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A Cabala e o Tarô Apresentação de Constantino K. Riemma "A Cabalá é uma antiga tradição judaica que ensina as mais profundas percepções sobre a essência de D’us, Sua interação com o mundo, e o propósito da Criação", escreve o Rabi Yitschac Luria. "Freqüentemente mencionada como a 'alma' da Torá, a Cabalá ensina a cosmologia judaica essencial, integrante de todas as outras disciplinas da Torá". "Às vezes chamada de 'Torá Interior' ou 'A Sabedoria da Verdade', ela oferece uma estrutura geral abrangente e um projeto para o universo, bem como a compreensão detalhada de nossa vida." "O estudante de Cabalá se torna consciente do processo de retificação pessoal, bem como do coletivo, e é encorajado a desempenhar um papel ativo nele". (Citações retiradas de www.chabad.org.br/tora/index.html) A palavra Cabalá significa tradição, aquilo que é recebido, que não pode ser conhecido apenas através da ciência ou da busca intelectual. Nesse sentido, deve ser considerado como um conhecimento interior que tem sido passado de sábio para aluno desde a aurora dos tempos. Encerra uma disciplina voltada para despertar a consciência sobre a essência das coisas. Na prática, contudo, os estudos existentes sobre as relações entre Tarô e Cabala não chegam tão longe quanto as definições que acabamos de citar. De modo geral, as aproximações das cartas do Tarô com o que poderia ser considerado 'estudos cabalísticos', são feitas numa área muito delimitada, se levarmos em conta Joseph ben Abraham Gikatilla. Augsburg, Johann Miller, 1516 [www.ritmanlibrary.nl] o conjunto dos ensinamentos da tradição judaica. No entanto, essa "fronteira" existe e é de certo modo preenchida com a aplicação do esquema da Árvore da Vida (ilustração abaixo).

A Cabala e o Tarô

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Page 1: A Cabala e o Tarô

A Cabala e o Tarô  Apresentação de    Constantino K. Riemma   "A Cabalá é uma antiga tradição judaica que ensina as mais profundas percepções sobre a essência de D’us, Sua interação com o mundo, e o propósito da Criação", escreve o Rabi Yitschac Luria. "Freqüentemente mencionada como a 'alma' da Torá, a Cabalá ensina a cosmologia judaica essencial, integrante de todas as outras disciplinas da Torá".

"Às vezes chamada de 'Torá Interior' ou 'A Sabedoria da Verdade', ela oferece uma estrutura geral abrangente e um projeto para o universo, bem como a compreensão detalhada de nossa vida."

"O estudante de Cabalá se torna consciente do processo de retificação pessoal, bem como do coletivo, e é encorajado a desempenhar um papel ativo nele".

(Citações retiradas de www.chabad.org.br/tora/index.html)

A palavra Cabalá significa tradição, aquilo que é recebido, que não pode ser conhecido apenas através da ciência ou da busca intelectual. Nesse sentido, deve ser considerado como um conhecimento interior que tem sido passado de sábio para aluno desde a aurora dos tempos. Encerra uma disciplina voltada para despertar a consciência sobre a essência das coisas.

Na prática, contudo, os estudos existentes sobre as relações entre Tarô e Cabala não chegam tão longe quanto as definições que acabamos de citar.

De modo geral, as aproximações das cartas do Tarô com o que poderia ser considerado 'estudos cabalísticos', são feitas numa área muito delimitada, se levarmos em conta

 

Joseph ben Abraham Gikatilla. Augsburg, Johann Miller, 1516

[www.ritmanlibrary.nl]

o conjunto dos ensinamentos da tradição judaica. No entanto, essa "fronteira" existe e é de certo modo preenchida com a aplicação do esquema da Árvore da Vida (ilustração abaixo).

Page 2: A Cabala e o Tarô

   

Esse diagrama — composto por 10 sefirot (dez círculos, que representam dez atributos divinos) e 22 caminhos(as ligações entre os sefirot) — oferece alguns paralelos surpreendentes com o conjunto das lâminas do Tarô.

As 22 letras do alfabeto hebraico, vinculadas aos 22 caminhos da Árvore, são associadas aos 22 arcanos maiores. Daí aparecer em alguns baralhos a reprodução de uma das letras do alfabeto hebraico em cada lâmina dos arcanos maiores. Mas tratam-se de associações nem sempre coerentes entre seus diferentes autores.

Parece cabível, igualmente, estabelecer paralelos entre as 10 sefirot e a seqüência as 10 cartas numeradas dos arcanos menores.

Na Árvore da Vida estão reproduzidos quatro níveis do universo ou quatro mundos: três mundos superiores, representados pelas três tríades de sefirot, mais o quarto mundo simbolizado por Malkhut, a sefira dez.

Esses quatro mundos são, com freqüência, colocados em paralelo com os quatro naipes e às quatro figuras dos arcanos menores.

E, mais uma vez, nos encontramos frente a questões de coerência e de verdadeira correspondência de sentidos entre os componentes e figuras das diferentes linhas de linguagens simbólicas.

O material para estudo que o Clube do Tarô oferece, está listado abaixo. Constitui diferentes portas de aproximação dessa antiga tradição com o Tarot.

Cabala e Tarô: estudos e paralelos

 

• Tarô e Qabbalah, por Rui Sá Silva Barros, mestre em História e estudioso da Cabala. Discute aspectos críticos na aproximação entre o Tarô e a Cabala. Leitura indispensável para quem deseja compreender os nexos possíveis entre diferentes linguagens simbólicas e evitar equívocos ou reduções estéreis: Qabbalah

 

 • Árvore da Vida, apresentada por Constantino K. Riemma. Uma breve introdução ao esquema

considerado como uma síntese dos ensinamentos cabalísticos: Árvore  

 • Notas sobre IHVH, o Tetragrama, Rui Sá Silva Barros. Comenta as comparações usuais do

Tretragrammaton (o nome de D'us) com os quaternários nos estudos simbólicos e oferece indicações específicas da pesquisa cabalística: IHVH

 

 • O Tetragrammaton. A partir do IHVH, o Tetragrama da Cabala, Joana Trautvetter estabelece

referências com aspectos equivalentes de outras linguagens simbólicas: Tetragrammaton  

 • Etapas da iniciação, por Z'ev ben Shimon Halevi. Os desafios de cada sefirah no caminho

ascendente. Um esquema simples e estimulador: Etapas  

Alfabeto, Árvore da Vida e Arcanos Maiores do Tarô

 • O alfabeto hebraico, quadro resumo das letras e de suas associações mais comuns aos arcanos

maiores: Alfabeto  

  • O simbolismo do alfabeto hebreu por J. Iglesias Janeiro. As propriedades e significados das 22 letras. Texto extraído de La Arcana de los Números, Editorial Kier, para dar referências diretas aos

 

Page 3: A Cabala e o Tarô

arcanos (maiores, menores e consultas online) do Tarot Egício Kier: As letras

 

• Cabala, Caminhos da Árvore da Vida, Letras do alfabeto hebraico e Arcanos Maiores , porJoaquim A. R. Barreira. Reprodução do capítulo 6 do livro Teoria Astral em que se apresenta uma correlação entre os caminhos da Árvore e suas correspondências com as letras do alfabeto hebraico, os símbolos astrológicos e os arcanos maiores: Caminhos e Arcanos Maiores

 

 • Os Caminhos e os Arcanos Maiores, por Constantino K. Riemma. O significado dos caminhos da

Árvore e suas relações usuais com os trunfos: Caminhos  

 • O Mapa Estático dos Arcanos Maiores. Mauro Franco comenta um arranjo dos arcanos maiores e

faz correlações com a Árvore da Vida. Oferece exemplos: Características estáticas dos arcanos  

 • A Sacerdotisa Cabalistica de Arthur Edward Waite: uma interpretação iconográfica . O

tarólogo Emanuel José dos Santos tece correlações entre o Arcano II e os símbolos da Árvore da Vida da tradição cabalista: O caminho 13

 

 • O alimento para a Lua, por João Cláudio Fontes. Estabelece correlações do arcano XVIII com o

caminho 28 da Árvore da Vida e com os ensinamentos de Gurdjieff: Da Lua para o Sol  

Árvore da Vida e Arcanos Menores do Tarô

 • Arcanos menores: naipes, figuras e cartas numeradas, por G. O. Mebes. A relação dos quatro

naipes com as letras do tetragrama. O arranjo das 16 figuras. As cartas numeradas e as sefirot da Árvore da Vida: Arcanos menores

 

 • Tarot e Cabala: arcanos menores, por Jaime E. Cannes. Correlações simples e práticas dos

arcanos menores com as sephiroth: Arcanos menores   

Diagramas e esquemas básicos

 • Árvore da vida; esquema enxuto com os nomes das sefirot. Num bom formato para imprimir e

facilitar os estudos na tela: Árvore  

 • Árvore da vida e os caminhos; esquema com os nomes das sefirots e numeração dos

caminhos:Árv. caminhos  

 • Árvore da vida, caminhos e letras; esquema com os nomes das sefirots, numeração dos

caminhos e as letras usualmente associadas: Árv. letras  

 • Árvore e arcanos, ilustração da árvore da vida com a colagem dos arcanos maiores do Rider-Waite

Tarot: Árvore Waite  

Religião  &  História  &  Arte

 • Espanha judaica, por Walterson Sardenberg Sº. A convivência entre cristãos, judeus e

muçulmanos, na Espanha, no período em que surge o Tarô: História  

 • Um poema e reflexões, por Rodrigo Araês. Embora não proponha estabelecer nexos diretos com o

Tarô ajuda o olhar de quem busca compreender os símbolos: Kaballah  

• Raquel e o mau-olhado ou olho-gordo. Laer Passerini recolhe na tradição judaica indicações para lidar com o Mau-olhado ou Olho gordo pela mediação da matriarca Raquel: Proteção  

Livros consultados

  Anônimo (Valentim Tomberg), Meditações sobre os arcanos maiores. Ed. Paulus.  

Page 4: A Cabala e o Tarô

David Zumerkorn, Numerologia Judaica e seus Mistérios. Ed. Maayanot

Dion Fortune, A Cabala mística. Ed. Pensamento

Éliphas Lévi, Os Mistérios da Cabala. Ed. Pensamento

Gareth Knight, Guide Pratique du Symbolisme de la Qabal, tomes I et II. Ediru, France.

W. G. Gray, Concepts of Qabalah. S. Waiser

Marie-Louise Labiste, Traité de la connaissance ou la Kabbale retrouvé. Ed. Universitaires.

Z'ev ben Shimon Halevi, Árvore da vida. Ed. Siciliano     ”. Cabala e psicologia. Ed. Siciliano.    ”. O Caminho da Kabbalah. Ed. Siciliano.    ”. Escola de Kabbalah. Ed. Siciliano.    ”. O Trabalho do kabbalista. Ed. Imago.    ”. Universo kabbalístico. Ed. Siciliano.    ”. (W. Kenton). Astrologia cabalística. Pensamento

Stephan A. Hoeller, Os arcanos maiores do Tarô e a Cabala. Ed. Pensamento

Maela Paul, Simbolismo dos números e Cabala. Ed. Ágape

G.O. Mebes, Os arcanos maiores do Tarô. Ed. Pensamento    ”. Os arcanos menores do Tarô. Ed. Pensamento

P. D. Ouspenky, Un nuevo modelo del universo. Ed. Kier

Oswald Wirth. Le Tarot des imagiers du Moyen Age. Tchou

Papus, O Tarô dos Boêmios. Ed. Pensamento

Patrick Paul, Do corpo físico ao corpo de luz. Ed. Ágape.     ”. Os sete degraus do ser. Os centros sutis na iniciação ocidental. Ed. Ágape    ”. Os diferentes níveis de realidade. O paradoxo do nada. Ed. Polar.

Jean-Louis Tripon, Sur le chemin d’Adam. Traité de cabale opérative. Ed. Cohérence

M. F. Turpaud. Le Tarot de Marseille. Solar - France

Tarot e Qabbalah

  Rui Sá Silva Barros      

    No final do século 18, Anquetil Duperron e William Jones demonstraram respectivamente, o parentesco entre o persa, o sânscrito e as línguas européias antigas e modernas. Pesquisas

posteriores confirmaram o parentesco e abriram caminho para estudos sobre Mitologia comparada (Schelling e os irmãos Grimm).

Page 5: A Cabala e o Tarô

Um esquema da Árvore da Vida que aparece em"Les Mysteres de la Kabbale" de Eliphas Levi.

www.arbredor.com

 

    A percepção de que hindus, persas e europeus formaram um só povo na Antiguidade, exaltou as imaginações trazendo novos materiais para as teorias racistas, e por outro lado colocando novamente em tela a questão da unicidade da humanidade primordial.    Este horizonte cultural era o que faltava para que as especulações renascentistas sobre uma Prisca Theologia voltassem à tona. Esta tarefa entrevista por Fabre de Olivet foi tomada a cargo com todo ímpeto porEliphas Lévi, o abade Constant.     O parentesco lingüístico assinalado pelos eruditos autorizava uma verdadeira caçada aos equivalentes.     Se os Arcanos menores do Tarô tinham dez cartas numeradas e quatro naipes, e os Maiores, 22 cartas; por que não aproximar o sistema dos diagramas cabalísticos com suas dez sefirot, seus 4 mundos e 22 letras? Foi o que fez Lévi em Dogma e Ritual da Alta Magia, publicado em 1856. A partir de então se tornou prática corrente escrever alguma coisa sobre o tema e desenhar as letras hebraicas nas cartas dos Arcanos Maiores.     Será que esta analogia é fértil?

    As analogias improdutivas

        O mesmo símbolo pode ser apropriado e usado para diferentes propósitos e com significados variados; isto depende do período

histórico, da base religiosa e da dimensão de realidade visada.     O núcleo de significados básicos das letras hebraicas não concorda com o das cartasdos Arcanos maiores. Tomemos um

exemplo. A letra Guímel evoca a riqueza ou pobreza, o planeta Marte, o anjo Samael, o ouvido direito, a ligação entre Binah e Gevurah. Tudo isto tem pouco a ver com a carta da Imperatriz, a dissonância é tão grande que G.O.Mebes indica o

planeta Vênus como o correspondente, e ao fazê-lo sai da esfera da Cabala judaica e cria outra coisa.    O mesmo problema acontece na comparação de outras letras e cartas.

    Ao abordamos um conjunto, a primeira providência deve ser a verificação da composição, a estrutura.     No alfabeto hebraico a estrutura básica das letras é 3+7+12:

três letras-mães dispostas nos três caminhos horizontais da Árvore da Vida:

   

  Aleph Mem Shin  

sete letras duplas dispostas nos caminhos verticais;

Beith Guímel Dálet Caf Pei Reish Tav

e doze letras elementares dispostas nas diagonais.

 

He Vav Zain Chet Tet Yud Lamed Nun Samech Ayin Tsadi Kuf

    Nos arcanos maiores do Tarô não temos nada que lembre remotamente este esquema.

    Tal analogia levaria a classificar o Mago, a Morte e o Louco como cartas matrizes, o que, não me recordo tenha ocorrido.

Page 6: A Cabala e o Tarô

    A Árvore da Vida é um diagrama que resume dois milênios de investigações de místicos judaicos e assinala os aspectos coincidentes nos domínios teológico, cosmológico e antropológico, com profundas implicações para a terapêutica, magia cerimonial, artes mânticas e principalmente, práticas meditativas. Alterar qualquer coisa no desenho é esterilizar a prática.     Os desenhos da Árvore da Vida que comumente aparecem nos estudos de Tarô-Cabala, mostram as letras dispostas em ordem alfabética partindo de cima; neste caso a letra Alephliga Kether a Chokmah.    Esta associação entre letras e caminhos da Árvore da Vida é uma especulação de autores cristãos, pois na realidade a letra Aleph liga Chesed a Guevurah.     Tomando a Árvore como diagrama no corpo humano esta região representa o tórax e a letra Aleph o elemento Ar. Colocar a Aleph no hemisfério direito do cérebro (Kether-Chokmah) significa que o sujeito pensa ao sabor da ventania.    Deus o tenha!       “Arcanos menores” é uma designação recente para o baralho comum, cuja origem podem ser buscada no Oriente, tendo chegado à Europa pelas mãos dos mulçumanos, e daí a denominação naibs para os quatro elementos (estrutura horizontal) o que tem pouco a ver com os quatro mundos dos cabalistas (estrutura vertical).    As dez sefirot da Árvore da Vida são atributos de Deus, as três superiores saem da passagem do livro do Êxodo quando Deus infunde seu Espírito, Sabedoria e Inteligência, para que Betzalel possa construir o tabernáculo.

 

Os caminhos da Ávore e as letras, tal como aparecem nos

manuais de Tarô, não coincidem com os textos tradicionais.

Para ampliar, clique sobre a imagem.

    Os nomes das sete inferiores foram tirados do livro das Crônicas quando o rei Davi profere uma oração consagrando Salomão como seu sucessor. Se a carta 1 não for lida na perspectiva de Espírito e vontade divina, a 2 na de Sabedoria do Pai Universal e

assim por diante, a aproximação é puramente ornamental.    

Tarô, uma mancia desprezada    

    Quando Court Gebelin escreveu Le Monde Primitif no final do século 18, o Tarô já existia como jogo e cartomancia havia 4 séculos. Suas origens não foram registradas e sua prática confinava-se a

curiosos, nobres e pessoas simples. Com este autor tem início uma corrente esotérica que procura vincular o tarô a uma tradição, em seu caso, egípcia.

    Lévi vinculou o Tarô à Cabala e Papus aos ciganos. Somente Oswald Wirth viu com clareza que as imagens eram européias, medievais e cristãs. Um dos grandes problemas da história do

Tarô é investigar esta cegueira. Propomos aqui um início de discussão.

http://divinity.library.vanderbilt.edu

 

    Depois de 600 anos de movimentos de povos e destruição, os europeus puderam respirar aliviados no século XI, experimentando uma revitalização econômica intensa com diversas conseqüências benéficas na esfera cultural e religiosa: o novo movimento monástico (Cluny e Cister), a organização das ordens militares, a construção das grandes catedrais românicas e góticas pela confraria maçônica, o início da poesia trovadoresca e das Cortes de Amor no Sul da França, e muitos outros.    Paralelamente a isto surgiram crises espirituais que se tornaram agudas: provas racionais da existência de Deus (Anselmo), as querelas de Investiduras, as heresias e a Inquisição, a subordinação do papado aos reis franceses (o cativeiro de Avignon) e o extermínio da Ordem dos Templários em 1310.

    O Tarô é um dos tesouros salvos do naufrágio. Algumas das imagens foram copiadas diretamente das esculturas das Catedrais, como mostra Flournoy em A simbólica dos arcanos: uma peregrinação da alma.

    A quantidade de imagens femininas remete para as Cortes de Amor provençais e os Fideli d’Amore italianos. Pesquisas na iconografia dos manuscritos alquímicos poderiam mostrar surpresas, bem como nos trabalhos dos mestres em iluminuras

franceses e de Siena do início do século XIV. Eu arriscaria dizer que o desenho básico original foi realizado antes de 1348, pois toda

Page 7: A Cabala e o Tarô

a iconografia européia ficou marcada pela Peste Negra, da qual o Tarô está isento.

    A crise espiritual não terminou em 1310, ao contrário, prosseguiu célere com o Cisma (três papas simultâneos no final do século XIV), a Reforma e o impacto da emergência das ciências

experimentais. Cento e cinqüenta anos depois do extermínio dos Templários, poucos conheciam o patrimônio esotérico acumulado no Cristianismo e promoveram uma verdadeira orgia eclética,

um patê esotérico formado por fragmentos colhidos em diversas tradições: hermetismo greco-egípcio, neoplatonismo, pitagorismo, alquimia e magia islâmicas, e cabala judaica.

    Já estamos em pleno Renascimento e os autores que compunham a biblioteca básica de Lévi (Ficino, Mirandola, Postel, Reuchlin, Agrippa e outros), não escreveram uma linha sobre o Tarô. As razões possíveis: não conheciam a origem, não tomavam o baralho como material esotérico etc.    Pesquisar a origem do Tarô é embrenhar-se em assunto complicado: que caminhos tortuosos levaram os dirigentes cristãos da religião de amor dos Evangelhos até o canibalismo da primeira Cruzada e às torturas e fogueiras da Inquisição?    Na realidade o Tarô não precisa legitimar-se com associações a outras tradições. O núcleo de significados das cartas consolidou-se ao longo de séculos e insistir nas associações pode ser um estorvo.

 

www.ojm.org

    Um tarólogo em exercício não deve se lembrar que a carta do Eremita corresponde à letraTheith, ao signo de Leão, à audição, ao rim esquerdo. Se o fizer vai ficar perplexo.

    Qabbalah, essa desconhecida

     O Sefer Yetzirah foi traduzido por Postel para o latim e impresso em 1552, dez anos antes da versão hebraica. O livro foi tomado

como um manual de filologia, como um livro sobre os mistérios da criação, como um trabalho de cosmologia e muitos outros significados. E decerto, ele contém todas estas dimensões. Mas foi preciso esperar até 1990 quando Aryeh Kaplan escreveu um

comentário pormenorizado sobre ele, para sabermos que se trata, antes de mais nada, das práticas meditativas.     Os cabalistas judeus jamais escreveram sobre estes assuntos, a não ser Abraham Abulafia que pôs no papel alguns comentários sobre a

permutação de letras como meio de prática espiritual, e por isto mesmo foi alvo de críticas na comunidade. Os europeus cristãos

só tiveram acesso à literatura teórica, escrita num estilo especialmente barroco para manter os goim à distância, especialmente depois do tratamento que receberam na Europa medieval.

    Durante 500 anos os ocidentais leram sobre o gosto do pudim sem poder experimentá-lo! Aqui não há contorno possível: para entrar em contato fértil com o budismo tibetano ou zen,

com a Yoga hindu, com o sufismo islâmico, ou a Cabala judaica é preciso encontrar um instrutor originário destas tradições, conhecer a respectiva história, os livros sagrados e um

pouco da língua. Isto agora se tornou possível.    É preciso conhecer a história judaica, pois as formas místicas acompanharam as mudanças e

vicissitudes do povo. Podemos rastrear facilmente as influências egípcias e babilônicas (no léxico, na Torah, na literatura dos Palácios celestiais), persas (a angeologia e a demonologia, o

julgamento final e a ressurreição dos corpos).

www.jimmyakin.org

 

Por onde andaram, os judeus absorveram influências, mas as retrabalharam na matriz da Torah. E assim, o que chamamos de Cabala foi o movimento originado na Europa mediterrânea medieval. O contexto: fundação da escola filológica de Córdoba no século X, fanatismo dos governantes almorávides e almoádas nos séculos XI e XII – acarretando uma diáspora para os reinos cristãos do Norte da Espanha – ambivalência suprema nesta convivência (guetos e marcas no vestuário) avanço do racionalismo aristotélico no judaísmo, escola de tradutores na Provença e eclosão do movimento dos cátaros e das Cortes de Amor nesta região.

Quando este contexto é ignorado restam manuscritos barrocos e um punhado de fórmulas para jogo intelectual. Este primeiro movimento visou, antes mais nada, explicar a presença do sofrimento e da desordem na criação.

    A aproximação entre Tarô e a Qabbalah foi feita por europeus cristãos. Não há registro de um escrito judaico tratando do Tarô,

Page 8: A Cabala e o Tarô

por dois bons motivos. Os judeus têm sua própria tradição mântica, antiga e complexa: uma astrologia muito diferente da que praticamos, uma guematria que deu origem à nossa numerologia, e uma fisiomancia baseada nos sinais da morfologia humana. O outro motivo é que os judeus levavam a sério o segundo mandamento, não farás imagens. A idéia de Lévi de desenhos figurativos inscritos nas pedras no peitoril dos sacerdotes (os Urim e Tumin), como modelo primordial do Tarô, é muito ingênua, pois isto seria

considerado heresia na comunidade judaica.    Depois de um século de extraordinário desenvolvimento, o XIII, a literatura cabalística refluiu. Novamente a história social em

ação: a Inquisição tornou-se mais ativa, a discriminação contra os judeus idem: a depressão econômica, as más colheitas, a grande epidemia de Peste Negra que dizimou um terço da população européia ocidental; tudo atribuído aos deícidas que sofreram os

primeiros pogroms. Este processo desembocou na expulsão dos judeus de Sefarad, a península Ibérica. 60 anos depois o movimento cabalístico estava baseado em Sefed na Palestina (território então do Império Otomano) com preocupações

nitidamente messiânicas. Foi neste contexto de desastre que Mirandola e Reuchlin foram procurar judeus para aprender hebraico. Conseguiram e tiveram acesso aos manuscritos que logo foram traduzidos e impressos. Mas o significado interno do movimento

cabalístico e as práticas que o fundamentavam ficaram perdidas. Nem sequer do movimento cabalista (séculos XII ao XVI) temos a história completa, pois 3 mil manuscritos foram publicados enquanto 6 mil aguardam sua vez nos museus, bibliotecas e sinagogas.

    A sequência dos arcanos maiores

 

    Para vincular o Tarô a alguma tradição esotérica era preciso demonstrar que a seqüência das cartas fazia sentido. Os primeiros baralhos não tinham numeração que só apareceu no século

XVII, portanto resta uma dúvida sobre a intenção dos que criaram os Arcanos maiores.    Podemos descartar o significado como sendo uma seqüência da vida biológica humana, pois a Morte está aproximadamente no meio da seqüência; e também do desenvolvimento típico da psicologia humana, pois este não existe, há somente a história psicológica do indivíduo sujeita a acidentes circunstanciais. Resta o trabalho espiritual.    Das muitas interpretações, as mais consistentes são as de Mebes, que toma a seqüência das cartas como os passos de preparação do adepto maçônico para a magia cerimonial; e a de Valentim Tomberg que toma a seqüência como os passos de exercícios espirituais na tradição cristã, matéria vasta, mas totalmente esquecida atualmente.

 

[autoria desconhecida]

Este é um assunto de vida ou morte para o Cristianismo romano. Na reatualização destas práticas jaz o futuro desta religião no mundo, e nota-se atualmente um grande interesse pelas práticas meditativas do Cristianismo Oriental que melhor conservou as

tradições práticas.    Na cartomancia corrente o problema do significado da seqüência não está colocado, o tarólogo lida com as demandas do

consulente, que geralmente são concretas e individuais, enquanto a elaboração teórica só pode ser abstrata e geral.    Já que este pequeno ensaio tentou dissipar mal-entendidos arraigados, não custa terminar com uma observação sobre Eliphas Lévi. Ainda que tenha escrito bastante sobre Magia e a tenha colocado como a grande Ciência da Antiguidade, ele pouco praticou

magia cerimonial. Quanto às artes mânticas eis o que escreveu no Grande Arcano (1868): “Os adivinhos, tiradores de cartas e sonâmbulos são todos alucinados que adivinham por ob”[ob é um termo hebraico que designa uma luz astral expectral]. Eliphas

Lévi percebeu horrorizado o declínio da religião em seu tempo e tudo que escreveu visava sua revitalização. Católico fiel acatou as restrições que os dirigentes eclesiásticos fizeram à sua obra e não publicou seus últimos manuscritos, o que ficou a cargo de seus

sucessores franceses.

fevereirro.09

Contato com o autor:Rui Sá Silva Barros - [email protected] Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores

A Árvore da Vida

  Compilação de Constantino K. Riemma  

    

    A palavra hebraica Kabbalah significa receber (kabal é o “capaz de receber”). Kabbalah é o ensinamento interno do Judaísmo cuja meta é o conhecimento de Deus, do Universo e do Homem, bem como

de seus relacionamentos mútuos.    As leis objetivas que governam o universo são descritas pelo principal diagrama de estudo

da Kabbalah, conhecido como Árvore da Vida. Esse modelo, análogo ao Absoluto, ao Mundo e  ao Homem, constitui uma chave para a compreensão dos fatos e das verdades, seja qual for o seu nível.   Acima e além dos quatro níveis retratados na Árvore da Vida, existem três instâncias: Ayin, En Sof e En Sof Aur.     Para o cabalista, Deus não existe. Deus está além da existência. Deus éAyin – Coisa Alguma. Dele sai o En Sof, ou Tudo Infinito, também chamado de Lugar sem Fim. É pela força de En Sof que o Mundo Manifesto

  Árvore da Vida

AyinEn Sof

En Sof Aur

Page 9: A Cabala e o Tarô

emerge do Não-Manifesto. A Vontade de En Sof, saindo do ocultamento, é chamada deEn Sof Aur, sendo que a Luz – aur em hebraico – é o símbolo da Vontade.    Uma das analogias para a primeira manifestação da Vontade é o ponto sem dimensão, fonte de tudo o que foi, é e será. É o Eu Sou, chamado na Kabbalah de Primeira Coroa, Ancião e Cabeça Branca. Dele emanam as dez expressões que trazem o Mundo à existência. Numa progressão instantânea, os dez Princípios Divinos, os Atributos de Deus ou Sefirot, são realizado como um relâmpago eterno.

Nota: escreve-se sefirot, no plural e, sefirah, no singular.

    As Sefirot

    As dez esferas, as dez Sefirot, da Árvore da Vida representam aspectos divinos da manifestação do Absoluto na existência. São o meio pelo qual o Santo governa o mundo do

 

espírito, da alma e da materialidade. A disposição dos sefirot é o modelo para tudo o que existe. A Árvore é uma unidade; essa é a primeira lei.    As Sefirot são Keter, ou Coroa; Hokmah, ou Sabedoria; Binah, ou Entendimento;Hesed, ou Misericórdia; Gevurah, ou Julgamento; Tiferet, ou Beleza; Nezah, ou Eternidade; Hod, ou Reverberação; Yesod, ou Fundação e Malkhut, ou Reino. Existe um décima primeira não-Sefirah, entre Binah e Hesed, chamada Daat, Conhecimento, que tem uma função especial.     Algumas Sefirot têm diversos nomes, tanto no hebraico como no português. Gevurah, cuja raiz é Poder, às vezes é chamada de Din ouPechad, que quer dizer Julgamento e Medo; Hode Nezah podem ser traduzidas por Glória e Vitória.    De acordo com a Tradição, a palavra Sefirotsignifica safiras ou luzes cintilantes. Foram também chamadas de Números, Graus, Vasos, Poderes, Trajes, Coroas e muitos outros nomes. Isso ilustra a densidade simbólica do hebraico e da Kabbalah.    O esquema da Árvore da Vida é muito aberto. As Sefirot podem se associadas aos planetas, às notas musicais, aos Mandamentos, aos processos físicos, emocionais, mentais e assim por diante.     Nessa representação aparece igualmente o princípio das polaridades, que se exprimem simbolicamente pela Misericórdia de  Deus (coluna  direita)  e por Sua Justiça (coluna esquerda),  vistas respectivamente como ativa

e passiva, macho e fêmea,força e forma, e assim por diante. 

    O pilar central, do equilíbrio, representa a Graça Divina, que reconcilia os pilares funcionais externos, lateriais; é também chamado de

Page 10: A Cabala e o Tarô

coluna central da consciência.    Keter-Coroa, simboliza o princípio unificador, ponto de origem e de contato com o Divino.    As duas sefirot superiores e externas, Hokmah-Sabedoria, à direita, e Binah-Compreensão, à esquerda, representam o princípio do Intelecto Divino.     Já Hesed-Misericórdia e Gevurah-Julgamentosão a expressão do Divino Sentimento.    O par das sefirot laterais inferiores, Nezah-Eternidade e Hod-Reverberação, traduz o princípio da Ação Divina.    As seis sefirot externas atuam como aspectos funcionais, tais como braços e pernas, cérebro, coração e mãos que servem o eixo central da consciência e da vontade.    Da Coroa (1. Keter, topo do pilar central do Equilíbrio) jorra a trindade divina, composta do princípio ativo da Sabedoria (2. Hokmah, o Pai, topo do pilar direito da Força) e do seu complementopassivo, a Compreensão (3. Binah, a Mãe, topo do pilar esquerdo da Forma).    "As dez Sefirot surgem do Nada como Um Relâmpago e não têm começo nem fim. O Nome de Deus está com eles enquanto vão e quando voltam" (Sefer Yezirah).    O impulso da Vontade que se manifesta em Keter passa em progressão alternada do pilar ativo para o passivo ao descer por todos os Sefirot e Mundos.

