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Universidade de Lisboa Faculdade de Letras Departamento de História A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248 Francisco Oliveira Simões Dissertação de mestrado em História com especialização em História Medieval Lisboa 2014

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Universidade de Lisboa Faculdade de Letras

Departamento de História

A Cavalaria Portuguesa

no Cerco de Sevilha de 1248

Francisco Oliveira Simões

Dissertação de mestrado em História

com especialização em História Medieval

Lisboa

2014

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Universidade de Lisboa Faculdade de Letras

Departamento de História

A Cavalaria Portuguesa

no Cerco de Sevilha de 1248

Francisco Oliveira Simões

Dissertação de mestrado em História

com especialização em História Medieval

apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

orientada pela Professora Doutora Manuela Santos Silva

e co-orientada pela Professora Doutora Julieta Araújo

Lisboa

2014

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

1

Índice

Resumo 2

Resumen 3

Palavras-Chave/Palabras Clave 4

Agradecimentos 5

Introdução 6

1 - Conjuntura Peninsular 12

1.1 - Reino de Navarra 13

1.2 - Reino de Aragão 16

1.3 - Reino de Leão 19

1.4 - Reino de Portugal 21

1.5 - Reino de Castela 23

1.6 - Reino de Granada 24

2 - Os Participantes no Cerco de Sevilha de 1248 e as Suas Motivações 26

3 - A Participação Portuguesa no Cerco de Sevilha 31

4 - A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248 34

4.1 - Os Cavaleiros ao Serviço do Infante Afonso 34

4.2 - Os Cavaleiros que Permaneceram em Castela 52

Conclusão 66

Apêndice Documental 69

Anexo I - Genealogias dos Cavaleiros ao Serviço do Infante Afonso 70

Anexo II - Genealogias dos Cavaleiros que Permaneceram em Castela 79

Fontes 86

Bibliografia Geral 88

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Resumo

A Tese de Mestrado que aqui vos apresentamos pretende dar a conhecer o

resultado de uma investigação sobre a migração da cavalaria portuguesa para Castela,

no âmbito do cerco de Sevilha de 1248.

Na introdução gizaremos todas as movimentações e desafios de ambos os

exércitos, tanto por parte dos almóadas, que defendiam Sevilha, como dos castelhanos,

que a tentavam tomar. Descreveremos a Sevilha medieval, explicando a razão de ser

uma cidade tão cobiçada. Será feita uma breve análise sobre a condição do cavaleiro no

panorama castelhano e português.

No primeiro capítulo, referente à Conjuntura Peninsular, traçaremos o panorama

político e social dos vários reinos da Península Ibérica, da primeira metade do século

XIII, explicando os contornos e razões que levaram ao ataque castelhano no Al-

Andaluz, em plena época de reconquista cristã.

O segundo capítulo é referente aos vários participantes deste confronto,

mencionando os aliados de Castela e dos almóadas, procurando explicar as motivações

e ambições das duas frentes de batalha.

No terceiro capítulo o foco será direccionado para os vários tipos de cavaleiros

portugueses, que decidiram combater nesta contenda, salientando as suas razões.

O quarto capítulo é o ponto-chave desta investigação, com a enumeração dos

vários nobres que partiram para a conquista de Sevilha. Todos os cavaleiros são

estudados, para se apurar a sua família e feitos, até ao ano em questão. Fazendo uma

selecção dos que preferiram mudar-se definitivamente para Castela e Leão, e os que

rumaram de novo para Portugal.

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Resumen

La Caballería Portuguesa

en lo Asedio de Sevilla de 1248

La Tesis de Máster que aquí os presentamos pretende dar a conocer el resultado

de una investigación sobre la migración de la caballería portuguesa a Castilla, bajo el

asedio de Sevilla de 1248.

En la introducción trazaremos todos los movimientos y retos de ambos ejércitos:

los almohades, que estaban a favor de Sevilla, y los castellanos, que la intentaban tomar.

Describiremos la Sevilla medieval, explicando la razón por qué era tan cotizada. Se hará

un breve análisis sobre la condición del caballero en el ámbito castellano y portugués.

En el primer capítulo, sobre la Coyuntura Peninsular, trazaremos el panorama

político y social de los diversos reinos de la Península Ibérica, desde la primera mitad

del siglo XIII, explicando los contornos y las razones que llevaron al ataque castellano

en Al-Andaluz, en plena época de reconquista cristiana.

El segundo capítulo se refiere a los múltiples participantes en este

enfrentamiento, mencionando a los aliados de Castilla y de los almohades. Buscando

explicar las motivaciones y ambiciones de los dos frentes de batalla.

En el tercer capítulo el enfoque se dirige a los diversos tipos de caballeros

portugueses que decidieron luchar en esta contienda, destacando sus razones.

El cuarto capítulo es el punto clave de esta investigación, con la enumeración de

los varios nobles que partieron a la conquista de Sevilla. Todos los caballeros son

estudiados, para determinar su familia y hechos, hasta el año en cuestión. Haciendo una

selección de aquellos que optaron por mudarse permanentemente a Castilla y León y los

que se dirigieron de nuevo a Portugal.

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Palavras-Chave/Palabras Clave

História Medieval - Cavalaria Portuguesa – Almóadas – Reconquista Cristã – Cerco –

Sevilha.

Historia Medieval – Caballería Portuguesa – Almohades – Reconquista Cristiana –

Asedio – Sevilla.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

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Agradecimentos

É necessário agradecer a várias pessoas, que me ajudaram e aconselharam,

durante toda a investigação, para que a presente Tese de Mestrado visse a luz.

Em primeiro lugar cabe-me agradecer à Professora Doutora Manuela Santos

Silva e à Professora Doutora Julieta Araújo, que desde o início aceitaram o meu convite

para orientar e co-orientar, respectivamente, o presente estudo. Guiado pelos seus sábios

concelhos e inestimável apoio, consegui atingir o objectivo final a que me propus.

Um muito obrigado a todos os professores do Mestrado de História Medieval e

do Curso de Licenciatura de História, por tudo o que me ensinaram, de forma tão

interessante fizeram-me crescer no meio histórico e científico, foi uma honra.

Não poderia esquecer o amigo e historiador que sempre esteve a meu lado em

todo o curso e mestrado, António Carlos Martins Costa. Vejo-o como um mentor que

me ensinou a grandeza da Faculdade de Letras.

Aos historiadores Isabel Raposo Magalhães, Amílcar e Maria do Rosário Baião

Pinto, por me terem dado todo o auxílio na minha pesquisa bibliográfica e documental.

Neste contexto agradeço também ao meu tio Vasco Teles da Gama, que além da

inestimável ajuda, incutiu em mim, ainda em criança, o gosto pela História.

A todos os meus amigos, que sempre estiveram por perto e acompanharam o

meu trabalho, sempre prontos a ajudar como a Ana Margarida Viegas, o Manuel

Gabirra, a Marta Leal da Costa, a Sofia Leal da Costa, o Tiago Almeida Matias, o

António Baião Pinto e o Henrique Sousa de Azevedo. Entre muitos outros, que não teria

espaço para mencionar.

E por fim, queria expressar um agradecimento especial aos meus pais, que

souberam respeitar a minha vocação e deram-me a liberdade para a seguir, fomentando

a minha aprendizagem. Em geral a toda a minha família.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

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Introdução

Esta investigação, que aqui vos apresentamos, é dedicada ao tema A Cavalaria

Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248, com o objectivo de fazer uma pesquisa

avançada sobre todos os nobres portugueses que estiveram presentes neste decisivo

evento, de extrema importância para a reconquista cristã, no âmbito peninsular.

Como nos refere o rei D. Duarte, no seu afamado Livro da Ensinança de Bem

Cavalgar Toda Sela, o cavaleiro lutava em busca da honra, do proveito e do bom

prazer, que o fazia atingir a fama pretendida entre os seus pares. Segundo ele, não se

deve ser apenas apelidado de cavaleiro, tem de se saber comportar nas justas e no

campo de batalha, para não ostentar esse nome em vão1. Mas na realidade os cavaleiros

procuravam atingir também outros proveitos, como títulos e territórios.

Em todas as cidades peninsulares, eram cavaleiros os que controlavam a sua vida

social e administrativa, constituindo uma das suas mais importantes forças, muitas vezes

aproveitada pelos monarcas em campanhas militares. Tinham por característica a sua

heterogeneidade, pois eram muito distintos uns dos outros, não só devido à mobilidade

característica deste grupo, mas também devido à entrada para a nobreza de homens

enriquecidos, devido ao comércio, ou que ocupavam cargos na administração central.

Mas o grupo mais selecto da nobreza de sangue eram os cavaleiros por linhagem e os

fidalgos, que tomavam este nome após completarem três gerações de nobreza na sua

família, por privilégio régio. Alguns deles, apesar da sua tutela e estatuto, não possuíam

riqueza, vivendo no meio rural, principalmente no norte da Península Ibérica. Outros

cavaleiros, com um estatuto inferior, permaneciam ao lado de nobres de sangue e

linhagem, conseguindo, desta forma, os seus privilégios2.

Sem nunca esquecer as palavras de Pierre Bonassie “O cavalo é a principal

ocupação do nobre”, havendo uma ligação forte entre o cavalo e o homem, apenas

corrompida pela morte3, compreendemos que, sob o estatuto de cavaleiro, se escondiam

diversas condições. Mas durante o século XIII o cavaleiro tinha muito mais despesas, do

que nos séculos anteriores, tendo de suportar o elevado custo da investidura e do

1 DUARTE, Dom, Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela, Lisboa, Livraria Bertrand, 1944, pp –

4-6.

2 QUESADA, Manuel Fernando Ladero, Las Ciudades de la Corona de Castilla en la Baja Edad Media

(Siglos XIII al XV), Madrid, Arca Libros S. L., 1996, pp – 36, 37.

3 BONASSIE, Pierre, La Catalogue du Milieu du X à la fin du XI Siècle. Coissance et Mutations d´une

Société, 2 volumes, Tolouse, Publicatons de l´Université de Tolouse-Le-Mirail, 1975-1976. P – 295.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

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armamento, que entretanto havia evoluído bastante no seu fabrico e nos materiais

utilizados, gozando de uma maior mobilidade e resistência4. A esta situação, já de si

geradora de segregação, criaram-se, por esta época, entraves para a ascensão do povo à

nobreza através dos actos de cavalaria, como até aí acontecia. Em parte, como resultado

desta limitação crescente à expansão do grupo, a nobreza castelhana tinha aproveitado

entretanto para enriquecer graças às batalhas da reconquista cristã, desenvolvendo

poderes locais nos territórios recentemente tomados5. Esta era, portanto, uma

oportunidade extraordinária de que a cavalaria, não só de Castela mas também dos

reinos vizinhos, tinha interesse em beneficiar.

Durante o século XII distinguiam-se os miles, cavaleiros nobres, dos cabalarius,

cavaleiros vilãos, mas com o tempo ambos os guerreiros seriam tratados por miles6.

Para entendermos esta denominação convém citar as palavras de José Mattoso quando

notou que “(…) miles e cabalarius, que em si mesmos nada dizem quanto à condição

social, pois referem apenas a função guerreira. De facto no caso de o seu uso implicar

por si mesmo superioridade social, teremos de concluir dai uma íntima conexão entre o

serviço militar a cavalo e a nobreza”7.

Sendo o nosso foco geográfico a cidade de Sevilha, parece-nos conveniente

fazer um breve resumo da sua história durante os inícios do século XIII, para

entendermos com mais clareza o sucedido no ano de 1248, data do confronto entre os

castelhanos e os almóadas hafsidas.

4 DUBY, Georges, A Sociedade Cavaleiresca, Lisboa, Editorial Teorema, 1989, pp – 2015, 216.

5 GERBET, Marie-Claude, Las Noblezas Españolas en la Edad Media Siglos XI-XV, Madrid, Alianza

Editorial, 1997. P – 69.

6 MATTOSO, José, Identificação de um País – Ensaio sobre as origens de Portugal, 1096-1325, Volume

I - Oposição, 4ª edição, Lisboa, Editorial Estampa, 1991. P – 115.

FOURQUIN, Guy, Senhorio e Feudalidade na Idade Média, Lisboa, Edições 70, Setembro de 1978. P –

77.

7 MATTOSO, José, Identificação de um País – Ensaio sobre as origens de Portugal, 1096-1325, Volume

I - Oposição, 4ª edição, Lisboa, Editorial Estampa, 1991. P – 115.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

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Sevilha, ou Isbiliya como era denominada pelos mouros, a par com Badajoz, ou

Batalyaws, eram as duas mais importantes taifas do Al-Andaluz, durante o século XI.

Sevilha tinha erguido uma monumental mesquita8, as muralhas da cidade eram sólidas e

eficazes, quando se viam ameaçadas pelas investidas cristãs9. Ficava a sol nascente de

Niebla e a sol poente de Córdova, rodeada pelo rio Guadalquivir. Tinha uma vasta

plantação de oliveiras, existindo mel em abundância, tal como figos, que muita gente se

deslocava de pontos longínquos para os vir comprar. O solo era arável, coberto com

muita vegetação. Tinha, por isso, óptimas condições para a caça e a pesca. Os prados

eram cultiváveis e húmidos. Existiam ribeiras e canas-de-açúcar. Como nos descreve o

conde D. Pedro na Crónica General de España de 1344, “E el termino de Seuilla es

abondado de mucho bien e a y vn lugar sementado de oliuas que faze el termino muy

fermoso. (…) E Sevilla es buena de pan e de criança; e es buena de caça por mar e por

tierra. E en su termino há muy buenos prados que non se secan en ningun tienpo. E po

eso los ganados dan ay mucha lege; e si todos los ganados de España ay veniesen,

paçeran que lesnon fallesçerian. E a y vna muy buena ribera que (…) muy buenas

cañas de açucar” 10

.

Entre os anos de 1224 e 1229 Sevilha vivera sob um governo almóada, na pessoa

de Abu-l-Ula, até à sua partida para o sultanato de Marrocos, em busca de futuras

conquistas, tendo para esse fim morto o seu irmão Al-Adel, com o auxílio de

mercenários castelhanos.

No ano de 1229 os notáveis muçulmanos de Sevilha começaram a apoiar a causa

de Ibn Hud, um proeminente comandante militar muçulmano, que se tinha oposto aos

almóadas em Múrcia, no ano de 1227. Além disso tinha resistido vitoriosamente aos

ataques cristãos. Por estas razões o rei Fernando III de Leão e Castela fomentou uma

acérrima oposição a este líder, na região do Al-Andaluz e passou a proteger o rei de

Arjona, Muhammad Ibn Al-Ahmar, desde o ano de 1231, dando origem ao futuro

emirado de Granada. O rei de Castela também apoiou a criação de uma taifa

independente em Niebla, onde Mohamed Ibn Mahfud tomou o poder desde 1233. O seu

8 MARQUES, A. H. de Oliveira, História de Portugal Volume I – Das Origens às Revoluções Liberais, 7ª

edição, Lisboa, Palas Editores, Março de 1977. P – 54.

ALBORNOZ, Claudio Sánchez-, La España Musulmana Tomo II, 4ª edição, Madrid, ESPASA-CALPE,

1974. P – 215.

9 COELHO, António R., Portugal na Espanha Árabe Volume I, Lisboa, Seara Nova, Janeiro de 1972, pp

– 89, 90.

10

AFONSO, D. Pedro, Crónica General de España de 1344, Madrid, Editorial Gredos, 1970, pp – 73, 74.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

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filho, com o mesmo nome, assumiu o trono em 1262, acabando por reforçar o pacto de

vassalagem com o reino de Castela.

Enquanto estes acontecimentos se desenrolavam, os almóadas combatiam em

Marrocos, com a ajuda dos soldados castelhanos, conseguindo edificar uma nova

dinastia em Tunes, a dos Hafsíes, ou Hafsidas, iniciada por Abu Zacaria, em 1229.

Sevilha pertenceu à chefia de Ibn Hud até ao ano da sua morte, em 1238, apesar

de no período entre 1232 a 1234 se ter assistido a uma revolta liderada por Abu Marwan

Al Bajé, numa junção de forças com Ibn Al-Ahmar. No ano de 1238 a cidade de Sevilha

voltou para o governo dos almóadas mas só a partir de 1242 é que começou a ser

dependente do califado de Tunes.

Houve, porém, um muçulmano que manteve tréguas com Fernando III: Abu

Omar Al-Djedd, mais conhecido por Ben Alchad. Este comandante fez a proeza de

conquistar as cidades de Córdova e Jaén, pois estas eram fortemente fortificadas e

defendidas, conhecidas como importantes centros da cultura islâmica no Al-Andaluz.

Mas acabaria por ser derrotado e deposto do governo de Jaén, por um grupo de rebeldes,

que eram antigos colaboradores de Ibn Hud, comandados por Axataf, na primavera de

1246. Pouco tempo antes deste episódio, Abu Omar Al-Djedd tinha cortado os laços de

amizade com Tunes, e estreitado as relações com Castela, ou seja com Fernando III, que

acabariam por ser rompidas após a sua morte, naquele fatídico dia.

Após estes incidentes, Fernando III, virou as suas atenções para a conquista de

Sevilha. Com o auxílio de Ibn Al-Ahmar, aproveitou a fragilidade que a cidade

apresentava naquele momento. Mas mantinha-se a dificuldade em conquistar Sevilha,

devido à sua muralha indestrutível, mesmo com a variedade de armas militares de que

dispunham, sem referir os castelos avançados, que defendiam as linhas fluviais. Os

mouros, por sua vez, pretendiam enfrentar os cristãos em campo aberto, para evitarem

um cerco.

A conquista de Sevilha demoraria dois anos até estar concluída.

Tudo começou no ano de 1246, quando Fernando III saqueou e tomou os

campos de Jerez, Carmona e Aljarafe. Chegou também a conquistar, sem resistência

aparente, Alcala de Guadaira e Marchena, praça que já não estava em mãos castelhanas

desde o ano de 1240. O segundo passo, rumo a Sevilha, deu-se no ano de 1247, quando

se voltou a presenciar um confronto na cidade de Carmona, o qual terminou com a

promessa de a entregar aos cristãos, passados seis meses. Neste mesmo ano conseguiu-

se consolidar o caminho até Córdova, pelo rio de Guadalquivir, com a conquista de

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

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Tocina, Cantilhana e Alcalá del Rio. Os castelhanos e leoneses conquistaram Sierra de

Mérida, desbravando caminho até ao objectivo final. A cavalaria pertencia

principalmente à Ordem de Santiago11

.

Em Julho de 1247 chegaram galeras, ao comando de Ramon Bonifaz, com

reforços militares, desde nobres cavaleiros até membros de ordens religiosas militares,

vindos da Cantábria, que se posicionaram ao largo da costa de Sevilha, após terem

derrotado uma frota tunisina. Ramon Bonifaz era rico-homem e foi o criador da marinha

real de Castela.

Até Fevereiro de 1248 o cerco não foi muito apertado. Os cristãos fixaram-se e

montaram acampamento em Aznal Farache e Tablada, com a frota posicionada no rio.

Arrasaram Gelves, Triana e Aznal Farache, sob o comando do mestre de Santiago D.

Paio Peres Correia, conhecido em Castela por Pelayo Perez Correa, e os ricos-homens

Rodrigo Flores, Afonso Teles e Fernão Anes.

Muitas batalhas foram protagonizadas por ambas as facções, mas o resultado

quase sempre tendia para a vitória muçulmana, tanto em campo aberto como no rio. Do

lado de Fernando III a questão de perda do contingente militar não era problemática,

uma vez que dispunha sempre de reforços que chegavam regularmente, substituindo as

baixas. No mês de Março do ano de 1248, os cristãos já tinham o acampamento armado

às portas de Sevilha, a controlar as saídas da muralha da cidade; o cerco tinha

começado. Esta movimentação só foi possível devido à chegada do infante Afonso, que

trazia consigo numerosos reforços.

Em Maio do mesmo ano, o almirante Ramon Bonifaz foi derrotado em Triana e

provocou o bloqueio do rio que abastecia Sevilha. O calor do verão ajudou a que os

problemas se agravassem mais no campo dos cristãos que, sem o recurso à água,

estavam mais expostos às doenças, como a febre tifoide, pois faltava-lhes a habituação

às altas temperaturas, como acontecia com os adversários. Esta estratégia, de cortar o

abastecimento de água, tinha sido orquestrada pelos almóadas hafsidas e parece ter dado

o resultado esperado. Chegava a haver cristãos e muçulmanos nasridas que pediam

auxilio aos mouros tunisinos, que se encontravam dentro das muralhas de Sevilha.

11

QUESADA, Miguel Ángel Ladero, Historia de Sevilla - La Ciudad Medieval, 3ª edição, Utrere,

Publicaciones de Universidad de Sevilla, 26 de Abril de 1989, pp – 15-20.

GHEJNE, Anwar G., Historia de España Musulmana, Madrid, Ediciones Catedra, 1980, pp – 85, 86.

BALBÁS, Leopoldo Torres, Ciudades Hispanomusulmanas Tomo I, (SL), Ministerio de Asuntos

Exteriores, Divección General de Relaciones Culturales, Instituto Hispano-Arabe de Cultura, 1971. P –

205.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

11

Só no Outono de 1248 é que se iniciaram as negociações entre os dois exércitos.

