A CIDADE DE PORTO NACIONAL QUE NÃO EXISTE NOS LIVROS

SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO

Porto Nacional 2012

Sesc - Serviço Social do ComércioDepartamento Regional Tocantins

www.sescto.com.br

374 A cidade de Porto Nacional / Sesc Tocantins, C486 Educação de Jovens e Adultos (EJA). -– Palmas : [s.n.], 2012. 20 p.: il. color. Coletânea de textos e ilustrações elaboradas pelos alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Sesc Ler Porto Nacional, TO.

1. Educação de Jovens e Adultos (EJA). 2. Porto Nacional - TO I. Sesc. Departamento Regional no Tocantins.

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SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIODEPARTAMENTO REGIONAL DO TOCANTINS / COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO

A CIDADE DE PORTO NACIONAL QUE NÃO EXISTE NOS LIVROS

PORTO NACIONAL2012

SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO

Hugo de Carvalho – Presidente do Sistema Fecomércio Sesc / Senac / /IFPD - TO

Marco Antônio Monteiro – Diretor Regional Sesc - TO

Kelma Régia da S. Oliveira – Coordenadora de Educação Sesc - TO

Mônica Sousa Araújo – Analista em Educação

ELABORAÇÃO E COORDENAÇÃO DO PROJETO

Arielma Ribeiro de Carvalho - Supervisora Administrativa

Walnoysa Dias de Sousa - Orientadora Pedagógica

Gláucia Regina Campos Miranda - Professora do 1° ciclo

Francine Melissa Barbosa - Professora do 2° ciclo

Johnatan Alves Nunes - Professor do 1° e 2º ciclo

Comunicação: Renato Klein - Coordenador

Diagramação: Samuel Leumas - Estagiário

Sumário

Apresentação.................................................................................................................................... 06

A Cidade........................................................................................................................................... 08

Monumentos arquitetônicos e históricos se misturam à religiosidade................................................. 09

A catedral de Porto Nacional............................................................................................................. 09

Nossa Senhora das Mercês............................................................................................................... 10

Patrimônio natural e cultural.............................................................................................................. 11

O Padre Santo................................................................................................................................... 12

O Coreto........................................................................................................................................... 13

Toca Sússia Tambor.......................................................................................................................... 14

Batuque alegre.................................................................................................................................. 15

Cobra boiuna.................................................................................................................................... 16

O Sino.............................................................................................................................................. 17

Cordel do Caba Saco......................................................................................................................... 18

Cordel com palavras retiradas do hino da cidade de Porto Nacional................................................... 19

Considerações finais......................................................................................................................... 20

A proposta deste livro teve origem a partir do desenvolvimento do projeto didático e institucional que desenvolvemos todos os anos e cuja temática esse ano foi: “A cidade de Porto Nacional que não existe nos livros”. O projeto foi idealizado pela equipe pedagógica da instituição e desenvolvido com nossos estudantes de Educação para Jovens e Adultos do SESC Ler em Porto Nacional - Tocantins. Conhecer a história da cidade onde vivemos nos permitiu saber mais sobre a nossa própria vida, pois nossos alunos, que ainda se encontram em processo de alfabetização, focaram seus estudos na pesquisa e na valorização histórica, cultural, social e econômica do município de Porto Nacional, evidenciando as principais mudanças em seus mais diversos aspectos, partindo de sua origem até os dias atuais. Com isso, foi levado em consideração as características mais marcantes de um lugar que possui uma estrutura arquitetônica a qual compõe o centro histórico centenário da cidade, em uma área que compreende conjuntos de ruas, praças e casarios, englobando a área da Avenida Beira Rio e o entorno da Catedral, um local carregado de manifestações culturais riquíssimas que possibilitou aos estudantes descreverem e registrarem fatos bem peculiares da região e o modo de vida do povo que ali reside. Contudo, as oportunidades de aprendizagens não se limitaram somente a esses conhecimentos, pois, os estudantes puderam arriscar suas hipóteses de escrita e leitura quando foram desafiados a escreverem um livro contando suas percepções e olhares tanto poéticos como narrativos, sobre a cidade onde habitam. Diante do desafio, nossos alunos se colocaram na posição de pesquisadores e escritores. Assim, surgiu a publicação deste livro que rompe com alguns padrões no que se refere a aceitar a maneira de escrever de nossos alunos, isto é, considerar seu nível de escrita e reconhecer o que produziram mesmo sem saber ler e escrever convencionalmente. Acreditando, portanto, que servirá de incentivo à leitura e escrita de outros jovens e adultos que ainda não são escolarizados.