 

As colunas ou pilares e as tríades

    Na coluna central, Keter supervisiona o conjunto. A sefirah central, Tiferet, a Beleza, age como intermediário para cada sefirot, exceto para Malkhut, o Reino. Yesod, Fundação, está no centro da tríade inferior, é a base da consciência na metade inferior da

Árvore.Malkhut é o corpo da Árvore e o lugar de manifestação material de tudo o que se encontra acima.    Finalmente, participa do pilar central a não-sefirah, ou sefirah invisível, Daat,Conhecimento, lugar onde o Divino pode intervir, ou

pelo qual é possível um ser humano entrar no mundo superior e retornar.    Para estudarmos o princípio das polaridades ou a  Lei de Três, na Árvore da Vida, dispomos de duas referências. Em primeiro

lugar, as tríades de sefirot que definem cada mundo e, em segundo, os três pilares:     Forma (3, 5, e 8): pilar passivo, do rigor e da estrutura.

    Força (2, 4 e 7): pilar ativo, da compaixão e da dinâmica.    Equilíbrio (1, 6, 9 e 10): pilar central, da consciência e da vontade. 

    Todas as sefirot do pilar passivo são receptivas e têm, as qualidades da Forma, no sentido de que a Compreensão é a formulação de idéias, o Julgamento é empregado em resposta a alguma coisa e a Reverberação é o eco a um impulso proveniente

de qualquer uma das outras sefirot.     O mesmo acontece com o pilar ativo. Nele o impacto da revelação é observado na Sabedoria, enquanto o poder que deve estar

por trás da Misericórdia é enorme. A Eternidade é o princípio da repetição, a carga incessante necessária para fazer o mundo girar.     O pilar central se ocupa da Vontade e da Graça, que descem da Coroa, através do Conhecimento, indo até a Beleza, a sefirah que reflete o topo para a base da Árvore. A Fundação e o Reino são, respectivamente, a manifestação de um plano de imagens e

sua realização na substância Divina.    

Os Mundos

     A questão dos níveis de realidade, pode ser estudada pela Árvore da Vida a partir do conceito de Mundos, como acabamos de ver. Outra forma de representar os quatro mundos, utilizado por Patrick Paul seus trabalhos, define cada nível por uma tríade.

Page 11: A Cabala e o Tarô

    O impulso da Vontade que se manifesta em Keter passar em progressão alternada do pilar ativo para o passivo ao descer por todos os Sefirot e Mundos. 

    Os principais atributos de cada mundo podem ser assim sintetizados:    1. Azilut (1, 2 e 3) - Mundo da Emanação: Centelha Divina. Adão Kadmon. Radiante. Si-Mesmo Divino. Fogo. Intuição. 

    2. Beriah (4, 5 e 6) - Mundo da Criação: Céu. Espíritos. Arcanjos. Gasoso. Veículo espiritual. Ar. Pensamento. 

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    3. Yetzirah (7, 8 e 9) - Mundo da Formação: Paraíso/Purgatório. Alma. Anjos. Psicológico. Líquido. Psiquismo. Água. Emoção.    4. Assiah (10) - Mundo da Ação: Natureza. Corpo. Animais. Vegetais. Minerais. Sólido. Corpo físico. Terra. Sensação.    Adão Kadmon, na cabala judaica, representa o Homem Arquetípico, o Homem Primordial. É considerado como a síntese da Árvore da Vida, que emana de Ain Soph. Ele se estende entre o maior e o menor; sua cabeça toca o Absoluto e seus pés, a relatividade da Existência. Ele expressa os dez atributos primordiais do Divino e suas quatro leis maiores que governam o Universo.     A primeira dessas leis é que Tudo é Um; a segunda se refere à ação da Trindade Divina de forças passivas e ativas, mediadas pela Vontade e Consciência de Deus; a terceira é a lei da seqüência, da Grande Oitava, que vai da cabeça até os dedos dos pés do homem universal; e a quarta é que entre do Dó superior da Coroa e do Dó inferior do Reino existem quatro mundos, cada um deles contendo uma Árvore secundária. (O esquema que superpõe as quatro árvores, denominadoEscada de Jacó, é muito utilizado por Halevi em seus livros).    A Árvore da Vida, na tradição judaica, é um dos instrumentos para se compreender os princípios eternos, presentes no Um e no Adão Kadmon.    Adão Kadmon e a Árvore da Vida foram concebidos pelo mesmo modelo. Adão Kadmon é o Universo feito à semelhança de Deus.

 

    Paralelos

     O diagrama da Árvore da Vida, para fazer uma comparação, é muito mais simples visualmente que um horóscopo. No entanto, o trabalho sobre ele revela incontáveis combinações e arranjos, que permitem correlações com as diferentes fontes de Ensinamento.

Para isso, evidentemente, existe um longo caminho de aprofundamento a ser percorrido.

Page 13: A Cabala e o Tarô

Um antigo desenho que coloca em relação as sefirot da Árvore da Vidacom o Cristo cruxificado, sua coroa de espinhos e chagas.

    O esquema abstrato da Árvore da Vida permite estabelecer paralelos com outros universos simbólicos e planos de energia. E exemplos, como acima, não faltam.

fevereiro.09

Notas sobre IHVH, o Tetragrama

  Rui Sá Silva Barros   

    Quando expôs o Arcano IV, o Imperador, Mebes evocou o impronunciável nome de Deus e relacionou-o a muitos quaternários: aos naipes, direções cardeais, aos animais da esfinge, e

aos elementos. Poderia prosseguir.    Estas analogias podem ser úteis, mas é preciso verificar a composição do conjunto. O autor sabe que um quaternário formado por 1+3 é diferente de um formado por 2+2. Ora, o tetragrama é formado por três letras (yud, vav e hei) sendo que a última se repete na segunda e na quarta posição.     Isto tem significados que é preciso aclarar, e sem querer desvendar todos, apresentamos aqui um aspecto importante.

   

Pesquisa cabalística

    Todos os métodos e meditações criados pelos cabalistas judeus foram idealizados para esclarecer e aprofundar os significados dos textos sagrados. Os estudiosos racionais da Torah ficaram intrigados com as duas versões apresentadas no Bereshith (Gênesis)

sobre a Criação do Mundo nos dois primeiros capítulos. Concluíram que os textos bíblicos foram elaborados ao longo do tempo e compostos a partir de diferentes fontes: eloísta, javista, sacerdotal, etc. Os cabalistas ofereceram outra versão: os dois primeiros

capítulos representam fases de um mesmo processo. No primeiro capítulo é exposta a ação divina no mundo de Beriah (Criação),

Page 14: A Cabala e o Tarô

e aí Deus é apresentado com o nome de Elohim. Trata-se do mundo celestial e o ser humano foi criado hermafrodita, à imagem e semelhança de Deus. No segundo capítulo a ação se desloca para o mundo de Yetzirah (Formação) e Deus é então nomeado

como YHVH. A expulsão do Paraíso sinaliza a entrada no mundo de Assiah(Ação), o mundo sensorial onde vivemos e os nomes de Deus proliferam, multiplicam-se enormemente

A Árvore da Vida, os quatro Mundos e os nomes de D'us

    Voltando nossa atenção para o segundo mundo, onde Deus opera como YHVH, verificamos que ele forma Adão do barro (num belo jogo de palavras, Adam e adamah) e lhe insufla o nefesh, o sopro vivente. Entre outras coisas, o nome YHVH simboliza um

processo respiratório completo, sendo que para o ser humano o Yud inicial significa a inspiração que é o primeiro passo da entrada

do feto em nosso mundo sensorial. Os dois heis do Nome sinalizam as pausas essenciais onde ocorrem as reações bioquímicas vitais da absorção do Oxigênio e da eliminação do dióxido de Carbono. Agora sabemos que para que o processo ocorra é necessária a presença de hemoglobina no

sangue, molécula orgânica onde o ferro é essencial.

Page 15: A Cabala e o Tarô

 

Combinações numerológicas

 

    Por uma destas surpreendentes coincidências o NomeYHVH soma 26 (10+5+6+5) o número atômico do ferro! E a soma destes números resulta em 8, o número atômico do Oxigênio. Ressaltamos ainda que a soma dos elementos químicos do dióxido de Carbono resulta em 22! A respiração é vital para a existência dos entes vivos, mas que significado tem para a esfera divina? Talvez seja um imenso esquema rítmico que permeia todo o Universo e até presida a criação e destruição dos mundos. Neste caso os dois heis significariam os tempos da eternidade quando a Deidade está absorta e coisas essenciais ocorrem na escuridão.

    Os nomes divinos também foram correlacionados com as Sefirots da Árvore da Vida. O Nome YHVH coube a Sefirah Tifereth, que ocupa o centro do diagrama e no corpo humano está relacionado ao coração, órgão que funciona ritmicamente e é responsável pela distribuição do Oxigênio e demais nutrientes pelo corpo. Além disto Tifereth (A Beleza) é mediadora

entre Chesed (Misericórdia) e Gevurah (O julgamento severo), isto é, ela é a benevolência inteligente, a potência divina que permite a Redenção.

    O mundo de Yetzirah (Formação) é sutil, psíquico, intermediário; é o mundo das combinações, das polaridades, dos desejos e imaginação. É um mundo fascinante e hipnótico, perigoso com suas miragens e imagens invertidas, uma prisão para quem almeja

a experiência de Beriah (Criação), o mundo celestial. Nossos centros – emocional e intelectual – são formados com a substância deste mundo intermediário e é por este motivo que as artes mânticas

funcionam e ocorrem fenômenos telepáticos: entes e forças estão em conexão, o passado e o futuro potencial estão presentes simultaneamente.

    Nos comentários que elaborou e publicou sobre oSefer Yetzirah, Arieh Kaplan mostra como os cabalistas judeus usavam as letras do Nome YHVH, combinadas com as vogais e demais letras do alfabeto hebraico, para produzir práticas meditativas potentes. Elas ajudam a atravessar o mundo intermediário com segurança.

   

Neste tempo de turbulências é uma ajuda extraordinária para experimentarmos “A paz que transcende a compreensão”, enquanto o “mundo das dez mil coisas” é sacudido por tormentas.

    Muito mais poderia ser dito sobre o significado do Nome, mas daqui em diante é a experiência de cada um somada à intuição intelectual que deve conduzir a investigação. Que as asas de IHVH nos protejam.

    Referências

    “A paz que transcende a compreensão” é uma fórmula que aparece em diversos Upanishads. “O mundo das dez mil coisas” é uma referência taoísta para o nosso mundo sensorial. As “asas de IHVH” aparecem nos Salmos. 

    Para o leitor interessado na história da mística judaica indicamos os livros de Gershom Scholem, os principais publicados pela Ed. Perpsectiva. O livro de Arieh Kaplan foi traduzido pela Ed. Sefer e apresenta 4 versões do Sefer Yetzirah com ricos comentários

O Tetragrammaton

  Joana Trautvetter   

 “O que está embaixo é análogo ao que está em cima, e o que está em cima é análogo ao que está embaixo, para perfazer as maravilhas da coisa única.”

 

     O Tetragrammaton é a representação mais perfeita do processo de formação de todas as coisas no mundo sutil e denso, sejam clichês, situações, criaturas, objetos e o próprio Universo. Toda avaliação de situações em que aplicaremos os Arcanos do Tarot,

seguirá este princípio, que constitui a fisiologia fundamental para investigação de todos os fenômenos.    São quatro os componentes do Tetragrammaton, que também é conhecido como O Nome de Deus, devido ao fato de se aplicar

a toda a Sua Criação, através da qual nossa Consciência pode reconhece-LO. A Kabalah nomina esses componentes:

 Yud – He – Vav – He

“No princípio era o verbo, e o verbo se fez carne...” 

    Estudaremos no capítulo sobre a Árvore da Vida, o que Kabalah ensina sobre como Deus cria o Universo por intermédio do seu verbo. Para além da Vontade Manifesta de Deus, o Verbo, o pulsar eterno que mantém toda a sua Criação, nossa mente, por

mais evoluída que seja, não tem como conhece-LO. Por isto, dizemos que Deus além da existência. Nós o percebemos em suas infinitas manifestações, as materializações do Verbo Eterno.

    Ao mesmo tempo em que, da Vontade de Deus emana um Influxo de Poder Ativo e positivo, dotado de Informação e Intenção, é

Page 16: A Cabala e o Tarô

gerado, por complementaridade, o Poder Receptivo e negativo, dotado de energia polarizada, a substância sutil, pronta para ser fecundada pelo Poder Ativo, recebendo-o, contendo-o, delimitando-o e criando com ele tudo que se manifesta. Da interação destes

Poderes nasce toda a Criação e suas infinitas, múltiplas formas; a este princípio interativo ou conjunctio chamamos o Logos, na linguagem Teosófica, o G.A.D.U. – O Grande Arquiteto do Universo. Se chamarmos Espírito ao primeiro princípio, e Substância ao

segundo, teremos que a união do Espírito e da Substância gera a Vida que se Manifesta em múltiplas Formas. Podemos exemplificar este processo assim:

      Yud   He   Vav   He  

        Devido a este princípio, as letras hebraicas Yud – He – Vav – He compõe o Nome de Deus, porque indica que Esse Imponderável, que significa toda a informação inteligente do universo, mais sua energia ou substância, mais o poder criador que pulsa animando tudo que existe, se manifesta de acordo com o princípio descrito pelos quatro componentes. Como o quarto elemento simboliza a forma resultante de cada processo, os três primeiros representam a essência da criação, A Trindade, que é símbolo da Divindade

em todas as culturas.    As quatro letras hebraicas que sintetizam o fenômeno da criação de tudo que existe, são, em essência, o Verbo criador,

imanente em todo universo. Há muitas formas de pronúncias para esse Nome, onde a mais conhecida é Yaveh, como vemos na Bíblia, que se deriva para Jeovah. A forma Yaveh do Nome de Deus provém da contração Iud – He que compõe a parte Yang ou

ativa do nome, e Vav – He, que compõe a parte Yin ou reativa, feminina, do nome. Sua pronúncia é utilizada no caminho da Kabalah prática e é dotada de grande poder realizador. Tudo que acontece no mundo fenomênico obedece a esse modo de criação.

Podemos exemplificar de muitas formas este postulado: Eis algumas bem simples:    

        Pai  →  Mãe  →  Gestação (Filho)  →  Forma do Filho        Idéia de um Objeto → Material  →  Confecção  →  Objeto Criado 

        Energia Elétrica  →  Lâmpada  →  Luz → Ambiente Iluminado         Intenção  →  Recepção  →  Interação  →  Situação Criada     

        Esse postulado embasa o conceito de um princípio masculino – Deus Pai – que fecunda o princípio feminino – Deusa Mãe –

para gerar a natureza, o universo, o homem – Deus Filho– o advento que possibilita as condições para que se desenvolva A Vida Manifesta neste ou em outro plano de existência. Joseph Campbel, em O Poder Do Mito ilustra maravilhosamente essa idéia, demonstrando como a idéia da existência de um Deus Pai e de uma Deusa Mãe é representada por simbolismos adotados em

diversas culturas, das mais desenvolvidas às mais primitivas, sob formas diversas, matizadas pela linguagem simbólica de cada cultura.

    O Conjunctio, ou a relação entre o masculino e o feminino é simbolizado em muitas culturas como princípio da divindade. Os deuses do panteão hindu são representados com sua respectiva consorte, como Shiva e Adishakti. No budismo, o Guru Vajradara,

Lama supremo, é representado em abraço sexual com sua consorte, simbolizando o poder criador da interação entre o aspecto masculino e ativo e o aspecto feminino e receptivo, que neste caso indica a união do espírito iluminador e da mente em estado

receptivo, de vacuidade, como exemplo ou referencial para aquele que busca a vitória sobre a ilusão, sobre o sofrimento. O Linghan indiano simboliza o mesmo princípio, como veremos no Arcano III, assim como a flor de Lis. O falo e a vagina unidos são

um símbolo manifesto desse princípio, da mais elevada sutileza.    O Espíritofecunda a Substância – a informação inteligente fecunda a energia. Não poderíamos imaginar a existência do

espírito, enquanto essência sutil da vida, ou melhor, utilizando o conceito rosacruciano – o espírito enquanto a inteligência imanente em toda a coisa existente, ou energia formatada – sem que ele penetrasse a substância e nela gerasse, criativamente,

interativamente, a multiplicidade da forma. Esta concepção ancestral da Criação pode também ser expressa da seguinte maneira:

    

  1Princípio Ativo

  2Princípio Receptivo

  3Processo Criador

  4Coisa Criada

 

        1. O Princípio Ativo pode ser relacionado com toda Energia que estrutura, anima e alimenta tudo que existe o mundo visível. É

o grande Yud, que pode também ser representado pelo ponto no sentido em que este expressa o potencial concentrado de irradiação positiva, como um núcleo atômico, como o Sol no nosso sistema solar; também refere-se à idéia anterior a qualquer

forma, como afirmou Platão; é o Pleno de Potencial, é a polaridade positiva da energia, é Yang e pode ser entendida como Mônada. É o primeiro hexagrama do I Ching, O Criativo.

    2. O Princípio Receptivo pode ser relacionado com toda substância que recebe o influxo, e é necessariamente Vazio, oco de energia, mas pleno de potencialidade, como um ovo sem gema, um como uma célula sem núcleo, como um átomo sem o núcleo

agregador, como o sistema solar sem o sol, se é que isto é possível no universo compreensível. É a polaridade negativa da energia, dotada do poder atrativo e da fecundidade, é o 1º He, é opoder yin. É o segundo hexagrama do I Ching, O Receptivo.

    Quando 1 e 2 entram em contato, sendo esse instante imponderável e imerso no mais sutil e abstrato da compreensão da vida, temos representado o binário. Nosso universo conhecido é irrefutavelmente construído sobre binários: luz/sombra; cheio/vazio;

espírito/matéria; expansão/contração; dia/noite; masculino/feminino; bem/mal; sim/não; positivo/negativo. “Os opostos se atraem”, não existem isoladamente, e estando em contato, interagem pela poderosa instabilidade da junção, até que se fundem, se

equilibram e resultam em um processo interativo neutralizado. O espermatozóide, cheio de energiayang, mas incompleto em si, navega desesperadamente em direção ao óvulo cheio de energia yin, ou melhor, vazio de Yang e portanto cheio de possibilidade de vida, mas que também é incompleto para a vida, em si mesmo. A fusão do conteúdo genético dos dois e as condições geradas

Page 17: A Cabala e o Tarô

em torno deles cria um ser em desenvolvimento, que após todo o processo de interação e maturação nasce para o mundo visível como uma nova Criatura. Assim também tudo é emanado, criado, formado e feito no seio de Deus que é tudo isso mais Ele mesmo,

que está além da existência do que conhecemos ou imaginamos.     3. A Criação, o processo Vav, interativo e gerador de tudo que existe. As polaridades se atraem, interagem até a

neutralização, o equilíbrio. Toda natureza física e metafísica busca o equilíbrio dos opostos. O elemento positivo e o elemento negativo, atraídos um para o outro entram em interação de forma a compor uma unicidade, sem perder, todavia, sua natureza íntima. Enquanto interagem, mantém viva a unidade que compõe e a tornam capaz de gerar incessantemente a própria forma.

Vemos um pedaço de madeira que se mantém existindo durante um período de tempo sobre a terra. Ali estão prótons e elétrons interagindo incessantemente de forma a compor os átomos que se agregam em moléculas cujo conjunto percebemos como

madeira. No mundo psíquico também mantemos nossas situações de acordo com elementos ativos e receptivos em nossa mente. Intenções, necessidades, desejos compõe as forças mais visíveis em nossa psique, movendo e nutrindo constantemente nossa experiência de vida. Toda tensão psíquica busca incessantemente a saciedade neutralizadora. Esta é a força da trindade, que

permite a criação de todas as coisas em todos os níveis vibratórios. O processo criativo é representado pelo triângulo místico, tendo a neutralização como resultante do conflito da energia do binário. O estágio criador é também visto no símbolo do círculo

com o ponto ao centro, símbolo da célula, do átomo, do sol: este é o símbolo da unidade da Vida há milênios na terra. Hermeticamente, representamos o triângulo do Poder Criador do Universo de duas maneiras:

        

         Acima temos a representação dos dois grandes triângulos criativos: O triângulo descendente, ou involutivo, que representa binários de um plano sutil neutralizando-se em direção ao plano mais abaixo – manifestação do processo coagula; e o triângulo

evolutivo, onde binários de um plano mais denso se neutralizam em direção aos níveis mais sutis – manifestação do processo solve. O Triângulo Ascendente tem a natureza Yang, opera de forma ativa, como ação da vontade no mundo físico, é ligado ao Fogo; O Triângulo Descendente opera pela da ação de forças dos níveis sutis, que nominamos Vontade Divina, e que

percebemos como que vindo sobre nós, por isto essa recepção é passiva, portanto de natureza Yin, ligada à Água.    De forma ampla, podemos dizer que toda criação, do Mundo Sutil ao energético e ao físico, obedece ao primeiro movimento. A intenção inteligente toma para si a substância e adquire forma. A matéria é energia manifesta. O segundo movimento, do mundo físico ao sutil, descreve o processo dinâmico de neutralização de binários fenomênicos em direção à essência. Uma tempestade

que cai dissipa a tensão atmosférica. Uma flor que desabrocha cumpre um papel no ecossistema e desaparece. Assim também, o esforço que os seres do mundo físico fazem por crescer na escala evolutiva, resolvendo conflitos através do processo cognitivo e criativo é um triângulo evolutivo. O exercício equilibrado da faculdade de livre arbítrio obedece ao triângulo evolutivo. A escolha define um caminho, que leva a uma finalidade. Um desejo gera uma tensão que se dissipa ao se obter a satisfação, da qual resta

uma experiência interna (ponto neutro). Inúmeros exemplos podem ser pensados. O fato é que todo Universo se equilibra entre os dois movimentos criadores.

    Podemos afirmar que há Causas (+) e Condições (-) que Interagem, resultando em Efeitos (N), tanto do sutil para o denso, quanto do denso para o sutil. A criação de situações na vida cotidiana de uma pessoa obedece esse padrão. Um conflito interno

não resolvido (um karma negativo, por exemplo), acionará forças inconscientes na direção de um tipo de experiência, de forma a se obter um aprendizado, uma liberação. Dons e atributos positivos atrairão situações de qualidade positiva de forma a se dar

experiências gratificantes. Por outro lado, atitudes positivas gerarão estados mentais positivos e elevação do nível vibratório da pessoa. Podemos ver isto refletido inclusive no desempenho do nosso corpo físico.

    4. A Manifestação, o quarto componente do Tetragrammaton, pode ser explicitado pelo quadrado, que representa o que é visível na dimensão do que está realizado. Na matéria, no cruzamento das abscissas temos o dimensionamento de todo e qualquer

objeto possível. As três dimensões – largura, comprimento e profundidade nos oferecem a possibilidade de ver, tocar, enfim, perceber qualquer volume. Quatro elementos fundamentais são necessários para compor qualquer corpo material – Fogo, Terra, Água e Ar. O quinto elemento, éter ouespaço é o elemento sutil no qual atua a energia imponderável que mantém as demais

agregadas e em funcionamento. Espírito é o nome hermético dessa energia, que é onipresente.    Quando o Espírito “Deus-Pai” deixa a Matéria, ela é devolvida à “Deusa Mãe” – Substância, para desagregar-se e retomar outras formas sob novos comandos sutis. Nosso corpo físico (como o de qualquer ser, objeto, ou componentes da natureza) é composto

de átomos que já fizeram parte de qualquer coisa que se possa imaginar; uma folha de couve, peixes, aves, quem sabe, dinossauros ou rochas do princípio dos princípios... No entanto, quando a energia de espírito deixa nosso corpo, ele é decomposto para vir a servir de substância para outras formas de vida. A representação do quarto estágio da Criação também pode ser feita

através do Cubo, que veremos, foi amplamente utilizado nos arcanos do Tarot. Mas a representação talvez mais antiga e tradicional, embora poucos a entendam como tal, é a da Cruz de braços iguais, ou a Cruz Solar. Também ela é amplamente utilizada nos Arcanos do Tarot, e são muitas as formas encontradas para seu emprego simbólico, ligadas às Escolas da Tradição

hermética no Ocidente e no Oriente.    

Page 18: A Cabala e o Tarô

        Toda criação segue o esquema tetragramático, fisiologia pura do processo criativo que vem se repetindo desde tempos sem início. A repetição do processo cria tudo aquilo que se manifesta, e a consciência humana, como uma criança no universo, vai aprendendo e evoluindo com a dança da criação. Por isto, a cada Tetragrammaton corresponde um ponto, que simboliza o seu

significado, a quintessência daquilo que se manifestou. Podemos representar esse processo assim: Yud – He – Vav – He.    O quadrado com um ponto no meio tem esse significado. Mas outros símbolos existem, e a representação mais antiga, talvez,

seja a Sagrada Ank, ou Cruz Ansata dos egípcios. Ela representa a consciência que se desenvolve sobre a cruz da vida na matéria; também com esse sentido existe a Cruz Rosa-cruz, onde a rosa no centro da cruz representa a alma humana evoluindo na matéria.

Os quatro braços da cruz simbolizam os quarto elementos, os quatro pontos cardeais, as quatro virtudes herméticas, os quatro elementos alquímicos, etc. (de acordo com G. O. Mebes, temos duas grandes interpretações para o lugar dos elementos na Cruz Solar, como veremos no capítulo do Imperador). Do ponto de vista hermético, não há sentido para a cruz com o corpo do Cristo

pregado a ela; isto significa um corpo atado à matéria, onde ele já está de fato. A triste imagem do Cristo crucificado é uma meta-linguagem que apenas proclama o padecer físico e aliena o sublime sentido do próprio sacrifício da vida de Jesus para a

Imortalização da Obra do Messias. A cruz é um símbolo hermético muito anterior ao cristianismo.    

Etapas da iniciação

  Z'ev ben Shimon Halevi'Warren Kenton'  

 O cabalista inglês propõe questões que deverão ser enfrentadas, em cada etapa (sefirah), por aquele que se dispõe a percorrer o

caminho evolutivo, da Terra (Malkut) até o Alto (Keter).    

(1ª) MALKHUT (Terra)       Você consegue ganhar a vida?       Você consegue se sustentar?

 (2ª) YESOD (Lua)

       Você consegue dirigir sua própria imagem ou é dominado por ela?       Você consegue retirar sua própria máscara.

Page 19: A Cabala e o Tarô

(3ª) HOD (Mercúrio)       Você consegue ler, estudar, coletar informações e       depois jogar tudo fora?

(4ª) NETZAH (Vênus)       Você sabe lidar com a paixão?       Você se dá conta da sedução?

(5ª) TIFERET (Sol)       Você alcança ser o seu Eu (Self)?       Você se dá conta do orgulho? (6ª) GEVURAH (Marte)       Você sabe como sair de um aperto?       Você consegue lidar com um Kung-fu psicológico? (7ª) HESED (Júpiter)       Você sabe dar? Ou só dá quando lhe pedem?       Você consegue, após aprender, desfazer-se        disso tudo? 

(8ª) DAAT (Plutão)       Você está aberto a mudar e ser transformado?       Você sabe lidar com a morte e o renascimento?       Você consegue ser como a Fênix.       Você conhece a arte de morrer?

(9ª) BINAH (Saturno)       Você compreende o que é a Lei?       Você consegue não ser limitado por ela?        Você conhece o caminho para transcendê-la?

 

(10ª) HOCHMAH (Urano)        Você consegue receber uma revelação e manter-se sereno?

  (11ª) KETER (Netuno)

        Você sabe a diferença entre a Mística e a Loucura?        Você está em contato com os Mundos Superiores ou com a sua fantasia?

 Tradução e adaptação deConstantino K. Riemma

    Várias obras de Z'ev ben Shimon Halevi foram traduzidos ao português. Têm a qualidade de expressar um conhecimento interior, que vai muito além da simples repetição de conceitos e esquemas abstratos. 

    Os trabalhos de Halevi constituem uma ponte consistente para quem deseja se aproximar da Cabala.

Z'ev ben Shimon Halevi. Árvore da Vida. Siciliano

”. Adão e a Árvore Kabbalística. Imago

”. Cabala e Psicologia. Ed. Siciliano.

”. O Caminho da Kabbalah. Ed. Siciliano.

”. Escola de Kabbalah. Ed. Siciliano.

”. O Trabalho do Kabbalista. Ed. Imago.

”. (W. Kenton). Astrologia Cabalística. Pensamento

fevereiro.09

Contato:Constantino K. Riemma - [email protected]

O alfabeto hebraico

Compilação de Constantino K. Riemma

Tal como ocorre com outros alfabetos tradicionais, as letras do alfabeto hebraico têm valor numérico, sendo igualmente utilizadas para quantificar e enumerar seqüências. O alfabeto hebraico só dispõe de consoantes, sendo que as vogais podem ser

representadas por sinais diacríticos (ou seja, pequenas marcas apostas às letras para dar-lhes novo valor, como cedilha, til, acentos), chamados niqqud.

Page 20: A Cabala e o Tarô

A escrita é feita da esquerda para a direita, assim como o árabe.

O quadro abaixo apresenta as 22 letras básicas do alfabeto hebraico, seus símbolos e uma de suas possíveis correspondências com os Arcanos Maiores do Tarô.

 

     Letra Nome  =  Valor Imagem Outrascorrespondências

Arcanodo Tarô

1 Alef A 1 Boi Nascer, EquilíbrioPeito

 1 – Mago

2 Beit B 2 Casa Reunir, Templo Sabedoria

 2 – Papisa

3 Guímel G 3 Camelo Dirigir, Maturidade  3 – Imperatriz

4 Dálet D 4 Porta Executar, Fecundidade  4 – Imperador

5 Hei H 5 Janela Ver, Palavra  5 – Papa

6 Vav V 6 Prego Ouvir, UnirPensamento

 6 – Namorados

7 Záin Z 7 Espada Andar, Inverter  7 – Carro

8 Chet Ch 8 Cerca Falar, Investir, Temor  8 – Justiça

9 Tet T 9 Serpente Paladar, Desenvolver  9 – Eremita

10 Yud I, Y, J 10 Punho cerrado Trabalho, Extensão  10 - Roda Fortuna

11 Kaf K, C 20 Palma da mão Vida, Estrutura  11- Força

12 Lamed L 30 Aguilhão Trabalho, Cópula Movimento

 12 – Pendurado

13 Mem M 40 Água Corpo, Merecimento  13 - Sem Nome

14 Nun N 50 Peixe Movimento, Pólo  14 – Temperança

15 Samech S 60 Escora Potencial, Ira  15 – Diabo

16 Ayin a, E, i, o, u

70 Olho Independência Alegria, Estudo

 16 - Casa de D’us 

25 Pei P, F 80 Boca Domínio, Energia  17 - Estrela  

18 Tsadi Ts, X 90 Anzol Engolir,   Adaptação

 18 - Lua  

19 Kuf K, Q 100 Nuca IntegraçãoRir, Imitar

 19 - Sol  

20 Reish R 200 Cabeça Paz, Ordem  20 - Julgamento 

21 Shin S 300 Dente Poder, Culpa  22 ou 0 - Louco

22 Tav T 400 Cruz, Marca Beleza   Permanência

 21 - Mundo

 

  Letras Finais:   Kaf - K500   Mem - M

600   Nun - N700   Pei - P

800   Tsadi - Ts900

Na coluna "nome" das letras, no quadro acima, adotadamos a grafia que aparece no trabalho de David Zumerkorn, Numerologia judaica e seus mistérios, da ed. Maayanot.

 Embora algumas correspondências entre letras hebraicas e cartas do tarô sejam bastante difundidas, é muito importante não

esquecermos dos riscos de graves equívocos quando se coloca um sinal de igual entre símbolos que procedem de diferentes fontes tradicionais.

Para quem tem familiaridade com os símbolos hebraicos o exercício mais útil para estabelecer paralelos talvez seja, simplesmente, o de descobrir, em cada lâmina, o leque de associações possíveis com o repertório dessa tradição, sem tentar reduzir cada arcano

do Tarô a uma única letra. Essa disposição de pensar simbolicamente, de modo aberto, permitirá constatações surpreendentes.

fev.09/nov.11

Page 21: A Cabala e o Tarô

Os 22 arcanos maiores do Livro de Thot

O simbolismo do Tarô Egípcio Kier

J. Iglesias Janeiro  

 

J. Iglesias Janeiro em seu livro La Cábala de Predicción, publicado a partir de 1955 pela Editorial Kier, dedica a Lição XII ao "Livro do Saber e Sabedoria que contém". Ele qualifica o jogo de cartas como "o Livro de Thot de 78 lâminas".

O simbolismo dos arcanos, apresentado abaixo, constitui a tradução completa desse capítulo 12. Adicionamos ao texto original indicações complementares de cartomancia, constantes do manual de instrução que acompanhava o jogo de cartas igualmente publicado pela Editorial Kier a partir de 1970.

O Clube do Tarô reune, assim, as duas fontes originais referentes ao Tarô Egípcio Kier.

