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_11 Anna Maria Tammaro Alberto Salarelli A Biblioteca Digital Tradução de Antonio Agenor Briquet de Lemos U.F.M.G. - BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA 1111111111111111111111111 117831107 NÃO DANIFIQUE ESTA ETIQUETA CÓPIAS: 1 PROF.:Ça,Y1 DISC.: (Q DATA: / BRIQUET DE LEMOS LIVROS BIBLIOTECA "PROF." ETELVINA LIMA" 1 a ta-, a rs

A Biblioteca Digital - Cap 12

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Page 1: A Biblioteca Digital - Cap 12

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Anna Maria Tammaro

Alberto Salarelli

A Biblioteca Digital

Tradução de Antonio Agenor Briquet de Lemos

U.F.M.G. - BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA

1111111111111111111111111117831107

NÃO DANIFIQUE ESTA ETIQUETA

N° CÓPIAS: 1

PROF.:Ça,Y1 •

DISC.: (Q

DATA: /

BRIQUET DE LEMOSLIVROS

BIBLIOTECA "PROF." ETELVINA LIMA"1 a ta-, a rs

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. .Problemas jurídicos e econômicos

da biblioteca digital

AS PESQUISAS SOBRE biblioteca digital e a experiência até agoraacumulada demonstraram dois aspectos problemáticos ligadosao contexto sociopolítico: respeitar os direitos de propriedadeintelectual no ambiente digital e enfrentar uma cultura econô-mica para a qual o valor está na escassez dos recursos. Para res-peitar os direitos de propriedade intelectual é preciso controlaros acessos à informação. As bibliotecas digitais devem, ademais,organizar alguns serviços para obter reembolsos e autorizações,que não eram necessários no mundo dos impressos.

Os problemas legais_ da biblioteca digital incluem:

• o conhecimento exato de quem detém os direitos de proprie-dade intelectual do recurso digital e de qualquer software quefaça parte integrante do serviço, para o uso desse mesmo re-curso;1

• as condições contratuais das licenças de uso ligadas ao recur-so digital ou ao equipamento e programas necessários parater acesso ao recurso;

• a proteção da privacidade do autor ou da instituição produto-ra, do recurso;

• a atenção no sentido de preservar a integridade do texto oude toda obrigação legal relativa à autenticidade de determi-nados recursos.

No desenvolvimento das bibliotecas digitais estão tambémimplícitos alguns problemas econômicos.r0 primeiro deles refe-

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re-se, naturalmente, ao problema dos custos, uma vez que as bi-bliotecas digitais exigem um investimento constante, que é pre-ciso garantir ao longo do tempo. Outro problema decorre do fatode que grande parte da edição digital usa a intemet para a disse-

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minação de seus produtos e isso Mudou' notavelmente os mode-los econômicos de precificação. Além disso, foram criados mo-delos alternativos abertos (ou, se quisermos, revolucionários) deedição digital e serviços disponibilizados gratuitamente e issotem um forte impacto nas bibliotecas digitais.

Direitos de autor

Os problemas jurídicos dependem das diversas legislações naci-onais e, portanto, os comentários aqui feitos referem-se apenasaos conceitos básicos e gerais.

Os direitos de propriedade intelectual abrangem a proprie-dade literária e científica (o direito de autor e os direitos conexos,ou, em ambiente anglo-saxão, o copyright ou direito de reprodu-ção), a propriedade industrial (patentes, marcas, segredos indus-triais), mas é sobretudo o direito de autor e o direito de reprodu-ção que interessam às bibliotecas digitais.

Os direitos autorais estabelecem o equilíbrio entre os direitosdo autor, do editor e os direitos do usuário: a nova tecnologiacolocou em crise o equilíbrio antes conquistado e tornou maisaguda a tensão entre as partes. Os editores, embora se mostremcompreensivos, na realidade procuram tomar mais rígido o con-trole do direito de autor. Os usuários, ao contrário, alimentamexpectativas opostas: gostariam de ter tudo disponível no com-putador em sua escrivaninha, a possibilidade de fazer buscas semter de passar pelos processos de registro para ter acesso e, locali-zado o documento que lhe serve, obter o texto completo em li-nha, tudo sem qualquer pagamento ou quase isso. As posiçõesparecem, portanto, muito distantes para se chegar a um pontode equilíbrio. Os sistemas de segurança para acesso a recursosprotegidos pelo direito de autor não servem apenas para impe-dir o uso não-permitido, mas atendem também a outra exigên-cia: a de garantir a autenticidade e autoridade do objeto digital.

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A gestão dos direitos de autor é um problema muito comple-xo, também do ponto de vista técnico, e está no centro de umamplo debate. Os recentes acontecimentos em torno dos direitosautorais mostraram o aumento de sua duração para 70 anos (avida média de uma pessoa, mais vinte anos), uma proteção espe-cial para as bases de dados, a extensão da proteção aos materiaisdigitais. Os direitos morais da obra pertencem ao autor e sãoinalienáveis. Abrangem também o direito de não ter atribuídas asi obras que não foram criadas pelo autor e de proibir eventuaisrenúncias ao direito de autor em favor das editoras.

São protegidas pelos direitos autorais as obras literárias, pe-ças teatrais, composições musicais, filmes e espetáculos de tele-visão. Em alguns países são também protegidas as obras em cur-so de publicação. Como obras literárias entende-se qualquer obraimpressa ou em formato legível por máquina, inclusive progra-mas de computador, bases de dados, periódicos eletrônicos,cederrons, OPACs, qualquer documento colocado na internet, in-clusive o correio eletrônico e os sítios da Rede. Um fato isoladonão é protegido pelo direito autoral, como, por exemplo, umaúnica descrição bibliográfica, que, fora do contexto do catálogo,é um fato isolado.

As atividades controladas, isto é, proibidas ou permitidas emcertas condições, são: a cópia, a difusão pública, o empréstimo(com exceção das bibliotecas, que são autorizadas), a representa-ção da obra para o público, a transmissão pela televisão, a adap-tação ou manipulação (por exemplo, a conversão para formatodigital). Quem executa essas atividades sem autorização infrin-ge o direito autoral. A infração pode ser direta ou indireta; porexemplo, é indireta para quem administra sem os controles ade-quados a observância dos direitos de autor, que assim não sãorespeitados. O diretor de uma biblioteca é imputável se, consci-entemente, houver contribuído para que houvesse lima infraçãoao direito de autor, ou se sabia que alguém estava cometendo talinfração e nada houvesse feito para impedi-lo. Para que se confi-gure a infração é preciso que haja sido feita uma cópia não-auto-rizada da obra ou de uma parte substancial dela. Neste caso, en-tende-se por substancial uma parte mesmo que mínima, mas que

seja essencial à própria obra. As penalidades para as infraçõessão comumente de natureza financeira, mas, em casos raros, ca-racterizam uma infração ao direito penal. O detentor dos direi-tos de autor, para poder afirmar que foi vítima de dano, deverádemonstrar que, como consequência da infração, perdeu dinheiroou sofreu outras consequências quantificáveis.

Não haverá biblioteca digital se não for resolvido o problemados direitos autorais. As pesquisas sobre bibliotecas digitais en-frentaram dois tipos de problema. O primeiro refere-se ao que éincluído na obediência aos direitos de propriedade intelectual.Por exemplo, as exceções, das quais usufruem as bibliotecas, seestendem aos objetos digitais? Será preciso ter autorização e pa-gar para estabelecer um vínculo hipertextual com um recursodigital? Para poder responder a essas questões existem pressõesno sentido de fazer mudar a legislação. O segundo problema dizrespeito à proteção contra usos não-permitidos do recurso digi-tal. Vem-se procurando resolver esse problema por meio de me-didas técnicas de controle dos acessos como a gestão dos direi-tos digitais (digital rights management (DRM)).