Onde ficou decidido que os mouros hafsidas abandonariam a cidade, com os seus

pertences, no espaço de um mês, e que partiriam para Jerez ou Ceuta, como lhes fosse

mais conveniente. Foi assim que a 22 de Dezembro de 1248, Fernando III entrou na

cidade de Sevilha deserta, e a tomou para o reino de Castela. Tornou-a, desde logo,

capital de Castela12

.

Já no reinado de Afonso X um jogral galego da corte, de seu nome Pero da

Ponte, escreveu um poema heroico e factual para lembrar e comemorar a tomada de

Sevilha.

“E desd´ aquel dia que Deus nasceu

nunca tan bel presente recebeu

como del recebeu aquel dia

de S. Clement´, en que conquereu

e en outro tal dia se perdeu

quatrocentos e nov´ anos havia”13

12

FERNÁNDEZ, Luis Suáres, Historia de España – Edad Media, Madrid, Editorial Gredos, Janeiro de

1978, pp – 295, 297.

Primera Crónica General de España Volumen II, Madrid, Editorial Gredos, 1977, pp – 746-767.

BALBÁS, Leopoldo Torres, Ciudades Hispanomusulmanas Tomo I, (SL), Ministerio de Asuntos

Exteriores, Divección General de Relaciones Culturales, Instituto Hispano-Arabe de Cultura, 1971, pp –

162, 163.

13

Cancioneiro do Vaticano, nº 512.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

12

1

Conjuntura

Peninsular (1157 – 1250)

É necessário traçar o pano de fundo desta conquista de Sevilha, e para isso cabe-

nos analisar a conjuntura politica e social peninsular de inícios do século XIII. Apesar

de centrarmos a nossa atenção nos acontecimentos e governantes ibéricos, não podemos

olvidar o resto da cristandade europeia, repleta de momentos marcantes e de homens

célebres do seu tempo. Como é o caso do papa Inocêncio IV ou do seu inimigo

Frederico II. A sétima cruzada tinha sido lançada pelo rei de França Luís IX, que fora

futuramente canonizado. O ocidente fervilhava em confrontos bélicos no âmbito da

reconquista cristã, e o movimento constante da cavalaria era uma prova disso.

Esta conjuntura peninsular revela-nos que a situação entre todos os reinos estava

longe de ser branda, vislumbrando-se confrontos diplomáticos, guerras internas e

sobretudo conflitos de interesses bem marcados pela consanguinidade entre os vários

soberanos. A tomada de posição dos cavaleiros portugueses é-nos também manifestada,

devido à sua saída de Portugal, para rumarem em direcção a Leão e Castela, a fim de

servirem os seus respectivos reis, mesmo que para isso tenham de combater o reino de

onde são provenientes.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

13

1.1. Reino de Navarra

Navarra mantinha negócios com o sul de França. Apesar de fazer fronteira com

três reinos do panorama ibérico, os quais eram Castela, Leão e Aragão, conseguia

estagnar a paz, devido ao respeito que todos nutriam pelo seu rei, Sancho VII, o Forte,

que governou desde 1194 até 1234. O seu longo reinado foi composto por fortes

pressões de Castela, que não via com bons olhos a sua aliança com Inglaterra. João

Sem-Terra aliou-se a Sancho VII, e incentivou os mouros a atacarem os territórios

pertencentes aos castelhanos. Navarra perdeu as terras de Alava e Guipúzcoa. Tentou

expandir o reino para o outro lado da cordilheira, em solo francês, tendo para isso

conquistado Agramunt e Ostabat. Negociava com Baiona e com outros portos da

Gasconha.

Sancho VII foi o fundador de Viana, no ano de 1219, e o ordenador do regime

municipal de Pamplona. É a este rei que se deve o maior número de forais de Navarra.

Desde o ano de 1210 as relações com Castela e Aragão foram amistosas. A

cruzada de Sancho VII no sul de França foi vista com grande admiração e respeito,

pelos seus vizinhos cristãos peninsulares. O infante Fernando de Castela, chegou a

requerer a ajuda de Navarra, para derrubar o governo de Jaime I, em Aragão, durante a

menoridade do recém-coroado rei. Mas Sancho VII não acedeu ao seu pedido, pois

nutria boas relações com Aragão.

O soberano de Navarra retirava-se frequentemente para Tudela. Numa dessas

ocasiões, delineou um projecto para incorporar Navarra nos estados do reino de Aragão.

Assinou um pacto com Jaime I, a 2 de Fevereiro de 1231, onde ficou decidido que, na

eventualidade de Sancho VII não ter filhos, o reino de Navarra passava para a coroa de

Aragão. Este acordo, firmado nos últimos anos de vida de Sancho VII, veio prejudicar

as pretensões do sobrinho Teobaldo, filho da sua irmã D. Branca, casada com o conde

de Champanhe, pois este herdeiro legítimo já tinha, anteriormente, tentado usurpar o

trono do seu tio. Mas os nobres de Navarra não permitiram que Jaime I tomasse o trono

do seu reino, após a morte de Sancho VII, a 7 de Abril de 1234. Começaram por exigir

que os cavaleiros que tinham prestado fidelidade a Jaime I retirassem o seu apoio,

apelando à vinda de Teobaldo, para ocupar o trono, que lhe era devido.

Esta data foi um vexame na história de Navarra, que iniciou em 1234 uma nova

dinastia governada por franceses. Teobaldo I não nutria grande interesse pelo reino de

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

14

Navarra, voltando as suas atenções para o seu condado de Champanhe. Destacou-se,

porém, como um bom poeta.

Teobaldo I esteve fora do seu reino por bastante tempo, tendo regressado no ano

de 1243, para enfrentar graves problemas em solo de Navarra. Debatendo-se entre a

crispação dos nobres da sua corte e os ataques sucessivos de Castela às suas fronteiras.

Navarra era essencialmente um ponto de passagem dos peregrinos no caminho até

Santiago de Compostela14

.

14

FERNÁNDEZ, Luis Suáres, Historia de España – Edad Media, Madrid, Editorial Gredos, Janeiro de

1978, pp – 287-289.

RUCQUOI, Adeline, História Medieval da Península Ibérica, Lisboa, Editorial Estampa, 1995, pp – 191,

192.

ORTIZ, Antonio Domínguez, Historia de España Volumen III – Al-Andalus: Musulmanes y Cristianos

(Siglos VIII-XIII), 1ª edição, Barcelona, Editorial Planeta, Maio de 1989, pp – 396-398.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

15

1.2. Reino de Aragão

Em Aragão, Jaime I, o Conquistador, que já citámos, tinha adoptado uma

política de expansão. Tinha tomado o trono em 1218, sob a regência do conde Sancho,

filho de Ramón Berenguer IV. Desta forma, um concelho de nobres governou, até que o

rei atingisse a idade adulta.

Em 1227 já Jaime começava a preparar a campanha de Maiorca. A conquista,

frente aos muçulmanos, foi difícil. Finalmente, no ano de 1229, Jaime investe sobre a

cidade, conseguindo a sua vitória em 1232. O ano de 1235 ficou marcado pela conquista

de Ibiza. O inicio da tomada de Valência fora realizado também no ano de 1232, altura

em que tinha havido dois conflitos destintos, por terra e por mar. Começou por derrotar

a esquadra naval que vinha de Tunes, em socorro dos mouros de Valência. Em 1238 a

cidade rendeu-se ao poder de Jaime I.

Seguiu-se a conquista de Játiva e de outras praças, no ano de 1245. Jaime

estabeleceu uma aliança de paz com Castela, no âmbito da reconquista cristã, tendo

combatido ao lado dos castelhanos no cerco de Játiva. Estes dois reinos assinaram, em

1244, o tratado de Almizra, que delineava os limites de conquista de cada reino. Outro

tratado foi assinado pelo rei Jaime I, mas desta vez com França. Nele vinha escrito que

o rei Luís IX renunciava aos direitos de posse das terras catalãs, enquanto que o rei de

Aragão também deixaria de ter pretensões a terras francesas, deixando-o confinado

somente aos limites da Península Ibérica15

.

O rei Jaime I pôs fim às pilhagens dos mouros das Baleares aos navios catalães,

no ano de 1229. Com a conquista de Maiorca, o rei de Aragão tomou também a cidadela

muçulmana de Almudaina. Os nobres que receberam palácios islâmicos em Maiorca,

devido a terem tido um papel importante na reconquista da cidade, não converteram a

arquitectura dos edifícios16

.

15

BUSTAMANTE, C. Perez, Compendio de Historia de España, Madrid, Ediciones Atlas, 1963, pp –

155, 156.

ORTIZ, Antonio Domínguez, Historia de España Volumen III – Al-Andalus: Musulmanes y Cristianos

(Siglos VIII-XIII), 1ª edição, Barcelona, Editorial Planeta, Maio de 1989, pp – 386-388.

16

DUBY, Georges, História Artistica da Europa - A Idade Média Tomo II, Lisboa, Quetzal Editores,

1998. P – 192.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

16

1.3. Reino de Leão

O reino de Leão, por seu lado, tinha por norma receber muitos cavaleiros de

Portugal, entre os reinados de Fernando II e do seu filho Afonso IX, que chegaram a

servir na corte leonesa, assim como na castelhana, mas em muito menor número,

geralmente por um curto espaço de tempo. Vinham motivados, principalmente, pelos

confrontos que se faziam sentir em Leão. Fernando II conseguiu atrair cavaleiros leais a

D. Afonso Henriques, a partir do ano de 1157, principalmente de Bragança, devido à

proximidade com Leão, pois fazia fronteira com Zamora e Astorga.

No ano de 1169, devido à derrota portuguesa em Badajoz, alguns nobres

portugueses deixaram de ser fiéis a D. Afonso Henriques, decidindo abandona-lo e

viajar para Leão, em busca de louros e regalias. No ano da morte de D. Afonso

Henriques, e consequente subida ao trono do seu filho D. Sancho I, em 1185, alguns

nobres tiveram desavenças com o novo rei e devido a este facto, deixaram Portugal,

começando a servir o rei de Leão, Fernando II. Este acontecimento era deveras

recorrente no fim da governação de um determinado soberano, vislumbrando-se

querelas entre a antiga nobreza e a nova, assim como conflitos com o novo rei.

Em 1211 deu-se a tomada de poder de D. Afonso II, após a morte do seu pai D.

Sancho I, facto que fez os seus irmãos entrarem em conflito com ele, devido à sua real

legitimidade para assumir o trono. Alguns membros da família real tomaram o partido

da rainha de Leão, D. Teresa, outros nobres lhes seguiram o exemplo, partindo para

Leão em busca de auxílio do rei Afonso IX, a fim de permitir que D. Teresa assumisse

as funções de rainha em Portugal, que eram dela por direito natural.

Afonso IX tinha em grande conta os cavaleiros portugueses, seus aliados,

entregando-lhes altos cargos na corte e benefícios territoriais, depositando neles muita

confiança17

. O rei de Leão pretendia fazer uso da insegurança politica que se sentia em

Portugal, para o conquistar e anexar ao seu reino.

17

MEDINA, Inés Calderón, Cum Magnatibus Regni Mei-La Nobleza y la Monarquia Leonesa Durant los

Reinados de Fernando II y Alfonso IX (1157-1230), Madrid, Consejo Superior de Investigaciones

Cientificas, 2011, pp – 200-202.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

17

1.4. Reino de Portugal

Em Portugal tinha-se assistido a um longo período de crise, que se havia

estendido desde 1190, durante o reinado de D. Sancho I, até 1250, com D. Afonso III.

Houve duas invasões almóadas nos anos de 1190 e 1191, que englobaram toda a região

portuguesa do Tejo em guerra. Estes ataques foram liderados por Abu Yaqub Al-

Mansur, emir de Marrocos. Logo de seguida começaram os grandes surtos de fome e de

catástrofes naturais, que duraram até 1210. Findado este ano, iniciou-se um enorme

confronto com Leão, que gerou alguns conflitos sociais, nas áreas urbanas e rurais,

dando azo a lutas e violência. É nesta altura que se vislumbram contratempos entre o rei

D. Sancho I, a nobreza e os bispos do Porto e de Coimbra.

No ano de 1188, Afonso IX sucede ao seu pai, no trono do reino de Leão. As

relações entre ele e o rei D. Sancho I melhoraram muito, pois Afonso IX era filho de D.

Urraca Afonso, portanto sobrinho de D. Sancho. Portugal apoiou Afonso IX em

conflitos contra os seus rivais, entre eles o seu irmão mais novo, filho do segundo

casamento de Fernando II de Leão. A pacificação e entreajuda destes dois soberanos foi

selada com o casamento de Afonso IX com a sua prima, a filha mais velha de D. Sancho

I, D. Teresa Sanches, com a idade de dezasseis anos. As bodas foram celebradas a 15 de

Fevereiro de 1191, em Guimarães. Foi feita uma aliança entre Leão, Portugal e Aragão,

assinada em Huesca, por volta de Maio de 1191, com o intuito de combater Castela.

O casamento de D. Sancho, com D. Dulce de Aragão, facilitou o pacto com o

reino de Aragão. Apesar destes acordos, as ameaças de guerra sentiram-se em ambos os

reinos, durante o ano de 1196. Só o rei de Aragão Afonso II, pediu aos seus aliados que

estabelecessem de novo a paz. Mas acabaria por morrer pouco tempo depois,

sucedendo-lhe o seu filho Pedro I, que não estava tão empenhado em manter a península

longe de conflitos.

No ano de 1197, D. Sancho conseguiu uma bula papal, que lhe concedia

indulgências iguais às da guerra santa, no âmbito do combate frente a Afonso IX. D.

Sancho saiu vitorioso no início, conquistando Tui e Pontevedra, na fronteira galega. Por

outro lado, Afonso IX aliou-se aos almóadas, e atacava agora Castela, lutando contra o

rei Afonso VIII, que se protegia fortemente, após a pesada derrota em Alarcos, no ano

de 1195. Os seus atritos terminaram com a paz, tendo por resultado o casamento de

Afonso IX com D. Berenguela, filha de Afonso VIII, tornando-se a sua segunda mulher,

em 1197. Por terem um parentesco demasiado chegado e por Afonso IX já estar casado

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

18

com D. Teresa, o papa Inocêncio III ordenou que o rei de Leão se separasse de D.

Berenguela.

D. Sancho prosseguia a sua ofensiva, mas o rei de Leão, que agora estava em

clima de paz com Castela, começou a preparar o seu próximo ataque ao reino de

Portugal, vencendo as batalhas em Pinhel e Ervas Tenras, culminando na morte de

numerosos membros das famílias portuguesas mais nobres, em 1198. Afonso IX cercou

Bragança, enquanto D. Sancho I atacava Ciudad de Rodrigo e foi nesta batalha que

morreram Nuno Fafes e Lopo Fernandes, mestre dos templários. A guerra acabou por

ser inconclusiva. Tui e Pontevedra regressaram para as mãos de Leão. Não se encontra

nenhum testemunho que comprove o prolongamento das hostilidades, depois do ano de

1199.

Já no reinado de D. Afonso II de Portugal se percebe que há sérias discordâncias

entre o monarca e os vários sectores do poder senhorial18

. Neste reinado existia um

grande clima de insegurança, devido à sucessão de D. Sancho I, que fora protagonizada

pelo seu filho mais velho, D. Afonso II. Toda esta situação fora provocada pelo

testamento do falecido rei D. Sancho I, onde ficara decidido que as três infantas, D.

Teresa, D. Sancha e D. Mafalda, adoptariam o título de rainhas e herdariam alguns

castelos no centro de Portugal. Esta crispação com o actual rei, fez com que alguns

membros da corte partissem para outros reinos da península, como é o caso de Leão,

que abraçava todos aqueles que fossem leais à sua rainha. Estávamos, portanto, numa

guerra civil19

.

A morte de D. Afonso II enfraqueceu o sector que, até então, lutava para

fortalecer a monarquia, permitindo durante o reinado de D. Sancho II, o crescimento

acelerado dos poderes locais, até que se instalou um clima de anarquia, dando resultado

num pedido do episcopado ao papa, para destituir do trono o rei vigente. Iniciou-se,

desta forma, mais um período de guerra civil, que culminou na vitória e subsequente

18

MATTOSO, José, História de Portugal – II Volume A Monarquia Feudal (1096-1480), (SL), Editorial

Estampa, 1993, pp – 95, 97, 98.

MARTINS, Miguel Gomes, De Ourique a Aljubarrota – Guerra na Idade Média, 1ª edição, Lisboa, A

Esfera dos Livros, Junho de 2011, pp – 143-145.

19

MEDINA, Inés Calderón, Cum Magnatibus Regni Mei – La Nobleza y la Monarquia Leonesas de

Fernando II y Alfonso IX (1157-1230), Madrid, Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 2011. P

– 217.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

19

subida ao trono de D. Afonso III, no ano de 1248, após a morte de D. Sancho II, em

Toledo, no reino de Castela, a 3 de Janeiro desse mesmo ano.

Até ao ano de 1250 é visível uma política de reorganização de poderes, que viria

a terminar a crise iniciada em 119020

. Já no reinado de D. Afonso III, registaram-se

conturbações internas, entre cristãos e muçulmanos, que o rei soube apaziguar, tendo

este monarca contribuído para uma maior homogeneização da população portuguesa.

Este novo rei teve muita importância no desenvolvimento da cidade de Lisboa,

melhorando as suas condições de habitação, tendo para isso adquirido algumas casas e

tendas. O poder real começou a centralizar-se em Lisboa, que de resto apoiava sempre o

seu soberano. Desta forma o sul do reino teve um papel mais preponderante nos

destinos de Portugal. D. Afonso III fez esforços para uma união fortalecida entre o sul e

o norte do país, tornando o poder real mais forte frente aos possíveis avanços da recente

união entre Castela e Leão, celebrada em 123021

. Foi um monarca que deu relevo a

Lisboa como cidade mais importante do reino, centralizando o poder régio nessa cidade.

Como nos descreve o historiador José Augusto Pizarro, que fundamenta as causas para

esta movimentação “Para aí chegarmos foi necessário todo um percurso de

estruturação politica e institucional, ao longo do qual as monarquias se foram

consolidando, a par de um poder régio mais sólido e eficaz, escudado no direito

romano, e que soube aproveitar e sobrepor-se ao sistema feudal”22

. Dá-se portanto uma

ruptura, que, aliás, era comum na época.

20

MATTOSO, José, História de Portugal – II Volume A Monarquia Feudal (1096-1480), (SL), Editorial

Estampa, 1993. P – 95.

HERCULANO, Alexandre, História de Portugal – Desde o Começo da Monarquia até o Fim do Reinado

de D. Afonso III Tomo II, Amadora, Livraria Bertrand, Junho de 1980, pp – 631, 645, 646.

MEDINA, João, História de Portugal – Dos Tempos Pré-históricos aos Nossos Dias Volume III, Lisboa,

Ediclube, 1998, pp - 121-129.

MARTINS, Miguel Gomes, De Ourique a Aljubarrota – Guerra na Idade Média, 1ª edição, Lisboa, A

Esfera dos Livros, Junho de 2011, pp – 149-161.

21

MARQUES, A. H. de Oliveira, História de Portugal Volume I – Das Origens às Revoluções Liberais,

7ª edição, Lisboa, Palas Editores, Março de 1977, pp – 171-173. 22

PIZARRO, José Augusto de Sotto Mayor, D. Dinis, Rio de Mouro, Temas e Debates,

Outubro/Novembro de 2008. P – 29.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

20

1.5. Reino de Castela

Em Castela Fernando III, o Santo, foi proclamado rei, no dia 1 de Junho de

1217, na Igreja de Santa Maria la Mayor, após a morte do seu avô Henrique I, casado

com D. Mafalda de Portugal, filha de D. Sancho I.

A sua mãe D. Berenguela, fora regente de Castela durante alguns meses, até à

sua coroação. D. Berenguela era casada com Afonso IX, rei de Leão; por esta razão

Afonso IX reclamava para si o trono de Castela. O alferes maior de Castela, Alvar

Nuñez de Lara, incentivou o rei de Leão a conquistar Castela. O ataque de Leão deu-se

pela investida no infantado de Valladolid, avançando pelas terras de: Villagarcia; Ureña;

e Castromonte. Até que acampou em Arroyo de la Encomienda, às portas de Valladolid,

a 5 de Junho de 1217.

Afonso IX recusou todas as propostas de paz que lhe foram enviadas, pelos

mensageiros de D. Berenguela. Chegou a cortar a comunicação com as localidades de

Ávila e Segovia. Incapazes de resistir às investidas do rei de Leão, Fernando III e a sua

mãe retiram-se para Burgos, apelando à harmonia entre as coroas. Afonso IX aceitou as

tréguas, celebradas a 11 de Novembro do mesmo ano, pois a conquista do reino de

Castela seria muito difícil de concretizar. Em contrapartida o soberano leonês recebeu

os seguintes territórios: Villalar; San Cebrián; Santervás; Herrera; Belvis; Cubillas; e

Santibáñes. Além destes terrenos ainda recebeu a quantia de onze mil maravedis, que já

anteriormente reclamara ao rei Henrique I, seu sogro.

Mas Alvar Nuñez de Lara não se conformava com a retirada do rei de Leão, por

isso pediu-lhe permissão para atacar os seus rivais, que defendiam o governo do rei

Fernando III, pedido que lhe foi concedido. Os cavaleiros eram Gonçalo Ruiz Girón,

Diego Lopes Dias de Haro e Afonso Teles de Meneses. A batalha entre os cavaleiros

teve um desfecho vitorioso para Alvar Nuñez de Lara. Os nobres castelhanos,

apercebendo-se da derrota, refugiaram-se no castelo de Castreján, perto de Alaejos.

