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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A ARTE COMO MEDIADORA NO DESENVOLVIMENTO DOS POTENCIAIS CRIATIVOS DAYSE REIS LACERDA Orientador (a): Profª. Fabiane Muniz da Silva RIO DE JANEIRO NOVEMBRO/2008

A ARTE COMO MEDIADORA NO DESENVOLVIMENTO … · BARBOSA (2003) que faz uma analise sobre a ação da arte na educação; FUSARI e FERRAZ (1993) que tratam a ... 2.2 Modelo Componencial

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A ARTE COMO MEDIADORA NO DESENVOLVIMENTO

DOS POTENCIAIS CRIATIVOS

DAYSE REIS LACERDA

Orientador (a):

Profª. Fabiane Muniz da Silva

RIO DE JANEIRO NOVEMBRO/2008

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A ARTE COMO MEDIADORA NO DESENVOLVIMENTO

DOS POTENCIAIS CRIATIVOS

DAYSE REIS LACERDA

Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Greau de Especialista em Arteterapia da Universidade Candido Mendes.

RIO DE JANEIRO NOVEMBRO/2008

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Aos familiares e amigos, que muito

contribuíram nesta jornada de

estudos em busca do conhecimento.

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A Deus, a minha família e em

especial a professora Ana Cristina

pelo apoio durante a elaboração e

realização deste trabalho.

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“O importante da educação não é o

conhecimento dos fatos, mas dos valores”.

(Dean William Inge)

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RESUMO

O principal objetivo deste estudo é o de analisar a Arte como mediadora no

desenvolvimento dos potenciais criativos. Ao rever nomenclatura arte nos

termos educacionais, transforma-se em arte-educação, mesmo sem ser

inserida na educação. A mesma se encontra presente nos estudos,

independente das séries ou fases escolares. Descobrir o próprio potencial

criativo e explorá-lo é uma experiência de importância ímpar, contribuindo não

só para as atividades profissionais bem como para a própria existência. O

objetivo geral foi: analisar as possibilidades da Arte no desenvolvimento dos

Potenciais Criativos. Os objetivos específicos: refletir sobre os potenciais

criativos e sua importância no desenvolvimento do ser; destacar a importância

da Arte no desenvolvimento humano bem como na educação; verificar a

relação entre arte e Criatividade. A hipótese é: Se a Arte é uma necessidade

humana, e se a criatividade estabelece-se como uma necessidade na

contemporaneidade, então arte e criatividade são fundamentais para o

desenvolvimento do ser. Em busca de confrontar as idéias e teorias, foi

construído um capítulo para a discussão a cerca do tema de estudos, com as

idéias contidas nas obras consultadas de diversos autores e o conhecimento e

prática da autora da pesquisa, buscando compreender a real importância de

utilizara a Arte como mediadora no desenvolvimentos de potenciais criativos na

educação.

Palavras-Chave: Arte; Potenciais Criativos, Arte-Educação.

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METODOLOGIA

Esta pesquisa se constitui de pesquisa bibliográfica sobre a arte como

mediadora no desenvolvimento dos potencias criativos. A pesquisa bibliográfica

elaborada mostra a importância de se esclarecer o papel da arte nos potenciais

criativos. Tendo como fundamento teorias como VYGOTSKI, (1988) que

contextualiza sobre o processo de influência da Arte na aprendizagem;

BARBOSA (2003) que faz uma analise sobre a ação da arte na educação;

FUSARI e FERRAZ (1993) que tratam a arte como movimento educativo

cultural e ALENCAR (1995) que explana sobre a criatividade e sua importância

para a educação. Além destes foram analisadas artigos em revistas sobre o

tema, de estudos publicados na Internet e de fontes que tratam sobre o

respectivo tema.

Essa pesquisa bibliográfica atém-se às possibilidades de análise frente à

relação entre a Arte e o desenvolvimento dos potenciais criativos. Da mesma

forma os temas citados no referencial teórico compõem o objeto de estudo do

trabalho.

Em busca de confrontar as idéias e teorias, foi construído um capítulo

para a discussão a cerca do tema de estudos, com as idéias contidas nas

obras consultadas de diversos autores e o conhecimento e prática da autora da

pesquisa, buscando compreender a real importância de utilizar a Arte como

mediadora no desenvolvimentos de potenciais criativos na educação.

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PROPOSTA DE SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................... 09

CAPÍTULO I – CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA ARTE ............... 11

1.1 A Arte .................................................................................................. 11

1.2 Histórico do Ensino de Arte no Brasil ................................................. 13

1.3 A Arte na Educação ............................................................................ 16

1.4 A influencia de arte no desenvolvimento infantil ................................ 18

CAPÍTULO II- OS POTENCIAIS CRIATIVOS E A PRÁTICA PEDAGÓGICA

.................................................................................................................. 21

2.1 Definindo criatividade ....................................................................... 21

2.2 Modelo Componencial de Criatividade .............................................. 23

2.3 A Expectativa de aprendizagem sistêmica ....................................... 27

CAPÍTULO III - ANÁLISE TEMÁTICA ..................................................... 31

3.1 Discussão dos dados bibliográficos .................................................. 31

3.2 Sugestão de Trabalho ....................................................................... 33

CONCLUSÃO ......................................................................................... 36

BIBLIOGRAFIA ....................................................................................... 38

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INTRODUÇÃO

O objetivo deste estudo é o de analisar a arte como mediadora no

desenvolvimento dos potenciais criativos. A contemporaneidade tem suscitado

um enorme número de habilidades que precisam ser desenvolvidos no

indivíduo. Para tanto, tem se buscado na educação, alguns elementos

decisivos para que este processo se concretize.

Não é fácil definir arte, a sua importância nos potenciais criativos vem

sendo discutida ao longo de alguns anos, buscando mudanças na forma de

abordar esta área do conhecimento. Quando se pensa em arte na escola,

parece relevante refletir sobre valores, emoções, sentimentos e significações

construídas por meio desta forma de comunicação e expressão.

Dessa forma, implicada a condição de produção humana, a Arte tem

sido cada vez mais estudada e analisada em diversos contextos educacionais.

A Criatividade por sua vez, surge como uma necessidade de sobrevivência

num mundo de alterações tão rápidas e contundentes. Assim, a Criatividade

assume diante da sociedade pós-moderna uma nova conotação, deixando de

ser vista como um luxo e incorporando-se como uma necessidade atual.

Nesse sentido, a problemática a ser discutida neste estudo é: De que

forma a Arte pode ser utilizada como mediadora no desenvolvimento dos

Potenciais Criativos?

Descobrir o próprio potencial criativo e explorá-lo é uma experiência de

importância ímpar, contribuindo não só para as atividades profissionais bem

como para a própria existência. Contudo, o processo de descoberta e a

utilização dos potenciais criativos, constituem-se numa tarefa que parece

extremamente penosa para alguns educadores. Isto, porque talvez

desconheçam as possibilidades de exploração de algumas áreas do

conhecimento.