Equipe pedagógica.

Apresentação 06

Rua das floresPorto Nacional

07

A CIDADE

A cidade de Porto Nacional teve origem no final do ciclo do ouro, como ponto de articulação dos garimpos das cidades de Natividade, Monte do Carmo e Bom Jesus do Pontal, com o declínio do ciclo do ouro a população dos arraiais próximos se transferiu para o município de Porto Nacional, fundado as margens do rio Tocantins no século XIX. O núcleo urbano se desenvolveu lentamente com os traçados das ruas e edificações de casarões, que foram construídos com adobes, possuindo paredes grossas formando um conjunto arquitetônico com característica românica. Essas casas foram construídas com o intuito, de defesa contra ataques de índios e de

jagunços. A partir do largo que foi construída a Catedral Nossa Senhora das Mercês, partiram as estreitas ruas onde estão postadas as mais importantes da

cidade: a rua do “cabasaco” e o “recantão”. Por to Nac iona l possu i características próprias, considerada o berço cultural em que o povo preserva sua história de vida ligada às lutas, vivências, valores, mitos, lendas e suas raízes.

08

MONUMENTOS ARQUITETÔNICOS E HISTÓRICOS SE MISTURAM À RELIGIOSIDADE

A catedral de Porto Nacional

A igreja Nossa Senhora das MercêsNão foi construída pelos escravos, como muitos acreditam.Foi edificada, por homens livres tantos negro como brancoPara ser construída foi necessário trazer recursos das ações comemorativas de senhores de Porto Nacional.Para a catedral chegar a ser catedral muitas pedras foram lapidadas uma a uma, para a conclusão desse grande monumento histórico da nossa porto Nacional cultural, que não existe nos livros, mas vive em nossas lembranças.

Adão Ribeiro T. Dias 2° ciclo

09

Nossa Senhora das Mercês

A catedral de Porto Nacional fica na Avenida Beira Rio Igreja rica de muita cultura, regada por aqueles que ali passam. Os artistas regionais deixam a marca do samba, sússia, catira capoeira e jiquitaia, mostrando todo o seu talento a comunidade portuense. Raimunda Taveira 2º ciclo

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Patrimônio natural e cultural

Porto Nacional, esta cidade é um verdadeiro patrimônio que aqui existe. Eu ainda não conheci , mas sei que existe. Sei que um dia vou conhecer a igreja Nossa Senhora das Mercês a catedral aqui de Porto o nosso patrimônio. Outra igreja que quero conhecer é a São Judas Tadeu que ouvi histórias a respeito das suas festividades. Quero passear por todo centro histórico, admirar cada parte por onde passar e depois poder contar a todos que perguntar.

Raimundo Nonato R. Neres. 2º ciclo

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O Padre Santo

Diziam que padre Luso era santo, muitas beatas falavam que o via flutuando quando estava rezando no seu cantinho na sacristia da igreja. Quase todas as crianças que nascia naquela época eram batizadas por ele, dizendo que teriam vida longa, saúde e muita sorte na vida. Aleomar Pires de Oliveira, 1º ciclo

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O Coreto

A história do Coreto é difícil de contar. Só sei que muita gente ia lá apenas para namorar. Lá também vendia as delícias da nossa cidade Natal.Só que ele foi destruído e em seu lugar restou apenas saudades de amores ali vividos.

João Batista de Oliveira, 1° ciclo

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Toca Sússia Tambor

A formiga que dóiÉ a jiquitaiaToca, toca meu tamborArriba a saia meu amor.

A sússia veio de longeMorada não tem lugarTodos dançam todos cantamSoa tambor vem brincar.

Arriba a saia meu amorSússia, sússia dos tambores,Pé no chão poema no ar,É gente alegre a dançar.

Domingas Silva do Nascimento, 1º ciclo

Releitura da música Sussa Tambor de Everton dos Andes CD música negra.

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Batuque alegre

Toca, toca no tambor. Meu coração já alegrou.O povo negro da igreja chegou.Com tanto esplendor se espalhou. Construindo as paredes de pedra em pedra finalizou. O cartão postal é a catedral de Porto Nacional.

Edmilson P. 2° ciclo

Releitura da música: Sussa Tambor de Everton dos Andes CD música negra.

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Cobra boiuna No ventre da terra Gera milhares de sobreviventes Humanos e animais.Verde fica teu coraçãoCom o primeiro amor Pensa que tudo tá na mão.Cobra grande cobra grande É a maior fera vista no rio Tocantins Do ventre da boiuna morreu milhares de cobrinhas que espalhou pelo rioCobra grande cobra grande Ela é tão grande que se sair do rio destroi a cidade.

