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A Casa, o espaço e suas funções sociais: a ressignificação do passado no presente Luciane Correia Simões 1 Monica Cristina de Moraes 2 Este estudo é uma reflexão inicial sobre as transformações sociais pelas quais um determinado espaço sofre ao longo do tempo, desempenhando diferentes funções. O que começou como um “pavilhão” virou um “casarão” e, hoje, é uma “casa”, a Casa da Ciência Centro Cultural de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Uma edificação antiga, erguida em meados da década de 1920, que esteve recentemente ameaçada de demolição. Dessa ameaça, nasceu o estímulo para investigar seu passado, alavancando o Projeto Memória Casa da Ciência/UFRJ. Tal projeto visa à formação de um arquivo institucional, e abrange desde a organização de seu acervo documental até a coleta de depoimentos das pessoas que vivenciaram o espaço em seus diferentes momentos. O arquivo é entendido, aqui, como uma “cápsula do tempo” (ASSMAN, 2011, p. 375), em que se armazenam documentos, fotografias, artefatos etc.; não é um receptáculo passivo, porque não se arquiva sem classificar e redistribuir, sem produzir sentido, sem construir coerência, sem propor uma visão e, sobretudo, sem ordenar simbolicamente o real. Isso, por sua vez, impõe uma escolha e cria lacunas de informação, na medida em que se seleciona o que vai ser ou não arquivado. No caso, falamos de três períodos distintos, em que grande parte da documentação foi produzida durante a rotina institucional, sem a preocupação de preservação memorialística e que atendesse ao interesse do historiador. No entanto, se, por um lado, buscamos estabelecer um lugar de memória, reivindicando um espaço de preservação, por outro, entendemos que o olhar da história nos direciona para a dessacralização do passado e a sua representação no presente, como nos alerta Pierre Nora (1993, p. 3). 1 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia da UFRJ. 2 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Fiocruz.

A Casa, o espaço e suas funções sociais: a ressignificação ...€¦ · um lugar de memória, reivindicando um espaço de preservação, por outro, entendemos que o olhar da história

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A Casa, o espaço e suas funções sociais:

a ressignificação do passado no presente

Luciane Correia Simões1

Monica Cristina de Moraes2

Este estudo é uma reflexão inicial sobre as transformações sociais pelas quais um determinado

espaço sofre ao longo do tempo, desempenhando diferentes funções. O que começou como

um “pavilhão” virou um “casarão” e, hoje, é uma “casa”, a Casa da Ciência – Centro Cultural

de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Uma edificação

antiga, erguida em meados da década de 1920, que esteve recentemente ameaçada de

demolição. Dessa ameaça, nasceu o estímulo para investigar seu passado, alavancando o

Projeto Memória – Casa da Ciência/UFRJ. Tal projeto visa à formação de um arquivo

institucional, e abrange desde a organização de seu acervo documental até a coleta de

depoimentos das pessoas que vivenciaram o espaço em seus diferentes momentos.

O arquivo é entendido, aqui, como uma “cápsula do tempo” (ASSMAN, 2011, p. 375), em

que se armazenam documentos, fotografias, artefatos etc.; não é um receptáculo passivo,

porque não se arquiva sem classificar e redistribuir, sem produzir sentido, sem construir

coerência, sem propor uma visão e, sobretudo, sem ordenar simbolicamente o real. Isso, por

sua vez, impõe uma escolha e cria lacunas de informação, na medida em que se seleciona o

que vai ser ou não arquivado.

No caso, falamos de três períodos distintos, em que grande parte da documentação foi

produzida durante a rotina institucional, sem a preocupação de preservação memorialística e

que atendesse ao interesse do historiador. No entanto, se, por um lado, buscamos estabelecer

um lugar de memória, reivindicando um espaço de preservação, por outro, entendemos que o

olhar da história nos direciona para a dessacralização do passado e a sua representação no

presente, como nos alerta Pierre Nora (1993, p. 3).

1 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia da UFRJ. 2 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Fiocruz.

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Le Goff (2013, p. 545) nos lembra que o que fica não é a totalidade daquilo que existiu no

passado, mas sim escolhas do mundo e das relações sociais. Tais relações resultam em

disputas de percepções de mundo, em que prevalecem, na maioria das vezes, as visões

daqueles que detêm o poder em determinado momento histórico.

