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FOCUS – ESCOLA DE FOTOGRAFIA
A ARTE E O SURREALISMO NA FOTOGRAFIA DE MODA
FRANCISNEI FARAGO
São Paulo, 2016
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FRANCISNEI FARAGO
A ARTE E O SURREALISMO NA FOTOGRAFIA DE MODA
Trabalho de Conclusão de Curso de fotografia da Escola Focus
São Paulo, 2016
3
Orientador:
4
RESUMO A área que pretendo ingressar é a fotografia de moda. Pelo dinamismo, pela criatividade e
pela possibilidade de envolver a estética e elementos da arte em sua elaboração.
A proposta do meu trabalho fotográfico de moda está no estilo visual relacionado a estética
artística. A aproximação da fotografia com a arte,brincadeiras com imagens oníricas
ou surreais buscando um universo que nos remeta a um sonho ou pesadelo.
PALAVRAS-CHAVE
Surreal; onírico; fotografia; moda; Man Ray; Tim Walker; Rodney Smith; Miles Aldridge.
SUMMARY The area I want to join is fashion photography. The dynamism, creativity and the
possibility of involving aesthetics and art elements in their preparation.
The purpose of my fashion photographic work is the visual style related to artistic
aesthetic. The approach of photography with art, play with dreamlike or surreal
images seeking a universe that refers us to a dream or nightmare.
KEY WORDS Surreal; oneiric; photography; fashion; Man Ray; Tim Walker; Rodney Smith; Miles Aldridge.
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SUMÁRIO
Introdução..............................................................................................................................................7
Arte e Moda...........................................................................................................................................9
Moda, arte e fotografia................................................................................................................15
De Meyer e Steichen - os pioneiros da fotografia de moda............................................29
Períodos da fotografia de moda................................................................................................34
1960 - a pop art e a op art...........................................................................................................36
1970 - mús ica , cu l tu ra e moda......................................................................................40
1980 - moda e consumo..............................................................................................................43
1990 - a vida virtual da moda.....................................................................................................48
Século XXI – a moda sem limites ............................................................................................50
Equipamentos para fotografia de moda..........................................................................................54
Fotógrafos de moda .....................................................................................................................57
Man Ray...............................................................................................................................57
Miles Aldridge.....................................................................................................................59
Tim Walker..........................................................................................................................60
Rodney Smith....................................................................................................................61
Erwin Blumenfeld.............................................................................................................62
Oleg Oprisco..................................................................................................................63
Krist ian Schuller..........................................................................................................64
Ben Hassett........................................................................................................................65
Ruven Afanador................................................................................................................66
Richard Burbridge............................................................................................................67
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Portfolio..............................................................................................................................................68
Considerações finais ....................................................................................................................79
Referências bibliográficas............................................................................................................80
7
INTRODUÇÃO Este texto é parte de minha pesquisa, na qual investiguei a interação e a
importância da arte em relação a moda e a fotografia. Nesse cenário, a arte
mostrou-se um interessante elemento de diálogo entre os dois universos que se
tornaram inseparáveis.
Para mim a fotografia tem uma ambiguidade como: Realidade e Ficção,
Verdade e Mentira. Uma fotografia de um acontecimento real pode de alguma
forma ser manipulada segundo a proposta ou intenção do fotógrafo. Realidade e
ficção caminham sempre juntas.
A moda assim como a arte, deixou de ser uma exclusividade da alta
sociedade e dos intelectuais e passou a ser compartilhada com todos que sentiam
necessidade de consumir e estar engajada nesse mundo tão glamoroso.
Baseando-se no consenso que a partir de seus elementos visuais vistos
como signos não verbais: adornos, acessórios, cores, texturas, padrões, etc
assim a moda acaba se aproximando da arte.
O mercado de moda assim como a fotografia do século XX foram
marcados pela interação da arte e seus movimentos. A fotografia de moda além
da sua relação com a arte também possui uma relação mais próxima com a
publicidade e o consumo, o que de alguma forma influencia diretamente na
comunicação com o público consumidor.
A fotografia se destina a vários usos e pode ser usada como expressão
artística, documental, registro científico, etc. No mercado da moda, a fotografia é
utilizada como divulgação da imagem e identidade de uma marca, expressando
valores e conceitos que serão consumidos pelo público.
A fotografia de moda como linguagem visual também se manifesta através
de signos se utilizando de elementos com linguagem própria. Os estilistas se
apropriam de elementos e signos do meio artístico, e o mesmo processo criativo é
utilizado pelos fotógrafos de moda.
A moda, assim como a arte passaram por diversas transições e mudanças
sócio culturais, as quais foram absorvidas, mastigadas e repassadas a grande
massa, através da fotografia de moda.
A partir da década de 70 alguns fotógrafos de moda começaram a entrar
nos museus e galerias de arte com status de artistas e assim fotografia, arte e
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moda tornaram-se inseparáveis. As narrativas com estética surrealista ainda tem
despertado o interesse de vários fotógrafos pelo mundo. A experimentação aliada
a manipulação digital, rompem com o tradicional, criando uma imagem com maior
impacto visual.
As atuais tendências da fotografia de moda nos mostram o uso das cores
vivas e carregadas de sensualidade, movimento e com temas fortes e subjetivos.
O papel do fotógrafo de moda não é apenas repassar o que os estilistas criam,
mas criar e construir imagens e conceitos das constantes mudanças e
movimentos, tão dinâmicos do mercado de moda. Todo fotógrafo deve sempre
buscar referências nos campos da arte e do cinema, e para o fotógrafo de moda
isso é imprescindível para o sucesso de sua carreira.
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ARTE E MODA De acordo com Maria Sueli Garcia (2011), a arte sempre fez parte da
história da humanidade e a pintura sempre foi referência para o mercado de
moda. Nesse processo a arte e a moda caminharam juntas. O Surrealismo se
apropriou dos conceitos do Dadaísmo, utilizando-se de procedimentos
fotográficos e cinematográficos, e na produção de objetos simbólicos e distantes
de significados.
A estilista Elsa Schiaparelli, foi influenciada pelo surrealismo em suas
criações, principalmente por Salvador Dali. Nascida em Roma em 1890, abriu sua
primeira butique em 1928 e se tornou a maior rival da famosa estilista Coco
Chanel. Elsa sempre esteve ligada aos artistas de sua época como: Marcel
Duchamp, Picabia, May Ray e Salvador Dali. Para Elsa a moda não podia estar
desvinculada da evolução das artes plásticas contemporâneas.
A obra de Salvador Dali de 1936 e a direita a criação de Elsa com a assinatura de Dali.
Fonte:http://histmodaunisinos.blogspot.com.br/2013/11/vanguandas-artisticas-do-seculo-xx.html
O Surrealismo retomou a discussão
dadaísta, enfatizando a necessidade de
luta contra a razão, para salvar a
imaginação, manifestando revolta absoluta
aos cânones estabelecidos na arte, e
recusando-se a aceitar a realidade comum
do senso comum. O objetivo era despertar
e extrair do inconsciente, o que as relações
sociais e a vida civilizada reprimiram no ser
humano, criando condições para sua
liberdade material e espiritual. (Revista
Belas Artes número 3 pág. 3).
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A relação entre Schiaparelli e o Surrealismo ocorreu especificamente com
Salvador Dali e com o artista dadaísta Marcel Duchamp. Suas influências
puderam ser conferidas nas estampas, chapéus e detalhes construídos a partir da
obra do artista, tendo Dali contribuído diretamente na produção de Schiaparelli,
estabelecendo a relação entre a moda e a arte.
A proposta do Movimento Surrealista confere valor artístico a um objeto do
cotidiano, ou mesmo a uma indumentária que tenha um conceito manipulado pela
imaginação e desejos do seu criador, foi exatamente o que a atraiu. Em meio a
interesses em comum, artistas e criadores de moda tornaram-se parceiros em
algumas criações que modificaram o olhar criativo no século XX e continuaram
até o século XXI, Maria Sueli Garcia (2011).
Vestidos criados por Elsa Schiaparelli
Fonte: http://dudalina.com.br/blog/iconedeestilo-elsa-schiaparelli/
Sueli Garcia ( 2011) nos diz que assim como no Surrealismo, na moda, o
manequim simbolizava a mulher como objeto, construída e manipulada, violando
as fronteiras do que era vivo e do que não era. O objetivo de Elsa em seu trabalho
era romper com o tradicional transferindo os conceitos plásticos do surrealismo
para a alta-costura. Ao afetar o comportamento social em relação a moda na
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época. As roupas com elementos surreais criadas por Elsa Schiaparelli foram
consideradas ousadas e extravagantes para o contexto tradicional da época.
As criações de Elsa provocaram uma quebra nos paradigmas da época,
usando cortes inusitados e extravagantes, furos e outras imperfeições contrárias a
alta-costura. Essas interferências são uma característica intrínseca dos grupos de
vanguarda, que queriam romper com o tradicional propondo um novo olhar e
incentivando as experimentações artísticas.
Os elementos visuais retirados do mundo da arte nas criações de
Schiaparelli, eram o seu maior diferencial entre os costureiros da época. Sua
produção tinha no Surrealismo uma grande sustentação estética e conceitual que
se tornava presente em seus adorno, ornamentos, proporções alteradas e
elementos lúdicos, além de materiais que evidenciavam os efeitos plásticos do
surrealismo.
Para Schiaparelli, moda é arte, pois ao se distanciar do olhar comum, tendo
uma linguagem própria, criando e produzindo inovações, consegue expressar
emoções e discutir reflexões sobre o fazer artístico e também valores sociais.
Outros criadores se utilizaram do humor do surrealismo para compor suas
coleções como: Karl Lagerfeld, estilista da marca Chanel. Lagerfeld, se inspira em
Elsa Schiaparelli, lançando peças sem acabamento, com barras e punhos
desfiados. Na década de 90, o criador Franco Moschino traz uma nova tendência
em moda, a antimoda, onde questiona o próprio consumo da moda. Jean Paul
Gradativamente, a moda foi tornando-se um segmento de interesse, entre eles a antropologia, que foi complementada por novos estudos da psicologia, fazendo com que a história da moda e a evolução da indumentária fossem reconhecidas como expressões visuais da vida moderna. O envolvimento da moda com o Surrealismo deu novos significados ao vestuário moderno, que gradativamente foi adquirindo características de origem no inconsciente, e tornou-se um tema contemporâneo e se definindo como uma linguagem. Paralelamente, a fotografia expandiu-se como um meio de suma importância para o registro da manifestação da moda. (Revista Belas Artes número 3 pág. 5).