Quando Alvar tenta invadir a fortaleza, acaba por ser morto.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

21

Foi sepultado em Uclés, como era seu desejo. Depois de findado o conflito Afonso IX

estava disposto a negociar novo acordo, que resultaria no pacto de 26 de Agosto de

1218, confirmando as tréguas assinadas no ano anterior23

. As tréguas entre D.

Berenguela e Afonso IX foram renovadas em 1221.

Fernando III, após ter estabelecido a paz com todos os reinos cristãos, iniciou a

reconquista por terras da Andaluzia. A rápida desintegração do império almóada

facilitou esta ofensiva militar, no território muçulmano. No mesmo ano as coroas de

Castela e Aragão aliaram-se, mantendo a paz durante a vida dos dois soberanos. Esta

amizade foi selada através do matrimónio entre Jaime I e uma das filhas de Afonso VIII,

D. Leonor, irmã de D. Berenguela, celebrado a 6 de Fevereiro. Passados oito anos o

casamento foi desfeito, devido à consanguinidade.

A 24 de Setembro do ano de 1230 morreu Afonso IX, e deixa transparecer em

testamento a pretensão de delegar o poder da coroa de Leão às suas duas filhas, fruto do

seu primeiro casamento com D. Teresa de Portugal, D. Sancha e D. Dulce, em vez de

entregar o trono ao seu filho varão, Fernando III. O rei de Castela, sabendo da morte do

seu pai, decide suspender as conquistas na Andaluzia e viajar até Leão, a fim de

reivindicar a coroa. D. Berenguela decidiu negociar com D. Teresa, para assegurar um

acordo que fosse proveitoso para ambas as partes. A solução escolhida foi aceitar a

união das coroas de Leão e Castela, sob o governo de Fernando III. As infantas D.

Sancha e D. Dulce foram favorecidas com altas indeminizações, de trinta mil áureos

anuais, subsidiadas pelo rei de Castela, e alguns castelos. A este pacto de entendimento

deu-se o nome de tratado de Valença.

Os reis Fernando III e D. Sancho II encontraram-se no Sabugal, a 2 de Abril de

1231, para confirmarem os acordos de fronteiras e de amizade, entre os reinos de

Castela e Portugal.

Fernando III conquistou Córdova, a 29 de Junho de 1236, convertendo a sua

grande mesquita numa catedral cristã. Casou com D. Beatriz de Suábia, e após o ter

deixado viúvo, voltou a contrair matrimónio com D. Joana de Ponthieu.

23

FERNÁNDEZ, Luis Suáres, Historia de España – Edad Media, Madrid, Editorial Gredos, Janeiro de

1978, pp – 279, 280.

LOYN, Henry R, Dicionário da Idade Média, (SL), Jorge Zahar Editor, 1990. P – 145.

Primera Crónica General de España Volumen II, Madrid, Editorial Gredos, 1977, pp – 713, 714.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

22

Neste período da reconquista cristã na Andaluzia, os castelhanos deparavam-se

com um grande problema, a fome. Fernando III coordenava o ataque a Sevilha a partir

de Córdova e conseguiu conquistar: Aguilar; Cabra; Osuna; Cazalla; e Morón. O campo

estava livre para a conquista de Sevilha, pois Jaime I tinha ido defender Montpellier,

que se encontrava sobre o ataque de França. Mas em 1242, Diego Lopes de Haro

elevou-se contra o rei de Castela, reclamando a doação de mais territórios, que

acabaram por lhe ser concedidos por Fernando III.

Terminado este incidente, o soberano castelhano ficou doente, tendo-se retirado

para Burgos. Entregou a campanha para a conquista de Múrcia ao seu filho varão, o

infante Afonso, e a cidade foi cedida por antigos apoiantes de Ibn Hud, em 1243, sem

qualquer resistência. Ao contrário desta anexação, outras houve que não foram de tão

fácil conquista, como é o caso da tomada sangrenta das cidades de Lorca, Cartagena e

Mula, que foram palcos de confrontos entre os muçulmanos e as tropas castelhanas,

lideradas pelo mestre de Santiago, D. Paio Peres Correia e Rodrigo González Girón.

Logo a seguir de Castela se apoderar de Múrcia, o exército entrou por Moguente e

Enguera, com a intenção de alcançar e tomar a cidade de Játiva.

Jaime I não gostou das intenções de Fernando III, pois julgava que Játiva lhe

pertencia de pleno direito. Desta forma, o rei de Aragão invadiu Castela, e conquistou

Villena, Sax, Caudete e outras localidades. D. Violante de Hungria, mulher de Jaime I, e

Diego Lopes de Haro, chegaram a um entendimento, prevalecendo a paz, que foi

celebrada a 22 de Maio de 1244, no tratado de Almizra. A fronteira entre Aragão e

Castela foi fixada desde o porto de Biar, no interior, até à costa entre Altea e

Villajayosa. O rei de Aragão retirou-se de Villena e o infante Afonso abandonou as

praças conquistadas. Apesar de tudo, o tratado de Almizra era muito mais favorável

para Castela, a nível territorial24

.

24

FERNÁNDEZ, Luis Suáres, Historia de España – Edad Media, Madrid, Editorial Gredos, Janeiro de

1978, pp – 281-293.

Primera Crónica General de España Volumen II, Madrid, Editorial Gredos, 1977, pp – 722-746.

FERNANDES, Hermenegildo, D. Sancho II, Rio de Mouro, Temas e Debates, Fevereiro de 2010. P –

245-249.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

23

1.6. Reino de Granada

O reino nasrida de Granada, edificado no ano de 1238, pelo descendente de

Sa´ad ben Ubayd Allah, um dos companheiros do profeta, o príncipe Abu Abd Allah

Muhámmad ben Yusuf ben Nasr, mais conhecido por Al-Ahmar Muhammad, ansiava

por construir o seu domínio absoluto sobre a Andaluzia, enquanto os seus

contemporâneos se apoderavam das cidades de relevo. Ibn Hud tomou Múrcia e Ibn

Sa´ad ficou com Valência. Muhammad já era senhor de Guadix e de Baza, mas no ano

de 1232 apoderou-se de Jaén, proclamando-se emir de todo o Al-Andaluz, pois já tinha

herdado os despojos de Ibn Hud. Estabeleceu a capital do seu império em Granada, no

mês de Junho de 1238. Também se reconhecia como rei de Almeria e de Alhama.

O rei de Granada chegou a acolher todos os mouros, foragidos dos territórios

islâmicos, recém-conquistados por Castela. Quando Muhammad I decidiu anexar

Múrcia, já se encontrava sob o olhar de Fernando III, rei de Castela, que decide avançar

tropas para Arjona, Caztalla, Begijar e Carchena, que lhe permitiu acampar em Veiga de

Granada, em Fevereiro de 1245.

Em 1246 Fernando III montou cerco à cidade de Jaén, obrigando Muhammad I a

prestar vassalagem a Castela, com o objectivo de evitar o ataque eminente, e manter

Jaén nas mãos do Islão, mas tal não foi possível. Os esforços foram infrutíferos, tendo a

cidade sido entregue a Fernando III, sob um pacto que Muhammad I assinou com

Castela, onde ficou registada a vassalagem entre os dois monarcas e as suas futuras

linhagens. Tinham o dever de se apoiar a nível militar e político, podendo assistir às

cortes do seu aliado, quando estas fossem convocadas.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

24

No cerco de Sevilha de 1248, quinhentos ginetes, ou seja cavaleiros granadinos,

participaram ao lado dos soldados castelhanos25

.

Os principais objectivos de Muhammad I eram manter relações pacíficas com o

rei Fernando III e ao mesmo tempo com os reis muçulmanos do Magreb e de Ifriqiya.

Em 1248 Granada unia-se a Castela, combatendo os seus aliados, no cerco de Sevilha,

que só se renderiam passados seis meses.

Temos de fazer uma retrospectiva sobre os sucessivos pactos de vassalagem de

Muhammad, para entendermos a política de alianças praticada por este rei. Num acto de

popularidade entre os seus correligionários, Muhammad decide criar laços de

vassalagem com o califa abássida de Bagdade, Al-Mustansir. Mas quando o poder

almóada se consolidou na Península Ibérica, preferiu aliar-se ao rei almóada de

Marraquexe, entre os anos de 1239 e 1242. Quando se deu a morte deste último

soberano, o rei de Granada prestou fidelidade ao dono de Ifriqiya, o rei hafsida de

Tunes, Abu Zacaria. A partir deste momento criou excelentes relações com os

sucessores de Zacaria, sabendo manter o seu vínculo de amizade. De Marraquexe

recebia subsídios e auxilio militar. Devido à concorrência comercial de Ceuta,

Muhammad decide atacar o rei independente de Ceuta, Al-Azafi. Granada tinha o

mercado do linho e da seda, que era disputado também por Ceuta. Al-Ahmar acabaria

por sair derrotada deste conflito, além disso o maior número das embarcações

granadinas tinham sido tomadas por Al-Azafi.

25

FERNÁNDEZ, Luis Suáres, Historia de España – Edad Media, Madrid, Editorial Gredos, Janeiro de

1978, pp – 293, 294.

GHEJNE, Anwar G., Historia de España Musulmana, Madrid, Ediciones Catedra, 1980, pp – 91, 92.

RUCQUOI, Adeline, História Medieval da Península Ibérica, Lisboa, Editorial Estampa, 1995, pp – 200-

201.

QUESADA, Miguel Ángel Ladero, Granada – Historia de Un País Islámico (1232-1571), Madrid,

Editorial Gredos, 1969, pp – 73-77.

BALBÁS, Leopoldo Torres, Ciudades Hispanomusulmanas Tomo I, (SL), Ministerio de Asuntos

Exteriores, Divección General de Relaciones Culturales, Instituto Hispano-Arabe de Cultura, 1971. P –

205.

Primera Crónica General de España Volumen II, Madrid, Editorial Gredos, 1977. P – 746.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

25

Após a queda de Sevilha, às mãos de Fernando III, o reino de Granada era o único

resistente islâmico na Península Ibérica, graças à sua última aliança com o reino cristão

de Castela26

.

26

AIRÉ, Rachel, El Reino Nasri de Granada (1232-1492), Madrid, Editorial MAPRE, 1992, pp – 22, 23.

GHEJNE, Anwar G., Historia de España Musulmana, Madrid, Ediciones Catedra, 1980. P – 92.

RUCQUOI, Adeline, História Medieval da Península Ibérica, Lisboa, Editorial Estampa, 1995, pp – 200-

201.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

26

2

Os Participantes

no Cerco de Sevilha de 1248

e as Suas Motivações

É importante termos uma ideia das várias frentes de combate, tanto do campo de

Castela como da defesa almóada, que permanecia dentro da cidade de Sevilha, agora

fiel ao hafsida Abu Zacaria, rei do emirado de Tunes. Não podemos esquecer as várias

razões que motivaram ambas as facções e as ambições dos seus respectivos aliados.

Castela tinha o apoio militar de Portugal, de Leão, dos mouros nasridas de Granada e de

alguns cavaleiros provenientes de França, sem contar com os inúmeros cavaleiros

itinerantes, que irromperam de vários locais a sul da Europa. Os almóadas hafsidas

contavam apenas com o auxílio de Tunes.

Os mouros almóadas hafsidas participaram na defesa de Sevilha, enquanto os

castelhanos cercavam a cidade. O seu principal objectivo era impor o poder do soberano

de Tunes, Abu Zacaria, nos territórios cristãos.

A permanência muçulmana na Andaluzia baseava-se num sistema de

povoamento defensivo, com fortificações que funcionavam como um todo, divididas

por zonas demarcadas. Normalmente nesta zona, a sul da península, os castelos

islâmicos eram quadrangulares, como é o caso do de Sevilha27

.

Os almóadas eram uma corrente religiosa vinda do Magreb e compartilhavam

muitas semelhanças com os almorávidas. Tinham uma origem berbere e uma forte base

religiosa. O fundador deste movimento foi Muhammad Ibn Tumart, nascido no sul de

Marrocos, no ano de 1084. Deslocou-se para o Al-Andaluz ainda muito novo, para

estudar em Córdova e depois de muitos anos viajou por Alexandria e Bagdad. Quando

regressou ao Al-Andaluz organizou um movimento chamado al-um´minun, ou seja, os

fiéis, para confrontar os almorávidas, que então governavam a Andaluzia, proclamando

a sua justiça, recorrendo à violência. Acabou por morrer em 1130, mas o seu legado

ficou bem presente no sul da Península Ibérica28

.

27

OLIVEIRA, Nuno Villamariz, Castelos Templários em Portugal (1120-1314), 1ª edição, Lisboa,

Ésquilo Edições, 0utubro de 2010. P – 141.

28

GHEJNE, Anwar G., Historia de España Musulmana, Madrid, Ediciones Catedra, 1980, pp – 76-79.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

27

O fascínio dos almóadas pelo território da Andaluzia era tão grande, que levou o

vizir e poeta Ibne Alhimara a proferir as seguintes palavras: “Os seus lugares que

brilham entre as árvores parecem pérolas desirmanadas em leito de esmeraldas”29

.

Esta frase faz todo o sentido, já que os habitantes andaluzes preferiam viver isolados,

longe das cidades e vilas, numa casa pintada de branco, rodeada por campos

cultivados30

. Assim se compreende o interesse dos muçulmanos em permanecer em

território ibérico, pois era fértil e rico na variedade de culturas, ao contrário do solo

árido de Marrocos.

Os muçulmanos nasridas, que governavam o emirado de Granada, procuravam,

acima de tudo, estreitar os laços de amizade, que nutriam com a coroa castelhana, desde

123131

. Desta forma Muhammad Ibn Al-Ahmar decide romper os laços de amizade com

o príncipe de Saragoça Ibn Hud, e aliar-se a Castela, antes do ano de 1238, aquando da

queda e subsequente morte de Ibn Hud, às mãos de Abu Marwan Al Bajé, que tomara

para si a cidade de Sevilha32

.

A nobreza castelhana tinha enriquecido bastante graças às batalhas da

reconquista cristã, desenvolvendo poderes locais nos territórios recentemente tomados33

.

Só esta razão motivaria qualquer cavaleiro castelhano ou leonês. Mas temos de ponderar

outras razões, também elas bastante válidas. Os reinos de Leão e Castela tinham unido

as suas coroas em 1230, na pessoa do rei Fernando III, e as conquistas alcançadas no sul

peninsular eram os primeiros desafios que estes dois reinos enfrentavam juntos. É

verdade que o número de cavaleiros castelhanos era largamente superior ao dos

leoneses, mas isso deve-se à proximidade das fronteiras de Castela com os territórios

islâmicos, pois o seu reino via-se ameaçado pela possibilidade de uma investida

fulgurante dos exércitos muçulmanos. Já o reino de Leão estava mais afastado,

geograficamente, do perigo. Não é de estranhar a fraca presença de galegos neste

conflito.

29

COELHO, António R., Portugal na Espanha Árabe Volume I, Lisboa, Seara Nova, Janeiro de 1972. P -

86. 30

IDEM, Ibidem, pp – 85, 86.

31

Primera Crónica General de España Volumen II, Madrid, Editorial Gredos, 1977. P – 746.

32

COELHO, António R., Portugal na Espanha Árabe Volume III, Lisboa, Seara Nova, Janeiro de 1972,

pp – 124, 125.

33

GERBET, Marie-Claude, Las Noblezas Españolas en la Edad Media Siglos XI-XV, Madrid, Alianza

Editorial, 1997. P – 69.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

28

Após a conquista de Sevilha assiste-se à repovoação da cidade. Para incentivar a

migração do povo castelhano para o território recém-conquistado, o rei Fernando III

oferece bens aos novos habitantes cristãos. Eram raros os moçárabes que ficaram a viver

em Sevilha, sendo até ultrapassados em número pela comunidade judaica. Esta medida

de repovoação foi muito importante tanto para Fernando III como para o seu filho

Afonso X. Apesar disso o número de moradores cristãos era menor que o da população

muçulmana que vivia na cidade antes da reconquista.

Os novos habitantes do vale do Guadalquivir eram sobretudo castelhanos,

catalães e leoneses, estes últimos em menor quantidade, mas também alguns

portugueses e galegos, que escolheram permanecer em Castela, no seguimento da

conquista de Sevilha. A presença acentuada dos portugueses em Sevilha também se

pode explicar devido ao exilio em Castela do rei deposto D. Sancho II, que se fez

acompanhar pelos cavaleiros que apoiavam a sua causa. D. Sancho II acabaria por

morrer fora de Portugal.

Exteriores à fronteira ibérica vieram genoveses e outros povos da Península

Itálica, que se destacaram a nível mercantil em Sevilha. Aqui se vislumbra um facto

curioso no repovoamento cristão da cidade, já que todos os novos habitantes têm uma

função bem delineada, ajudando-se mutuamente com os bens e serviços básicos para a

convivência da população. Sendo assim, entraram na cidade ricos-homens, camponeses,

comerciantes, mercadores, cavaleiros de linhagem, muçulmanos, judeus e outros

habitantes com profissões mais humildes, mas essenciais ao normal funcionamento

daquela comunidade. Este facto advinha de uma estratégia social organizada por uma

Junta de Partidores, criada pelo rei, a fim de se ocupar tanto a cidade como o campo,

que era composta pelo arcebispo de Sevilha, D. Remondo, alguns nobres, Rui Lopes de

Mendoza, Gonçalo Garcia de Torquemada, Pedro Blasco e o oficial do rei Fernão

Servicial.

Alguns cavaleiros franceses participaram na divisão de territórios. Eram

originários da comarca de Ponthieu, e provavelmente tinham vindo combater ao serviço

do rei Fernando III, na conquista de Sevilha, pois contraira o seu segundo matrimónio

com D. Joana de Ponthieu, no ano de 1237. D. Joana era filha dos condes de Ponthieu,

Simão e D. Maria, sendo sobrinha do rei de França, Luís IX. A razão da vinda destes

cavaleiros, poderá prender-se com a defesa da nova rainha de Leão e Castela, sendo esta

dama tão bem-vista na corte do rei Luís IX. Este condado ficava a norte de França. Os

cavaleiros desta zona de França podiam ser “armiger”, ou seja, escudeiros, que

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

29

envergavam este título com alguma superioridade, já que adquiriam um grau de nobreza

ao invés do simples cavaleiro vilão, pois era exclusividade dos bem-nascidos. Também

receberam territórios, aquando da divisão, Afonso de Molina, irmão de Fernando III, o

infante Fadrique, o infante Henrique, o infante Filipe, o infante Sancho e o infante

Manuel. Logo a seguir começaram as doações de terras aos ricos-homens de Castela e

Leão, como Diego Lopes de Haro, senhor de Biscaia. Cada um desses nobres recebeu

um terreno senhorial, com vastos olivais, figueirais e campos cerealíferos. O

repartimento de terras foi descrito no Libro del Repartimiento, redigido já no reinado de

Afonso X, o Sábio.

Durante a restauração da Arquidiocese de Sevilha, o rei Fernando III doou

fundos monetários à Igreja de Sevilha, assim como a vários bispos, clérigos, mosteiros e

outras igrejas. Como forma de agradecimento às ordens de cavalaria do Templo,

Calatrava, Alcántara, San Juan e Santiago, mestrada pelo português D. Paio Peres

Correia, o rei entregou alguns bens patrimoniais, que lhes eram devidos, pela sua eficaz

ajuda militar, como é o caso de castelos. Com esta acção Sevilha estaria mais bem

protegida das possíveis investidas islâmicas.

Duzentos cavaleiros de linhagem, de condição inferir de nobreza, instalaram-se

na cidade juntamente com a sua família. Talvez os benefícios de que gozavam estes

guerreiros se revelassem aliciantes para tornar a sua presença permanente naquela

comunidade. Entre estes destacavam-se a casa própria, vinte arensadas de olival, seis

arensadas de vinha, duas de horta e seis jeiras de terreno para o pão. Em troca os

cavaleiros defenderiam a cidade e os seus habitantes de possíveis ataques34

.

Devemos admitir que o rei Fernando III estava a ser muito generoso, em

fornecer tamanhos benefícios à cavalaria, que serviam de atractivos para os novos

moradores. Era, de facto, necessário ter uma boa defesa da cidade conquistada, não

fossem os almóadas realizar uma resposta à invasão castelhana, sendo, desta forma,

34

MOXÓ, Salvador, Repoblacion y Sociedad en la España Cristiana Medieval, Madrid, Ediciones

Rialp, 1979, pp – 355-362.

Primera Crónica General de España Volumen II, Madrid, Editorial Gredos, 1977, pp – 735, 769, 770.

MARTINS, Miguel Gomes, De Ourique a Aljubarrota – Guerra na Idade Média, 1ª edição, Lisboa, A

Esfera dos Livros, Junho de 2011. P – 171.

FERNANDES, Hermenegildo, D. Sancho II, 1ª edição, Rio de Mouro, Temas e Debates, fevereiro de

2010. P – 338.

DUBY, Georges, A Sociedade Cavaleiresca, Lisboa, Editorial Teorema, 1989, pp – 114, 115.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

30

peremptório investir no braço armado. O cavaleiro dispunha de um papel primordial no

panorama da cidade medieval, como já foi mencionado anteriormente, ainda para mais

se estivermos a falar de uma capital do reino, como é o caso de Sevilha.

