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A calçada é uma arte especificamente portuguesa, com um profundo valor estético e cultural, que foi sofrendo alterações ao longo dos séculos. Surgiu durante a época renascentista e das descobertas, com o objetivo de tornar o espaço público mais limpo, funcional e agradável. E, já após a reconstrução pombalina, teve um período de fulgor no século XIX, com destaque para Eusébio Cândido Furtado, que propôs as famosas “Ondas do Mar Largo” (Rossio), concluídas em 1849. CALçADãO EM COPACABANA (RIO DE JANEIRO) HOMENAGEM A EUSéBIO CâNDIDO FURTADO, RUA DOS CORREEIROS (LISBOA) Entretanto, a calçada modernizou-se, ampliou-se estetica- mente, foi ponto de partida para outras construções e alvo de exportação. Atualmente, permanece ainda como um marco da cultura portuguesa. Esta rota fará também uma viagem pelos diferentes perío- dos da história da calçada portuguesa, desde as origens mais arcaicas até à presença nas praças e passeios portugueses e em diversos pontos do mundo. Lisboa localiza-se junto ao rio Tejo, sendo constituída por colinas e vales de topografia irregular, esculpidos através do tempo pe- los efeitos do vento, da água e das intempéries. A ocidente, a cidade assenta sobre antigos recifes, recobertos por mantos basálticos do período Cretácico (145 a 66 Ma). A oriente, abundam rochas ricas em fósseis, de uma fauna extinta, abundante e variada, composta por conchas de moluscos ou res- tos de crocodilos e de mastodontes. Estas rochas testemunham os constantes avanços e recuos do mar sobre o continente. EXEMPLO DE ROCHAS E FóSSEIS DA REGIãO DE LISBOA GEOLOGIA DE LISBOA (ADAPTADO DE CARTA GEOLóGICA DO CONCELHO DE LISBOA, NA ESCALA DE 1:10 000) Ao longo da história, a população de Lisboa conquistou terras ao rio, navegou pelos seus canais e insistiu em fixar-se numa terra fértil, rica em recursos, mas assolada por terramotos e tsunamis. Catástrofes que se esbateram na memória das pessoas, mas que deixaram marcas nas rochas e na cidade. Nesta rota, iremos olhar para Lisboa numa perspectiva abran- gente e naturalista, fazendo uma breve incursão por uma faceta oculta da cidade, situada para além da superfície urbanizada. Textos: Joana Reis e João Torgal Fotografias: Atelier João Ferrand, João Torgal e Renato Cabral Design: Nerve Atelier de Design Impressão: Mr. Print Agradecimentos: Fundação Calouste Gulbenkian e Projecto Simetria Passo a Passo – Matemática nas Calçadas de Lisboa Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Rua da Escola Politécnica, 58, 1250-102 Lisboa Tel. 213 921 800 e-mail: [email protected] A CALÇADA PORTUGUESA ATRAVÉS DO TEMPO FICHA TÉCNICA: GEOLOGIA DE LISBOA Apoios: Uma arte que é de poucos e que muitos pisam sem olhar Dinis de Abreu, Diário Popular, 1965. ROTA DAS SIMETRIAS DA CALÇADA PORTUGUESA EM LISBOA

A CAlçAdA PortuguesA AtrAvés do temPo rotA · AtrAvés do temPo FICHA TéCNICA: geologiA de lisboA Apoios: Uma arte que é de poucos e que muitos pisam sem olhar dinis de Abreu,

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A calçada é uma arte especificamente portuguesa, com um profundo valor estético e cultural, que foi sofrendo alterações ao longo dos séculos.

Surgiu durante a época renascentista e das descobertas, com o objetivo de tornar o espaço público mais limpo, funcional e agradável. E, já após a reconstrução pombalina, teve um período de fulgor no século XIX, com destaque para Eusébio Cândido Furtado, que propôs as famosas “Ondas do Mar Largo” (Rossio), concluídas em 1849.

CALçAdãO EM COpACAbAnA (RIO dE JAnEIRO) HOMEnAgEM A EuSébIO CândIdO FuRtAdO, RuA dOS CORREEIROS (LISbOA)

Entretanto, a calçada modernizou-se, ampliou-se estetica-mente, foi ponto de partida para outras construções e alvo de exportação. Atualmente, permanece ainda como um marco da cultura portuguesa.

Esta rota fará também uma viagem pelos diferentes perío-dos da história da calçada portuguesa, desde as origens mais arcaicas até à presença nas praças e passeios portugueses e em diversos pontos do mundo.

Lisboa localiza-se junto ao rio tejo, sendo constituída por colinas e vales de topografia irregular, esculpidos através do tempo pe-los efeitos do vento, da água e das intempéries.

A ocidente, a cidade assenta sobre antigos recifes, recobertos por mantos basálticos do período Cretácico (145 a 66 Ma). A oriente, abundam rochas ricas em fósseis, de uma fauna extinta, abundante e variada, composta por conchas de moluscos ou res-tos de crocodilos e de mastodontes. Estas rochas testemunham os constantes avanços e recuos do mar sobre o continente.