Tradução e compilação deConstantino K. Riemma

 

 

1. O Mago Criador

No Plano Espiritual é a síntese do todo, a iniciação aos mistérios e o poder para decifrá-los e servir-se deles. No Plano Mental representa o poder volitivo, de transmutação e de coordenação. Dá aptidão para propor, considerar e resolver os problemas, despertar e dominar as paixões. No Plano Físico tende à organização dos elementos naturais e ao domínio das forças em movimento, dando aptidão para adquirir e dispor, criar, modelar e aplicar.

Provérbio transcendente: "Seja em tuas obras como és em teus pensamentos". Como elemento de predição, promete domínio dos obstáculos materiais, novas relações sociais, iniciativas felizes, a colaboração de amigos fiéis que ajudam o desenvolvimento dos projetos e amigos invejosos que os dificultam.

Na cartomancia: Obstáculos vencidos; iniciativas positivas; influênciasvariáveis. Vontade, virtude, perseverança, triunfo ante a adversidade, domínio dos ideais sadios.

Sentido inverso: Sabedoria, talento, genialidade. Dúvidas e demoras. Indica o consulente e o gênio, se esta carta estiver junto ao arcano 77.

Referências astrológicas e cabalísticas: Mercúrio; Sol em Leão. O MAGO CRIADOR no ato de criar. É símbolo dos mistérios do Buey-Guía figurados na letra Aleph. Representa a unidade, a unicidade, o princípio das coisas, o pai, o mundo como manifestação,

o homem como unidade vivente completa em si mesma, o fundamento, a razão de todos os atos.

 

2. A Sacerdotisa

No Plano Espiritual representa o manancial de vida, a matriz em que as imagens tomam forma, em que a tese coloca a antítese, em que a fonte acumula suas águas. No Plano Mental é a dualidade, o jogo dos opostos, a razão que compara, o Positivo e o Negativo, o masculino e o feminino, o visível e o invisível, a luz e a sombra. No Plano Físico tende à fusão dos desejos, a afinidade química, a relação dos sexos, o comercio, o intercambio, a dualidade e a duplicidade.

Provérbio transcendente: "O vento e as ondas vão sempre a favor de quem sabe navegar". Como elemento de predição, promete atrações e repulsões, perdas e ganhos, subidas e descidas, inspirações favoráveis à iniciativa e a secreta oposição de outros para levar o iniciado a bom termo.

Na cartomancia: A verdade se impõe; a intuição não engana.Prudência com relação à generosidade indiscriminada. Clareza de idéias, lucidez, critério analítico, capacidade de observação.

Habilidade para ajustar negócios complicados.

Sentido inverso: Paixão avassaladora, exaltação espiritual, contendas, ira, amarguras, desavenças. Junto às cartas 21, 63 e 77: traição.

Referências astrológicas e cabalísticas: Virgem; Lua em Câncer. A SACERDOTISA no ato de exercer seu sacerdócio. É símbolo do

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sonho criador figurado na letra Beth. Representa a substância divina, o princípio plasmador, a mãe, a imaginação, a ciência oculta e a manifestada, o passado e o futuro tornados imagem no presente.

 

3. A Imperatriz

No Plano Espiritual representa o conhecimento do oculto e do manifestado, o passado e o futuro tornando-se realidade no presente. No Plano Mental é a concepção, ideação, geração e manifestação do espiritual, do mental e do físico. Criação, conservação e renovação. No Plano Físico, tende à expansão, multiplicação e concretização das idéias, desejos e atos que expressam a vida interior.

Provérbio transcendente: "Tecendo está teu tear, tecidos para teu uso e tecidos que não usarás." Como elemento de predição, promete idealização, produção, riquezas e abundância de bens materiais, obstáculos a vencer e satisfações à medida que dão vencidos.

Na cartomancia: Possível matrimônio; a dúvida é o caruncho da alma; aproveite a oportunidade. Casamento certo; união sentimental duradoura; atração recíproca; beijos puros.

Sentido inverso: Ruptura; disputas; discussões; separação.

Referências astrológicas e cabalísticas: Libra; Júpiter em Sagitário. A IMPERATRIZ no ato de tornar manifesto o seu domínio. É símbolo do dinamismo vivente figurado na letra Ghimel. Representa a natureza divina, o organismo em função, a conjunção de

forças que tendem ao mesmo fim, a matriz universal em seu trabalho criativo, o Verbo em função.

 

4. O Imperador

No Plano Espiritual é a manifestação constante da virtude divina no homem, a progressão hierárquica em que se manifesta a vida. No Plano Mental representa a solução final, as quatro concordâncias de Afirmação e Negação, Discussão e Resolução em seu trabalho de concretização. No Plano Físico tende à realização das coisas materiais, a cristalização do esforço e a obtenção do poder.

Provérbio transcendente: “Ao trabalho de tuas mãos, dê bênçãos, e no do pensamento, ponha coração.” Como elemento de predição, promete conquistas materiais, fundamentos para empreendimentos mais altos, resultados favoráveis no esforço inverso, e condições penosas para obtê-los. As amizades são, simultaneamente, ajuda e obstáculo, e a sorte é propicia e adversa no mesmo instante.

Na cartomancia: Contatos afetivos intensos; controle material; domínio de si mesmo. Erotismo; filhos; elevação espiritual; Deus.

Sentido inverso: Distanciamentos; frieza afetiva; confusão; carta de despedida.

Referências astrológicas e cabalísticas: Escorpião; Urano em Aquário. O IMPERADOR no ato de reger seus domínios. É símbolo do princípio da unidade materializada, a vontade, a autoridade e o poder figurados pela letra Daleth. Representa a realidade inteligível

e a realidade tangível, o princípio absoluto emanando seus poderes.

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5. O Hierarca

No Plano Espiritual é a Lei Universal através da qual o Criador se manifesta às suas criações, o sentido místico, a quinta essência das coisas, o magnetismo cósmico. No Plano Mental representa a Lei e a Liberdade, o ensinamento e o conhecimento, o domínio das paixões e a identificação com nós mesmos e os demais. No Plano Físico tende a dar direção e controle às forças naturais, conceder liberdade dentro da disciplina e dar eficiência aos processos orgânicos e às criações físicas e mentais.

Provérbio transcendente: "De ouvir falar te conhecia; mas agora meus olhos te vêem e meu coração te sente." Como elemento de predição, promete liberdade e restrições, novas experiências, aquisição de ensinamentos proveitosos, amores e namoros; viagens de prosperidade inalcançada, amigos propícios e amigos de mau agouro, seres e coisas

que vêm e vão, os primeiros para acompanhar, os segundos para regressar.

Na cartomancia: Cooperação inesperada; ajuda de iguais ou superiores; orientação sensata. Mão amiga e generosa; diversão excelente; troca satisfatória; emoção diante um encontro.

Sentido inverso: Retração; atraso; nostalgias persistentes, isolamento.

Referências astrológicas e cabalísticas: Júpiter; Mercúrio em Virgem. O HIERARCA no ato de distribuir a graça de seu ministério. É símbolo do mistério do fogo vivente que se infunde e difunde figurado na letra He. Representa o princípio da luz divina, a luz que

vivifica, a religião universal, a iniciação nos sagrados ritos.

 

6. A Indecisão

No Plano Espiritual representa o conhecimento instintivo do que é próprio ou impróprio, a lei moral que governa a consciência e a transcendência dos atos. No Plano Mental é a Abstinência e a Gula, a Liberdade e a Necessidade, o Dever e o Direito como forças operantes. No Plano Físico tende à determinação da conduta, ao matrimônio ou ao celibato, à abstenção nas inclinações do apetite ou ao desfrute sem medida de seus prazeres.

Provérbio transcendente: "Trabalhos me dás, Senhor, mas com eles a força." Como elemento de predição, promete privilégios e deveres nas relações entre os sexos, antagonismo de forças, separações e divórcios, posse do que se persegue e ardentes desejos que se realizam, alguns que satisfazem e outros que frustram.

Na cartomancia: Não se deixe tentar; fixe suas posições; guie-se peloespiritual. Tramas constantes; beco sem saída; abatimento; inquietações.

Sentido inverso: Inveja à espreita; armadilhas importunas; intimidades traiçoeiras; amigos enganadores; intrigas.

Referências astrológicas e cabalísticas: Vênus; Vênus em Touro. A INDECISÃO no ato de escolher entre dois caminhos. É símbolo do mistério da causa operante que atua em cada ser figurado na letra Vau. Representa o princípio do Verbo como causa eficiente,

o conhecimento do Bem e do Mal, a Lei Natural, o vício e a virtude como elementos de ação transcendente.

Page 24: A Cabala e o Tarô

 

7. O Triunfo

No Plano Espiritual simboliza a ascendência do espírito sobre a matéria, o conhecimento dos sete princípios que dirigem os atos criadores, a existência potencial das sete virtudes que dão eficácia a esses atos. No Plano Mental representa a diluição da dúvida pela luz do intelecto, a eliminação de erros pela posse gradual da verdade. No Plano Físico tende a inspirar desejos e impulsos de superação, criar contrastes entre o mundo interior e o exterior e determinar vacilações e resoluções, as primeiras deprimentes, as segundas afortunadas.

Provérbio transcendente: "Quando a ciência entra em teu coração e a sabedoria torna doce a tua alma, peça e te será dado." Como elemento de predição, promete poder magnético, pensamento acertado, justiça e reparações, honra e desonra, conquista do que se busca com empenho, satisfações e contrariedades.

Na cartomancia: Triunfo no que se propõe; o esforço é recompensado; férias agradáveis. Operação vantajosa; contrato seguro; cartas aceitas; projeto concreto.

Sentido inverso: Perda de objeto valioso; lamentações inúteis; palavras de consolo de desconhecidos; armadilhas do acaso.

Referências astrológicas e cabalísticas: Sagitário; Netuno em Peixes. O TRIUNFO no ato de evidenciar sua natureza dual. É símbolo do mistério da Luz astral como emanação luminosa e incandescente figurado na letra Zhain. Representa o princípio da causa final, o espírito feito forma, a causa operante como força atuante, a razão do propósito e o poder que permite realizá-lo.

 

8. A Justiça

No Plano Espiritual é a razão pura, o absoluto em ato, o rigor e a moderação, a Justiça como lei fatal da existência. No Plano Mental representa a força do direito, o conquista da felicidade como conseqüência da moderação no reto pensar. No Plano Físico tende à evolução e a involução, a atração e a repulsão, ao que é grato e ingrato ao mesmo tempo.

Provérbio transcendente: "Edifica um altar em seu coração, mas não faça de seu coração um altar." Como elemento de predição, promete retribuições e restituições, castigos e recompensas, gratidão e ingratidão, compensações por serviços prestados equivocadamente, e falta de compensação pelos que se prestaram com pleno conhecimento do bem que se fazia.

Na cartomancia:  Modere seus ímpetos e desejos;  não tome decisõespor hoje; relaxe. Encontro produtivo; seu número: o 6; faça perguntas e poupe o cansaço; teimosia vencida a seu favor.

Sentido inverso: Resolução atordoada; amanhã será tarde; não divague; recordações desenterradas que atormentam.

Referências astrológicas e cabalísticas: Capricórnio; Saturno em Capricórnio. A JUSTIÇA no ato de conhecer e julgar com razão. É símbolo do mistério do Plasma Mater em cujo seio repousa a vida figurada na letra Heth. Representa o princípio da existência

elementar, a repartição com eqüidade, a consciência como manancial de conhecimento.

 

9. O Eremita

No Plano Espiritual é a manifestação da luz divina nas obras humanas, a sabedoria absoluta, a comunhão do pensador com seu pensamento e a coisa pensada. No Plano Mental representa o comedimento, a caridade e o conhecimento; a seleção entre o verdadeiro e o falso, o agrado e o desagrado pelo que é moral ou imoral, o juízo que compara e resolve. No Plano Físico tende à concretização, à culminação dos empreendimentos anteriores, o ornamento da obra concluída e a ascensão a planos mais elevados.

Provérbio transcendente: "Suba ao monte e contempla a terra prometida; mas não direi que entrará nela." Como elemento de predição, promete ciência para fazer descobertas, ordem para realizá-las e cautela para servir-se delas; associações propícias e associações

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infelizes, amigos que ajudam e amigos que dificultam luzes da razão e da

intuição, a primeira para o imediato, a segunda para o que há de ser.

Na cartomancia: Afirme sua discrição; não comente seus planos de compra; medite sobre a oportunidade de seu desejo. Uma palavra a mais que o desprestigia; versões divergentes; ausência de equilíbrio interior; murmurações.

Sentido inverso: Sacerdote, pastor, rabino. Confiança em um segredo que não se revela; mutismo benéfico.

Referências astrológicas e cabalísticas: Aquário; Marte em Áries. O EREMITA no ato de iluminar seu mundo interior. É símbolo do mistério do insondável figurado na letra Teth. Representa o princípio do amor como ato puro, o elemento de conservação e

renovação, o gênio protetor, a prudência, a iniciação nos arcanos da vida superior.

 

10. A Retribuição

No Plano Espiritual é a sucessão do tempo e das circunstâncias como causa da perfeição, o eterno retorno das coisas, a essência que vivifica e a matéria por vivificar. No Plano Mental representa os diversos processos do pensamento, a indução e a dedução, o tempo e o intervalo, a geração das emoções e o controle das paixões, a projeção do pensamento em seus infinitos aspectos. No Plano Físico, tende à ação e à reação, à aplicação do moral ao material no confronto com os deveres adiados.

Provérbio transcendente: "Penoso é saber que compras com a experiência e, mais penoso ainda, o que te falta comprar." Como elemento de predição, promete boa e má sorte, elevações e descidas, posses legítimas e posses duvidosas, reconsideração de contingências passadas, e circunstâncias que se repetem de forma diferente.

Na cartomancia: O incomum enfrenta a sorte; adeus a uma velha amizade; mau-humor e aflição. Não se desespere. Um amigo de alma se afasta; velhos camaradas batem à porta; mensagem anunciando um presente; revelação de um segredo esperado.

Sentido inverso: Perdeu a oportunidade por enquanto; não vá a esse encontro; reconheça a verdade embora doa; angustias.

Referências astrológicas e cabalísticas: Urano; Plutão em Escorpião. A RETRIBUÇÃO em sua obra distribuidora. É símbolo do mistério da lei de compensação, figurado na letra Iod. Representa o princípio do Verbo plasmado, a ordem e a necessidade de sua

existência, a periodicidade, o karma, causa e efeito, a roda da vida em suas infinitas voltas.

 

11. A Convicção

No Plano Espiritual é o princípio hierárquico das forças atuantes, a ação do espírito sobre a matéria, do imponderável sobre o que o existe. No Plano Mental representa o intelecto, a faculdade de criar e dominar por meio da determinação dada pelo conhecimento da verdade. No Plano Físico tende ao domínio das paixões inferiores, a conservação da própria integridade moral, a criação de elementos materiais por meio da fé.

Provérbio transcendente: "Alegre na esperança, sofrido na tribulação, seja constante na oração." Como elemento de predição, promete controle da direção que se segue, domínio dos elementos, vitalidade, rejuvenescimento, aquisição e perda de amigos por assuntos da família, penas, obstáculos, ciúmes, traições e resignação para suportar as contrariedades.

Na cartomancia: Sua intuição não falha; aumente sua fé; o período deconfusão será breve; há um compasso de espera. Apresse os procedimentos; confirme suas suspeitas; não adote ilusões

caprichosas.

Sentido inverso: Desolação por esquecimento; sepulte a ambição; suas ambigüidades não o beneficiam.

Referências astrológicas e cabalísticas: Netuno; Áries, morada do Sol. A PERSUASÃO no ato aprazível de convencer. É símbolo do mistério da força operante figurado na letra Khaph. Representa o princípio hermafrodita da matriz cosmogônica, o esforço de

ânimo, os atos reflexos, o poder moral, o que há de superior no homem.

Page 26: A Cabala e o Tarô

 

12. O Apostolado

No Plano Espiritual é o elemento pelo qual se sacrifica o superior a fim de evoluir o inferior, a complacência no bem que se realiza. No Plano Mental representa a lei da auto-repressão, o antagonismo das criações mentais, a ponderação ao decidir, o que é penoso na atuação. No Plano Físico tende à reversão dos valores, a decepção com o material produzida pelo predomínio do moral, a abnegação como força expansiva.

Provérbio transcendente: "Ainda que o Sol te fatigue de dia e a Lua te entristeça à noite, não coloque teu pé ao desfiladeiro, nem durma quando estiver de guarda". Como elemento de predição, promete contrariedades, angústias, quedas, perdas materiais em algumas condições de vida e ganhos em outras, pressentimentos que animam e pressentimentos que abatem.

Na cartomancia: Antigas amarguras se dissipam; não cabem rodeios se

é o coração que deve falar; deleite-se com o belo e aperfeiçoará sua alma. Reúna amizades e colherá sorrisos; não ameace fugir, enfrente os fatos; a amabilidade deve ser parte de sua própria complacência.

Sentido inverso: Diminua sua irritação; repreensão próxima; amigo perturbador prejudica a noitada.

Referências astrológicas e cabalísticas: Peixes; Touro, morada da Lua. O APOSTOLADO no ato de consumar sua missão. É símbolo do mistério do ganhar asas figurado na letra Lamed. Representa o princípio do movimento expansivo, a consumação do sacrifício

voluntário, o altruísmo como força criadora, o desejo de servir, a devoção.

 

13. A Imortalidade

No Plano Espiritual é a renovação da vida pela desintegração de suas partes, a liberação da essência pela transformação da matéria que a contém. No Plano Mental representa a ação e a reação, a dissolução que precede à formação, o indutivo que dá lugar ao dedutivo, a inércia como função do movimento. No Plano Físico tende aos processos que favorecem a letargia, a sonolência, a petrificação, o sonambulismo, o que se corrompe, o que se destrói, o que perece para renascer em forma diferente.

Provérbio transcendente: "A noite passou e chegou o novo dia. Vista, portanto, as armas da luz". Como elemento de predição, promete desenganos, desilusões, morte de afetos, negação do que se pede, colapso, alegrias puras que são gratas à alma, melhorias com doloroso desfrute, ajuda de amigos, renovação de condições, as boas para pior,

as más para melhor.

Na cartomancia: Inquietações reforçadas pela distância; não se entregue ao abandono; cuide de seus préstimos; renove seus pontos de vista e rejuvenescerá. A grandiloqüência não condiz com você; não condene por comparação; o amor não conhece

frases estrondosas, mas sim de simples entrega.

Sentido inverso: Briga por questões de interesse; choque; extrema preguiça que tudo complica.

Referências astrológicas e cabalísticas: Áries; Gêmeos, morada de Mercúrio. A Imortalidade no ato de renovar a vida. É símbolo do mistério da água primordial figurado na letra Mem. Representa o princípio da concepção, do plasmar, da renovação,

renascimento, pelo qual se transmutam uns elementos em outros e o homem se amplia em suas obras.

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14. A Temperança

No Plano Espiritual é a eterna atividade da vida, a íntima afinidade dos elementos opostos, o sacerdócio como laço de união entre o mundo interior e o exterior. No Plano Mental representa a solidariedade das emoções, a associação das idéias, a reciprocidade dos afetos, a correspondência entre os vícios e as virtudes. No Plano Físico tende a regular as relações entre os sexos, o equilíbrio da força vital, a frugalidade, a castidade, o que tempera as emoções e resiste às paixões.

Provérbio transcendente: "Não sejas como pluma ao vento, nem como vento diante da pluma". Como elemento de predição, promete amizades, afetos recíprocos, obrigações, combinações químicas e de interesses, amores aflitos, amores devotos, amores traiçoeiros, coisas que ficam e coisas que se vão, as primeiras para irem, as segundas para voltarem.

Na cartomancia: Convém acertar as coisas em suas justas proporções; o exagero destrói a virtude; o equilíbrio é base da paz espiritual. Auxilie-se suavizando os desentendimentos; concretize seu propósito com decisão, mas sem prejudicar o próximo; a

hostilidade cederá.

Sentido inverso: Excessos em comidas e bebidas; o médico chama; não viva nos extremos; extraia das aparentes incoerências seu fundo de verdade.

Referências astrológicas e cabalísticas: Touro; Câncer, morada de Júpiter. A TEMPERANÇA no ato de transferir as virtudes. É o símbolo do mistério da Idéia e do Verbo figurado na letraNun. Representa o princípio da Andrógina Divina, a emanação primaria

que se infunde e difunde através da luz e do calor, a afinidade dos opostos, a reversibilidade dos elementos, a misericórdia em seu trabalho de dar às coisas a justa proporção.

 

15. A Paixão

No Plano Espiritual é a manifestação da vontade individual, força refratária à ordem estabelecida e princípio que instiga a desvendar os mistérios. No Plano Mental representa a corrente das paixões, a força do desejo, a constante controvérsia em que se agita o ânimo e nos impulsiona a buscar o oposto. No Plano Físico tende aos processos geradores, aos desejos intensos, à malicia, à discórdia, ao temor e à cólera, ao fogo e à água que o apaga.

Provérbio transcendente: "Fizeram-me guarda de vinhedos e, o vinhedo que era meu, não guardei". Como elemento de predição, promete controvérsias, paixões, fatalidades, prosperidade por meio da legalidade e da fatalidade, afetos nocivos para quem os sente e para quem é objeto deles, anseios veementes e situações violentas.

Na cartomancia:  A vontade individual é fator determinante; a atraçãodo mistério seduz, mas destrói sem um guia; a criação é fogo ardente que não se deixa extinguir. Prosperidade por vias legais ou

pela fatalidade; desejos veementes; paixões violentas.

Sentido inverso: Afetos nocivos; situações de violência; discórdias; maldades.

Referências astrológicas e cabalísticas: Saturno; Leão, morada de Netuno. A PAIXÃO no ato de emanar suas emanações potenciais. É símbolo do mistério da luz astral em circulação figurado na letra Samekh. Representa o princípio da vontade

individual, a atração do mistério, o fogo criador, o destino como causa eficiente.

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16. A Fragilidade

No Plano Espiritual é o despertar do entendimento em virtude da aflição que mexe com e ânimo; é a luz do superior tornando-se sensível no inferior. No Plano Mental representa a nulidade dos valores materiais, a pobreza das conquistas intelectuais, o aprendizado do orgulho. No Plano Físico tende aos processos aflitivos, ao rigor, à severidade, o que de alguma forma desperta os poderes latentes e desvanece os sonhos pelos valores temporais.

Provérbio transcendente: "Luz de amanhecer, luz de meio-dia, luz de entardecer: o que importa é que seja luz". Como elemento de predição, promete acidentes imprevistos, tempestades, comoções, mortes, necessidades, benefícios decorrentes de circunstâncias boas e más, reciprocidade no amor e no ódio, na indiferença e no ciúme, na traição e na lealdade.

Na cartomancia: O valor do temporal se exalta em função do eterno; o perecível tem vital importância no vir-a-ser das coisas. Reciprocidade no amor e no ódio, na indiferença e no cuidado, na traição e a lealdade.

Sentido inverso: Acidente imprevisto; morte; necessidade; tempestades.

Referências astrológicas e cabalísticas: Marte; o signo de Virgem, morada de Mercúrio. A FRAGILIDADE no ato de consumar os desígnios da divina providencia. É símbolo do mistério da severa vigilância figurado na letra Ain. Representa o princípio do

inescrutável, do temporal, do perecível como causa determinante da evolução dos seres e das coisas.

 

17. A Esperança

No Plano Espiritual é a abnegação como manancial de vida, a fé como elemento atuante, a inteligência primordial expressando-se através da inteligência comum. No Plano Mental representa a iluminação do conhecimento por meio da evidencia e das provas, à luz das experiências passadas, a causa unida ao seu efeito. No Plano Físico tende aos processos que alimentam o otimismo, as expectativas, a genialidade, a caridade e tudo o que fortalece o ânimo embora traga eventuais privações.

Provérbio transcendente: "Alguns homens pedem sinais para crer e outros, pedem sabedoria para trabalhar; mas o coração esperançoso tem tudo em sua esperança". Como elemento de predição, promete intuição, sustentação, iluminação, nascimentos, breves aflições e breves satisfações, tédios e reconciliações, privações, abandonos e ganhos.

Na cartomancia: Aguardar o futuro com confiança é pressentir a imortalidade da existência. A magia da fé tudo cria. Intuição, iluminação, nascimentos, ganhos.

Sentido inverso: Breves aflições e breves satisfações; aborrecimentos e reconciliações; privações; abandonos.

Referências astrológicas e cabalísticas: Gêmeos; Libra, morada de Saturno. A ESPERANÇA no ato de transmutar os elementos primordiais. É símbolo do mistério da respiração cosmogônica figurada na letra Phe. Representa o princípio do verbo no ato, a

imortalidade da existência, a força criadora da fé.

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18. O Crespúsculo

No Plano Espiritual é o mistério da vida; o abismo infinito em que se move a criatura, o poder misterioso pelo qual as coisas têm seu ser. No Plano Mental representa a força da negação como evidencia da afirmação, o negativo conto expoente do positivo. No Plano Físico tende aos processos vinculados à manifestação dos poderes ocultos, a ação das forças sutis, o que exige deliberação sem alcançar resolução.

Provérbio transcendente: "Seja a tua caridade celeiro inesgotável a  tua paciência não menos inesgotável que a tua caridade". Como elemento de predição, tende à instabilidade, a inconstância, ciladas, confusão, mudanças, situações incertas, longas deliberações, impedimentos inesperados, resultados tardios, triunfos e fracassos aparentes.

Na cartomancia: A contrariedade e o engano espreitam; sua antipatiafomenta inimizades; cuidado com as bajulações traiçoeiras. Triunfos e fracassos aparentes.

Sentido inverso: Inconstância, ciladas, confusão, mudanças, longas deliberações, impedimentos inesperados, resultados tardios.

Referências astrológicas e cabalísticas: Câncer; Escorpião, morada de Urano. O Crepúsculo no ato de manifestar o poder mágico da luz. É símbolo do mistério do poder serpentino figurado na letra Tzade. Representa o princípio da força do magnetismo, o clamor

que interroga, a emanação que fascina, a poder de encantamento.

 

19. A Inspiração

No Plano Espiritual é a luz divina, princípio de todo conhecimento, a verdade fundamental da qual emergem todas as verdades. No Plano Mental representa a inteligência que formula os conhecimentos, o manancial que alimenta as fontes em que se refletem as imagens. No Plano Físico tende aos processos que facilitam a união do elemento masculino e feminino, a materialização das idéias em atos

Provérbio transcendente: "Toma o escudo de tua fé e avança com passo decidido, seja a favor do vento ou contra todos os ventos". Como elemento de predição, tende ao aumento de poder, êxito nos empreendimentos, boa sorte nos atos que se realizam, benefícios resultantes do esforço próprio e dos demais, heranças, clareza no que se deseja, fogo que consome o desejado.

Na cartomancia: A alegria que se resguarda em sua moderação.Consagre-se aos seus e isso não lhe será um peso; o amor puro é o seu escudo. Aumento de poder, benefícios por esforço próprio,

heranças, clareza no que se deseja.

Sentido inverso: Perigo no emprego, disputas por documentos, desentendimentos pelos resultados.

Referências astrológicas e cabalísticas: Leão; Sagitário, morada de Plutão. A INSPIRAÇÃO no ato de irradiar suas emanações. É símbolo do mistério dos fios entrelaçados figurado na letra Quoph. Representa o princípio do fogo criador, a nutrição da natureza, a

sucessão dos atos, a força misteriosa que é o clamor, a dor e a glória simultaneamente.

  20. Ressurreição

No Plano Espiritual é a iluminação interior, o despertar das forças latentes, a inspiração em ato. No Plano Mental representa a revelação da genialidade, o estímulo para coisas mais elevadas, a conversão do inferior ao superior. No Plano Físico tende aos processos que estabelecem uma correspondência harmônica entre o subconsciente e a consciência, entre a moral e o material, entre o que sentimos, pensamos, e o que realizamos.

Provérbio transcendente: "Flor na macieira, fruto na videira, semeado na maturidade". Como elemento de predição, promete escolhas harmoniosas, iniciativas afortunadas, trabalho, ganho, compensações pelo bom e pelo mau, amigos fiéis que anulam a ação dos amigos traidores, ciúmes pelo bem de que se desfruta, aflições por

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perdas.

Na cartomancia:  Velhas aspirações adiadas se concretizam;  desperte

para a realidade; a preguiça não ajuda a reviver. Escolhas harmoniosas, iniciativas bem sucedidas, compensações, amigos fiéis.

Sentido inverso: Ganhos que se adiam; amigos traidores minam o êxito.

Referências astrológicas e cabalísticas: Lua; Capricórnio, morada de Marte. A RESSURREIÇÃO no ato de despertar a espiritualidade. É símbolo do mistério da autonomia de cada ser vivo figurado na letra Resh. Representa o princípio do intelecto, a

deliberação, a opinião, a decisão; a vida como sucessão de formas, e os atos como sucessão de idéias.

 

21. A Transmutação

No Plano Espiritual é a imortalidade da alma, a evolução das idéias, o poder de manifestar a vida em infinitas formas. No Plano Mental representa o princípio do conhecimento supremo como origem de todos os conhecimentos; a bem-aventurança. No Plano Físico tende aos processos que favorecem os estímulos, as inspirações acertadas, o trabalho remunerador, as recompensas generosas, os atos que tendem à melhoria.

Provérbio transcendente: "Levanta o Sol e se põe o Sol e outra vez volta ao seu lugar de onde torna a nascer". Como elemento de predição, promete longa vida, heranças, distinções, vitórias, o desfrute de prazeres honestos, rivais que disputam os afetos, amigos que velam por nós; obstáculos e aptidão para vencê-los; situações incertas e as contingências que as esclarecem.

Na cartomancia: o êxito está ao alcance de sua mão; na amizade está seu maior apoio; use a imaginação, não se submeta a ela. Vida longa; herança, vitórias; capacidade para vencer obstáculos.

Sentido inverso: Rivais que disputam os afetos, situação incerta. Déspota, tirano, parente dominador.

Referências astrológicas e cabalísticas: Sol; Aquário, morada de Netuno. A TRANSMUTAÇÃO no ato de transmutar. É símbolo do mistério do que opera as mudanças figurado na letraShin. Representa o princípio do Verbo em sua tríplice função de poder criador, renovador e conservador, a matriz cosmogônica em iluminação, a faculdade pela qual é possível ser touro, leão, águia e homem.

 

22. O Regresso

No Plano Espiritual é o insondável das leis divinas, o mistério da razão das coisas, a causa transcendente que acompanha cada ato. No Plano Mental representa o princípio da credulidade como síntese da ignorância, a ousadia como causa de erros, a temeridade como elemento de perigo. No Plano Físico tende aos processos que favorecem a imprudência, a extravagância, o delírio, o envaidecimento, o as paixões desenfreadas em busca de satisfação.

Provérbio transcendente: "Em teu segredo não entre minha alma, nem em teu porto meu navio." Como elemento de predição, promete privação de algo de que se desfruta, ofuscamento ao tratar de conseguir o que se quer, ruína naquilo que envaidece, perigo de isolamento, presentes traiçoeiros, promessas enganosas, desilusões, final de algumas coisas e começo de outras.

Na cartomancia: Não dê passo em falso por indiscrição; se duvidar muito, se autolimitará; ajude ao próximo. Camponês; final de umas coisas e começo de outras.

Sentido inverso: Perigo de isolamento; ofuscamento; presente traiçoeiro; promessa enganosa; desilusão.

Referências astrológicas e cabalísticas: Plutão; Peixes, morada de Vênus. O REGRESSO como ato de reintegração. É símbolo do mistério da lei que compreende todas as leis figurado na letra Thaw. Representa o princípio da luz que vivifica, o calor vivo, a

transmigração da alma através de infinitas experiências, o conhecimento como expoente de todas as realidades.

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Os arcanos menores – 23 a 36 – do Livro de Thot

O simbolismo do Tarô Egípcio Kier

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J. Iglesias Janeiro  

 

J. Iglesias Janeiro em seu livro La Cábala de Predicción, publicado a partir de 1955 pela Editorial Kier, dedica a Lição XII ao "Livro do Saber e Sabedoria que contém". Ele qualifica o jogo de cartas como "o Livro de Thot de 78 lâminas".

O simbolismo dos arcanos menores, apresentado abaixo, constitui a tradução completa desse capítulo 12. Adicionamos ao texto original indicações complementares de cartomancia, constantes do manual de instrução que acompanhava o jogo de cartas igualmente publicado pela Editorial Kier a partir de 1970.

O Clube do Tarô reune, assim, as duas fontes originais referentes ao Tarô Egípcio Kier.

