visam potencializar a família como

referência, procurando fortalecer os vínculos internos e externos, por meio das

ações e intervenções dos seus membros e da oferta de um conjunto de serviços

locais que propiciam a socialização, a convivência e o acolhimento em famílias, cujo

vínculo familiar e comunitário ainda não foi rompido totalmente. Além disso, são

oferecidos programas para a inclusão no mercado de trabalho. Portanto, o CRAS é

considerado a porta de entrada para os programas sociais da Prefeitura Municipal

do referido município, do Governo Estadual e Federal.

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No início da implantação da unidade CRAS II, a mesma constava-se no

bairro Nova Floresta, com cerca de 5000 famílias atendidas, compostas, em seu

nível de abrangência, por entidades religiosas, associações de bairros e escolas.

Devido à expansão dos serviços prestados pela unidade do CRAS, visando

à melhoria do atendimento à população pertencente, formadas pelos bairros em seu

entorno, a sede da unidade foi transferida para o bairro Jardim Aquarius, o que

ocasionou a alteração da nomenclatura. A mudança deu-se visando à melhor

acessibilidade dos usuários. Inaugurado em 30 de abril de 2008, a nova unidade

CRAS II contava com mais espaço para atender a demanda crescente, podendo

ampliar o número de atividades a serem desenvolvidas.

Atualmente, o CRAS II atende em sua unidade duas turmas de ‘Pro Jovem’

Adolescente, proporcionando orientação à cidadania e capacitação para formação

profissional. A comunidade do CRAS II pode contar com os seguintes serviços

disponibilizados: Grupos Psicoterapêuticos, Grupos Socioeducativos, Atendimento e

acompanhamento com Psicólogo e Assistente Social, Encaminhamento para rede

sócioassistencial, acompanhamento psicológico e socioeducativo de crianças,

adultos e idosos.

A unidade chega a atender em média de 400 famílias, o que resultou na

inclusão de lazer através do esporte. Além disso, a partir das parcerias

desenvolvidas entre a Prefeitura Municipal e Secretaria de Desenvolvimento Social,

juntamente com entidades e empresas, ainda visa proporcionar cursos de

capacitação de mão de obra para o mercado de trabalho. Continuamente firma

novas parcerias que promovem a interação da instituição pública com a privada,

fornece a atuação profissional centrada na família e na responsabilidade social, bem

como em todos os seus aspectos formadores de constituição. Consequentemente,

articula a rede social, fortalecendo vínculos institucionais e comunitários.

A atuação entre público e privado é centrada na motricidade sócio-familiar,

de modo a articular propostas e conceitos institucionais e buscar oferecer serviços

de forma integrada e responsável. O objetivo é desenvolver na comunidade

vínculos, socialização de conhecimento, geração de renda, autonomia, promoção de

cidadania e protagonismo social para, sobretudo, transformar pessoas em agentes

sociais.

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Com base na análise de dados disponibilizados pelo CRAS II, a instituição

possui aspectos positivos em relação ao retorno dos usuários e sua participação.

Devido à unidade contar com equipe multiprofissional, pode-se evidenciar o diálogo

entre as Ciências Sociais, Psicológicas e Pedagógicas. Então, de fato, isso

demonstra a flexibilidade na postura e diálogo entre as ciências, visando o bem-

estar social ao cidadão atendido. O papel do Psicólogo, com o processo

psicoterapêutico na equipe multiprofissional, é evidenciar, através da intervenção, a

possibilidade de se alterar o que é intrínseco ao indivíduo, que é para Lacan (1964)

“[...] o que estava lá há um bocado de tempo antes que viéssemos ao mundo, e

cujas estruturas circulantes nos determinam como sujeito.”

Esta alteração pode ocorrer junto à assistente social, nos atendimentos

individuais ou em atividades coletivas, prioridade neste tipo de serviço. Contudo, a

transformação só se dará quando ao sujeito for concedida a oportunidade de se

ouvir, de se descobrir, de entender como sua subjetividade, produzida pelas redes e

campos de força social nas quais ele está inserido, está interagindo. Assim, esse

indivíduo poderá ressignificar sua vida, saindo do lugar de objeto para o lugar de

sujeito de sua história.