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Portanto o objetivo principal desse estudo foi: Analisar as possibilidades

da Arte no desenvolvimento dos Potenciais Criativos. Os objetivos específicos

são: Refletir sobre os potenciais criativos e sua importância no

desenvolvimento do ser; Destacar a importância da Arte no desenvolvimento

humano bem como na educação; Verificar a relação entre arte e Criatividade.

A hipótese é: Se a Arte é uma necessidade humana, e se a criatividade

estabelece-se como uma necessidade na contemporaneidade, então arte e

criatividade são fundamentais para o desenvolvimento do ser.

A proposta que a Arte-Educação tem é de uma ação educativa criadora,

portanto um olhar sobre o ensino de arte, oferece ao professor a oportunidade

de estabelecer laços entre o passado e o presente, para que possamos

conhecer aqueles que nos antecederam, suas contribuições, metodologias e

desafios.

No primeiro capítulo deste estudo há uma contextualização histórica da

Arte, sua historicidade no Brasil enfatizando sua importância no contexto BA

educação e sua influencia no desenvolvimento da aprendizagem infantil.

No segundo capítulo expõe-se teorias sobre os potenciais criativos e a

prática pedagógica, fazendo uma breve definição sobre a criatividade e sua

importância no aprendizado na Educação Infantil, bem como o modelo

componencial de criatividade e a expectativa da aprendizagem sistêmica

através do estudo da Arte e da criatividade do aluno.

No terceiro capítulo há uma discussão sobre as teorias que compõem o

texto sobre a arte como mediadora no desenvolvimento dos potenciais criativos

e também uma proposta de abordagem em sala de aula como pratica na

aprendizagem doa alunos de educação infantil.

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CAPÍTULO I

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA ARTE

1.1 A Arte

Em diversas situações do nosso cotidiano, estamos cercados por obras

de arte, e nem nos damos conta. Uma volta pela cidade com mais atenção e

percebemos que a arte está por todo lugar e de várias formas, nas vitrines, nos

arranjos de jardins, na musica de um violeiro, grupos que dançam na rua,

enfim, a arte agora tem sua liberdade de expressão. O fenômeno artístico

apresenta-se na cultura popular, na erudita e nos meios de comunicação.

Quando o aluno está em contato com manifestações artísticas desenvolve a

sensibilidade, estimula a imaginação além de adquirir e cultivar maior senso

artístico. Contudo, suas capacidades são ampliadas ao exercitar diferentes

sentidos do corpo como o tato, a visão e audição bem como aprimorar os

gestos da linguagem (PLAZA, 2001).

Se desejamos formar seres criativos, críticos e aptos para tomar

decisões, um dos requisitos é o enriquecimento do cotidiano infantil com a

inserção de contos, lendas, brinquedos e brincadeiras.

Vygotski (1988) indica a relevância de brinquedos e brincadeiras como

indispensáveis para a criação da situação imaginária. Revela que o imaginário

só se desenvolve quando se dispõe de experiências que se reorganizam. A

riqueza dos contos, lendas e o acervo de brincadeiras constituirão o banco de

dados de imagens culturais utilizados nas situações interativas. Dispor de tais

imagens é fundamental para instrumentalizar a criança para a construção do

conhecimento e sua socialização. Ao brincar a criança movimenta-se em busca

de parceria e na exploração de objetos; comunica-se com seus pares;

expressa-se através de múltiplas linguagens; descobre regras e toma decisões.

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A falta de qualidade das instituições infantis redunda na seleção

inadequada de aspectos da cultura relacionados com o saber instituído da

escola elementar: a escrita e os números, excluindo elementos

caracterizadores da cultura do país como o carnaval, rituais do Bumba meu boi,

festa de coroação dos reis, capoeira, futebol, as lendas, contos e a

multiplicidade de brincadeiras oferecidas pelo folclore infantil. Nota-se, também,

a falta de materiais típicos da fauna e flora brasileiras, como folhas, galhos,

pedras, conchas, frutos, flores, penas. A produção de objetos não reflete a

riqueza do mundo cultural e natural. Mesmo o uso da sucata industrial fica

empobrecido com a falta de tratamento que ofereça identidade cultural a tais

objetos.

O imaginário infantil não reflete a riqueza folclórica, com suas lendas

da vitória-régia, jibóia, boto cor-de-rosa, que habitam regiões da Amazônia e

Mato Grosso. Acumulados por povos indígenas, negros e brancos, traços que

marcam a pluralidade cultural brasileira, as lendas e contos presentes no

imaginário das crianças dos tempos passados, foram excluídos dos conteúdos

escolares ocasionando a separação entre a escola e a cultura (KISHIMOTO,

1993a).

As imagens sociais dos tempos passados perdem-se, guardados em

gavetas que não foram mais abertas em virtude do novo modo de vida dos

tempos atuais que impede a transmissão oral dentro de espaços públicos.

Cabe à escola a tarefa de tornar disponíveis o acervo cultural dos contos,

lendas, brincadeiras tradicionais que dão conteúdo à expressão imaginativa da

criança, abrir o espaço para que a escola receba outros elementos da cultura

que não a escolarizada para que beneficie e enriqueça o repertório imaginativo

da criança. Concretizar pressupostos de Vygotski (1988), de que a cultura

forma a inteligência e que a brincadeira de papéis, favorece a criação de

situações imaginárias e reorganiza experiências vividas é, também, o caminho

apontado por Bruner (1996), que abre as portas da escola para a entrada da

cultura e condiciona o saber a um fazer. Aprendizado esse que começa com

brincadeiras em que se aprende a criar significações, a comunicar-se com

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outros, a tomar decisões, decodificar regras, expressar a linguagem e

socializar.

Arte é a expressão da consciência humana em uma linguagem metafórica única. A fundação da arte é o aprimoramento da consciência humana. A arte não é êxtase místico, nem vã satisfação dos desejos materiais, mas uma percepção mais clara e eficaz das coisas, um modo mais lúdico de estar no mundo. (BARBOSA, 1997, p.38).

De acordo com Barbosa (1991), arte é representada em nossa cultura

como um espaço onde as emoções e intenções, tensorial ou causal são

expostas por meio da dança, trabalhos manuais, artesanato, música, filme,

teatro, entre outros. Ao rever nomenclatura arte nos termos educacionais,

transforma-se em arte-educação, mesmo sem ser inserida na educação. A

mesma se encontra presente nos estudos, independente das séries ou fases

escolares.

1.2 Histórico do Ensino de Arte no Brasil

A história do ensino de arte no Brasil observa-se diferentes orientações

quanto as suas finalidades, à formação e atuação dos professores.

De acordo com Brasil (2000, p.30) “a linguagem da arte na educação

infantil tem um papel fundamental, envolvendo os aspectos cognitivos,

sensíveis e culturais”. Até bem pouco tempo o aspecto cognitivo não era

considerado na a educação infantil e esta não estava integrada na educação

básica.