Tradução e compilação deConstantino K. Riemma

 

 

23. O Lavrador

É a imagem de cultivar sua terra e sua consciência. Simboliza a virtude humana da própria realização. Representa a inteligência dos elementos em seu trabalho de conhecer e aproveitar os frutos da experiência.

Provérbio transcendente: "Moa meu moinho, farinha para mim e farinha para o vizinho". Como elemento de predição, promete amigos poderosos, necessidade de sua ajuda e capacidade para alcançá-la se tiver fé na amizade. Significa elevações por obra desses amigos e da própria vontade.

Na cartomancia: Concentre-se em seu trabalho; fatigar-se pelo justo é virtude; não desperdice sua experiência. Camponesa; amigo poderoso; ascensão por obra deste amigo e da própria vontade.

Sentido inverso: : Mulher bondosa; breve contrariedade.

Referências: está associado ao planeta Mercúrio, à letra T e ao número 5.

 

24. A Tecelã

É a imagem de cultivar as virtudes domésticas. Simboliza a mulher prestativa como guardiã do lar e da honra. Representa a inteligência dos elementos em seu trabalho de dar aplicação aos frutos do aprendizado.

Provérbio transcendente: "Malha após malha tece o meu tear, tecidos para minha honra e tecidos para honrar". Como elemento de predição, promete economia organizada, castidade na maternidade, proteção feminina e bom desempenho das obrigações.

Na cartomancia: Mulher, sua operosidade é premiada; honra e lugar são uma só coisa; seja inteligente em desdobrar seus esforços. Economia organizada; castidade; proteção feminina, bom desempenho das obrigações.

Sentido inverso: Desassossego interior; dúvida de consciência.

Referências: está associado à ação do planeta Vênus, à letra U e ao número 6.

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25. O Argonauta

É a imagem de sair em busca do desconhecido. Simboliza a virtude humana da própria inspiração. Representa o homem de ânimo forte que enfrenta os perigos do desconhecido.

Provérbio transcendente: "Navega meu barco, navega com persistência; navega de noite, navega de dia". Como elemento de predição, promete ausências, emigrações, abandonos, mudanças, querelas domésticas, algo que se adquire e muito que se perde.

Na cartomancia: O desconhecido implica perigos; preste atenção aos conselhos; não se isole demais. Estrangeiro, estrangeira.

Sentido inverso: Ausências, emigrações, abandonos, mudanças, discussões domésticas; algo que se adquire e muito que se perde.

Referências: é associado ao planeta Netuno, à letra V e ao número 7.

 

26. O Prodígio

É a imagem da realização. Simboliza a virtude humana de criar o surpreendente e de buscar o maravilhoso. Representa a ação do tempo como justiça e poder de manifestação.

Provérbio transcendente: "Foi o tempo de rasgar e agora é tempo de coser; tempo foi de falar e é tempo de calar". Como elemento de predição, promete episódios que se realizam, perigos que ameaçam, fatos que surpreendem, ensinamentos inesperados.

Na cartomancia: O travesseiro é um bom conselheiro; não tema o inesperado; siga a orientação de seu subconsciente. Algum fato surpreendente, instrução inesperada.

Sentido inverso: Perigo que ameaça.

Referências: é associado ao planeta  Saturno , à letra X e ao número 8.

 

27. O Inesperado

É a ação de se tornar manifesto. Simboliza a virtude humana dos processos subconscientes. Representa a vida interior como causa determinante da vida exterior.

Provérbio transcendente: "Nem excesso de mel para adoçar, nem vangloria para prosperar". Como elemento de predição, promete triunfos condicionados, surpresas, conjurações, traições, achados, descobertas, alguns deles tardios.

Na cartomancia: Busque o maravilhoso sem se submeter às fantasias; o universo é a maravilha de Deus; aprenda a descobrir o surpreendente no cotidiano. Triunfo condicionado, surpresa, achado, descoberta tardia.

Sentido inverso: Conjuração, traição.

Referências: associado ao planeta Marte, à letra Y e ao número 9.

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28. A Incerteza

É o ato de deliberar. Simboliza a virtude humana da própria determinação. Representa o julgamento como causa determinante dos atos.

Provérbio transcendente: "Não busque nos outros o que está em ti; nem busque em ti o que está nos outros". Como elemento de predição, promete demoras, obstáculos, contrariedades, mistérios por resolver e conhecimento para resolvê-los.

Na cartomancia: Desligue-se de "o que os outros dirão"; resolva-se sem muitas consultas; acredite em si mesmo. Mistério por resolver e ciência para resolvê-lo.

Sentido inverso: Demoras, obstáculos, contrariedade.

Referências: é associado ao planeta Plutão, à letra Z e ao número 1.

 

29. A Vida Doméstica

É a imagem de concórdia. Simboliza a virtude humana do domínio pela persuasão. Representa a paz da natureza, o equilíbrio dos elementos, a alegria campestre.

Provérbio transcendente: "Olhos de juventude sejam os teus olhos e que tua palavra seja a da prudência do ancião". Como elemento de predição, promete remorsos, indecisões, perplexidades, timidez, vida campestre, negócios vantajosos, empreendimentos que trarão lutas, mas resultados satisfatórios.

Na cartomancia: Modere suas palavras; convença com persuasão e doçura; não se irrite com quem não escuta. Vida campestre, negócio vantajoso, empreendimento que exige empenho, mas que também dá recompensa.

Sentido inverso: Remorso, indecisão, perplexidade, timidez.

Referências: está associado à Lua, à letra B e ao número 2.

 

30. O Intercâmbio

É a imagem de conveniência recíproca. Simboliza a virtude humana da vida em sociedade. Representa a expansão individual por meio da convivência comercial.

Provérbio transcendente: "Lavra a tua terra com esmero; mas não colha teu campo com avareza". Como elemento de predição, promete vida social, intercomunicações, comércio, tráfico, variedade, discussão, embora muitas vezes sem solução.

Na cartomancia: Seja sociável com todos; no intercambio está o ganho; isolar-se é anular-se. Empregados; discussão sem solução.

Sentido inverso: Vida social, intercomunicações, comércio, negócios, variedade.

Referências: associado ao planeta Júpiter, à letra C e ao número 3.

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31. O Impedimento

Indica os incentivos para desenvolver a própria eficiência. Simboliza a virtude humana da reação ante a oposição. Representa o princípio da depuração como elemento de progresso.

Provérbio transcendente: "Não faça justiça sem misericórdia; nem tenha misericórdia sem justiça". Como elemento de predição, indica expectativas, promessas, móvel da casa, restrições, trata com inferiores em qualidade e posição nem sempre benéficos para ambas as partes.

Na cartomancia: As dificuldades são trampolins para o sucesso; as forças opostas costumam ser também positivas; não desanime. Expectativas, promessas, artefatos domésticos.

Sentido inverso: Restrições, trato com pessoas de nível inferior com prejuízo recíproco.

Referências: está associado ao planeta Urano, à letra Ch e ao número 4.

 

32. A Grandiosidade (A Magnificência)

É o ato de comunhão material. Simboliza a virtude humana de evidenciar o próprio valor. Representa o princípio da ostentação como causa de discussão.

Provérbio transcendente: "Esgote os recursos de tua inteligência; mas não esgote os do teu coração". Como elemento de predição, promete perigos por excesso de cólera ou de loquacidade, ostentação de elementos materiais, litígios, o luxo como causa de triunfos ou fracassos, oposições ou cooperações entre pessoas de mesma hierarquia.

Na cartomancia: Dar-se valor é respeitar-se; defenda os seus direitos, mas cumpra com suas obrigações. Cooperação entre pessoas de mesma hierarquia.

Sentido inverso: Litígio, falatório, excesso de cólera, fracasso.

Referências: está associado ao planeta Mercúrio, à letra D e ao número 5.

 

33. A Aliança

É o ato de comunhão entre iguais. Simboliza a virtude humana de afinidade por identidade. Representa o princípio da própria realização por associação.

Provérbio transcendente: "Alegre-se com o amor de sua mocidade e alegre-se com o amor da sua maturidade." Como elemento de predição, promete pactos acertados, alianças duradouras, aumento de prosperidade, progresso, contingências felizes.

Na cartomancia: Una sua vontade à dos demais; a afinidade espiritual deve ser modelada; identifique-se com os triunfos alheios e eles reconhecerão os seus. Pactos acertados, aliança duradoura, aumento de prosperidade, contingência felizes, progresso.

Sentido inverso: Mau investimento, perda de documentos.

Referências: está associado ao planeta Vênus, à letra E e ao número 6.

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34. A Inovação

É um elemento de evolução. Simboliza a virtude humana do esforço dirigido. Representa o princípio da própria inspiração como guia das atividades.

Provérbio transcendente: "A extensão dos dias está em tua mão direita e, na esquerda, os trabalhos e a honra". Como elemento de predição, promete invenções, novos empreendimentos, tentações, temeridade, encontros, afortunados alguns e desconcertantes outros.

Na cartomancia: Trabalhe ordenadamente; o esforço desperdiçado não dá frutos; evoluir implica em dor e fadiga. Invenção, encontro feliz, novo empreendimento.

Sentido inverso: Tentação, temeridade, encontro desconcertante.

Referências: associado ao planeta Netuno, à letra F e ao número 7.

 

35. O Desconsolo

É o ato de aflição moral. Simboliza a virtude humana da atribulação em seu trabalho depurador. Representa o princípio do reconhecimento da própria insuficiência.

Provérbio transcendente: "Antes do agora vem o que foi antes; e antes foi o que agora será". Como elemento de predição, promete alarmes, consternações, melancolias, acontecimentos imprevistos, tristezas, obstáculos.

Na cartomancia: Suporte a aflição com fé; não reprima suas lágrimas; fortaleça seu espírito. Acontecimento inesperado.

Sentido inverso: Alarme, desalento, melancolia, obstáculos, tristeza.

Referências: associado ao planeta Saturno, à letra G e ao número 8.

 

36. A Iniciação

É o ato de revivificação. Simboliza a virtude humana da progressiva atualização de poderes. Representa o princípio da ampliação progressiva das próprias virtudes.

Provérbio transcendente: "Doce é tocar, doce é cantar, doce é escutar". Como elemento de predição, promete nascimentos, recomeço, primeiros frutos, fortuna próxima, êxito nos negócios, dissipações, declínio.

Na cartomancia: Não empreenda nada ao acaso; reconheça que sempre há alguém mais sábio que você; escute a advertência de quem sabe. Nascimento, novo começo, primeiros frutos, fortuna próxima, êxito nos negócios

Sentido inverso: Dissipação, declínio, decadência.

Referências: está associado ao planeta Marte, à letra H e ao número 9.

Simbolismo do alfabeto hebreu

  J. Iglesias Janeiro  

Tradução: Constantino K. Riemma

 Texto extraído de La Arcana de los Números, Editorial Kier (1967-85), com o propósito de subsidiar as referências aos arcanos do Tarot Egípcio Kier (maiores, menores e consultas  online ) cujos textos são do próprio autor.

 

É dito que as doutrinas da Cabala foram reveladas, por inspiração de Deus, a Abraão, que Moisés as recebeu, junto com as Tábuas da Lei, no Sinai, e que Salomão as cifrou na estrutura do maravilhoso Templo que construiu para tal fim. Há evidências, no entanto,

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de que quando Abraão saiu de Ur em busca da terra de Canaã, o alfabeto hebreu já estava desenvolvido; que quando Moisés subiu ao Sinai, os sacerdotes egípcios já praticavam muitas dessas doutrinas; e que quando Salomão construiu seu Templo, além da

Grande Pirâmide que lhe prestou os conhecimentos que permitiram concluir tão maravilhosa obra, o alfabeto da civilização do Nilo colocou ao seu dispor os sons e signos que tornaram possível consagrá-lo, não em um bem exclusivo do povo hebreu, mas

"também quando o estrangeiro, que não é do teu povo Israel, [..] vier orar voltado para esta casa, [..] e faça conforme tudo o que o estrangeiro a ti clamar”. Doutrinas e alfabeto que têm tal antigüidade, de qual manancial recebem suas águas?

Pelo que se conhece, o alfabeto mais antigo é o egípcio e, como tal, nele estarão cifradas as doutrinas-mãe das quais derivam todas as demais. Sendo o povo hebreu o herdeiro direto do egípcio, na Cabala e no alfabeto em que foi escrita, estarão presentes proporcionalmente tudo o que a precedeu, podendo, assim, aceitar-se que embora seus ensinamentos não tenham sido dados por Deus a Abraão nem a Moisés, têm seu fundamento na propriedade que se acredita possuir o homem de conhecer por inspiração e transmitir por tradição os conhecimentos intuídos. O manancial do qual as doutrinas cabalísticas e o alfabeto hebreu derivam, têm,

portanto, seu ponto de origem nesta faculdade primitiva. Ainda que no presente não seja possível reviver as virtudes da palavra que atualiza os poderes, porque desconhecemos a maneira de pronunciá-la, acredita-se em geral que é perfeitamente possível

desentranhar grande parte dos mistérios cifrados no alfabeto com que se escrevia.

O alfabeto hebreu consta de 22 letras, diz a tradição que formadas todas elas por um agregado de pequeníssimas chamas, que estão ordenadas no corpo de cada grafia de acordo com as leis geométricas e matemáticas que representam determinados

princípios universais, forças primárias, vibrações cósmicas e processos alquímicos, acreditando que na arquitetura dos 22 signos não só esteja representada a do Universo, mas também a dos equivalentes através dos quais nossa subconsciência e consciência se identificam com tudo quanto existe, podendo assim converter-se esse alfabeto no elemento de relação que desperta em nós as noções primárias e secundárias que permitem conhecê-lo. Embora seja um simples reflexo da extensa significação atribuída a cada

letra, o que descrevemos a seguir dá uma idéia das correspondências gerais de todo o alfabeto:

 

Aleph (1). Quer dizer boi guia, chefe. O nome se compõe de Deus-boca, isto é, Verbo-divino. É a unidade e a unicidade, o Uno-Único, o princípio criador, a Natura-Naturante: o pai. Tem seu equivalente no arcano egípcio Mago Criador, no número 1, na letra A, no Sol, na cor branca,  na nota musical  do,  no elemento alquímico da

pedra de toque e no poder volitivo da mente. Desperta no homem aptidão para compreender, considerar e resolver os problemas, despertar e dominar as paixões. Na predição, promete domínio dos obstáculos materiais, felizes iniciativas, amigos fiéis que

ajudam, e amigos ciumentos que criam obstáculos.

 

Beth (2). Quer dizer casa, tenda. O nome se compõe de sonho-formação, isto é, sonho criador, a Imaginação como princípio plasmador, a Natura Naturada: a mãe. Tem seu equivalente no número 2, o Arcano egípcio a Sacerdotisa, na letra B, na Lua, na cor violeta, na nota musical fá,  no elemento alquímico dissolvente universal

e no poder de raciocínio da mente. Desperta no homem aptidão para considerar os fatores opostos, coordenar a afinidade das coisas e favorecer relação dos sexos. Na predição, promete atrações e repulsões, perdas e ganhos, ascensões e quedas.

 

Ghimel (3). Quer dizer camelo, plenitude. O termo significa esplendor e organismo em função, isto é, a função do dinamismo vivente em seu trabalho de viver. Tem seu equivalente no arcano egípcio a Imperatriz, no número 3, na letra C, no planeta Júpiter,  na nota musical si,  na cor púrpura,  no elemento alquímico referente à  fusão

dos ingredientes e no poder de concepção da mente. Desperta no homem aptidão para identificar-se com o oculto e o manifestado. Em predição, promete idéias criativas, produção, abundância de bens materiais; obstáculos a vencer, e satisfações à medida que

são vencidos.

 

Daleth (4). Quer dizer porta. O nome indica diferença, variedade, diversidade, distinção, isto é,  realidade inteligível e realidade sensível. Representa o princípio da materialização, da vontade, da autoridade, do poder. Tem seu equivalente no arcano egípcio o Imperador,  no número 4,  na letra Ch,  no planeta Urano, no semitom, na

cor vermelho-escuro, no elemento alquímico poder reverberante e na virtude da Afirmação, Negação, Discussão e Solução da mente. Desperta no homem aptidão de concretização e progressão hierárquica. Em predição, promete conquistas materiais,

resultados favoráveis para o esforço investido e condições penosas para alcançá-los.

 

He (5). Quer dizer essência e existência. O termo indica calor, fogo vivo que insufla e difunde. Representa o princípio da luz divina, da luz que vivifica. É a inteligência em ação, o caminho universal, a religião. Tem seu equivalente no arcano egípcio oHierarca, no número 5,  na letra D,  no planeta Mercúrio,  na cor Amarela,  na nota

musical si, no elemento alquímico purificação dos ingredientes e no sentido místico. Desperta no homem aptidão para transcender as limitações. Em predição, promete liberdade e disciplina, amores e namoros, novas experiências, seres e coisas que vêm e se

vão, os primeiros para irem, os segundos para regressarem.

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Vau (6). Quer dizer prego, gancho. O nome significa causa operante diretora, efusão luminosa. Representa o princípio do Verbo atuando em cada ser. É a beleza, a atração. Tem seu equivalente no arcano egípcio a Indecisão, no número 6, na letra E, no planeta  Vênus,  na cor azul,  na nota musical lá,  no princípio alquímico da  prova  dos

reativos e no conhecimento do Bem e do Mal. Desperta aptidão para determinar a conduta. Em predição, promete privilégios e deveres nas relações entre os sexos, antagonismos, separações, desejos que se cumprem, alguns que satisfazem e outros que

frustram.

 

Zhain (7). Quer dizer flecha. O termo significa nascer, emanar, difusão luminosa e incandescente. Representa o princípio de causa final, a luz astral. Tem seu equivalente no arcano o Triunfo, no número 7, na letra F, no planeta Netuno, na cor magenta, nofá sustenido,  no princípio alquímico forno de fundição e no conhecimento das verdades

primordiais. Desperta aptidão para o exercício das 7 virtudes. Em predição, promete pensamento acertado, poder magnético, honra e desonra, obtenção do que se persegue com empenho.

 

Heth (8). Quer dizer cercado, amontoamento. O termo significa o que tende à forma, o plasma-mater em cujo seio repousa a vida. Representa o princípio da existência elementar. Tem seu equivalente no arcano egípcio A Justiça, no número 8,  na letra G,  no planeta Saturno,  na nota musical ré,  na cor índigo,  no  princípio

alquímico da justa medida e no conhecimento natural da Justiça. Desperta aptidão para repartir com eqüidade. Em predição, promete retribuições e restituições, gratidões e ingratidões, castigos e recompensas.

 

Teth (9). Quer dizer serpente, sabedoria. O termo significa umbral, mistério, o insondável, ocultação, conservação, renovação. Tem seu equivalente no arcano OEremita, no número 9, na letra H, no planeta Marte, na nota musical sol, na cor vermelha,  no princípio alquímico da própria infusão e na propriedade da mente de se

identificar com a coisa pensada. Desperta aptidão para ser circunspecto. Em predição, promete conhecimento para fazer descobertas, ordem ao realizá-las e cautela ao se servir delas; luz da razão e luz de intuição, a primeira para o imediato, a segunda

para o transcendente.

 

lod (10). Quer dizer mão. O vocábulo significa operação, formação, causa eficiente, ensinamento teológico, perfeição. Tem seu equivalente no arcano a Retribuição, no número 10, na letra I, no signo zodiacal Capricórnio, na cor azul-celeste, na nota musical do bemol,  no princípio alquímico de  circunvolução  e na propriedade da mente

de intuir e de responder às leis dos ciclos. Desperta aptidão para conhecer por indução e dedução. Em predição, promete boa e má sorte, elevações e quedas, confronto dos deveres adiados.

 

Khaph (11). Quer dizer cálice, copa, argamassa, matriz. O nome significa energia criadora, força operante, inumeráveis existências. Tem seu equivalente no arcano egípcio a Persuasão, no número 11, na letra J, no signo zodiacal de Aquário, na cor índigo, na nota musical ré bemol,  no princípio alquímico da liberação de forças e na

propriedade da mente para exercitar o poder moral. Desperta aptidão para persuadir. Em predição, promete vitalidade, rejuvenescimento, penas, obstáculos, traições, resignação para suportar as contrariedades.

 

Lamed (12). Quer dizer aguilhão, leoa, abrir as asas. O termo significa ensinamento, estímulo, domesticar. Representa o princípio do movimento expansivo. Tem seu equivalente no arcano egípcio o Apostolado, no número 12, na letra K, no signo zodiacal de Peixes,  na cor violeta,  na nota musical mi bemol,  no princípio alquímico

seleção de ingredientes e na propriedade da mente de conhecer por devoção. Desperta aptidão para servir. Em predição, promete angústias, quedas, perdas materiais em certos aspectos e ganhos em outros.

 

Mem (13). Quer dizer água primordial. O termo significa a mãe que concebe, cópula cosmogônica, aura fecundante. Corresponde ao arcano da Retribuição, no número 13, na letra L, no signo zodiacal de Virgo, na cor escarlate-claro, na nota musical fá bemol, no princípio alquímico dos antídotos e na propriedade da mente de

transmutar as emoções. Desperta aptidão para agir e reagir. Em predição, promete desenganos, morte de afetos, negativas,

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renovação de condições, as boas para pior, as más para melhor.

 

Nun (14). Quer dizer geração, peixe, criança. O termo significa Andrógina divina, idéia e Verbo, essência e existência. Tem seu equivalente no arcano egípcio a Temperança, no número 14, na letra LI, no signo zodiacal de Libra, na cor limão-claro, na nota musical sol bemol, no princípio alquímico do desdobramento e na propriedade mental da

temperança. Desperta aptidão para conhecer por associação de idéias e emoções. Em predição, promete afetos recíprocos, obrigações sociais, combinações, amores devotados e amores traiçoeiros, coisas que ficam e coisas que se vão, as primeiras para

irem, as segundas para voltarem.

 

Samekh (15). Quer dizer viga, esteio, sustentáculo, círculo, serpente mordendo a cauda. O termo significa limite inteligível, coroa, globo, o que se nutre de sua própria substância. Tem seu equivalente no arcano egípcio a Paixão, no número 15, na letra M,  na cor magenta-rosa,  na nota musical  lá bemol,  no signo zodiacal de

Escorpião, no princípio alquímico geração e na propriedade da mente de conhecer pelo esforço da própria vontade. Em predição, promete controvérsias, paixões, adversidades, prosperidade por vias legais e pela fatalidade.

 

Ain (16). Quer dizer olho, fonte, aparência, extensão, brilho. O termo significa dobras, dobraduras, e realinhamento, severa vigilância, providência divina. Tem seu equivalente no arcano egípcio a Fragilidade, no número 16, na letra N, no signo de Sagitário,  na nota musical  si bemol,  na cor púrpura vivo,  no princípio alquímico da

reverberação e na propriedade da mente de conhecer por causa da aflição. Desperta aptidão para aproveitar os ensinamentos da severidade. Em predição, promete acidentes imprevistos, tempestades, comoções, mortes, reciprocidade no amor e no ódio, na

traição e na lealdade.

 

Phe (17). Quer dizer boca que fala, palavra, linguagem, Verbo plasmador. O termo significa alento cosmogônico, rudimentos de vida orgânica, função criadora. Tem seu equivalente no arcano a Esperança, no número 17, a letra Ñ (NH), no signo de Gêmeos, na cor Amarelo vivo,  na nota musical  do sustenido,  no princípio alquímico

fonte da eterna juventude e na propriedade da mente de ser iluminada em virtude da fé. Desperta aptidão para aprender e agir por impulso da esperança. Em predição, promete iluminação, nascimentos, breves aflições e breves satisfações, aborrecimentos e

reconciliações, privações e ganhos.

 

Tzade (18). Quer dizer dardo, gancho, anzol. O termo significa serpente que oculta a cauda, encantamento, magnetismo. Tem seu equivalente no arcano egípcio oCrepúsculo, no número 18, na letra O, no signo zodiacal de Leão, na cor laranja dourado,  na nota musical re sustenido,  no princípio alquímico do elixir de vida e na

propriedade da mente de ser iluminada por encantamento. Desperta aptidão para decifrar os mistérios. Em predição, promete inconstâncias, ciladas, confusão, mudanças, longas deliberações, resultados tardios, triunfos e fracassos aparentes.

 

Quoph (19). Quer dizer cordão entrelaçado, machado, círculo completo. O termo significa linha que enlaça, o que provoca lamentos, o inusitado. Tem seu equivalente no arcano a Inspiração, no número 19, na letra P, na cor azul, na nota musical misustenido, no signo de Touro, no princípio alquímico aglutinação e na propriedade da mente para ser iluminada pela verdade absoluta.  Desperta  aptidão  para  conhecer

por meio de idéias ou de reflexões. Em predição, promete aumento de poder, êxito, benefícios em razão do esforço próprio e do alheio, heranças, clareza no que se deseja.

 

Resh (20). Quer dizer cabeça, pobreza, pico. O termo significa claridade, visibilidade, ato de vontade, ato inteligente, autonomia, verbo interior, função total da espontaneidade viva. Tem seu equivalente no arcano egípcio a Ressurreição, no número 20, na letra Q,  no signo de Câncer,  na cor verde,  na nota fá sustenido, no

princípio alquímico flogístico e na propriedade da mente para se iluminar por deliberação própria. Desperta aptidão para conhecer pelo despertar das forças latentes. Em predição, promete escolhas harmônicas, iniciativas afortunadas, trabalho, ganhos,

compensações, ciúmes pelo bem que se desfruta, aflições por perdas.

Page 39: A Cabala e o Tarô

 

Shin (21). Quer dizer dente, mudança, mutação, renovação. O termo significa desdobramento de forças, Universo-Mundo, poder criador, conservador e renovador, essência e propriedades dos seres e coisas. Tem seu equivalente no arcano egípcio a  Transmutação,  no número 21,  na letra R,  no signo de  Áries,  na cor vermelho

vivo, na nota musical sol sustenido, no princípio alquímico do ovo do mundo e na propriedade da mente de ser iluminada pela beatitude. Desperta aptidão para conhecer por meio da própria transfiguração. Em predição, promete heranças, distinções,

vitórias, prazeres honestos; obstáculos  e aptidão para vencê-los; situações incertas  e contingências que as esclarecem.

 

Thaw (22). Quer dizer codorna, símbolo, sinal, regresso, limite. O termo significa leique compreende todas as leis, Anima Mundi, glorioso esplendor. Tem seu equivalente no arcano egípcio o Regresso, no número 22, na letra S, no planeta Plutão,  na cor negra,  na nota  lá sustenido,  no princípio alquímico da  tetrassomia

(dos quatro elementos) e na propriedade da mente de se iluminar por meio de motivos transcendentes. Desperta aptidão para conhecer pela própria experiência. Em predição, promete ruína naquilo que mais envaidece, privação de algo que se desfruta,

ofuscamento, perigo de isolamento, presentes traiçoeiros, final de algumas coisas e começo de outras.

Acredita-se que a relação de correspondências entre as letras hebréias e os princípios universais, processos alquímicos, noções mentais, etc., existia também na estrutura e nos ornamentos do Templo de Salomão, aceitando-se que, assim, tal como a

combinação das letras podem formar palavras e teoremas geométricos e matemáticos que explicam o mundo e o homem, pelo concerto das partes da arquitetura do Templo e dos objetos que ornamentavam suas dependências, não só se obtinha a mesma explicação, como igualmente era possível reproduzir em miniatura muitos dos fenômenos que o homem e o mundo realizam em

grande escala, sendo tão matematicamente previsíveis tais efeitos que, segundo as Sagradas Escrituras, durante a construção no se ouviram martelos, nem machados, nem algum outro instrumento de ferro (Reis, 6-7). Admitindo-se que tanto na fonética do

alfabeto hebreu como na acústica do Templo de Salomão estivessem incluídos os elementos sonoros que tornam possível a relação de correspondências que permitem ao homem identificar-se com o mundo e atualizar os poderes que estão encerrados em ambos, cabe a pergunta: com base em qual ordenação interior a Cabala explica que possível essa identificação e atualização? É um tema

inesgotável a ser estudado.

Teoria AstralOs Caminhos da Árvore da Vida. Tarot Cabalístico

O livro de Joaquim A. R. Barreira

Resenha de   Constantino K. Riemma  

O autor português Joaquim A. R. Barreira, astrólogo e estudioso da Cabala, especializou-se em Psicologia transpessoal da escola de Carl Jung.

O livro Teoria Astral resultou de sua experiência no ensino do Tarô. "Trata-se de um ensaio" – diz o autor – "em que se pretende demonstrar que o verdadeiro valor do Tarot reside na sua capacidade formativa e pedagógica. Não é na sua capacidade de prever

o futuro onde reside o seu maior mérito, bem pelo contrário. O que entusiasma é o seu dom de mostrar o passado, explanar o presente e mostrar a lógica sequencial do futuro quando as premissas comportamentais observadas no passado se mantêm

inalteráveis".

A maior parte da obra está dedicada ao estudo das fontes cabalísticas: os múltiplos significados das 22 letras do alfabeto hebraico, o Tetragramaton e as sephirot da Árvore da Vida em suas relações com os 22 Arcanos Maiores do Tarô.

Ganha também um grande destaque o estudo dos tipos ou funções psicológicas, na visão de Carl Jung, aplicados aos arcanos maiores e menores, aos quatro naipes.

Resumo da Obra

O próprio autor, Joaquim A. R. Barreira, explica o sentido do seu trabalho:

Page 40: A Cabala e o Tarô

O livro de Joaquim A. R. Barreira

Papiro Editora - Porto, PortugalEdição de 2006 - com 274 págs.

 

Para o estudo de qualquer assunto precisamos em primeiro lugar de conhecer a sua história para localizarmos as suas raízes. Depois de uma análise de diversos fundamentos históricos sobre a origem do Tarot decidimo-nos pela hipótese egípcia já enunciada por Court de Gébelin e desenvolvida mais tarde por Éliphas Levi, que demonstrou as suas ligações à Cabala Hebraica.

Quando se atribuem aos 22 arcanos maiores do Tarot a simbologia das 22 letras hebraicas, e se enquadram no mesmo numero de caminhos da Árvore da Vida, ficamos com um sistema altamente fiável. Este foi o ponto de partida para esta nova Teoria.

Era preciso depois decidir entre o esquema de Árvore de Isac Luria (séc. XVI) e o de Athanasius Kircher séc. XVII e fundamentar as razões da escolha do esquema deste último.

Como se sabe as 7 letras duplas hebraicas representam os sete planetas principais. Mas acontece que muitos autores fazem ligações diversas e as suas relações diferem de autor para autor.

Resolvemo-nos pela escolha de Mayer que confirma a ordem do  Sepher  Yetsirah,  o  que  no  nosso  entender  torna  a

distribuição dessas sete letras muito mais harmoniosas equilibradas e racionais, como se demonstra.

Ao contrário do que sucede com as letras duplas, todos os grandes estudiosos aceitam a distribuição do SepherYetzirah, das 12 letras simples que correspondem aos signos de Zodíaco, pelo que tivemos aqui o nosso trabalho simplificado, adoptando idêntico

critério.

Faltava colocar e distribuir harmoniosamente os Arcanos Maiores nos 22 Caminhos da Árvore, tarefa que se revelava difícil, uma vez que não existe um sistema uniforme. Cada autor segue a sua lógica e seu raciocínio, e não existe aqui um entendimento.

Verificando este facto um dia fomos inspirados pela seguinte frase:

Sendo a árvore da vida um sistema harmonioso, equilibrado, dedutivo, lógico e esteticamente belo, os seus caminhos terão que forçosamente possuir também esses mesmos atributos.

Então construímos os seguintes postulados:

1ª Lei – As três letras mães emanam de Kether – Se são mães deverão emanar da esfera Suprema

2ª Lei – O caminho de cada letra dupla sai da esfera que representa a energia do planeta respectivo. – Se a cada Sphirah se atribui um planeta, será de cada uma delas que emanará a energia respectiva, representada pelo arcano que lhe

corresponende.

3ª Lei – Cada letra simples emana do Sphirot que representa o seu planeta regente – se cada signo do Zodíaco tem um planeta regente, e se a cada Sphirah se atribui um planeta, cada letra simples que representa um determinado signo, sairá da

esfera que representa o seu planeta regente.

Surpreendentemente surgiu a Árvore que apresentamos neste trabalho que obedece aos três postulado e é esteticamente bela, harmoniosa, equilibrada, dedutiva e lógica.

Faltava demonstrar a sua aplicabilidade e a Psicologia Transpessoal de Carl Jung deu-nos a resposta, pois os seus princípios adaptam-se admiravelmente ao esquema.

Page 41: A Cabala e o Tarô

 

Teoria Astral. Os caminhos da Árvore da Vida. Tarot Cabalístico.