As descobertas podem se realizar por intermédio da escuta e do

entendimento, que pode acontecer no âmbito do atendimento individual, como

também em quaisquer das atividades socioeducativas produzidas pelos profissionais

que, através de seu trabalho enquanto atuantes no CRAS II do Jardim Aquarius,

disponibilizam-se a dar essa oportunidade ao indivíduo.

A prática da intervenção grupal, nessa unidade, proporciona aos sujeitos a

socialização através da ação e interação entre seus membros. A experiência de

cada integrante ao ser explicitado leva o indivíduo refletir, elaborar e construir novos

sentidos.

Portanto, a Psicologia, enquanto ciência que tem como objeto de estudo a

subjetividade, segundo Guattari (1992), é “[...] o conjunto de condições que torna

possível que instâncias individualizantes e/ou coletivas estejam em posição de

emergir como território existencial autorreferencial em adjacência ou em relação com

uma alteridade ela mesma subjetiva [...]” O psicólogo tem o conhecimento técnico

para compreensão da dimensão subjetiva dos fenômenos sociais e o

compromisso social de enfrentamento da vulnerabilidade social.

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As intervenções grupais oferecidas pelo CRAS II – Jardim Aquarius separam

atividades temáticas direcionadas a cada necessidade identificada pelo estudo

psicossocial da população atendida, que podem ser descritas do modo a seguir:

Grupo com crianças: são atendidas 150 crianças entre os anos de 2007 e

2008. A finalidade é o fortalecimento dos vínculos e desenvolvimento cognitivo.

Oficinas artesanais e geração de renda: proporciona, por meio da

inclusão, a produtiva ação com atividades que possibilitam o intenso convívio social,

fortalecendo os vínculos comunitários e elevando a capacidade de superação dos

problemas. Entre os anos de 2007 e 2008, foram capacitadas 125 usuárias.

Grupo de trabalho com mulheres: tem como finalidade o convívio e a

permuta de ideias, buscando auxiliar a superação de situações conflituosas e nos

questionamentos por meio de grupos operativos. Assim, torna-se possível alcançar o

fortalecimento e formação dos vínculos afetivos e familiares. 45 mulheres já

participaram das intervenções entre os anos de 2007 e 2008. Palestras informativas

divulgam as atividades ministradas no CRAS II para a comunidade e visam o

resgate da autoestima como questão central para superação dos problemas. As

reuniões junto às associações de moradores proporcionam intervenções coletivas,

que visam à socialização dos integrantes à informação e favorecem a prática

saudável do convívio social. Entre o ano de 2007e 2008, foram efetuados 20

eventos.

Grupo de Esportes: visa o trabalho em equipe. A intervenção através do

esporte tende a ser uma das mais procuradas pela população de crianças.

Atualmente conta com a participação efetiva de 250 participantes.

Grupos de atendimento as pessoas idosas: realiza visitas domiciliares,

procurando desenvolver atividades específicas. Em parceria com o Centro de

Convivência da 3ª Idade, atende em torno de 150 pessoas atualmente (2010/2011).

Grupo de revisão pedagógica: por meio do reforço escolar, atualmente

(2010/2011) atende acrianças e adolescentes que já puderam se recuperar,

ganharam autoconfiança e desenvolveram a capacidade cognitiva.

Grupo de teatro: Com o uso de fantoches, procuram estimular a criatividade

e a espontaneidade da criança, do adolescente e do idoso, procurando centrar no

papel da família, versando temas atuais que buscam o respeito às diferenças e o

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desenvolvimento da criatividade. Entre o biênio 2010/2011, foram atendidas 200

pessoas.

Grupo de Jovens: foca em atividades comunitárias de esporte, lazer e

estudo, que lhes possibilitam a capacitação para o mercado de trabalho. A duração

é de dois anos. As atividades desenvolvidas ficam por conta de uma equipe de

profissionais específicos e com parcerias dos estagiários do curso de Psicologia da

Faculdade Patos de Minas. Entre os anos de 2010 e 2011, o grupo contava com

duas turmas de 20 integrantes, no período matutino e 25 no período vespertino.

Grupo de aula Informática: promove o acesso à tecnologia da informação.