Para terminarmos esta descrição sobre as várias frentes de batalha, gostaríamos

de deixar o testemunho poético do historiador e geografo Ibn Said Al-Magribi, que

estudou em Sevilha no século XIII, durante a ocupação almóada. Viveu entre 1214 e

1274.

“A Batalha

Oh Allah! As bandeiras dos cavaleiros pairavam como pássaros em torno dos

inimigos.

As lanças pontuavam o que escreviam as espadas; o pó do combate era a areia que

secava a escrita, e o sangue perfumava-a.”35

Ibn Said Al-Magribi

35

ALBORNOZ, Claudio Sánchez-, La España Musulmana Tomo II, 4ª edição, Madrid, ESPASA-

CALPE, 1974. P – 320.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

31

3

A Participação Portuguesa

no Cerco de Sevilha

A cavalaria que decidiu combater no cerco de Sevilha estava dividida em quatro

grupos: os que acompanharam D. Sancho II no seu exilio em Toledo; aqueles que

estavam integrados nas ordens militares de cavalaria; os cavaleiros itinerantes; e os

cavaleiros que partiram a mando do rei D. Afonso III.

Todos os freires-cavaleiros das ordens militares de cavalaria tinham o dever de

praticar a oração e de combater o infiel36

. Os três valores primordiais das ordens

militares e religiosas eram: castidade; pobreza; e obediência. Para além das suas

obrigações humanitárias, económicas, militares e políticas. As ordens militares de

cavalaria guerreavam em Sevilha, devido à reconquista cristã, combatendo os mouros,

numa cruzada para libertar o território da ocupação islâmica.

O mestre da Ordem do Templo, de Portugal, Castela e Leão, Frei Pedro Gomes

participou no cerco de Sevilha com os cavaleiros templários, mas já anteriormente tinha

redigido uma sentença, a 5 de Maio do mesmo ano, a propor uma demanda da cavalaria

portuguesa em cruzada até à cidade de Sevilha37

.

O mestre de Avis D. Martim Fernandes participou na conquista de Sevilha, com

os cavaleiros referentes à Ordem de Avis. A 15 de Janeiro de 1248 o rei Fernando III

agradece todo o apoio militar de D. Martim Fernandes, concedendo-lhe várias mercês.

O rei de Castela tratava assim a Ordem de Avis como uma corporação autónoma e

independente38

. D. Martim Fernandes era o quinto mestre de Avis. Em virtude do

auxílio prestado pela Ordem de Avis a Castela, no âmbito da reconquista de Sevilha, o

rei Fernando III doou mil maravedis à ordem portuguesa.

36

PERES, Damião, História de Portugal Volume I, 3ª edição, Porto, Portucalense Editora, 1969. P - 73. 37

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 173.

38

Lusitania Sacra Tomo I, Lisboa, Revista do Centro de Estudos de Historia Eclesiastica, 1956. P – 63.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

32

O mestre de Avis chegou a estar presente no arraial de comemoração pela vitória

castelhana na conquista de Sevilha, em finais de 124839

.

A Ordem de Santiago, intitulada na época por Ordem de Uclés, devido a estar

sitiada nessa localidade, que lhes fora doada por Afonso VIII no ano de 1174, era desde

Março de 1242 mestrada pelo português D. Paio Peres Correia. Desde esse ano

combateu na reconquista cristã ao lado de Fernando III, até à sua participação no cerco

de Sevilha. Durante esse período fez, contudo, algumas deslocações a Portugal,

chegando a visitar a corte de D. Sancho II, na Primavera de 1245, em inícios da guerra

civil40

. Conquistou Aljustrel aos mouros, como recompensa a vila foi doada à Ordem de

Santiago, pelo rei D. Sancho II41

.

A Ordem do Hospital, também estava representada no cerco de Sevilha,

nomeadamente através do prior de Portugal. Com estes exemplos percebemos

claramente, que também imperava a ambição de receber alguns benefícios territoriais e

económicos, pelo seu apoio militar a Castela.

A maior parte da nobreza portuguesa provinha de Leão, pois não esqueçamos

que o condado Portucalense pertencia aos territórios deste reino. O cavaleiro devia

sempre cumprir a função de combater sob a alçada de um rei, uma ordem religiosa de

cavalaria ou de um cavaleiro com um grau de nobreza superior ao seu. Os nobres que

combatiam ao serviço do rei recebiam doações em terras ou dinheiro e estavam isentos

de pagar quaisquer tributos, dispondo de um foro privativo; desta forma, não poderiam

ser julgados por juízes comuns. Ainda exerciam poder militar e judicial alargado sobre

os moradores sem nobreza dos seus territórios, tendo o direito de cobrar taxas e

exacções.

39

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 173.

ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Nobreza de Portugal e do Brasil Volume I, 2ª edição, Lisboa,

Editorial Enciclopédia, 1984. P – 167.

40

HERCULANO, Alexandre, História de Portugal – Desde o Começo da Monarquia até o Fim do

Reinado de D. Afonso III Tomo II, Amadora, Livraria Bertrand, Junho de 1980, pp – 639, 640.

BENAVIDES, Antonio, Historia de las Órdenes de Caballeria y de las Condecoraciones Españolas

Volumen I, Madrid, Tomás Rey, 1864, pp – 132, 133.

41

PINA, Rui de, Chronica do Muito Alto, e Muito Esclarecido Príncipe D. Sancho II, Quaro Rey de

Portugal, Lisboa, Lisboa Occidental – Oficina Ferreyriana, 1728. P – 23.

BENAVIDES, Antonio, Historia de las Órdenes de Caballeria y de las Condecoraciones Españolas

Volumen I, Madrid, Tomás Rey, 1864, pp – 132, 133.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

33

Não podemos esquecer que os camponeses pagavam direitos pela exploração agrícola,

dentro dos domínios do senhor42

.

Por estas razões alguns nobres partiram para Sevilha para servir o rei Fernando

III, de forma completamente autónoma; designamos estes guerreiros por cavalaria

itinerante.

As razões da sua procura por um conflito, que os pudesse beneficiar, como é o

caso da conquista de Sevilha, são múltiplas. Alguns tinham sérias divergências com o

actual rei de Portugal, outros procuravam uma batalha, onde pudessem libertar o seu

ardor combativo, por outras palavras, exercer o ofício de cavaleiro, ao qual dedicavam

toda a sua existência, para além de outras motivações mais invulgares.

Mas a principal razão para a deslocação dos cavaleiros portugueses para Castela,

no início de 1248, fossem eles ricos-homens, infanções ou nobres de sangue, fora o

exilio de D. Sancho II em Toledo, vendo-se encurralado pelo irmão D. Afonso, durante

a guerra civil, que já durava desde 1245. Os apoiantes de D. Sancho II acompanharam-

no, e após a sua morte, logo em Janeiro desse mesmo ano, preferiram permanecer em

território Castelhano, participando assim no cerco de Sevilha43

. De facto, os aliados de

D. Sancho II não queriam regressar a Portugal, vendo-se confrontados com a

possibilidade de serem governados por um rei ao qual negavam qualquer legitimidade

ao trono.

Ao contrário deste último grupo de cavaleiros, outros havia que deixavam

Portugal, por ordem do rei D. Afonso III, pois este soberano queria manter boas

relações com a coroa castelhana, a fim de evitar que interferissem nas suas pretensões

ao território algarvio.

42

PERES, Damião, História de Portugal Volume I, 3ª edição, Porto, Portucalense Editora, 1969, pp – 71,

74.

MATTOSO, José, Ricos-Homens, Infanções e Cavaleiros – A Nobreza Medieval Portuguesa nos Séculos

XI e XII, Lisboa, Guimarães e C.ª Editores, 1982. P – 151.

43

PINA, Rui de, Chronica do Muito Alto, e Muito Esclarecido Príncipe D. Sancho II, Quaro Rey de

Portugal, Lisboa, Lisboa Occidental – Oficina Ferreyriana, 1728, pp – 20, 21.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

34

4

A Cavalaria Portuguesa

no Cerco de Sevilha de 1248

4.1

Os Cavaleiros ao Serviço

do Infante Afonso

Dois cavaleiros se destacavam entre todos os outros, no comando das operações,

enviados pelo rei português D. Afonso III, para auxiliar o rei de Castela e de Leão,

Fernando III, o Santo. Os seus nomes eram D. Rodrigo de Froiaz, ou Frojas, de

Trastâmara II e D. Pero de Gusmão, os quais trataremos mais a fundo no seguimento

deste capítulo. Estes dois guerreiros cristãos saíram vitoriosos nos confrontos frente ao

comandante dos almóadas tunisinos, Acaçaf, em plena Sevilha árabe. Pondo-se em

defesa do príncipe Afonso, futuro rei de Leão e Castela, acompanhando-o no encontro

com um comandante mouro às portas das muralhas da cidade, pela madrugada, o que

resultou num confronto entre os mouros e a cavalaria portuguesa44

.

Passaremos a descrever os cavaleiros envolvidos nesta pequena emboscada.

O primeiro cavaleiro mencionado pelo conde de Barcelos, D. Pedro, no livro de

linhagens, é D. Paio Soares Correia, filho de D. Soeiro Pais Correia e de D. Urraca

Peres. Era irmão de Dª. Gotarde Soares, que por sua vez casou com o cavaleiro D. Pais

Ramires Carpinteiro45

.

O seu primeiro casamento foi com D. Goutinha Godins de Lanhoso, filha de D.

Goutinho Fafez, o Velho, que ainda era descendente do irmão de Egas Moniz, de seu

nome Mem Moniz, e a sua mãe era D. Goutinha Mendes.

44

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 174.

45

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 107.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

35

Deste casamento resultaram duas filhas D. Ouroana Pais Correia e D. Sancha Pais

Correia46

.

Após a morte da sua mulher, o cavaleiro casou-se pela segunda e última vez,

com D. Maria Gomes da Silva, filha de D. Gomes Pais da Silva e de D. Urraca Nunes.

Era bisneta de D. Guterre Anderete da Silva, que, segundo as fontes, se destacava como

uma família nobre e influente. Era irmã de D. Urraca Gomes da Silva. Desta união

geraram dois filhos, D. Pero Pais Correia e D. Maria Pais de Foanes47

.

Algumas fontes legitimam D. Paio Soares Correia como avô do mestre D. Paio

Peres Correia, o que era improvável, já que estiveram ambos no cerco de 1248, segundo

os livros de linhagens. D. Paio Soares Correia foi um dos mais notáveis cavaleiros do

cerco de Sevilha, segundo frei António Brandão48

.

D. Fernão Pires de Guimarães sobressai nos livros de linhagens, não através

dos feitos, mas sim da sua ilustre família dos Riba de Vizela, originária do período

inicial dos princípios de cavalaria. Para além disso distinguia-se por ter parentesco com

importantes famílias do reino. Desta família descendiam os Cambra e os Sáde49

. Os

Riba de Vizela eram das mais nobres e notáveis linhagens do século XIII português, e

como poderemos ver adiante, participaram activamente na conquista de Sevilha.

Era filho de D. Pedro de Farmariz de Riba de Vizela, no entanto não se sabe o

nome da mãe50

. Teve por irmãos D. Pai Pires de Guimarães e D. Pero Pires de

Guimarães. Casou-se com Dª. Usco Godins de Lanhoso, curiosamente irmã da D.

Goutinha, acima referida. Houve deste casamento dois filhos, de seus nomes: D. Martim

Fernandes de Riba de Vizela, que ocupou o cargo de alferes do rei D. Sancho I, desde

46

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia

das Ciências, 1980. P – 82.

47

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 107.

48

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 174. 49

IDEM, Ibidem.

50

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 231.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

36

1203 até ao ano da morte deste soberano, e poderá ter combatido ao lado do pai neste

cerco de 1248; e D. João Fernandes51

.

D. Reimão Viegas de Siqueira, este cavaleiro tem a particularidade invulgar de

ter adoptado o apelido da mãe, apesar de não se conhecer o nome próprio, apenas a

família. O seu pai era D. Estevão Pires Coronel52

. Por irmãos deste casamento tinha D.

Martim Viegas de Siqueira e Dª. Mor Viegas de Siqueira53

. A mãe destes três filhos, da

qual não se conhece o nome, casou uma segunda vez, após a morte do seu cônjuge. De

seu nome D. Vasco Afonso, e dele teve um filho, ao qual deu o nome D. Rui Vasquez.

Este nobre era natural de Labom da terra de Santa Maria e de Ravela de Riba de Paiva.

O segundo casamento desta nobre dama, da família Siqueira, é mal visto pelo conde D.

Pedro de Barcelos54

. O que era bastante normal aos olhos da época.

Apesar de também não se saber o nome da mulher de D. Reimão, apura-se

apenas a sua descendência, nascendo desta união os filhos D. Estevão Raimundo de

Siqueira e D. Maria Raimundo de Siqueira55

.

51

IDEM, Ibidem, pp – 34, 35.

ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora

Enciclopédia, 1961. P – 264.

MATTOSO, José, Ricos-Homens, Infanções e Cavaleiros – A Nobreza Medieval Portuguesa nos Séculos

XI e XII, Lisboa, Guimarães e C.ª Editores, 1982, pp – 127, 128.

52

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 174.

53

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P - 468.

54

IDEM, Ibidem. P - 475.

55

IDEM, Ibidem. P – 469.

ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora

Enciclopédia, 1961. P – 499.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

37

D. Afonso Pires Ribeiro era genro de D. Reimão Viegas de Siqueira,

anteriormente referido nesta investigação56

. Filho de D. Pedro Nunes Guedeão, que

detinha o cognome peculiar de o Pestanas de Cão. A sua mãe dava pelo nome de D.

Maria Soares. Casou-se com D. Maria Raimundo Siqueira57

.

Foi uma das testemunhas do testamento do rei D. Sancho II, apercebemo-nos,

assim, que detinha um grande relevo na corte deste soberano. Regressa a Portugal e

poderá ter participado no cerco de Faro, de 1249, ao lado de D. Afonso III, apesar de ter

sido apoiante de D. Sancho II até ao ano da sua morte, a 3 de Janeiro de 1248. Desde

este conflito permaneceu o resto da sua vida no reino de Portugal58

.

Uma das famílias onde se constatam mais partidas, para fora de Portugal, é a de

Porto Carreiro, da qual faz parte D. Egas Henriques de Porto Carreiro. Família de

enorme influência em Portugal e Galiza, de onde eram naturais, tal como grande parte

da nobreza portuguesa, e possuíam propriedades.

Os seus tios, D. Pedro Anes de Porto Carreiro e D. Gonçalo Anes de Porto

Carreiro, confirmaram a doação de Aiamonte para a Ordem de Santiago, de Castela,

feita pelo rei D. Sancho II, no ano de 124059

.

Era filho de D. Henrique Fernandes Magro e de D. Ouroana, da qual não se

conhece a família.

Casou-se com D. Teresa Gonçalves de Curveira, que era filha de D. Gonçalo

Viegas de Curveira e de D. Urraca Vasques. Teve dela quatro filhos: D. João Viegas,

famoso por ter sido arcebispo de Braga, seguindo uma vida eclesiástica, o que era

bastante invulgar para um filho varão; D. Gomes Viegas, que ganhou mais tarde o

apelido de Peixoto, conhecido pela sua mestria como cavaleiro; D. Gonçalo Viegas, o

Alfeirão; e D. Ramon Viegas60

.

56

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 174.

57

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia

das Ciências, 1980. P – 112.

58

MARTINS, Miguel Gomes, De Ourique a Aljubarrota – Guerra na Idade Média, 1ª edição, Lisboa, A

Esfera dos Livros, Junho de 2011. P – 165. 59

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 174.

60

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 231.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

38

Esta família provém de D. Garcia Afonso, que era rico-homem no reino de Leão.

O seu filho era D. Reimão Garcia de Porto Carreiro, que acompanhou o conde D.

Henrique até ao reino de Portugal, onde estabeleceu a sua família61

.

D. Mem Rodrigues de Tougues era filho de D. Rodrigo de Froiaz de

Trastâmara II. Casou com D. Châmoa Gomes de Pombeiro62

, a qual era filha de D.

Gomes Nunes de Pombeiro e de D. Elvira Peres. Esta união deu origem, posteriormente,

à família Pereira. Nasceu deles, D. Soeiro Mendes Facha.

Após a morte de D. Mem, a sua mulher D. Châmoa casou uma segunda vez com

D. Pai Soares Çapata e tiveram dois filhos, D. Pero Pais, o Alferes, e D. Eixamea Pais63

.

D. Châmoa chegou a ter um filho do rei D. Afonso III, de seu nome D. Fernando

Afonso, mas este morreu às mãos das freiras da Ordem de Uclés, em Évora64

.

D. Ramiro de Quartela era nobre de alta fidalguia que fez muito em prol do

reino de Portugal, como nos delegam as palavras do conde D. Pedro. Foi casado com

uma dama, da qual não se consegue obter o nome, e teve um filho chamado, D. Fernão

Ramires65

. É importante referir que foi o primeiro da família Quartela, ou como nos é

referido pelo frei António Brandão, Quarella66

.

Quando participou no cerco de Sevilha já tinha uma idade avançada. Dele

descendem duas importantes famílias portuguesas, os Furtado e os Cunha, entre

outras67

.

61

ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora

Enciclopédia, 1961, pp – 446, 447.

62

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 285.

63

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 270, 271.

64

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia

das Ciências, 1980. P – 25.

65

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 56

66

IDEM, Ibidem. P – 304

67

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 174.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

39

D. Pero Novais, o Velho, foi um rico-homem, detentor do castelo de Corveira,

na época de D. Sancho II, como consta no foral de Évora. Os seus descendentes chamar-

se-iam, Novais ou Meira, esta última família tinha um brasão similar ao dos Meireles,

por isso se pensa que fossem primos68

.

Outra fonte mostra-nos que se mudou para a fronteira, tornando-se escudeiro,

para guerrear os mouros, vivendo de uma forma pobre, estabelecido na Riba de Tea,

acabou por ser preso pelos muçulmanos, que o mantiveram em cativeiro. Os

alfaqueques - responsáveis pelos cativos cristãos, na época da reconquista cristã - a

mando do rei de Leão, Afonso IX, pagaram a sua fiança e libertam-no das mãos mouras.

Alfaqueque é uma palavra árabe, que significa emissário. A partir daí, D. Pero Novais

foi entregar os seus préstimos ao rei Afonso IX, a fim de lhe pagar o resgate, que o

salvou.

Após ter combatido ao lado do rei de Leão, voltou para a sua terra de origem, a

Galiza, onde se tornou homem bom, e dedicou-se ao cultivo de milho. Com a escassez

de alimento, que se fazia sentir naquele reino, acabou por ter inúmeros lucros. Casou-se

com D. Maria Soares, e concebeu dela D. Pai Novais, o Velho, que se casou com Dª.

Mor Soares69

.

Foi o primeiro da família Novais70

. Conta-se também que talvez seja pai de D.

Sancha Pires71

. Estas informações vastas e complexas, são explicadas pelo nome vulgar

do cavaleiro, aqui tratado, que deixa latente a sua história mais fidedigna.

Participou no cerco D. Pero Soares Escaldado, neto de D. Nuno Soares, o

Velho, o Prestameira, descendente de D. Arnaldo de Baião, que era cavaleiro ao lado de

D. Gonçalo Mendes da Maia, na época de D. Afonso Henriques72

. Sendo D. Pero

membro das mais antigas linhagens portuguesas, pois os Baião já estavam estabelecidos

neste território desde o século X.

68

IDEM, Ibidem.

69

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 140, 141.

70

IDEM, Ibidem. P – 300.

71

IDEM, Ibidem. P – 103.

72

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 84.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

40

Foi casado com D. Maria Vasques Ramiroa, filha do alcaide de Coimbra, D.

Vasco Pais, e de D. Ermesenda Martins, que era filha de D. Martim Anaia73

. Deste

casamento nasceram: D. João Pires Redondo, cavaleiro que participou no cerco de

Sevilha; D. Pedro Velho; D. Martim Peres Zote; D. Pedro Pires Bravo, nobre que

integrou também o grupo de cavaleiro que partiu à conquista de Sevilha; D. Maria

Bravo; e D. Sancha Peres, que se tornou abadessa de Vairão, destino comum para as

mulheres que não conseguiam contrair matrimónio74

.

D. Pero Soares Escaldado era filho de D. Soeiro Nunes e de D. Teresa Anes de

Penela. Desta união resultaram os seguintes rebentos: D. Pero Soares Escaldado, deram-

lhe este apelido devido a possuir pouca, ou nenhuma, barba; D. Maria Soares; e Dª. Mor

Soares, que casou com D. Pero Novais, o Velho75

.

A mãe de D. Pero, D. Ermezenda, já se tinha casado antes com D. Pero de

Randufez, portanto já era fruto do segundo casamento76

.

D. Lourenço Fernandes da Cunha era bisneto de D. Guterre, um dos capitães

que veio de Borgonha com o conde D. Henrique, para a reconquista cristã da Península

Ibérica77

. Era filho de D. Fernando Gonçalves da Cunha e de Dª. Mor Randufez.

Casou com D. Sancha Lourenço de Maceira, filha de D. Lourenço Gomes de

Maceira, de quem trataremos adiante. Deste casamento nasceram os seguintes filhos: D.