“A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.394/96 veio garantir este

espaço à educação infantil, bem como o da arte neste contexto” (BRASIL,

1996). Nas escolas tradicionais, valorizavam-se principalmente as habilidades

manuais, os “dons artísticos”, os hábitos de organização e precisão. Os

professores trabalhavam com exercícios e modelos convencionais

selecionados por eles em manuais e livros didáticos. O ensino de arte era

voltado para domínio técnico, mais centrado na figura do professor, competia a

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ele “transmitir” aos alunos os códigos, conceitos e categorias ligados a padrões

estéticos que variavam de linguagem sempre a reprodução de modelos.

A disciplina “Desenho”, apresentada sob a forma de desenho

geométrico, Desenho do natural e Desenho do pedagógico, era considerada

mais por aspecto funcional do que uma experiência em arte. As atividades de

teatro e dança, somente eram reconhecidas quando faziam parte das

festividades escolares na celebração das datas comemorativas.

Entre os anos 20 e 70, as escolas brasileiras viveram outras

experiências no âmbito do ensino e aprendizagem de arte. O ensino de Arte

volta-se para o desenvolvimento natural da criança. As aulas de Desenho e

Artes Plásticas assumem caráter mais expressivo, as atividades de artes

plásticas mostram-se como espaço de invenção, autonomia e descobertas

baseando-se principalmente na auto-expressão dos alunos (BARBOSA, 2004).

Dos anos 20 aos de hoje, várias tentativas de se trabalhar a arte,

também fora das escolas vive-se o crescimento de movimentos culturais, inicio

da modernidade e vanguarda. Segundo Barbosa (2004) em 1971, pela Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a arte é inclusiva no currículo

escolar com o título de Educação Artística, mas é considerada “Atividade

Educativa” e não disciplina.

Muitos professores não estavam habilitados e menos ainda, preparados

para o domínio de várias linguagens. As próprias faculdades criadas para cobrir

o mercado aberto pela Lei não estavam instrumentadas para a formação do

professor. Nos anos 70 os professores passam a atuar em todas as áreas

artísticas, independente de sua formação e habitação.

Para compreender a arte no espaço da educação infantil no momento

atual, mesmo que brevemente, é preciso situar o panorama histórico das

décadas de 80 e 90. Os referenciais que fundamentavam as práxis do

profissional da educação infantil eram os Cadernos de Atendimento ao Pré-

escolar, criados pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC (PILOTTO,

2000)

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Entretanto, vale ressaltar que pouco priorizavam o conhecimento,

centrando-se apenas nas questões emocionais, afetivas e psicológicas e nas

etapas evolutivas da criança. Com relação à arte na educação, os

pressupostos eram muito mais voltados à recreação do que às articulações

com a arte, a cultura e a estética. Como exemplo, é possível citar a ênfase em

exercícios bidimensionais que priorizava desenhos e pinturas chapadas. Ou

seja, os conceitos sobre arte resumiam-se a simples técnicas.

De acordo com PILLOTTO (2000, 61) “é interessante observar que esse

Caderno, embora tenha uma fundamentação teórica voltada às concepções do

ensino da arte modernista, na sua essência é muito mais tecnicista no que diz

respeito aos exercícios repetitivos, mecânicos e sem a preocupação com a

reflexão dos conceitos”.

A partir dos anos 80 houve um movimento em que mobilizou grupos de

professores de artes, tanto da educação formal quanto da informal. Em 1988,

com a promulgação da Constituição, iniciam-se as discussões sobre a nova Lei

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Com a Lei nº. 9394/96, revogam-

se as disposições anteriores e arte é considerada obrigatória na educação

básica: “O ensino da arte constituirá componentes curricular obrigatório, nos

diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento

cultural dos alunos” (BRASIL, 1996).

De acordo com Pilotto (2000) na década de 90, o MEC lança o Caderno

do Professor da Pré-Escola, com uma abordagem contextualista, na qual a arte

deixa de ser tratada apenas como atividade prática e de lazer, incorporando o

ato reflexivo. Apesar dessas transformações, a arte permanecia ainda com foco

em abordagens psicológicas e temáticas. A arte na educação infantil nesta

década ainda buscava uma consistência teórica, conceitual e metodológica.

No final da década de 90, novas tendências curriculares em Arte, novo

marco curricular as reivindicações de identificar a área por Arte e não por

Educação Artística. Estudar a história da arte não significa apenas estudar

períodos, fatos, estilos. É necessário refletir sobre os problemas e soluções

artísticos e estéticos nela envolvidos (FUSARI e FERRAZ, 1993).

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Na visão de Proença (2001), as implicações de produção, recepção e

distribuição artística, bem como os modos de analisá-los em sua trajetória

histórica, devem ser contextualizadas para detectar os modos de interferência

da arte na sociedade. Portanto estes são pontos pré-requisitos ao estudar a

história da arte.

De acordo com Fusari e Ferraz (1993), para entender a história da arte

no Brasil faz-se necessário o estudo da arte pré-histórica, que compreende a

arte rupestre brasileira; a arte no período colonial que são as missionárias e

barrocas; a arte brasileira no século XX, a arte moderna e a arte

contemporânea no Brasil.

As artes brasileiras do século XIX foram focadas em momentos

histórico-culturais vividos no país. A passagem do Brasil-Colônia ao Brasil

independente. A nova geração de intelectuais e artistas nesse período

procurou novos caminhos e temáticas mais atualizadas para a época, sob

influência da missão francesa que chegou ao Brasil em 1816.

1.3 A Arte na Educação

A arte ocupa em grande espaço na vida das pessoas, o educador tem

papel importante na transmissão deste conhecimento. O professor deverá estar

preparado para entender e explicar a função da arte para o indivíduo e a

sociedade.

A partir desta visão, especificamente para a arte na educação infantil

está o educador em arte, que atua em consonância com os demais educadores

da instituição, aprofundando conceitos e linguagens da arte. A função do

profissional em arte na educação não é simplesmente ministrar aulas

fragmentadas de arte, mas, sobretudo de organizar um espaço de cultura que

possibilite a ampliação das expressões e das linguagens da criança. No que

este espaço contribui? “Ajuda que os professores compreendam como as

crianças inventam veículos autônomos de liberdade expressiva, de liberdade

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cognitiva, de liberdade simbólica e vias de comunicação”. (VECCHI: 1999,

129).

O papel da arte na educação á grandemente afetado pelo modo como o professor e o aluno vêem o papel da arte fora da escola. [...] A arte não tem importância para o homem somente como instrumento para desenvolver sua criatividade, sua percepção, etc., mas tem importância em si mesma, como assunto, como objeto de estudo (Barbosa, 1975, pp. 90 e 113).

Desde os primórdios da civilização a arte tem seu espaço na sociedade,

o fundamental, é entender que a arte se constitui de modos específicos de

manifestações da atividade criativa dos seres humanos ao interagirem com o

mundo em que vivem ao se conhecerem e ao conhecê-lo.