Já incluiu, nos anos mencionados, 300 pessoas da comunidade de abrangência,

possibilitando, ainda, uma melhor qualificação profissional.

Curso de aperfeiçoamento e qualificação profissional: realizado através

de parcerias institucionais, proporciona, assim, à comunidade, uma gama de

atividades de cunho complementar, capacitando profissionais para inclusão social.

Tais parcerias já possibilitaram a formação (2010/ 2011) de 300 pessoas, inclusive,

proporcionando novo posicionamento junto ao mercado de trabalho.

Com a participação dos grupos e das oficinas em atividades de geração de

renda, o Psicólogo do CRAS II tem a possibilidade de propor discussões sobre

cidadania, não sendo entendida tão somente como “[...] um vínculo político que liga

o indivíduo ao estado e que lhe atribui direitos e deveres de natureza política [...]”

(ACQUAVIVA, 2001). Os direitos abordados pelos profissionais do CRAS II vão além

dessas questões, eles realizam um trabalho de conscientização política, para que as

pessoas envolvidas entendam seu lugar na sociedade em que vivem. Mas também

promovem a inclusão e a interação social, o desenvolvimento afetivo e pessoal, bem

como levam a população atendida a refletir sobre si e sobre a vida.

4.2 Análise e discussão dos resultados

Para melhor análise e compilação dos resultados, foram utilizados três

parâmetros que possibilitaram identificar o nível de satisfação dos usuários frente à

atuação do Psicólogo no envolvimento das atividades ofertadas pelo CRAS.

Os parâmetros de análise dar-se-ão em: nível de satisfação, podendo ser

identificado nas questões um, sete e nove; nível terapêutico, podendo ser

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identificada nas questões três, quatro e oito; nível de atendimento, podendo ser

identificada nas questões dois, cinco e seis.

Para análise e compreensão dos dados coletados gerados através deste

estudo, deve-se relacionar a interpretação subjetiva da importância da qualidade de

vida, especialmente nos grupos psicoterápicos, nos quais os/as integrantes atuam

como membros participantes, pensando na sua intrínseca relação com os aspectos

biopsicossociais e em seu modo de relacionar-se com o outro.

4.2.1. Quanto ao nível de satisfação

Através da análise da amostra referente ao nível de satisfação, evidenciam-se

melhorias relacionadas à interação. Identifica-se que os indivíduos apresentavam,

antes das oficinas: 100% (E=30) de processos depressivos; 69,23% (E=7) relativos

graus de estresse emocionais causados pela ociosidade e falta de interação com os

grupos sociais; 15,38% indicaram possuir incidência de mal-estar; 7,69% (E=1)

possuíam insônia; e 53,8% (E=4) apresentavam indisposição e vários conflitos.

As entrevistadas indicam que após sua inserção a participação nos Grupos

Comunitários, quando questionados em relação ao significado do CRAS, 10% citou

melhorias. Do relato quanto às mudanças significantes, após a inserção do indivíduo

em grupos terapêuticos, pode ser evidenciado, conforme pontua Martins (2004, p.

289), que o indivíduo, ao participar de algum grupo, já está aberto a novas

experiências que favorecem a mudança. No ponto de vista de uma pessoa atendida

(E=15): “[...] é muito gratificante participar das oficinas e interagir com as pessoas.

Após estar no CRAS, tudo em minha vida mudou: os valores, qualidade de vida,

gostar de mim mesma e relacionar com os outros deforma sadia.”

Através do relato transcrito, é possível observar que a participante apresentou

melhoras diante de suas relações interpessoais. Na qualidade de vida, aumentou a

sua disposição, movida pela sua participação nos grupos comunitários

psicoterápicos, em conjunto com as oficinas oferecidas pelo CRAS. A referida

participante demonstrou, segundo o que diz, melhoras no relaxamento físico e

mental, na qualidade de sono, na disposição e atenção.

Sendo assim, os resultados deste estudo estão em consonância com os

conceitos de Soeiro (1995), que explica: “[...] um indivíduo não pode adotar uma

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posição neutra, por pertencer um campo, pois está interagindo com o outro.” Isso

porque, os participantes dos Grupos Psicoterápicos tiveram oportunidades de

aumentar o foco de atenção nas oficinas, mediante o alívio físico e mental,

proporcionado através das interações grupais desenvolvidas nas oficinas.