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Gaultier, evidencia o corpo feminino expondo a lingerie como segunda. Temos
também Galliano com suas criações de escalas alteradas, elementos fantásticos,
propostas lúdicas e teatrais. Todos se utilizam de elementos visuais da arte,
criando uma nova linguagem na moda.
A dupla holandesa Viktor & Holf, se utilizam muito dos visuais dadaístas e
surrealistas em suas coleções. Textos, ornamentos tridimensionais e bizarros,
escalas alteradas, etc fazem parte de suas criações. Em 2005, fizeram uma
coleção inspirada em roupas de cama, na qual as modelos desfilavam vestidas de
edredom e com travesseiros na cabeça. Sua linguagem visual situa-se entre o
real e o imaginário.
Anúncio da revista Vogue Italiana de 2005, roupa criada por Viktor & Holf;
Foto: David LaChapelle.
Fonte: http://noirfacade.livejournal.com/545613.html
A parceria entre moda e arte aparecem em vários momentos da história,
fazendo com que alguns criadores de moda fossem parar nos museus e galerias.
A Moda então torna-se uma expressão cultural com status de arte.
O surrealismo de Dali na arte e de Elsa Schiaparelli na moda era buscar a
expressão do funcionamento da mente.
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Vários artistas surrealistas se utilizaram da moda pintando ou desenhando
para expor suas ideias revolucionárias. Salvador Dalí foi um dos principais artistas
desse movimento, criando o paletó de smoking afrodisíaco. Suas obras
contribuíram muito para estreitar a relação entre arte e moda.
Entre 2015 e 2016 o MASP exibiu pela primeira vez seu acervo completo
de vestuário da Rhodia, com roupas criadas a partir da colaboração entre artistas
e estilistas na década de 1960. A coleção de 79 peças, foram selecionadas por
Pietro Maria Bardi (1900-1999), diretor-fundador do museu, a partir dos
desfiles realizados entre 1960 e 1970, que pareciam mais espetáculos e reuniam
profissionais do teatro, da dança, música e das artes visuais. As roupas são
peças únicas, feitas sob medida e apenas para promoção da marca. O
publicitário italiano Livio Rangan, era o responsável por trazer as referências de
fora para o Brasil e que eram reprocessadas com referências brasileiras, numa
articulação de trabalhos de artistas e estilistas. Nessa época ainda não existia o
termo "estilista". A escolha dos artistas por Rangan propunha um diálogo com a
No exercício da renovação, a criação da moda é
absorvida pelas artes plásticas criando um
caminho comum: os corpos e suas múltiplas
codificações. A busca e o exercício ininterrupto
do “novo” converteram a moda em um dos
centros mais ativos de criatividade do século
XX, tornando-se para as artes plásticas um
terreno ideal de investigação nas suas formas,
cores e materiais. No momento da criação, tanto
o estilista como o artista não costumam ter uma
preocupação comercial. Há apenas a relação
criador-objeto por onde passam sentimentos,
concepções e idéias, elaborando-se no concreto
o que estava apenas na imaginação. (Revista
Belas Artes número 3 pág. 9).
"Pensamento ditado na ausência de qualquer
controle exercido pela razão, fora de toda a
preocupação estética ou moral.”
Manifesto Surrealista de André Breton (1924).
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arte contemporânea do momento e refletia as principais tendências da arte e da
moda. Os desfiles tinham grande impacto, graças à participação de artistas
consagrados e de músicos brasileiros.O conjunto do MASP inclui artistas que
trabalhavam com a abstração geométrica, com a abstração informal, com
referências populares brasileiras e com a arte pop.
Campanha da Rhodia no Brasil, de 1969, com vestidos estampados por artistas brasileiros
Fonte: http://vogue.globo.com/moda/moda-news/noticia/2015/10/masp-organiza-mostra-sobre-
desfiles-show-da-rhodia-nos-anos-60.html
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MODA, ARTE E FOTOGRAFIA Segundo MARRA (2008) a verdadeira fotografia de moda passou a existir
no último decênio do século XIX, quando o surgimento do procedimento de
fotogravura permitiu imprimir sobre uma mesma página foto e texto. Em 1892, na
revista parisiense La Mode Pratique, aparece pela primeira vez a reprodução
direta de uma fotografia. Com a difusão da fotografia para a maioria da
população, a moda atinge o seu maior objetivo.Portanto, a origem verdadeira da
fotografia só foi possível através comunicação massiva popular e ampliada no
final do século XIX.
A fotografia de moda em seu início entre 1913 e 1930, foi influenciada
massivamente pelas artes plásticas. A linguagem visual da fotografia de moda
baseava-se em composições dentro de uma atmosfera que fosse aceita pela
sociedade. O pioneiro da fotografia de moda foi De Meyer iniciando de sua
carreira, por volta de 1913, conseguindo criar seu estilo próprio.
A pintura de Gustav Klimt, referência para otrabalho de Adolphe de Meyer
Fonte: http://st-peters.bournemouth.sch.uk/photo/2014/01/12/fashion-photography-not-just-a-pretty-face/
A moda é o fenômeno social da mudança cíclica dos costumes e dos hábitos, das escolhas e do gosto, coletivamente convalidado e quase obrigatório. MARRA (2008), pág. 71
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Buscando referências nas artes plásticas e se utilizando de pesquisas com
iluminação para obter resultados incríveis para sua época, tornou-se um dos mais
requisitados fotógrafos. Suas fotografias tinham a preocupação com a
composição da imagem na qual estava inserida a modelo.
A fotografia, no início do séc. XIX, não era considerada um meio de
expressão artística, sendo apenas o resultado de um objeto mecânico, pois seu
registro fotográfico era realizado por uma máquina e considerado, portanto, como
algo automático. Isto é analisado por Phillip Dubois em seu livro: O ato fotográfico
e outros ensaios.
A máquina fotográfica, antes vista como mera invenção mecânica da
ciência e que apenas capturava e registrava a realidade, começa a ganhar status
de arte. Isso se deve a um fotógrafo chamado Alfred Stieglitz e o grupo em
especial chamado "Photo-Secession" que publicou entre 1903 e 1917 a
revista Camera Work, com objetivo de divulgar as obras dos fotógrafos ligados ao
campo da arte, dando uma nova estética e renovando a sua linguagem
fotográfica.Esse movimento artístico nos Estados Unidos foi tão importante que
influenciou nas obra de alguns fotógrafos ingleses e franceses.
Existe uma espécie de consenso de principio
que pretende que o verdadeiro documento
fotográfico "presta contas do mundo com
fidelidade". Foi-Ihe atribuída uma
credibilidade, um peso de real bem singular. E
essa virtude irredutível de testemunho baseia-
se principalmente na consciência que se tem
do processo mecânico de produção da
imagem fotográfica, em seu modo especifico
de constituição e existência: o que se chamou
de automatismo de sua gênese técnica.
(DUBOIS, 1998, pág. 25)
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Capa da revista Camera Work de Stieglitz
Fonte: https://oconnortomsblog.wordpress.com/2015/12/11/alfred-steiglitz/
As fotografias publicadas nas revistas no século XIX valorizavam mais o
figurino.Era apenas um registro meramente documental, sem a preocupação com
a mensagem, tema ou cenários. Isso acaba mudando a partir da relação dos
fotógrafos como Man Ray, Adolphe de Meyer, Steichen entre outros na fotografia
de moda.
No começo do século XX, artistas como Man Ray passam a considerar a
fotografia como expressão artística, com linguagem própria e podendo ser
utilizada como forma de expressar e explorar a criatividade do artista.
Fotos de Man Ray.
Fonte: http://www.discopunisher.com/2012/11/fotografia-man-ray-o-maior-fotografo-do.html
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A partir do início do século XX a moda, a arte e a fotografia começaram a
andar juntas. Na década de 20 o artista plástico e fotógrafo dadaísta Man Ray
entra para o mercado da moda, levando toda a sua experiência artística. Ele
trouxe pela primeira vez a arte do surrealismo para a fotografia de moda. A
fotografia surrealista começou nos anos 20 mas teve mais evidência nos anos 30.
Man Ray usava os editoriais de moda como suporte para sua arte
experimental. Sua fotografia de moda quebrava todas as regras e conceitos
estabelecidos, impondo sua visão artística rompendo os paradigmas tradicionais
da fotografia. Nas décadas de 30, 40 e 50, as revistas Vogue e Harper´s Bazzar
surgem com uma nova linguagem fotográfica de moda influenciando a cultura da
época dialogando com os leitores. Os fotógrafos de moda se utilizando de
conceitos ligados ao campo das artes plásticas buscavam elementos visuais que
acrescentassem valores estéticos como: beleza, sublime, ordem e harmonia,
transformando a fotografia de moda em algo mais elevado.
Capa da Hapers Bazzar da década de 40 com Lauren Bacall. Foto: Louise Dahl-Wolfe
Fonte:https://analiseindiscreta.wordpress.com/tag/lauren-bacall/
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Capa da revista Vogue da década de 50 feita por Irwin Blumenfeld
Fonte: http://adar.com.br/adarblog/2014/11/surrealismo-moda-a-genialidade-de-blumenfeld/
Man Ray usava o surrealismo para mexer com o inconsciente por trás das
fotos, buscando metáforas. Em seu laboratório, através de suas técnicas,
desconstruía suas fotografias distorcendo as formas, dando um novo visual
estético à elas.
Os estilistas e diretores de arte das revistas de moda entre os anos 30 e
50, requisitavam muito os fotógrafos que também pertenciam ao campo da arte.
Eles procuravam um fotógrafo com olhar artístico, pois não queriam apenas
mostrar suas roupas e modelos, mas sim dar mais originalidade e causar um
impacto visual ao espectador ou leitor.
O desenvolvimento das novas tecnologias da fotografia e da mídia nas
primeiras décadas do século XX, ajudaram na produção de uma linguagem
fotográfica mais criativa no mercado da moda.
A fotografia de moda deixou de se preocupar apenas com a roupa ou o ato
de se vestir, e se apropriou, de conceitos, estilos de arte, acontecimentos sociais
e políticos entre outros discursos para criar imagens para interagir com o público
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consumidor. Desta forma o fotógrafo de moda se utiliza dos discursos do campo
da arte e das novas tecnologias para também se estabelecer entre as campanhas
das revistas de moda e as galerias de arte.
De acordo com Machado (2005) a partir do momento que a fotografia
passa a sofrer transformações e distorções através do artifício digital, sofrendo
intervenções de valores cromáticos, níveis de luminância, imagens recortadas do
seu contexto, gerando paisagens híbridas, elas começam a entrar no campo do
surrealismo e da abstração.