EXEMpLO dE ROCHAS E FóSSEIS dA REgIãO dE LISbOA

gEOLOgIA dE LISbOA (AdAptAdO dE CARtA gEOLógICA dO COnCELHO dE LISbOA, nA ESCALA dE 1:10 000)

Ao longo da história, a população de Lisboa conquistou terras ao rio, navegou pelos seus canais e insistiu em fixar-se numa terra fértil, rica em recursos, mas assolada por terramotos e tsunamis. Catástrofes que se esbateram na memória das pessoas, mas que deixaram marcas nas rochas e na cidade.

nesta rota, iremos olhar para Lisboa numa perspectiva abran-gente e naturalista, fazendo uma breve incursão por uma faceta oculta da cidade, situada para além da superfície urbanizada.

Textos: Joana Reis e João torgalFotografias: Atelier João Ferrand, João torgal e Renato CabralDesign: nerve Atelier de design

Impressão: Mr. printAgradecimentos: Fundação Calouste gulbenkian e projecto Simetria passo a passo – Matemática nas Calçadas de Lisboa

Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Rua da Escola politécnica, 58, 1250-102 Lisboatel. 213 921 800 e-mail: [email protected]

A CAlçAdA PortuguesA AtrAvés do temPo

FICHA TéCNICA:

geologiA de lisboA

Apoios:

Uma arte que é de poucos e que muitos pisam sem olhar

dinis de Abreu, diário popular, 1965.

rotA dAs simetriAs dA CAlçAdA PortuguesA em lisboA

Rua Santo António da Glória

Av. da Liberdade

Av. da LiberdadeAv. da Liberdade

Rua D. Pedro V

Rua da Alegria

Rua das Pretas

Calçada do Lavra

Rua Escola Politécnica

Rua Nova do Almada

Rua ÁureaRua do Crucifixo

Rua Augusta

Rua da Prata

Rua dos Fanqueiros

Rua dos Douradores

Rua da Madalena

Rua dos Correiros

Rua de S. Nicolau

Rua de Santa Justa

Rua da Conceição

Rua de S. Julião

Rua do Comércio

Av. Infante Dom Henrique

Av. Ribeira das NausAv. 24 de Julho

Praça do Comércio

Rua Alfândega

Praça do

Comércio

Praça da

Figueira

Largo CalharizRua do Loreto

Rua Alecrim

Rua Serpa Pinto

Rua Trindade

Calçada do Sacramento

Rua do Duque

Rua das Gáveas

Rua do Norte

Rua Diário de Notícias

Praça Camões

Rua Garrett

Praça

Restauradores

Praça

D. Pedro V

ROSSIO

RESTAURADORES

BAIXA /CHIADO

Praça do Município

TERREIRO DO PAÇO

CAIS DO SODRé

Praça do Princip

e RealJardim do Principe Real

Jardim Botânico da Universidade

de Lisboa

Jardim Alfredo Keil

ou Praça da Alegria

Jardim de S. Pedro

de Alcântara

Rua

de O

Séc

ulo

Rua de S. Pedro de Alcântara

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IntEgRAdA nAS ACtIvIdAdES dA MAtEMátICA dO pLAnEtA tERRA, EStA ROtA COnSIStE nuM pASSEIO IntERdISCIpLInAR EM tORnO dA CALçAdA pORtuguESA dE LISbOA, dESdE O JARdIM bOtânICO (MuHnAC) Até à pRAçA dO MunICípIO, pASSAndO pOR ALgunS ESpAçOS EMbLEMátICOS dA bAIXA. AO LOngO dO pERCuRSO SãO AbORdAdOS ALgunS tIpOS dE SIMEtRIAS pAtEntES EM váRIOS MOdELOS dA CALçAdA, bEM COMO A HIStóRIA dEStE tIpO dE COnStRuçãO Ou A gEOLOgIA dA CIdAdE.

uma simetria consiste numa transformação geométrica que deixa a figura exatamente igual. Há um deslocamento ponto por ponto mas, no

seu conjunto, a figura não se altera. Existem quatro tipos de simetrias fundamentais:

tRAnSLAçãO REFLEXãO

REFLEXãO dESLIZAntE ROtAçãO

As primeiras duas figuras são faixas horizontais, com simetria de translação numa só direção, e designam-se por frisos.

As duas últimas têm simetrias de translação em mais do que uma direção e designam-se por padrões.

A classificação dos frisos e padrões em catego-rias diz respeito às simetrias que apresentam.

de acordo com um teorema matemático, só existem 17 tipos de padrões e sete tipos de frisos. na calçada de Lisboa, estão já repre- sentados todos os tipos de frisos (cinco são observados nesta rota) e 11 tipos de padrões (quatro observados nesta rota). Esperamos um dia ver todos os tipos de padrões e frisos na calçada das ruas e praças da cidade.

simetriAs

roteiro

Jardim Botânico (padrão e friso)

Av. da Liberdade (frisos)

1

Rua Augusta (padrão)6

Rua da Conceição (friso)7

Largo de S. Julião (friso)8

Praça do Município (padrão)9

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Restauradores (padrão)3

Rossio (padrão)4 Rua dos Correeiros (friso)5