Egas Lourenço, que não chegou a casar; D. Vasco Lourenço, que casou com D. Teresa

Peres; D. Gomes Lourenço; D. João Lourenço, este filho também não se casou; D.

Martim Lourenço, que casou com D. Sancha Garcia de Pavha; D. Urraca Lourenço,

casou-se com D. Martim Dade, alcaide de Santarém; Dª. Mor Lourenço, que casou com

73

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia

das Ciências, 1980. P – 334.

74

IDEM, Ibidem. P – 181.

75

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 479.

76

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 116

77

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 175.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

41

D. Estevão Malha; D. Sancha Lourenço, que se tornou freira de Vairão; e D. Maria

Lourenço, que casou com D. Ourigo da Nóbrega78

.

Outra fonte lança a duvida sobre o verdadeiro nome da mulher de D. Lourenço

Fernandes da Cunha, pondo em alternativa os nomes D. Sancha, ou D. Maria Lourenço

de Maceira79

.

D. Lourenço era senhor do julgado da Taboa. Acabaria por morrer dez anos

depois do cerco de Sevilha, no ano de 125880

.

D. Lourenço Gomes de Maceira era filho de D. Gomes Pires de Maceira,

conde de Pintalho81

. O livro de linhagens afirma que afinal era filho de D. Gomes Pais

de Santo e de D. Maria Pais. Tinha uma irmã chamada D. Loba Gomes, que se chegou a

casar.

D. Lourenço casou e teve os seguintes filhos: D. João Lourenço, que casou com

D. Maria Anes, e nasceram desta união D. Lourenço Faves Carneiro, D. Estevão Anes

Pintalho Pardo, D. Urraca Anes, e D. Maria Acha Anes Maceira; D. Maria Lourenço; e,

por fim, D. Sancha Lourenço, aquela que casou com D. Lourenço Fernandes da

Cunha82

.

78

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia

das Ciências, 1980. P – 182.

AZEVEDO, Pedro A./FREIRE, Anselmo Braamcamp, Livro dos Bens de D. João de Portel – Cartulário

do Seculo XIII, 1ª edição, Lisboa, Edições Colibri, Câmara Municipal de Portel, Junho de 2003. P – VIII.

79

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 263.

ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Editora

Enciclopédia, 1961, Lisboa, pp – 187, 188.

80 AZEVEDO, Pedro A./FREIRE, Anselmo Braamcamp, Livro dos Bens de D. João de Portel –

Cartulário do Seculo XIII, 1ª edição, Lisboa, Edições Colibri, Câmara Municipal de Portel, Junho de

2003. P – VIII. 81

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 175.

82

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia

das Ciências, 1980, pp – 211, 212.

Page 45: A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248repositorio.ul.pt/bitstream/10451/23960/1/ulfl200608_tese.pdf · mencionando os aliados de Castela e dos almóadas, procurando explicar

A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

42

D. Gonçalo Pires de Belmir era filho de D. Pero Hueiriz, ou Aires, de Belmir e

de D. Gontinha Pais. Os seus irmãos eram D. Martim Pires de Belmir e D. Sancha

Pires83

.

Casou com uma dama, da qual se desconhece o nome, e deixaram descendência

D. Soeiro Gonçalves, D. João Gonçalves, D. Fernão Gonçalves, D. Pero Gonçalves, D.

Sancha Gonçalves e D. Maria Gonçalves. Todos os filhos detinham o apelido de

Bravuda, pois possuíam terras nessa localidade84

. D. Gonçalo Pires de Belmir vivia no

couto de Belmir, pois o seu pai era senhor de Belmir, mas o seu irmão mais velho, D.

Martim Pires, é que herdou esse título e terra85

.

D. Estevão Pires de Tavares, os desta família eram considerados bons

cavaleiros, segundo as crónicas de frei António Brandão86

. Foi o primeiro da família

Tavares87

.

Casou com D. Ouroana Esteves da Covilhã, filha do alcaide da Covilhã, D.

Estevão Anes da Covilhã, e de D. Teresa Afonso. Tiveram apenas dois filhos D. Pero

Esteves e D. João Esteves Orvalhus. Do seu primeiro filho teve um neto com o mesmo

nome que o seu, D. Estevão Pires de Tavares II, que casou com D. Maria Pires, filha do

mestre da Ordem de Alcântara, D. Soeiro Pires e de Dª. Giral Pires Maldoada, tendo por

filhos D. Pero Esteves, D. Gonçalo Esteves e D. João Esteves88

.

D. Estevão Mendes Petite, ou da Silva, destacou-se por ser descendente de D.

Paio Guterres da Sylua, ou Silva89

. Era filho de D. Mendo Sanches da Silva e de D.

Maria Soares, e tinha como seus irmãos D. Nuno Mendes Queixada, D. Pero Mendes, o

83

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 100.

84

IDEM, Ibidem. P – 102.

85

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 175.

86

IDEM, Ibidem.

87

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 225.

88

IDEM, Ibidem. P – 152.

89

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 175.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

43

Bel Pastor, e D. Maria Mendes90

. Casou com D. Constança Afonso de Cambra, tendo

por filho, D. Soeiro Petite. Aquando da morte de D. Estevão Mendes Petite, D.

Constança casou pela segunda vez, com D. Rodrigo Sanches. Após a morte desde D.

Rodrigo, D. Constança volta a casar, mas desta vez, com D. Fernão Rodrigues Pacheco,

e tiveram por filhos D. Martim Fernandes Pacheco Batalha e D. João Fernandes

Pacheco91

.

D. Constança Afonso de Cambra era filha de D. Afonso Anes de Cambra e de D.

Urraca Pires Ribeira, ou Ribeiradia92

.

D. Gonçalo Dias Cide, a sua família era a dos Goes, de Anaia da Estrada93

. Era

filho de D. Diogo Gonçalves de Goes94

.

Esteve na batalha de Ourique, com o rei D. Afonso Henriques. E foi D. Gonçalo

que o aconselhou a construir o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, segundo frei

António Brandão95

. O que sabermos ser impossível, já que também participou no cerco

de Sevilha de 1248. Casou com D. Elvira Froiaz, filha de D. Froiaz Vermuu. Tiveram

um filho chamado D. Salvador Gonçalves96

.

D. Pero Fernandes do Vale era descendente de D. Sesmundo, o fundador do

Mosteiro de Oliveira, os seus descendentes foram apelidados, do Vale97

.

90

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia

das Ciências, 1980. P – 270.

91

IDEM, Ibidem. P – 113.

92

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 38.

93

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 175.

94

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 241.

95

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 175.

96

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 112.

97

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 175.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

44

Era filho de D. Fernão Gonçalves e de D. Estevainha Martins. D. Pero casou

com D. Maria Pires de Anta, filha de D. Pero Esteves de Anta, da terra de Santa Maria,

e de Dª. Mor Mendes Encairadas. D. Pero e D. Maria tiveram por filhos: D. Rui do

Vale, que se tornou clérigo, pela época em que vivia poderá tratar-se de um segundo

filho, já que o filho varão, geralmente, ocupava um cargo de relevo na sociedade e

dentro da sua família, pois era ele o herdeiro do património dos seus antecessores; D.

Afonso Pires do Vale, que casou com D. Aldonça Rodrigues; e D. Martim Pires do

Vale98

. E teve outra filha, fora do casamento, chamada D. Inês Pires99

.

D. João Pires de Vasconcelos era filho de D. Pero Martins da Torre e de D.

Teresa Soares. Tinha uma irmã chamada D. Sancha Pires100

.

Casou com a condessa D. Maria Soares Coelho, filha de D. Soeiro Viegas

Coelho e de Dª. Mor Mendes, filha, por sua vez, de D. Mem Moniz, que chegou

primeiro à cidade de Santarém, durante a sua conquista cristã101

. Deste casamento

nasceram: D. Rodrigo Anes, que casou com D. Mécia Rodrigues a filha de D. Rui

Vicente de Penela e de Dª. Froilhe Esteves, neta de D. Estevão Soares da Mata; D.

Pedro Anes, que casou com D. Maria Brava, filha de D. Pedro Anes de Porto Carreiro, e

deixaram descendência; D. Estevão Anes, que se tornou bispo de Lisboa; e D. Teresa

Anes, que casou com D. João Fernandes, o Franco, os seus descendentes ficariam

apelidados de Ornelas102

.

D. Pero Martins da Torre era filho de D. Martim Moniz, o famoso cavaleiro que

esteve presente na conquista cristã de Lisboa, acabando por morrer durante esta batalha.

Era neto de D. Moniho Osarez. Entendemos, desta forma, que nos encontramos na

presença de um cavaleiro pertencente à alta nobreza, que se destacava visivelmente dos

restantes guerreiros. Casou com D. Teresa Soares, filha de D. Soeiro Pires Escacha e de

98

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, Lisboa. P – 137.

99

IDEM, Ibidem. P – 31.

100

Portugaliae Monumenta Historica-A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia

das Ciências, 1980. P – 43.

101

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 409.

102

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia

das Ciências, 1980. P – 136.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

45

Dª. Froilhe Viegas. D. Pero era irmão de D. João Martins Salsa, que tinha casado com

D. Urraca Viegas, concebendo um filho, D. Pedro Anes de Alvelo, primo de D. João

Pires de Vasconcelos103

. D. Gil Martins era co-irmão de D. João, e fora morto por D.

Airas Anes de Freitas.

D. João Pires de Vasconcelos e o seu primo D. Pedro Anes de Alvelo, foram ao

encontro de D. Airas, no Mosteiro de Fonte Arcada, tendo D. João morto o assassino de

D. Gil Martins, na presença do seu primo. Em defesa de D. Airas, dirigiram-se à corte

do rei D. Sancho II, o seu irmão D. Estevão Anes de Freitas e os cavaleiros D. Rui

Fafes, D. Vasco Lourenço e D. Martim Lourenço da Cunha. Chamaram, então, como

testemunha de acusação, D. Pedro Anes de Alvelo, para incriminar o seu primo. D.

Pedro Anes de Alvelo afirmou nada ter a ver com tal homicídio e requereu a presença

de D. João Pires de Vasconcelos, para garantir a sua inocência. D. Sancho II mandou

um aviso para D. João comparecer àquele julgamento, como forma de responder às

acusações que lhe foram feitas. Mas o cavaleiro não apareceu no prazo delineado pelo

rei. Alguns avisos foram chegando a D. João, mas este nunca lhes deu atenção,

acabando por se recusar determinantemente a aparecer no julgamento. Finalmente, após

as contestações dos cavaleiros, que se encontravam indignados com a situação, D.

Sancho II tomou uma decisão. Como o cavaleiro D. João não cumprira a lei, foi lançada

pelo rei a seguinte sentença: “Que aa revelia do dito D. Joham Pirez de Vasconcelos,

porque nons veera aos tempos que lhe foram assinalados, como manda o direito e o

costume dos reis que o dava por feitor, assi como o devia a seer Pedr´Eanes Alvelo, e

que a pena que o dito Pedr´Eanes Alvelo devia haver, que se tornasse a el toda, e que o

dito Pedr´Eanes Alvelo fosse livre e quite”. Após esta sentença, os cavaleiros, que

acusaram D. João Pires de Vasconcelos e D. Pedro Anes de Alvelo, beijaram a mão do

rei D. Sancho II. Esta sentença foi feita em Cabeça de Vide, a uma légua de Alter do

Chão104

.

103

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 57.

ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora

Enciclopédia, 1961. P – 49.

104

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 407-409.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

46

D. João tinha fugido de Portugal, rumando para Castela, a fim de se livrar da

sentença por assassinato. Este acto cobarde acabaria por lhe valer o epiteto de o

Tenreiro, que significava fraco ou amedrontado.

D. João fora, porém, um dos maiores fidalgos do seu tempo. Tornou-se o

primeiro senhor da torre dos Vasconcelos, situada na freguesia de Santa Maria dos

Ferreiros, nas terras entre os rios Homem e Cávado105

.

De D. Mem Pais Mogudo de Sandim, o Velho, descenderam os Ervilhães, os

Borbas e os Coresma106

. D. Mem era filho de D. Paio Mogudo de Sandim, o Velho.

Eram seus irmãos D. João Pais, que foi abade de Pombeiro e D. João Pais, que também

foi clérigo, o que era normal nesta época, pois o irmão mais velho herdava os bens dos

seus pais, ocupando a posição de cavaleiro e o seu título, se fosse caso disso, enquanto

os irmãos mais novos se entregaram muitas vezes à vida eclesiástica.

D. Mem casou e teve um filho, D. Martim Mendes Mgudo de Sandim107

.

D. Egas Gomes Barroso Guedeão e D. Gueda Gomes Barroso Guedeão eram

irmãos. Foram os únicos filhos de D. Gomes Mendes Guedeão e de D. Châmoa

Mendes.

D. Egas casou com D. Urraca Vasques de Ambia, filha de D. Vasco Guedelha, e

tiveram quatro filhos: D. Gomes Viegas de Basto; D. Pero Viegas; D. Rui Viegas, que

se tornou clérigo; e D. Urraca Viegas, que se casou com D. Soeiro Reimondo.

D. Egas exercia o ofício de rico-homem nos reinados de D. Sancho II e do seu

irmão D. Afonso III108

. Esta informação faz-nos acreditar que o cavaleiro em questão

tenha tomado o partido de D. Afonso III, durante a guerra civil, terminada a Janeiro de

1248, já que continuou o seu ofício no reinado do soberano vencedor.

105

ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora

Enciclopédia, 1961. P – 542.

106

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 176.

107

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 41.

108

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 330.

ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora

Enciclopédia, 1961. P – 113.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

47

D. Gueda Gomes Barroso Guedeão casou com D. Urraca Anriques de Porto

Carreiro, filha de D. Anrique Fernandes Magro. Desta união nasceram: D. Fernão

Guedas, que casou com D. Maria Fogaça, e deles nasceu D. Fernão Fernandes

Cogominho, o conhecido honrado cavaleiro do rei D. Afonso III; D. Gil Guedas, que se

casou com D. Maria Fernandes; e D. Alvite Guedas109

.

D. Martim Fernandes de Novais Pimentel era casado com D. Sancha Martins

de Riba de Vizela, filha de D. Martim Fernandes de Riba de Vizela e de D. Estevainha

Soares. D. Sancha já se tinha casado antes com D. Gonçalo Rodrigues de Nomães, e

teve um filho dele, chamado, D. Martim Gonçalves de Nomães. D. Martim Fernandes

de Novais Pimentel, sob a ameaça de roubo das suas propriedades, por parte de D.

Gonçalo Rodrigues Nomães, acaba por o matar e casar-se com a sua mulher D. Sancha.

Desta união conturbada nasceu D. Vasco Martins Pimentel, ilustre cavaleiro, que se

tornaria meirinho de todo o reino de Portugal, tendo partido mais tarde para Castela, ao

lado de outros fidalgos portugueses, com o objectivo de auxiliar o rei Afonso X, na

guerra civil, contra o príncipe herdeiro, futuro Sancho IV110

.

D. Martim Fernandes poderia ser irmão de D. Teresa Fernandes Macinhata111

.

Era pai de D. Sancha Martins, que chegou a casar com Estevão Anes de Freitas112

.

Ou podemos colocar a hipótese de se tratar de D. Martim Fernandes de Riba de

Vizela, filho de D. Fernão Pires de Guimarães e de Dª. Usco Godins de Lanhoso, irmão

de D. João Fernandes, como já referimos anteriormente. Esta família desempenhava um

papel relevante no panorama da nobreza portuguesa, sendo uma das mais influentes.

Casou-se com D. Estevainha Soares da Silva, neta de Pero Pais e filha de D.

Soeiro Pires da Silva e de Dª. Fruilhe Viegas de Lanhoso, juntos geraram os seguintes

filhos: D. Durão Martins, senhor do couto de Barrelas e Fráguas; D. Teresa Martins; D.

Sancha Martins, que casou com D. Gonçalo Rodrigues de Nomães, e após enviuvar

deste fidalgo, casou com D. Martim Fernandes de Novais Pimental, como já referimos;

Dª. Mor Martins, abadessa de Arouca; D. Elvira Martins; e Dª. Mor Martins.

109

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 355, 356.

110

IDEM, Ibidem, pp – 393, 394.

111

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 24.

112

IDEM, Ibidem. P – 135.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

48

D. Martim Fernandes de Riba de Vizela foi alferes do rei D. Sancho I, desde

1203 até ao fim do seu reinado. Chegou a ser governador de Lanhoso, de Vermoim e de

Faria, além de ter sido testemunha do testamento do rei vigente. Era proprietário de

vários territórios em Fafe, Alvaiázere, Almofala e Alapela, tendo esta última localidade

sido por si povoada. Também possuía uma herdade em Fráguas, doada pelo rei D.

Afonso II113

.

A nossa inclinação aponta para que seja D. Martim Fernandes de Riba de Vizela,

devido à sustentação documental mais completa.

D. Rui Nunes das Asturias casou com D. Elvira Gonçalves de Palmeira, e

tiveram por filhos: D. Urraca Rodrigues de Palmeira; D. Gonçalo Rodrigues de

Nomães; D. Pero Rodrigues, dizem que “morreu de amor”, uma forma simples de

explicar a sua morte, tal como acontecia ao determinarem a peste como a causa da perda

de vida; D. Martim Rodrigues, que foi bispo do Porto; e D. Guiomar Rodrigues114

. D.

Elvira Gonçalves de Palmeira era filha de D. Gonçalo Rodrigues de Palmeira e de D.

Sancha Martins, já mencionados anteriormente115

.

D. Hermígio Mendes da Teixeira era neto de D. Egas Fafes, e bisneto de D.

Fafes Luz, o alferes do conde D. Henrique116

. Era senhor de Teixeira, de Gestaçô e da

Quinta de Sequeiras, tinha o cargo de rico-homem no reinado de D. Sancho I117

.

113

IDEM, Ibidem, pp – 34, 35.

ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora

Enciclopédia, 1961. P – 264.

MATTOSO, José, Ricos-Homens, Infanções e Cavaleiros – A Nobreza Medieval Portuguesa nos Séculos

XI e XII, Lisboa, Guimarães e C.ª Editores, 1982, pp – 127-129.

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 189, 375.

114

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia

das Ciências, 1980. P – 128.

115

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 376.

116

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 176.

117

ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora

Enciclopédia, 1961. P – 519.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

49

D. Hermígio era filho de D. Mem Viegas e de D. Teresa Peres, filha de D. Pero

Viegas, Pero Pai, de Riba de Vizela. D. Hermígio casou com D. Maria Pais Novais,

filha de D. Pai Novais e de Dª. Mor Soares. Tiveram os seguintes filhos: D. Lopo

Hermígio da Teixeira; D. Estevão Hermiges da Teixeira; D. Afonso Hermiges da

Teixeira; e D. Estevainha Hermiges, que se casou com D. Pero Rodrigues de Pereira.

Teve outra filha fora do casamento, com o nome, D. Teresa Hermiges da

Teixeira, de Gaança, que casou com D. Pero Afonso Barroso118

.

Passarei a descrever os principais comandantes que fizeram acontecer este

embate entre cristãos e almóadas, às portas da cidade de Sevilha, enfrentando a

emboscada do comandante almóada Acaçaf.

Acaçaf era um grande cavaleiro mouro que garantiu ao infante Afonso de

Castela, que lhe entregaria três torres da cidade de Sevilha, em segredo, combinando

encontrarem-se de madrugada às portas do castelo, com poucos cavaleiros, sem

levantarem suspeitas.

O infante Afonso contou a seu pai, Fernando III, o esquema, e este concordou

com ele desde logo. Muitos o advertiram para que se pudesse tratar de uma armadilha.

D. Rodrigo de Froiaz de Trastâmara colocou o comando da cavalaria às mãos de D.

Pero de Gusmão, para fazerem escolta ao príncipe Afonso, dirigindo-se, para isso, ao rei

Fernando III: “Senhor nom ponhades vosso filho em tamanho perigo, mas outorgade a

D. Pero Gozmam e aos portugueses esta aventuira”. Este pedido foi respondido pelo

rei: “Não vos queria poer em tal aventuira”. D. Rodrigo acaba por insistir: “Quem seus

feitos nom poem aas vezes em aventuira nom acaba o que quer”. E assim partiu na

alvorada, acompanhado por trezentos fidalgos a pé, castelhanos e portugueses, para

além do infante Afonso, de D. Pero de Gusmão e de todos os cavaleiros acima

mencionados.

Acaçaf acabaria por atacar D. Pero de Gusmão, sabendo que ele comandava

aquela emboscada, sendo salvo por D. Rodrigo de Froiaz, que em defesa de D. Pero,

trespassou o ventre de Acaçaf, destruindo órgãos vitais do cavaleiro mouro, o que

culminaria na sua inevitável morte. Acaçaf era um cavaleiro almóada, demasiado alto

118

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 369.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

50

para a época, de tez negra e era casado com a filha do rei Abu Zacaria de Tunece, ou

seja Tunes119

.

D. Rodrigo de Froiaz de Trastâmara II era filho de D. Froia Bermudes de

Trastâmara II120

. A sua família detinha um enorme prestígio entre todos os reinos

ibéricos, que, aliás, se constata através dos cargos que este nobre ocupava.