Capa e contra-capa do livro de Joaquim A. R. BarreiraPapiro Editora - Porto, Portugal - 2ª edição

 

Por fim e para aguçarmos o apetite dos nossos leitores à leitura do Tarot, damos alguns conselhos, e apresentamos esquemas de leitura para que também eles possam constatar da validade da “Teoria Astral”.

Com este despretensioso trabalho esperamos dar um pequeno contributo para o estudo e compreensão do Tarot e dos seus belos e transcendentes arquétipos.

Pretendeu-se também, uniformizar algo, que em nosso entender, andava disperso. Ao mesmo tempo rendemos homenagem a esse grande cientista Carl Gustav Jung, ao fazermos uma pequena abordagem dos seus ensinamentos, que muito contribuem para o entendimento da alma humana e o seu destino existencial e transcendente. Tudo leva a crer que ainda marcará mais e mais, a

antropologia, a sociologia e a psicologia, nos tempos vindouros.

Índice

1. A Origem do Tarot: teses, ilustração, a versão cabalística.

2. A Cabala: Gematria, as três letras mães, as sete letras duplas e as doze letras simples. Cosmos e Caos.

3. A Chave do Esoterismo: o primeiro e o segundo nome divino.

4. A Chave do Tarot: IEVE, o terceiro nome divino. O Sistema ternário. A teoria do caos-experiência.

5. A Árvore da Vida: as dez esferas.

6. Os Caminhos - Teoria astrológica: as energias planetárias, as vinte e duas letras, seus significados simbólicos e as relações com os arcanos maiores.

7. Psicologia Junguiana: unidade cósmica e inconsciente coletivo. O complexo de Édipo. O Self e o Ego.

8. A Árvore da Vida e os conceitos junguianos: o self, o ego, a sombra, a persona, anima e animus. As quatro funções e tipos psicológicos.

9. Arcano Menores: os quatro elementos e os naipes. Os corpos astral, emocional, mental e físico. Personagens ou figuras. As cartas numéricas.

10. A comunicação no tarô: telepatia? Níveis de leitura. Recomendações. Regras de interpretação.

11. Métodos de Leitura: o Grande Jogo ou Tema Astral. As casas astrais. Tiragem em Cruz. Tiragem de Sete. Cruz Celta.

12. As cores e as formas nos arcanos.

13. Estudos Diversos: equivalência entre número e letra; Guimátria e Numerologia. Magia e Tarot. O sistema setenário. A pirâmide, um arquétipo perfeito. A Unidade e a Dualidade. O sistema ternário. O sistema quaternário.

Capítulo 6. Os Caminhos - Teoria Astrológica

O autor autorizou a reprodução do capítulo 6 de sua obra, que cuida especificamente das correlações dos 22 caminhos da Árvores da Vida e das 22 letras do alfabeto hebraico com os 22 arcanos maiores e os símbolos astrológicos, signos e planetas.

Os amigos do Clube do Tarô poderão apreciar o cuidadoso e pedagógico texto de Joaquim Barreira em sua busca das ressonâncias do saber tradicional às cartas do tarô.

Cabala, Caminhos da Árvore, Letras e Arcanos Maiores

Page 42: A Cabala e o Tarô

As Letras Mães

  Joaquim A. R. Barreira  

 O texto abaixo é a transcrição autorizada pelo Autor, Joaquim A. R. Barreira, do capítulo6. Os Caminhos - Teoria Astrológica de "Teoria Astral. Os caminhos da Árvore da Vida.

Tarot Cabalístico" - Papiro Editora - Porto, Portugal - 2ª ed., 2010. [Veja resenha] 

Os caminhos são assim chamados porque interligam as dez Sphirot distribuindo as suas energias e emanações por toda a árvore em todas as direcções – ascendendo e descendendo, para a esquerda e para a direita.

No sentido descendente caminhamos do subtil para o denso, das causas para os efeitos, do abstracto para o concreto, do divino para o humano, do místico e religioso para a compreensão de toda a criação e do cosmos.

No sentido ascendente encontramos os métodos científicos e racionais ou seja, partimos dos efeitos para as causas e vamos progredindo sempre para conceitos mais abstractos até chegarmos às causas primeiras.

Colocar as 22 letras hebraicas, que correspondem a cada um dos arcanos maiores do Tarot, no caminho que lhe corresponde é tarefa complicada, exigindo muita reflexão e estudo. E isto porque existem vários sistemas que divergem de autor para autor.

Para começar este trabalho temos em primeiro lugar de optar entre dois esquemas de árvore da vida que embora concordando na disposição, ordem e nomes dos Sphirot, divergem na colocação de dois caminhos.

O sistema Luriano – Isac Luria séc. XVI

Existem dois caminhos na parte superior da Árvore que interligam a esfera 2 à 5 e a 3 à 4 que foram eliminados no sistema que nos nossos dias mais se usa, e elaborado por Athanasius

Kircher séc. XVII.  Em  compensação  o  sistema  de  Kircher acrescenta à parte

Sistema Luriano

www.wikimedia.org

 

inferior da árvore dois caminhos que interligam a esfera 10 com a 7 e a 8, sendo suprimidas as ligações entre as esferas 2 e 5 e entre a 3 e 4.

Dir-se-ia que Isac Luria se debruçou mais sobre aspectos mais transcendentais do que com aspectos mais densos e práticos da Cabala, ou seja seguiu mais o caminho do místico do que o do cientista.

Para podermos tomar a decisão mais lógica e racional sobre que esquema de árvore iremos adoptar, torna-se necessária a análise desses mesmos caminhos que foram eliminados da parte superior da árvore, bem como avaliar quais as vantagens da sua substituição na parte inferior na mesma árvore.

Ao pensarmos no caminho do relâmpago brilhante verificamos que no sistema Luriano não existe qualquer obstáculo uma vez que ele segue o seu caminho natural em descida, ou seja começando do centro para a direita (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10) com todos os canais abertos, o mesmo sucedendo no caminho de subida, começando do centro para a direita (10, 9, 7, 8, 6, 4, 5, 2, 3 e 1).

No sistema actual notamos que não existindo canais de ligação entre a esfera 3 e 4 na descida, e entre a esfera 5 e 2 em sentido ascendente, teremos que imaginar que esses caminhos existem para que o percurso do relâmpago brilhante possa ser possível.

Doutra forma, o seu trajecto teria de ser feito sem qualquer caminho, ou então através do caminho que liga a esfera 3 à 5 ou pelo que interliga a esfera 2 à 4 o que obrigaria quer num caso quer no outro a uma marcha-atrás do relâmpago o que se nos afigura

muito pouco provável, lógico e inconsistente.

Page 43: A Cabala e o Tarô

Existe no entanto uma explicação para que se tivessem eliminado esses dois caminhos que se liga à queda de “Daath” a 11ª esfera, de que falaremos mais para o fim do presente trabalho. Para já podemos dizer que a ligação entre estas esferas tão elevadas foge à compreensão de nossos mentes demasiadamente habituadas a trabalhar com emanações e energias muito mais densas.

Analisemos agora quanto à necessidade ou não da existência dos dois caminhos que ligam as esferas 10 à 8 e à 7, que conforme já referimos, o sistema Luriano ignora.

Sabemos que a esfera 10 representa a parte mais densa ou material da árvore, correspondendo no plano humano ao corpo do homem em que se inclui obviamente a sua parte cerebral. Por outro lado todos os autores concordam do que a esfera 8 é a esfera de Mercúrio, representando o mundo da razão, do raciocínio e da lógica, e que a esfera 7 simboliza Vénus que representa o plano emocional e sentimental.

Mais abaixo e equidistante destas esferas encontra-se Yesod a nº.9, donde se projectam como numa tela estas duas emanações, juntamente com a luz emanada do centro da árvore e do ser humano, Thiphared.

Uma pergunta se impõe tendo presentes as emanações das 4 esferas referidas, analisadas no sentido descendente:

Será que as energias oriundas das esferas de Mercúrio e Vénus do indivíduo, interferem directamente sobre o corpo humano sem que para isso seja necessário passarem pela tela interior de Yesod?

 

Caminho do Relâmpago Brilhante

www.esotericscience.org

Para que tal seja possível teremos de admitir que existem emanações e energias oriundas dos campos racional e emocional do indivíduo, que se reflectem automaticamente em seu corpo sem que para isso haja necessidade de uma projecção em Yesod.

Podemos englobar aqui as reacções a que chamamos instintivas e automáticas desempenhadas pelo organismo humano e que não passa por uma análise ou síntese feita em Yesod.

Admitir esta hipótese equivale a dizer que nestes casos o individuo usa a sua razão e inteligência, sem necessitar interiorizar, o que o levará a ser muito mais instintivo e ou intuitivo, e a reagir muito mais rapidamente em situações de emergência ou perigo.

Poderemos também dizer que os automatismos e reacções instintivas do corpo respondem sem necessidade de intervenção dessas esferas menos densas, uma vez que estão incorporadas no registo genético e no ADN do corpo humano. Então essas reacções instintivas fariam parte do próprio corpo, são inatas e não necessitam de intervenção de esferas superiores. Por outro lado as esferas 7 e 8 comunicam directamente com o centro do ser Tiphared, que por sua vez tem um caminho para Yesod, que o liga

seguidamente a Malkuth.

Estes dois últimos argumentos explicam a supressão feita destes dois caminhos no sistema Luriano.Outra pergunta é necessária agora feita no sentido ascendente: será que as energias emanadas pelo corpo – esfera 10 – interferem directamente sobre a razão e o sentimento do indivíduo, sem que para isso seja necessário que se forme uma imagem em Yesod?

Aqui apenas nos resta encarar a hipótese mais simples: Sim!

Todos sabemos que factores exógenos e endógenos do corpo influenciam muitas vezes as nossas emoções e sentimentos, bem como determinam pensamentos e raciocínios automáticos e que escapam à reflexão e filtragem de Yesod.

Esta é uma das principais razões que nos levam a admitir da necessidade de inclusão destes dois caminhos, na parte inferior da árvore.

Outras razões que serão demonstradas mais adiante fazem-nos optar pelo sistema moderno, que se nos oferece ser mais lógico, racional, prático e harmonioso.

Page 44: A Cabala e o Tarô

Os 22 caminhos da Árvore da Vida e suas correspondências com as letras do alfabeto hebraico.

Ilustração do livro de Joaquim A. R. Barreira

Feita a escolha, resta-nos colocar as letras hebraicas nos seus respectivos lugares.

A tarefa não será fácil dado que não existe unanimidade dos entendidos e estudiosos sobre essa distribuição.

Por essa razão, resta-nos aproveitar de cada um dos autores aquelas que nos parecem ser as melhores ideias e a partir de bases sólidas lançarmos a nossa teoria que depois de demonstrada terá que ser comprovada pela experiência.

Esta Teoria, que depois de demonstrada poderá vir a ser considerada como lei, porque é simples como todas as leis devem ser, inspira-se na seguinte reflexão:

Sendo a árvore da vida um sistema harmonioso, equilibrado, dedutivo, lógico e esteticamente belo, os seus caminhos terão que forçosamente possuir também esses mesmos atributos.

1ª Lei: As três letras mães emanam de Kether

Os três princípios teriam que inevitavelmente de emanar do UM. 

As 3 letras mães, Aleph, Men e Shin, representam os elementos ar, água e fogo respectivamente. A sua colocação teria com certeza de advir da primeira esfera Kether – a Coroa, e coincidir com os seus três únicos caminhos disponíveis.

Page 45: A Cabala e o Tarô

           

1. ALEPH. Valor 10 (1+2+3+4 = 10) – Elemento AR – Ocupa o lugar à direita da árvore, e interliga entre a esfera 1 à 2 Chokmah – Sabedoria. É o primeiro número e corresponde a “O Mágico”. Significa a energia que dá “o começo” de tudo para o ser humano. É recto e orgulhoso, é masculino (Yang), solitário e autónomo. O número 1 é forte, autoritário e tem autoconfiança... É o símbolo da

individualidade. É o início em que nada ainda está concretizado mas que dispõe de todos os elementos para começar a Obra. O ponto de partida. O símbolo do Deus Criador.

↓ Em sentido descendente une a esfera 1 à 2; o poder total manifesta-se ao homem em forma de Sabedoria que tudo organiza com harmonia mas a nível subliminar, ou seja sem que disso haja consciência. O homem recebe esta dádiva gratuita vindo do alto, mas

ignora a sua origem.

↑ No sentido ascendente unindo a esfera 2 à 1, ele sabe que apenas poderá alcançar o Uno e a sua própria inclusão em tamanha magnitude se alcançar a Sabedoria que sustenta e move todo o universo que conhece e desconhece.

           

13. MEM. Valor 400 – Elemento Água – Ocupa o lugar à esquerda da árvore, e interliga a esfera 1 à 3 Binah (Compreensão) e corresponde ao arcano maior “A Morte". 

13 "A Morte", ou seja, o fim seguido do renascimento, da transformação e da evolução. É a transformação da lagarta em borboleta, a passagem do fim para a renovação. Em determinado momento, aquilo que parece terminado modifica-se e ganha

novo brilho, nova forma ou uma cor diferente. O número 13 está sempre pronto para recomeçar a vida, pois tem grande poder de regeneração e os obstáculos servem-lhe de estímulo. É uma pessoa apaixonada, que gosta de mudar sempre e tem sexualidade marcante. No entanto, o 13 também é o número da instabilidade (ligado a um recomeço). Aqueles regidos pelo número 13 não devem ter medo de utilizar sua ambição (que nem sempre é abertamente admitida) para que consigam evoluir e renascer. É ao

mesmo tempo um número concreto e um número mutável secundário e tem como palavras-chave o trabalho, o esforço, o mundo material e a maturidade, embora também esteja ligado ao conceito do fim e da perdas materiais, que só são encarados sob uma óptica positiva por aqueles que sabem como expandir seus horizontes e abandonar o passado. Dessa forma, é sinónimo de um novo estado, de criatividade e de abertura espiritual, mas deve-se ter cuidado quanto ao campo profissional, uma vez que este

exige uma certa continuidade e permanência.

↓ No sentido descendente de 1 para 3, o indivíduo recebe uma dádiva de discernimento, que lhe dá uma visão superior dos factos colocando-o em sintonia com a ordem evolutiva e construtiva a que se destina a criação, o que o fará abandonar muitas vezes

conceitos egoístas, transformando-os em desejos altruístas e filantrópicos.

↑ No sentido ascendente existe um impulso de abandono, de desistência de tudo o que o possa agarrar à materialidade e a uma vida em que se encontrou puras ilusões.

           

21. SHIN. Valor 300 – Elemento Fogo – Situa-se no caminho central e faz a ponte entre a esfera 1 e a esfera 6 – Thiphared – Beleza, e corresponde ao arcano “O Louco”.

Page 46: A Cabala e o Tarô

"O Louco". Augúrios de sucesso e protecção. É um Número Secundário muito criativo e muito positivo, e que traz harmonia e o sucesso que todos merecemos. Uma vitória como resultado de esforços passados, progressão positiva. É sinónimo de sorte, protecção e expressão bem sucedida. Cheios de ambição, os seres humanos influenciados por essa vibração estão sempre à

procura de um nível mais elevado de consciência. Há também uma sensação de vazio interior. Este número também está relacionado à energia feminina que está presente em qualquer pessoa. A vibração do número 21 também pode corresponder a um

nascimento, a um trabalho ou a um processo relacionado ou não à arte. Essas pessoas também costumam ter muitos amigos e colaboradores.

↓ No sentido descendente 1 – 6 – Irradiando da energia suprema que a tudo anima e ilumina e o individuo recebe essa luz que lhe ilumina a consciência possibilitando-o assim de que se reconheça como ser uno e indivisível, criado à imagem e semelhança do seu

Criador; depois de se receber a Coroa será necessário ter a consciência da Beleza do nosso verdadeiro Eu que só será completa após a implantação de uma ordem superior.

↑ No sentido ascendente 6 – 1, a consciência do indivíduo apercebe-se que terá que se incluir num universo mais vasto de que ele se apercebe fazer parte. Existe aqui um reconhecimento interior que o que se implantou e obteve êxito foi graças à adopção de leis

universais superiores, e que toda a luz e potencial vêm da Coroa, a mais elevada das esferas.

Como se verifica no esquema, conseguimos uma distribuição harmoniosa, estética e racionalmente equilibrada dos três principais “raios” emanados da altíssima coroa.

junho.10

Contato com o autor do livro "Teoria Astral":Joaquim A. R. Barreira - [email protected] 

Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores

Tarô & Kabbalah: Os Caminhos da Árvore da Vida

  Compilação de Constantino K. Riemma  

 

    No diagrama da Árvore da Vida estão inscritas 22 conexões, ou vinte e dois caminhos, que ligam as 10 sefirot entre si. Eles constituem o campo de manifestação dos atributos divinos personificados pelas sefirot,

acomodando tudo o que flui através deles.    Os caminhos da Árvore da Vida resumem as infindáveis possibilidades de circulação das energias, tanto no cosmo quanto no homem.     "Os fluxos entre cada par de sefirot podem ser alternados e cada caminho constitui apenas uma parte da circulação total. Por causa dessa adaptabilidade essencial, ocorrem muitos tipos diferentes de padrões de circulação determinados pela sefirah que gera o fluxo inicial." (AAK-30-31)

    Nota: as siglas que aparecem no correr do texto, referem-se aos títulos dos livros e respectivas páginas, relacionados no final

desta apresentação.

    "A essência de cada Caminho é constituir a união de dois Sefirot. Só podemos compreender seu significado levando em conta a natureza das Esferas unidas na Árvore. Mas um sefirah não pode ser entendido num único plano." (CM,24)

    "As Sefirot podem ser consideradas como macrocósmicas e, os Caminhos, microcósmicos, visto que as sefirot representam as sucessivas Emanações Divinas, que constituem a evolução criadora, ao passo que os Caminhos representam os estágios sucessivos da compreensão cósmica na consciência humana."     "Os Caminhos são fases da consciência subjetiva, através dos quais a alma desenvolve a sua compreensão do cosmo". (CM, 25 e 35)       Os textos a seguir, para cada Caminho, iniciam com um primeiro parágrafo de "miscelânea", justapondo correspondências de várias fontes: a letra do alfabeto hebraico (com o valor numérico entre parêntesis), sua significação mais comum e seu hieróglifo (G.O.Mebes).

 

Imagem original em www.nagah.org

Page 47: A Cabala e o Tarô

    São também mostradas, nesse primeiro parágrafo, as atribuições astrológicas e as cores citadas com maior freqüência nos textos consultados. Por fim, é indicado o Arcano Maior do Tarô, cuja numeração coincide com a do caminho. Tal correspondência é

a mais comum entre os autores franceses. Já os autores ingleses, atribuem o Louco (0 ou 22) ao caminho 11, o Mago (1) ao caminho 12, a Papisa (2) ao caminho 13 e assim sucessivamente. Entre parêntesis é indicada esta segunda hipótese. Uma nota

importante a esse respeito não deve ser esquecida pelo leitor: como Rui Sá Silva Barros deixou bem claro em Taro e Qabalah, tais atribuições devem ser tomadas com a devida cautela, pois tratam-se hipóteses nem sempre de acordo com a tradição cabalística. 

    O segundo parágrafo, em itálico, foi retirado do Shepher Yetzirah, o Livro das Formações. Embora de difícil compreensão, ele merece ser considerado por se tratar de um texto da tradição cabalística. 

    Por fim, o terceiro parágrafo, ou bloco, traz indicações e comentários colhidos principalmente de Gareth Knight e da obra de Z'ev ben Shimon Halevi.

 11º Keter - Hokhmah

 

Aleph (1), o boi, o homem. Mercúrio, Touro, Gêmeos e o elemento Ar. Amarelo claro brilhante, azul celeste, azul esmeralda, esmeralda salpicada de ouro.Corresponde ao Arcano da Mística: I - O Prestidigitador, o Mago, Divina Essência (ou 0 - O Louco, o Espírito do Éter).

    "O 11º caminho é a Inteligência Cintilante porque ele é a essência dessa cortina colocada junto da ordem de arranjo e lhe é dada uma dignidade especial de ser capaz de manter-se de pé diante da Face da Causa das Causas."

 

    A "Face da Causa das Causas" é a fonte de toda a Criação em Keter; por isso a experiência espiritual de Hokhmah é a Visão de Deus face à face.     No sentido ascendente, de Hokhmah para Keter, o 11º caminho constitui portanto esse alto nível de consciência que a alma iluminada percorre desde a Visão direta de Deus face a face até a experiência transcendental ainda mais alta de União real com Deus. Trata-se da "Inteligência Cintilante".    Em Keter está o Verdadeiro Plano da evolução e de toda vida criada. "A ordem de arranjo (ou de composição)" é portanto um título válido para Keter. A "cortina" ou Véu é o da vida na Forma. A Forma é a cortina que oculta (e ao mesmo tempo revela) a essência da vida. Mas, nesse caso se trata de uma força pura, pois o 11º caminho é a "essência dessa cortina". Nesses níveis supremos, a forma é muito atenuada em comparação ao nível denso da nossa existência, mas nem por isso é menos poderosa. Uma forma incorreta ou mal aplicada num nível superior da manifestação pode produzir deformações que se ampliarão à medida que seus efeitos se façam sentir nos planos inferiores.     O elemento Ar é um bom símbolo para o Espírito, pois é ilimitado, insinua-se por toda parte e é também um grande disseminador.    No sentido ascendente, o 11º Caminho reapresenta a etapa final da união com Deus

    A descida desse caminho é a primeira etapa da Descida do Poder simbolizado na Kabbalah pelo Raio Fulgurante. Ele representa, portanto, os primeiros inícios.

 12º Keter - Binah

 

Beith (2), a casa; a boca humana. Lua e Mercúrio. Amarelo, violeta, cinza, índigo salpicado de violeta. Corresponde ao arcano da Gnose: II - A Papisa, Gnose, Porta do Santuário, Divina Substância (ou I - O Mágico; o Mago do Poder).

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    O 12º caminho é denominado Inteligência da Transparência porque é dessa espécie de Magnificência, chamada Chazchazit, que provém as visões daqueles que se vêm em aparição.

    Por ser o caminho da "Inteligência da Transparência" significa a capacidade de ver as coisas tais como elas são na realidade. A Forma não oculta a luminosa imagem do Criador, mas sim a revela. O Véu do Templo, para falar simbolicamente, nada tem de

opaco. É o caminho que une o princípio da Forma (Binah) à sua fonte Espiritual (Keter). a verdadeira fonte da qual provém a Forma e sua força interior.

    A raiz do termo Chazchazit tem acepções de vidente, vidência, visão. Trata-se, por certo, da mais alta forma de profecia, o conhecimento espiritual, uma forma de percepção interior muito mais delicada e exata que a intuição, que por sua vez é uma

forma de consciência muito mais importante e exata do que a clarividência, a clariaudiência ou demais formas de psiquismo.Esse caminho representa capacidade de pressentir o Verdadeiro Plano nas alturas de Keter e de fazê-lo descer sob a forma de uma

Verdadeira Impressão na sefirah da Forma, Binah. A descida do Plano é uma decorrência necessária, pois o conhecimento seria de pouca utilidade se não se manifestasse, sucessivamente até os níveis da consciência mental e do efeito físico.

 13º Keter - Tiferet

 

Guímel (3), o camelo; uma mão que pega. Vênus e Virgem; a Lua. Azul, prateado, azul-claro frio, prateado riscado de azul celeste. Corresponde ao arcano da Magia: III - A Imperatriz, Vênus Urânia ou Vênus do Universo, Natureza, Divina Natureza, Parto, Geração, (ou II - A Papisa, Sacerdotisa).

    O 13º caminho é denominado a Inteligência Unificadora e é assim chamado porque é em si mesmo a essência da Glória; é a Perfeição da Verdade das coisas espirituais individuais.

    Esse caminho se destaca entre os demais porque se encontra sobre a linha direta de contato entre o Espírito e a Individualidade. 

    Ele faz parte do que se poderia denominar de coluna vertebral da Árvore da Vida, o longo caminho entre o Espírito e a Terra, Keter e Malkhut.

    A linha ascendente vertical da Árvore da Vida é o Caminho da Flecha, a Via Mística dos que não procuram manipular poderes ocultos, mas sim a União com Deus. O Caminho dos Místicos sobe pelo 32º caminho, a Entrada dos planos interiores, e passa através dos reinos subconscientes de Yesod. Como Yesod está ligado à função sexual, torna-se compreensível a ocorrência de

imagens de natureza sexual em certos tipos de misticismo.     De Yesod, a Via leva através do "deserto" do 25º caminho, a Inteligência da Prova, que é a primeira Noite Escura da Alma, antes

de alcançar a aurora dourada da consciência de Tiferet e o contato com o "deus interior". Mas o contato de Tiferet é ainda um aspecto menor do "deus interior", pois o Caminho conduz a seguir diretamente à fonte do ser espiritual em Keter. Essa segunda metade é o 13º Caminho, ao qual corresponde a letra hebraica Guímel, um camelo, o que nos lembra um outro deserto, portanto

uma segunda Noite Escura da Alma, a travessia do Abismo, descrita por São João da Cruz.     Como a morte e o nascimento, o 32º, o 25º e o 13º caminhos formam principalmente uma via de transição. Poderia ser

denominada a Via mais direta na demanda do Santo Graal, compreendendo-se o Graal como o recipiente que se pode fabricar com o próprio ser para se tornar capaz de reter as forças superiores, o Sangue e as Águas do Espírito.

 14º Hokhmah - Binah

 

Dálet (4), a porta; o seio, como idéia de alimentar e ser alimentado. Júpiter e Áries; Vênus. Verde esmeralda, azul-celeste, rosa ou cereja rajada de verde claro. Corresponde à Filosofia Hermética e à Obediência: IV - O Imperador, Pedra Cúbica, Forma, Autoridade, Adaptação (ou III - A Imperatriz, a Filha dos Poderosos).

    O 14º caminho é a Inteligência Iluminante e é assim denominado porque é esse Chasmal o fundador das idéias ocultas e fundamentais da Santidade e de suas fases de preparação.

    Do mesmo modo que o caminhos transversais interiores, o 27º e o 19º, são respectivamente os "suportes" da Personalidade e da Individualidade, o 14º é o suporte do Espírito em seu próprio nível. O texto yetzirático o denomina Chasmal, ou seja, "o

Brilhante, fundador das idéias ocultas e fundamentais da santidade". Ele é, por certo, o fundamento oculto de todos os seres na Forma. A fonte do nosso ser está em Keter, mas a manifestação enquanto unidade estável pressupõe o funcionamento do Princípio

da Polaridade que, neste nível, É o princípio arquetípico de Hokhmah e Binah. E esses dois princípios são ligados pelo 14º Caminho. 

    Para seguir o simbolismo da letra hebraica. esse caminho é a Porta, ou seja, a entrada para a manifestação. Poderíamos mesmo denominá-lo a Porta do mundo do Espírito, pois esse caminho segue o trajeto do Rio Fulgurante. 

    No sentido ascendente, esse caminho é o último canal de consciência no qual os pilares da Manifestação em sua ação de defensores da Forma têm ainda influência. É a Porta da Iluminação, como subentende o texto yetzirático, Iluminação Total da Visão

de Deus face a face, em Hokhmah.    É sobre esse aspecto de manifestação que o simbolismo da lâmina do Tarô desse caminho se refere: é a pedra fundamental da

construção do Templo do Homem na existência manifestada.

 15º Hokhmah - Tiferet

 

Hei (5), a janela; a respiração. Áries e Mercúrio. Vermelho vivo, chama brilhante, vermelho incandescente.Corresponde ao arcano da Transcendência e da Pobreza: V - O Papa, a Essência Divina, Quintessência, Religio. (ou IV - O Imperador; ou XVIII - A Estrela)

    O 15º caminho é a Inteligência Constituinte, assim denominado porque constitui a substância da Criação nas trevas puras e os homens falaram das contemplações; é dessas trevas que se fala na Escritura: "e o enfaixei com névoas tenebrosas" (Jó).

    Essa substância da Criação são as Águas do Não-manifestado que vertem na manifestação.     No sentido ascendente, lembrando que a experiência espiritual de Hokhmah é a visão de Deus face a face, podemos dizer que,

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ao longo desse caminho, a alma pode perceber uma centelha da majestade do seu Criador, como se, assentada diante de uma janela estreita sem vidro, ela olhasse fixamente para as trevas do espaço e visse subitamente uma estrela lampejar, indicando o

ponto de origem da alma e a meta para a qual ela deve dirigir a sua evolução.

    O fator de início e fim da evolução pessoal é sublinhado pela forma do signo astrológico de Áries:  ; a queda súbita na manifestação e o posterior retorno ao ponto de partida.

    O meio de alcançar essa meta de toda humanidade poderia ser expresso em termos bem simples: "Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, com toda a tua força e de todo o teu entendimento; e a teu próximo como a ti

mesmo" (Lucas 10-27, Mateus 22-37).

 16º Hokhmah - Hesed

 

Vav (6), o prego; o olho e o ouvido. Touro, Sagitário e Vênus. Vermelho alaranjado, índigo escuro, marrom brilhante.Corresponde ao arcano da Iniciação, do Livre Arbítrio: VI - O Enamorado, Bifurcação, a Lei da Analogia, Liberdade, Mediação (ou V - O Papa, o Mago do Eterno).

    O 16º caminho é a Inteligência Triunfal ou Eterna e é assim denominado porque é o prazer da Glória além da qual não há Glória igual. É também chamado de Paraíso preparado para os Justos.

    O Caminho 16º, paralelo ao 18º, é um dos laços entre o Espírito e a Individualidade. O prego, reapresentação da letra Vav, é um símbolo importante do ponto de vista esotérico cristão, pois o Espírito é pregado três vezes à cruz da matéria. 

    No sentido ascendente, esse "prazer da Glória além do qual não há Glória igual" permite considerar o caminho 16 como um modelo do que deveria ser e uma promessa do que será alcançar o nível zodiacal reapresentado por Hokhmah, também

denominado "Paraíso preparado para os Justos".     O signo astrológico desse caminho é Touro, animal que representa a mais densa concretude sobre a terra, enquanto a Vaca, sua

contraparte feminina simboliza o princípio feminino, receptivo da forma, matriz na qual se incrusta a jóia do Espírito. A forma do

signo,  , se adequa a esse caminho: um disco solar indicando a recepção dos poderes do Eterno e sua difusão sob a forma de luz e calor.

    O Graal, em suas diferentes versões, também pode ser relacionado a esse caminho, que leva à Távola Redonda Zodiacal (Hokhmah), no centro da qual se encontra o Santo Graal.

    É o caminho no qual podemos aprender a ligar a sabedoria ao amor e, desse modo, servir de maneira totalmente impessoal.

 17º Binah - Tiferet

 

Zain (7), a espada; uma flecha lançada com pontaria certeira. Gêmeos, Áries e Câncer. Laranja, cinza avermelhado. Corresponde ao arcano do Repouso: VII - O Carro, Carruagem de Hermes, Vitória, Direito de Propriedade (ou VI - Os Namorados, os Filhos da Voz, Oráculo dos Deuses).

    O 17º caminho é denominado a Inteligência Ordenadora que dá Fé aos Justos; nesse caminho eles são revertidos do Santo Espírito e ele é denominado o Fundamento da Perfeição no estado das coisas superiores.

    Binah, por ser o mais "concreto" dos três sefirot supremos, contém a imagem do Espírito e sua destinação sobre a Terra. No Caminho 17 a consciência do destino do Espírito é concentrada na sede da consciência manifestada, Tiferet.

    Binah é a "mãe da Fé, da qual a Fé emana". Nesse caminho, a Fé é dada aos Justos, que assim são revestidos do Espírito Santo. Binah está estreitamente ligada ao Santo Anjo da Guarda.

    A Fé pode ser considerada não só como a fé comum em Deus, mas também a confiança em si que cada ser humano deve ter para continuar no caminho da sua vocação, o domínio no qual deve aplicar seus esforços, sejam quais forem os obstáculos. O signo

astrológico de Gêmeos,  , indica a verdadeira relação que deve existir entre o Santo Anjo da Guarda e a Individualidade. Eles devem ser um o reflexo do outro. A chave desse caminho, a letra hebraica Zain, significa espada. A forma da letra sugere uma

espada e, de certo modo, a ação do Santo Anjo Guardião, o qual representa Conhecimento e Propósito. O Anjo projeta uma "varinha', de Conhecimento e Propósito para os níveis inferiores da manifestação.