Desde que nascemos convivemos com sons, cores e ouvimos historias,

foliamos livros e revistas ilustradas, assistimos TV, ouvimos radio, e

gradativamente vamos dando forma às nossas maneiras de admirar, de gostar,

de julgar, de apreciar, e também de fazer diferentes manifestações culturais de

nosso grupo social, assim, no convívio com outras pessoas vamos nos

educando.

Os autores, artistas, com suas diferentes idades e maturidades

pessoais, ao produzirem suas obras procuram imaginar e inventar “formas

novas”, e expressões do mundo natural e cultural que já tem conhecimento.

Nas escolas de arte, professores e alunos se dedicam metodicamente à

novos saberes especificamente artísticos e estéticos. A escola pode e deve

contribuir para que os alunos desenvolvam durante os cursos novas

habilidades e saberes básicos, significativos e ampliadores de suas

sensibilidades e cognições a respeito dessas modalidades artísticas.

Apesar de arte na escola ser limitada, ainda há possibilidade de ter

qualidade. O professor precisa buscar aperfeiçoar-se tanto em saberes

histórico, quanto em desenvolvimento e organização.

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Não é suficiente dizer que os alunos precisam dominar os conhecimentos é necessário dizer como fazê-lo, isto é investigar objetivos e métodos seguros e eficazes para a assimilação dos conhecimentos. [...] O ensino somente e bem-sucedido quando os objetivos do professor coincidem com os objetivos de estudo do aluno e é praticado tendo em vista o desenvolvimento das suas forças intelectuais [...] ( LIBÂNEO,1991, pp.54 -55).

Na escola os objetivos educacionais são de aperfeiçoamento de

saberes tanto da história como também da estética. Os conteúdos

programáticos em arte devem incluir, portanto: as noções a respeito da arte

produzida em produção pela humanidade, inclusive nos dias de hoje. O

professor assume papel de mediador no desenvolvimento cognitivo do aluno.

O professor deve refletir sobre as solicitações corporais das crianças e com suas atitudes diante das manifestações da motricidade infantil, compreendendo seu caráter lúdico e expressivo. É interessante planejar situações de trabalhos voltados para aspectos mais específicos do desenvolvimento corporal e motor; o professor deverá avaliar constantemente o tempo de contenção motora ou de manutenção de uma mesma postura de maneira adequada as atividades às possibilidades das crianças de diferentes idades (FUSARI e FERRAZ, 1993, p.35).

É importante que o professor saiba organizar a graduação dos assuntos

no âmbito do fazer e apreciar arte. Propor atividades de ensino, considerando

os mais simples e os mais complexos. O professor deve estar atento as faixa

etárias, interesses e direitos culturais artísticos dos alunos, no mundo

contemporâneo.

1.4 A influencia de arte no desenvolvimento

Como historicamente pode-se observar, a arte na educação infantil

possuía um perfil de recreação e de desenvolvimento emotivo e motor. Hoje, a

arte na educação infantil está em processo de rupturas e transformações,

exigindo das políticas educacionais, dos cursos de Formação de Professores,

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especialmente das Licenciaturas em Arte, um comprometimento com os

aspectos cognitivos, sensíveis e culturais.

Todo o desenvolvimento da criança deve ter, como ponto de parida, a

experimentação e sensibilização. A disciplina de artes fará com que a criança

desenvolva a percepção, a expressão corporal, musical, de maneira natural.

Uma vez que proporcionará uma estimulação permanente.As atividades

artísticas devem ser bem orientadas para que as crianças saibam colorir,

pintar, usar cola e etc. Ela precisa saber manusear, sozinha os materiais com

segurança, a arte torna-se a forma mais fácil e sincera de comunicação de sua

atividade mental.

A criança tem oportunidade de se manifestar segundo seu mundo

interior, assim obtém segurança no relacionamento social. As crianças

possuem uma potencialidade para práticas lúdicas nas quais agem “Fazendo

de conta” que são outro ser ou coisa. As práticas dramáticas devem ser

levadas em consideração pelo educador, são atuações que as crianças

participam com prazer. Entende-se que dramatizar é um ato de poder que está

expresso em cada indivíduo e necessita a compreensão e a representação da

realidade. Segundo os PCN’s (2001, p.83),

A administração acompanha o desenvolvimento da criança como uma manifestação espontânea, assumindo feições e funções diversas, sem perder jamais o caráter de interação e de promoção de equilíbrio entre ela e o meio ambiente. Essa atividade evolui do jogo espontâneo para o jogo de regras, do individuo para o coletivo.

Os conteúdos de arte devem ser ensinados de forma clara e o aluno

deve participar e estudar em sala de aula. O professor escolhe o modo e o

recurso didático mais conveniente ao conhecimento e a aprendizagem do

aluno.

Cabe então, a todos os profissionais que atuam direta ou indiretamente

com o ensino da arte, uma reflexão não somente dos processos de sala de

aula, mas também do seu papel como cidadãos, protagonistas de uma história.

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Para a criança a arte não é a mesma coisa que para o adulto. Para a

criança é um meio de expressão, comunicação do pensamento. Toda criança

desenha, e para ela coloca em jogo as inter- relação do ver, do pensar, do

fazer e da unidade aos domínios perceptivo, cognitivo, afetiva e motor.

Muitas são as idéias e práticas correntes no trabalho de arte: Arte como

passatempo, sem significado, artes como decoração para ilustrar temas de

datas comemorativas; arte para aprendizagem de conteúdos entre outros.

As artes visuais na educação infantil requer profunda atenção no que se

refere ao respeito das peculiaridades e esquemas próprios a cada faixa etária e

nível de desenvolvimento.

O desenvolvimento progressivo do desenho infantil implica mudanças

significativas no desenvolvimento da criança. A criança inicia a representação

do mundo por meio do gesto ou do desenho e chega ao símbolo e as regras

sistemáticas, reconstruídos o código lingüístico utilizado na sua comunidade.

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CAPÍTULO II

OS POTENCIAIS CRIATIVOS E A PRÁTICA PEDAGÓGICA

2.1 Definindo criatividade

A questão da criatividade vem sendo discutida há muito tempo. Há

varias definições, algumas levando em consideração os aspectos sociais,

outras, os psicológicos, e, recentemente, algumas tentativas para conceituar a

criação têm surgido das ciências cognitivas.

Para Ghiselin (apud ALENCAR, 1993), criatividade é "o processo de

mudança, de desenvolvimento, de evolução, na organização da vida subjetiva".

Fliegler (apud KNELLER,1978) declara que "manipulamos símbolos ou objetos

externos para produzir um evento incomum para nós ou para nosso meio".

Suchman (1981), Stein (1974), Anderson (1965), Torrance (1965) e Amabile

(1983) (apud ALENCAR, 1993), citam várias definições, respectivamente:

• "o termo pensamento criativo tem duas características fundamentais, a

saber: é autônomo e é dirigido para a produção de uma nova forma."

• "criatividade é o processo que resulta em um produto novo, que é aceito

como útil, e/ou satisfatório por um número significativo de pessoas em algum

ponto no tempo."