Para coibir a infração aos direitos de autor há duas possibili-dades: as licenças e as exceções.

As licenças, por iniciativa das bibliotecas reunidas em con-sórcio, tornaram-se uma espécie de normalização das condiçõesde uso, à falta ainda de uma clara regulamentação dos direitosde autor no ambiente digital. Muitas são as iniciativas em cursorelacionadas às licenças que, de início, foram malvistas pelos bi-bliotecários. No entanto, representam atualmente o único modode alcançar um mínimo de sistematização enquanto se aguardaa atualização da legislação sobre direitos autorais. As bibliotecasgostariam de ter uma só contraparte, uma agência que represen-tasse todas as editoras, mas isso no momento não é possível.

As licenças começam com o acordo entre autores e editoras,no momento da assinatura do contrato de edição, Enquanto an-tigamente os autores concediam todos os direitos comerciais daobra às editoras, atualmente, pressionados pelas universidadese pelas instituições de pesquisa de que dependem, todos os con-tratos exigem da editora a proteção dos direitos do autor em prol

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dos interesses das instituições, por exemplo, resguardando apossibilidade de uso da publicação nos sítios das universidades,pelo menos durante o período que decorre entre a submissão domanuscrito e sua publicação. Este acordo inicial entre autor eeditora' tem consequências importantes no modelo de-licença,pois o contrato entre uma biblioteca e a editora pode ser influen-ciado por ele.

Os aspectos importantes que devem estar presentes em umalicença são:

• definição de usuário autorizado: todo o pessoal da instituição,independentemente de onde esteja localizado, deveria poderacessar os recursos;

• usos permitidos: poderiam, por exemplo, ser previstas, comousos permitidos, cópias para o fornecimento de documentos(se forem imediatamente destruídas após utilizadas) e mate-rial destinado ao ensino (limitado ao ' período do curso);

• usos proibidos;• deveres do contratante;• a conservação;• o término do contrato: o término pode sser automático ou exigir

aviso por escrito;• a instância de julgamento em caso de conflito de interesses.

Quando a licença é omissa, vale a legislação vigente. As exce-ções aos direitos de autor referem-se ao livre uso por pessoasfísicas que sejam autorizadas a fazer uma cópia (às vezes, maisde uma) de uma obra no caso de ocorrerem as seguintes situa-ções: 1) a cópia não prejudica os legítimos interesses comerciaisdo detentor dos direitos; 2) a cópia se destina a uso pessoal comuma finalidade determinada; 3) a cópia não será comercializada.Os objetivos para os quais se permite fazer uma cópia são quan-do ela se destina ao ensino, à pesquisa científica,' ao estudo, àrecensão e à crítica literária, a crônica 'de eventos isolados. Asbibliotecas constituem uma exceção especial que permite quefaçam cópias dentro dos limites indicados. Em âmbito internaci-onal o direito de autor é regulado pela convenção de Berna que

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oferece proteção recíproca aos Estados. Para estabelecer a legis-lação nacional, a ser aplicada caso a caso, o que conta não é ondea obra foi criada mas onde ocorre a infração.

Muitos são os problemas causados no ambiente digital pelasquestões relacionadas aos direitos autorais. As publicações digi-tais são fáceis de copiar e manipular o que torna difícil o contro-le. Uma cópia digital é sempre de ótima qualidade e, principal-mente, mais barata do que uma fotocópia. Os países contam comvárias normas jurídicas, mas as cópias digitais ultrapassam mui-tas vezes as fronteiras nacionais. As leis sobre multimídia vari-am de um país para outro. Como resolver, por exemplo, o pro-blema de uma cópia transmitida de um sítio num computadorna Arábia Saudita por alguém que esteja no Reino Unido e que,no entanto, nada copia em seu computador? Muitas vezes é im-possível identificar o detentor dos direitos.

Estão protegidos os direitos de autor de todas as publicaçõesdigitais. Mesmo as publicações disponíveis gratuitamente nainternet, como o AltaVista, as FAQs (perguntas mais comuns), aslistas e as páginas da Rede, estão protegidas, embora isso nãoseja declarado expressamente. Os URLS e os endereços de e-mail

são considerados simples fatos e não são protegidos. A leitura é sempre permitida, a cópia é permitida apenas para estudo e pes-quisa, a disseminação precisa de autorização, o uso comercialdepende de autorização. Os vínculos hipertextuais são permiti-dos se forem simples, ou seja, limitados ao nome do recurso eseu endereço, não sendo consentido criar vínculo se houver in-clusão do texto. O estabelecimento de vínculos não é permitidopara as páginas internas, mas somente para a página inicial (honrepage). Não existe licença de uso implícita. Se, transcorridas duassemanas da data em que o pedido de autorização foi formuladonão houver chegado resposta, considera-se que a resposta é ne-gativa.

As pesquisas sobre as questões do direito de autor nas biblio-tecas digitais enfrentam dois tipos de problemas. O primeiro dizrespeito ao que é abrangido no respeito aos direitos de proprie-dade intelectual. Os vários problemas encontrados nesse casosão, por exemplo:

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• assegurar-se que um objeto digital seja ou não de domíniopúblico;

• obter uma licença de uso ou autorização para usar um recur-so;

• determinar quem é o detentor dos direitos de determinadaparte (por exemplo, uma fotografia) dentro de um recurso;

• aplicar uma das exceções previstas, como, por exemplo, ra-zões de estudo e pesquisa;

• incluir um vínculo hipertextual para um recurso na intemet.

Oppenheim3 adverte para sermos prudentes. Por exemplo, asexceções de que gozam as bibliotecas tradicionais no caso doslivros impressos se estendem aos objetos digitais? É preciso serautorizado e pagar para criar um vínculo hipertextual com umrecurso digital? Por exemplo, há um debate em curso sobre osdireitos de propriedade do material criado para a educação adistância. Uma regra geral é que o responsável por uma bibliote-ca digital deveria sempre assegurar-se de ter uma liberação porparte dos interessados, mesmo que isso custe tempo e dinheiro.

O relatório European Museum's Information Institute (Emfi)Distribution Content Framework (DCF) recomenda que:

Toda instituição cultural, antes de iniciar um projeto próprio de digitaliza-ção, deverá levar em consideração diversos aspectos de cunho político, entreos quais podemos lembrar: o equilíbrio entre acesso público à informação ea proteção dos direitos; a questão de se o projeto deve estabelecer com to-das as partes em causa relações de tipo comercial ou com base na recipro-cidade, pelo menos no que tange às instituições culturais; a gestão das di-vergências de opinião no seio da instituição cultural (os conteúdos são di-gitalizados para gerar receita ou, ao contrário, para garantir o acesso gra-tuito a esses conteúdos).

O segundo problema diz respeito à proteção contra usos nãopermitidos do recurso digital. A solução para isso vem sendobuscada com medidas técnicas de controle do acesso por meiode programas apropriados. A possibilidade de controle automá-tico das cópias digitais não-autorizadas é gerenciada por siste-mas chamados ECMS (Electronic Copyright Management Syste-ms).4 Trata-se de sistemas complexos que exigem obrigatoriamen-

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te o registro mediante uma senha pessoal, muitas vezes ligadosa sistemas de comércio eletrônico. Infelizmente estes sistemasmuitas vezes desestimulam o uso dos recursos. Além disso sãoonerosos mesmo para as bibliotecas digitais, que se veem com aincumbência de administrar uma quantidade enorme de traba-lho. As bibliotecas digitais devem, por exemplo, aplicar um sis-tema de controle que se integre com os sistemas de gestão dabiblioteca, devendo ter o cuidado de que o sistema escolhido seadapte ao .formato dos recursos digitais selecionados para faze-rem parte do acervo.