Neste artigo, pretendemos refletir superficialmente sobre a forma, o conteúdo e a função

social de um espaço situado na Praia Vermelha – área urbana de grande importância para a

mobilidade da Zona Sul da cidade do Rio Janeiro, de alto valor econômico e que vem

resistindo à especulação imobiliária. Nosso recorte temporal promove um olhar panorâmico

que se inicia por volta de 1925, período da construção do Pavilhão Alaor Prata, e vai até a

década de 1990, época em que o Centro Cultural foi inaugurado.

Conforme Santos (1988, p. 25), o espaço é o lugar de concretizações das relações sociais, é o

“resultado da ação dos homens sobre o próprio espaço, intermediados pelos objetos naturais e

artificiais”. A construção de determinada forma atende às demandas colocadas por um

contexto mais amplo, refletindo uma conjuntura política, econômica e social. Também formas

morfológicas antigas podem ser chamadas a realizar funções totalmente diferentes para as

quais foram criadas (ABREU, 2013, p. 31).

Além da edificação em si, nos interessa entender a conformação do seu entorno e do tipo de

interação que se estabeleceu com outros aspectos do lugar, naturais e artificiais, ou seja,

aquilo que está no “domínio do visível”, a paisagem. Como lembra Milton Santos, a paisagem

é a materialização das relações sociais, o espaço é a união dessa dimensão mais concreta com

a sociedade. A paisagem se constitui ao longo do tempo, por modificações no espaço que

atenderam à lógica da produção no momento em foi estabelecida: “Uma paisagem é uma

escrita sobre a outra, é um conjunto de objetos que têm idades diferentes, é uma herança de

muitos diferentes momentos” (Idem, p. 23).

Recentemente, a demolição do antigo pavilhão foi colocada em discussão, como parte de um

projeto mais amplo de modernização do entorno. Tal fato nos instiga a analisar sua dinâmica

morfológica no âmbito das disputas sociais de cada época. Desse modo, o entendimento da

relação entre a sociedade e o conjunto de formas específicas, materiais e culturais possibilita o

desenho dos usos e das funções sociais do espaço arquitetônico, ao longo do tempo.

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O Pavilhão – Alaor Prata

Na década de 1920, a conjunção de vários aspectos – sociopolíticos, urbanísticos, econômicos

etc.– resultou em transformações da paisagem urbana da capital federal do Brasil, a cidade do

Rio de Janeiro. Nesse período, como observa Silva (2003, p. 30), circulavam concepções

intelectuais que viam a formação social brasileira de forma bastante negativa, dado que a

miscigenação racial era tida como fonte de atraso. A cidade era vista como reflexo de seu

índice de civilidade e não como fator de civilização. Assim, baseado em referências de

civilização europeias, nos projetos urbanísticos da cidade, prevalecia a preocupação com o

seu embelezamento, em detrimento das camadas sociais mais desfavorecidas.

As intervenções urbanas foram dividindo a cidade em bairros burgueses e bairros proletários,

com maior fluxo de investimentos públicos nos primeiros. Em nome da “aeração e da

higiene”, aglomerados de populações pobres foram sendo expulsos de seus espaços para dar

lugar a largas avenidas e terrenos para empreendimentos futuros. Tal prática foi acentuada no

período de Carlos Sampaio (1920-1922), com o início do desmonte do Morro do Castelo e a

expansão urbana para a Zona Sul, além de outras áreas, como a promoção de saneamento para

áreas ainda pouco povoadas da cidade, mas com imenso potencial de valorização imobiliária

(Idem, p. 77).

Posteriormente, o prefeito Alaor Prata (1922-1926), procurando dar racionalidade à

administração municipal, criou comissões de estudo para pensar e propor planos de resolução

para os problemas da cidade. Tais comissões se dividiam em três áreas de estudo: a

proposição de um plano urbano para a cidade; a regulamentação da circulação de ônibus; e a

criação de um código de obras para as construções urbanas. Nos últimos anos de sua gestão,

retomou algumas obras deixadas pela administração anterior, como a continuidade das obras

do Morro do Castelo e a urbanização da Zona Sul.