D. Rodrigo casou com D. Urraca Rodrigues de Castro, irmã de D. Fernão

Rodrigues de Castro, que eram filhos de D. Rodrigo Fernandes, o Calvo, e da condessa

D. Estevainha Pires. D. Urraca casou uma segunda vez com D. Alvar Rodrigues de

Gusmão121

. Tiveram como filhos: D. Gonçalo Rodrigues de Palmeira, que detinha este

apelido por ser senhor do couto de Palmeira; D. Mem Rodrigues de Tougues; e D.

Elvira Rodrigues122

.

D. Rodrigo de Froiaz fez muitos serviços à coroa castelhana de Fernando III, o

Santo, conquistando Sevilha em 1248, entre outras batalhas frente aos mouros, no

âmbito da reconquista cristã. Partiu para França e pôs-se ao serviço da coroa francesa, a

pedido do rei Luís IX, que sabendo da sua coragem e fidalguia, como nos conta o conde

de Barcelos, integrou-o no seu conselho, tendo-o em muito boa conta. Durante esta

presença no reino de França, D. Rodrigo tenta casar com a condessa D. Guilhelmata, de

Frandes, que possuía muitos terrenos, mas nunca chegaram a contrair matrimónio.

Durante o cerco de Sevilha, quarenta cavaleiros mouros cercaram a tenda do

prior da Ordem do Hospital, e saquearam todas as cabeças de gado, que serviam de

alimento para os combatentes. O prior pediu auxílio a D. Rodrigo de Froiaz, que exigiu

armas e cavalos, para perseguir os inimigos. Os cavaleiros que acompanharam D.

Rodrigo nesta perseguição foram D. Pero Mendes de Azevedo, D. Paio Peres Correia,

mestre da Ordem de Santiago, D. Diego Lopes de Biscaia e o infante Afonso. Para além

dos muitos ricos-homens portugueses e castelhanos.

119 IDEM, Ibidem, pp – 232, 233.

LAVANHA, João Baptista, Nobiliario de D. Pedro, Conde de Barcelos, Hijo del Rey D. Dionis de

Portugal, Roma, Estevan Paolinio, 1 de Janeiro de 1640. P – 53.

120

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 306.

121

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 165.

122

IDEM, Ibidem, pp – 235, 236.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

51

Combateram duzentos e sessenta mouros, mas venceram e recuperaram o gado que lhes

fora furtado, apesar da trágica morte de D. Pero Mendes de Azevedo, que lutou com

valentia123

.

D. Pero de Gusmão foi casado com D. Urraca Afonso, filha bastarda de Afonso

IX, rei de Leão, e irmã de D. Martim Afonso. Foi casada pela primeira vez com D.

Garcia Pereira de Aragão. Não houve descendência de D. Pero de Gusmão124

.

Sabe-se que um ramo da família Gusmão estabeleceu-se em Sevilha, após a

conquista da mesma, deixando uma vasta descendência, que constituiu o maior senhorio

da baixa Andaluzia125

.

123

IDEM, Ibidem, pp – 230-232.

LAVANHA, João Baptista, Nobiliario de D. Pedro, Conde de Barcelos, Hijo del Rey D. Dionis de

Portugal, Estevan Paolinio, 1 de Janeiro de 1640, Roma, PP – 49-52.

Primeira Crónica General de España Volume II, Madrid, Editorial Gredos, 1977. P – 757.

124

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 299.

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 293.

125

MOXÓ, Salvador, Repoblacion y Sociedad en la España Cristiana Medieval, Madrid, Ediciones

Rialp, 1979. P – 360.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

52

4.2

Os Cavaleiros que

Permaneceram em Castela

Após o cerco de Sevilha, alguns cavaleiros portugueses decidiram permanecer

no reino de Castela, motivados pelos benefícios que receberam, das mãos do rei

Fernando III e do seu filho infante Afonso, pela vitória de 1248126

.

Durante o século XIII deu-se um avanço significativo, correspondente à doação

de territórios, recém-conquistados pelos cristãos aos muçulmanos, havendo, no ano de

1253, uma distribuição ordenada das casas e herdades, por aqueles que participaram no

conflito em questão, tendo em conta o seu mérito e estatuto social. Este sistema foi

utilizado na reconquista cristã do sul da Península Ibérica, nas cidades de Palma de

Maiorca, Valência e Sevilha, entre muitas outras localidades127

.

Descreveremos os cavaleiros que decidiram prolongar a sua vida em Castela,

após findado o conflito de 1248, tentando compreender as razões que os levaram a

tomar tal acto. Apesar das suas motivações serem legítimas é importante realçar que o

conceito de fronteiras e nacionalidade nada tem a ver com o dos dias de hoje; sendo

assim, era normal existirem estes movimentos migratórios acentuados, mesmo que o

nobre levasse consigo uma família numerosa.

O infante D. Pedro, era o segundo filho rapaz do rei D. Sancho I e de D. Dulce,

filha do rei de Aragão. D. Pedro Sanches tinha vários irmãos: D. Teresa, que casou com

o rei de Leão, Afonso IX; D. Sancha, que entrou para o Mosteiro de Lorvão; D.

Constança; D. Afonso Sanches, futuro rei D. Afonso II de Portugal; D. Fernando

Sanches, que se tornou conde da Flandres, por casamento com D. Joana da Flandres; D.

Henrique Sanches; D. Raimundo, que morreu em criança; D. Mafalda, que foi rainha de

Castela, por casamento com Henrique I; D. Branca, que está sepultada no Mosteiro de

Santa Cruz de Coimbra; e D. Berengária, casada com o rei da Dinamarca, Valdemar

II128

.

126

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 177.

127

CORTÁZAR, A. Garcia de, História Rural Medieval, Lisboa, Editorial Estampa, 1996, pp – 68, 69.

128

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 127.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

53

Com a morte do seu pai em 1211, D. Pedro rumou para Leão, juntamente com o

seu irmão D. Martim Sanches, prestando vassalagem ao rei Afonso IX. Os dois irmãos

ocuparam os principais cargos palatinos, os mais importantes do reino de Leão. D.

Martim estabeleceu-se na corte com a sua amante D. Maria Aires de Fornelos. Outros

cavaleiros portugueses seguiram o exemplo dos príncipes, arranjando casamentos com

nobres damas de Leão, como forma de consolidar a sua presença naquele reino.

D. Pedro, a quem D. Sancho I doou, em testamento, uma avultada quantia de

dinheiro, em maravedis do tesouro real, abandonou logo Portugal, após a morte do seu

pai e nos primeiros dias de confronto entre D. Afonso II, D. Teresa, D. Sancha e D.

Mafalda. Pediu, entretanto, o auxílio do rei Afonso IX, para que ajudasse a sua mulher

D. Teresa, na altura rainha de Leão, a tomar o trono. Acabou por vir atacar D. Afonso

II, ao comando de um exército leonês, em favor das suas irmãs D. Teresa, D. Sancha e

D. Mafalda, no ano de 1212.

D. Pedro foi o principal instigador deste conflito, provavelmente com a ambição

de tomar o trono ao seu irmão. As tréguas acabaram por ser seladas a 11 de Novembro

do mesmo ano, na cidade de Coimbra. A paz definitiva entre Leão e Portugal, só seria

assinada a 24 de Junho de 1223, já no reinado do jovem D. Sancho II, curiosamente no

mesmo ano do regresso de Marrocos de D. Pedro Sanches, que ambicionava derrubar o

sobrinho e usurpar a coroa129

.

Por um período de tempo serviu na corte de Marrocos, ao lado do imperador dos

mouros. Depois regressou para Leão, integrando, novamente, a corte. Participou na

conquista de Mérida, possivelmente como capitão general de todo o exército, já que só

lhe foi atribuída esta vitória, no livro de Noa de Santa Cruz: “Dedit dominus villam que

vocatur Merida Donno Alfonso Regi Legionensi, per manum Infantis Donni Petri Filis

Regis Doni Sancii Primi Portugallie, e Regine Donne Dulcie”130

. Por indústria do

infante D. Pedro, filho do rei D. Sancho primeiro de Portugal, e da rainha D. Dulce, deu

ao D. Afonso rei de Leão a cidade de Mérida. No seguimento desta conquista, partiu

129

MEDINA, Inés Calderón, Cum Magnatibus Regni Mei-La Nobleza y la Monarquia Leonesa Durant

los Reinados de Fernando II y Alfonso IX (1157-1230), Madrid, Consejo Superior de Investigaciones

Cientificas, 2011, pp – 230-240.

As Gavetas da Torre do Tombo Volume I, Lisboa, Centro de Estudos Históricos Ultramarinos, 1960. P –

1.

130

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 177.

Page 57: A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248repositorio.ul.pt/bitstream/10451/23960/1/ulfl200608_tese.pdf · mencionando os aliados de Castela e dos almóadas, procurando explicar

A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

54

para o reino de Aragão, no ano de 1230, em auxílio do rei Jaime I, no combate frente

aos mouros. D. Dulce, sua mãe, era irmã do rei de Aragão, Afonso II, avô de Jaime I, o

Conquistador, ou seja, D. Pedro era tio de Jaime I e era primo irmão do seu pai, e

anterior rei, Pedro II, que morreu em França, no ano de 1213.

D. Pedro casou, no ano de 1229, com D. Aurembiasse de Urgel, filha de

Armengol Cáde de Vigel, senhor de Valladolid, em Castela, do condado de Urgel e de

outras terras da Galiza, que ficaram para D. Pedro, sob testamento, após a morte da

mulher. Recebeu o senhorio de Malhorca, por se ter destacado entre os nobres que

participaram na conquista desta cidade, tomada no ano de 1231. Entrou no cerco de

Sevilha, onde foi recompensado na repartição de territórios.

Chegou a estar presente na aclamação ao trono de D. Afonso III. Após a morte

da sua irmã, a rainha D. Mafalda, D. Pedro recebeu, por testamento, pedras preciosas e

outros objectos de igual valor. Permaneceria em Malhorca até ao fim dos seus dias.

D. Pedro foi o fundador do Templo da Sé Maior de Malhorca, como comprovam

as armas de Portugal lá gravadas131

. Foi D. Pedro que mandou trazer as cabeças dos

mártires de Marrocos, a Afonso Pires de Arganil, que foram depositadas no Mosteiro de

Santa Cruz de Coimbra132

.

D. Pedro tornou-se no nobre mais proeminente de Leão, tendo sobre o seu

domínio a maior posse de territórios, entre todos os cavaleiros leoneses133

De Miguel de Arões nada se sabe, apenas que participou no cerco. O único

pertencente a esta família que há registos é D. Martim Gil de Arões, que testemunhou o

testamento de D. Sancho II, em Castela134

. Estava portanto na corte do rei Fernando III,

na época da conquista de Sevilha.

D. Vasco Gil, D. Manrique Gil, D. João Gil e D. Martim Gil de Soverosa

eram irmãos. Os dois primeiros eram filhos de D. Gil Vasques de Soverosa e de D.

131

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 177.

132

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 127.

133

MEDINA, Inés Calderón, Cum Magnatibus Regni Mei-La Nobleza y la Monarquia Leonesa Durant

los Reinados de Fernando II y Alfonso IX (1157-1230), Madrid, Consejo Superior de Investigaciones

Cientificas, 2011, pp – 239, 240.

134

MARTINS, Miguel Gomes, De Ourique a Aljubarrota – Guerra na Idade Média, 1ª edição, Lisboa, A

Esfera dos Livros, Junho de 2011. P – 165.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

55

Sancha Gonçalves de Orvaneja, ou Orvaneza, fruto do seu segundo casamento, do qual

ainda nasceu D. Guiomar Gil135

.

D. Gil Vasques já se tinha casado anteriormente, com D. Maria Aires de

Fornelos, que era manceba do rei D. Sancho I, e tiveram por filhos D. Martim Gil de

Soverosa e D. Teresa Gil, que teve dois filhos e duas filhas do rei de Leão, os quais

eram: D. Martim Afonso, que casou com D. Maria Mendes, filha de D. Mem Gonçalves

de Sousa; D. Sancha Afonso; D. Maria Afonso, que casou com D. Pero de Gusmão,

anteriormente referido nesta investigação; e D. Urraca Afonso.

Posteriormente casou com D. Maria Gonçalves Giroa, e tiveram os seguintes

filhos: D. João Gil de Soverosa, de quem trataremos adiante; D. Fernão Gil; D. Gonçalo

Gil; D. Sancha Gil; e D. Dordia Gil. D. Gil Vasques de Soverosa morreu em

Pombeiro136

. Os Soverosa descendiam de D. Gomes do Sobrado, e do seu filho Fernão

Cativo137

.

D. Vasco Gil de Soverosa casou com Dª. Froilhe Fernandes Cheira de Riba de

Vizela, filha de D. Gil Vasques de Riba de Vizela138

. Teve dois filhos deste casamento:

D. Gil Vasques, que morreu na lide de Gouveia, era casado com D. Aldonça Anes; D.

Elvira Vasques; e D. Sancha Vasques, que por sua vez casou com D. Fernão Fernandes

Pão Centeo, e nasceu dessa união, João Fernandes Pão Centeo139

.

135

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Academia das Ciências, 1980, Lisboa. P – 293.

136

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Academia das

Ciências, 1980, Lisboa, pp – 28, 29.

ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Editora

Enciclopédia, 1961, Lisboa. P – 513.

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Academia das Ciências, 1980, Lisboa, pp – 292, 293.

137

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Imprensa Nacional- Casa da Moeda,

1976, Lisboa, Fl – 177, 178. 138

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Academia das

Ciências, 1980, Lisboa. P – 364.

139

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 192, 299.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

56

D. Vasco Gil era dapifer, ou seja mordomo do rei, de D. Sancho I, entre os anos

de 1208 e 1211140

. É considerado um dos trovadores mais antigos de Portugal, tendo-

nos chegado quinze poesias da sua autoria. Foi armado cavaleiro pela Ordem do

Hospital. Durante a guerra civil, em terras portuguesas, apoiou D. Sancho II. Neste

âmbito, foi capturado e preso em Leiria, como consequência de uma derrota no campo

de batalha, no ano de 1238, pois a instabilidade politica já se fazia sentir antes de 1245.

Em 1245 parte para Castela, pondo-se ao serviço de Fernando III. Permaneceu em

Sevilha após a sua conquista, pois fora agraciado com territórios no repartimento da

cidade de Sevilha. Há indícios de que tenha regressado a Portugal em 1255141

.

D. Manrique Gil de Soverosa não deixou descendência, é a única informação

que se sabe, para além de ter continuado a sua vida em Castela142

.

D. Martim Gil de Soverosa, era tenente de Riba-Minho. Venceu a batalha do

Porto, ao lado de D. Rodrigo Sanches, filho do rei D. Sancho I, que morreu nessa

contenda, no ano de 1245. E acompanhou o rei D. Sancho II no seu exilio em Toledo,

pois era rico-homem e valido na corte portuguesa, tendo sido uma das testemunhas no

testamento do soberano. Recebeu terras no repartimento do território conquistado na

tomada de Sevilha, apesar disso não temos a certeza que tenha integrado a cavalaria que

participou no cerco de 1248. Casou com D. Inês Fernandes de Castro, que era filha de

D. Fernão Guterres de Castro e de Dª. Milia Enegues de Mendoça, e desta união

nasceram D. Teresa Martins, que foi casada com D. Rodrigo Anes Telo, ou segundo

outras fontes, com D. Martim Pires da Maia, e D. Sancha Martins, que morreu ainda

muito nova143

.

140

MATTOSO, José, Ricos-Homens, Infanções e Cavaleiros – A Nobreza Medieval Portuguesa nos

Séculos XI e XII, Lisboa, Guimarães e C.ª Editores, 1982. P – 130.

141

NEMÉSIO, Vitorino, A Poesia dos Trovadores – Antologio, Amadora, Livraria Bertrand, (SD). P –

48.

ALVAR, Carlos/BELTRÁN, Vicente, Antologia de la Poesia Gallego-Portuguesa, 1ª edição, Madrid,

1985. P – 190.

142

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 299.

143

VENTURA, Leontina/Oliveira, António Resende de, Chancelaria de D. Afonso III: Livro I – Volume

I, Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, Novembro de 2006. P – 367.

MATTOSO, José, Ricos-Homens, Infanções e Cavaleiros – A Nobreza Medieval Portuguesa nos Séculos

XI e XII, Lisboa, Guimarães e C.ª Editores, 1982. P – 124.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

57

D. João Gil de Soverosa casou com D. Constança Gil Riba de Vizela, e deles

nasceu Martim Anes Tio, mas não deixou descendência144

.

D. João Pires Redondo e seu filho D. Gonçalo Anes Redondo permaneceram

em Castela. D. João Pires Redondo era filho de D. Pero Soares Escaldado e de D. Maria

Vasques Ramiroa. Contraiu matrimónio com Dª. Mor Peres, que fora casada

anteriormente com Vicente Peres de Uljeses e deste casamento resultaram: D. Gonçalo

Anes; João Anes; Rodrigo Anes; Martim Anes; D. Beatriz Anes; D. Teresa Anes

Redonda, que casou com D. Pero Pires Homem, de quem falaremos mais adiante; D.

Constança Anes; e Dª. Froilhe Anes. D. Gonçalo Anes Redondo casou duas vezes. O

primeiro casamento foi com D Teresa Esteves de Freitas, e não deixou descendência

desta mulher. Do segundo casamento, com D. Urraca Fernandes de Andrade, filha de

Fernão Pires de Andrade, nasceram: Martim Redondo, que casou com D. Leonor

Rodrigues, mas morreu na Beira sem deixar continuidade à família; Nuno Gonçalves;

Álvaro Gonçalves de Sequeira; Dª. Mor Gonçalves; e D. Maria Gonçalves145

.

Pero Telo também participou e prolongou a sua vida por Castela, mas mais nada

se sabe.

D. Pero Pires Bravo era filho de D. Pero Soares Escaldado e de D. Maria

Vasques Ramiroa146

, como já foi mencionado no capítulo anterior.

LAVANHA, João Baptista, Nobiliario de D. Pedro, Conde de Barcelos, Hijo del Rey D. Dionis de

Portugal, Roma, Estevan Paolinio, 1 de Janeiro de 1640. P – 147.

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia

das Ciências, 1980, pp – 28, 29.

144

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 255.

145

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 386.

146

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia

das Ciências, 1980. P – 334.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

58

Tinha como irmãos: D. João Pires Redondo, que também integrou o grupo de

cavaleiros que combateram em Sevilha; D. Pedro Velho; D. Martim Peres Zote; D.

Maria Bravo; e D. Sancha Peres, que se tornou abadessa de Vairão147

.

D. Rui Martins de Nomães era filho de D. Martim Gonçalves de Nomães e de

Dª. Mor Soares, que era anteriormente casada com D. Martim Peres de Belmir. Desta

união nasceram D. Gonçalo Martins de Nomães e D. Rui Martins de Nomães. Casou

com D. Beatriz Anes Redondo, filha de D. João Pires Redondo, e tiveram como filhos

D. Joana Rodrigues e D. Maria Rodrigues148

.

Paio Correia casou com D. Teresa, ou Maria, Mendes de Melo, filha de D.

Afonso Correia, e tiveram dois filhos D. Afonso Correia e D. Sancha Correia149

.

Da vida de Rui Martins nada se sabe, devido ao seu nome demasiado comum

para a época.

D. Gonçalo Anes Porto Carreiro era filho de João Henriques de Porto Carreiro

e de Dª. Mor Viegas Coronel, filha de D. Egas Peres Coronel, tendo os seguintes filhos:

D. Fernão Anes, deão de Braga; D. Pero Anes Melhor; D. Martim Anes; D. Gonçalo

Anes; e D. Lourenço Anes150

.

D. Gonçalo casou com D. Teresa Gil Feijó, filha de Gil Pires Feijó e de D. Inês

Soares, tendo-se casado antes com Huer Nunes. Do casamento entre D. Gonçalo e D.

Teresa nasceram Fernão Gonçalves, que casou com D. Maria Martins, e Dª. Mor

Gonçalves, casada com Pai Soares de Paiva, que se fingiu de morto para a matar151

.

147

IDEM, Ibidem. P – 181.

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 479, 480, 483.

148

IDEM, Ibidem, pp – 376, 377.

149

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia

das Ciências, 1980. P – 74.

150

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 14.

151

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 414.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

59

Fazia parte do grupo de nobres que testemunhou o testamento do rei D. Sancho

II, pois era seu apoiante, tendo-o defendido na guerra civil frente ao seu irmão D.

Afonso III, então conde de Boulogne-sur-Mer 152

.

Existe uma referência a um cavaleiro chamado Gonçalo Anes, devido à falta do

nome de família, não conseguimos desvendar quem seja.

Vasco Gomes era filho de Gomes Garcia, e irmão de Gonçalo Gomes, arcebispo

de Toledo. Casou com D. Aldora Lopes, após a morte de Vasco Gomes, casou com D.

Fernando Afonso de Santiago, filho do rei de Leão, Afonso IX, e de uma moura de

Salamanca. Deste casamento surgiu D. João Fernandes153

.

D. Egas Martins de Ataíde era filho de Martim Viegas e de D. Maria Giraldes,

e irmão de Pero Martins de Podentes, João Martins Barroso e D. Maria Martins154

.

D. Egas não casou, mas teve bastardos de D. Maria Martins de Travanca, os

quais eram Gonçalo Viegas de Ataíde, Lourenço Viegas de Ataíde e frei Martim

Viegas, frade pregador155

.

