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A Bruxinha Míope História

A Bruxinha Míope História. As bruxinhas são meninas como as outras. Nem sempre estão em forma, nem sempre têm vontade de dar gargalhadas, meter medo às

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A Bruxinha Míope

História

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As bruxinhas são meninas como as outras. Nem sempre estão em forma, nem sempre têm vontade de dar gargalhadas, meter medo às pessoas, ou adormecer princesas. Também lhes acontece terem gripe, ou dores nos pés por causa dos sapatos novos, ou dores de barriga por terem comido demasiados rebuçados de abóbora. Algumas são muito tímidas; outras têm vertigens quando estão em cima da vassoura. Ninguém fala delas nos livros de histórias, porque estão escondidas em casa.

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Conheci uma que era tão míope que não via mesmo nada. Nem sequer um palmo diante dela. Tudo lhe parecia turvo como uma nuvem de fumo. Por causa da sua miopia, esta feiticeirinha já tinha tido acidentes de vassoura terríveis. Um dia, em plena tempestade, tinha-se enfiado num relâmpago e chegou a casa toda enfarruscada. Numa outra ocasião, tinha falhado uma aterragem e tinha caído em plena sala de aula, em cima da cabeça da professora.

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Por ver tudo nebuloso, mal conseguia ler o Grande Livro de Magia, o que lhe acarretava imensos problemas quando tinha de lançar feitiços. Por engano já tinha transformado o seu fiel gatinho num banco cor de laranja; tinha oferecido à irmã um ramo de cardos a julgar que eram rosas, e no Dia do Pai ofereceu uma garrafa de licor mágico que transformou o pai em sapo.

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A mãe como estava atenta preparou rapidamente um antídoto,

antes que alguém o pisasse.

— Já chega! — disse a mãe. Vou levar-te ao médico e ele vai receitar-te um belo par de óculos.

— Nunca — disse a feiticeirinha que, como todas as bruxinhas, era muito vaidosa. — Vão rir-se de mim na escola. Nunca se viu uma feiticeira de óculos. Nem a madrasta da Branca de Neve, que era feiíssima, nem sequer a madrinha má da

Bela Adormecida.Eram más, mas viam bem.

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— Sofriam de outras coisas! - disse a mãe da bruxinha.— A madrasta da Branca de Neve era tão vaidosa que arranjou um torcicolo, de tanto se ver ao espelho. A madrasta da Branca de Neve de tanto gritar era surda. — Tens sorte. Vais ter um belo par de óculos e todos te invejarão. Serás a mais bonita das feiticeiras!

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A bruxinha lá foi com a mãe ao oculista e escolheu um bonito par de óculos, amarelos e redondos como dois sóis. Agora até sentia que trazia luz nos olhos. Redescobriu o mundo que a rodeava. Como era muito míope, nunca tinha visto os olhos do seu gato preto a brilhar ou o lindo sorriso da sua mãe.

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Do alto da sua vassoura, a centenas de quilómetros da terra, conseguia ver tudo até ao mais ínfimo detalhe: as crianças que estudavam, ao mesmo tempo que sonhavam voar como pássaros; a água dos rios que corria entre os montes e até um velhinho muito triste, porque o seu cão companheiro de longos dias se perdera.

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É que agora a feiticeirinha conseguia ver o que os outros não viam.

Até parecia que tinha óculos mágicos… Como era belo o mundo!

Aprendeu a fazer coisas fantásticas: devolveu o cão ao velhinho, transformou as lágrimas em sorrisos, as pedrinhas em bombons, as professoras em fadas, e os sapos em príncipes.

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Por tudo isto recebeu um Excelente no fim do ano. A mãe como prémio deu-lhe uma vassoura voadora último modelo,super veloz. As colegas ficaram muitíssimo

admiradas. Diziam com uma pontinha de inveja:

─ São óculos mágicos, óculos de fada!!E a feiticeirinha ria à socapa.

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