As bibliotecas digitais, no caso de recursos que possam seracessados externamente, devem transmitir aos detentores dosdireitos relatórios periódicos sobre o uso e os usuários dos re-cursos, tendo a cautela de preservar o anonimato e respeitar aprivacidade das pessoas. Para as bibliotecas é difícil, portanto,administrar o acesso à informação em face da diversidade deobrigações estabelecidas nas diferentes licenças. Por esse moti-vo, as bibliotecas digitais são contrárias à utilização de sistemasECMS. Seria preferível uma agência única (clearinghouse) para anegociação' de licenças e o pagamento de direitos. Ademais, nãose pode dizer que algum dos programas de computador dispo-níveis atualmente para o controle automático seja realmente ope-racional. Existe, portanto, uma convicção disseminada segundoa qual o controle do direito de autor é mais um problema deeducação dos usuários com relação ao direito de propriedadeintelectual ;e de colaboração efetiva com os editores.

Um estudo da União Europeia' sobre o direito autoral de do-cumentos transmitidos por via eletrônica analisa os vários pro-blemas dos sistemas ECMS. No caso dos documentos digitais po-dem vir a ser utilizados processos de marcação das fontes ecriptografia dos documentos. A forma mais simples de controleautomático é a que coloca em todo documento digital a declara-ção de direito autoral. No caso de acesso remoto ao sítio das edi-toras esse 'tipo de controle poderá ser facilitado, contudo nãogarantirá que a cópia do documento venha a ser usada, uma vezque ela seja transmitida pelo computador do usuário. Mesmo adecisão de imprimir a declaração de direito autoral em todas as

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páginas poderá acarretar problemas, como a necessidade de di-versos sistemas que saibam interoperar. Do mesmo modo, docu-mentos totalmente criptografados precisarão de terminais adap-tados para a leitura ou de um suporte central de gestão.'

No ambiente digital, é necessário traduzir todas as normaslegais sobre direito de autor para uma linguagem que seja com-preensível pela máquina e que, do mesmo modo, empreguem alinguagem jurídica própria a fim de evitar equívocos quanto àslicenças acordadas. Isso implica a necessidade de inserir na es-trutura do documento digital os metadados7 que expressem osdireitos de propriedade dos objetos digitais, de quem os detém eas condições acordadas nas licenças de acesso.

Creative Commons

O atual sistema de direito de autor, junto com os mecanismosECMS, foi estudado para prevenir os usos não-permitidos. Demodo inovador, o movimento Open Access introduziu no deba-te sobre direito autoral um elemento de ruptura: as licenças OpenContent, 8 hoje superadas pelo movimento Creative Commons.9

A iniciativa Creative Commons, surgida em 2001, liberou umconjunto de 11 licenças de direito autoral que foram colocadaspara uso público e que permitem aos autores compartilhar suaspróprias obras, seja destinando-as inteiramente ao domínio pú-blico seja conservando os direitos de utilização econômica, masoferecendo uma licença de uso livre para determinados fins esob certas condições.

As restrições e condições previstas se subdividem em quatrocategorias e se referem à:

• citação do autor ou atribuição (attribzition);• utilização para fins não-comerciais (non commercial);• limitação de reutilização para obras derivadas (non derivntive);• integração da obra numa ou várias obras coletivas (share alike).

Antes de poder acessar algum conteúdo, o usuário deverá acei-tar explicitamente os termos e condições de uso. As licenças

Creative Commons são utilizadas pela Open Archives Initiative(oAI). No modelo OAI, as licenças Creative Commons destinam-se a declarar os usos permitidos dos objetos digitais e foram es-tudadas para comunicar com os usuários finais, com os patroci-nadores e com as máquinas. Consistem num esquema de meta-dados e são utilizadas junto com uma linguagem de máquinadenominada ODRL (Open Digital Rights Language).

Proteção dos dados pessoais

A legislação sobre privacidade (proteção dos dados) prevê algu-mas regras básicas: se possuímos dados pessoais em formato ele-trônico, que permitem a identificação de alguém, deveremos: 1)levar ao conhecimento do interessado quais os dados que possu-ímos a seu respeito; 2) solicitar ao interessado autorização parauso dos dados; 3) cancelar o que não puder ser conservado. Epreciso distinguir entre informação confidencial e informaçãopública, o que muitas legislações não fazem. Os dados não po-dem ser transferidos de um país para outro.

As implicações para a biblioteca referem-se a muitos dos da-dos atualmente utilizados como os OPACs, as bases de dados bi-bliográficos, os periódicos eletrônicos, os sítios da Rede visita-dos, as mensagens recebidas e enviadas de correio eletrônico, aslistas, os dados sobre empréstimos, encomendas, empréstimo in-terbibliotecário e outros mais. Os bibliotecários devem, portan-to, informar-se sobre a legislação vigente, a fim de que não sevejam envolvidos em alguma infração.

Autenticidade

Como a informação digital é facilmente manipulada, um outroproblema jurídico para as bibliotecas digitais diz respeito à ga-rantia de autenticidade do recurso. Entende-se por autenticidade:

• que o recurso digital se mantenha inalterado em relação aooriginal;

• que seja exatamente aquilo que afirma ser;

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• que sua representação seja fidedigna e respeite determinadasregras.

Na biblioteca tradicional, a autenticidade das fontes era ga-rantida por um conjunto de características físicas. No caso derecursos digitais, que são substitutos de recursos impressos cor-respondentes, a questão da autenticidade se combina com a darepresentação. Com o acesso em rede se ampliando a qualquerlocal e a proliferação dos recursos, o problema da autenticidadetorna-se ainda mais complexo. Além do mais, em ambiente digi-tal, é até difícil definir o que é publicação, uma vez que podemser assim consideradas também obras que jamais serão transmi-tidas por processo editorial, como as pré-publicações (pre-prints).

Existem pelo menos três maneiras para garantir a autentici-dade de um recurso digital:

• métodos de certificação pública, como a criação de repositóri-os de materiais protegidos pelo direito autoral, o registro deidentificadores unívocos, a publicação da chave criptográficado documento, a definição de metadados para a declaraçãode autenticação;

• métodos 'secretos' ligados, por exemplo, à aplicação de mar-ca d'água digital (zvatermarking), à criptografia, às assinaturasdigitais;

• métodos funcionais, como a encapsulação física, agentes ati-vos ocultos.

Os métodos mais difundidos de comprovação de autenticida-de são a marca d'água digital e a assinatura digital. A marcad'água digital consiste na inclusão no arquivo de uma marcapermanente que pode depois servir para comprovar a origem deuma imagem ou quem detém os direitos sobre ela. Isso é conse-guido geralmente por meio da integração da marca d'água nosdados da imagem, de tal modo que se torna praticamente im-possível removê-la. As marcas d'água podem ser visíveis, invisí-veis ou uma combinação de ambas as possibilidades. Em todocaso, a marca d'água é colocada de maneira que a distorção da

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imagem original seja mínima. As marcas d'água invisíveis de-vem impedir recorte, rotação, compressão ou alteração da imagem.

Depósito legal

Uma diferença (ou melhor, uma complicação) no que tange àsbibliotecas tradicionais refere-se ao depósito legal. Não existe defato, salvo exceções, lei alguma que obrigue o produtor de docu-mentos digitais a transmitir uma cópia do recurso a determina-da instituição, como, por exemplo, a biblioteca nacional. O de-pósito legal das publicações digitais é portanto voluntário. NaEuropa, a Conferência dos Bibliotecários das Bibliotecas Nacio-nais Europeias (CENL) e a Federação dos Editores Europeus (FEP)aprovaram-uma declaração conjunta nesse sentido.