“A verdade é que todo mundo passou a poder
fazer fotos de moda a partir do boom da
internet”, “Muitas vezes, as revistas estão
mais preocupadas em vender algo. Se antes a
forma era o principal elemento da fotografia de
moda, hoje é o conteúdo dela”.
Klaus Mitteldorf.
Com os modernos recursos de pós-produção,
sobretudo os que permitem a manipulação
digital, pode-se silhuetar as figuras, linearizá-
las, preenchê-las com massas de cores,
alongá-las, comprimi-las, torcê-las, multiplicá-
las ao infinito, submetê-las a toda sorte de
suplícios, para depois restituí-las novamente
e, se for o caso, devolvê-las ao estado de
realismo especular. Diferentemente das
imagens fotográficas convencionais, rígidas e
resistentes em sua fatalidade figurativa, a
imagem eletrônica resulta muito mais elástica,
diluível e manipulável como uma massa de
moldar.(Machado, 2005, pág. 323)
21
Machado (2005) nos diz que por causa da manipulação digital das
imagens, a fotografia não difere mais da pintura. Imagens podem sofrer
alterações profundas podendo alguns elementos serem importados de outras
imagens, interferindo no modelo esteticamente, alongando, tirando rugas ou
excesso de gordurinhas, alterando posição de objetos e assim possibilitando uma
nova composição ou interpretação.
Susan Sontag (2004) nos diz que enquanto uma pintura é uma
interpretação estritamente seletiva, a fotografia apesar de sua veracidade, tem o
poder de produzir uma imagem entre a arte e a verdade.
A fotografia é uma das ferramentas mais utilizada para a construção da
identidade de uma marca e sua imagem, capaz de influenciar no desejo e
costumes de uma sociedade voltada ao consumo, a valorização de bens e
pelo status social. Utilizando-se de elementos materiais e imateriais, a fotografia
consegue captar e explorar tanto a imagem real do produto, quanto uma imagem
O conceito de edição da fotografia se amplia e
compreende hoje não apenas o trabalho de
recorte do quadro e a sua inserção na página
de uma revista, mas também a manipulação
dos elementos constitutivos da própria
imagem, até mesmo no nível do grão mais
elementar de informação: o pixel. (Machado,
2005, pág. 320)
Mesmo quando os fotógrafos estão muito
mais preocupados em espelhar a realidade,
ainda são assediados por imperativos de
gosto e de consciência.
Ao decidir que aspecto deveria ter uma
imagem, ao preferir uma exposição a outra, os
fotógrafos sempre impõem padrões a seus
temas. Embora em certo sentido a câmera de
fato capture a realidade, e não apenas a
interprete, as fotos são uma interpretação do
mundo tanto quanto as pinturas e desenhos.
(Sontag S., 2004, pág. 17)
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subjetiva, ou seja sem a necessidade da presença do produto.
A publicidade se utilizando da imagem fotográfica e sua mensagem
subjetiva ou real, exerce um poder de sedução não apenas individual mas de
massa. Lipovetsky (2009) nos fala sobre o consumo da moda:
Os fotógrafos de moda ao dialogarem com suas imagens nos meios de
comunicação como: anúncios, catálogos e editoriais, contribuem na intenção de
além de vender roupas, fornecer conceitos e mudar comportamentos
aproximando as marcas de seus consumidores.
A fotografia de moda se utiliza de elementos, tais como roupas, acessórios,
modelos, cenários, etc., dentro de uma dimensão própria, explorando o fantasioso
e o imaginativo, assim como o desejo e o comportamento, colocando-os em um
patamar mais sofisticado e chamativo, do que apenas a simples apresentação de
uma roupa. Podemos afirmar que a fotografia de moda está entre a ficção e a
documentação quando ela trata de registrar, compor imagens com características
reais, oníricas ou ficcionais e difundindo sua mensagem visual através das
mídias. As revistas especializadas em moda foram as principais responsáveis
pelo surgimento e estabelecimento da fotografia de moda substituindo a ilustração
de moda.
Segundo MARRA (2008), a fotografia no final do séc. XIX, estava presente
somente nas publicações destinadas a um público de elite que tinha o prazer de
vivenciar as sensações oferecidas por essa técnica, enquanto a maioria
continuava a utilizar os catálogos com desenhos de roupas.
Para além das manifestações reais de
homogeneização social, a publicidade trabalha,
paralelamente à promoção dos objetos e da
informação, na acentuação do princípio da
individualidade. No instantâneo e no visível,
produz massificação; no tempo mais longo, e de
maneira invisível, despadronização, autonomia
subjetiva. É uma peça no avanço do Estado Social
Democrático. (LIPOVETSKY, 2009, p. 229).
23
Gérard Lagneau (no livro La fotografia de 1972), comenta sobre um
mecanismo de funcionamento da fotografia publicitária que se adapta também ao
campo da fotografia de moda, onde a fotografia interpreta ao mesmo tempo a
apresentação e re-presentação de um determinado objeto. Lagneau fala também
do jogo duplo da fotografia publicitária, onde ela se encontra no nível conotativo
contrastando com o realismo da fotografia no nível denotativo. Para Lagneau "o
problema do fotógrafo publicitário é tornar real uma imagem fantástica". (MARRA,
2008).
Assim como a publicidade a fotografia de moda tem a necessidade de
tornar o desejo ou o sonho, verossímil. Para a comunicação da moda o efeito
"jogo duplo" é certamente fundamental, porém essa aplicação nunca poderá ser
exagerada no âmbito imaginário, devendo permanecer no limite do real, onde o
desejo seja potencialmente possível de ser alcançado.
Segundo MARRA (2008), a fotografia tem uma dupla presença na moda,
ficando entre a representação (a fotografia de moda) e a apresentação (a moda
da fotografia).
Enquanto a classe popular olhava a roupa com
interesses práticos, isto é, voltados a uma
consciência apenas funcional da mercadoria, a
classe alta podia conceder-se uma espécie de valor
agregado, pois a comunicação fotográfica lhe
oferecia a possibilidade de se espelhar, se
ensimesmar autenticamente em um sonho, em um
modelo a ser desejado. MARRA (2008), pág. 66.
A consequência mais evidente da primeira
perspectiva, aquela de uma fotografia de moda, diz
respeito à transformação da própria moda em
imagem, em objeto, em obra. O processo, à primeira
vista, pareceria até demasiado elementar e indigno de
maiores considerações, relativo, aparentemente, a um
mero mecanismo comunicativo de ordem prática: a
moda tem necessidade de mostrar-se e a fotografia
desempenha muito bem essa função, difundindo
rapidamente e em grande escala um determinado
modelo. MARRA (2008), pág. 52.
24
Segundo MARRA (2008) a fotografia no âmbito da arte do século XX tinha
a capacidade de trabalhar tanto como representação ou como apresentação de
algo real. Essa facilidade de desdobramento e ambiguidade foi definida pelos
críticos logo depois de sua invenção como: "o espelho de memória".
Maria Augusta Babo em seu artigo A FOTOGRAFIA: UM ESPELHO DA
MEMÓRIA nos dá uma outra visão sobre o mesmo tema:
Segundo MARRA (2008), a moda fotografada sendo um objeto, que
pertence ao campo da comunicação de massa disponível nas revistas, nos
catálogos, nos livros, etc, tem sua condição ilimitada, podendo também ser
exposta nas galerias e nos museus com status de arte. Porém ao adentrar ao
sistema do campo da arte, existe uma necessidade de se adequar aos códigos
desse sistema e que tenha um mínimo de durabilidade que deve ir além de uma
O espelho, como emblema da imagem, faz
pensar na fotografia como representação de
alguma coisa, enquanto a referência à memória
introduz uma tensão conceitual diferente: mais do
que representação do real, deixa entrever a
hipótese de que, de fato, o real seja conservado
e exibido diretamente se bem que de maneira
virtual. MARRA (2008) pág. 48.
As imagens especulares, como as refletidas no
espelho, duram o tempo da própria reflexão.
São imagens sem inscrição, sem registo. Mas
toda imagem é idolatrada na medida em que
nela prevalece a evencialidade do acto de
presença. O mistério da presença, do toque,
do ter estado lá, é a vulgar definição da
imagem fotográfica. Aparentemente, a
fotografia prolongaria o efeito especular na
medida em que ela seria, tal como o espelho,
um configurador de subjetividade. Maria
Augusta Babo (ECO-Pós, v.12, n.2, maio-
agosto 2009, p.145-159).
25
única estação. A aplicação da fotografia na moda produz um outro efeito mais real
e concreto, favorecendo sua condição como produto artístico.
Além das questões do ideal e aquele definido como material, o uso da
fotografia trás outras questões que a fazem se aproximar com a arte. O efeito
chamado de "des-funcionalização", segundo MARRA (2008), trata-se de
mecanismo que dispara no momento em que a roupa, passando a ser imagem,
perde todo valor prático para entrar na pura e gratuita dimensão estética. A
fotografia no século XX através de suas pesquisas se igualou a pintura
contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento da arte, não apenas
como registro documental, mas como uma ativa e participativa linguagem de
imagem. A moda, não é a roupa em si, mas a roupa vestida cria um estilo, dita
comportamento, cria uma identidade. Quando o profissional cria o design de uma
roupa, antes de tudo ele visualiza um modelo de mulher ou homem ideal, que se
torne diferente, desejável e que crie uma necessidade para o público consumidor.
O complexo e volátil mercado de moda se utiliza do mecanismo da fotografia para
realizar uma comunicação imediata e crível para fortalecer sua marca e imagem.
A fotografia permite, com grande facilidade, a realização do desejo, a sua
materialização, transportando um corpo imaginário para uma nova identidade
idealizado e interpretado pelo usuário da roupa assim como nas pesquisas do
campo da body art. De acordo com MARRA (2008), a fotografia, que a certo ponto
de sua história, "mais do que documento da moda, torna-se um veículo
promocional e espetáculo da moda".
A moda fotografada torna-se ícone, torna-se
imagem, tende a assimilar-se, também
formalmente, ao objeto artístico por excelência,
ao quadro, e se há pouco se falava de um tipo de
exposição ligado à necessidade da moda superar
uma condição de existência demasiado efêmera,
é evidente que tal possibilidade só se pode
confirmar na transformação, também física, em
imagem. MARRA (2008), pág. 53.
26
A semelhança entre os desfiles de moda e a fotografia, utilizando-se da
intervenção e a linguagem visual, para criar um clima e um conceito são muito
utilizados para construir a comunicação de um estilo e uma imagem que fique
marcada na mente das pessoas. Assim como no desfile onde o espetáculo por
trás da apresentação da peça de roupa possui uma importância maior que a
própria roupa em si, a fotografia de moda também se utiliza desse mecanismo
onde o objeto muitas vezes não aparece na íntegra.