• "criatividade representa a emergência de algo único e original."

• "criatividade é o processo de tornar-se sensível a problemas, deficiências,

lacunas no conhecimento, desarmonia; identificar a dificuldade, buscar

soluções, formulando hipóteses a respeito das deficiências; testar e retestar

estas hipóteses; e, finalmente, comunicar os resultados."

• "um produto ou resposta serão julgados como criativos na extensão em que

a) são novos e apropriados, úteis ou de valor para uma tarefa e b) a tarefa é

heurística e não algorística."

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Alencar (1996) vê a criatividade como a tradução dos talentos humanos

para uma realidade exterior que seja nova e útil, dentro de um contexto

individual, social e cultural. Essa tradução pode-se fazer, basicamente, de duas

formas. A primeira é a habilidade de recombinar objetos já existentes em

maneiras diferentes para novos propósitos. A segunda, "brincar" com a forma

com que as coisas estão inter-relacionadas. Em ambos os casos, considera a

criatividade como uma habilidade para gerar novidade e, com isso, idéias e

soluções úteis para resolver os problemas e desafios do dia-a-dia.

Kneller (1978) identifica quatro dimensões da criatividade:

As definições corretas de criatividade pertencem a quatro categorias, ao que parece. Ela pode ser considerada do ponto de vista da pessoa que cria, isto é, em termos de fisiologia e temperamento, inclusive atitudes pessoais, hábitos e valores. Pode também ser explanada por meio dos processos mentais "“ motivação, percepção, aprendizado, pensamento e comunicação "“ que o ato de criar mobiliza. Uma terceira definição focaliza influências ambientais e culturais. Finalmente, a criatividade pode ser entendida em função de seus produtos, como teorias, invenções, pinturas, esculturas e poemas. (KNELLER, 1978, p.54)

Alencar, por sua vez, identifica duas dimensões que parecem permear a

noção de criatividade:

(...) pode-se notar que uma das principais dimensões presentes nas mais diversas definições de criatividade propostas até o momento diz respeito ao fato de que criatividade implica emergência de um produto novo, seja uma idéia ou invenção original, seja a reelaboração e aperfeiçoamento de produtos ou idéias já existentes. Também presente em muitas das definições propostas é o fator relevância, ou seja, não basta que a resposta seja nova; é também necessário que ela seja apropriada a uma dada situação. (ALENCAR, 1993, p.114)

Para compreender melhor o contexto e a variedade das definições, é

interessante uma análise histórica das teorias da criatividade. A interpretação

do que é criativo, bem como a explicação do ato propriamente dito, acontece

sempre em um contexto que percebe fatores sociais, culturais e tecnológicos. A

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história permeia, portanto, a evolução do conceito de criatividade e a sua

realização como ato individual.

2.2 Modelo Componencial de Criatividade

Segundo Amabile (apud KNELLER, 1978, p.35), ''um produto ou

resposta será julgado como criativo na medida em que (a) é novo e apropriado,

útil, correto ou de valor para a tarefa em questão, e (b) a tarefa é heurística e

não algorítmica''. Em sua definição de criatividade, o outor ressalta aspectos

como originalidade e adequação da resposta, bem como chama atenção para a

necessidade da tarefa proposta possibilitar vários caminhos para a solução do

problema. Com base nessa definição, essa autora elaborou um modelo

componencial de criatividade.

Os estudos de Kneller (1978) mostram também que o modelo proposto

por Amabile procura explicar como fatores cognitivos, motivacionais, sociais e

de personalidade influenciam no processo criativo. Grande ênfase, porém, é

dada ao papel da motivação e dos fatores sociais no desenvolvimento da

criatividade. O modelo consiste de três componentes necessários para o

trabalho criativo: habilidades de domínio, processos criativos relevantes e

motivação intrínseca. Na versão original do modelo, o segundo componente,

processos criativos relevantes, era denominado de habilidades criativas

relevantes.

A mudança foi proposta por Amabile (apud KNELLER, 1978), pois um

dos elementos desse componente, traços de personalidade, não é, geralmente,

considerado uma habilidade. Para Amabile, para que a criatividade ocorra é

necessário que os três componentes estejam em interação.

O componente habilidades de domínio inclui vários elementos

relacionados ao nível de expertise em um domínio, tais como talento,

conhecimento, adquirido através de educação formal e informal, experiência e

habilidades técnicas na área. Embora, alguns desses elementos possam ser

considerados inatos (como por exemplo, boa memória auditiva para reproduzir

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sons musicais), educação e experiência contribuem também para o seu

desenvolvimento (ALENCAR, 1996). Em suma, contribuições criativas não

ocorrem no vácuo, mas estão alicerçadas em um amplo conhecimento da área

em que se está atuando. Conforme assinala o mesmo autor, é necessário ter

muito conhecimento sobre uma área de modo a transformá-lo, derivar

implicações do mesmo e combiná-lo de diferentes maneiras.

O segundo componente diz respeito aos processos criativos relevantes e

inclui estilo de trabalho, estilo cognitivo, domínio de estratégias que favorecem

a produção de novas idéias e traços de personalidade. Tais elementos

influenciam no uso que se faz das habilidades de domínio. Por exemplo,

analisar uma informação sob diferentes pontos de vista, ou através de

metáforas, pode contribuir para melhor compreensão do domínio. O estilo de

trabalho criativo é caracterizado como habilidade de se concentrar por longos

períodos de tempo, dedicação ao trabalho, alto nível de energia, persistência

frente a dificuldades, busca da excelência e habilidade de abandonar idéias

improdutivas (ALENCAR & FLEITH, 2003).

Com relação ao estilo cognitivo, os seguintes aspectos podem ser

destacados: quebra de padrões usuais de pensamento, quebra de hábitos,

compreensão de complexidades, produção de várias opções, suspensão de

julgamento no momento de geração de idéias, flexibilidade perceptual,

transferência de conteúdos de um contexto para outro e armazenagem e

recordação de idéias. O domínio de estratégias que favorecem a produção de

novas idéias está alicerçado em princípios heurísticos tais como: (a) torne o

familiar estranho, (b) gere hipóteses, use analogias, investigue incidentes

paradoxais, e (c) brinque com as idéias.

Segundo Amabile (apud ALENCAR, 1996), traços de personalidade

podem contribuir para o desenvolvimento dos processos criativos relevantes.

Dentre os traços de personalidade que favorecem a produção criativa,

podemos ressaltar a autodisciplina, persistência, independência, tolerância por

ambigüidades, não conformismo, automotivação e desejo de correr riscos. Para

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Amabile, esses estilos e traços podem ser desenvolvidos na infância e mesmo

na vida adulta.

O terceiro componente do modelo de criatividade de Amabile é a

motivação intrínseca. Embora possa ser considerada, em parte, inata, a

motivação intrínseca pode ser cultivada, em larga escala, pelo ambiente social.