A finalidade do depósito legal é garantir a preservação do re-curso por tiin longo período. Deve, porém, ser também garanti-da sua acessibilidade. Na Itália, depois da aprovação da recentelei 106/2004 e da regulamentação que entrou em vigor em 2006, aobrigatoriedade do depósito legal foi estendida a todos os tiposde produtoeditorial "qualquer que seja o processo de produção,de edição rOu de difusão". Também os documentos digitais setornaram, Portanto, objeto de depósito, com a intenção de ga-rantir o acesso a eles ao longo do tempo. Permanecem, no entan-to, algumas incertezas quanto aos destinatários das cópias obri-gatórias, além da Biblioteca Nazionale, e às dúvidas quanto àmodalidade de depósito dos documentos digitais, que ainda nãofoi definida.

Mais complexo é o depósito das páginas da Rede. Na Itália,onde isso foi previstom em lei, a Biblioteca Nazionale Centralefaz parte d.o Consórcio Internacional para a Conservação daInternet (0?c) e o depósito é efetuado por meio de busca auto-mática (harvesting).

Modelos econômicos de difusão da comunicação científica

O comércio de objetos digitais constitui uma área muito dinâmi-ca de pesquisa e desenvolvimento, que atualmente vem testan-

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do várias modalidades de atuação. Por exemplo, sistemas de co-mércio eletrônico implementados por meio de um intermediá-rio para os micropagamentos, ou os sistemas preferidos pelaseditoras de assinaturas e_ contas abertas, equivalentes às licen-ças. Esses desenvolvimentos comerciais' interessam também àsbibliotecas digitais, que, para poderem assegurar a sustentabili-dade dos projetos, devem disponibilizar seus serviços a preçosde mercado»

A indústria editorial tradicional baseava-se no conceito devenda de exemplares, com as receitas sendo distribuídas entre aeditora e em parte ao autor. A edição digital apresenta grandesdiferenças, entre as quais assinalamos: o acesso ou o download deum recurso não podem ser considerados cópias [exemplares],mas as licenças prescrevem o tipo de uso permitido. As editorasobtêm consideráveis economias na criação e difusão do docu-mento, que poderiam acarretar grandes vantagens para os leito-res. Para reorganizar a edição tradicional nesse novo ambientedigital foram experimentados diversos modelos de precificação,que procuram implantar uma mudança em comparação com omodo de venda tradicional.

As principais mudanças são percebidas na edição científica.O sistema tradicional de difusão da comunicação científica, ba-seado essencialmente nos periódicos científicos, está atualmenteem crise por causa do aumento insuportável dos custos das assi-naturas. A criação de conhecimentos científicos, sua dissemina-ção e sua utilização constituem um empreendimento de vultoque demanda muitos recursos. Os autores e seus leitores certa-mente acham conveniente o sistema de 'comunicação científica,ou então não perderiam seu tempo, uns a escrever e outros a ler.Do mesmo modo, o sistema de difusão dos periódicos científicosdeve ser econômico, em relação às despesas feitas pelos autorese os leitores. Enfim, o processo de busca e recuperação da pro-dução científica deve diminuir o tempo e o esforço exigidos dosautores e leitores.

Muitos autores' têm afirmado que a edição digital poderásalvar a comunicação científica da crise atual, embora a experi-ência inicial dos periódicos eletrônicos haja revelado que essa

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era uma expectativa ilusória, num mundo dominado pelos gran-des conglomerados editoriais. De fato, a realidade tem mostradoque as economias não são as previstas, pois o que foi economiza-do ao ser suspensa a publicação em papel (cerca de 25 , a 35% docusto total) foi empregado pelas editoras no aperfeiçoamento datecnologia necessária para os serviços de acesso, que elas gosta-riam que fossem cada vez mais prestados sem a mediação dasbibliotecas.

Uma mudança verdadeiramente revolucionária foi o surgi-mento e a difusão de conteúdos científicos de qualidade, com-pletamente gratuitos para o usuário final, e que abrangem tantoa produção de arquivos abertos e repositórios institucionais aca-dêmicos quanto os serviços de informação (portais temáticos,serviços de referência) oferecidos por algumas instituições cien-tíficas. Alguns pioneiros dos repositórios institucionais' chega-ram a argumentar que a informação científica poderá estar dis-ponível gratuitamente na internet ou a custos muito mais baixosdo que atualmente. Os arquivos de pré-publicações, a começarpelo primeiro, desenvolvido no Los Alamos National Laboratory,nos EUA, pelo físico Paul Ginsparg, oferecem acesso eficiente e

—econômico a milhões de artigos, de modo alternativo à difusão,—às vezes clandestina, dos mesmos artigos por meio de fotocópi-as, empréstimo interbibliotecário, fornecimento de documentose pré-publicações distribuídas pelos autores aos colegas.

Muitas das pesquisas sobre modelos econômicos estão con-centradas nos periódicos eletrônicos. Os preços deles foram, emespecial, objeto de análises feitas pelo projeto PEAK,' 4 realizadopela University of Michigan e pela Elsevier, como uma evoluçãodo projeto TULIP, que fora concluído, e que abrangia 1 110 títulosde periódicos científicos. O PEAK pesquisou tanto o uso das di-versas oportunidades oferecidas pelos sistemas de acesso aos do-cumentos digitais, alternativas aos sistemas tradicionais, quantoas diferentes modalidades de preço do comércio eletrônico. Aspossibilidades de aquisição previstas pelo projeto eram três: 1)assinatura generalizada com licença de uso de um subconjuntode 120 artigos de periódicos eletrônicos, 2) assinatura tradicio-nal com acesso ilimitado aos artigos dos periódicos que corres-

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ti

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pondem à versão impressa de periódicos da Elsevier; 3) paga-mento por artigo pelo usuário individual por um preço fixo. Aexperiência mostrou que o modelo preferido pelas bibliotecasera a assinatura generalizada apenas dos periódicos mais con-sultados. Além disso, foi possível estudar o comportamento dousuário por meio de relatórios estatísticos mensais que registra-vam o número de usuários que usavam o sistema, os tipos deuso dos recursos disponíveis, o número de acessos por artigo deperiódico visto e impresso.

Vários novos modelos econômicos para a comunicação cien-tífica foram propostos e testados:"

1) modelo de publicação não-comercial;2 modelo de publicação sob demanda;3) modelo de instituições não-lucrativas;4) modelo centralizado.

Modelo editorial não-comercial

O conceito que serve de base a este modelo foi bem descrito porAnderson:

As universidades criam a informação científica, as universidades são con-sumidoras de informação científica; por isso, as universidades deveriamexperimentar as possibilidades da Rede para distribuir e gerir a própriainformação."

Autores e pesquisadores com frequência não recebem remune-ração pelo que escrevem; ao contrário, devem esforçar-se paraconseguir a publicação de um trabalho e às vezes contribuir paraas despesas de publicação. Por que não retomar para si a propri-edade e o controle dos produtos da pesquisa? A mudança funda-mental diz respeito aos direitos de usufruto comercial da obra,que atualmente são cedidos gratuitamente às editoras. As alter-nativas possíveis para a situação atual são: as universidades com-partilharem a propriedade intelectual daquilo que pagam paraser produzido, ou proibir a cessão incondicional do direito deautor a terceiros. Uma editora universitária, nas duas alternati-

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vas possíveis, poderia entrar em contato com as pessoas que fa-riam a avaliação dos originais e acelerar o processo de publica-ção. Muitos autores afirmam que a comunicação científica pode-ria estar acessível livremente na internet. Outros, ao contrário,discordam, desse modelo por causa das implicações legais daspublicações científicas nos concursos para progressão na carreira.