Existe uma grande diferença entre os antigos manequins, que apenas
exaltavam de forma perfeita e a roupa apresentada com as atuais top models que
nos transmitem valores, criando uma personalidade própria, evidenciando o corpo
como uma ferramenta de difusão de desejos e de comportamento. Um exemplo
que MARRA nos trás em seu livro Nas sombras de um sonho (2008) é o da
condessa de Castiglione, Virginia Oldoini, que apresentou o primeiro álbum de
fotografia de moda. Suas fotografias mostram as duas questões entre Imagem e
Imaginário. Ela se utilizou da fotografia para expor sua criatividade construindo
um repertório de várias personalidades históricas, transportando-se de um corpo
para vários, estimulando o imaginário dos seus amantes.
Representar hoje, em uma exposição, a moda dos anos
1930 não é fácil. A moda - de qualquer época - não é feita
somente de roupas, mas como as roupas eram vestidas,
de como ressaltavam ou escondiam as formas de quem as
vestia, de como sublinhavam certos movimentos e
impediam outros. Basta olhar as fotografias das modelos
dos anos 1930 para se verem representados gestos e
posturas típicas da época, modos de mover a cabeça, as
mãos, o corpo que, repetidos hoje, seriam apenas
caricaturas. A moda vivida é feita de diferentes elementos
intimamente misturados que depois em grande parte
desaparecem, evaporados no tempo. Restam os vestidos
que, observados sozinhos, através do vidro de uma vitrine,
têm com a moda a mesma relação que tem um fóssil com a
vida complexa de uma época pré-histórica. Alessandra
Gnecchi Ruscone. MARRA (2008) pág. 61.
27
Fotografias: Pierre Louis Pierson (Wikicommons).
Fonte: http://bygoneyears.tumblr.com/page/58
Os retratos da condessa de Castiglione podem ser considerados como um
prólogo da fotografia de moda. Para ela a fotografia era um instrumento ideal para
construir um sonho com olhos abertos, um fantástico mundo imaginário no qual
entrava sozinha ou na companhia de seus admiradores. O nascimento da
fotografia de moda, foi certamente condicionado pelo desenvolvimento e pela
difusão de determinadas tecnologias de impressão que tinham a capacidade de
compor imagem e palavras juntas na mesma página.
Segundo Marra (2008) A fotografia de moda oscila entre a imagem e o
imaginário e o conceito de obra e de comportamento. Ou seja entre uma arte
ligada aos valores formais do objeto e outra que, ao contrário, se baseia em uma
condição mais desmaterializada de conceitualidade.
Segundo MARRA (2008) a fotografia de moda sempre esteve relacionada
ao conjunto de pesquisa artística, mas é com a chegada de Man Ray no seu
O termo IMAGEM reflete um tipo de fotografia de moda
substancialmente voltada à apresentação do objeto, da
roupa ou do complemento de uma apresentação formal.
O termo IMAGINÁRIO reflete uma fotografia mais
orientada para a criação de um clima, de uma atmosfera
capaz de projetar o próprio objeto em uma situação
global de sonho e desejo. MARRA (2008), pág. 75.
28
cenário e sua visão revolucionária que fotografia de moda vai se ligar e aos
acontecimentos das artes visuais. Man Ray construiu sua poética nesse campo, e
com o seu frenesi experimentalista numa época de mudanças aproveitou para
quebrar ou romper com os paradigmas da velha lógica da arte ligada ao exercício
da habilidade manual e utilizando a nova tecnologia como uma nova forma de
pintar. Em meados de 1910, se utiliza da ação da luz na fotografia e usa o
pseudônimo de RAY (raio de luz). Seu primeiro contato com a moda acontece em
1921 em Nova York. Colaborou durante muitos anos com as revistas Vogue
francesa e americana e a Harper´s Bazaar. Trouxe para o trabalho da fotografia
de moda sua bagagem de conhecimento gráfico e de composição de imagem
contribuindo assim com o princípio do que a fotografia de moda sugere, ou seja
criar um clima ou desejo e não apenas documentando ou detalhando uma roupa.
De acordo com MARRA (2008) Man Ray se dedicava mais a imagem do que com
o imaginário mantendo sua poética voltada ao pictórico.
Já o estilo de Blumenfeld que entra nesse mercado nos anos 50, de acordo
com MARRA (2008), é visto como uma potencialização do experimentalismo de
Man Ray, através de suas técnicas como: planos ousados, jogos de luzes
exagerados, solarizações, revelação em negativo ou combinações de positivo e
negativo na mesma imagem, distorções duplas exposições e fotomontagens que
se tornam sua característica. Com todos esses mecanismos visuais juntos, levam
as fotografias de Blumenfeld a limitar a presença da roupa dando mais ênfase ao
imaginário, ao clima e de uma forma de linguagem ou discurso visual que busca
mais a estranheza e auto-reflexão da imagem. Blumenfeld busca propor a
interpretação da fotografia ao invés de simplesmente documentar a roupa.
O maior mérito do trabalho de Man Ray é ter dado
uma contribuição fundamental para derrubar os
limites, aquele momento ainda ativos e operantes,
entre pesquisa pura e aplicada, entre arte e moda.
Uma contribuição que embora, nos diga respeito de
modo particular, se traduz no convite à superação da
distinção embaraçosa, recorrente ao longo do século
XX, entre a figura do fotógrafo-artista e aquela do
fotógrafo-puro. MARRA (2008), pág. 123.
29
DE MEYER E STEICHEN - OS PIONEIROS DA FOTOGRAFIA DE MODA
Adolf de Meyer é considerado sem dúvida como o protagonista da
fotografia de moda. De Meyer iniciou sua carreira na revista Harper´s Bazaar e
mais tarde na Vogue, transformando estas revistas em referência de
comportamento e estilo ao público americano.
De Meyer é considerado o mais importante nome na fotografia de moda,
pois foi através dele que se estabeleceu a união entre arte e moda. Com ele
surge o apurado gosto estético que trouxe de sua formação como artista para o
mundo da moda. Através de De Meyer a fotografia assume seu papel em relação
a moda, ao mostrar a fotografia de moda como um instrumento para criar uma
nova visão entre a dimensão comercial (a roupa) e a dimensão conceitual (a arte).
Nos trabalhos ele evidenciava o estilo chamado pictorialismo de caráter
impressionista. Seu maior interesse era na questão do imaginário e não somente
na imagem, o que para a fotografia de moda era uma excelente proposta visto
que era mais importante que se criasse uma intenção de sonho desejável do que
mera documentação fotográfica. As fotografias de De Meyer eram dotadas de
efeitos de contraluz, transparências, reflexos e do efeito FLOW com aquele
aspecto de esbatido, deixando a foto fora de foco ou conotativamente falando,
desfocando a realidade e dando um aspecto de onírico a imagem.
Não se buscava um vasto público, mas um público
selecionado. Buscava-se uma revista que criasse
tendências em matéria de gosto, de vestuário ou de
qualquer outro assunto tratado. Buscava-se atrair
gente com dinheiro, mas cujo único critério de
escolha fosse o gosto. Edna Chase (primeira chefe de
redação da revista Vogue). Pág. 89.
30
Fotografias de Adolf de Meyer
Fonte:https://br.pinterest.com/cocoacucumber/baron-adolf-de-meyer/
De Meyer foi também o precursor do que hoje é fundamental na fotografia
de moda, a pose e a postura corporal da modelo, mudando de um simples
manequim para uma mulher de atitude e de desejos. Após o declinio de De Meyer
entra em cena um outro artista e fotógrafo que mudaria o rumo da fotografia de
moda passando do pictorialismo referente ao impressionismo para o modernismo.
Edward Steichen assume como fotógrafo-chefe as revistas Vogue e Vanity Fair.
Enquanto De Meyer tinha como base de sua fotografia o imaginário, Steichen
abre espaço para a imagem. A experiência que Steichen teve na Primeira Guerra
Mundial como fotógrafo aéreo, trouxe para o seu trabalho ou poética, uma
fotografia mais limpa, minimalista, com cortes secos e contrastes de luz
fortemente marcados. Steichen transpõe para a fotografia de moda a estética do
modernismo.
A minha primeira contribuição para a fotografia de
moda foi torná-la o mais realista possível, declara
Steichen. MARRA (2005) pág. 105.
31
Fotografias de Steichen
Fonte: https://br.pinterest.com/jorgenivarsson/edward-steichen/
Enquanto que a figura da mulher criada por De Meyer tinha um ar de
aristocracia romântica da época, Steichen nos traduz com sua linguagem
fotográfica a imagem de uma mulher mais intensa, ativa e sofisticada. Com a
participação muito ativa desses dois fotógrafos, a fotografia de moda ganhou uma
identidade e uma autonomia linguistica que antes era apenas destinada ao campo
da arte. Steichen com sua fotografia ligada a imagem, apesar de tratar de valores
formais, também possui uma característica conceitual dialogando com o
imaginário, mas de uma forma mais simples, se utilizando da geometria das
formas na atual tendência da arte e do comportamento da mulher.
De acordo com MARRA (2008) existe uma diferença entre o imaginário de De
Meyer e a imagem de Steichen:
Diferentemente de De Meyer, que exibia o sonho de
maneira direta, a ponto de ser definido um fotógrafo do
imaginário, Steichen parece propô-lo mais como um
código, com uma fotografia da imagem, que permanece
substancialmente confiada aos valores formais e sintáticos.
A bifurcação imagem/imaginário quer, então, mais do que
indicar uma divergência profunda, indicar simplesmente a
momentânea prevalência de uma linha sobre a outra,
deixando em aberto uma dialética fundamental para a
própria existência da fotografia. MARRA (2008) pág. 109.
32
MARRA (2008) nos fala sobre um sistema visual descrito por Rosalind
Krauss (Duchamp o il campo immaginario em Teorie e storia della fotografia ,
milão, 1996) como uma sofisticada operação conceitual chamada de ready-made
duchampiniano.
A ideia de ready-made e de translação sugerem uma certa identidade à fotografia
de moda, pois ao invés de ter um puro registro da imagem de uma roupa mas
transportando fisicamente a própria roupa em relação a um evento que a roupa é
vestida
Fonte: http://makezine.com/2011/08/04/duchamp_urinal_dress/
O sistema (ready-made = índice = fotografia)
funciona e tem sentido se acrescentarmos ao
termo "transposição" o adjetivo "conceitual",
absolutamente determinante para se entender o
percurso criativo do grande dadaísta, mas
igualmente fundamental para a interpretação da
fotografia. MARRA (2008), pág.30.