De Rui Martins de Lumães não se conseguiu tirar nenhuma informação.

D. Gonçalo Anes de Aguiar, ou do Vinhal, o Velho, nasceu no primeiro terço

do século XIII, era o primeiro filho de D. João Gomes do Vinhal e de D. Maria Pires de

Aguiar. Foi o quarto senhor do Vinhal e o primeiro senhor de Aguiar. Tinha como

irmãos D. Lourenço do Vinhal, D. Fernão Arias do Vinhal, D. Pedro Gomes do Vinhal

e D. Nuno Martins do Vinhal.

D. Gonçalo Anes do Vinhal, participou como rico-homem na reconquista de

Múrcia, ao lado do infante Afonso de Castela. Pertenceu à Ordem de Santiago e fez-lhe

muitos préstimos. Mais tarde serviu os reis de Portugal, D. Afonso III e seu filho D.

Dinis. D. Gonçalo casou com D. Berengária, ou Beringuela, de Córdova, uma dama de

Aragão. Deste casamento nasceu um filho, que seguiu a vida eclesiástica, tornando-se

padre, infelizmente desconhece-se o seu nome. Pensa-se que D. Gonçalo tenha partido

152

MARTINS, Miguel Gomes, De Ourique a Aljubarrota – Guerra na Idade Média, 1ª edição, Lisboa, A

Esfera dos Livros, Junho de 2011. P – 165.

153

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia

das Ciências, 1980. P – 206.

154

IDEM, Ibidem. P – 44.

155

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 49.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

60

em 1240, de Portugal para Castela, mais concretamente Toledo, apesar de não se

saberem quais foram as razões, mas julga-se que tenham sido desentendimentos com o

rei D. Sancho II156

.

D. Gonçalo Anes pertencia à velha nobreza. Em 1253, após o cerco de Sevilha,

participou no repatriamento do território recém-conquistado, tornou-se rico-homem na

corte do reino de Castela, chegando a servir três reis distintos, D. Sancho II, Fernando

III e Afonso X, de quem era intimo. Também possuía terras em Córdova, tendo sobre o

seu dominio um enorme senhorio, que fora transformado em morgadio no ano de 1275.

O seu papel foi de grande relevo na reconquista cristã do sul ibérico. Para além de

exercer a condição de cavaleiro era também trovador. Hoje conhecemos dezassete

poemas seus, entre cantigas de amigo e de maldizer157

. Para provar o seu talento na

escrita lírica temos uma cantiga de amigo da sua autoria.

“Quand´ eu subi nas torres sobe-lo mar

e vi onde soia a bafordar

o meu amig´, amigas, tan gran pesar

ouve´ eu enton por ele non coraçon,

quand´ eu vi estes outros per i andar,

que a morrer ouvera por el enton.

Quand´ eu catei das torres derredor

e non vi meu amigo e meu senhor,

que oj´ el por mi vive tan sen sabor,

ouve´ eu enton tal coita no coraçon,

quando me nembrei d´el e do seu amor,

que a morrer ouvera por el enton.

156

IDEM, Ibidem. P – 122.

SANCHEZ, Antonia Viñez, El Trovador Gonçal´Eanes Dovinhal – Estudio Histórico y Edición, Santiago

de Compostela, Universidade de Santiago de Compostela, 2004, pp – 15-20.

157

IDEM, Ibidem, pp – 11-13, 25.

NEMÉSIO, Vitorino, A Poesia dos Trovadores – Antologio, Amadora, Livraria Bertrand, (SD). P – 120.

ALVAR, Carlos/BELTRÁN, Vicente, Antologia de la Poesia Gallego-Portuguesa, 1ª edição, Madrid,

1985. P – 176.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

61

Quand´ eu vi esta cinta que m´el leixou,

chorando com gran coita, e me nembrou

a corda da camisa que m´el filhou,

ouv´ i por el tal coita no coraçon,

pois me nembra fremosa u m´enmentou,

que a morrer ouvera por el enton.

Nunca molher tal coita ouv´ a sofrer

com´ eu, quando me nembra o gran prazer

que lh´ eu fiz, u mi a cinta veio a cinger;

creceu-me tal coita eno coraçon

quand´ eu sobi nas torres po´lo veer,

que a morrer ouvera por el enton.”158

A partir do poema podemos compreender o desenvolvimento literário desde

nobre cavaleiro, que fora instruído desde cedo, aprendendo a escrever e a cultivar-se.

Esta componente de aprendizagem é típica de uma nobreza urbana, que se centrava nas

grandes cidades.

D. Gonçalo acabaria por morrer em batalha frente aos mouros de Granada, no

decorrer de uma revolta, entre os seus aliados, no ano de 1280159

. É irónico pensar que

este cavaleiro lutou lado a lado com os mouros nasridas, mas o seu fim chegou às

mesmas mãos daqueles que o apoiaram no passado.

Rui Garcia de Paiva, ou Panha era o primeiro filho de D. Garcia Fernandes de

Paiva, ou de Portugal, e de D. Tareja Pires de Gondim, descendente por varonia da casa

de Baião, de Egas Gosendes e de D. Arnaldo160

.

158

NEMÉSIO, Vitorino, A Poesia dos Trovadores – Antologio, Amadora, Livraria Bertrand, (SD), pp –

120, 121.

159

IDEM, Ibidem. P – 120.

ALVAR, Carlos/BELTRÁN, Vicente, Antologia de la Poesia Gallego-Portuguesa, 1ª edição, Madrid,

1985. P – 176.

160

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 178.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

62

Era irmão de D. Sancha Garcia, casada com Martim Lourenço da Cunha161

. Rui Garcia

é portanto descendente da antiga nobreza, que já se encontrava estabelecida no condado

Portucalense, antes da chegada do conde D. Henrique, sendo a família dos Baião uma

das casas mais antigas de Portugal. O seu primeiro casamento foi com D. Constança

Anes Redonda, filha de D. João Pires Redondo e de Dª. Maior Pires de Pereira, que já

tinha sido casada anteriormente, com D. João Durães. A segunda união foi com D.

Berengueira Aires de Gosende, filha de D. Airas Nunes e de D. Sancha Pires de Vide162

.

D. Berengueira era dama da rainha Santa Isabel. Foi fundadora do Mosteiro de

Almoster de freiras da Ordem de S. Bernardo. Não houve filhos de nenhum dos

casamentos, apesar de ter adoptado, com D. Berengueira, uma filha de nome D. Joana

Rodrigues, que morreu sem deixar descendência163

.

Lopo Hermiges da Teixeira era o primeiro filho de D. Hermígio Mendes da

Teixeira e de D. Maria Pais, filha de Pai Novaes e de Dª. Mor Soares. Teve os seguintes

irmãos Estevão Hermiges, Afonso Hermiges e D. Estevainha Hermiges, que se casou

com Pero Rodrigues de Pereira. Lopo Hermiges da Teixeira casou com D. Ouroana

Pires de Pereira, e desta união surgiram D. Maria Lopes e D. Martim Lopes164

. Era o

terceiro neto por varonia do alferes do conde D. Henrique, D. Fafes Luz. Por esta razão,

era de uma família muito nobre do reino de Portugal165

.

Lourenço Pais de Alvarenga era descendente, por linha masculina legitima, de

Egas Moniz, por seu filho Moço Viegas. Por outro lado descendia dos Sousa, dos Riba

de Vizela e de outras importantes famílias portuguesas. E estamos, portanto, a falar de

um membro das mais antigas linhagens do reino166

.

161

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume I - Livro de Linhagens, Lisboa, Academia

das Ciências, 1980. P – 56.

162

IDEM, Ibidem, pp – 147, 341.

163

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 178.

164

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 369, 371.

165

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 178.

166

IDEM, Ibidem.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

63

Os seus pais eram Paio Viegas de Alvarenga Curvo e D. Teresa Anes, filha de

D. João Fernandes de Riba de Vizela e de D. Maria Soares, que tiveram por filhos Pero

Pais Curvo, Lourenço Pais de Alvarenga e D. Sancha Pais.

Casou com D. Mafalda Pires Portugal, filha de D. Pero Fernandes de Portugal e

de Dª. Froilhe Rodrigues de Pereira. Lourenço e D. Mafalda tiveram uma filha, D.

Lourença, que se tornou freira em Arouca, só deixando a vida clerical quando se casou

com Afonso Pires Rendamor, deixando filhos que perlongassem a sua família167

.

Não existem informações referentes a Durão Flores para além do que nos é

mencionado por Frei António Brandão, ao constatar o estabelecimento do cavaleiro em

Sevilha, após a conquista daquela cidade168

.

D. Gonçalo Nunes, pensa-se que seja, de Lara Menaia era filho do conde D.

Nuno Gonçalves de Avalos, que se conta ter presenciado a visita de um anjo, enviado

por Deus, para lhe satisfazer os desejos. D. Nuno pediu a salvação da alma e a defesa do

solar dos Lara, e assim fora cumprido, através do que nos conta o conde D. Pedro. D.

Gonçalo Nunes casou com D. Tareja Gonçalves, filha do conde D. Gonçalo da Maia,

deles nasceu o conde D. Nuno Gonçalves, que chamaram o Corvo de Andaluz, devido à

sua crueldade contra os inimigos mouros, no sul da Península Ibérica. O conde D. Nuno

Gonçalves casou com D. Ermesenda Gonçalves, filha de D. Gonçalo Trestamires da

Maia169

.

D. Fernão Rodrigues Pacheco, já foi referido anteriormente, no parágrafo

referente a D. Estevão Mendes Petite. Era filho de Rui Pires Ferreira e de D. Teresa

Pires de Cambra.

D. Fernão foi o primeiro a utilizar o apelido Pacheco, era senhor de Ferreira e

alcaide de Celorico da Beira, cujo castelo defendeu aquando do cerco de D. Afonso III,

no âmbito da guerra civil, pois este cavaleiro era rico-homem muito estimado na corte

167

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 56, 127, 149.

ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora

Enciclopédia, 1961, pp – 48, 49.

168

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 178. 169

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P - 149.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

64

de D. Sancho II170

. Casou com D. Constança Afonso de Cambra, naquele que foi o

terceiro matrimónio da sua consorte171

.

Gomes Anes, talvez, Correia, era o segundo filho de João Correia e de D. Elvira

Gonçalves Taveira, e irmão de Gonçalo Anes, casado com D. Aldara Anes, e D. Tareja

Anes, casada com Nuno Pires de Barbosa. Gomes Anes Correia não deixou

descendência172

.

Fernão Daires do Vinhal não deixou descendência, é o pouco que se sabe sobre

este cavaleiro173

. Poderá tratar-se do irmão de D. Gonçalo Anes de Aguiar, ou do

Vinhal.

D. Pedro Pires Homem era a alcunha de D. Pedro Pires de Pereira, que foi

segundo senhor de Lajeosa e Gestosa. Era também proprietário de fazendas em Touro,

Vila Boa, Alfaiates, Muacha, Nespereira, Ribacoa, Servilhe, Gelo, Telada e Casal de

Outeiro. Destacava-se como um grande proprietário entre a nobreza portuguesa. Os seus

pais eram D. Pedro Rodrigues de Pereira e D. Maria Peres Gravel, ou da Veiga, filha de

D. Pero Peres Gravel e D. Ouroana Pais Correia. Era irmão de: D. Pero Rodrigues; D.

Gonçalo Peres Pereira, grão comendador da Ordem do Hospital, nos reinos hispânicos;

D. Martim Peres; Dª. Mor Peres; D. Elvira Peres; D. Ouroana Peres; D. Teresa Peres; e

D. Maria Peres, monja de Arouca.

Casou com D. Teresa Anes Redonda, filha de D. João Pires Redondo e de D.

Gotinha Soares de Melro. Tiveram os seguintes filhos: D. Estevão Peres Froião; D.

Martim Peres Froião; D. Sancho Peres, bispo do Porto, escolhendo o caminho clerical,

como era apanágio dos filhos mais novos; D. Maria Peres; Dª. Mor Peres; e D. Inês

Peres, monja de Arouca. D. Pedro Pires Homem morreu no dia 18 de Junho de 1269.

170

ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora

Enciclopédia, 1961, pp – 410, 411.

PINA, Rui de, Chronica do Muito Alto, e Muito Esclarecido Príncipe D. Sancho II, Quaro Rey de

Portugal, Lisboa, Lisboa Occidental – Oficina Ferreyriana, 1728. P – 15.

171

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P – 38.

172

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980. P - 110.

173

BRANDÃO, Frei António, Monarquia Lusitana – Parte Quarta, Lisboa, Imprensa Nacional- Casa da

Moeda, 1976. Fl – 178.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

65

Neste mesmo ano todos os filhos se juntaram em Alfaiates, para fazerem as partilhas

dos territórios e bens do seu pai174

.

174

ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins, Armorial Lusitano – Genealogía e Heráldica, Lisboa, Editora

Enciclopédia, 1961. P – 276.

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/I – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 381, 382.

Portugaliae Monumenta Historica - A Seculo Octavo Post Cristum Vsque Ad Quintvmdecincvm ivssv

Academiae Scientorvm Olisiponensis Edita Nona Serie-Volume II/II – Livro de Linhagens do Conde D.

Pedro, Lisboa, Academia das Ciências, 1980, pp – 119, 155.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

66

Conclusão

O estudo que aqui vos apresentámos intenta demonstrar-vos que entre 1246 e

1248 houve uma migração acentuada da cavalaria portuguesa para o reino de Castela.

Este acontecimento era vulgar na Idade Média, devido à instabilidade de fronteiras e à

não existência do conceito de estado ou nação, que só viria a tomar forma no século

XVI.

As fontes de que dispúnhamos eram demasiado escassas, mas apesar disso

conseguimos cumprir o objectivo a que nos propusemos, o de desvendar quais os

cavaleiros que partiram para Sevilha no decisivo ano de 1248, e com maiores

dificuldades, os motivos que levaram a tal mobilização.

As razões que levaram a esta movimentação prendem-se, sobretudo, com o

exilio de D. Sancho II em Toledo, na corte do rei de Castela, Fernando III, que arrastaria

consigo a nobreza que tomou o seu partido na guerra civil frente ao irmão D. Afonso,

mas também se deve à procura de confrontos, por parte da cavalaria portuguesa, que

ansiava por libertar o seu ardor combativo e, acima de tudo, ter alguns benefícios, como

terras e títulos, sendo a conquista de Sevilha uma oportunidade de os conseguir.

Sevilha encontrava-se, no ano de 1248, chefiada pelos almóadas, controlados

pelo emirado de Tunes, onde imperava a dinastia dos Hafsidas, na pessoa de Abu

Zacaria. Castela e Leão precisavam de um aliado muçulmano, que gorasse as intenções

dos habitantes almóadas da cidade de Sevilha, tendo, desta forma, o rei Fernando III

estreitado os laços de amizade com o rei nasrida de Arjona, Muhammad Ibn Al-Ahmar,

no ano de 1231. Além desta importante união de poderes, que protegia o reino de

Granada dos intentos expansionistas da cristandade, Fernando III contou também com o

auxílio de alguns cavaleiros franceses, originários do condado de Ponthieu, devido ao

seu matrimónio com a filha do conde Simão de Ponthieu e sobrinha do rei Luís IX. Para

além de vários nobres, que se deslocaram de diversos pontos do sul da Europa.

No ano de 1248 Portugal terminava, definitivamente, a guerra civil, iniciada em

1245, com a morte do rei D. Sancho II, no dia 3 de Janeiro desse mesmo ano. A partir

daqui assumiria o trono o rei D. Afonso III, virando as suas atenções para o Algarve, à

espera de o conquistar, antes que os castelhanos lá chegassem, pois Fernando III

investia cada vez mais no Al-Andaluz, com as conquistas de Córdova e Carmona, que

se destacavam como importantes cidades. Esse ataque a sul de Portugal só viria a

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

67

acontecer no ano de 1249, apesar da rejeição em combater, por parte de alguns

cavaleiros portugueses, que permaneceram em Castela, após o cerco de Sevilha,

fixando-se, assim, nas terras que lhes foram doadas pelo rei de Castela, devido aos

serviços prestados à coroa, no decorrer da conquista.

Existem quatro grupos distintos de cavaleiros portugueses que combateram no

cerco de Sevilha de 1248, sejam eles nobres ou simplesmente ricos-homens, apesar de

nos focarmos, principalmente, nos primeiros.

Havia aqueles que acompanharam o rei D. Sancho II para Toledo, aquando do

seu exilio, que vendo este rei morto, preferiram continuar a viver em Castela, pondo-se

ao serviço do rei Fernando III, em vez de regressarem a Portugal, onde reinava um

soberano de quem discordavam a legitimidade.

Cavaleiros integrados nas ordens militares de cavalaria, tanto portuguesas como

castelhanas, pois alguns portugueses operavam a sua actividade de guerreiro no seio de

ordens inexistentes em Portugal, como a Ordem de Alcântara. A Ordem de Avis

compromete-se também a assistir militarmente o rei castelhano, sob a chefia do mestre

D. Martim Fernandes. Estes órgãos religiosos de cavalaria apoiavam esta contenda no

âmbito da reconquista cristã frente aos muçulmanos, combatendo numa nova cruzada,

apesar de terem lucrado bastante financeiramente e a nível territorial, nas doações do rei

Fernando III, o Santo.

A cavalaria itinerante que de maneira autónoma partia para Castela, estava

motivada por variadas razões: devido a desentendimentos com o novo rei de Portugal; a

falta de batalhas no seu território, levando-os a procurar outro destino, onde pudessem

exercer o ofício ao qual dedicavam a sua existência; ou, pura e simplesmente, as

melhores condições de vida, tirando proveito de doações em terras, feitas no

repartimento do território conquistado.

E finalmente, os cavaleiros que partiram para Sevilha sob as ordens do actual rei

de Portugal, D. Afonso III, cumprindo o objectivo do apoio militar português ao rei de

Leão e Castela.

Muitas vezes os cavaleiros preferiam permanecer em Castela ou Leão, como nos

foi possível constatar. Normalmente, a mudança de reino era-lhes proveitosa, devido aos

territórios que conseguiam ganhar e à possibilidade de confrontos futuros naquelas

regiões, garantindo-lhes a estabilidade almejada. A maior parte da nobreza que se

deslocou até Sevilha era pertencente a casas antigas, que fundaram Portugal ao lado de

D. Afonso Henriques. Vislumbramos, desta forma, o desaparecimento de alguns ramos

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

68

dessas famílias, que abandonaram o território, geralmente para regressarem às suas

localidades de origem, como é o caso dos Porto Carreiro, que provêm da Galiza.

Esta investigação permitiu-nos entender como funcionava a vida, nem sempre

fácil, do cavaleiro português da baixa Idade Média, que devido a contratempos sociais e

económicos decide abandonar o seu reino, e por vezes o seu soberano, para embarcar

numa demanda por uma vida mais de acordo com os seus deveres e obrigações. Pelos

olhos de cada cavaleiro, que participou neste cerco, ficamos a conhecer a rota e os

destinos de uma nobreza conturbada em Portugal, numa eterna procura pela salvação, a

justiça, o compromisso e pelo seu próprio benefício.

Esperamos que este trabalho traga à luz alguns nomes, que foram desaparecendo

da historiografia portuguesa, apesar do estudo meticuloso e alargado de José Augusto

Pizarro e de José Mattoso, sendo mais mencionados pelos historiadores espanhóis,

como Inés Calderón Medina.

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

69

Apêndice

Documental

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

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Anexo I

Genealogias

dos Cavaleiros ao Serviço

do Infante Afonso

D. Paio Soares Correia.

Pai – D. Soeiro Pais Correia

Mãe - D. Urraca Peres

Irmã – D. Gotarde Soares cc D. Pais Ramires Carpinteiro.

1º Casamento – D. Goutinha Godins de Lanhoso

Pai – D. Goutinho Fafes, o Velho

Mãe – D. Goutinha Mendes

Filhos – 1 - D. Ouroana Pais Correia

2 – D. Sancha Pais Correia

2º Casamento – D. Maria Gomes da Silva

Pai – D. Gomes Pais da Silva

Mãe – D. Urraca Nunes

Irmã – D. Urraca Gomes da Silva

Filhos – 1 – D. Pero Pais Correia

2 – D. Maria Pais Foanes

D. Fernão Pires de Guimarães

Pai - Pedro de Farmariz de Riba de Vizela

Mãe -?

Irmãos – 1 – D. Pai Pires de Guimarães

2 – D. Pero Pires de Guimarães

Casamento – D. Usco Godins de Lanhoso

Pai – D. Goutinho Fafes o Velho

Mãe – D. Goutinha Mendes

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

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Irmã – D. Goutinha Godins de Lanhoso

Filhos – 1 - D. Martim Fernandes de Riba de Vizela, alferes do rei D. Sancho I

2 – D. João Fernandes

D. Reimão Viegas de Siqueira

Pai – D. Estevão Pires Coronel

Mãe - ?

2º Casamento - D. Vasco Afonso

Filho – D. Rui Vasques

Irmãos – 1 - D. Martim Viegas de Siqueira

2 – D. Mor Viegas de Siqueira

Casamento - ?

Filhos – 1 – D. Estevão Raimundo de Siqueira

2 – D. Maria Raimunda de Siqueira

D. Afonso Pires Ribeiro

Pai - D. Pedro Nunes Guedeão, o Pestanas de Cão

Mãe - D. Maria Soares

Casamento - D. Maria Raimunda Siqueira

Pai - D. Reimão Viegas de Siqueira

Mãe - ?