Durante as administrações de Sampaio e Alaor Prata, houve um conjunto de modificações

urbanísticas que abarcaram os bairros da Urca, Praia Vermelha, Botafogo e Copacabana, entre

outros. Alegando a necessidade de melhorar os acessos da Zona Sul do Rio de Janeiro, a

prefeitura negociou espaços e impôs a remoção de populações. Localizado bem na

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confluência desses bairros ficava o Hospital Nacional de Alienados (HNA), um dos locais que

teve a área modificada para o alargamento das ruas do seu entorno.

Estamos falando do primeiro manicômio do Brasil, construído ainda no período imperial.

Trata-se do antigo Hospício Pedro II, criado através do Decreto nº 82, de 18 de julho de 1841,

pelo Imperador Pedro II. O edifício foi inaugurado em 5 de dezembro de 1852, em uma

extensa área da chácara do Vigário-Geral, próxima à Praia da Saudade, e tinha como objetivo

abrigar a mais nova unidade hospitalar da Santa Casa de Misericórdia, voltada

especificamente para o atendimento aos loucos da cidade. Seu corpo médico teve papel

importante na construção de um olhar especializado sobre a loucura, na divulgação de

concepções sobre a saúde e/ou desordem mental e na formulação de leis sobre o tema, no

Brasil.

Nessa conjuntura, o HNA perdeu terreno, mas ganhou algumas benfeitorias. O Pavilhão Alaor

Prata foi uma delas. Segundo os estudos de Facchinetti et al. (2010, p. 747), o espaço era

destinado a doentes com tuberculose, enfermidade que causava maior número de mortes no

HNA3. Por duas décadas, o diretor do hospital, Juliano Moreira, reivindicou, insistentemente,

em seus relatórios, um espaço adequado para isolar os pacientes com doenças

infectocontagiosas, em especial os casos de tuberculose4.

É interessante considerar que, diante de outras doenças infectocontagiosas (peste, sarampo,

escarlatina, febre tifoide, lepra, coqueluche, gripe, varíola e febre amarela etc.), a tuberculose

era a afecção que mais causava óbitos na cidade do Rio de Janeiro, com exceção dos períodos

de alguns surtos epidêmicos. E, até a década de 1920, praticamente não havia hospitais

públicos para os vitimados pela tuberculose, à exceção de uma ala para tais doentes no

3 Não há maiores referências do pavilhão, além de que era uma enfermaria para mulheres doentes mentais com tuberculose.

No artigo “O processo diagnóstico das psicopatas do Hospital Nacional de Alienados: entre a fisiologia e os maus costumes

(1903-1930)”, as autoras citam o PAP em nota explicativa, como mais uma das 20 seções do HNA, junto com o pavilhão

Sigaud, reservado a tuberculosos (FACCHINETTI & CUPELLO, 2011, p. 717); novamente, No labirinto das fontes do

Hospício Nacional de Alienados, é citado em nota como uma das seções do hospital (FACCHINETTI et al., 2010, p. 764).

Também, aparece na dissertação de mestrado de Lucinda Caetano (1993, Tomo II), Palácio Universitário do Brasil ex.

Hospício Pedro II, listado entre outros pavilhões e como parte da “Planta de situação do terreno do antigo hospício da Praia

Vermelha” (s/d). 4 Juliano Moreira assumiu a direção do manicômio em 1903, cargo que só deixou em 1930. No relatório do Ministério da

Justiça e Negócios Interiores (MJNI), publicado em 1926, referente à prestação de contas do ano de 1924, o próprio Juliano

Moreira faz menção aos relatórios anteriores, em que afirmava as dificuldades em relação à insuficiência dos pavilhões de

isolamento para dar conta dos casos de infecções de fácil contágio no hospital. Inclusive, reivindicando novamente a

construção de pavilhões de isolamento para os casos de tuberculose (Relatório do MJNI, 1926, p. 110).

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Hospital São Sebastião. O governo não teria dado a devida importância ao problema,

deixando o assunto a cargo da filantropia (VIEIRA, 1982, p. 62; NASCIMENTO, 2005, p.

56)5.

Informações documentais referem-se a um processo de remodelação das ruas do entorno do

hospício, que resultou também em demolições e em novas benfeitorias na área interna. Tal

processo envolveu negociações entre vários atores de diferentes instituições e esferas de

governo, tais como: o diretor do HNA, Juliano Moreira; o ministro João Luís Alves, do

Ministério de Justiça e Negócios Interiores; o Prefeito do Distrito Federal, Alaor Prata etc.