Motivação intrínseca diz respeito à satisfação e envolvimento que o indivíduo tem pela tarefa, independente de reforços externos, e engloba interesse, competência e autodeterminação. Provavelmente um indivíduo vai se sentir mais motivado quando a atividade captura seu interesse, é desafiadora, leva-o a desenvolver sentimentos de auto-eficácia e a se envolver com a atividade por conta própria. É importante mencionar que ''não existe tal coisa chamada 'atividade intrinsecamente interessante.' Uma atividade pode ser intrinsecamente interessante para uma pessoa em particular, em um período de tempo específico'' (AMABILE, apud ALENCAR, 1993, p. 54).

Motivação intrínseca, como já foi dito nesse estudo, pode levar o

indivíduo a buscar mais informações sobre a área estudada e,

conseqüentemente, desenvolver as suas habilidades de domínio. Da mesma

maneira, altos níveis de motivação intrínseca podem levar o indivíduo a se

arriscar e a romper com estilos de produção de idéias habitualmente

empregados, contribuindo para o desenvolvimento de novas estratégias

criativas.

Por outro lado, a motivação extrínseca pode minar, em parte, o processo

criativo. Motivação extrínseca diz respeito ao envolvimento do indivíduo em

uma tarefa com o objetivo de alcançar alguma meta externa à tarefa e é

marcada pela recompensa e reconhecimento externos. Existem, entretanto,

dois tipos de motivação extrínseca. Um pode levar o indivíduo a se sentir

controlado. Neste sentido, Boruchovitch e Bzuneck (2002) têm chamado a

atenção para o efeito prejudicial de aspectos como recompensa, escolha

restrita, competição e avaliação externa no processo criativo. Segundo esses

autores, tais aspectos influenciam negativamente no nível de interesse e

desempenho do indivíduo na tarefa.

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O modelo de criatividade proposto por Amabile inclui cinco estágios. O

primeiro estágio é denominado identificação do problema ou da tarefa. Nesse

estágio, o indivíduo identifica um problema específico como tendo valor para

ser solucionado. Caso o indivíduo tenha um nível alto de motivação intrínseca

pela tarefa, esse interesse será suficiente para engajá-lo no processo. O

segundo estágio envolve a preparação, momento em que o indivíduo constrói

ou reativa um estoque de informações relevantes para a solução do problema.

Importante nesse estágio é o desenvolvimento de habilidades de domínio. No

terceiro estágio, denominado geração de resposta, o nível de originalidade do

produto ou resposta é determinado. Nesse estágio, o indivíduo gera várias

possibilidades de respostas, fazendo uso dos processos criativos relevantes e

de sua motivação intrínseca.

No quarto estágio ocorre a comunicação e validação da resposta.

Segundo Amabile (apud ALENCAR, 1996), uma idéia não pode permanecer

apenas na mente do indivíduo que a produziu, caso contrário, nenhum produto

observável será gerado. É necessário que o criador comunique sua idéia ou

produto de alguma maneira. A idéia produzida deve ser ainda testada. Neste

sentido, o indivíduo faz uso de suas habilidades de domínio para avaliar a

extensão em que o produto ou resposta será criativa, útil, correta e de valor

para a sociedade de acordo com critérios estabelecidos pelo domínio. O quinto

e último estágio, denominado resultado, representa a tomada de decisão com

relação à resposta, com base na avaliação do estágio anterior. Caso a resposta

ou produto tenha solucionado o problema com sucesso, o processo termina.

Da mesma forma, caso a resposta gerada tenha sido considerada um fracasso

total, o processo também é finalizado. Por outro lado, se a resposta produzida

é parcial, ou seja, representa um progresso em direção à solução do problema,

o processo retorna aos estágios anteriores.

De qualquer forma, o conhecimento adquirido nesse processo será

incorporado ao repertório de habilidades de domínio. Espera-se também que

experiências prévias com o problema produzirão respostas mais criativas em

momentos posteriores de envolvimento com a tarefa. Entretanto, no caso de

resultados parciais ou de insucesso, é essencial que o indivíduo se sinta

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motivado para dar continuidade ao trabalho ou reiniciá-lo (Amabile, 1983,

1996). É importante ressaltar ainda que esses estágios não ocorrem,

necessariamente, em uma seqüência lógica.

Embora o modelo proposto por Amabile inclua predominantemente

componentes intraindividuais, o ambiente exerce influência crucial sobre cada

um deles em todas as etapas do processo criativo.

2.3 A Expectativa de aprendizagem sistêmica

Csikszentmihalyi (1988) defende a idéia de que o foco dos estudos em

criatividade deve ser nos sistemas sociais e não apenas no indivíduo. Para ele,

o fenômeno criatividade é construído por meio da interação entre o criador e a

sua audiência. Conforme explica Csikszentmihalyi (1996),

... criatividade não ocorre dentro dos indivíduos, mas é resultado da interação entre os pensamentos do indivíduo e o contexto sócio-cultural. Criatividade deve ser compreendida não como um fenômeno individual, mas como um processo sistêmico (1996, p. 23).

Neste sentido, mais importante do que definir criatividade é investigar

onde ela se encontra, ou seja, em que medida o ambiente social, cultural e

histórico reconhece ou não uma produção criativa. Portanto, criatividade não é

resultante do produto individual, mas de sistemas sociais que julgam esse

produto (CSIKSZENTMIHALYI, 1999).

O modelo de sistemas propõe, pois, criatividade como um processo que

resulta da intersecção de três fatores: indivíduo (bagagem genética e

experiências pessoais), domínio (cultura) e campo (sistema social). O indivíduo

é quem produz variações e introduz mudanças no domínio ou área de

conhecimento. Com relação ao indivíduo, dois aspectos são apontados –

características associadas à criatividade e background social e cultural. Dentre

as características mais salientes de indivíduos criativos estão a curiosidade,

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entusiasmo, motivação intrínseca, abertura a experiências, persistência,

fluência de idéias e flexibilidade de pensamento.

O mesmo autor informa, entretanto, que as pessoas criativas não se

caracterizam por uma estrutura rigidamente estabelecida, mas ajustam essas

características conforme a ocasião. Elas possuem a habilidade de operar em

uma ampla gama de dimensões da personalidade de forma a atender as

demandas da situação.

Neste sentido, elas podem, em determinados momentos ou fases de

produção, apresentar características de introversão e, em outras, de

extroversão. Também importante é estar inserido em um ambiente que

estimule a produção criativa, valorize o processo de aprendizagem, ofereça

oportunidades de acesso e atualização do conhecimento, propicie o acesso a

mentores e recursos como livros, computadores etc. Expectativas parentais

positivas com relação ao desempenho do filho na vida escolar e profissional e

apoio familiar no que diz respeito aos interesses apresentados pela criança

constituem também aspectos relevantes de background que favorecem a

expressão criativa.