As universidades, associações científicas e outras instituiçõesde pesquisa procuram implantar um sistema de publicação queexclua as editoras comerciais. Tal modelo prevê que:

• os resultados dapesquisa científica sejam publicados direta-mente pelas universidades, associações científicas ou outrasinstituições de pesquisa, que compartilhem o objetivo de di-fundir a informação em todo o mundo e a custos razoáveis;

• a internet se tome o canal principal para a difusão das publi-cações eletrônicas na maioria das disciplinas;

• as bibliotecas de pesquisa poderiam ser os nós primários deacesso e ' os repositórios para a conservação de publicaçõesimpressas e coleções eletrônicas produzidas pela instituição;

• algumas editoras teriam uma licença para venda, onde hou-ver mercado, a pesquisadores individuais; editoras universi-tárias eassociações científicas teriam prioridade para publi-car compilações especiais, índices ou outros produtos de va-lor agregado.

A informação publicada permanece como propriedade dosautores, das universidades e associações científicas que tenhamfinanciado a pesquisa e realizado a obra. O controle da ediçãodigital em rede será gerida pelas próprias universidades e asso-ciações, porém o sistema técnico e as políticas de comunicaçãocientífica necessárias para esse modelo deveriam surgir do con-senso e da coordenação entre universidades, associações cientí-ficas e de pesquisa. Cada universidade deverá estar ligada a edi-toras de outras universidades mediante uma estrutura de coor-denação. O resultado disso seria uma rede de unidades autôno-mas que publicariam pesquisas originais e que, de forma autô-noma ou em conjunto, por meio de uma agência ou associação

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comum, negociariam as licenças para publicações comerciais enão-comerciais. O apoio a esse modelo não-comercial de difusãoda comunicação científica deve vir dos rriáis altos níveis da ad-ministração universitária e abranger um amplo setor de institui-,ções de pesquisa públicas é privadaS.

A pressão para adotar o modelo não-,comercial é devida aosaltos preços cobrados pelas editoras. As bibliotecas e as comuni-dades científicas devem cooperar em prol do desenvolvimentode novos serviços. As bibliotecas, por exémplo, podem publicaras pré-publicações e podem garantir o acesso e a conservaçãodas publicações.

Modelo de publicação sob demanda

Este é o modelo preferido das editoras, que tratam de eliminaros outros intermediários na cadeia da difusão da comunicaçãocientífica, munindo-se de um sistema de acesso direto a suas pró-prias coleções digitais. O modelo disso está numa transformaçãodo atual sistema de difusão da comunicação científica. Os auto-res continuam a submeter seus trabalhos às editoras a fim dedelas receber assistência ,no_processo editorial e na difusão. Aseditoras distribuem os trabalhos científicos pela internet, rece-bendo pagamento de todo aquele que vier a fazer uso dessestrabalhos. As editoras podem dirigir-se diretamente aos usuári-os finais ou continuar a usar as bibliotecas. como canais interme-diários de difusão. O pagamento será cobrado segundo váriosníveis dos documentos, conforme o usuário solicite uma obracompleta ou uma parte dela.

Neste modelo fica indefinida a função de arquivamento e con-servação no tempo, pois as editoras poderiam achar inconveni-ente continuar mantendo material que não seja mais solicitado.Uma solução possível para isso seria as editoras se aliarem a al-gumas bibliotecas, as quais garantiriam o acesso aos documen-tos ao longo dos anos.

Nelson'' afirma que os próprios usuários finais estimularão oêxito desse modelo, que é muito parecido com o atual sistema dedifusão da comunicação científica. Os bibliotecários, ao contrá-

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rio, se opõem a esse modelo por causa da possibilidade de seagravar a diferença entre ricos e pobres no acesso à informação.

Modelo de . instituição sem fins , lucrativos

Uma organização sem fins lucrativos, como um instituto, umaclearinghouse ou uma associação, poderia ser a infra-estruturacentral com a função de representar o único local de negociação,normalização e eliminação de duplicações desnecessárias. O ob-jetivo deste modelo é promover o acesso universal à comunica-ção científica. Com o apoio das universidades, uma instituiçãosem fins lucrativos poderia negociar com as editoras e estabele-cer um acordo quanto a alternativas ao sistema de direito auto-ral, a fim de implantar um modelo-padrão de licença e para ob-ter uma organização dos instrumentos de acesso que fosse con-veniente para todos.

-Modelo centralizado

Este modelo prevê a criação de uma coleção centralizada de re-cursos digitais.--Toda-publicação científica será depositada numabase de dados central, adequadamente catalogada e integradacom as outras publicações. Neste modelo, a base de dados é fi-nanciada por uma instituição pública, a fim de garantir o acessouniversal às publicações científicas, ou por editoras ou fornece-dores que permitam aos assinantes o direito de pesquisar e trans-mitir artigos.

O problema principal deste modelo é encontrar a organiza-ção, pública ou privada, que assuma responsabilidade por ele. Ovolume de consultas, no entanto, poderia tornar o sistema insus-tentável para o tráfego em rede.

As publicações digitais criadas comercialmente podem ter umciclo de vida que influi na cadeia da criação, gestão, uso e con-servação do recurso. Os retornos necessários para os investimen-tos nos recursos digitais exigem uma infra-estrutura de gestãodos direitos de autor para o controle do acesso ao recurso, a iden-tificação dos usuários e o faturamento. Do mesmo modo, o cres-

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cimento da informação digital disponibilizada livremente naintemet coloca a necessidade de criar recursos que sejam efici-entes do ponto de vista dos custos durante todo seu ciclo de vida.Ademais, é evidente a importância de poder selecionar, recupe-rar e armazenar esta informação do modo mais eficiente, sejapara manter essas atividades nos limites dos orçamentos das ins-tituições seja para preservar os usuários e os sistemas de acessode um excesso de informação.

Alguns problemas econômicos serão resolvidos em nível na-cional. Lynch' 8 afirma que numa sociedade da aprendizagemexistem duas alternativas:

• reforçar que as bibliotecas são um bem público e portantofinanciá-las adequadamente para que forneçam um serviçogratuito ao usuário;

• reconhecer que os recursos para a aprendizagem serão forne-cidos pelo mercado e, por conseguinte, adotar uma políticaque onera diretamente os que estudam (como consequênciaas bibliotecas deverão competir com produtores comerciais).

As bibliotecas poderiam assumir um papel de equilíbrio en-tre direitos de autores e editores e acesso democrático, bem comoa conservação temporal dos recursos digitais. Para Dempsey,'um modelo em que a biblioteca adquirisse os direitos de acessoaos recursos substituiria o modelo tradicional baseado na aqui-sição direta e no empréstimo desses recursos. Nessa nova mis-são as bibliotecas deverão organizar-se, colaborando com outrasinstituições, para propiciar acesso à biblioteca digital, com osserviços conexos de fornecimento de informação aos cidadãos,promoção da cultura e apoio à informatização dos processos co-merciais e industriais.

Economia da biblioteca digital

As bibliotecas digitais exigem grandes investimentos. O quadroeconômico em que os recursos digitais são criados, geridos, man-tidos de forma duradoura e usados é muito importante, a fim de

que a biblioteca digital seja bem-sucedida. Muitas bibliotecas di-gitais, esgotado o financiamento inicial recebido para o desen-volvimentó:do projeto, devem encontrar fontes próprias para suasustentabilidade ao longo dos anos. A economia da bibliotecadigital deve, ademais, ser analisada do ponto de vista do diretorda biblioteca, que tem a responsabilidade de decidir sobre comoaplicar os recursos limitados de seu orçamento.