Mais do que uma fotografia de moda, devemos
começar a pensar que existe uma moda da
fotografia, isto é, que existe um mundo paralelo,
que virtualmente re-propõe a experiência da
roupa vestida. MARRA (2008), Pág. 32
33
Segundo Marra (2008) existe uma segunda questão em relação ao
conceito da fotografia de moda, que se refere a "Realidade Virtual". O virtual,
mesmo vivendo de imagens, mesmo sendo essencialmente constituído de
imagens, na fruição de fato não se limita a funcionar como uma imagem. Deve
também estimular além do sentido da visão a experiência sinestésica exercida
pelo sujeito em relação a realidade. Ao interpretar a fotografia como substituição
do real, deverá mostrar que existe algo mais complexo, por trás do sujeito ou
objeto da discussão não sendo mais apenas a materialidade da fotografia que é
evidente, mas uma particular função do uso da dimensão pragmática que
ultrapassa e anula o princípio linguístico.
A moda propõe um signo, no qual o público acredita e se identifica através
do aspecto imaginário da mensagem. Esse mecanismo de real e imaginário, e o
aspecto documental e ilustrativo que a fotografia de moda desenvolve contribui
fortemente na construção do fenômeno da moda.
"O virtual não substitui o real, transforma-se em
uma forma de percepção do real, em uma
mixagem onde ambas as entidades são
contemporaneamente necessárias." MARRA
(2008), Pág. 38.
O conceito de simulação, e não poderá se
negar que a fotografia de moda, de fato,
representa apenas um lugar virtual no qual
nós, antecipadamente, tentamos verificar certa
experiência da realidade, evidentemente
fundada sobre o princípio do "com se", mas
crível e envolvente justamente porque fundado
sobre o caráter de análogon e de índice.
MARRA (2008), pág. 39.
34
PERÍODOS DA FOTOGRAFIA DE MODA Assim como a arte, a fotografia de moda tem seus períodos relacionados a
uma época e contexto. A história da arte nos ajuda a se situar e analisar o
comportamento e o aparato visual em relação a cultura, moda, cinema de um
determinado período. O fotógrafo Danilo Russo divide a Fotografia de Moda em 3
(três) grandes períodos:
Fotografia clássica – as origens da moda
O início ou nascimento da fotografia de moda vai desde 1914 até 1950.
Trata-se de uma época onde a sociedade era tradicional e machista e a mulher
buscava sua posição na sociedade e na política. Nesse período surgiram
grandes fotógrafos principalmente do meio das artes plásticas como Baron
Adolphe de Meyer, Man Ray, Horst P. Horst, Steichen, Cecil Beaton, Matin
Munkacsi, George P. Lynes e Erwin Blumenfeld.
Fotografia moderna: de 1950 a 1980 – glamourização da moda
Com o advento da 2ª guerra mundial a mulher assume um papel mais ativo
na vida social. Deixa de ser a dona do lar e co-adjuvante ao lado do marido. Na
fotografia de moda agora ela tem personalidade e atitude. Nesse momento o
fotógrafo que representa essa mudança de paradigma é Richard Avedon
considerado o precursor desta nova visão da mulher. Na década de 60 temos os
movimentos feministas que mudariam todo o cenário social da época. A modelo
passa a adquirir movimento e aparece num mundo real com atitudes, glamour,
sensualidade, erotismo e paixões. Os fotógrafos deste período são: Richard
Avedon, Irvin Penn, David Bailey, Guy Bourdin, Helmut Newton, William Klein,
Débora Tuberville, Sara Moon, Herb Ritz, Bruce Weber, Peter Lindberg, Steven
Meisel.
35
Fotografia pós moderna: de 1980 até hoje – desglamourização da moda
A fotografia a partir desse momento com a utilização do computador, da
quebra de regras, padrão de beleza, iluminação, composição muda drasticamente
o cenário da moda. As cores são mais vívidas e surreais, os cenários são
oníricos. Os fotógrafos buscam conceitos e temas em relação a revolta,
provocação e tentam chocar o espectador. Os fotógrafos mais conceituados desta
época são Corinne Day, Juergen Teller, David Lachapelle, Terry Richardson e
Mario Sorrenti.
36
1960 - A POP ART E A OP ART Nos anos 60 a fotografia de moda se encontrou em meio a uma tensão
entre obra e comportamento no campo das artes visuais. Encontravam-se nesse
período a Pop Art e a Op Art. São duas linhas de pesquisa de arte bem opostas.
Enquanto a Op Art também conhecida como Arte Óptica interpretava e organizava
mais analiticamente a imagem. Usava-se de recursos visuais (cores, formas e
linhas sinuosas ou retas para provocar ilusões óticas, parecendo que as imagens
tinham movimento. Já a Pop Art tinha como proposta buscar inspiração na cultura
de massas para criar suas obras, aproximando-se e, ao mesmo tempo, criticando
de forma irônica a vida cotidiana materialista e consumista. A técnica de repetir
várias vezes um mesmo objeto, com cores diferentes e a colagem foram muito
utilizadas. Nesse período de revolução sexual a fotografia de moda buscava
referencias tanto no aspecto visual da arte, da música assim como no
comportamento dos jovens.
Moda Pop Art. Fotografia de Xiao Wei Xu e styling Yuri Tan
Fonte: http://evelynb.com.br/visoes/moda-arte/pop-art-invade-editorial-de-moda-na-china/
37
Moda Op Art. Fotografia Roe Ethridge
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/71565081551097975/
Um dos fotógrafos mais conhecidos e respeitados no mercado da moda era
David Bailey. Suas imagens eram carregadas de um puro apelo sexual os quais
eram absorvidos daquela revolução de comportamento que enfervecia na época.
O diretor Michelangelo Antonioni inspirou-se em todo esse clima narrado por
Bailey para fazer o filme Blow Up.
Fonte:https://agnautacouture.com/2012/12/02/peggy-moffitt-blow-up-comme-des-garcons/
38
Fotos por David Bailey
Fonte: https://womeninblackandwhite.com/2011/11/22/photographer-david-bailey/
Um dos fotógrafos de moda mais marcantes dessa fase também foi
Yasuhiro Wakabayashi conhecido como Hiro, que tinha como base de sua
produção o experimentalismo técnico que tinha sido tão intenso na carreira de
Man Ray. Hiro se utilizava de todos os artifícios visuais, tanto no ato de fotografar
quanto no momento de revelar suas imagens. Entre os aspectos mais
interessantes de sua linguagem visual temos os enquadramentos ousados, o uso
de luzes neon e estroboscópicas. efeitos de cor, dupla exposição que são a sua
marca ou identidade na fotografia de moda
Fotografia de Hiro
Fonte: https://br.pinterest.com/onlyisi/hiro/
39
Capa da revista Happe´s Bazaar e fotografia de Hiro
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/340162578078291033/
Segundo MARRA (2008) nos anos 1960, entre a moda real e a moda da
fotografia, existiam dois movimentos contrários e ao mesmo tempo
complementares, a pop e a op art. Embutidas numa tendência conceitual-
comportamentista e numa forma-visual.
40
1970 - MÚSICA, CULTURA E MODA
Os anos 70 foram marcados pela busca da liberdade, juventude e quebra
de tabus. Foi um período de grande efervescência na música, na política e na
vida social, que refletiu na moda através de uma grande variedade de
movimentos e estilos. Alguns importantes movimentos que moldaram a juventude
e mexeram com a moda. Além do movimento Hippie, na metade de 1970 surge o
movimento Punk. Liderado pela estilista Vivienne Westwood e seu marido Malcon
McLaren que possuíam uma boutique fetichista chamada “sex”. McLaren criou a
banda Sex Pistols e seu visual transgressor marcado por calças rasgadas,
rebites, alfinetes, jaquetas de couro e cabelos com cortes e cores diferenciadas.
Fonte: https://br.pinterest.com/pin/566116615635334201/
41
O movimento Glam, com sua estética andrógina marcada por brilhos e exageros
marcou a quebra de gêneros. David Bowie ao aparecer com plataformas e
maquiagens transmitiu a mensagem que não importa se é masculino ou feminino,
mas sim sua individualidade.
Design by Kansari Yamamoto. Fotografia by Masayoshi Sukita, 1973
Fonte: https://www.accessoriesmagazine.com/68743/will-david-bowie-exhibit-bring-back-glam-rock
De acordo com MARRA (2008) é a partir dessa década que a fotografia de
moda começa a apresentar situações e comportamentos onde o verdadeiro tema
não é mais a roupa mas a roupa encarnada. O próprio fenômeno das top models,
que também começa a se destacar, pela necessidade de substituir a fórmula
tradicional (roupa + modelo) por um corpo único , real, efetivo, identificável em um
nome e em uma personalidade.
42
Entre os anos 1960 e 1970 o corpo adquiri visibilidade cultural e uma certa
liberdade de expressão, foi um dos principais momentos histórico-culturais e os
protagonizou a quebra das temáticas que mais sofreram repressão e censura,
que inspiraram formas de liberdade sexual interagindo com a moda e vida. Nesse
período a fotografia de moda se distancia daquelas das artes visuais e se ocupa
de um imaginário mais voltado para a transgressão de comportamento.
As imagens belas e impecáveis já não são tão importantes quanto a
posição comportamental idealizada pela cultura influenciada agora pela música e
pelo cinema. Como nos diz MARRA (2008), a fotografia de moda se torna cada
vez mais cinema e cada vez menos pintura.
Fonte: http://www.cidadaocultura.com.br/anime-avant-garde-janis-joplin-e-70s-moda/
Opondo a uma ideia de uma fotografia de moda
por aquela de uma moda na fotografia, isto é
uma moda que vive efetivamente dentro da
fotografia, com corpos que agem e se
apresentam como acontece na realidade.
MARRA (2008) pág. 163.
Comportamentos: mais uma vez é esta a
palavra-chave, porque o corpo que protagoniza
essa fotografia é um corpo em ação, e o
erotismo exibido é um erotismo vivido que não
tem nada a ver com a beleza ideal e
desvitalizada dos corpos nus aos quais nos
acostumou a tradição pictórica, MARRA
(2008), pág. 165
43
1980 - MODA e CONSUMO
Segundo (MARRA) no início dos anos 1980 a discussão não é mais
apenas sobre o universo feminino mas também do masculino. Agora o homem
entra em cena e se torna o protagonista ao lado da mulher. Os protagonistas em
frente a tendência da moda foram os estilistas: Armani, Versace, Calvin Klein e
Ralph Lauren. Também nesse momento temos em evidência o movimento da
cultura Gay, um fenômeno complexo e marcante. O fotógrafo Robert
Mapplethorpe se torna um de seus mais influentes representantes dessa cultura,
agredindo os conceitos americanos de raça, sexo, sexo e moralidade. A
legislação anti-gay dos EUA fez dele um criminoso sexual. Seu trabalho também
foi a julgamento, em 1990, no auge da histeria dos EUA sobre AIDS, uma caça às
bruxas em Cincinnati colocou sete de seus quadros em julgamento , com o
objetivo de classificar sua arte como obscenidade. Morto aos 42 anos vítma de
AIDS ele conseguiu mudar a cultura popular com o tipo de suas imagens sexuais.