O segundo componente desse modelo é o domínio, que consiste de um

conjunto de regras e procedimentos simbólicos estabelecidos culturalmente, ou

seja, conhecimento acumulado, estruturado, transmitido e compartilhado em

uma sociedade ou por várias sociedades. Domínio refere-se a um corpo

organizado de conhecimentos associados a uma área. Neste sentido, a

matemática, a música e a química, por exemplo, podem ser consideradas

domínios. Contribuições criativas promovem mudanças em domínios. É

essencial, portanto, que o indivíduo tenha conhecimentos acerca do domínio a

fim de introduzir variações no mesmo. Os indivíduos mais prováveis de

transformarem um domínio são aqueles que conhecem a fundo os seus

princípios, detectam suas inconsistências e procuram estender suas fronteiras

(FELDMAN, CSIKSZENTMIHALYI & GARDNER, 1994).

Segundo Csikszentmihalyi (1996), domínios que têm procedimentos

claros, informações integradas, são acessíveis e ocupam uma posição central

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na cultura, possibilitam aos indivíduos introduzirem inovações em seus

sistemas quando comparados a domínios pouco estruturados.

Uma resposta criativa tem mais probabilidade de ocorrer quando o

indivíduo tem amplo acesso à informação relativa a um domínio (por meio de

livros, revistas, internet, relatórios, vídeos etc) e quando as informações

pertinentes ao domínio são conectadas entre si, são claras, relevantes,

aprofundadas, despertam o interesse do indivíduo e impulsionam o seu

engajamento na área.

O terceiro componente do modelo é o campo, que inclui todos os

indivíduos que atuam como ''juízes''. Eles têm a função de decidir se uma nova

idéia ou produto é criativo e deve, portanto, ser incluído no domínio

(CSIKSZENTMIHALYI, 1996). É o campo que seleciona e retém o material a

ser reconhecido, preservado e incorporado ao domínio. No domínio das artes,

por exemplo, o campo é composto por professores, curadores de museus,

críticos e colecionadores. Tais indivíduos conhecem o domínio e têm seu saber

reconhecido.

Uma idéia nova pode não ser aceita se o campo for defensivo, rígido e

imerso em um sistema social que não encoraja a criatividade. Em suma, caso

as pessoas qualificadas de uma área não tenham interesse em investir na

preservação de algo novo no domínio, dificilmente esse será incorporado. Cabe

também ao criador convencer o campo de que sua idéia ou produto tem valor e

deve ser incluída no domínio.

Por outro lado, o campo pode também estimular a produção de idéias

novas. Em certos períodos históricos, determinadas áreas foram mais

valorizadas pelo campo e atraíram indivíduos mais talentosos, favorecendo o

surgimento de idéias originais. Portanto, para que uma idéia nova seja

aglutinada ao domínio é essencial que ela seja socialmente aceita. Uma idéia

só pode ser considerada criativa quando for avaliada pelo grupo de experts

(campo) como tal. Uma idéia ou produto pode ser julgado como não criativo em

um dado momento e criativo posteriormente (ou vice-versa), uma vez que

critérios de interpretação e julgamento podem mudar de tempos em tempos.

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'O quanto de criatividade existe em um dado momento não é determinado somente por quantos indivíduos originais estão tentando mudar os domínios, mas também por quão receptivo à inovação é o campo. Assim, no caso de alguém desejar aumentar a freqüência de criatividade, pode ser mais vantajoso trabalhar ao nível dos campos do que ao nível dos indivíduos' (CSIKSZENTMIHALYI, 1999, p. 327).

Neste sentido, um ambiente social que ofereça recursos,

reconhecimento e oportunidades, aumenta a probabilidade de ocorrência de

contribuições criativas. Esse modelo sistêmico define criatividade como um ato,

idéia ou produto que modifica um domínio existente ou transforma esse em um

novo. Para que isso ocorra é necessário que o indivíduo tenha acesso a vários

sistemas simbólicos e que o ambiente social seja responsivo a novas idéias.

Para Csikszentmihalyi (1999), ao invés de focalizarmos exclusivamente

no indivíduo, seria mais produtivo voltarmos nossa atenção a comunidades,

uma vez que são essas que possibilitam a expressão da criatividade. O

processo criativo não é apenas o resultado de ações individuais, mas é co-

criado por domínios e campos.

As diferentes abordagens de criatividade aqui apresentadas enfatizam

que, embora o indivíduo tenha um papel ativo no processo criativo,

introduzindo novas combinações e variações, é essencial que se reconheça

também a influência dos fatores sociais, culturais e históricos na produção

criativa e na avaliação do trabalho criativo. A fim de se obter uma visão mais

ampla do fenômeno criatividade, devemos levar em consideração a interação

entre características individuais e ambientais, as rápidas transformações na

sociedade, que estabelecem novos paradigmas e demandam soluções mais

adequadas aos desafios que surgem, e o impacto do produto criativo na

sociedade.

É importante lembrar que, para se estimular a expressão criativa na

escola, no trabalho ou em outro contexto, é necessário preparar o indivíduo

para pensar e agir de forma criativa, bem como planejar intervenções nesses

contextos a fim de estabelecer condições favoráveis ao desenvolvimento da

criatividade.

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CAPÍTULO III

ANÁLISE TEMÁTICA

3.1 Discussão dos dados bibliográficos

O professor é suscetível as dificuldades que encontra na sua

intervenção pedagógica e precisa tomar decisões em cada caso específico.

Faz, uma reflexão sem o rigor, a sistematização e o distanciamento requeridos

pela análise racional, mas com a riqueza da totalidade do momento, e quando

confronta suas idéias, teorias e crenças com a prática imediata, precisa atuar

com sensibilidade, estar flexível e aberto para compreender e tomar decisões

afinadas com sua intencionalidade.

No modelo tradicional o ensino era fundamentado na transmissão de

conhecimentos, o professor é o sujeito e o aluno o objeto do processo, os

alunos são modelados de acordo com os interesses da escola, são

memorizadores e repetidores. Como coloca Not (1993 p.17), “Nesse modelo o

aluno não pode ter iniciativa para não correr o risco de errar, pois quando o

professor ensina, ocorre a transmissão de conhecimentos mais seguros”.

Diante desta perspectiva de ensino, parte do propósito do professor,

deve-se enfatizar não só o potencial de ensinar do professor, como também o

potencial e a criatividade do aluno em aprender. E neste processo de ensinar e

aprender se destaca a Arte, como mediadora de potenciais criativos.

De acordo com Waldow, Borges e Sagrilo, 2006, p. 469) . A arte esteve

sempre presente em todos os estágios de desenvolvimento humano, e o seu

desenvolvimento está vinculado ao desenvolvimento da linguagem. Manifesta-

se como forma de linguagem e, portanto, pode ser utilizada pelo professor

como um instrumento de mediação do conhecimento.

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a arte não tem certo ou errado, o que é importante para as crianças que são rejeitadas na escola por terem dificuldade de aprender, ou problemas de comportamento. Na arte, eles podem ousar sem medo, explorar, experimentar e revelar novas capacidades (BARBOSA, Apud AMARAL, 2005, p.2).