Nesse sentido, a adequação do espaço interno do HNA visava não só à melhoria da assistência

hospitalar como também a questões mais amplas da cidade e da sociedade carioca6.

Por que essa antiga reivindicação do diretor do HNA só foi atendida na década de 1920? O

que teria mudado no campo da assistência aos tuberculosos com a maior atenção do Estado?

Como a tuberculose se conjugava com a questão da saúde mental no campo das investigações

médico-científicas? De que forma o Pavilhão Alaor Prata estava inserido no contexto mais

amplo do complexo hospitalar? Tais questões, entre outras, ainda estão sendo investigadas7.

O manicômio da Praia Vermelha foi desativado em 1944. Ao final desse ano, todos os

pacientes já haviam sido transferidos para colônias de alienados, no Engenho de Dentro ou em

Jacarepaguá8. Destituído da função de assistência e isolamento de mulheres, diagnosticadas

como loucas e tuberculosas, o pavilhão encerrou essa primeira etapa.

5 Vieira menciona a tentativa pouco efetiva de Oswaldo Cruz, que chegou a propor um plano de ação, na primeira década do

século XX – suas linhas básicas eram: a centralização da campanha profilática, a notificação do contágio, a construção de

hospitais, sanatórios, desinfectórios e habitações para os trabalhadores etc. (Idem, p. 61). 6 O Relatório do MJNI (1926, p. 110) faz referência ao acordo com a municipalidade. Fato foi noticiado na imprensa, como,

por exemplo: “Está dependendo apenas do H. N.”, A Noite, 17 de abril de 1924, p. 3. Notícia sobre o entendimento do Dr.

Angelo Barata, engenheiro chefe da 1ª circunscrição de Viação, com a direção do HNA, no sentido da execução do projeto de

alargamento da rua Emílio Berla, com um recuo de 8 metros do muro do hospício, para desafogar o tráfego para Copacabana.

Notícias com teor semelhante foram publicadas em outros jornais, como “O alargamento da Rua Emilio Berla”, O Jornal, em

18 de abril de 1924, p. 2. 7 No Projeto Memória, a história do pavilhão está sendo investigada por Mônica Cristina de Moraes. Paralelamente, a

pesquisa está inserida no Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa Oswaldo Cruz/Fiocruz,

como projeto de doutorado. 8 Facchinetti et al. op. cit., p. 735. Segundo nota dos autores, “restaram em atividades o Pavilhão de Observação, que passou a

se chamar Instituto de Psicopatologia, e o Instituto de Neuro-sífilis, hoje Instituto Philippe Pinel”. A Universidade do Brasil

assumiu o espaço do hospício, assim como o Instituto de Psicopatologia. O Instituto de Neuro-sífilis, embora continuasse na

Praia Vermelha, ficou sob a direção do Centro Psiquiátrico Nacional.

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O Casarão – Escola Nacional de Educação Física e Desporto

A desativação do HNA gerou, no âmbito do Ministério da Educação e Saúde (MESP), o

debate sobre qual destinação dar para o ex-hospital. Segundo Calmon (2002), foi levantada a

possibilidade de sua demolição para dar lugar à modernização:

Extinto o hospício, surgiu o problema do aproveitamento do edifício, que poderia ser

demolido, para em seu lugar serem construídos modernos prédios, ou restaurado,

tendo-se em vista o que valia e representava para cultura nacional. Prevaleceu este

sentimento (Ibidem, p. 89).

Contudo, informa Caetano (1993, p. 167), na conjectura para o novo uso do espaço, foram

tomadas as primeiras providências para o antigo palácio abrigar o Externato Colégio Pedro II.

Essa era uma ideia que o ministro Gustavo Capanema acalentava antes mesmo da desativação

do hospício. Segundo a autora, o diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional (SPHAN), Rodrigo de Andrade, chegou a solicitar ao ministro o “programa de

instalação” do externato, de modo que pudesse ser concebido o “projeto de adaptação do

edifício do Hospital Nacional de Alienados” (Ibidem). Outros passos foram dados nesse

sentido. Mesmo sendo ligado ao interesse do ministro Capanema, além de várias providências

terem sido encaminhadas, esse projeto não foi o vencedor. Por quê? Essa pergunta ainda está

por ser respondida9.