Fotografia: Robert Mapplethorpe
Fonte: http://illusion.scene360.com/art/91031/robert-mapplethorpe/
Neste cenário de mudanças a fotografia de moda passa a se preocupar
principalmente com o consumismo, criando um desejo de consumo no público.
Uma das mais emblemáticas foram as campanhas publicitárias da Benetton
44
criadas pelo fotógrafo Oliviero Toscani, com modelos representando todas as
raças e mostrando que o consumo é acessível. Desde então, a fotografia de
moda tem uma característica mais publicitária que artística.
Campanha da Benetton - Fotógrafo: Oliviero Toscani
Fonte: http://blog.emania.com.br/fotografia-de-moda-e-o-comportamento-humano/
De acordo com MARRA (2008) a moda antecipa, institui e difunde e em
todos esses processos a presença da fotografia de moda se torna um
extraordinário instrumento de intercâmbio entre as diversas instâncias culturais,
trazendo a vida para dentro da moda e levando a moda para dentro da vida.
Se há um período completamente dominado pela fórmula da moda da fotografia, aqui repetidamente proposta, são justamente os anos 1980, nos quais a imagem da moda vale verdadeiramente tanto quanto a moda real, ou ainda mais. MARRA (2008),pág.183.
45
Uma das revistas que influenciou a moda dos anos 1980 foi a The Face,
uma importante revista inglesa de moda e comportamento, que se tornou
responsável pela divulgação das novas propostas da cultura britânica. Tornou-se
referência de moda no Brasil no final dos anos 1980.
Capa da revista The Face de 1986 - Fotógrafo: Tony McGee
Fonte: http://www.yasminlebon.net/editorials/1986november_theface.
A década de 1980 passou a ser compreendida como um período de
transição,em que questões imprescindíveis, evidenciadas durante os anos 1960 e
1970 – em termos políticos, sociais e culturais –, teriam sido reelaboradas e
confrontadas com formas específicas de apreensão do passado e com as novas
exigências de um contexto cada vez mais globalizado. O meio artistico já se
encontrava saturado e esgotado ao mesmo tempo em relação ao
experimentalismo construído pelas poéticas conceituais dos movimentos
anteriores. De acordo com MARRA (2008), na década de 1980 a arte não se
mostrava mais vinculada ideologicamente a uma única forma de linguagem. a sua
46
característica mais evidente era justamente o oposto, isto é, a recuperação de
todos aqueles componentes decorativos, incluindo o próprio exercício pictórico,
que tinham sido deixados de lado durante os anos de triunfo do conceitualismo
mais rigoroso.
A arte generalizada começa a influenciar a moda dos anos 1980 e a
fotografia de moda se encontra agora num universo com muitas identidades e
possibilidades; É nesse cenário que entra o fotógrafo italiano Ferdinando Scianna
em colaboração com a marca Dolce & Gabanna, com uma visão mais ampla da
atual contribuição da fotografia de moda.
Modelo: Monica Belluci - Fotografia Ferdinando Scianna
Fonte:https://br.pinterest.com/pin/361273201329807515/
O que atingiu as artes nos anos 1980 não foi, no
entanto, uma onda de refluxo, não se tratava de
voltar atrás; o que se encontra pela frente é a
reivindicação de uma liberdade expressiva total,
não mais condicionada e limitada por preconceitos
estéticos. MARRA (2008) pág. 185.
47
A fotografia de Ferdinando Scianna que vem da sua experiência como
fotógrafo de reportagem adquire um significado mais geral, superando os
obstáculos dentro das exigências do mercado de moda. Considerado como um
"fotógrafo puro", ou seja, aqueles que praticam, de maneira exclusiva,
o medium fotográfico. Scianna supera o sistema da fotografia de moda e se
dedica a uma prática que tinha uma certa tradição fotográfica. Deslocando a
fotografia jornalistica para um contexto da moda, faz ressaltar da foto toda aquela
dramaticidade que, paradoxalmente, não é mais percebida no contexto original. A
produção de Scianna com a moda, foi muito intensa e contribuiu para o
posicionamento da marca Dolce & Gabbana no mercado.
Campanha da D&G - Fotógrafo: Ferdinando Scianna
http://www.anothermensblog.com/2016/08/a-brief-history-of-dolce-gabbana.html
Em termos estéticos, as linguagens já podem se
contaminar reciprocamente em plena liberdade, e,
também do ponto de vista ético, o império do mal
não é mais considerado como tal; arte e indústria
cultural mostram que podem viver tranquilamente
lado a lado. MARRA (2008) pág. 186.
48
1990 - A VIDA VIRTUAL DA MODA
A queda do muro de Berlim, em 1989, é com certeza a mais
emblemática imagem que divide nossa história seja politica, social, cultural
e claro o mercado da moda. Essa imagem simbolizou o fim de uma época
e de uma ideologia e consequentemente marcou o início de uma nova
cena. Na moda, representa a quebra de fronteiras, o fim de certas
barreiras e preconceitos no vestir e o aparecimento de uma grande
liberdade de se expressar visualmente, é esse o conceito que vai definir a
moda na década de 1990.
Capa da revista TIME com a queda do muro de Berlin de 1989
http://obviousmag.org/archives/2009/11/queda_muro_berlim.html
A transgressão como força criativa que era a resposta da juventude ao
sistema, perde progressivamente o interesse dos jovens, pois agora não existe
mais um limite. O chamado "minimalismo" que se manifesta no inicio dos anos
1990, pode ser interpretado como uma nova resposta a um novo contexto no qual
a transgressão e o excesso perderam seu significado. Essa posição de status
social que a moda adquiriu, também se identifica com a arte quando se fala em
transgressão (que é uma das características das artes em geral). A arte como a
moda tem a intenção de chocar ou causar sensações. É o papel da arte e da
49
moda nesse momento. 1990 foi a década do impulso tecnológico onde se viu o
crescimento da internet. As marcas de moda se tornaram mais importantes que a
roupa e estas investiam muito em publicidade e precisavam das supermodelos
para trazer o retorno dos investimentos. O final do século XX foi marcado por
vários estilos e tendências, uma diversidade de aspectos onde os jovens saem
em busca da coletividade, e surge uma diversidade de estilos ou podemos dizer
um supermercado de estilos: desconstrutivismo, ideia cibernética, materiais
sintéticos, tecido neoprene, ciber trash, drags queens, clubbers, street wear,
cabelos coloridos, cultura black, tecidos tecnológicos.
A falta de identidade passou a ser a própria identidade. Foi mix de
aspectos visuais; e a liberdade de vestir passou a ser prioridade. É a metáfora da
globalização na moda. Na segunda metade da década, a moda passou a buscar
referências anteriores, fazendo releituras dos anos 60 (cores claras, tiaras) e em
seguida dos 70 (plataformas em tamancos e modelos fechados, geralmente
desproporcionais), tudo mesclado à modismos dos anos correntes.
Os fotógrafos de moda, juntamente com os stylists e as top-models
também ganharam status criando através das lentes o seu imaginário, seja numa
linguagem real ou surreal.
Nos anos 1990 a moda da fotografia, a vida virtual
da moda, tende a assumir um papel cada vez mais
relevante em relação ao sistema como um todo, a
ponto de multiplicar estilos e linguagens em um
clima no qual se pode faze tudo. MARRA (2008)
pág. 191.
50
SÉCULO XXI – A MODA SEM LIMITES
Segundo MARRA (2008), a partir do século XX tornou-se aceitável no meio
artístico que a habilidade manual já não era mais determinante para julgar um
artista e sua obra. Assumindo essa lógica a fotografia de moda pretende continuar
dentro do jogo da arte, aceitando sem hesitação suas regras e as modalidades de
funcionamento. Devido a essa generalização de linguagens, os fotógrafos de
moda do fim do século XX são capazes de uma maior flexibilidade em suas
escolhas poéticas e uma linguagem visual buscando uma solução compositiva
sem se prender a um único estilo. Um dos fotógrafos que mais se destaca e
soube interpretar a figura do fotógrafo de moda do final do século XX é o
americano Steven Meisel. Steven Meisel fotografou celebridades
como Madonna e Isabella Rossellini[1] e foi quem descobriu a top Linda
Evangelista. Fotografou para revistas como Vogue, Harper's
Bazaar, Seventeen e W. Participou de campanhas para grifes como Prada, Dolce
& Gabbana, Valentino e Versace.
Fotografia de Steven Meisel
Fonte: https://senhorasnamoda.wordpress.com/2012/06/17/fotografia-steven-meisel/
51
Apesar de Meisel ter sua linguagem própria, ele assim como outros
fotógrafos sempre bebem de fontes anteriores. Algumas campanhas de Meisel
buscaram informações visuais de Avedon e Munkacsi, mostrando que apesar de
haver variações em suas criações ele se vê obrigado a percorrer os mesmos
caminhos de outros fotógrafos anteriores, o que faz de seu trabalho uma forma de
citação, ou melhor dizendo, se utilizando de referências visuais já apresentadas.
De acordo com MARRA (2008), as mulheres do século XXI não tem mais
necessidade de demonstrar aquele desejo de liberdade e emancipação de
comportamentos das décadas anteriores.
Revisitando algumas de suas capas para a Vogue Italiana pode-se
confirmar o cruzamento de estilos feitos por ele, como soluções formais,
narrativas, de reportagem e de cordial instantâneo são usados sem preocupação.
Na capa da Vogue de 2002 por exemplo, a modelo Eugenie Volodina é
fotografada ao estilo de Blumenfeld.
Fotografia de Steven Meisel para Vogue de 2002, ao lado direito a capa de Blumenfeld de 1950.
Fonte: https://pleasurephoto.wordpress.com/tag/steven-meisel/page/33/
Meisel trabalha, portanto, sobre as formas de linguagem,
repassa, com as oportunas atualizações da situação
testemunhada pelas roupas, pela maquiagem e pelo
corte de cabelo, soluções estilísticas já provadas e bem
codificadas na fotografia de moda, e que ele certamente
conhecia. MARRA (2008), pág. 204.