Raimundo Nonato R. Neres 2º ciclo

Releitura do texto A cobra Boiúna de Edivaldo Rodrigues pág 49 á 63 do livro Pontal.Texto: criado a partir da lenda da cobra boiúna.

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O Sino

Quando eu era pequena ouvia o povo falar que quando o sino da Catedral Nossa Senhora das Mercês tocava seis badaladas, sem ser hora da missa ou no domingo, podia esperar, era gente importante que tinha morrido.Era uma curiosidade só, todos saiam de suas casas para saber quem tinha morrido. As beatas da cidade corriam para rezar, mesmo sem saber quem era. Todas começavam a chorar.

Maria Pereira de Souza, 1º ciclo

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Cordel do Caba Saco

Sou poeta do silêncioCanto uma terra de vivente,Sou portuense de sangueMinha cidade é valente.

Porto tem uma ruaQue até hoje chama Caba SacoDeu música, fez poemaE o povo ainda lembraCaba Saco, a vida inteiraO povo há de te Amar.

Rua da Cadeia, hoje é museuOnde guarda a relíquiaDo povo que aqui viveu,Coreto Velho onde esta?O que aconteceu?

Leuzivan Pereira Xavier, 1º ciclo

Releitura a partir da música Frevo do Caba sacoMúsica: Frevo do Caba sacoCompositor: Bey Aires

(Liberato Costa Póvoa. Dicionário tocantinense de termos e

expressões afins).

Cabaçaco é uma rua em Porto Nacional por onde os escravos arrastavam sacos com mantimentos para vender na feira. Quando chegavam ao fim da rua, os sacos estavam acabados. Daí o nome Rua do Cabaçaco.

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Cordel com palavras retiradas do hino da cidade de Porto Nacional

Dediquemos nossa vidaA nossa terra natalNa cidade de Porto NacionalOnde a alegria é fenomenal.Tocantins é um estado Cheio de lugares bonitosMas tem uma cidadeQue já teve três nomes:Porto Real, Porto ImperialE hoje éMinha cidade queridaPorto Nacional.

Saulo Belém Velar , 1º ciclo

Releitura a partir da letra do hino de Porto Nacional Letra: Luiz Leite Ribeiro Música: Sebastião de Oliveira

Artesanato

O artesanato de Porto Nacional tem impresso em suas peças, características regionais que são passadas de geração a geração. Através de relatos de moradores descobrimos que a cerâmica do ribeirão dos potes abasteceu o mercado da cidade por longos anos.

Francisco Barbosa Santos, 2º ciclo.

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Considerações finais

Desenvolver esse projeto exigiu muitas pesquisas que se confrontaram entre o conhecimento científico e o senso comum durante os estudos. Pois, reviver a história de Porto Nacional, é voltar ao passado e ao mesmo tempo vivenciar o presente enquanto cidadãos e colaboradores na trajetória de construção, preservação e caracterização deste lugar, que é considerado Patrimônio Histórico e Berço Cultural de nosso estado. Os saberes construídos pelos alunos serviram de referências no momento em que foram desafiados a arriscarem suas hipóteses de escritas partindo de releituras textuais de poemas e narrativas contadas por autores locais, que se destacam na cultura portuense. Mediados pelos professores, nossos alunos registraram e expressaram oralmente sobre a catedral da cidade, o antigo coreto, nossa senhora das Mercês, o padre considerado santo, a dança sússia, os tambores de batuque alegre, a rua do “cabaçaco”, a lenda da cobra boiuna que dizem está enterrada debaixo da catedral até hoje, em fim, muitas histórias foram recontadas ao modo peculiar de cada um de nossos alunos que também apresentaram o lado artístico utilizando técnicas de colagem, pintura com tinta guache e cola branca, papel machê e giz de cera nas ilustrações que aparecem desde a capa ao final do livro, isso sem falar no passeio que fizemos à cidade para tirar as fotografias dos lugares que tanto falamos em sala de aula. Além disso, preservamos a forma manuscrita em que registraram seus textos, anexadas em cada página do livro.O desejo de cada um em contar ou recitar sobre o que sabe de sua cidade e a criatividade ao ilustrar essas marcas, é que foram capazes de levar nossos alunos a se tornarem autores de suas próprias produções escritas e não apenas o domínio de técnicas mecânicas. E é isso que queremos deixar transparecer nesse livro construído por eles.

Equipe Pedagógica

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