 18º Binah - Gevurah

 

Chet (8), a cerca; um campo com tudo o que pode ser cultivado. Câncer e Libra. Âmbar, marrom púrpura, ruivo brilhante, castanho escuro esverdeado.Corresponde ao arcano do Equilíbrio: VIII - A Justiça, a Lei do Equilíbrio, Lei, Karma (ou VII - O Carro, Filho dos Poderes da Água, Senhor do Triunfo e da Luz).

    O 18º caminho é denominado a Inteligência da Casa da Influência (devido a sua grandeza é aumentada a abundância do influxo de boas coisas sobre os seres criados) e do seu seio são extraídos o arcano e os sentidos ocultos que habitam sua sobra e que aí

permanecem estreitamente unidos pela Causa de todas as causas.

    Esse caminho age como via de comunicação entre o Espírito e a atividade inteligente da Individualidade (Gevurah). Ele é também chamado de Casa da Influência. O texto yetzirático ("devido a sua grandeza é aumentada a abundância do influxo de boas

coisa sobre os seres criados") indica o quanto essa ligação é importante para que o destino do Espírito seja cumprido na manifestação. Quando isso não ocorre o Karma em geral se acumula e os resultados da ação raramente são bons; o que é uma das

conseqüências do Primeiro Desvio que abriu um buraco ou Abismo entre os dois níveis de existência.     Binah é a Mãe da Fé, da qual a individualidade obtém todo conhecimento superior do seu destino. Esse conhecimento é "o

arcano e os sentidos ocultos" mencionado do texto yetzirático.    No sentido ascendente, isso significa que a nossa meta na evolução é ligar esses dois níveis, e que a nossa primeira tarefa é

desprender os véus para transpor o Precipício e o Abismo. Só então será passível obter a impregnação do conhecimento de nosso destino nos níveis mais densos e a sua aplicação no plano físico da vida diária.

 

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19º Hesed - Gevurah

 

Tet (9), a serpente; um telhado enquanto proteção e abrigo. Leão, Capricórnio e Virgem. Amarelo esverdeado, violeta escuro, cinza, amarelo avermelhado.Corresponde ao arcano da Consciência: IX - O Eremita, Luz Oculta, Protetores, Iniciação, Prudência (ou XI - A Força, a Filha da Espada Flamejante, Guia do Leão).

    O 19º caminho é a Inteligência do secreto de todas as atividades dos seres espirituais e é assim chamada por causa da influência que ela difunde a partir da mais alta e exaltada glória sublime.

    O Caminho 19, de grande poder dinâmica, é o principal suporte da Individualidade, do mesmo modo que o 27º (igualmente de grande força) é o suporte principal da Personalidade. O 19º dispõe de uma força de "empacotamento", que mantém juntos os

diversos aspectos da unidade de evolução, a Individualidade; de igual modo o caminho 27 mantém a unidade de encarnação, a Personalidade. 

    O 19º se encontra na trajetória do Raio Fulgurante. A imagem do Espírito, após ter sido propulsionada de Binah, via Daat, até Hesed, começa a construir uma sucessão dinâmica de atividades. O sentido inverso, de Gevurah a Hesed, é a via iniciática a partir

da qual não são mais necessárias outras encarnações sobre a terra. As tomadas de consciência desse Caminho são particularmente profundas, pois são resultantes finais da experiência e da compreensão de um ciclo completo de evolução.    A prova fundamental desse caminho é a capacidade de encarar tudo o que ocorreu durante o ciclo completo da evolução

pessoal, aceitando-o totalmente sem fuga ou repressão. Esse balanço final não mais admite adiamentos; o que não for enfrentado permanecerá como uma barreira ao progresso. 

    "Esse caminho não é de fato agradável, mas pela simples razão de que nós, que por ele caminhamos, não somos pessoas agradáveis". Diante das dificuldades, nossa reação habitual é atribuir a culpa aos outros. Trata-se de um grande passo começar a

compreender que, de algum modo, contribuímos largamente para estabelecer nosso próprio karma.    O 19º caminho corresponde à segunda barreira (ou véu) da Árvore, preenchendo o intervalo entre a Severidade e a Misericórdia.

 20º Hesed - Tiferet

 

Yud, a mão; o dedo indicador. Virgem, Capricórnio e Júpiter. Verde amarelado, cinza escuro ou esverdeado.Corresponde ao arcano da Natureza Decaída: X - A Roda da Fortuna, Testamento, Kabbalah, Moinho do Mundo, Fortuna ou Sorte (ou IX - O Eremita, o Profeta do Eterno).

    O 20º caminho é a Inteligência da Vontade. É assim chamado porque é o meio de preparação de tudo e de cada ser criado, e, por essa Inteligência se adquire o conhecimento da existência da Sabedoria Primordial.

    Tiferet é a sefirah central da Árvores da Vida e representa assim o ponto de convergência da integralidade do ser humano na manifestação. É o ponto de equilíbrio entre a força e a forma na individualidade (Gevurah e Hesed). É também o ponto médio entre

os níveis espirituais e a manifestação densa sobre a Terra.     Hesed, por sua vez, representa a primeira manifestação do ser numa existência sub-espiritual e contém a imagem mais pura de

como o Espírito deveria se manifestar enquanto ser humano. 

    No sentido ascendente da Árvore, o 20º Caminho dá a visão do modelo do destino, proveniente dos níveis espirituais. No texto yetzirático esse caminho é denominado Inteligência da Vontade, ou seja da Vontade Espiritual, pela a qual se adquire o conhecimento da existência

da Sabedoria Primordial, ou seja, o conhecimento das realidades espirituais dos níveis superiores. A contemplação contínua da verdadeira imagem é assim o "meio de preparação de

todo e qualquer ser criado", pois ela serve de guia no caminho da evolução individual e indica os tipos de veículos ou recursos que devem ser construídos para continuar a segui-lo.

    A chave do caminho é a letra hebraica Yud, a primeira letra do Nome Divino supremo JHVH, que significa o início das coisas. Seu significado é a Mão, neste caso a Mão de Deus ou a mão do Espírito que guia a alma na sua evolução.

 

    Pode-se denominar Consciência Crística a tomada de consciência da Vontade do Pai que está nos Céus. A primeira centelha dessa consciência Crística pode ser vista como a influência do 20º Caminho que liga Tiferet (o ponto mais baixo da individualidade

e o mais alto da personalidade) à Hesed (a esfera do ser manifestado na qual a verdadeira Vontade do Espírito é conhecida).     Porém, por causa do Desvio Original, a situação real está muito longe de ser tão simples como essa. O Pecado Original foi a recusa por parte da individualidade de realizar a vontade original do Espírito no momento de entrar no universo de Deus Pai. A conseqüência foi a criação de um falso modelo. Em termos cabalísticos isso significa que a imagem refletida de Hesed não é

mesma que se encontra no Triângulo Supremo do Espírito. Há como que uma fissura entre o Espírito e a Individualidade, que se reproduz no nível inferior como uma fissura entre a Individualidade e a Personalidade. O Abismo e o Despenhadeiro são

conseqüências dos feitos do homem, frutos do pecado. O processo evolutivo deveria ser uma luta, segundo o Plano Divino, e não essa estagnação na obscuridade espiritual cercada de guerra, pobreza e doença que acabaram por definir a condição humana. 

    A lição a reter é que a Demanda no Santo Graal não termina em Tiferet, nem mesmo em Hesed, mas em Keter. O destino pessoal e a evolução completa só podem ser alcançadas no momento em que todos os elos partidos sejam restabelecidos e que a

Verdadeira Vontade do Espírito, e não só a da individualidade, se manifeste de um modo totalmente controlado sobre a Terra.

 21º Hesed - Nezah

 

Kaf (20), a palma da mão. Leão, Marte, Júpiter. Violeta, azul, púrpura brilhante, azul brilhante raiado de amarelo. Corresponde ao arcano da Virgem: XI - A Força, o Leão Dominado, Força Divina, Força Humana, Força Natural (ou X - A Roda da Fortuna, as Forças da Vida).

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    O 21º caminho é a Inteligência da Conciliação e da Recompensa, assim chamado porque recebe a influência divina que aí opera por meio das bênçãos dadas a todas as existência e a cada uma em particular.

    Representa a ligação entre a pura imagem do que a individualidade tem a intenção de cumprir (Hesed) e a imaginação criativa e as emoções superiores da personalidade (Nezah). Compreende os ideais e aspirações que cativam a imaginação do homem.

    Nesse sentido, talvez, o símbolo mais importante para o homem ocidental seja o da Demanda do Santo Graal. A influência desse caminho age principalmente sobre as emoções e é essa aspiração indefinida que leva homens e mulheres a se colocarem na

busca. É nessa fase que se tornam "buscadores" no mundo interno, embora muitos escolham o caminho das aventuras físicas ou se deixem apaixonar pelas viagens. Outros confundem ainda o apelo de sua própria natureza superior com a atração física por um

outro ser humano.    Um outro fator interessante é o desejo de mudança que esse impulso traz, muitas vezes sob a forma de sonhos de uma vida paradisíaca em ilhas desertas e afastadas ou, mal terminadas as férias, já começar a fazer planos para as férias seguintes. No extremo encontram-se aqueles que se intoxicam com drogas ou com experiências sexuais como meio de "fugir desse mundo".

    A primeira exigência nas fases iniciais da Busca é o Discernimento, virtude de Malkhut. Porém, todas as virtudes das sefirot da personalidade inferior serão chamadas a atuar: a Independência de Yesod, pois deverá conservar uma abertura a toda prova; a passagem pelo crivo das provas subjetivas ou objetivas que vêm a seguir se encontra na Veracidade de Hod; a capacidade de

admitir sua própria ignorância, de "voltar a ser como uma criança", está contida no desapego de Nezah; e, acima de tudo, a virtude que levará a alma através de todas as dificuldades do caminho: a Devoção à Grande Obra de Tiferet.

    Existe um nexo entre este caminho do Desejo e da Visão e o 32º caminho do Ir e Voltar na forma física em Malkhut. Basta lembrar que a letra Kaf, que corresponde ao caminho 21, também aparece na forma de echarpe que flutua ao redor da

personagem dançarina da lâmina 21, O Mundo, que alguns numeram como 22.

 22º Gevurah - Tiferet

 

Lamed (30), o aguilhão; o braço utilizando todas as articulações. Libra, Peixes, Netuno. Esmeralda, azul, verde-azulado, verde claro.Corresponde ao arcano da Fé: XII - O Pendurado, Messias, Misericórdia (ou Cáritas), Zodíaco (ou VIII - A Justiça, a Mestra do Equilíbrio.

    O 22º caminho é a Inteligência Fiel e é assim denominado porque, por ele, as virtudes espirituais são desenvolvidas e todos os habitantes da Terra estão perto de ficar sob a sua sombra (= sob a proteção de suas asas).

 

    Esse caminho tem uma importância suplementar por se encontrar na linha do Raio Fulgurante. É geralmente conhecido, no sentido ascendente, como o caminho dos Ajustes Cármicos. Tal como o 20º, seu oposto complementar, este caminho tem afinidades com Daat, pois Daat é também uma esfera de equilíbrio. Esses ajustes e reajustes podem ser representados pelo monstro com cabeça de crocodilo, que devora os Reprovados na cena do Julgamento no Livro dos Mortos egípcio.     Como a maior parte dos espantalhos pavorosos dos mitos religiosos ou das lendas, os chamados monstros do mal são, na realidade, um véu que oculta aquilo que não podemos enfrentar em nós próprios.     No sentido ascendente, o 22º caminho pede a redenção e a assimilação de todo o nosso passado. A maior parte dessa confrontação ocorre no caminho 19, mas a avaliação de todos os fatores, na qual nada será esquecido, se faz no 22º.     O aguilhão, símbolo da letra Lamed, como os demais símbolos de Gevurah, pode sugerir idéias de castigo, mas isso não é estritamente exato. Podemos também associar esse caminho ao 11º (Keter-Hokhmah), representado pela letra Alef, que simboliza o boi, o mais terra a terra dos animais.    O processo da manifestação, que continua ativo no caminho que vai de Gevurah para a relativa estabilidade de Tiferet, fica bem simbolizado pelo aguilhão.

    Os poderes desse caminho poderão ficar mais claros se nos lembrarmos de um símbolo menos conhecido para a letra Lamed:

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Asa. É com as Asas da Fé que a alma pode melhor cumprir seu destino e escapar da sombra do karma, como sugere o texto yetzirático.

 23º Gevurah - Hod

 

Mem (40), a água; a qualidade mediadora do feminino nas mudanças. Escorpião, Marte, Plutão, Saturno; o elemento água. Azul escuro, verde água, verde oliva. Corresponde ao arcano da Vida Eterna: XIII - "Sem Nome", a Foice, Morte e Reencarnação, Transmutação da Energia (ou XII - O Pendurado, Espírito das Águas).

    O 23º caminho é a Inteligência Estável e é assim denominado porque tem a virtude da coerência entre todas as numerações.

    Liga, no sentido ascendente, o princípio intelectual a uma faculdade espiritual de julgamento rigoroso. Compreende o sacrifício das idéias e padrões anteriores, sem o qual se retrocede.

    Hod é um dos sefirah que correspondem ao elemento Água. Um dos atributos da Água é a reflexão e, em Hod, podemos distinguir os reflexos dos princípios dos mundos superiores. 

    As imagens em Hod se apresentam mais sob a forma de abstrações (os símbolos geométricos de Pitágoras, por exemplo) do que sob a forma de confusas inquietações do subconscientes (os sonhos, por exemplo) de Yesod. 

    A similaridade de função dos dois sefirot pode ser compreendida pela reapresentação dos planetas correspondentes: a Lua de Yesod tem a forma de uma taça, de um receptáculo, que é o mesmo símbolo que coroa Mercúrio. 

    Gevurah não alcança seus propósitos apenas pela intensa atividade ou pela violência, mas também pela sua persistência no tempo. Temos, portanto, no 23º caminho, de um lado a estabilidade necessária para refletir os mundos superiores sem deformá-los

e, de outro, a estabilidade do esforço durante um período incomensurável.

 24º TIFERET - NEZAH

 

Nun (50), o peixe; o fruto. Escorpião, Aquário e Sagitário. Azul-esverdeado, marrom descorado, marrom bem escuro, marrom esverdeado.Corresponde ao arcano da Inspiração: XIV - A Temperança, Dedução, Reversibilidade, Engenho Solar (ou XIII - A Morte, Filho dos Grandes Transformadores).

    O 24º caminho é a Inteligência Imaginativa, assim denominada porque dá uma semelhança a todas as similitudes criadas de modo similar às suas harmoniosas elegâncias.

    Representa a prova no caminho do poder. Corresponde à destruição dos impulsos egoístas com finalidade de uma reconstrução num nível mais elevado de individuação.

    Os três caminhos (24º, 25º e 26º) que ligam as sefirot do Mundo da Forma (Yetzirah) à Tiferet, são caminhos de sacrifício, ou seja, da troca de alguma coisa por outra melhor. A meta é descobrir a nossa verdadeira Vontade Espiritual e ter a coragem de agir

em função dela. O 24º caminho representa a morte e o nascimento da personalidade e se relaciona com a Vontade de Transformação. O 26º propõe a transformação da inteligência em Intuição; e o 27º a transformação da vontade, da inteligência e

da memória da personalidade em Caridade, Fé e Esperança.    Embora esses três caminhos tenham igual importância, o 24º possui o significado suplementar de estar na rota do Raio

Fulgurante. É denominado "Inteligência Imaginativa", pois a personalidade pode se tornar imagem do princípio espiritual. A letra hebraica que corresponde ao caminho 24 é Nun, o peixe, que no nível do simbolismo sexual representa o esperma masculino. O

peixe, em especial, está associado a Cristo.

 25º Tiferet - Yesod

 

Samech (60), o sustentáculo; uma flecha contornando a superfície de uma circunferência. Sagitário e Saturno. Azul, amarelo, verde, azul escuro brilhante.Corresponde ao arcano da Contra-inspiração: XV - O Diabo, Lógica, Nahash (a serpente que seduziu Eva), Fatum (ou XIV-A Temperança, Filha de Reconciliadores).

    O 25º caminho é a Inteligência da Prova ou Tentação, assim denominado por ser a primeira tentação pela qual o Criador prova todas as pessoas virtuosas.

    É o caminho entre a Personalidade e a Individualidade, no qual se desenvolvem os primeiros vislumbres da consciência superior. Representa a prova da viagem de travessia do deserto, que necessita da Fé e da Coragem para ser empreendida, que exige o

abandono da aparente segurança dos mundos inferiores.    Cada uma das três vias que levam a Tiferet (os caminhos 24, 25 e 26) contêm a experiência conhecida pelo nome de Noite

Escura da Alma. No 25º caminho a alma deve progredir no Caminho Deserto, deixando para trás a vida dos mundos exteriores e inferiores, embora ainda inconsciente da vida dos mundos interiores e superiores, invocando a luz interior que se tornará a aurora

dourada nas trevas.

Trechos de Noite Escura da Alma, São João da Cruz

    "As almas começam a entrar nessa Noite Escura quando Deus as liberta pouco a pouco de um primeiro estado, aquele em que se medita na vida espiritual, e as introduz num estado mais avançado que é o dos contemplativos. É necessário passar por esse caminho para se tornarem perfeitas, ou seja para alcançar a divina união da alma com Deus. Ora, para explicar e melhor dar a entender a natureza da Noite que a alma deve atravessar e o motivo pelo qual Deus a introduz aí, é indispensável dizer uma

palavra sobre os defeitos específicos dos iniciantes: seremos breve, mas sem deixar de lhes ser útil. Eles assim se darão conta da fraqueza do estado no qual ainda se encontram. Com uma nova coragem, desejarão que Deus os introduza nessa Noite em que a alma é confirmada em suas virtudes e na qual se encontra as inefáveis delícias do amor divino. Que nos seja portanto permitido

deter um momento para dizer simplesmente o necessário em vista da Noite Escura, que trataremos a seguir".    "Sabemos que a alma, tão logo tenha se decidido a se colocar completamente a serviço de Deus, torna-se objeto especial da

solicitude divina para favorecê-la e fazê-la crescer em espírito. Os cuidados com os quais Deus preenche sua vida espiritual lembram os de uma mãe, cujos afetos se concentram sobre seu filho. Ela os aquece em seu seio, os alimenta com seu leite, dá os

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mais delicados alimentos, carrega-o em seus braços e o cobre de carícias. Mais tarde, quando a criança cresce, o carinho se torna menos expansivo, o amor se oculta, os seios esfregados com aloés enjoam a criança, e então a mãe termina por colocá-lo no chão,

para que ele use os próprios pés, deixe de ser pequeno e se desenvolva com atos mais de acordo com as exigências da vida... "    "Por Noite Escura, entendemos a Contemplação, e ela produz nos espirituais dois gêneros de trevas ou de purificações, conforme afete um ou outro dos elementos do homem, a parte sensitiva ou a parte espiritual. Há portanto uma primeira Noite ou purificação

dos sentidos, que dá à alma sua pureza segundo sua parte sensitiva e acomodando o sentido ao espírito. A segundo Noite ou purificação espiritual é aquela em que a alma se purifica e se despoja segundo o espírito a fim de se acomodar e se tornar apta à união de amor com Deus. A Noite dos sentidos é comum: ela se produz num grande número de iniciantes, e dela nos ocuparemos em primeiro lugar. A Noite do espírito é excepcional; ela é privilégio daqueles que já se exercitaram e avançaram e a explicaremos

em segundo lugar. "    "A primeira noite é amarga e temível para os sentidos, tal como veremos. A segunda não tem comparação, é só horror e espanto

para o espírito; e como a Noite dos sentidos é pela ordem a primeira que a alma deve atravessa, direi uma palavra sem me estender, visto ser bem conhecida e ter sido descrita com freqüência. Nos deteremos sobretudo na Noite do espírito porque os

ensinamentos orais e os livros geralmente as negligenciam e principalmente porque a experiência é rara.     Como o modo pelo qual os iniciantes principiam o caminho divino é vulgar, e como ela está muito sujeita aos seus próprios

desejos e elãs, Deus se interpõe para fazê-los progredir, libertando-os de sua baixa concepção de amor. Ele quer eleva-os até Ele, fazê-los abandonar o exercício inferior dos sentidos (a imaginação) e do raciocínio através do qual se busca Deus de modo

mesquinho no meio de obstáculos que já assinalamos, e os introduz no exercício mais fecundo do espírito, aquele que permite comunicar menor imperfeitamente com Deus. Ele se ocupa deles porque já desde algum tempo os iniciantes mostraram sua

perseverança nos caminhos da virtude pela meditação e pela oração.    Encontrando aí um sabor, satisfazendo seu gosto, eles são pelo menos desligados das coisas do mundo. Suas forças espirituais

em Deus são aumentadas e, por isso, eles aprenderam a refrear o apetite que leva para as criaturas. Eis que se tornam capazes de suportar por Deus uma contrariedade, uma aridez sem ter imediatamente a idéia de recuar para encontrar as antigas satisfações."    "Ora, no momento em que estão bem à vontade em seus exercícios espirituais, em que imaginam caminhar plenamente com os

favores divinos, bruscamente Deus os mergulha na obscuridade: a porta da felicidade se fecha, a fonte tão agradável da bebida espiritual, em que saboreavam Deus tão freqüente e tão longamente quando desejassem, encontra-se esgotada... E Ele os deixa numa obscuridade tal que eles chamam em vão o socorro do sentido (da imaginação) e do raciocínio para se dirigir. Para onde vão? Eles o ignoram; impossível avançar como antes pela meditação discursiva. O sentido interior, já paralisado nessa Noite,

encontra-se tão árido que, longe de reencontrar a antiga satisfação e o encanto das coisas espirituais e de seus exercícios, ele só se choca com desgostos e contrariedades."

    "Deus notou que esses iniciantes tinham crescido um pouco; agora, o progresso deve retirá-los dos cueiros, afastá-los do seio alimentar, colocá-los na terra para que aprendam a usar os próprios pés. Se tudo isso parece estranho, é porque tudo se passa no

sentido contrário ao dos seus hábitos".

 26º Tiferet - Hod

 

Ayin (70), o olho; uma conexão em estado de tensão. Capricórnio, Escorpião, Plutão e Urano. Índigo, negro, azul escuro, verde escuro e frio. Corresponde ao arcano da Construção: XVI - A Torre, Eliminação Lógica, Contração Astral, Destruição física, Casa de Deus (ou XV - O Diabo, a Porta da Matéria).

    O 26º caminho é denominado a Inteligência Renovadora porque, por ele, o Deus Santo renova todas as coisas mutáveis que são regeneradas pela criação do mundo.

    Do mesmo modo que o 25º caminho é uma Noite Escura da Alma no caminho do Amor ou do Misticismo Devocional, e o 24º caminho é uma prova no Caminho do Poder ou do Misticismo da Natureza e da Arte, pode-se considerar o 26º caminho como uma

prova similar no Caminho da Sabedoria, o Caminho Hermético.    Escapar das limitações da forma exige a ruína das construções do intelecto. A idéia que o homem faz de Deus, por exemplo, vai

se modificando na medida de sua própria evolução.     O signo de Capricórnio atribuído a esse caminho fala da autoridade, da limitação e da densificação. Mas a cabra que figura esse signo também diz que percorrendo agilmente o caminho, de rochedo em rochedo, poderemos alcançar altos picos. No correr do

percurso nossa compreensão se modificará pois, afinal, esse caminho é denominado Inteligência Renovadora. À media em que o ar mental se rarefaz, os processos mentais se transformarão de inteligência em intuição. Esse caminho é uma operação de

transformação da consciência intelectual de Hod na consciência iluminada de Tiferet.

 27º Nezah - Hod

 

Pei (80), a boca; uma boca com língua, ou seja, uma boca que fala. Mercúrio, Peixes e Netuno, Marte. Vermelho, vermelho brilhante raiado de azul e esmeralda.Corresponde ao arcano do Crescimento e da Mãe: XVII - A Estrela, a Esperança, Intuição, Estrela dos Magos (ou XVI - A Casa de Deus, Senhor dos Exércitos).

    O 27º caminho representa a Inteligência Ativa e estimulante porque, por ele, cada ser recebe seu espírito e seu movimento.

    Esse caminho é o suporte principal da Personalidade. É o primeiro véu ou barreira do caminho ascendente, ligando o centro do poder criador em Nezah ao centro do pensamento concreta em Hod.

    O 27º caminho está na rota do Raio Fulgurante e manifesta a força de vida nos mundos inferiores. Ele liga as sefirot de base dos pólos opostos do Princípios da Manifestação, o pilar positivo da Misericórdia e o pilar negativo do Rigor. 

    A letra hebraica para esse caminho, Peh, significa boca, órgão que ingere os alimentos (aspecto receptivo) e emite a palavra (aspecto ativo). O Yud que preenche a boca pode ser considerado uma figuração da língua que formula o Verbo em ação, ou até

mesmo o próprio Verbo. No caso do 27º caminho, os Verbo se refletiu nos níveis inferiores astral-mental e formou uma veículo para si, a Personalidade. É por meio dessa Personalidade que o Verbo é pronunciado para o nível de existência mais denso, Malkut, o

mundo físico.    Como esse caminho representa a estrutura da personalidade, o símbolo da boca nos lembra que a meta da encarnação é a

busca do alimento na Forma em benefício da individualidade e do Espírito.    "O nome do caminho dá uma boa indicação. O caminho entre Hod e Nezah é chamado, a partir da letra hebraica que lhe foi designada e do significado de sua raiz, "florescer e murchar", isto é, aparecer e, então, desvanecer. Isso é um fenômeno vital e

contínuo da mente. O caminho entre Hod e Yesod é chamado de "Boca", originando-se da letra hebraica Peh; o seu complemento no caminho Yesod-Nezah é chamado de "macaquear ou imitar". Esse caminhos combinados formam, com seus sefirot, um nítido retrato do trabalho dessa tríade. Além do mais, se levarmos adiante esse princípio kabalístico, a palavra "Nakaph", formada pelas

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letras desses três caminhos, significa "andar em círculos". (AAK,207).     Halevi, como se pode notar pela citação acima, estabelece uma relação entre as letras hebraicas e os Caminhos, diferente do

que fizeram até agora os autores franceses e ingleses.

 28º Nezah - Yesod

 

Tsadi (90), o anzol; uma cobertura, uma tampa que se fecha. Aquário, Câncer, Lua e Peixes. Violeta, azul celeste, malva azulada, branco matizado de púrpura. Corresponde ao arcano da Inteligência: XVIII - A Lua, Crepúsculo, Hierarquia Oculta, Perigos Ocultos (ou IV - O Imperador, Filho da Manhã; ou XVII - A Estrela).

    O 28º caminha é denominado a Inteligência Natural; por ele, tudo o que se encontra abaixo do Sol é terminado e concluído.

    É o caminho de grandes poderes e forças porque, por ele, as forças pura da imaginação criadora são vertidas para o nível subconsciente.

    Entre as pessoas cultivadas, a Personalidade deveria ser uma reprodução da Individualidade; em outros termos, o que está embaixo deveria ser semelhante ao que está acima, para estar de acordo com o axioma hermético. Esse fator é mostrado pelo signo de Aquário,  , uma linha em ziguezague que lembra o Raio, refletido abaixo por uma linha ziguezague similar. A linha

superior representa a Individualidade, a linha inferior a Personalidade. Desse modo, "tudo o que se encontra sob o Sol é terminado e concluído".

    A adoração da Natureza também cabe no 28º caminho. O aspecto feminino dessa adoração, Vênus ou Ísis, é indicado pela figura simbólica de Nezah, a Bela Mulher Nua, embora seus aspectos profundos venham de Binah. Esse caminho corresponde ao canal de inspiração artística e de todo trabalho criativo. Ele se refere a Lúcifer, o portador da Luz., cujos aspectos superiores aparecem na lenda do Santo Graal, vaso que teria sido esculpido da esmeralda caída da fronte de Lúcifer. E a esmeralda é a pedra atribuída a

Vênus/Afrodite/Nezah.     Os variados significado do 28º caminho vão desde o da polaridade sexual, do contato com os reinos não humanos, até a

formação de um canal interior na consciência para a representação dos aspectos superiores da alma.

 29º Nezah - Malkhut

 

Kuf (100), o machado, uma arma cortante, a nuca. Peixes, Gêmeos, Sol e Leão. Vermelho vivo, camurça salpicado de branco prateado, castanho róseo. Corresponde ao arcano da Intuição: XIX - O Sol, Luz Resplandecente, Verdade Fecunda, Virtude Fecunda, Ouro dos Filósofos (ou XVIII - A Lua, a Regente do Fluxo e Refluxo, Filha dos Filhos do Todo Poderoso).

    O 29º caminho é denominado Inteligência Corporal porque constrói cada corpo criado em todos os mundos, bem como sua reprodução.

    Está ligado ao corpo físico, esse grande complexo de sangue, carne, ossos e nervos que o Espírito utiliza para se manifestar sobre a Terra. Também se refere aos instintos fundamentais, em particular à sexualidade e à reprodução. O fato de possuirmos

raízes biológicas físicas é uma das verdades que devemos enfrentar no 29º caminho.    O homem urbano tende a aumentar o controle sobre os instintos, o que pode torná-lo cego para as leis da natureza. Mas o

homem não pode escapar do seu aspecto primitivo. Ele pode controlar, transcender, mas sempre se deparar á com esse lado da natureza em sua vida física. A aceitação desse estado talvez seja a principal lição do caminho 29º.

    Trata-se de um caminho do panteísmo e das etapas primitivas e mais terra a terra do "Raio Verde", a via do misticismo da natureza. Aqui não cabe o "amor" superficial e sentimental do citadino pela natureza, mas sim a atitude ambivalente de amor e

ódio do camponês que dela deve tirar sua subsistência através de uma verdadeira luta.    O amor real pela natureza, como o verdadeiro amor humano, não é uma coisa de apreciação refinada e impalpável, mas uma

confrontação e aceitação voluntária da realidade. O mito de Leda e o cisne (Zeus) cabe neste caminho. Do seu encontro amoroso nascem Cástor e Pólux, os Gêmeos Celestes, representação da Individualidade e da Personalidade.

 30º Hod - Yesod

 

Reish (200), a cabeça; uma cabeça humana. Saturno, Urano e o elemento Ar, o Sol. Laranja, amarelo dourado, âmbar, âmbar rajado de vermelho.Corresponde ao arcano da Ressurreição: XX - O Julgamento. Transformação Astral, Transformações no Tempo (ou XIX - O Sol, o Senhor do Fogo do Mundo).

    O 30º caminho representa a Inteligência Coletiva e, por meio dela, os astrólogos adquirem o conhecimento das estrelas e dos corpos celestes e aperfeiçoam sua ciência em função das leis que regem o movimento das estrelas.

    Trata-se de um caminho de esclarecimento, que liga a visão do mecanismo do universo, Yesod, à visão do esplendor, Hod. Este é a sefirah do Mensageiro Divino, do Senhor dos Livros, e igualmente do Arcanjo Miguel, que dispersa as forças das trevas. 

    A letra hebraica significa cabeça, o que supõe inteligência, enquanto que o texto yetzirático sublinha a perfeição da ciência. Nesse texto a astrologia é representativa de todas as ciências, cuja meta é a compreensão das leis com as quais se pode prever os

acontecimentos.     O princípio solar do 30º caminho pode lançar uma luz crua sobre os desvios do ser, tais como se manifestam na personalidade. A lança e a espada do Miguel Arcanjo, neste caso, não são apenas as armas simbólicas para lutar contra os demônios, mas as pontas

de acusação e cauterização dirigido para o mais profundo do coração daqueles que caminham nos níveis mais baixos desse caminho. 

    Os caminhos da Árvore da Vida são para a alma como grandes viagens e importantes experiências e aquele que está na demanda do Santo Graal em Keter acolherá com prazer os processos petrificadores no seu caminho. Aquele que ousa se manter nu sob a luz brilhante da Verdade, como fazem os personagens da lâmina do Tarô, compreenderá que iniciou uma Busca verdadeira e

probatória e não um romance encantador ou um jogo esotérico de salão.

 

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31º Hod - Malkhut

 

Shin (300), o dente; uma flecha em movimento oscilante. Sol, Sagitário e o elemento fogo. Laranja, vermelho vivo salpicado de ouro ou de esmeralda. Corresponde ao arcano do Amor: "O Arcano Sem Número", o Louco, o Viajante, a Matéria ou XXI - O Mundo (ou XX - O Julgamento, o Espírito do Fogo Primordial).

    O 31º caminho é a Inteligência Perpétua, mas porque é assim denominada? É porque ele rege os movimentos do Sol e da Lua em seu rumo próprio, cada um na órbita que lhe convém.

    Este caminho comunica a direção ou a revelação de fatores mentais que, elevados a um nível sempre crescente, vão provocar a grande diferença entre o homem e os animais selvagens. 