52
Segundo MARRA (2008) o intercâmbio entre a pesquisa artística pura e a
fotografia de moda, dos anos 1990, são finalmente adaptados por alguns artistas
que mantém tanto seu trabalho nas páginas de revistas como nas galerias e
museus de arte.
Fotografia de Ines Van Lamsweerde
Fonte: https://www.taschen.com/pages/en/catalogue/photography/all/05750/
facts.inez_van_lamsweerde_vinoodh_matadin_pretty_much_everything.htm
No caso da produção artística de Van Lamsweerde e seu trabalho de
moda, essa última inverte o papel que sempre foi utilizado pelos fotógrafos, onde
a moda são esboços para a arte, estabelecendo uma troca de energia entre os
temas no âmbito artístico e a identidade da moda.
Segundo MARRA (2008) a moda se encontra numa dimensão de
inconsciente coletivo, onde os sonhos do desejo de um corpo perfeito,
eternamente jovem, buscando uma perfeição em academias de ginástica,
cosméticos e cirurgias plásticas.
Para Van Lamsweerde tanto o trabalho de moda
quanto, com maior razão, o trabalho com a arte
giram em torno dos temas do corpo, da liberdade e
da imagem que nós mesmos oferecemos aos
outros, e tudo isso à luz daquela progressiva
tendência à artificilidade que marcou essas
temáticas na última década do século XX. MARRA
(2008), pág. 207.
53
Segundo MARRA (2008) a fotografia de moda apesar de oscilar entre obra
e comportamento, entre imaginário e pseudocotidianidade até o início dos anos
1990, sempre apresentou um outro universo em relação àquele da experiência
real. No séc XXI a arte, principalmente o surrealismo ainda faz parte dos recursos
visuais utilizados por muitos fotógrafos do mundo.
Van Lamsweerde e Matadin afirmam que: "As
imagens de moda são, em muitos casos,
articuladas em torno de sonhos coletivos e de
fantasias projetadas sobre um indivíduo (no caso,
a modelo), e expressos por eio das roupas, das
poses, dos penteados e da maquiagem". MARRA
(2008) pág. 208.
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EQUIPAMENTOS PARA FOTOGRAFIA DE MODA MÁQUINA FOTOGRÁFICA E LENTES Na fotografia de moda as melhores câmeras são as DSLR de
qualidade,com uma grande quantidade de megapixels e uma boa resolução e
nitidez. As lentes mais usadas e mais úteis para fotografia de moda são:
17-55mm f/2.8, 24-70mm f/2.8, 85mm f/1.8 e uma 50mm f/1.4 ou f/1.8.
EQUIPAMENTOS DE ILUMINAÇÃO
A luz na fotografia é muito importante para criar climas, volumes e texturas.
Na luz natural, a posição do sol definirá a inclinação dos raios luminosos em
relação ao objeto fotografado determinando o efeito desejado. Com a iluminação
artificial de um estúdio fotográfico, o efeito desejado dependerá do
posicionamento das diversas fontes de luz e do equilíbrio entre elas.
Tochas(flashes): Cada tocha eletrônica é composta por dois tipos de lâmpada. Uma
lâmpada halógena ou de tungstênio conhecida como luz piloto ou lâmpada de
modelagem. A outra, uma lâmpada de pirex ou quartzo, é o flash propriamente
dito. A luz piloto é uma luz contínua, de temperatura de cor baixa, e que têm por
principal função simular a luz do flash propriamente dito. Ela fica acesa durante
todo o processo de preparação da foto, para que o fotógrafo possa posicionar a
luz e montar os devidos acessórios de iluminação, de forma a conseguir o
resultado desejado. O flash só é acionado no momento em que o obturador da
câmera é disparado.
Geradores de potência: Unidade eletrônicas às quais podem ser conectadas até três tochas
eletrônicas (flashes). São capazes de gerar potências que podem chegar a até
5000 watts. A conexão com a câmera é feita, normalmente, através de um cabo
de sincronismo.
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Modificadores de iluminação: São acessórios que podem ser conectados às tochas eletrônicas, para alterar
suas características de iluminação e, com isso, adaptar a luz do flash ao tipo de
luz necessária para aquele trabalho. O mais comuns são:
Softbox
Acessório muito utilizado em fotografia de estúdio, é encontrado em
diversos tamanhos e formas. Possui um tecido translúcido externo e, as vezes,
um outro tecido interno. A luz do flash, ao passar por esses dois tecidos, torna-se
bastante suave. Suas sombras são muito suaves, o que possibilita grande riqueza
de detalhes na imagem.
Sombrinha
A sombrinha é montada na tocha de forma que a luz seja direcionada à
parte interna da primeira, sendo então rebatida e retornando ao ambiente. É muito
utilizada quando se deseja uma luz geral, pois seu ângulo de cobertura é bastante
extenso.
Refletor parabólico
Proporciona uma iluminação mais direcionada, limitando a propagação da
luz em torno da cena.
Colméia
Acoplada ao refletor, além de dar uma iluminação mais concentrada,
proporciona uma rápida passagem entre a região iluminada e a região escura da
área fotografada, criando uma área de iluminação arredondada e bastante
definida.
Barn-door Também conhecido como bandeira quádrupla, é também conectado ao
refletor e permite direcionar e limitar a propagação da luz. Permite, ainda, o uso
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de gelatinas coloridas cuja função é alterar a temperatura de cor das fontes
luminosas.
Snoot Acessório em formato de cone que funciona como um concentrador de luz,
muito utilizado para iluminação de pequenos objetos ou para pequenas áreas da
cena. Pode também ser usado com colméias.
Rebatedores
Esses são os equipamentos mais comuns em um estúdio fotográfico e
também usados em fotos ao ar livre, em formatos diversos, e nas cores branco,
prateado e dourado.
Flash dedicado (Speedlight)
Speedlites (flashes de pilhas portátil pequeno) são utilizados para fornecer
a luz, quando não houver o suficiente. Na maioria das vezes utilizado para
retratos, mas pode ser usada para melhorar características de primeiro plano, em
paisagens, para congelar o movimento na fotografia de ação.Quando usado fora
da câmera, o fotógrafo tem maior controle na sua ação.
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FOTÓGRAFOS DE MODA
Os fotógrafos de moda que mais me identifico, são os que tem um trabalho
mais voltado para a arte, principalmente o surrealismo e a pop art.
Entre eles destaco os 10 melhores em diferentes décadas:
MAN RAY - www.manraytrust.com
Emanuel Rudzirsky conhecido pelo seu pseudônimo Man Ray nasceu em
1880 na Filadélfia, pintor e fotógrafo ainda na infância se muda para New York.
Man Ray foi considerado na década de 20 um dos principais vanguardistas,
agredindo através da sua arte a sociedade. Ao não ser aceito em New York, se
muda para Paris em 1921 onde conhece vários nomes importantes como Pablo
Picasso, Salvador Dali e Andre Breton. Sua primeira exposição ocorreu no
mesmo ano, onde não vendeu nenhuma obra, fazendo assim vários contatos.
Apesar do sucesso de suas obras, Man Ray foi muito humilhado e prejudicado por
modelos que se apaixonava. Com todos esses relacionamentos, cria a raiografia,
um estilo de fotografia sem o processo de revelação, onde ele colocava um objeto
sobre o papel fotográfico e expunha à luz, deixando a sombra do objeto no papel.
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Decidiu então focar nas fotografias após uma fase depressiva, onde na década de
30 amplia a fronteira de real e imaginário. Man Ray expandiu seu
conhecimentos em outras áreas, foi produtor de muitos filmes, em grande parte
surrealistas com a ajuda da técnica da Solarização. Afim de aumentar seus
conhecimentos sobre a fotografia, em 1940 começa a dar aulas para ampliar sua
arte de fotografia na Califórnia.Após alguns anos antes de morrer em 1976, Man
Ray publica uma autobiografia.
Fonte: thenew-ray.blogspot.com.br/2009/08/biografia.html
59
MILES ALDRIDGE - http://www.milesaldridge.com/
Fonte: http://www.milesaldridge.com/selected-work/
Miles Aldridge é o filho de Alan Aldridge , ilustrador e diretor de arte que
desenhou a capa do álbum dos Beatles e dos Rolling Stones, e irmão dos
modelos Saffron , lírio e de RubyAldridge . Para tornar-se como seu pai estudou
ilustração na Central Saint Martins CollegeofArtand Design , em Londres e tornou-
se diretor de vídeo clipes. Ele se tornou um fotógrafo em uma feliz coincidência,
em meados dos anos noventa, quando fez um livro para sua namorada que tinha
a intenção de se tornar uma modelo. A britânica Vogue gostava de suas fotos
onde então ele começou a sua carreira.
Fonte: https://it.wikipedia.org/wiki/Miles_Aldridge
60
TIM WALKER - http://www.timwalkerphotography.com/
Fonte: http://www.timwalkerphotography.com/archive
O fotógrafo inglês Tim Walker encanta leitores do mundo todo com suas
fotos lúdicas, com cenários extravagantes e temas românticos para as principais
revistas de moda do mundo todo, principalmente a Vogue Britânica, onde
começou a sua carreira há 20 anos atrás. Em 1994, quando ainda estava na
faculdade, Walker trabalhou como assistente de outro grande fotógrafo, Richard
Avedon.
Em 2008, ele recebeu o Prêmio Isabella Blow para Criador de Moda do
Conselho Britânico de Moda. Em 2012, Walker foi nomeado Membro Honorário da
Royal PhotographicSociety. Quem estiver em Londres, pode visitar os museus
Victoria & Albert e o NationalPortraitGallery, que possuem fotografias de Tim
Walker em suas coleções permanentes.
Fonte: http://evelynb.com.br/visoes/moda-cultura/biografia-tim-walker/
61
RODNEY SMITH - http://www.rodneysmith.com/
Fonte: http://www.rodneysmith.com/portfolio
Rodney Smith nasceu em 1947, em Nova York. Trabalha exclusivamente
com fotografia em preto e branco. Estudou Literatura Inglesa e Religião na
Universidade de Virginia, e mais tarde fez mestrado em Teologia na Universidade
de Yale. Foi nessa época que passou a explorar com maior interesse a fotografia.
Dedica-se basicamente à produção de editoriais de moda. Ao longo de sua
carreira, já recebeu mais de 50 prêmios, e atualmente é representado por
diversas galerias ao redor do mundo.