O que de fato aconteceu? Entraram em cena novos atores e modificaram o cenário: os estudos

de remodelação do ex-hospício para o Externato Pedro II, feitos pela Seção Técnica do

SPHAN, foram reaproveitados para a Universidade do Brasil, com a colaboração do professor

arquiteto Archimedes Memoria, da Faculdade Nacional de Arquitetura, indicado pelo reitor

Ignácio M. Azevedo do Amaral. Nesse momento, o próprio presidente da República, Getúlio

Vargas, determinou a execução das obras em prol da Universidade do Brasil (Ibidem, p. 170).

9 Segundo a autora, há um lapso documental entre a última comunicação encontrada sobre o assunto, de 20 de março de 1944

a fins de 1945.

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Uma hipótese para essa mudança pode estar no teor da Lei nº 452, de julho de 1937, que,

além de mudar o nome da Universidade do Rio de Janeiro para Universidade do Brasil10,

determinou a construção de sua “Cidade Universitária”, entre outras providências. As

negociações e reformas de adaptação do antigo hospício e alguns de seus anexos levaram

alguns anos, mesmo após a inauguração do novo espaço, que ocorreu em dezembro de 1949.

No ano seguinte, ficaram prontas as instalações para abrigar a Escola Nacional de Educação

Física e Desportos (ENEFD).

Neste estudo, interessa destacar tal escola em particular, pois sua história está diretamente

relacionada com o antigo PAP. A criação da ENEFD se deu em 17 de abril de 1939, pelo

Decreto nº 1212. E, durante alguns anos, a nova faculdade funcionou em espaços cedidos

temporariamente, só ganhando sede definitiva, em 1949, quando iniciou seu processo de

instalação no Campus na Praia Vermelha.

Apesar das novas intervenções, o palácio e várias construções antigas no terreno do novo

campus foram preservadas, incluindo o PAP. Segundo depoimento da professora Margarida

Thereza Nunes da Cunha Menezes11, que vivenciou esses momentos iniciais da escola –

primeiro, como aluna, depois, como professora –, o pavilhão era chamado carinhosamente por

Casarão e servia de apoio para atividades da Escola de Educação Física – com aulas de dança

moderna e oficinas educativas.

Uma parte do campus sofreu novas interferências com a seção gratuita de uma área, vizinha

ao PAP, para a Associação de Servidores Civis do Brasil (ASCB), através do Decreto nº

28.884, de 21 de novembro de 1950, assinado pelo presidente Eurico G. Dutra (Caetano,

1993, p. 180)12. As instalações da ENEFD, que abrangiam o PAP, passaram a ser utilizadas

também pela ASCB, como afirma a professora Margarida. O espaço sediou eventos e

atividades de caráter educativo, tais como: o primeiro curso de dança moderna da época,

10 A Universidade do Rio de Janeiro reunia diversas faculdades (Faculdade Nacional de Educação, Faculdade Nacional de

Medicina, Faculdade Nacional de Odontologia, Faculdade Nacional de Música, Faculdade Nacional de Engenharia etc.), que

funcionavam em unidades dispersas pela cidade. Em 1968, com a reforma universitária, a denominação Universidade do

Brasil mudou para Universidade Federal do Rio de Janeiro, e a ENEFD passou a se chamar Escola de Educação

Física e Desportos da UFRJ. 11 Depoimento gravado pela equipe da Casa da Ciência da UFRJ, em janeiro de 2015. 12 Decreto nº 28.884, de 21 de novembro de 1950. Disponível em:

<http://portal.esporte.gov.br/cedime/legislacao/leisEF/1950_NormasJuridicas%28TextoIntegral%29_DEC_028884_21_11_1

950.jsp>. Acesso em: 27 jul. 2016.

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ministrado pela professora Erica Sauer, e as Olimpíadas dos Servidores Públicos, em 195613.

Nas décadas seguintes, seguiu sediando outras atividades, principalmente oficinas de colônia

de férias para crianças da comunidade universitária e dos bairros vizinhos, coordenadas pela

professora Margarida, e festas estudantis.