O problema econômico constitui a espinha dorsal do desen-volvimento harmônico da biblioteca digital, da mesma forma quea questão conexa da medição e avaliação da biblioteca digital. Oproblema dos custos, do ponto de vista do diretor da biblioteca,é o equilíbrio entre o que poderia ser feito e o que pode ser feito,entre o desenvolvimento (muitas vezes com financiamentos adi-cionais) e ,a manutenção de serviços inovadores que correspon-dam às necessidades dos usuários, entre atividades coordena-das e atividades cooperativas, entre os obstáculos institucionaise novos modos eficazes e alternativos de funcionar. É preciso,portanto, .compreender a importância que têm para a criação egestão da biblioteca digital a medição dos custos de suas dife-rentes atividades: qual é o foco dessa medição? O que pode serterceirizado? Quais as fontes de financiamento e patrocinadoresque podem' ser encontrados?

Alguns c:los problemas da economia da biblioteca digital re-sultam da relativa ignorância que os bibliotecários têm acerca domecanismo: dos custos e dos preços, que eles muitas vezes con-fundem com o sistema de receita e despesas. O mecanismo dospreços foi:deixado para as editoras, o que teve como consequên-cia um desequilíbrio nos contratos e nas licenças, desequilíbrioesse favorável aos editores. Ao longo do tempo muitos recursosfinanceiros' foram transferidos pelas bibliotecas aos centros deinformática destinados à automação bibliotecária.

Os modelos econômicos, a iniciativa econômica e as tendên-cias de mercado não surgem normalmente das bibliotecas. É ne-cessário, aci contrário, que os bibliotecários se acostumem a pen-sar em termos de custos dos objetivos e saibam distribuir os re-cursos do orçamento, fazendo também opções de investimento edefinindo. tarifas. Por exemplo, como gerir o orçamento disponí-

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vel para os sistemas eletrônicos e como chegar a contabilizar comrelativa precisão a soma a ser despendida' no fornecimento deum serviço adequado?

Muitas vezes o orçamento da biblioteca é simbólico porqueCertos custos nãõ aparecem Uma função que geralmente nãoé contabilizada é, por exemplo, a usabilidade. Esta pode serimplementada por um ambiente aplicativo que forneça um ser-viço que torne transparente a tecnologia e que seja organizadocom base nos interesses dos usuários, mais do que nas caracte-rísticas dos suportes; que descreva os recursos em nível de cole-ção, que desenvolva uma variedade de vocabulários controla-dos e esquemas de catalogação que sejam interoperáveis. Esteserviço tem enormes custos, dificilmente ; perceptíveis para ousuário. A importância da organização dá. biblioteca digital de-verá ser promovida para ser compreendida; as bibliotecas nãodetêm o controle de sua infra-estrutura, corno poderão ter o con-trole dos serviços?

A economia da biblioteca digital é um ,campo de estudo quetem sido minuciosamente palmilhado no Reino Unido e nos EUA.

Um primeiro conjunto de instrumentos` podem levar aoconhecimento dos elementos de custo_para_ a -tomada de deci-sões conscientes é a alocação do orçamento .para os recursos di-gitais foi desenvolvido pela Taskforce on Methodology for Access/Holdings Economic Modelling," um grupo de trabalho que sereuniu em 1994. Posteriormente, Dempsey propôs o método de'custeio orientado aos objetos'(object oriented costing), ou seja, odos micropagamentos: o ambiente informacional é projetado combase nas necessidades do usuário e nos recursos disponíveis, e oserviço de navegação e o de busca em apoio ao acesso podem serconfigurados segundo diferentes tipos de usuário; os metada-dos associados aos objetos, às aplicações e aos usuários possibili-tam a organização do conhecimento, assim como o usuário antesde usar um recurso conhece suas características.

Um outro método foi proposto por Kaplan e Cooper' ` basea-do nas atividades e no orçamento destinado a inovações. Paraesses autores, quando uma empresa produz novos produtos, in-troduzindo novos procedimentos e para satisfazer a novos usu-

ários, diferentes dos consulentes habituais, ela pode facilmentesofrer um prejuízo econômico. Um sistema de contabilidade ba-seado nas atividades proporciona à empresa um mapa econômi-_co das operações realizadas, revelando os custos existentes e pre-visíveis e que, por conseguinte, levam a conhecer os custos e oslucros de cada produto e das unidades operacionais.

Quando a biblioteca digital pretender digitalizar alguma co-leção, os custos não devem ser subestimados ou reduzidos aomero custo de uma reprodução digital. Os custos da digitaliza-ção foram analisados por vários projetos que contribuíram as-sim para definir os tipos de custos. Nos EUA foi proposto ummodelo único, que abrange o arquivamento e a preservação (pro-jeto Ainda não está claro se convém ter um único arquivopara a preservação tanto de material analógico quanto digital.

No âmbito do projeto eLib foram examinados os modelos eco-nômicos da biblioteca digital por Halliday e Oppenheim.' O es-tudo, com projetos subsequentes, concentrou-se nos custos daprodução e transmissão de quatro modelos de disseminação deperiódicos eletrônicos, nos serviços de referência (informationgatezvay), e na produção e transmissão de livros de texto e mate-rial didático.

Os resultados' demonstraram que não é factível a hipótesede acesso livre e completamente gratuito da comunicação cientí-fica na internet (modelo Harnard de arquivos de pré-publica-ções), e que uma associação científica, para recuperar os custosde produção de um periódico científico, além de um lucro de10% , deveria vender cerca de 500 exemplares desse periódico.Os portais temáticos deveriam ser financiados parcialmente pelogoverno e por patrocinadores, mas serem gratuitos para o usuá-rio final. Uma organização de alcance nacional dedicada a textose material didático sai mais dispendiosa do que a disponibilida-de desses mesmos textos numa biblioteca, mesmo considerandoas inevitáveis duplicações.

Um projeto posterior, também financiado no âmbito do pro-jeto eLib, denominado Pelican (Pricing Experiment Library In-formation Co-operative Network),' estudou a possibilidade defornecer aos estudantes os livros de texto publicados por edito-

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ras comerciais, também por meio da digitalização. Os objetivosdo projeto visavam a ajudar os diversos interessados em desen-volver de modo fundamentado modelos de custo e garantir asobrevivência do serviço a longo prazo. Os resultados indica-ram três modelos:

• modelo 1: inclui o trabalho administrativo necessário paraadquirir certos textos, que são incluídos nas taxas de matrícu-la dos alunos no curso;

• modelo 2: trata-se de um modelo misto que leva em contadiversos usos de um mesmo livro de texto;

• modelo 3: baseia-se no valor do texto; é adotado o mesmomodelo de assinatura, como no modelo 1, mas com atribuiçãode valores diferentes aos textos.

Um novo setor de pesquisa econômica estuda nos EstadosUnidos o modo mais eficiente para a difusão da informação. Aanálise econômica aqui descrita resumidamente é uma síntesedas teorias e opiniões expressss por Malcolm Getz e Bruce King-ma. Malcolm Getz25 é um economista que estuda os problemaseconômicos relacionados com a biblioteca digital, e Bruce King-ma26, também economista, aplica a análise de custo–benefício aosserviços bibliotecários. A comparação de custos é feita entre aatual organização da biblioteca tradicional e a biblioteca digital.A antinomia acesso/posse, na qual muitas vezes se expressa avariada filosofia organizacional das duas instituições, é medidasegundo os diferentes custos dos métodos de conservação e re-cuperação dos documentos.

Os resultados desse estudos demonstraram que o critério deescolha entre métodos diversos de conservação e recuperaçãodos documentos eletrônicos e dos documentos impressos depen-de da quantidade de uso. Os documentos mais utilizados devemestar disponíveis em todas as estações de trabalho. Documentosde uso frequente, como enciclopédias, fontes bibliográficas e prin-cipais periódicos eletrônicos, devem ser conservados em nívelde rede local. Os documentos menos solicitados podem serpesquisados numa rede nacional, porque não causam aumento

do tráfego: Os documentos que são atualizados frequentementepodem ser utilizados por meio de acesso remoto pela intemet ouatualizados periodicamente, por exemplo, à noite, em rede local.