A arte abre o espaço para a manifestação individual e coletiva, seja ela

entendida como artes visuais, artes musicais, artes cênicas ou a dança. O

compromisso do educador está em garantir que o aluno, pela sua mediação,

atinja o conhecimento.

Para o professor obter sucesso na tarefa de motivar seus alunos, é

essencial que ele tenha domínio de várias técnicas, e principalmente, saiba

utilizá-las com flexibilidade e criatividade. Pois, ao atuar em sala de aula, o

professor não pode seguir “receitas prontas”, tendo em vista que se deve

respeitar as múltiplas diferenças dos alunos, o grau de motivação e o tempo

necessário para a aprendizagem de cada um.

Em relação a criatividade o processo é o mesmo, pois demanda ações

firmes, claras, amplas e que levem o aluno a compreender que é possível

encontrar formas diferenciadas de se aprender independente da idade e da

série ou curso que freqüentem.

As metodologias alternativas se colocam como possibilidades de

trabalho orientado para essa superação, a arte pode ser o ponto de partida

para o desenvolvimento de atividades relevantes na construção do

conhecimento. Esta pesquisa evidenciou que a Arte, em suas diversas formas

de manifestação, pode ser usada na escola e traz benefícios aos sujeitos do

processo educativo(WALDOW, BORGES &SAGRILO, 2006, p.472) .

Os educadores não podem usar os mesmos métodos e técnicas nas

aulas para alunos diferentes e com motivações variadas. Segundo Gagné

(1976 p.22), “ensinar significa organizar as condições exteriores próprias a

aprendizagem”.

A prática pedagógica requer questões que devem ser aliadas dos

professores na sua tarefa de ensinar, e a motivação é uma delas. Apesar da

atual situação das instituições de ensino brasileiras penderem para o fracasso,

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devido ao sucateamento, falta de políticas de implementação de novas

tecnologias, ainda existe esperança.

3.2 Sugestão de Trabalho

Diante de todas as teorias apresentadas sobre a arte como mediadora

no desenvolvimento dos potenciais criativos na educação infantil, vê-se como

possibilidade de incentivo a aprendizagem a sugestão de aplicação de uma

atividade prática através da Arte utilizando a criatividade da criança.

Tema

A arte como mediadora no desenvolvimento dos potenciais criativos dos

alunos de Educação Infantil.

Problema

De que forma a Arte pode ser utilizada como mediadora no

desenvolvimento dos Potenciais Criativos de crianças na educação infantil?

Justificativa

Não é fácil definir arte, a sua importância nos potenciais criativos vem

sendo discutida ao longo de alguns anos, buscando mudanças na forma de

abordar esta área do conhecimento. Quando se pensa em arte na escola,

parece relevante refletir sobre valores, emoções, sentimentos e significações

construídas por meio desta forma de comunicação e expressão.

Dessa forma, implicada a condição de produção humana, a Arte tem

sido cada vez mais estudada e analisada em diversos contextos educacionais,

principalmente na educação de crianças pequenas. A Criatividade por sua vez,

surge como uma necessidade de sobrevivência num mundo de alterações tão

rápidas e contundentes. Assim, a Criatividade assume diante da sociedade

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pós-moderna uma nova conotação, deixando de ser vista como um luxo e

incorporando-se como uma necessidade atual no trabalho com alunos ainda na

educação infantil.

Objetivos

• Analisar as possibilidades da Arte no desenvolvimento dos Potenciais

Criativos de alunos de educação infantil;

• Refletir sobre os potenciais criativos e sua importância no desenvolvimento

do ser;

• Destacar a importância da Arte no desenvolvimento humano bem como na

educação;

• Verificar a relação entre arte e Criatividade.

Ações

• Analisar teorias sobre o tema;

• Criação de telas utilizando recortes coloridos de revistas;

• Confecção de mosaicos com papel cartolina dupla face colorido;

• Montando dobraduras de papel A4 colorido;

• Expor todo o material confeccionado.

Recursos

• Papel A4

• Lápis, tesoura

• Revistas

• Livros didáticos

• Papel A4 colorido

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• Cartolina dupla face

• Durex colorido.

Avaliação da aprendizagem

Todo o processo avaliativo acontecerá mediante as atividades expostas

pelos alunos e pela capacidade criativa de cada um.

Diante da proposta sugerida como atividade de aplicação, é importante

perceber que, a prática pedagógica é um dos fatores considerados como meio

influenciador da aprendizagem, bem como da descoberta dos potenciais

criativos dos alunos, e cabe ao professor criar alternativas pedagógicas que

tirem o processo de ensino da rotina, fazendo com que o aluno tenha interesse

pelo que está sendo trabalhando em sala de aula para promover a criatividade.

Assim, este projeto possui uma caráter interventivo, visando desenvolver

uma prática pedagógica diferenciada diante da necessidade de motivar o aluno

a utilizar a sua criatividade no processo de aprendizagem na escola.

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CONCLUSÃO

Diante do momento atual as pessoas tem procurado distinguir e verificar

os fenômenos da natureza, o ciclo das estações, os astros no céu, as

diferentes plantas e animais, as relações sociais, políticas e econômicas, para

compreender seu lugar no universo, buscando a significação da vida.

Na educação não é diferente, há uma necessidade subliminar de

favorecimentos de metodologias, estratégias e procedimentos que exponham a

criatividade individual e coletiva dos alunos, ainda na educação infantil,

principal época em que se deve despertar os potenciais criativos da criança.

Visando desenvolver estes potenciais, o ensino de arte volta-se para o

desenvolvimento natural do aluno, centrado no respeito às suas necessidades

e aspirações, valorizando suas formas de expressão e de compreensão do

mundo. As práticas pedagógicas, diretivas, com ênfase na repetição de

modelos e no professor, são revistas, deslocando-se a ênfase para os

processos de desenvolvimento do aluno e sua criação.

A educação através das Arte é um movimento educativo e cultural que

visa a constituição de uma ser humano idealista em sua evolução e na

evolução de sua criatividade. Alfabetizar é uma das metas da pré-escola.

Através da manipulação e exploração de objetos, e o trabalho se inicia o

processo e levará à criança a leitura.

A educação em artes requer trabalho continuamente informado sobre os

conteúdos e experiências relacionadas às técnicas, aos materiais e as formas

visuais de diversos momentos da história, inclusive contemporâneos. A

proposta educacional em arte é levar a criança ao conhecimento e assim

transformar em arte. As artes visuais se manifestam através da cultura, do

desenho, da gravura, da escultura, da arquitetura e desenho industrial.

As crianças das séries iniciais possuem uma criatividade e

expressividade espetacular, que pode e deve ser explorada e motivada pelo

professor. O professor ao trabalhar com arte, tem de estar motivado para poder

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transmitir dinamismo e entusiasmo aos seus alunos, mesmo sabendo que as

crianças se motivam espontaneamente pela alegria de manusear pinceis,

tintas, instrumentos musicais, apresentar peças teatrais, danças e outras.

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