Entretanto, também aumentaram as especulações imobiliárias, em função de

empreendimentos particulares que se desenvolveram no entorno do Casarão – como a Casa de

Shows Canecão, que funcionava dentro de uma área da universidade (cuja seção foi feita

irregularmente pela ASCB) e o Shopping Rio Sul. De acordo com documentos e fotos cedidas

pela professora Margarida, na década de 1990, grande parte da área de lazer do Campus da

Praia Vermelha, que era utilizada pela EEFD, chegou a virar estacionamento. Fato decorrente

de negociações entre a Reitoria e a empresa Brascan, visando atender a interesses particulares,

como os do Shopping Rio Sul e do Iate Club Clube do Rio de Janeiro14.

A instalação de um estacionamento privado não só modificou a área verde local, com a

derrubada de várias árvores, como também colocou o Casarão sob ameaça de demolição. Isso

só não ocorreu por mobilização da comunidade local, principalmente alunos e professores da

EEFD, que reivindicaram o tombamento da área de lazer do Campus da Praia Vermelha. Em

decorrência disso, em 29 de setembro de 1999, através da Aditiva n. 5, do Diário Oficial do

Estado do Rio de Janeiro, foi garantida a preservação do espaço15.

Com o passar dos anos, sem manutenção, o Casarão foi sofrendo com a ação do tempo:

goteiras no telhado, mato crescendo ao redor, vidros quebrados, desbotamento da pintura etc.

Enfim, tornou-se uma edificação decadente, com ares de ruínas, mas que continuava sendo

utilizada nas atividades de colônias de férias e, também, como espaço de shows e festas

informais, que atraiam muitos jovens da universidade e de fora. Contudo, tais festas não eram

muito bem vistas pela administração universitária16.

13 Há fotos das Olimpíadas dos Servidores Públicos no Centro de Memória Inezil Penna Marinho, da EEFD. 14 Memorando nº 475/98 – PU, de 14 de dezembro de 1998. Nesse documento, do prefeito da UFRJ para o diretor da EEFD,

são esclarecidos os detalhes do empreendimento. Disponível nos arquivos pessoais da professora Margarida Thereza Nunes

da Cunha Menezes, cuja cópia digital está nos arquivos da Casa da Ciência. 15 Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, ano XXV. nº 186 Parte II. Disponível nos arquivos pessoais da professora

Margarida Thereza Nunes da Cunha Menezes, cuja cópia digital está nos arquivos da Casa da Ciência. 16 Depoimento da professora Margarida, corroborado por Cesar Miranda de Almeida, antigo morador da vizinhança e ex-

aluno do curso de História da UFRJ, em entrevista concedida em janeiro de 2016.

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A EEFD, em reuniões de departamento e conselhos universitários, buscava, com o corpo

docente e administrativo, encontrar soluções e alternativas para a manutenção do espaço, mas,

com a contínua falta de recursos, o Casarão foi ficando cada vez mais abandonado.

A Casa – Centro Cultural de Divulgação Científica

Em meados da década de 1990, deu-se a ressignificação desse espaço, institucionalizado

como Centro Cultural de Ciência e Tecnologia. Além da degradação física, por falta de

manutenção, embates políticos nas instâncias universitárias nos levam a crer que não houve

consenso entre as unidades acadêmicas da UFRJ sobre a nova função do Casarão. No informe

da Congregação da EEFD17, percebemos que a mesma foi excluída do debate sobre a criação

de um centro cultural no Campus da Praia Vermelha:

A lastimável perda do espaço como o Casarão, (...) sem qualquer consulta à EEFD,

demostra claramente que a escola não ganhou nada com isso. Ceder áreas onde há a

possibilidade de desenvolver trabalhos de alto nível em Educação Física em troca de

apoio político para a EEFD é questionável, pois ao cessar o interesse da reitoria nos

espaços que a EEFD ora ocupa, o que restará a escola? Onde desenvolver projetos que

elevem o nome da EEFD, possibilitem a oportunidade de nossos alunos vivenciarem

práticas específicas e possam, principalmente por sua localização, gerar recursos

próprios para Escola? Qual será então o futuro da EEFD?