Com uma abordagem que bebe na fonte do Surrealismo, muitas vezes
remetendo às obras de artistas como René Magritte e Salvador Dalí, o fotógrafo
Rodney Smith cria em suas imagens um universo muito particular. Composições
precisas e elementos escolhidos a dedo criam cenários oníricos e sutilmente bem
humorados.
Fonte: http://foto.espm.br/index.php/sem-categoria/o-olhar-surreal-de-rodney-
smith/
62
ERWIN BLUMENFELD - www.erwinblumenfeld.com
Diferente de alguns fotógrafos que descobrem seus dotes na adolescência
ou na idade adulta, o alemão radicado nos Estados Unidos Erwin Blumenfeld
começou a fotografar ainda criança, em Berlim. Nascido em 1897, mudou-se para
Holanda em 1918, onde se envolveu com o movimento Dadaísta. Nesta época
começou a dar seus primeiros passos significativos como fotógrafo e produziu
uma série de colagens que incluia um deboche de Aldof Hitler.
Em 1936, já casado, mudou-se para Paris com sua família e levou seu
portfólio profissional e pessoal (que incluía nus e imagens de arquitetura) para as
revistas Vogue e Harper’sBazaar, sendo bem recebido em ambas.
Foi em Nova Iorque que fortaleceu definitivamente seu estilo. Alguns de
seus recursos técnicos favoritos eram solarização, seda molhada e uso de
sombras e reflexos com ângulos elaboradamente planejados. Seu trabalho
comercial é majoritariamente colorido, influenciado pela pintura clássica e
moderna. Blumenfeld faleceu em Roma em 1969.
Fonte: http://foto.espm.br/index.php/sem-categoria/mestres-da-fotografia-de-
moda-erwin-blumenfeld/
63
OLEG OPRISCO - www.oprisco.com
Fonte: http://www.modayacamim.com.br/blog/a-beleza-na-fotografia-surreal-de-oleg-oprisco/
Aos 16, aceitou um emprego como assistente em um laboratório de
fotografia analógica. Hoje, ele segue um caminho muito interessante fotografando
mulheres em cenários belos e às vezes em situações surreais. Criando uma
atmosfera onírica e surrealista em suas composições, OlegOprisco transpõe para
o papel fotográfico aquilo que poderia ser a poesia tracejada e pincelada numa
tela em branco de um pintor. Inspiradora, as fotografias de Oprisco se conectam
intimamente com a emoção do público e evocam uma reação involuntária de
suspiro. Ainda assim, mesmo aludindo ao universo dos contos de fadas e ao
mundo dos sonhos, não há nada clichê na ode melancólica desse artista.
Apesar de encontrar inspiração em elementos da vida cotidiana, os cliques
do jovem fotógrafo não são nada comuns e logo se nota que o maior desafio a
que ele mesmo se propõe é o de inovar e (se) surpreender constantemente.
Fontes:
http://www.afronte.com.br/o-universo-melancolico-e-surreal-de-oleg-oprisco/
http://www.zupi.com.br/novas-fotografias-de-oleg-oprisco/
64
KRISTIAN SCHULLER - www.kristianschuller.com
Fonte: ht tp: / / lustnat ion.com/kr is t ian-schul ler /
Nascido na Romênia, Kristian estava interessado em desenhar roupas e
fotografia desde a infância. Ele estudou design de moda, quando terminou a
escola e a sua professora era Vivienne Westwood , que teve uma influência muito
forte sobre ele. Ela levou Kristian para Paris, mostrando-lhe o mundo dos desfiles
de moda e a atmosfera da moda de Paris. Após 5 anos de estudo, ele tinha uma
paixão pela fotografia.
Depois de viajar ao redor do mundo como fotógrafo, ele fez de Paris a sua
casa, gastando a maior parte de seu tempo de trabalho em Londres. Seu trabalho
incluiu fotografias para revistas como Vogue
Hellas , HarpersBazaar , Stiefelkonige Vogue Gioiello , fotografando modelos,
incluindo Gisele Buendchen, AmberArbucci e Heidi Klum. Em 2004 o trabalho
fotográfico de Kristian teve destaque na capa do album da banda Duran
Duran Astronaut.
Fonte: http://duranduran.wikia.com/wiki/Kristian_Schuller
65
BEN HASSETT - www.benhassett.com
Fonte: http://www.benhassett.com/
Um dos mais renomados fotógrafos de moda do mundo, Ben Hassett
colabora periodicamente com as edições da revista Vogue de diversos países,
além de fotografar para marcas como Calvin Klein, Bulgari, L’Oreal, Lanvin e Dior.
No post de hoje, apresentamos uma parte importante do seu trabalho: os retratos.
Composições precisas, atenção aos detalhes e o domínio total da iluminação de
estúdio caracterizam suas imagens – muito embora o começo de sua carreira
tenha sido direcionada à fotografia de paisagens.
Sua trajetória como fotógrafo extrapola o mundo da moda e das grandes
marcas e já lhe rendeu espaço em publicações como o The British
JournalofPhotography. Além de fotógrafo, Ben, que tem Paris como base para
seus trabalhos, atua como cineasta – uma faceta que o fotógrafo deixa ver em
algumas de muitas de suas imagens, nas quais algo de cinematográfico ganha
espaço.
Fonte: http://foto.espm.br/index.php/sem-categoria/ben-hassett-a-forca-
expressiva-do-retrato
66
RUVEN AFANADOR - www.ruvenafanador.com
Fonte: www.ruvenafanador.com
Ruven Afanador é um fotógrafo colombiano de renome (nascido em 1959,
em Bucaramanga, Colômbia, vive em Nova York) é um dos fotógrafos de moda
mais procurado mundialmente. Sua extensa obra distingue-se por um classicismo
opulento animada por um ponto de vista irreverente e uma linguagem visual
surpreendente, iluminado pela emoção extravagante de sua herança latino-
americano, temperado por uma elegância requintada. Na idade de quatorze
anos, Afanador mudou para os Estados Unidos para participar de uma faculdade
no estado de Michigan. Ele estudou arte e descobriu a magia da câmera. Em
1987, Afanador viajou para Milão para refinar sua técnica e melhorar a sua
estética. Em ruas e becos, em passos de igrejas e palácios , aprendeu a
enquadrar as imagens em cenários com ricas texturas, uma abordagem conceito
altamente artístico que continua até hoje. Ele chegou a Nova York em 1990 com
um portfólio impressionante e deslumbrou o mundo da moda com o lançamento
de grandes fotos em preto e branco da jovem Ruben e Isabel Toledo na
prestigiosa revista Connosieur .
Fonte: http://www.cadadiaunfotografo.com/2011/08/ruven-afanador.html
67
RICHARD BURBRIDGE - richardburbidge.com
Fonte: www.richardburbidge.com
Richard Burbridge é tecnicamente um dos melhores fotógrafo de moda no
mercado - a fotografia ambiciosa do nativo Reino Unido explora o meio alquímico
da fotografia. Transformando seus súditos - moda, retratista, beleza, e ainda
fotografia da vida - Burbridge subverte o esperado.
Seu trabalho editorial inventiva aparece em várias revistas como Self-
Service, Vogue italiana, iD e V, entre outras. Sua fotografia vida e beleza ainda,
que pode ser visto em campanhas para MAC, Chaumet, Givenchy, Hermes e
Louis Vuitton Óculos, é elegantemente experimental e meticuloso.
Seus retratos das principais figuras culturais de arte, literatura, e de
entretenimento carregam seu estilo fotográfico distinto.
Fonte: http://trendland.com/richard-burbridge/
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PORTFOLIO Nas próximas páginas alguns exemplos do meu trabalho fotográfico
com uma linguagem visual usando a referência do surrealismo.
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Fotografia: Francis Farago
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Fotografia: Francis Farago
Fotografia: Francis Farago
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Fotografia: Francis Farago
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Fotografia: Francis Farago
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Fotografia: Francis Farago
Fotografia: Francis Farago
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Fotografia: Francis Farago
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Fotografia: Francis Farago
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Fotografia: Francis Farago
Fotografia: Francis Farago
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Fotografia: Francis Farago
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Fotografia: Francis Farago
Fotografia: Francis Farago
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos concluir com essa leitura, que além de seu caráter de
documentar o real, a fotografia passa a ter uma percepção mais ligada ao campo
da pintura ou das artes visuais propriamente dita, ou seja a busca pelo imaginário
e imaterial. O surrealismo influenciou muito na fotografia de moda, registrando o
limite entre o real e o imaginário. Esses paradoxos contribuíram não apenas nas
formas das roupas, mas de sua representação imagética nos anúncios e editoriais
de moda.
A arte moderna e contemporânea teve um papel muito importante tanto na
fotografia quanto na moda. Primeiro a arte saiu dos museus, ateliês e galerias e
foi para as ruas através dos estilistas de moda e registrados pelos fotógrafos, logo
após, os fotógrafos de moda foram absorvidos pelo mercado de arte. A fotografia,
a arte e a moda sempre evoluíram de forma parecida, através da produção,
estilos, conceitos e finalmente através da informática e seus recursos digitais. A
moda e a arte através de um apelo subjetivo, retratam, sentimentos e sensações
que o fotógrafo transmite através de seu olhar criativo. Enfim, a composição
visual artística de uma fotografia de moda, pode ser muito importante, pois além
dos conhecimentos técnicos de câmera, lentes e luzes, a escolha do tema, do
visual e do ambiente são fundamentais para o sucesso do projeto. Criar um visual
fantasioso que cause impacto, que tenha uma carga de sedução e um desejo por
trás da imagem, podem ser essenciais para alavancar vendas ou destacar a
marca de um produto.
A área de moda está sempre em movimento. Pode-se trabalhar tanto com
ensaios para modelos profissionais quanto para pessoas comuns que gostam de
ser fotografadas, além dos desfiles. Em termos de ganho financeiro, uma média
de R$ 3.000,00 a R$6.000,00 por mês é ideal para se manter pensando nos
equipamentos e seu desgaste.
80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SONTAG S. - Sobre fotografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
DUBOIS, Phillip - O ato fotográfico e outros ensaios, 1998.
LIPOVETSKY, G. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades
modernas. Cia das Letras, 2009.
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de moda, 2008, editora SENAC
http://temnafotografia.blogspot.com.br/2010/07/historia-da-fotografia-de-
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http://iphotochannel.com.br/sem-categoria/um-historico-rapido-da-fotografia-de-
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do.html
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a-moda - acesso em 07/11/2016.
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http://photos.com.br/surrealismo-na-fotografia/
https://revistas.ufrj.br/index.php/eco_pos/article/view/954/894
81
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http://www.mulhersingular.com.br/2015/04/18-anos-90-historia-da-moda/
82