    O texto yetzirático, o único com pergunta e resposta, indica que esse caminho se refere à instrução no nível mental.    Ele rege os movimento do Sol e da Lua, símbolos supremos da radiação e da receptividade. 

    Héstia/Vesta, deusas do fogo, e Prometeu, cujo nome significa "Previsão, que oferecem a principal distinção entre os homens e os animais, podem ser associados a esse caminho.Pode-se dizer que o 31º compreende os instintos superiores, por exemplo, os

ternos sentimentos associados à paternidade, à maternidade, à união.     Como ele nos leva a Hod, é influenciado pelos aspectos civilizadores do número e da palavra, que permitem o cálculo e a

medida e, também, a comunicação com um nível superior.     Enquanto o caminho 29 nos oferece uma confrontação com a herança biológica, recapitulada no ventre materno, o 31º pode nos

revelar os fatores das vidas precedentes que desempenham uma papel importante na formação do temperamento da vida presente.

 32º Yesod - Malkhut

 

Tav (400), a cruz; um peito. Sol, Saturno e os signos fixos (Touro, Leão, Escorpião e Aquário). Índigo, negro, azul escuro, negro rajado de azul. Corresponde ao arcano da Alegria. XXI - O Mundo, a Coroa Mágica, Adaptação da Obra Magna, Onipotência Natural ou O Louco, o arcano sem número.

    O 32º é a Inteligência Organizadora. É assim denominado porque governa e associa os movimentos dos sete planetas guiando-os em suas trajetórias próprias

    Esse caminho liga Malkhut, o mundo físico, à Yesod, o véu etérico e inconsciente universal que representa o fundamento da existência física. É um caminho de introversão da consciência sensorial para a consciência das profundezas do mundo interior.     É também o caminho da Iniciação. Yesod, sefirah da Lua, reflete e magnetiza o poder oculto. Deméter e sua filha Perséfone,

podem ser assobiadas a esse caminho.     Do ponto de vista psicológico, poder-se-ia dizer que as técnicas freudianas correspondem a esse caminho, na medida em que ajudam a perceber as imagens inconscientes de Yesod em relação a Malkhut, ou seja, à vida cotidiana. Já as técnicas junguianas

poderiam ajudar a seguir essas imagens até se tornarem símbolos de transformação que conduzem à harmonia psíquica de Tiferet (caminho 25, Yesod-Tiferet).

    O 32º caminho representa as primeiras fases da devoção mística, bem como o caminho que leva aos planos inferiores e à memória inconsciente. Suas lições mais importantes são, no sentido ascendente, a existência da causalidade das coisas num plano mais elevado ou profundo que o do mundo físico e, no sentido descendente, a aceitação de uma limitação do espírito numa forma

mais densa. 

Agrupamentos dos caminhos

 

Os Pequenos Mistérios (da Personalidade)- Os que vão e vêm do ser físico: 32, 29 e 31.- As estruturas da personalidade: 28, 30 e 27.- Os laços com a individualidade: 25, 26 e 24.

 

 

Os Grandes Mistérios (da Individualidade)- As estruturas da individualidade: 20, 22 e 19.- As influências sobre a personalidade: 21 e 23.- Os laços com o espírito: 13, 17 e 15.

 

 Os Mistérios Supremos (do Espírito).- As influências sobre a individualidade: 18 e 16.- As estruturas do espírito: 14, 12 e 11.

 

 Livros utilizados nesta compilação

1. Gareth Knight. Guide Pratique du Symbolisme de la Qabal, tomes I et II. Ediru, France (GPSQ)2. Z'ev ben Shimon Halevi. (Warren Kenton). Adão e a Árvore Kabbalística. Ed. Imago. (AAK)

3.    -. Escola de Kabbalah.Siciliano (EK)4.    -, Cabala e Psicologia. Ed.Siciliano (CP)5.    -. Universo Kabbalístico. Siciliano (UK)

6.    -, Astrologia Cabalística. Pensamento (AC)7. Dion Fortune. A Cabala Mística. Pensamento (CM)

8. G.O.Mebes. Os Arcanos Maiores do Tarô. Ed. Pensamento (GOM)9.    -. Os Arcanos Menores do Tarô. Pensamento.

10. Valentim Tomberg (Anônimo). Meditação sobre os Arcanos Maiores do Tarô. Ed. Pensamento (MAMT),11. David Zumerkorn, Numerologia Judaica e seus Mistérios. Ed. Maayanot, de onde validamos a grafia donome das letras

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O Mapa Estático dos Arcanos Maiores do Tarot

Mauro Franco  

Há alguns anos me deparei com o seguinte arranjo de cartas do Tarot, eu o chamei “Mapa Estático dos Arcanos Maiores do Tarot”.

Ilustração do Autor

 

Na disposição ao lado, os números correspondem às cartas dos arcanos maiores em sua seqüência clássica: o arcano 08 é a Justiça, o arcano 11 é a Força, o arcano 21 é o Mundo e o arcano 22 corresponde ao Louco.

Uma das vantagens de ver este “mapa” desta forma é que podemos visualizar uma série de caracteristicas que são “estáticas” pois não estão relacionadas com a viagem do peregrino pelos arcanos maiores. É mais como uma rememoração das estações de parada depois de haver passado inúmeras vezes pelo mesmo lugar, semelhante àquilo que chamamos de déjà-vu.

Um aspecto importante do mapa estático é que o Louco é o observador do conjunto, ele é o Curinga, o viajante que já esteve no lugar de cada uma das outras cartas. Assim, ele fica de fora, no alto, observando tudo.

Cada coluna e cada linha tem um significado próprio.

As linhas podem ser vistas como os sete chacras do corpo humano. Um determinado conjunto de arcanos nas linhas ou colunas aparecem como estruturas de pensamento ou de magia. Sob o ponto de vista da psicologia seriam arquétipos do inconsciente coletivo que tanto podem agir sozinhos ou em conjunto.

A coluna da esquerda, que vai do Mago até o Carro, é a colunado mundo Divino ou Arquetípico.

A coluna da direita, que vai do Diabo até o Mundo, é a coluna do mundo Natural.

A coluna do meio é a coluna do mundo Humano e vai da Justiça até a Temperança.

Este mapa se apresenta como um pano de fundo, são pontos de repetição na jornada, coincidências, e é precisamente esta a lógica que norteia sua leitura, imagens e símbolos coincidentes e reincidentes. Corresponde à lógica chamada de “Fractal” porque

o próximo estado depende exclusivamente do estado atual e dos estados anteriores. Vendo as possíveis mudanças de estado através de elementos em comum de um arcano para outro podemos verificar quais as influências a que se está sujeito em

determinado estado e para quais estados é possível fazer a mudança. É possível, então, influir ativamente no destino de nossa jornada, não apenas escolher.

Agrupamentos no Mapa

O maior agrupamento que consegui visualizar dentro do Mapa aparece na forma de uma árvore da vida. Na Primeira figura, abaixo, aparece esta imagem a partir da retirada do mapa de uma série de arcanos. Na terceira figura, aparecem os arcanos que foram

retirados e, nesta, são retirados os arcanos correspondentes às sefiras da árvore da vida. A lógica por trás das figuras parece estranha, mas no fundo não é. Ao longo dos sete níveis da árvore da vida aparecem sefiras que se relacionam na vertical e na

horizontal. No sentido horizontal aparece um sistema indicativo, quando a do meio está ativa as duas laterais estão desativadas e vice-versa, quando a do meio esta inativa as duas laterais estão ativadas simultaneamente. De um ponto de vista as laterais

representam opostos que, no caso de se reunirem, de se fundirem, formam uma outra qualidade resultante que, então, aparece ativa no centro. Dualidade e Unidade. Três Unidades aparecem como não resolvidas (na forma de dualidades) na Árvore da Vida. A

Roda da Fortuna, O Enforcado e a Morte. Destas três uma aparece abaixo de Tipheret e as outras duas acima. Se traçarmos o caminho de subida de Ida e Pingala por estas sefiras externas veremos que há quatro espaços de aproximação e três espaços de

separação.

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Ilustrações do Autor

Os espaços de aproximação são exatamente os pontos da coluna do meio e os três espaços de separação são crescentes em distanciamento, de Malkut a Yesod é direto, de Yesod a Tiferet vai por fora pulando um espaço (Roda da Fortuna), de Tiferet a

Keter vai por fora também e pula dois espaços (Enforcado e Morte). Aparece então a dualidade na Roda da Vida e a quaternidade na relação das quatro sefiras de cima, representadas pelo Hierofante e o Sol junto com o Enamorado e o Julgamento. A

quaternidade visa trazer duas novas possibilidades para nossa vida. No mundo de baixo havia apenas duas opções, ou a Imperatriz ou a Estrela, ou o Mundo Natural ou o Mundo Divino, A Roda tudo põe abaixo. Agora aparecem duas novas alternativas. A Primeira

é nenhuma das opções é aceitável, nem vou subir nem vou descer. A segunda é as duas opções devem acontecer ao mesmo tempo. Vemos que o anjo do julgamento era justamente quem nos fazia descer e que o anjo dos enamorados era o que nos fazia subir. Este emaranhado é representado pelo dilema do Enforcado, enquanto olha o mundo de cabeça para baixo vê um mundo e

quando volta à sua condição normal vê o mundo de outra forma. Mas são dois mundos ou um mundo apenas?

Certamente há mais do que um ou dois mundos neste diagrama.

Exemplo

Vejamos como exemplo o arcano 12, O Enforcado:

O Enforcado pode representar todo o mapa, se os seis brotos cortados de cada galho lateral representarem as duas colunas laterais e ele estiver dependurado de cabeça para baixo sobre uma travessa que une o Mundo ao Carro com o pé suspenso preso na Temperança.

Invertendo a carta, os mesmos brotos cortados agora deixam a travessa em baixo, unindo o Mago ao Diabo e, agora, há uma ligação com a Justiça. De cima aparecem chamas e um monstro imenso parece querer engolir o Enforcado. Este monstro vem de um plano superior, além da Temperança. O mais usual é que ali esteja o solo da Terra.

Do ponto de vista da linha onde se situa o arcano 12. O Enforcado no "Mapa Estático" que apresentamos na abertura deste texto, há outra leitura possível, tendo acima dele 13. A Morte e, abaixo, 11. A Força; ladeado pelo 5. O Papa, à direita, e pelo 19. O Sol, à

esquerda.

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Estas ilustrações são do  G.O.M. Tarot Yeremyan-Ayvazian

Aqui aparece a dupla interpretação do Enforcado, ou ele vive em uníssono com a Natureza e sacrifica o Arquetípico ou ele sacrifica sua parte Natural e vive em plenitude com o Arquétipo.

Esta estranha dicotomia é o resultado da Dualidade que vemos nas figuras. O Papa representa o poder de Deus nas alturas, “Magetismus Universalis”. O Sol representa o poder de Deus na Natureza, a ”Pedra Filosófica”, totalmente realizada através da

Alquimia Natural. O Enforcado é o Humano, e sua tendência de submeter sua vontade a um ou a outro, “Caritas”. Além disso ele representa a “Virtus Humana”, extensão da Pedra formada e “Quintessência Pentagramatica”, manifestação do Divino, do Magetismo no Reino Humano. Nas imediações temos a Morte, “Morte e Reencarnação”, acima do Enforcado e a Força, “Vis

Humana”, abaixo. Estas são duas “novas” alternativas e aparecem exclusivamente no plano Humano. Elas levam a duas novas situações, a Morte é o sacrifício supremo mas a alma é imortal. A Morte tudo ceifa mas não o que se encontra em um plano

superior, A Temperança, “Harmonia Mixtorum”, o emaranhado da Vida Una. A Força diz respeito ao plano imediatamente inferior, é a “Via Humana”, é a “Autoridade” do Divino e é onde as “Hostes Hostis” se manifestam. Sacrificar “Autoritas” pela Vida Eterna é

um sacrifício digno de um Cristo, “Meu Reino não é deste Mundo”. A Via Humana é uma espécie de equilíbrio entre a parte Divina e a parte Natural (Em muitos tarots as duas figuras aparecem em grau de igualdade e companheirismo, como a Rainha de Copas do Tarot de Crowley). Também é o ponto de equilíbrio entre a “Autoridade” e as “Hostes Hostis”. Este seria outro lado do sacrifício,

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onde se sacrifica a entrada em um plano Superior pela união dos dois planos adjacentes, Natural e Divino. Estas qualidades (naturais, divinas e humanas) são representadas de diferentes formas mas sempre em ternários.

Meu objetivo ao tratar do do Enforcado neste artigo é o de trazer a informação simbólica e um método de aprendizado hermético e místico de profunda significância para toda a humanidade.

A coluna do meio, sendo a coluna Humana nos põe em equilíbrio com as duas outras colunas, a da Natureza e a Arquetípica. Os três caminhos estão sintetizados no próprioMapa. E o que são os três caminhos senão tudo que todas as filosofias e religiões têm mostrado? Vemos as três atenções de castaneda, temos os três caminhos do i-ching (um trigrama para fora e outro para dentro conosco centrados no coração), a trindade cristã, as três divindades hindus, os três sistemas nervosos da neurologia, os vários

triângulos da árvore da vida.

Para completar, aparece também o não-manifestado, misterioso e indecifrável Curinga, apenas visto ao posar como um dos outros arcanos mas sendo ao mesmo tempo a sintese das três colunas, ParaBrahma e Emesh, o Tri-Uno.

Há mais o que falar deste Mapa. A figura formada pela retirada das sefiras da árvore da vida parece nos dizer muito, vejo nela a “Qabbalah, o recebimento”, arcano 10 no Reino Humano, vejo o arcano 12, “Caritas” no Reino Humano e vejo o arcano 13, “Morte

e Reencarnação” no Reino Humano. Acima de todos aparece o arcano 22, Signum, acima do Carro e do Mundo, como a cabeça perdida da humanidade. Também não

devemos nos espantar de que logo acima de Tiferet, “Via Humana” ou a Força, apareça “Caritas”, o Enforcado e que abaixo apareça a Roda da Fortuna como “Qabbalah”, o "recebimento", ambas complementares e necessitando uma da outra para estarem

ativas na “Árvore da Vida”.

novembro.11

Contato com o autor:Mauro Franco - http://mauro2304.vilabol.uol.com.br

Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores 

A Sacerdotisa Cabalistica de Arthur Edward Waite: uma interpretação iconográfica

Emanuel José dos Santos  

O Tarot Rider Waite, que comemora 100 anos de existência em 2010 [1], possui uma iconografia paradoxal, simultaneamente simples e rica, dando ao leitor/manipulador diversos níveis de compreensão que não se anulam nem competem entre si. O

cartomante de revistinha se sentirá tão à vontade com esse baralho quanto o mago cerimonial em suas práticas. Sem julgamentos sobre suas aplicações.

A Papisa ou A Alta Sacerdotisa

Waite Tarot

 

Sua aparente simplicidade e o conforto visual que oferece, porém, não deixa de (re)velar os profundos conhecimentos cabalísticos de seu idealizador, Arthur Edward Waite. Não é o objetivo desse artigo apresentar as que eu reconheci – o que, de fato, está longe das possibilidades de interpretação que reconheço serem possíveis; infelizmente, ainda não possuo esse baralho, o que dificulta um pouco o meu trabalho com seus símbolos de maneira empírica, a forma mais divertida de interpretar o Tarot, em minha opinião pessoal. Objetivo, por outro lado, despertar a curiosidade do leitor para a existência desses aspectos que, para o estudante de Tarot e, por extensão, de Cabala, são de grande importância tanto na interpretação desse baralho específico quanto dos inúmeros baralhos que beberam de sua fonte.

Nessa imagem vemos uma mulher, de idade indefinida, mas já madura sexualmente, sentada entre duas colunas: à esquerda [2] uma coluna negra, com um “B” branco; à direita, uma coluna branca, com um “J” negro. Atrás da mulher e entre as colunas, um véu com flores vela o que está a posteriori.

A mulher veste uma rica túnica, sobreposta por um manto; tem sobre a cabeça uma coroa, formada por dois chifres que ladeiam um círculo, e no peito uma cruz de braços iguais. Seus cabelos mesclam-se ao véu que lhe cai sobre

os ombros. Em sua mão direita, segura um pergaminho onde se lê TORÁ. Aos seus pés, o crescente lunar. [3]

Normalmente, relaciona-se a figura representada a uma Sacerdotisa de Isis [4], no Templo dedicado à Deusa. Dentro dessa premissa, temos a coroa de Ísis-Hathor sobre a cabeça da dama, referindo-se às suas habilidades com a magia, mas também com a fertilidade [5]. Os cornos são referência às três fases da Lua – Crescente, Cheia e Minguante; dessa forma, a coroa apresenta o

controle e o domínio que a Senhora possui sobre o Tempo.

A Torá em seu colo tem uma acepção magística, mas também histórica; ao associar o livro sagrado dos judeus a uma sacerdotisa

Page 60: A Cabala e o Tarô

egípcia, temos ao mesmo tempo referência à origem e à prática do que hoje é chamado Cabala como originária dos Mistérios egípcios. Sabemos que Moisés, criado como Príncipe, possivelmente teve acesso aos Mistérios, e dessa possibilidade deduzimos

que o profeta ressignificou tais elementos na religião de seu povo, mudando a expressão, sem no entanto perder seu efeito.

O Véu que cobre o entremeio das colunas representa o Véu do Mistério que o Iniciado transpõe quando dispõe-se a tornar-se Adepto. Em outros baralhos apresenta-se branco, ou pelo menos liso; aqui, apresenta uma estamparia floral.

Tais conceituações são passíveis de se afirmar acerca de diversos baralhos oitocentistas e posteriores. Contudo, nesse artigo, propomo-nos a, a partir da iconografia específica desse baralho, propormos interpretações de natureza cabalística que poderiam

ter sido propostas por Arthur Edward Waite para a elaboração dessa lâmina.

A Sacerdotisa, dentro da premissa cabalística [6], rege o 13º Caminho, o Caminho da Inteligência Unitiva, que vai de Kether a Tiphareth. “O Décimo Terceiro Caminho é chamado Inteligência Unificadora, porque ele é a Essência da Glória; ele é a Consumação da Verdade dos Seres Espirituais Individuais”. Sua letra é Ghimel, cujo significado é Camelo [7]. Aquele que porta sua própria independência, apontando para a solitude dessa personagem. O Caminho regido por essa letra atravessa o Abismo, levando a luz de Kether a Tiphareth, o Maior Semblante iluminando o Menor Semblante, o Rei instruindo o Príncipe. Tiphareth é a única Sephira abaixo do Abismo iluminada pela luz de Kether, que só como reflexo chega às demais Sephiroth.  Mas, mais que uma representação alegórica do conceito relacionado à letra hebraica relacionada, a lâmina possui, de forma velada, a representação da Árvore da Vida, que por sua vez apresenta um novo nível de interpretação, mais profundo, do seu significado divinatório.

Comecemos pelas colunas que a ladeiam. À esquerda, Boaz, a Coluna Negra, representa o Caminho que liga Geburah a Hod. Do outro lado, Jakin, a Coluna Branca, representa o Caminho que liga Hesed a Netzach. A Senhora assentada representaria, portanto, a Coluna Central, que liga Tiphareth a Yesod.

Aparentemente, isso soaria contraditório, já que a mesma está assentada em Daat, cuja Imagem Mágica é o Trono Vazio, entre Kether e Tiphareth[8], ou seja, um Caminho acima. Reitero,aparentemente.

 

Árvore da Vida

Ilustração de C.K.R.

Continuemos a verificar os símbolos da lâmina, agora nos atendo à Senhora, como representante do Pilar Central.

Ao Pilar Central é atribuído o Caminho da Flecha. Esse Caminho, que parte de Malkuth a Yesod, desta a Tiphareth e por fim a Kether, seria o Caminho mais veloz para a plena iluminação. Todavia, também é o mais perigoso e dado aos percalços do Abismo, sendo atravessado por duas Noites Escuras da Alma, entre Netzach e Hod, cruzando Tiphareth e Yesod, e depois entre Geburah e Hesed, cruzando Tiphareth e Kether. Nesses dois testes, o Iniciado é testado em sua pureza e comprometimento com a Grande

Obra.

Observemos a Senhora. Aos seus pés, a Lua; sobre sua cabeça, a Lua Cheia, cujo símbolo – o círculo – mescla-se à iconografia do Sol, sua contraparte e de quem é reflexo. Temos aqui, a representação da Coluna Central, que equilibra Boaz e Jakin.

Ao mesmo tempo, porém, seus símbolos apontam para o Caminho acima – o Trono, a Torá, como símbolos do conhecimento que revela a Verdade velando-se sutilmente em nuances que se apresentam à medida em que o Iniciado está pronto, como que

sedimentando empiricamente o que antes seria apenas hipótese.

Voltemo-nos para o Véu atrás da Senhora. Cinco flores a ladeiam; cada flor representa uma Sephira. Repare que, se fossem círculos, a cabeça da senhora seria o círculo central; se traçássemos um hexágono, tendo a cabeça por centro, a cruz em seu peito

seria o vértice inferior.

Tomando por referência a informação anterior, temos a cruz no peito como Tiphareth (os dois símbolos remetem à essa atribuição: a cruz, metáfora da Experiência Espiritual da Sephira, a Visão dos Mistérios do Sacrifício – ou Crucificação, em outras versões; e a sua disposição no centro do peito, onde reside o coração – área do corpo regida por Tiphareth). Ladeiam-lhe Geburah  e Hesed;

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acima, Binah e Chokmah. Acima da cabeça, uma flor representa Kether.

A Sacerdotisa no Thoth Tarot de Crowley

 

A Coroa, que naturalmente seria atribuída a Kether, aqui ocupa a posição de Daat. Os chifres tocam Binah e Chokmah, mostrando que o Conhecimento (Daat) é obtido pela depuração da Compreensão (Binah) e da Sabedoria (Chokmah).

Curiosamente, não temos aqui Malkuth. Ainda que a Sacerdotisa seja um pilar, seus pés repousam sobre o Fundamento (Yesod), o que lhe concede seus poderes intuitivos, mediúnicos e xamânicos, mas, paradoxalmente, impede sua realização e concretização de maneira objetiva; seu campo de atuação é o mundo onírico, astral, de onde seus influxos, devidamente depurados [9], serão postos à serviço em Malkuth; da mesma forma, após o encontro com o Sagrado Anjo Guardião, seguindo o Caminho da Flecha, a Visão da Engenharia do Universo será vista através da subjetividade de sua atuação, como ondas em um lago; ainda que reais, são apenas forma de uma força manifesta – o vento sobre o lago ou a pedra lançada, que, como causa que são do efeito percebido, serão observadas na próxima Experiência Espiritual do Caminho. Mas essa é outra história, ligada a outras lâminas.

Obviamente, esse é um insight pessoal; não considero essa a última nem a melhor versão interpretativa da lâmina. Contudo, se eu consegui despertar em você o desejo de brincar deonde está Wally? em relação às demais lâminas, creio que o objetivo do artigo

foi alcançado. Não é porque a Arte é Sagrada que ela deixa de ser divertida.

 

Notas:

[1] O tarólogo Leonardo Chioda elaborou uma resenha assaz interessante a respeito.

[2] Utilizaremos “esquerda” e “direita” em função do observador; os demais casos referentes à imagem serão descritos no corpo do texto.

[3] Para nós do Hemisfério Sul, seria a Lua Minguante; mas devemos nos lembrar que esse baralho foi produzido no Hemisfério Norte, e portanto devemos respeitar a forma de Ver dos elaboradores. Esse dado é familiar aos praticantes da Wicca, que têm que decidir qual Roda do Ano seguir, mas agora mostra-se também fundamental para a compreensão do simbolismo da referida lâmina.

[4] Crowley, em seu Thoth Tarot, vai além e representa a própria Isis, em sua face Ártemis.

[5] Não podemos nos esquecer que o maior ato mágico de Ísis foi reviver o marido morto, para que dele pudesse engravidar de Hórus.

[6] Existem outras versões, de acordo com a Escola seguida pelo leitor. Faço minhas análises a partir do material produzido pela G.’. D.’., ainda que reconheça que existam outras atribuições anteriores, como as de Eliphas Levi e Papus; contudo, como não concordo com elas, tomo a G.’. D.’. como uma evolução no pensamento original dos autores supracitados e não um posicionamento antagônico. Utilize o que preferir.

[7] Inclusive, representado pictoriamente no Thoth Tarot.

[8] Daat é uma Sephira Oculta; normalmente, ela é representada como o Portal do Abismo, estando, portanto, no Caminho da Sacerdotisa. Contudo, conforme a descrição da mesma, essa Sephira é mutável e pode estar em qualquer lugar da Árvore.

[9] Crowley representa a depuração pela teia iridescente que cobre toda a lâmina e serve de suporte para as frutas e cristais da base.

 

  Bibliografia consultada:

Na maior parte, devo as referências ao meu Grimoire; não registrei exatamente de onde tirei cada coisa (passei a fazer isso bem recentemente; façam o que eu digo, registrem suas fontes, não façam o que eu fiz). Contudo, devo meus conhecimentos de Cabala à:

CROWLEY, Vivianne. Cabala – um enfoque feminino: cabala para o século XXI. Tradução de Carlos A. L. Salum e Ana Lucia Franco. São Paulo: Pensamento, 2003.

FORTUNE, Dion. A Cabala Mística. São Paulo: Pensamento, s/d.

MATTERS, S. L. McGregor. O Tarot: um pequeno tratado sobre a leitura das cartas. Tradução de Anna Maria Dalle Luche. São Paulo, Madras, 2003.

 

Page 62: A Cabala e o Tarô

ORDEM ROSACRUZ, AMORC. A Cabala desvendada. 5 ed. Curitiba: Biblioteca Rosacruz, 2002

PRAMAD, Veet. Curso de Tarô: e seu uso terapêutico. São Paulo: Madras, 2004.

REED, Ellen Cannon. A Cabala das Feiticeiras: o Caminho Pagão e a Árvore da Vida. Tradução de Márcia Frazão. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

——. O Tarô das Bruxas. São Paulo: Pensamento, 2004.

O alimento para a Lua

  João Cláudio Fontes   

    Todos já devem ter lido ou ouvido algo sobre a Árvore da Vida da Cabala e, possivelmente, sabem que na Cabala ocidental (hermética) se associa os 22 caminhos da Árvore com os 22 arcanos maiores do tarot. Os caminhos são isso mesmo, ou seja, os caminhos que todos percorremos no nosso processo evolutivo, da consciência adormecida e "enterrada" de Malkut, a primeira sephira da Árvore, passando pelos caminhos e pelos demais sephirot, até o topo da Árvore, Keter, a coroa

da criação. O caminho de retorno à totalidade que é a nossa Divindade.    Pois bem, a carta A Lua está associada aocaminho 28, que liga a sephirah Netzach à sephirah Yesod. Netzach, tradicionalmente é associada ao planeta Vênus, à Afrodite, à Lúcifer, à "estrela-d'alva" ou "estrela matutina", ao aspecto instintivo-emocional da personalidade, ao poder da natureza, às canalizações do plano astral, à sexualidade "selvagem", luxuriosa, à "mulher fatal". A Mãe Natureza em toda a sua beleza majestosa e terrível.     Yesod é a Lua, a Sephirah que marca a transição do mundo visível, a Terra, para os mundos interiores (passagem simbolizada pelo caminho 32). Alguns autores dizem que corresponde ao "Id" Freudiano, o inconsciente pessoal instintivo e ao plano astral. Logo, a carta XVIII liga essas duas sephirot essencialmente femininas.     Não vou me estender no simbolismo da carta em si, que me parece já ter sido bem tratado por outros autores. Os animais, o Lobo, o Cão, o crustáceo (lagostim, escaravelho, escorpião ou o que quer que seja esse ser primitivo), as torres, o caminho à frente, enfim, tudo o que já foi dito. Só gostaria de ressaltar que nesse estágio do caminho o herói ou heroína começa a se defrontar com o seu lado sombrio e começa a ver que, no caminho, nem tudo são flores. O mestre espiritual George Gurdjieff dizia que no começo do caminho tudo são "rosas, rosas, rosas " mas depois que se caminha um pouco mais, vem os "espinhos, espinhos, espinhos".

 

Afrodite, Pan e Eros

www.wikimedia.org

 

    É preciso se podar o ego pra que nós possamos realmente sentir o perfume da essência, da alma. Não tem escapatória. Quem quer só o "sunny side of the street" acaba se queimando, as vezes gravemente. 

    A Lua, e os cães de Hécate nos lembram bem, também pode nos ensinar muito através do nosso confronto com os nossos medos, raivas, ódios, perversões sexuais, apegos, indolência e todas aquelas características que não gostamos de admitir que

fazem parte da nossa personalidade. 

    O que não significa aceitá-las incondicionalmente e acriticamente. "Perder a cabeça para recobrar os sentidos" como pregam algumas terapias humanistas (Gestalt, Grito Primal, Terapias Reichianas e outras) nem sempre funciona... ainda mais se a pessoa já tem uma tendência a ser

impulsiva e anti-intelectual (o que é tão egóico quanto ser hiperintelectual e obsessivo).    Histeria não é sinônimo de liberdade, espontaneidade... Muito menos libertinagem. Aceitar e

integrar de forma saudável os nossos instintos é uma árdua tarefa. Mas necessária se nós quisermos evoluir estando ainda encarnados. Já disseram que nós, seres humanos, estamos a

meio caminho entre as feras e os anjos.

Page 63: A Cabala e o Tarô

 

A Lua no Tarô de Marselha

www.krishadar.com

 

    A carta XVIII trata da integração do nosso lado fera, do nosso animal interno, que como nos contos de fada, pode ser o nosso melhor aliado ao longo da jornada, ou se tornar o nosso pior inimigo: o Ogro ou a serpente traiçoeira, os monstros e monstras que tentam devorar o herói ou heroína ao longo do caminho.     Todo cuidado é pouco! Mas o que é a vida sem aventura? Em marcha, então! Caranguejo que dorme, a maré leva!    Meditando sobre o Arcano me chamou a atenção o fato de as "gotas" ou raios que aparecem na carta estarem na direção contrária, ou seja, estão "caindo pra cima". Isso me lembrou algo que o Mestre greco-armênio George I. Gurdjieff dizia, que os seres humanos "adormecidos" eram "alimento para a Lua". Para entender melhor isso seria necessário descrever os ensinamentos cosmológicos dele, mas acho que é suficiente dizer que, para ele, a Lua simbolizava o grau máximo de "mecanicidade" do nosso "raio cósmico" (num esquema de 7 níveis). Segundo Gurdjieff, a Lua teria surgido como resultado do choque de um planeta errante há milhões de anos atrás. Um fragmento teria se desprendido e deu origem ao nosso satélite. Isso teria acontecido graças a um erro de cálculo de um Arcanjo. Então um outro Arcanjo, Sakaki, teria sido incumbido de consertar essa catástrofe.     Para isso ele teve que criar vários organismos vivos sobre a Terra,  de modo que  as  vibrações  emitidas  no  momento de

suas mortes poderiam continuar estabilizando a Lua. Mas se os seres humanos, no seu processo evolutivo, descobrissem que não passavam de mero alimento para a Lua, isso atrapalharia todo o "projeto Lua". Logo, ele implantou nos seres humanos um órgão

artificial chamado "Kundabuffer", o amortecedor da Kundalini, que os manteria adormecidos e inconscientes dessa terrível situação de serem vampirizados pela Lua.

    Isso me lembra muito aquela cena dos "casulos" do filme Matrix... Então, para ele, somente o "Trabalho", o processo consciente de despertar, guiado por alguém que já despertou ou por um grupo de buscadores imbuídos desse ideal, poderia nos livrar desse

pesadelo.     Quer se considere essa idéias como fatos cósmicos ou como uma alegoria simbólica da nossa situação, um "mithos", me parece válido ver a Lua como símbolo do inconsciente, o "Id" freudiano, que precisa ser integrado à consciência a fim de que nos livremos

das suas compulsões infantis. E isso está em perfeito acordo com o caminho 28 da Árvore da Vida, como eu já descrevi.     A força da Natureza tem que ser canalizada a fim de nos impulsionar no nosso processo evolutivo, como no despertar da

Kundalini. Mas há sempre o perigo de cairmos vítimas das ilusões e tentações que o inconsciente nos traz ao longo da jornada. O lado sombrio de Circe adora transformar os homens (e mulheres...) em porcos... Chafurdando na lama, com o focinho grudado na

Terra. Após ser dominada por Odisseus, ela o ajuda a passar pelas sereias. Mas a Odisséia só termina em Ítaca, quando o Rei, Odisseus, consegue se reunir com a Rainha, Penélope, cosumando as bodas alquímicas. 