Assim, em setembro de 1994, o Programa de Pós-Graduação em Engenharias do Instituto

Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia/COPPE submeteu aos

transmites burocráticos da universidade a “Proposta de criação da Casa da Ciência – Centro

Cultural de Ciência e Tecnologia da UFRJ”, com o propósito de criar de um espaço de

divulgação científica no Campus da Praia Vermelha. A proposta foi acatada pelo reitor

Nelson Maculan Filho e foi aprovada pelo Conselho Superior de Coordenação Executiva

da UFRJ, com apoio do Fórum de Ciência e Cultura (FCC/UFRJ) e da Sociedade Brasileira

para o Progresso da Ciência (SBPC).

A primeira ação deste projeto foi estabelecer um convênio com a Prefeitura da Cidade do Rio

de Janeiro para restauração da edificação. Entre seus objetivos e metas institucionais, estão:

17 Informe a Congregação da EEFD cópia digital nos arquivos da Casa da Ciência. Não há data no material digitalizado.

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- Dar a todos acesso a essa componente essencial da cultura moderna, que é o

conhecimento científico físico e técnico através de um empreendimento orientado para

facilitar a compreensão dos fenômenos naturais e fornecer um campo adequado a

experimentação e a descoberta.

- Transmitir a convicção que a natureza e gente podem ser ambos compreensíveis e

plenos de novas e mágicas descobertas. Desta forma, são possíveis oportunidades

práticas para a aprendizagem, que são difíceis, se não impossíveis, de se conseguir

através de aulas na escola, livros ou programas de televisão ou modernos softwares.

- Ser um centro permanente de educação científica e tecnológica.

- Promover projetos especiais e exposições relativas à ciência e tecnologia,

principalmente nos temas em desenvolvimento realizados pelos diversos centros de

pesquisa da UFRJ.

- Oferecer condições para a realização de debates, discussões e encontros em assuntos

referentes à ciência e tecnologia, seu estágio de evolução e sua interação com a

sociedade.

- Criar condições adequadas para a realização de atividades diversas de interação entre

a universidade e a sociedade, através de intercâmbios com outras entidades de ensino,

órgãos governamentais, entidades profissionais, sindicatos, associações civis, e outras

instituições18.

As obras para a recuperação do prédio foram iniciadas com recursos da própria universidade e

também foram recebidos recursos externos à UFRJ, de órgãos dos governos federal, estadual

e municipal19. Foram necessários trabalhos de recuperação do telhado, das estruturas, das

paredes, do piso, de instalações elétricas e hidráulicas e um tratamento paisagístico nas áreas

de acesso.

Além da recuperação da estrutura física, foi desenvolvido um projeto para exposições

interativas, inspirado em dados e experiências obtidas em centros e museus de ciência dos

Estados Unidos, França, Inglaterra, Canadá e Venezuela, todos pertencentes a Association of

Science – Technology Centers/ASTC.

Assim, em junho de 1995, foi inaugurada a Casa da Ciência da UFRJ. Desde então, passou a

receber um público bastante diversificado, de faixas etárias, níveis de escolaridade e

interesses variados. Ao longo dos anos, se consagrou como um espaço de popularização da

ciência onde são apresentados eventos e atividades com as mais diferentes linguagens e áreas

do conhecimento.

18 Processo de criação da Casa da Ciência – n. 23029.032101/94–21, 30 de setembro de 1994. 19 Convênios estabelecidos pela COPPE com a Financiadora de Estudos e Projetos/FINEP e o Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico/CNPq, entre outros.

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As exposições são sempre temporárias e temáticas. Com o objetivo de instigar e envolver o

público, paralelo a cada exposição, diferentes atividades são desenvolvidas: ciclos de

palestras, oficinas, seminários, espetáculos teatrais e musicais, contação de histórias, mostras

de vídeos, cursos e workshops.

Mantendo seus objetivos desde a criação, a Casa da Ciência ainda hoje atua em parceria com

diversos órgãos, articulando e recebendo projetos de unidades da UFRJ e de outras

instituições científicas nacionais e internacionais. No âmbito educacional, vem promovendo

atividades com escolas públicas, particulares e outras agremiações infanto-juvenis do estado

do Rio de Janeiro. Além de desenvolver ações fora de seu espaço físico, como a Semana

Nacional de Ciência e Tecnologia/SNCT e o Caminhos de Darwin20.