Durante as oficinas, as participantes realizam atividades próprias de cada

curso, os que foram especificados acima. Sendo consideradas prazerosas, são

escolhidas de acordo com o gosto, habilidade e criatividade de cada uma. Devido

aos horários, dia e local, são organizadas a fim de favorecer as relações

interpessoais. Por conseguinte, muitas, através das oficinas, puderam conhecer

melhor suas colegas à medida que a interação entre elas ocorriam, mediante as

propostas das atividades.

Quanto ao questionamento das participantes, ao que se referia ao nível de

satisfação do trabalho do Psicólogo, 60% demonstraram estarem satisfeitas com a

atuação do profissional. É possível, assim, identificar as atribuições quanto ao seu

papel nos programas da rede de proteção social em atenção às populações em

situação de vulnerabilidade. Porém, 30% responderam que o atendimento do

psicólogo é parcialmente satisfatório, enquanto 10% disseram não ter procurado

atendimento do profissional. Evidencia-se que os 40% referentes ao nível de

satisfação com o Psicólogo, seja devido a não apresentar interesse para o

atendimento, ou, muitas vezes, caracterizar-se em não precisar a ajuda.

Bleger (1984) assevera que toda instituição tem objetivos explícitos, bem

como implícitos. E que, estes, devem ser valorizados de forma separada dos efeitos

que uma instituição pode produzir. Em algumas situações, não há dissociação entre

conteúdo latente e manifesto, no entanto, em outras, há contradições e pode

acontecer de o conteúdo latente ultrapassar o conteúdo manifesto.

O trabalho do Psicólogo é parte integrante do processo. Dessa forma, as

intervenções acontecem juntamente com os demais profissionais que atuam na

unidade. O trabalho foca a autonomia, independência e transformação da realidade

de indivíduos em situação de risco e vulnerabilidade social. Assim, pode-se

favorecer o comprometimento com a promoção de direitos, de cidadania, da saúde,

promover a valorização da vida, considerando o contexto no qual vive a população

atendida.

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4.2.2. Quanto ao nível terapêutico

Mediante os resultados obtidos, a entrevistada E=13 afirma: “[...] Era uma

pessoa menos informada, agora tem mais experiência para conviver em grupos com

outros.” Conforme se pode evidenciar no relato, percebe-se que, com a terapia, a

participante apresentou melhoras no que diz respeito à interação. Esta apresenta

estar mais disposta e aberta para as novas experiências, às interações sociais e que

busca uma qualidade de vida mais saudável. Assim, um fator importante a que se

deve considerar é o que, antes de vivenciar o encontro terapêutico, os níveis de

estresse eram causados pela falta de entendimento quanto às situações de conflitos

psíquicos, diante das experiências vivenciadas no dia a dia. Sendo que, após as

vivências terapêuticas, o aprendizado mediante as situações conflituosas possibilitou

um olhar diferenciado para o enfretamento. Foi favorecida, assim, a qualidade de

vida tão almejada.

Por via da análise dos dados e quanto às observações das participantes dos

grupos terapêuticos nos encontros, evidencia-se um maior intercâmbio de

sentimentos, que vão sendo transferidos e contra-transferidos entre o Psicólogo e os

membros do grupo. Há, nesse sentido, a compreensão do contexto afetivo-social

vivenciado pelo sujeito, perante a interação com o seu próprio modo de vida. Desse

modo, é abrangido um sistema de representações que favorecem a apropriação do

seu espaço no contexto social do grupo pertencente e o fortalecimento e construção

de valores e sentimentos ressignificados pela intervenção terapêutica.

Segundo Zimerman (1997), todo ser humano é gregário por natureza,

existindo em função dos seus relacionamentos. Através deste nível de análise,

pode-se observar a melhoria dos sintomas. Com o auxílio das oficinas de artes e

através de um esforço interdisciplinar, os participantes passam a se desenvolver

como sujeito da comunidade, mediante o aprofundamento da consciência familiar,

que favorece as relações interpessoais.