    Na Cabala, o objetivo é passar do domínio da Lua, em Yesod, para a esfera do Sol, em Tiferet.    Essa seria a nossa Aurora Dourada... Somente então nós seriamos livres: "Cada homem e cada mulher é uma Estrela". 

    Não um satélite...     Abraços    Na Lux

Os Naipes, as Figuras e as Cartas Numeradas

  G. O. MebesTradução de Marta Pécher  

 O presente texto consiste de excertos do cap. X, da obra Os Arcanos Maiores do Tarô, seu simbolismo, suas iniciações e seus passos para a realização espiritual, de G. O. Mebes, traduzido do original russo por Marta Pécher e publicado pela Editora Pensamento.

 

     Para que os ensinamentos da Cabala pudessem ser conservados e transmitidos às futuras gerações, foram sintetizados e, sob

forma de baralho, confiados tanto aos iniciados como aos profanos. Este baralho contém 78 cartas e chama-se Tarô.    Entre essas cartas, 56 delas fazem parte dos chamados "Arcanos Menores" e as 22 restantes, dos "Arcanos Maiores".

    Os Arcanos Menores, em sua totalidade, desenrolam o esquema Iod-He-Vau-He no mundo de criação das formas, da Humanidade ainda não decaída.

Para essa humanidade, a realização da Grande Obra era uma tarefa natural, um labor normal e costumeiro; um trabalho conscienciosamente realizado em todas as suas fases. Os Arcanos Maiores, pelo contrário, são relatos e mostram o caminho do Homem decaído que somente com o suor de sua testa, purificando sua concepção do mundo e transformando-se a si mesmo, pode voltar à Lei Iod-He-Vau-He, que para

 

He  <-  Vau  <-  He  <-  Iod

[no hebraico escreve-seda direita para a esquerda]

Page 64: A Cabala e o Tarô

ele se tornara obscura.    A humanidade atual tem que separar o joio do trigo e, pagando por seus erros, chegar às verdades relativas. Somente pela

senda espinhosa destas relatividades, ela pode se elevar laboriosamente em direção do Absoluto, singrando a passagem estreita entre a Scylla do seu orgulho e a Charibda de seu desânimo

    Assim, podemos ver que apenas por um mal-entendido o termo "Menores" foi dado à série de 56 Arcanos.    Os Arcanos Menores, metafisicamente, são mais puros do que os Maiores. Além disso, podem, facilmente, ser divididos no

sentido metafísico. O esquema de sua construção é bem claro. Um matemático diria que essas variáveis se acham numa estrita interdependência funcional.

    Nos Arcanos Maiores, ao contrario, tudo parece confuso. Eles dão nascimento uns aos outros, seguindo algumas leis obscuras. São comparáveis às notas de um piano que podem ser afinadas em uma escala de terças, de quintas ou de oitavas, levando ao mesmo tempo em consideração que o afinador utiliza, para verificar a qualidade do seu trabalho, o ouvido humano imperfeito. 

    Abreviando, poderíamos dizer que, nos Arcanos Menores o clichê Iod-He-Vau-He se desenrola corretamente e que, nos Maiores, este desenrolar apresenta uma imagem confusa, deformada, adaptada ao mundo das ilusões e da compreensão limitada.

 Os arcanos menores

        As 56 cartas do Tarô se dividem em quatro naipes, cada um contendo 14 cartas: 

Paus simboliza o Iod.Copas simboliza o primeiro He. 

Espadas simboliza o Vau.Ouros simboliza o segundo He

    Onde e em que Família podemos encontrar estes elementos?    Estabelecendo uma relação entre os quatro naipes e as quatro pessoas da Primeira Família (a Transcendental), acharemos que:

    Paus corresponde à influência do Iod Superior – o Amor Transcendental. Essa influência se reflete em todas as Sephiroth da Segunda Família. Estudaremos o reflexo dessa, assim como a de outras influências, apenas na Sephira Hohmah, onde, antes da

queda, permaneciam as nossas almas, formando a síntese da humanidade – o Homem Universal.    Paus, portanto, são os relatos do que, nas almas, corresponde a este Iod, ou seja, ao Amor

Ativo, descendente, que fecunda com sua radiação. Este Amor é o primeiro impulso para qualquer começo, dentro de qualquer sistema individualizado, fechado. Na Sephira Hokmah, ele

será o impulso inicial das almas, em qualquer direção.     Copas corresponde ao reflexo do primeiro He – a Vida Transcendental, o Amor Superior, ascendente, atrativo – que ocupa o segundo lugar no baralho.    Espadas, reflexo de Vau, a influência do Logos, traz de novo o elemento Amor, mas o Amor Andrógino, Amor que cria a nova vida, segundo a semelhança do seu próprio nascimento. O Vau, assim, manifesta-se como Arquiteto do Universo. Ele provém da união do Amor Ativo com o Amor Passivo, emanados do Ponto sobre o Iod, pela sua polarização. Movido pelo seu Amor ao que está acima, e agindo na semelhança do Ponto sobre o Iod, decidiu amar ativamente o que lhe está abaixo, tornando-se assim o Arquiteto do Universo. Espadas, portanto, simboliza a transmissão, pelo Logos, da Vida da Mãe, pelo poder do Amor, Amor este semelhante ao do Pai. 

 

Iod.He.Vau.He = Iavé ou Javé

    Ouros representa a influência do segundo He sobre as almas. O segundo He da Primeira Família é caracterizado pela emanação das dez Sephiroth da Segunda Família. A emanação foi o primeiro estágio daquilo que, no plana físico, chamamos "realização". Não esqueçamos no entanto, que a "realização" física constitui apenas uma tosca analogia da Emanação Primordial. O Transcendental manifestou-Se pelo Transcendente; o Transcendente Se fez conhecer pela Forma; a Forma condensou-se, fazendo surgir o denso.

Para nossa comodidade, usaremos o termo "realização", referindo-nos a Ouros.    Em cada um dos quatro naipes temos, primeiramente, quatro figuras. Elas simbolizam pessoas ativas, transmitindo a idéia do

naipe. Além das figuras, cada naipe inclui outras dez cartas com valores, desde o um – o às – até o dez. Essas cartas correspondem às dez Sephiroth da influência deste naipe.

    As quatro figuras

        Ocupemos-nos, primeiramente, das figuras dos quatro naipes. Cada naipe tem o seu Rei(o Iod), a sua Dama (o primeiro He), o seu Cavaleiro (o Vau) e o seu Valete (o segundo He). Este último é o servidor que transmite a influência do naipe. Nos baralhos

modernos, os Cavaleiros foram suprimidos; há apenas o Rei, a Dama e o Valete.    Cada uma dessas figuras atua no campo de cada um dos dez Sephiroth do seu naipe, o que resulta em 4 x 10 = 40 combinações

de influências. Portanto, o número de combinações para o baralho inteiro do Tarô será de 160, se, como foi proposto, nos limitarmos à análise dos reflexos da influencia da Primeira Família, exclusivamente na Sephira Hokmah. Se analisássemos estes

reflexos em todas as dez Sephiroth, teríamos 1600 tipos de influência.

Paus Copas Espadas Ouros

Iod Rei dosPaus

Rei dasCopas

Rei dasEspadas

Rei dosOuros

He Dama dosPaus

Dama dasCopas

Dama dasEspadas

Dama dosOuros

Vau Cavaleiro dosPaus

Cavaleiro dasCopas

Cavaleiro dasEspadas

Cavaleiro dosOuros

Page 65: A Cabala e o Tarô

He Valete dosPaus

Valete dasCopas

Valete das Espadas

Valete dos Ouros

    No estudo presente daremos apenas uma breve implicação do papel das 16 figuras, assim como os "títulos" das cartas sephiróticas de valores numéricos de todos os quatro naipes.

    Análise das 16 figuras das cartas

    • PAUS

    1. O Rei recebe o titulo de Pai, pois, ele é o chefe hierárquico, o ponto de partida de manifestação do poder.    2. A Dama é a esposa do Pai, indispensável para dar nascimento ao Cavaleiro.

    3. O Cavaleiro é o agente ativo que transmite o poder e opera através do Valete.    4. O Valete é o servidor do poder.

    • COPAS

    2. A Dama é a carta principal deste naipe, pois ela reapresenta o princípio de atração.    1. O Rei é apenas o esposo da Dama, indispensável para dar nascimento ao Cavaleiro.

    3. O Cavaleiro é o intermediário que atrai á obra os elementos externos. Opera com a ajuda do Valete.    4. O Valete é o servidor da atração.

    • ESPADAS

    3. O Cavaleiro é a carta principal deste naipe; é o agente que ativamente transmite avida.    1. O Rei é apenas o Pai do Cavaleiro.

    2. A Dama é apenas a Mãe do Cavaleiro.    4. O Valete é o servidor na transmissão da vida.

    • OUROS

    4. O Valete ou "Servidor dos filhos" é a carta principal do seu naipe. Não esqueçamos que a realização é avaliada segundo os resultados que traz.

    1. O Rei, ou o Pai Realizador e    2. A Dama, ou a "Dona dos filhos", juntos, deram nascimento ao Cavaleiro.

    3. O Cavaleiro, agente ativo, unifica as individualidades que compõem os organismos complexos. As três últimas figuras permanecem no segundo plano, dando lugar de destaque ao Valete, o "trabalhador braçal".

    As cartas numeradas de PAUS

        1. O Ás representa Keter do naipe de Paus. É a síntese metafísica do amor ativo, irradiando para baixo. Essa idéia pode ser

ilustrada pela Roda do Tarô, que não se põe em movimento sem o Primeiro Impulso do Amor Ativo. Sem este não haveria Universo, não haveria Tarô ou, para ser mais exato, a Roda dos Arcanos existiria apenas potencialmente, mas sem girar e não haveria

ninguém para ser tocado por ela.    2. O Dois – a Hokmah do naipe de Paus corresponde à sabedoria do Primeiro Impulso e sua expansão, tal como é refletida na Sephira das Almas Humanas. Segundo Eliphas Levi, isso representa a "ajuda do Salvador". Ele se refere, sem dúvida, ao Grande

clichê Iod-He-Shin-Vau-He, do qual já falamos.

    3. O Três – Binah do naipe de Paus – é a razão das coisas, limitando a sabedoria do Primeiro Impulso. Em outras palavras é o total do que esperamos do Clichê Redentor Iod-He-Shin-Vau-He, ou seja, a

Reintegração.    4. O Quatro – Chesed do naipe de Paus – corresponde àmisericórdia do Primeiro Impulso. É o reflexo do clichê Iod-He-Shin-Vau-He no campo da ética, no plano das Egrégoras e das finalidades astrais. É a influência Iod-He-Shin-Vau-He, expressando-se como centro da Egrégora, como Pai da Igreja.    5. O Cinco – Pechad do naipe de Paus – é o aspectoseveridade, conformidade à Lei do Primeiro Impulso, limitando sua misericórdia. Podemos nos perguntar o que limitará, por exemplo, a expansão mística, salvadora de uma Igreja ou uma comunidade de crentes. São as razões de caráter ético, talvez o desejo de fortalecer sua Egrégora, talvez um esforço para elevar o nível moral de seus membros, o que, em determinadas épocas poderia ser realizado.    6. O Seis – Tiferet do naipe de Paus – é a harmonia, a belezado Primeiro Impulso. É o filho nascido da totalidade unificada dos crentes que compõem uma Igreja e do valor ético da mesma. Isso expressa-se como apoio e reconforto que a Egrégora fornece aos seus adeptos.

 

[www.meta-religion.com]    Tomando, como exemplo, a Igreja Cristã, encontramos nela muitos episódios impressionantes pela sua beleza, e provando a

harmonia que reinava nos corações de seus mártires e outros seguidores abnegados.Esses episódios traziam um maior número de conversões do que a metafísica, pois o homem é mais atraído por Tiferet do que por Keter de uma Egrégora.

    7. O Sete – Netzah do naipe de Paus – é a vitória do Primeiro Impulso, ou seja, a vitória da Lei Hierárquica, a introdução da Hierarquia em tudo e por toda parte, isto é, o reconhecimento da única Medida de Grandeza.

    8. O Oito – Hod do naipe de Paus – a paz, a glória do Primeiro Impulso corresponde àquilo sobre o que se pode repousar após ter estabelecido o princípio hierárquico. Realizar essa paz, equivale a admitir o papel do vértice no triângulo de Fabre d'Olivet, isto é,

Page 66: A Cabala e o Tarô

admitir a existência da Providência no Universo. A Providência, em cada ser humano, expressa-se pela voz da consciência. Tendo admitido o poder hierárquico, precisamos atender a voz da consciência; não podemos ignorá-la.

    9. O Nove – Yesod do naipe de Paus – é a forma do Primeiro Impulso, o resultado da coerência entre a admissão da Hierarquia, e a Paz dada pela consciência. Yesod se manifesta pela orientação que adquirimos na vida, quando atendemos à voz da consciência,

considerando-a como direção divina a nos guiar por intermédio dos seres nos diversos graus da escala hierárquica.   10. O Dez – Malkut do naipe de Paus – é a concretização do Primeiro Impulso, a encarnação da síntese dos elementos contidos

em todas as Sephiroth; a síntese que nos possibilita elevarmo-nos do mundo denso à Idéia do Impulso Primordial.    

As cartas numeradas de COPAS    

    1. O Ás – Keter do naipe de Copas – é a síntese metafísica de tudo o que introduz a vida transcendental na Sephira Hokmah da Segunda Família; é a vitalidade, atraindo e captando o Primeiro Impulso.

    2. O Dois – Hokmah do naipe de Copas – é a sabedoria do amor atrativo; o anseio de captar, através da Vitalidade, o Influxo Superior ou, em outras palavras, o anseio de se salvar.

    3. O Três – Binah do naipe de Copas – limita essa aspiração; é a Bondade Divina expressa pelos elementos de Salvação, por Ela dados a nós.

    4. O Quatro – Chesed do naipe de Copas – é o reflexo do anseio de ser salvo. Este reflexo é expansivo e expressa-se como desejo de praticar o bem.

    5. O Cinco – Pechad do naipe de Copas – restringe a expansão acima referida; dá a continuidade em fazer o bem, todavia sem ampliá-lo; dá a noção do dever, levando a não abandonar o já beneficiado. Faz avaliar exatamente as nossas afeições e saber

claramente que e o que, e a quem e a que, nos sacrificaríamos em caso de necessidade.    6. O Seis – Tiferet do naipe de Copas – é a paciência no trabalho altruísta que, por seu lado, é o fruto da união das duas

Sephiroth precedentes.    7. O Sete – Netzah do naipe de Copas – é a vitória, no campo do altruísmo, do sutil sobre o denso e do idealismo no amor.

    8. O Oito – Hod do naipe de Copas – é a firmeza e constância do idealismo no amor.    9. O Nove – Yesod do naipe de Copas – é a forma, já moldada, para o Amor atrativo. 

   10. O Dez – Malkut do naipe de Copas – é a síntese concretizada de todas as Sephiroth deste naipe; é a realização da ação atrativa.

    As cartas numeradas de ESPADAS

    

    1. O Ás – Keter do naipe de Espadas – é o ponto de partida do processo de transmissão da vida, da fecundação com os elementos vitais recebidos.

    2. O Dois – Hokmah do naipe de Espadas – é a plena consciência das finalidades com que se transmite a vida.    3. O Três – Binah do naipe de Espadas – é o conhecimento nítido do sistema fechado (do moinho) ao qual se transmite a vida.    4. O Quatro – Chesed do naipe de Espadas – é a equanimidade nas manifestações de transmissão da Vida. Essa equanimidade é o reflexo da consciência da finalidade dessa transmissão.    5. O Cinco – Pechad do naipe de Espadas – é o planejamento dos efeitos da transmissão da Vida; este é o reflexo do conhecimento claro do sistema fechado ao qual a Vida é transmitida.    6. O Seis – Tiferet do naipe de Espadas – é a beleza da Vida transmitida.    7. O Sete – Netzah do naipe de Espadas – é a vitória do impulso transmissor da Vida sobre a inércia do meio-ambiente no qual ela é implantada.    8. O Oito – Hod do naipe de Espadas – é a adaptação dos resultados da vitória às características gerais do meio-ambiente.

 

    9. O Nove – Yesod do naipe de Espadas – são as formas do desenvolvimento da Vida transmitida.   10. O Dez – Malkut do naipe de Espadas – é a encarnação da Vida transmitida.

    As cartas numeradas de OUROS

        1. O Ás –  Keter do naipe de Ouros – é o ponto de partida para a realização. É a Matéria Primordial (no campo alquímico); o

Astrosoma Primordial (no campo do Hermetismo Ético)    2. O Dois – Hokmah do naipe de Ouros – é a polarização da matéria (no campo alquímico); o grandioso binário do Destino e da

Vontade (no campo do Hermetismo Ético).    3. O Três – Binah do naipe de Ouros – é o principio da neutralização dos pólos (no campo alquímico); o Triângulo de Fabre

d'Olivet (no campo do Hermetismo Ético).    4. O Quatro – Chesed do naipe de Ouros – é a condensação segundo a Lei Dinâmica (na alquimia); o Quaternário Hermético,

simbolizado pela Cruz (no Hermetismo Ético).    5. O Cinco – Pechad do naipe de Ouros o predomínio do principio energético (a quintessência) sobre os quatro elementos (na

alquimia) ; o nascimento do Pentagrama (no Hermetismo Ético).    6. O Seis – Tiferet do naipe de Ouros – é o estabelecimento de duas correntes: a evolutiva e a involutiva (na alquimia); o

problema dos dois caminhos (no Hermetismo Ético).    7. O Sete – Netzah do naipe de Ouros – é a penetração do sutil no denso (na alquimia); a vitória do Três sobre o Quatro, ou seja,

do Espírito sobre a Forma (no Hermetismo Ético).    8. O Oito – Hod do naipe de Ouros – é o estabelecer dos períodos de formação, ou seja, fases do aparecimento da Pedra Filosofal

(na alquimia); a lei condicional e o Karma natural (no Hermetismo Ético).    9. O Nove – Yesod naipe de Ouros – é o esquema geral da evolução da matéria (na alquimia) que se revela durante o processo chamado sublimação; o quadro geral da Iniciação, revelado pela transmissão por sucessão do Influxo Superior (no Hermetismo

Ético).   10. O Dez – Malkut naipe de Ouros – é a transmutação concreta da matéria (na alquimia), isto é, a utilização do Pó Vermelho, já

preparado, na transmutação da liga; a volta do Iniciado ao mundo, para se dedicar à transmutação ética da sociedade humana (no Hermetismo Ético).

Page 67: A Cabala e o Tarô

    Todos, com certeza, já perceberam que os Arcanos de valores numéricos do naipe de Ouros se assemelham muito, pelos seus títulos, aos dez primeiros Arcanos Maiores do Tarô, já por nós estudados.

    A explicação disso e que o naipe de Ouros é a refração do Valete da Primeira Família e serve de "órgão" criador dos Arcanos Maiores, à semelhança dos Arcanos Menores.

    Poder-se-ia dizer que os Arcanos Menores do naipe de Ouros correspondiam ao esquema do mundo tal como este se apresentava diante da Humanidade antes de sua queda, enquanto que os dez primeiros Arcanos Maiores correspondem à

compreensão das nossas verdades pela Humanidade já decaída.     Se pudéssemos purificar os primeiros dez Arcanos Maiores, tirando deles o envoltório que se formou ao seu redor, obteríamos os

Arcanos de valores numéricos do naipe de Ouros, em sua sucessão natural.

Tarot e Cabala - Arcanos Menores

  Jaime E. Cannes   

    Foi Éliphas Lévi quem no século XIX, em seu livro Dogma e Ritual de Alta Magia, relacionou pela primeira vez esses dois maravilhosos sistemas de conhecimento espiritual. Chegou a alegar, inclusive, que um seria incompreensível sem o outro. Mas o

que é a cabala? Também chamada de kabbalah, qabalah e muitas outras grafias. Cabala é um esquema simbólico que preserva em si as relações entre o homem e Deus. Já foi um dos fundamentos da religião judaica, sendo depois incorporada durante a

renascença, pelos estudiosos europeus, que se mostravam grandemente entusiasmados com todo e qualquer tipo de estudo espiritual religioso ou oculto. Nascia assim a cabala esotérica que passou a ser de domínio universal. Nessa mesma época ascendia

também na Europa o esoterismo cristão, motivado pelo mesmo movimento.    A cabala deriva da palavra hebraica kibel, que quer dizer receber, acolher. Simboliza a tradição oral transmitida de boca a ouvido, aos patriarcas judeus e depois a todos os homens. A estrutura principal cabalística são as sephiroth, que em hebraico

significa números, e o singular sephirah, é número. Elas representam as emanações de deus neste mundo. Originam-se umas das outras e sucedem-se umas às outras. Cada uma possui um símbolo, uma cor, e um nome divino. Os nomes todos reunidos para os

místicos judeus, são o santo nome de Deus. O estudo da relação da cabala com o tarot pode ser muito enriquecedor tanto para tarólogos tanto quanto para cabalistas. Talvez Éliphas Lévi tenha exagerado na sua explanação sobre a relação dos dois sistemas,

mas é mesmo muito impressionante com certos símbolos e nomes das sephiroth cabem perfeitamente bem na relação com os arcanos do tarot. Vejamos:

    1. KETHER – COROA

    Cor: branco    Títulos: A fonte de energia do infinito invisível. A inspiração daquilo que não existe. A origem daquilo que existe. De onde viemos e para onde voltaremos.    Arcanos: os quatro Ases• Ás de Paus – Início vigoroso, força criativa e fertilizadora, impacto transformador.• Ás de Copas – Sentimento transbordante, canalização de forças espirituais superiores, doação, amor potencial.• Ás de Espadas – Inspiração da verdade, clareza, perfeição sem mácula, encontro da verdade.• Ás de Ouros – Expressão do potencial interno, manifestação de dons no mundo prático, expansão de si mesmo.

 

    Símbolos: Coroa, Ponto, Suástica (Símbolo do poder solar). 

2. CHOKOMAH – SABEDORIA

    Cor: cinza.    Títulos: O pai celestial.

 O desejo de poder. Fluxo da energia dinâmica.

 O grande estimulador. O primeiro positivo..

    Arcanos: os quatro Dois e os quatro Reis• 2 de Paus – Domínio, exploração de possibilidades, vontade de crescer, prontidão para agir.

• 2 de Copas – Amor, atração, complementação de qualidades, amistosidade, sintonia.• 2 de Espadas – Divisão da consciência, dúvida, indecisão, falta de fé; busca pela paz.

• 2 de Ouros – Mudança, adaptação às circunstâncias sem perder valores importantes, flexibilidade.• Rei de Paus – Líder, comanda com vigor e alegria, movimento vigoroso para o progresso, fogoso e sedutor.

• Rei de Copas – Amigo, conselheiro, curador, terapeuta, vasculha o seu interior em busca das suas sombras para transmutá-las.• Rei de Espadas – Estrategista, intelectual, administrador, a capacidade da mente de estabelecer esquemas e cumpri-los.

• Rei de Ouros – O grande realizador, sintetiza os outros elementos, tem uma visão holística da vida.    Símbolos: o falo, a linha, o yod (primeira letra hebraica).

    3. BINAH – COMPREENSÃO

    Cor: preto.     Títulos: Mãe suprema.

 O desejo de criar. Organizadora e compensadora.

 O grande mar.    Arcanos: os quatro Três e as quatro Rainhas

• 3 de Paus – O encontro com o novo, exploração de novos caminhos, movimento e mudança.

Page 68: A Cabala e o Tarô

• 3 de Copas – Celebração, entusiasmo com os primeiros resultados obtidos numa empreitada, abundância.• 3 de Espadas – Dor, separação, conflito entre mente e coração, dever e querer, escolha dolorosa.

• 3 de Ouros – Trabalho, progresso direcionado segundo a própria orientação e vontade.• Rainha de Paus – Acolhedora, nutridora, calor humano nas relações e atividades de um modo geral, fazedora de ninhos.

• Rainha de Copas – Sensitiva, boa ouvinte, acolhe e compreende as dores alheias, profunda sintonia com as coisas da alma.• Rainha de Espadas – Capacidade de separar o objetivo do subjetivo, clareza mental e de propósito, grande autonomia.

• Rainha de Ouros – Sensualidade, sintonia com as coisas do corpo e da matéria, deleite sensorial e material.    Símbolos: Yoni (a vagina arquetípica da grande mãe), o triângulo, a taça, o planeta Saturno.

    4. CHESED – MISERICÓRDIA

 

    Cor: azul.    Títulos: o construtor Pai amoroso que é rei. Receptáculo do poderes. Estrutura de manifestação.    Arcanos: os quatro Quatro.• 4 de Paus – Ação conjunta por um objetivo, junção de forças internas ou externas, ação harmoniosa. • 4 de Copas – Interiorização, momento de subtrair as influências externas, momento calmo, serenidade.• 4 de Espadas – Parada para recuperação de forças, postergação de decisões, suspensão do fluxo natural dos acontecimentos, retiro.• 4 de Ouros – Estabilidade material, construção de bases firmes e bem estruturadas, segurança, estabilidade

   Símbolos: a pirâmide, o quadrado, o cetro, o Planeta Júpiter.    

5. GEBURAH – FORÇA

    Cor: vermelho.    Títulos: O destruidor

 Rei guerreiro Capacidade de julgamento

 Clarificador Eliminador do inútil

    Arcanos: os quatro Cinco• 5 de Paus – Conflito, litígios de todo tipo, desconforto ou desagrado, frustração do ego.

• 5 de Copas – Apego ao passado, trauma, perda do prazer, desapontamento.• 5 de Espadas – Comparação do ego, espírito de derrota, inveja, balanço negativo da própria vida.

• 5 de Ouros – Perda financeira, sentir-se excluído, carência, sentimento de menos valia e não merecimento    Símbolos: O pentágono, espada, lança, açoite, o planeta Marte.

    6. TIPHARET – BELEZA

    Cor: amarelo.    Títulos: Consciência do eu superior e dos grandes mestres.

 A visão da harmonia das coisas.  Cura e redenção.

 Os reis elementares.    Arcanos: os quatro Seis e os Quatro Cavaleiros

• 6 de Paus – Vitória, autoconfiança, fama, brilho, reconhecimento dos méritos pessoais por si mesmo ou pelos outros.• 6 de Copas – Visão de uma vida ideal embasado num molde do passado, saudade, romantismo, idealização do futuro ou da vida

como um todo.• 6 de Espadas – Estar sobrecarregado pelas opiniões e expectativas sociais, responsabilidade assumida por outrem.

• 6 de Ouros – Capacidade de auxiliar ao próximo, ou fazer concessões ou tempo todo por medo da reação dos outros.• Cavaleiro de Paus – Mudança, desejo de melhorar algo ou tira-lhe o melhor; intensidade, desejo incontrolável.

• Cavaleiro de Copas – Dedicação, confiança, lançar-se por inteiro num empreendimento, apaixonar-se por algo ou alguém, a fé.• Cavaleiro de Espadas – Guerreiro, avanço implacável sobre a meta, determinação, agressividade.

• Cavaleiro de Ouros – Trabalhador incansável, disciplina para se fazer ou realizar algo, seriedade, trabalho árduo mas profícuo.    Símbolos: a rosa-cruz, a cruz da cavalaria, o cubo, o Sol.

    7. NETZACH – VITÓRIA

    Cor: verde.    Títulos: Amor

Sentimentos e instintos.A mente grupal.

A natureza.As artes. 

    Arcanos: os quatro Sete.• 7 de Paus – Vencer os próprios limites, ansiedade, quer mostrar o próprio valor, estresse.

• 7 de Copas – Ser assoberbado pelos próprios instintos, fantasias, confusão emocional, total falta de clareza.• 7 de Espadas – Dissimulação, falsidade, usar”máscaras” ou subterfúgios para ser aceito socialmente.

• 7 de Ouros – Demora, respeito ao tempo natural, paciência, prudência. O avanço pode levar ao fracasso.    Símbolos: o cinto, a rosa, a lâmpada, o planeta Vênus.

    8. HOD - ESPLENDOR

Page 69: A Cabala e o Tarô

    Cor: laranja    Títulos: A razão. A mente individual. Sistemas, a magia e a ciência. Ponto de contato com os mestres. Linguagem e imagens visuais.    Arcanos: os quatro Oito• 8 de Paus – Esclarecimento, alívio de tensões, abertura da mente, mudança de paradigmas, mudança física, viagem.• 8 de Copas – Abandono do velho e estagnado em busca do mais puro e elevado, despedida, abandono.• 8 de Espadas – A mente auto-crítica, culpa, confronto dos valores externos com os internos.• 8 de Ouros – O trabalho minucioso, humildade fruto de maturidade espiritual ou resignação covarde.

 

    Símbolos: Nomes e versículos, o avental do mago, o planeta Mercúrio.    

9. YESOD - O ALICERCE

    Cor: violeta.    Títulos: A luz astral. O depósito de imagens.

 As energias cíclicas subjacentes à matéria.    Arcanos: os quatro Nove.

• 9 de Paus – Uma grande força despendida, exaustão, empenho para manter algo conquistado com muito esforço; trabalho sem sentido. 

• 9 de Copas – Felicidade material, satisfação dos desejos, ócio, descanso; preguiça, acomodação.• 9 de Espadas – Sofrimento, auto-cobrança, sofrimento doloroso e intransferível; aprendizado obtido com a dor.

• 9 de Ouros – Amadurecimento, aprender com as experiências e vivências, atingir o topo do próprio potencial, ganho, auto-suficiência.

    Símbolos: O perfume, as sandálias que se usa no templo, a Lua.    

10. MALKUTH – O REINADO

    Cor: Amarelo-limão, verde-oliva, castanho-avermelhado e preto.    Títulos: A terra em que caminhamos.

 Kether inferior. O complemento. A mãe inferior.

    Arcanos: os quatro Dez e os quatro Valetes (Princesas ou Pajens).• 10 de Paus – Assumir grande responsabilidade, opressão das necessidades pessoais em prol de uma meta.

• 10 de Copas – Encontro da saciedade, sentimento de harmonia, sentir-se integrado a algo, grupo, família, empresa, etc.• 10 de Espadas – Fim de um estágio da consciência para atingir outro, a morte dos valores do ego.• 10 de Ouros – Assumir-se como co-autor da própria vida, cumprimento da obra a que se propôs.

• Valete de Paus – Alegria, espontaneidade, ação criativa que empolga; inconseqüência, imaturidade.• Valete de Copas – Desejo de servir ao próximo, gentileza, delicadeza, sensibilidade artística ou espiritual.

• Valete de Espadas – Abarcar muitas idéias ao mesmo tempo, inovador no pensamento; confusão mental, excessos mentais.• Valete de Ouros – Aprofundamento numa questão, estudo, aprendizado que reverte em ganho, crescimento.

    Símbolos: O altar de dois cubos sobrepostos, a cruz grega (de braços iguais), o círculo, o triângulo e o último heh do nome sagrado de Deus.

     

    Bibliografia:Dion Fortune, A cabala mística. Editora Pensamento.

Charles Fielding, A cabala prática. Editora Pensamento.Francisco V. Lorenz, Cabala. Editora Pensamento.

Perle Epstein, Cabala - o caminho da mística judaica. Editora Pensamento. Robert Wang, O tarô cabalístico. Editora Pensamento.

Hellyette Malta Rossi, Kabalah - O caminho da flecha. F.E.E.U - Porto Alegre. Galcy Rolim Corrêa, Cabala. F.E.E.U - Porto Alegre. 

William What, Mistérios revelados da cabala. F.E.E.U - Porto Alegre.  

Contato com o autor:Jaime E. Cannes - www.jaimeecannes.com  

Outros trabalhos seus no Clube do Tarô: Autores

fevereiro.09

O diagrama da Árvore da Vida e as 10 sefirot

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Page 71: A Cabala e o Tarô

Árvore da Vida: as 10 sefirots e os 22 caminhos 

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Page 73: A Cabala e o Tarô

Árvore da Vida: os 22 caminhos e as 22 letras

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Page 75: A Cabala e o Tarô

Os caminhos da Árvore da Vida e os arcanos do Rider-Waite Tarot

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www.digital-brilliance.com/kab/theatre/GDtarottol.jpg     Nota: A maior parte dos autores ingleses, como acontece no esquema acima, colocam o Louco (0) no caminho 11, o Mago(1) no 12, a Sacerdotisa (2) no 13 e assim sucessivamete até o Mundo (21) no caminho 32, enquanto que os autores franceses, que seguem Eliphas Levi, atribuem o Mago (1) ao caminho 11, a Sacerdotisa (2) ao 12 e assim sucessivamete até o Louco (0 ou 22) no caminho 32.