Segundo balanço da instituição, até agora foram levadas ao público da cidade 41 exposições,

dos mais diferentes temas e áreas do conhecimento, a maioria delas com ciclo de palestras,

mostras de vídeos etc. Foram atendidos em torno de um milhão e meio de alunos21, oriundos

da rede pública e privada do estado do Rio de Janeiro. Já passaram, também, pela Casa da

Ciência em torno de 1.200 alunos22 de graduação, no papel de mediadores, e 40 professores

como consultores e palestrantes das exposições.

Apesar de a Casa da Ciência ser relativamente jovem, se consolidou como um lugar de trocas

e de grande aprendizado, tanto para o público visitante quanto para alunos e professores da

universidade. E devido à riqueza das experiências ali vividas, vem sendo objeto de estudos em

projetos de final de curso e pesquisas de pós-graduação. Nesse sentido, além da contribuição

para o fortalecimento da divulgação científica brasileira, vem colaborando para a função

tríplice da UFRJ: ensino, pesquisa e extensão.

Considerações finais, mas não conclusivas...

20 Para maiores informações sobre a SNCT, acesse <semanact.mcti.gov.br>; sobre Caminhos de Darwin, acesse

<www.casadaciencia.ufrj.br/caminhosdedarwin>. 21 Cada exposição recebe em torno de 50 alunos a cada hora e meia. 22 Cada exposição recebe 32 alunos de graduação, divididos em 4 grupos e dois horários.

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Em uma época em que o tempo parece cada vez mais acelerado e escasso, devido a tantas

demandas do presente, estamos fazendo um esforço no sentido de levantar a documentação e

os fatos sociais que caracterizaram e deram sentido ao espaço, que assume nova função com a

Casa da Ciência da UFRJ. Tal esforço constitui uma forma de organizar um material de

reflexão e análise para a história, a memória e a produção discursiva da instituição.

Nesse processo, nos deparamos com questões que remetem ao jogo de forças sociais de cada

época, ainda não compreendido em profundidade e amplitude, como, por exemplo: no

primeiro momento, o PAP foi criado para atender a uma demanda antiga do HNA, mas por

que só se concretizou na década de 1920? Quais foram os mecanismos sociais que tornaram

isso possível? Que conexões podem ser estabelecidas entre uma simples construção e o

contexto social mais amplo da sua época? Qual era o sentido social do isolamento?

Ao pensarmos no segundo e no terceiro momentos, outras perguntas surgem à medida que os

fatos vão sendo levantados: se o Casarão era um espaço de utilidade para a Escola de

Educação Física, por que sua preservação foi negligenciada pela administração do Campus da

Praia Vermelha? Que interesses econômicos se articularam para a Reitoria da UFRJ aceitar

abrir mão de uma grande área, usada para atividades desportivas e acadêmicas, à revelia dos

interesses da comunidade local, colocando em risco a existência do Casarão? E por quais

razões se deu a mobilização social e a resistência para a sua manutenção? Se no projeto de

criação da Casa da Ciência, pretendia-se a “interação” e o “intercâmbio” entre as diversas

entidades de ensino, por que a EEFD foi excluída do processo?

Ainda não temos respostas para tais perguntas, e para muitas outras, nem sabemos se teremos.

O Projeto Memória é longo e vai desde organizar um arquivo de memórias a partir da coleta

de relatos orais dos integrantes e colaboradores da instituição, até a catalogação da memória

material, documentos existentes. As possíveis interpretações dos fatos transitarão entre o

arquivo (supostamente duradouro) e o repertório (efêmero) (TAYLOR, 2013). O que se fará é

um esforço para que os dois – arquivo e repertório – trabalhem juntos, pois os materiais do

arquivo darão forma ao repertório. O arquivo sustenta o discurso hegemônico do poder, mas o

repertório pode, muitas vezes, desconstruir esse discurso hegemônico.

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Em um futuro não muito longínquo, esperamos que nosso arquivo, com o acervo de

documentos e narrativas organizado, possa ser disponibilizado para demais interessados em

fazer outros questionamentos, contribuindo com mais informações e documentos, e, assim,

ajudando a compor esse quebra-cabeça. Quem sabe, o esforço em preservar as memórias

desse espaço contribua para que ele seja preservado de novas especulações imobiliárias e/ou

outros interesses econômicos.

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