D. Egas Henriques de Porto Carreiro

Pai – D. Henrique Fernandes Magro

Mãe – D. Ouroana

Casamento – D. Teresa Gonçalves de Curveira

Pai – D. Gonçalo Viegas de Curveira

Mãe – D. Urraca Vasques

Filhos – 1 – D. João Viegas

2 – D. Gomes Viegas Peixoto

3 – D. Gonçalo Viegas o Alfeirão

4 – D. Ramon Viegas

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

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D. Mem Rodrigues de Tougues

Pai – D. Rodrigo de Froiaz de Trastâmara II, o Bom

Mãe - D. Urraca Rodrigues de Castro

Casamento – D. Châmoa Gomes de Pombeiro

2º Casamento – D. Pai Soares Çapata

Filhos – 1 - D. Pero Pais o Alferes

2 – D. Eixamea Pais

Pai – D. Gomes Nunes de Pombeiro

Mãe – D. Elvira Peres

Filho – D. Soeiro Mendes Facha

Filho Bastardo de D. Afonso III – D. Fernando Afonso

D. Ramiro Quartela

Casamento - ?

Filho – D. Fernão Ramires

D. Pero Novais, o Velho

Casamento – D. Mor Soares

Filho – D. Pai Novais o Velho cc D. Mor Soares

D. Pero Soares Escaldado

Pai – D. Soeiro Nunes

Mãe – D. Teresa Anes de Penela

1º Casamento – D. Pero de Randufez

Irmãos – 1 - D. Maria Soares

2 – D. Mor Soares cc D. Pero Novais o Velho

Casamento – D. Maria Vasques Ramiroa

Pai – D. Vasco Pais, alcaide de Coimbra

Mãe – D. Ermezenda Martins

Filhos – 1 – D. João Pires Redondo

2 – D. Pedro Velho

3 – D. Martim Peres Zote

4 – D. Pero Pires Bravo

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

73

5 – D. Maria Bravo

6 – D. Sancha Peres, abadessa de Vairão

D. Lourenço Fernandes da Cunha

Pai - D. Fernando Gonçalves da Cunha

Mãe - D. Mor Randufez

Casamento - D. Sancha, ou D. Maria, Lourenço de Maceira

Pai - D. Lourenço Gomes de Maceira

Mãe – ?

Filhos – 1 - D. Egas Lourenço

2 - D. Vasco Lourenço cc D. Teresa Peres

3 - D. Gomes Lourenço

4 - D. João Lourenço

5 - D. Martim Lourenço cc D. Sancha Garcia de Pavha

6 - D. Urraca Lourenço cc D. Martim Dade, alcaide de Santarém

7 - D. Mor Lourenço cc D. Estevão Malha

8 - D. Sancha Lourenço, freira de Vairão

9 - D. Maria Lourenço cc D. Ourigo da Nóbrega

D. Lourenço Gomes de Maceira

Pai - D. Gomes Pires de Maceira, conde de Pintalho, ou D. Gomes Pais de Santo

Mãe - D. Maria Pais

Irmã - D. Loba Gomes

Casamento - ?

Filhos – 1 - D. João Lourenço cc D. Maria Anes

1.1 - D. Lourenço Faves Carneiro

1.2 - D. Estevão Anes Pintalho Pardo

1.3 - D. Urraca Anes

1.4 - D. Maria Acha Anes Maceira

2 - D. Maria Lourenço

3 - D. Sancha Lourenço cc D. Lourenço Fernandes da Cunha

D. Gonçalo Pires de Belmir

Pai - D. Pero Hueiriz, ou Aires, de Belmir

Mãe - D. Goutinha Pais

Irmãos – 1 - D. Martim Pires de Belmir

2 - D. Sancha Pires

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

74

Casamento - ?

Filhos – 1 - D. Soeiro Gonçalves Bravuda

2 - D. João Gonçalves Bravuda

3 - D. Fernão Gonçalves Bravuda

4 - D. Pero Gonçalves Bravuda

5 - D. Sancha Gonçalves Bravuda

6 - D. Maria Gonçalves Bravuda

D. Estevão Pires de Tavares

Casamento - D. Ouroana Esteves da Covilhã

Pai - D. Estevão Anes da Covilhã, alcaide da Covilhã

Mãe - D. Teresa Afonso

Filhos – 1 - D. Pero Esteves

1.1 - D. Estevão Pires de Tavares II cc D. Maria Pires

1.1.1 - D. Pero Esteves

1.1.2 - D. Gonçalo Esteves

1.1.3 - D. João Esteves

2 - D. João Esteves Orvalhus

D. Estevão Mendes Petite, ou Silva

Pai - D. Mendo Sanches da Silva

Mãe – D. Maria Soares

Irmãos – 1 - D. Nuno Mendes Queixada

2 - D. Pero Mendes o Bel Pastor

3 - D. Maria Mendes

Casamento - D. Constança Afonso de Cambra

2º Casamento - D. Rodrigo Sanches

3º Casamento - D. Fernão Rodrigues Pacheco

Filhos – 1 - D. Martim Fernandes Pacheco Batalha

2 - D. João Fernandes Pacheco

Pai - D. Afonso Anes de Cambra

Mãe - D. Urraca Pires Ribeira, ou Ribeiradia

Filho - D. Soeiro Petite

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

75

D. Gonçalo Dias Cide

Pai - D. Diogo Gonçalves de Goes

Mãe - ?

Casamento – D. Elvira Froiaz

Pai - D. Froiaz Vermuu

Mãe - ?

Filho - D. Salvador Gonçalves

D. Pero Fernandes do Vale

Pai - D. Fernão Gonçalves

Mãe - D. Estevainha Martins

Casamento - D. Maria Pires de Anta

Pai - D. Pero Esteves de Anta

Mãe - D. Mor Mendes de Encairadas

Filhos – 1 - D. Rui do Vale

2 - D. Afonso Pires do Vale cc D. Aldonça Rodriguez

3 - D. Martim Pires do Vale

Filha fora do Casamento - D. Inês Pires

D. João Pires de Vasconcelos

Pai - D. Pero Martins da Torre

Mãe - D. Teresa Soares

Irmã - D. Sancha Pires

Casamento - Condessa D. Maria Soares Coelho

Pai - D. Soeiro Viegas Coelho

Mãe - D. Mor Mendes

Filhos – 1 - D. Rodrigo Anes cc D. Mécia Rodrigues

2 - D. Pedro Anes cc D. Maria Brava

3 - D. Estevão Anes, bispo de Lisboa;

4 - D. Teresa Anes cc D. João Fernandes o Franco

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

76

D. Mem Pais Mogudo de Sandim o Velho

Pai - D. Paio Mogudo de Sandim o Velho

Mãe - ?

Irmãos – 1 - D. João Pais, abade de Pombeiro

2 - D. João Pais, clérigo.

Casamento - ?

Filho - D. Martim Mendes Mgudo de Sandim

D. Egas Gomes Barroso Guedeão

Pai - D. Gomes Mendes Guedeão

Mãe - D. Châmoa Mendes

Irmão - D. Gueda Gomes Barroso Guedeão

Casamento - D. Urraca Vasquez de Ambia

Pai - D. Vasco Guedelha

Mãe - ?

Filhos – 1 - D. Gomes Viegas de Basto

2 - D. Pero Viegas

3 - D. Rui Viegas clérigo

4 - D. Urraca Viegas cc D. Soeiro Reimondo

D. Gueda Gomes Barroso Guedeão

Pai - D. Gomes Mendes Guedeão

Mãe - D. Châmoa Mendes

Irmão - D. Egas Gomes Barroso Guedeão

Casamento - D. Urraca Anriques de Porto Carreiro

Pai - D. Anrique Fernandes Magro

Filhos – 1 - D. Fernão Guedas cc D. Maria Fogaça

1.1 - D. Fernão Fernandes Cogominho

2 - D. Gil Guedas cc D. Maria Fernandes

3 - D. Alvite Guedas

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

77

D. Martim Fernandes de Novais Pimentel

Irmã - D. Teresa Fernandes Macinhata

Casamento - D. Sancha Martins de Riba de Vizela

1º Casamento - D. Gonçalo Rodrigues Nomães

Filho - D. Martim Gonçalves de Nomães

Pai - D. Martim Fernandes de Riba de Vizela

Mãe - D. Estevainha Soares

Filho - D. Vasco Martins Pimentel

Filha fora do Casamento - D. Sancha Martins cc Estevão Anes de Freitas

D. Martim Fernandes de Riba de Vizela

Pai - D. Fernão Pires de Guimarães

Mãe - D. Usco Godins de Lanhoso

Irmão - D. João Fernandes

Casamento - D. Estevainha Soares da Silva

Pai - D. Soeiro Pires da Silva

Mãe - Dª. Fruilhe Viegas de Lanhoso

Filhos – 1 - D. Durão Martins, senhor dos coutos de Barrelas e Fráguas

2 - D. Teresa Martins cc D. Martim Pires da Maia

3 - D. Sancha Martins cc D. Gonçalo Rodrigues de Nomães/ D. Martim

Fernandes de Novais

4 - Dª. Mor Martins, abadessa de Arouca

5 - D. Elvira Martins

6 - Dª. Mor Martins

D. Rui Nunes das Astúrias

Casamento - D. Elvira Gonçalves de Palmeira

Pai - D. Gonçalo Rodrigues de Palmeira

Mãe - D. Sancha Martins

Filhos – 1 - D. Urraca Rodrigues de Palmeira

2 - D. Gonçalo Rodrigues de Nomães

3 - D. Pero Rodrigues

4 - D. Martim Rodrigues, bispo do Porto

5 - D. Guiomar Rodrigues

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

78

D. Hermígio Mendes da Teixeira

Pai - D. Mem Viegas

Mãe - D. Teresa Peres, filha de D. Pero Viegas

Casamento - D. Maria Pais Novais

Pai - D. Pai Novais

Mãe - Dª. Mor Soares.

Filhos – 1 - D. Lopo Hermígio da Teixeira

2 - D. Estevão Hermiges da Teixeira

3 - D. Afonso Hermiges da Teixeira

4 - D. Estevainha Hermiges cc D. Pero Rodrigues de Pereira

Filha Fora do Casamento - D. Teresa Hermiges da Teixeira, de Gaança, cc D. Pero

Afonso Barroso

D. Rodrigo de Froiaz de Trastâmara II

Pai - D. Froia Bermudes de Trastâmara II

Mãe - ?

Casamento - D. Urraca Rodrigues de Castro

2º Casamento - D. Alvar Rodrigues de Gusmão

Pai - D. Rodrigo Fernandes, o Calvo

Mãe - Condessa D. Estevainha Pires.

Irmão - D. Fernão Rodriguez de Castro

Filhos – 1 - D. Gonçalo Rodrigues de Palmeira, senhor do Couto de Palmeira

2 - D. Mem Rodrigues de Tougues

3 - D. Elvira Rodrigues

4 - D. Rodrigo de Froiaz

D. Pero de Gusmão

Casamento - D. Urraca Afonso

1º Casamento - D. Garcia Pereira de Aragão

Pai - Afonso IX, rei de Leão

Mãe - ?

Irmão - D. Martim Afonso

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79

Anexo II

Genealogias dos Cavaleiros

que Permaneceram em Castela

Infante D. Pedro Sanches

Pai - D. Sancho I

Mãe - D. Dulce, infanta de Aragão

Irmãos – 1 - D. Teresa, rainha de Leão

2 - D. Sancha, que entrou para o Mosteiro de Lorvão

3 - D. Constança

4 - D. Afonso Sanches, futuro rei D. Afonso II de Portugal

5 - D. Fernando Sanches, Conde da Flandres

6 - D. Henrique Sanches

7 - D. Raimundo, que morreu em criança

8 - D. Mafalda, rainha de Castela

9 - D. Branca, que está sepultada no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra

10 - D. Berengária, rainha da Dinamarca.

Casamento - D. Aurembiasse

Pai - Armengol Cáde de Vigel, Senhor de Valladolid

Mãe - ?

D. Vasco Gil de Soverosa

Pai - D. Gil Vasques de Soverosa

Mãe - D. Sancha Gonçalves de Orvaneja

Irmãos – 1 - D. Manrique Gil

2 - D. Guiomar Gil

Casamento – Dª. Froilhe Fernandes Cheira de Riba de Vizela

Pai - D. Gil Vasques de Riba de Vizela

Mãe - ?

Filhos – 1 - D. Gil Vasques cc D. Aldonça Anes

2 - D. Elvira Vasques

3 - D. Sancha Vasques cc D. Fernão Fernandes Pão Centeo

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

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D. Manrique Gil de Soverosa

Pai - D. Gil Vasques de Soverosa

Mãe - D. Sancha Gonçalves de Orvaneja

Irmãos – 1 - D. Vasco Gil

2 - D. Guiomar Gil

D. Martim Gil de Soverosa, o Bom

Pai – D. Gil Vasques de Soverosa

Mãe - D. Maria Aires de Fornelos

Irmãos – 1 - D. Teresa Gil

Casamento – D. Inês Fernandes de Castro

Pai – Fernão Guterres de Castro

Mãe – D. Milia Enegues de Mendoça

Filhas – 1 - D. Teresa Martins cc Rodrigo Anes Telo, ou com D. Martim Pires da Maia

2 - D. Sancha Fernandes

D. João Gil de Soverosa

Pai - D. Gil Vasques de Soverosa

Mãe - D. Maria Gonçalves Giroa

Irmãos – 1 - D. Fernão Gil

2 - D. Gonçalo Gil

3 - D. Sancha Gil

4 - Dª. Dordia Gil

Casamento - D. Constança Gil Riba de Vizela

Filho - Martim Anes Tio

D. João Pires Redondo

Pai - D. Pero Soares Escaldado

Mãe - D. Maria Vasques Ramiroa

Irmãos - 1 - D. Pedro Velho

2 - D. Martim Peres Zote

3 - D. Pero Pires Bravo

4 - D. Maria Bravo

5 - D. Sancha Peres, abadessa de Vairão

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

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Casamento - Dª. Mor Peres

1º Casamento - Vicente Peres de Uljeses

Filhos – 1 - D. Gonçalo Anes;

2 - João Anes

3 - Rodrigo Anes

4 - Martim Anes

5 - D. Beatriz Anes

6 - D. Teresa Anes

7 - D. Constança Anes

8 – Dª. Froilhe Anes

D. Gonçalo Anes Redondo

Pai - D. João Pires Redondo

Mãe - Dª. Mor Peres

1º Casamento - D. Teresa Esteves de Freitas

2º Casamento - D. Urraca Fernandes de Andrade

Pai - Fernão Pires de Andrade

Mãe - ?

Filhos – 1 - Martim Redondo cc D. Leonor Rodrigues

2 - Nuno Gonçalves

3 - Álvaro Gonçalves de Sequeira

4 - Dª. Mor Gonçalves

5 - D. Maria Gonçalves

D. Pero Pires Bravo

Pai - D. Pero Soares Escaldado

Mãe - D. Maria Vasques Ramiroa

Irmãos – 1 - D. João Pires Redondo

2 - D. Pedro Velho

3 - D. Martim Peres Zote

4 - D. Maria Bravo

5 - D. Sancha Peres, abadessa de Vairão

D. Rui Martins de Nomães

Pai - D. Martim Gonçalves de Nomães

Mãe - Dª. Mor Soares

1º Casamento - D. Martim Peres de Belmir

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

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Irmão - D. Gonçalo Martins de Nomães

Casamento - D. Beatriz Anes Redondo

Pai - D. João Pires Redondo

Mãe - ?

Filhas - 1 - D. Joana Rodrigues

2 - D. Maria Rodrigues

Paio Correia

Casamento - D. Teresa, ou Maria, Mendes de Melo

Pai - D. Afonso Correia

Mãe - ?

Filhos – 1 - D. Afonso Correia

2 - D. Sancha Correia

D. Gonçalo Anes Porto Carreiro

Pai - João Henriques de Porto Carreiro

Mãe – Dª. Mor Viegas Coronel

Irmãos – 1 - D. Fernão Eanes, deão de Braga

2 - D. Pero Anes Melhor;

3 - D. Martim Anes

4 - D. Lourenço Anes

Casamento - D. Teresa Gil Feijó

1º Casamento - Huer Nunes

Pai - Gil Pires Feijó

Mãe - D. Inês Soares

Filhos – 1 - Fernão Gonçalves cc D. Maria Martins

2 - Dª. Mor Gonçalves cc Pai Soares de Paiva

Vasco Gomes

Pai - Gomes Garcia

Mãe - ?

Irmão - Gonçalo Gomes, Arcebispo de Toledo

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

83

Casamento - D. Aldora Lopes

2º Casamento - D. Fernando Afonso de Santiago, filho do rei de Leão, Afonso IX

Filho - D. João Fernandes

D. Egas Martins de Ataíde

Pai - Martim Viegas

Mãe - D. Maria Giraldes

Irmãos – 1 - Pero Martins de Podentes

2 - João Martins Barroso

3 - D. Maria Martins

União não Matrimonial - D. Maria Martins de Travanca

Filhos – 1 - Gonçalo Viegas de Ataíde

2 - Lourenço Viegas de Ataíde

3 - Frei Martim Viegas, frade pregador

D. Gonçalo Anes de Aguiar, ou do Vinhal, o Velho

Pai - D. João Gomes do Vinhal

Mãe - D. Maria Pires de Aguiar

Irmãos – 1 - D. Martim Anes do Vinhal

2 - D. Lourenço do Vinhal.

Casamento - D. Berengária, ou Beringuela, de Córdova

Filho - seguiu a vida eclesiástica, tornando-se padre, mas desconhecesse o nome

Rui Garcia de Paiva, ou Panha

Pai - D. Garcia Fernandes de Paiva, ou de Portugal

Mãe - D. Tareja Pires de Gondim

Irmã - D. Sancha Garcia cc Martim Lourenço da Cunha

1º Casamento - D. Constança Anes Redonda

1º Casamento - D. João Durães

Pai - D. João Pires Redondo

Mãe – Dª. Maior Pires de Pereira

2º Casamento - D. Berengueira Aires de Gosende

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

84

Pai - D. Airas Nunes

Mãe - D. Sancha Pires de Vide

Filha Adoptiva - D. Joana Rodrigues

Lopo Hermiges da Teixeira

Pai - D. Hermígio Mendes da Teixeira

Mãe - D. Maria Pais

Irmãos – 1 - Estevão Hermiges

2 - Afonso Hermiges

3 - D. Estevainha Hermiges cc Pero Rodrigues de Pereira

Casamento - D. Ouroana Pires de Pereira

Filhos – 1 - D. Maria Lopes

2 - D. Martim Lopes

Lourenço Pais de Alvarenga

Pai – Paio Viegas de Alvarenga Curvo

Mãe - D. Teresa Anes

Irmãos – 1 - Pero Pais Curvo

2 - D. Sancha Pais

Casamento - D. Mafalda Pires Portugal

Pai - D. Pero Fernandes de Portugal

Mãe – Dª. Froilhe Rodrigues de Pereira

Filha - D. Lourença, freira, em Arouca, só deixando a vida clerical, quando se casou

com Afonso Pires Rendamor, deixando filhos que perlongassem a sua família

D. Gonçalo Nunes de Lara Menaia

Pai - conde D. Nuno Gonçalves de Avalos

Mãe - ?

Casamento - D. Teresa Gonçalves

Pai - Conde D. Gonçalo da Maia

Mãe - ?

Filho - Conde D. Nuno Gonçalves, o Corvo de Andaluz cc D. Ermesenda Gonçalves

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A Cavalaria Portuguesa no Cerco de Sevilha de 1248

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D. Fernão Rodrigues Pacheco

Pai – Rui Pires Ferreira

Mãe – D. Teresa Pires de Cambra

Casamento – D. Constança Afonso de Cambra

1º Casamento – D. Estevão Mendes Petite, ou Silva.

2º Casamento - D. Rodrigo Sanches

Pai - D. Afonso Anes de Cambra

Mãe - D. Urraca Pires Ribeira, ou Ribeiradia

Filhos – 1 - D. Martim Fernandes Pacheco Batalha

2 - D. João Fernandes Pacheco

Gomes Anes Correia

Pai - João Correia

Mãe - D. Elvira Gonçalves Taveira

Irmãos – 1 - Gonçalo Anes cc D. Aldara Anes

2 - D. Tareja Anes cc Nuno Pires de Barbo

D. Pedro Pires Homem

Pai - D. Pedro Rodrigues de Pereira

Mãe - D. Maria Peres Gravel, ou da Veiga

Irmãos - 1 - D. Pero Rodrigues

2 - D. Gonçalo Peres Pereira, grão comendador da Ordem do Hospital

3 - D. Martim Peres

4 - Dª. Mor Peres

5 - D. Elvira Peres

6 - D. Ouroana Peres

7 - D. Teresa Peres

8 - D. Maria Peres, monja de Arouca

Casamento - D. Teresa Anes Redonda

Pai - D. João Pires Redondo

Mãe - D. Gotinha Soares de Melro

Filhos - 1 - D. Estevão Peres Froião

2 - D. Martim Peres Froião

3 - D. Sancho Peres, bispo do Porto

4 - D. Maria Peres

5 – Dª. Mor Peres

6 - D. Inês Peres, monja de Arouca

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