Moreno (1985) afirma que a psicoterapia de grupo é um método para tratar,

conscientemente, na fronteira de uma ciência empírica, as relações interpessoais e

os problemas psíquicos dos indivíduos de um grupo. Na sua concepção, todosos

membros do grupo são agentes teraupêticos, e todo o grupo também o pode ser em

relação a outro grupo. Esse método aspira alcançar o melhor agrupamento de seus

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membros para os fins que persegue. Não trata somente dos indivíduos, mas de todo

o grupo e dos indivíduos que estão em relação com ele. Em sua relação sociológica,

vê a sociedade humana total como o verdadeiro paciente.

A partir da investigação do desenvolvimento enquanto sujeito na

comunidade, é possível verificar que sofreram um acréscimo de potencialização de

suas habilidades, descrevendo o que se refere a suas vidas antes e depois do

CRAS. 60% afirmaram que, antes da sua participação nos grupos psicoterápicos

comunitários, as suas experiências não faziam jus a sua existência, não tinham

projetos de vida, e se tivessem, não estabeleciam metas para que os mesmos

fossem executados. Existiam apenas enormes vazios existenciais onde a vida não

tinha nenhum sentido. Ainda confirmam que as melhorias percebidas por elas foram

alcançadas com acompanhamento nutricional, psicológico e social. Dizem sentirem-

se mais tranquilas, relaxadas, que descobriram que podem ser capacitadas e

viverem novas experiências que possam suavizar o contexto em que convivem. A

E=5, por exemplo, mostra sentir-se dona de si mesma, a protagonista de sua

história. “[...] Antes era depressiva, agora faço minhas pinturas, me distraio,

converso com amigas, tudo mudou para melhor.” (E=5)

4.2.3 Quanto ao nível de atendimento

É importante ressaltar, que tanto o grupo operativo pode propiciar um

beneficio psicoterápico, quanto os grupos psicoterápicos se utilizam do enfoque dos

grupos operativos. Já que "Os grupos de ensino não são diretamente terapêuticos,

mas a tarefa da aprendizagem implica em terapia; toda aprendizagem bem realizada

e toda educação é sempre, implicitamente, terapêutica." (BLEGER, 1993, p. 63).

Através das observações, no contexto das oficinas desenvolvidas nos

momentos das intervenções grupais, em decorrência do encontro, pode-se

evidenciar a necessidade de inclusão por parte do indivíduo que se encontra em

vulnerabilidade social. Nasce, então, o desejo de se sentir integrado, valorizado,

aceito em seu contexto de essência e existência, pela sociedade.

A partir da sondagem nos questionários, foi possível investigar os

argumentos apresentados pelos participantes dos encontros grupais. A partir daí,

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buscamos saber também como elas se sentiam quanto ao atendimento recebido

pela equipe de profissionais no CRAS II.

Na análise das informações apresentadas no questionário, percebemos que

as participantes se sentem confortáveis em relação ao atendimento oferecido pela

da equipe de trabalho do CRASII. 96% dos entrevistados responderam que o

consideraram ótimo, e 4% regular.

O CRAS é considerado a porta de entrada da Assistência Social e tem como

via de regra primordial o atendimento prioritário aos seus usuários. Pode-se

evidenciar a boa relação estabelecida entre a equipe e os usuários: “[...] Bom

relacionamento, os instrutores bem educados e prontos para nos atender. Basta

acreditar em mim e aproveitar a oportunidade.” (E=1)

Passando agora à análise da entrevista com a Psicóloga (para identificá-la,

será utilizada a sigla L. R.). A boa relação estabelecida entre equipe e usuários fica

evidente quanto à percepção dela. Conforme explica, a psicologia procura se reiterar

dos conhecimentos que embasam a atuação profissional no campo da Assistência

Social e visa o desenvolvimento de atividades em diferentes espaços institucionais e

comunitários. A esse respeito, ela prioriza o conhecimento como base para atuar, de

forma que os conhecimentos possibilitem-na realizar ações que envolvam os

usuários dos serviços da rede de apoio social e a comunidade em geral a

participarem dos movimentos sociais dos grupos psicoterápicos.