Para gastar menos, pode-se compartilhar a conservação dosdocumentos eletrônicos. Estes favorecem o compartilhamento derecursos também entre bibliotecas fisicamente distantes e a van-tagem é que os custos da licença de uso e da conservação sãocompartilhados entre todos os participantes, mas é preciso terem mente ,que isso implica tráfego na rede. Também a rede temcustos, inclusive a possível congestão e interrupção do tráfego,e, por isso, é preciso equilibrar os custos de conservação com osde recuperação. Além disso, deve-se considerar um aumento doscustos de gestão administrativa.

A conveniência econômica da possibilidade de aquisição coo-perativa de documentos digitais é difícil de analisar atualmente,porque o Mercado está em mudança. Os autores dão como certoque as editoras acharão conveniente conceder licenças para finseducacionais (campas licences) pelo preço corrente, ao qual sejaacrescentado o custo dos procedimentos da biblioteca. Se o pre-ço das licenças para consórcios de bibliotecas for mais conveni-ente do que o acesso em rede aos sítios das editoras, isso tornaráimportante: a gestão em escala nacional de documentos digitais(datnbase networking). Os consórcios serão convenientes princi-palmente para material menos consultado.

Se, ao contrário, os custos do acesso remoto aos documentosdigitais forem inferiores aos da licença de uso local (site licence),esta modalidade prevalecerá também para os documentos pro-curados frequentemente. Neste caso, porém, a incógnita está nacapacidade da rede disponível. A tendência atual é que o preçopor sessão de busca venha a cair, enquanto os custos de gestãodo serviço poderão ser reduzidos se a transação for paga comcartão de crédito, mas os preços de licença de uso local ainda sãobastante altos. Os tipos de preços pagos pelos documentos digi-tais se influenciam mutuamente. Se a modalidade de pagamentopor sessão de busca aumentar em detrimento das licenças de usolocal, as editoras poderão baixar os custos destas últimas. Aindahaverá, portanto, um período de tentativas e erros.

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Comparando os custos do empréstimo interbibliotecário, daconservação e recuperação dos documentos impressos com oscustos da conservação e recuperação dos documentos digitais,considerando iguais os custos de aquisição e processamento dosdocumentos nas duas versões, os documentos digitais são maisconvenientes. No caso, porém, de que um título seja adquiridoem papel e convertido posteriormente para suporte digital, ocusto da conversão e do pagamento dos 'direitos de autor nãomais tornará conveniente a operação, ou ela deverá ser compar-tilhada por diversas bibliotecas ou usada. para diversas funcio-nalidades, como, por exemplo, as concordâncias. Assim, aindadurante muito tempo as bibliotecas continuarão a ter publica-ções em papel, mesmo que a quantidade de documentos digitaisesteja destinada a crescer.

Os estudos realizados no Reino Unido e nos Estados Unidosmostram que o acesso aos documentos digitais é o método maiseficiente do ponto de vista da análise econômica. Esta circuns-tância deverá ser analisada no caso italiano, usando as mesmasmetodologias, para se ter certeza quanto aos resultados. O para-doxo econômico da biblioteca digital está:em que é preciso en-contrar-financiamento suficiente para -criar, ou adquirir uma co-leção digital, para depois usufruir a economia e as vantagensprevistas pelos economistas. Se não for possível encontrar finan-ciamento público ou patrocinadores, as bibliotecas deverão en-contrar formas de reembolso e tarifas pelos serviços de acesso àbiblioteca digital.

Existe uma forte pressão no sentido de transformar todas astransações ligadas ao acesso à biblioteca digital em transaçõescomerciais. A contabilidade de custos e preços constitui umamaneira de levar a biblioteca digital para o setor da indústria dainformação. Esta é a primeira implicação da nova realidade fi-nanceira, ou, dependendo do ponto de vista, o risco de quandose avança rumo à biblioteca digital. 27 As bibliotecas digitais, rea-lizando uma atividade de digitalização ou de organização de umacoleção de documentos digitais colocam-se a si mesmas comoprodutoras de conteúdos e serviços, junto com outros produto-res com interesses comerciais. Em muitas, bibliotecas foi intro-

duzido um sistema de tarifas para todos ou apenas para algunsserviços, com a dificuldade adicional de definir quais são os ser-viços que serão remunerados e quais serão gratuitos. Em todocaso, as tarifas (ou seria melhor dizer o reembolso das despesas)têm como efeito atribuir um valor aos serviços das bibliotecas eevitar seu mau uso. Neste sentido o marketing é prioritário paraa biblioteca digital, seja atribuindo um valor aos produtos e ser-viços por ela oferecidos, seja promovendo dentro e fora do am-biente institucional aquilo que é realizado.

Notas

1 Para a legislação italiana ver a obra de Marco Mirandola, Diritto d'autore,Roma, AIB, 1996, e a revista por ele editada Diritto e Cultura. A legislaçãoitaliana sobre direito autoral foi compilada por Antonella De Robio e estádisponível em: <http://www.math.unipd.it/-derobbioddcopyr06.htm>.[Para a legislação brasileira ver: José Carlos Costa Netto, Direito autoral noBrasil, São Paulo: FTD, 1998, e Henrique Gandelman, De Gutenberg à internet:direitos autorais das origens à era digital, Rio de Janeiro: Record, 2007. N.T.]

2 No Reino Unido, uma experiência importante sobre licenças foi realizadapelo projeto NESLI. O CHEST e a Library Association organizaram encontroscom os editores para chegar a um acordo razoável sobre o uso dos docu-mentos eletrônicos. O resultado disso são as Guidelines, difundidas _pelaJISC e por alguns representantes das editoras, e que são um bom exemplode um modelo de licença entre editoras e universidades. Posteriormente,tomando por base este modelo, o NESLI adaptou a licença-padrão à situa-ção diferente de um agente de comercialização e difusão, como a Swets, eque foi aceito para gerenciar a negociação com editoras isoladas. A licençaadotada pelo NESLI não impede acordos locais subsequentes de cada uni-versidade com as mesmas ou outras editoras. Cada , editora pode solicitaradaptações ou correções do modelo de licença em uso. O texto da licençanegociada pelo Jisc encontra-se em: <http://www.ukoln.ac.uk/services/elib/papers/pa>. A licença do projeto NESLI está em: <http://www.nesli.ac.uk>.

3 Charles Oppenheim, 'Copyright issues in projects funded by electroniclibraries programme', Ariadne, v. 7, January 1997, < http://www.ariadne.ac.uk/issue7/copyright-corner/>.

4 Um artigo de Luca Bardi define as características do sistema: 'Diritti etecnologie nell'era digitale', Biblioteche Oggi, v. 17, O. 4, p. 28-37, 1999. Umestudo sobre ECMS para o projeto 'eLib' foi elaborado por Bill Tuck, Electro-nic copyright management systems; final report of a scoping study for eLib, July1996.

5 CITED (Copyright in Transmitted Electronic Documents) foi um projeto fi-nanciado pela União Europeia no âmbito do projeto ESPRIT e concluído em

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1995, cuja finalidade era elaborar um modelo de controle do direito autoralque pudesse ser adotado nas aplicações informáticas. Foi adotado em ou-tros projetos financiados pela União Europeia, como COPICAT e COPINET, noambiente da edição eletrônica e do ensino a distância. O relatório final doCITED foi publicado sob a coordenação de Graham P. Comish, do BritishLibrary Document Supply Centre, em 1994.