A mesma relata estar satisfeita quanto a sua atuação. “Percebo uma ótima

aceitação da psicologia no CRAS. O meu trabalho tem contribuído muito para as

famílias e eles expressam isso sempre. Escuto muitos usuários dizer que sou

diferente de alguns profissionais que trabalham nos serviços, pois procuro sempre

estar rindo, atendo bem as pessoas, e eles me retribuem com muito carinho.”

A psicóloga também afirma que trabalha com a intenção de resgatar a

autoestima e a melhoria da qualidade de vida dos usuários. Seu intuito é reintegrá-

los na sociedade, de modo que seu conhecimento possa permitir aos participantes

dos grupos compreenderem suas interações e vir a serem autores de sua história.

Através da participação social nos grupos, o indivíduo é inserido no contexto que

dele e passa a perceber as condições básicas de cidadania. Mesmo com suas

limitações, ele começa a dar sentido à sua vida, buscando aperfeiçoar o seu estado

psíquico, físico e emocional.

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A Participante relata que existem limitações as quais dificultam o seu

trabalho, mas que, mesmo assim, não se vê impossibilitada de atuar. Como o

trabalho do psicólogo nas redes de apoio social é muito diversificado, ela busca

quebrar paradigmas e estigmas que são carregados pelos profissionais que atuam

nesse espaço de prática diferenciada.

Questiona-se muito a atuação do psicólogo nas organizações, porém a

atuação profissional varia de acordo com as normas que cada instituição adota

como forma de atendimento. No caso apontado nesta pesquisa, a instituição valoriza

o ser humano e lhe proporciona as condições necessárias para que ele consiga se

integrar aos grupos e sair da área de vulnerabilidade social. Para tanto, demonstra a

valorização do trabalho multidisciplinar, em especial a promoção de saúde psíquica

e investe em projetos sociais com equipes interdisciplinares para favorecer a

comunidade e seus familiares. As propostas e os projetos são desenvolvidos com

base nas reivindicações dos usuários dos serviços oferecidos pelo CRAS.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa demonstrou a qualidade dos serviços oferecidos pelo

CRAS em função do crescimento pessoal e profissional, para que o leitor saiba o

que é feito na instituição. Ficou clara a representatividade do vínculo entre o CRAS e

as famílias atendidas, não obstante mostrou-se o quanto é imprescindível que as

pessoas se informem sobre os serviços que o governo, através das redes de apoio

social, tem disponibilizado à comunidade em risco e área de vulnerabilidade social.

Faz-se necessário que esses grupos sejam conscientizados, tanto os profissionais

como os usuários dos serviços e benefícios, e que passem a ter conhecimento sobre

a forma pela qual o CRAS está contribuindo.

Observou-se que além de tantas qualidades de serviços que o CRAS

disponibiliza, ele ainda proporciona às famílias a possibilidade de sair da

vulnerabilidade social e serem protagonistas de sua própria história. Isso demonstra

o quanto o trabalho é realizado com qualidade pelo CRAS e é importante para todas

as famílias que possuem demanda para o atendimento.

Os principais temas que este trabalho abordou foram o nível de satisfação,

nível terapêutico e nível de atendimento. Os participantes da pesquisa usam os

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serviços com muita frequência, quando interagem entre si e participam regularmente

dos eventos que o CRAS oferece. Relacionado à sua participação, com os

parâmetros anteriormente citados em relação às interações, nos grupos

terapêuticos, por meio do envolvimento em oficinas, no âmbito da subjetividade, não

seria possível identificar essas questões de forma puramente quantitativa. No

entanto, associadas aos instrumentos trazidos pela pesquisa qualitativa,

conseguem-se resultados pautados na íntegra do pensamento humano da amostra

desse estudo.

Pode-se concluir que o levantamento feito no CRAS II – Jardim Aquarius

apontou para as muitas contribuições que podem ser oferecidas às famílias que

procuram o atendimento ao dar-lhes o suporte necessário para que se capacitem e

desenvolvam habilidades e sentimentos de competência, podem tornar-se

autossuficientes e prontos para seguirem suas vidas com dignidade. Assim, é

possível promover mudanças na comunidade e prevenir situações de risco social.

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