6 Bill Tuck, Charles Oppenheim, Robin Yeates, Electronic copyright manage-ment systems, London, South Bank University, 1996.

7 As editoras comerciais desenvolveram algumas normas com essa finalida-de. Por exemplo, Indexs, que é um esquema de metadados para o comércioeletrônico; DOI, um identificador unívoco; ONIX (Online InformationExchange), uma linguagem de máquina.

8 Inspirado pela licença para o programa aberto GNU Public License, oBerkmann Center lançou uma campanha em 2002 para que os autores co-locassem um ícone em seus trabalhos que significasse que era permitidauma licença de uso, mas conservando os seus direitos.

9 As licenças Creative Commons foram introduzidas por Larry Lessig.10 Lei 106/2004, Norme relative al deposito legale dei documenti di interesse culturale

legati all'uso pubblico. Ver Antonia Ida Fontana Aschero, 'La dichiarazionesull'avvio e lo sviluppo di procedure di deposito volontario di pubblicazionielettroniche', Digitalia, v. 1, n. 0, p. 119-123, 2005.

11 Está atualmente em curso uma contestação contra a decisão da Organiza-ção Mundial do Comércio (OMC) de considerar também os serviços dasbibliotecas e de outras instituições culturais como serviços que devem se-guir as regras do mercado. Uma importante consequência dessa decisãopoderia ser que as bibliotecas digitais não poderiam mais oferecer seusserviços gratuitamente ou por preços inferiores aos de mercado, por causadas leis da concorrência.

12 Ver: Malcolm Getz, 'Electronic publishing: an economic view', Seriais Review,v. 18, n. 1-2, p. 25-31, 1992; Michael Lesk, 'Pricing electronic information',Seriais Review, v. 18, n. 1-2, p. 38-40, 1992; Ann Okerson, A librarian's viewof some economic issues in electronic scientific publishing. Paper presented atthe UNESCO Invitational Meeting on the Future of Scientific Information,Paris: February 1996, <http://www.library.uiuc.edu/icsu/okerson.htm>.

13 Stevan Hamad, 'Electronic scholarly publication: quo vadis?', Seriais Review,v. 21, n. 1, p. 78-80, 1995; Andrew M. Odlyzko, 'The economics of electronicjournals', First Monday, v. 2, n. 8, 1997, <http://www.firstmonday.uk/issue/issue2_8/odlyzko/index.html>; Hal R. Varian, The information economy: theeconomics of the Internet, information goods, intellectual property and relatedissues, Berkeley: School of Information Management and Systems, Univer-sity of California, Berkeley, 1994-96; Hal R. Varian, 'Pricing electronicjournals', D-Lib Magazine, v. 2, n. 6, 1996, <http://www.dlib.org/dlib/june96/06varian.html>.

14 "A comunicação cientifica está indecisa numa encruzilhada à medida queos recursos e as ferramentas eletrônicas redefinem as normas estabelecidas

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[...]. A produção e difusão digitais mudam a estrutura de custos da indús-tria e também abrem novas possibilidades de produtos e serviços" afirmao professor Jeffrey MacKie-Mason da University of Michigan School of In-formation e diretor do projeto Pricing Electronic Access to Knowledge(PEAK). Jeffrey K. MacKie-Mason, Alexandra L.L. Jankovich, 'PEAK: PricingElectronic Access to Knowledge', Library Acquisitions: Practice & Theory, v.21, n. 3, -p. 281-296, 1997, <http://www-personal.umich.edu/-jmm/papers/peak/>; Maria S. Bonn, Jeffrey MacKie-Mason, Wendy P. Lougee, Juan F.Riveros,:Robert Gazzale, Pricing and bundling electronic information goods:

field evidènce, Paper presented at the 17th Annual Telecom Policy ResearchConference, Alexandria, VA, September 1999, <h ttp://www-personal.umich.edu/-jrnm/papers/peak-tprc99.pdf>.

15 Um levantamento exaustivo dos modelos econômicos de difusão da comu-nicação científica foi compilado por Karen Drabenstott, Analytical review of

the library of the future, Washington, D.C., Council on Library Resources,1993, <http://www.eff.org/Infrastructure/Regional_rural_edu/library_future.review>. [Ed. brasileira: Revisão analítica da biblioteca do futuro.Ciência da Informação, v. 26, n. 2, p. 180-194, maio 1997.]

16 Greg Anderson, 'Virtual qualities for electronic publishing', in The virtual

library: •'vision and realities, ed. M. Saunders Laverna, Westport, Conn.:Meckler,1993, p. 91.

17 Theodor Holm Nelson, 'You the guardians of the literature still', in Afterthe electronic revolution will you be the first to go?, Proceedings of the 1992Association for Library Collections and Technical Services, 29 June 1992,ed. by Arnold Hirshon, Chicago, ALA, p. 9-17.

18 Clifford Á. Lynch, 'Scholarly communication in the networked environment:reconsidering economics and organizational missions', Seriais Review, v. 20,n. 3, p..23-30, 1994.

19 No Reino Unido o caminho da salvaguarda da função da biblioteca comogarantia da informação democrática é trilhado com consciência, aplicandoas análises e resultados dos projetos eLib MODELS, NERS, NARD e NESLI.

20 MA/FIEM: a methodology for access/holdings economic modelling, Final report, 1995,<http://Www.ukoln.ac.uk/services/elib/papers/other/ma-hem>.

21 Cost and effect: using integrated cost system to drive profitability and performan-ce, Boston, Harvard Business School Press, 1997.

22 Os autores apresentaram um estudo minucioso sobre os custos no ReinoUnido de diversos aspectos dos recursos digitais em âmbito universitário,o qual pode ser consultado em: <http://www.ukoln.ac.uk/services/elib/papers/supporting/intro.html>. Estes modelos talvez não sejam transferí-veis diretamente para outras realidades, como a italiana.

23 Mais informações em: Bernard Naylor, 'Paying for scholarly communicati-on: the future as a guide for the past', Interlending and Document Supply, v.24, n. 2,'.p. 28-29, 1996.

24 O projeto Pelican pode ser encontrado em: <http://www.jisc.ac.uk/dner/development/projects/pelican>.

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25 A bibliografia de Malcolm Getz, a que se faz referência, é a seguinte: 'Eva-luating digital strategies for storing and retrieving scholarly information',in Economics of digital inforniation, ed. Sul H. Lee, New York, Haworth Press,1997, p. 81-98; Resource sharing and prices, the future of resource sharing,S.K. Baker, M.E. Jackson, ed. New York, Haworth Press, 1995, p. 77-108;'Information - storage', in Enèticlopedia of library and informatión science, A.Kent ed., New York, Dekker, v. 52, p. 201-239.

26 Bruce R. Kingma é autor de: The economics of information, Englewood, Li-braries Unlimited, 1996, e, com Suzanne Irvirig, de The economics of accessversus ownership: the costs and benefits of access. to:scholárly articles via interlibraryloan and journal subscriptions, New York, Haworth Press, 1996.

27 Uma análise interessante das bibliotecas alemãs, contrárias ao sistema detarifas, encontra-se, por exemplo, na comunicação de Günter Beyersdorff,Annemarie Samlenski, do Deutsche Bibliotheksinstitut (DBI), 'Who paysfor electronic library services?', na reunião: ELAG 20th Library SystemsSeminar, 'Quality of electronic service', Staatsbibliothek zu Berlin –Preussischer Kulturbesitz, 24-26 April 1996, <http://www.kbr.be/elag/20seminar/papers/who.htm>. O DBI, no marco do projeto Subito de forne-cimento de documentos, analisou o impacto das tarifas nos serviços pres-tados pelas bibliotecas.

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