A Classificação Dos Vocábulos Formais, De Joaquim Mattoso Câmara Júnior

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  • cimo da sibilante posvociilica /S/. A alterniincia dos dois timbres da vogal tanica apenas reforga a oposi@o que a ausencia de /S/ (morfema 0) e a sua presensa criam entre singular e plural.

    NHo 6, por6m7 uma alterniincia a ser desprezada n s descrigo gramatical. Ela auxilia a distin@io entre singular e plural e torna a oposiqilo fomoso: formosos mais nitida do que entre bolso: bolsos, por exemplo, em que ela nHo existe.

    Diacronicamente, ela explica a elirninapiio do morfema pro- priamente dito, porque o falante confia nela para a clareza da sua comunica@o. Antes do portugu6s atual com fiz, houve uma forma + fixi, em que a vogal iitona final se esvaiu, porque a alternfincia. faz+er: fiz(i) jii era bastante nitida para caracteri- zar a segunda f ~ r m a . ~

    4. 0 fenameno do submorfema 6 um caso particular de urn fen6meno geral na !ifguagem: a redundlncia A lingua, como meio de wmunica$Lo. nfio se satisfae corn urna opos~cao una e simples. Acrescents outros proeessos opositivos 'lredundantd'. aue retorcam a ~rimeira op?si- giio. a redundlncia, Que. no plano lexical, explica o pleonasmo. As nossas gradtlcas normativas o eonsideram urn "vlcio de linguagem". Mas d e muitas v e z s nSo merece esse "xingamento". 2 um reforqo para maior rendimento da c o m ~ n i c a g ~ ~ _ ~ : , ~ ~ ~ _ ~ ~ m o 0 .I..-"-.-.,- .." -,,-.,- -.. *...:-- a:--:..,:-.- ...--.,,-.. ,. ,..,,, , .,....,. .., ,..,.,, ,.,.,...., ?: rc%rI--. xn: ...-.- ---...--.-- ---- d l l

    A CLASSIFICA@O DOS VOCABULOS FORMAIS

    35. Uma vez explicado o que se entende por vodbulos formais ( formas livres ou formas dependentes), temos na gramiitica descri- tiva portuguesa a tarefa de os distribuir em classes fundamenfais.

    Isto foi feito para o grego antigo pel0 gramMico alexandrino Dionisio da Trbcia. A sua classifica$io foi adotada corn pequenas modifica~6es em latim e afinal passou para as linguas europkias modernas. 13 a chamada teoria das

  • Em referGncia,ao portugu&s, esse critirio comp6sit0, que po- demos chamar; morfo-sembntico, parece dever ser o fundamento primario da classifica$io.

    Por meio dele temos uma diviszo dos vocAbulos formais em nomes, verbos e pronomes. Semanticamente, os nomes representam kcoisas)>, ou seres, e os verbos cqrocessos)>, segunlo n-.f6rmula de Meillet (Meillet 1921, 175). A definiGo tem sido rejeitada pel0 argumento filos6fico (n5o um argumento lingiiistico) de que nHo 6 possivel separar no universo biossocial os seres e os prowssos. Alegou-se at6 que nomes, como em portuguGs, viagem, julgamento ou consolo+io, s5o processos ou ate, mais estritamente, atividades. A resposta 6 que esses vocSbulos sHo'.tratados na lingua como nomes e associados a coisas. A interpretas50 filos6fica profunda n50 vem ao caso. Trata-se, como se assimilou logo de inicio neste livro, daquela Mgica, ou compreens50, intuitiva que permeia toda a vivencia humana e se reflete nas linguas. Deste ponto de vista, podemos dizer, com Herculano de Carvalho, que no nome cca reali- dade em si.. . pode ser ou n5o constituida por um objeto fisico: sera objeto fisico, quando o significante for, por exemplo, a pala- vra cadeira, ou flor ou homem; mas j6 assim 1-50 sucede quando ele 6, suponhamos, humanidade ou belexcw> (Carvalho 1967, 162).

    Por outro lado, a oposi~5o de forma separa nitidamente, em portugues (como jB sucedia em latim), o nome e o verbo. Aquele se pode objetivar por meio da particula, ou forma dependente, que 6 o . 0 proriome limita-se a mostrar o ser no espaco, visto esse espaco em portugues em f u n ~ 5 o . do falante: eu, mim, nze cco falante qualquer que ele seja>>, este, isto

  • Em portugub, os conectivos subordinativos se dividem em preposi~ties e conjunsties. As preposis6es subordinam um vocdbulo a outro: flor do campo, falei de flores. As conjun@es subordinam senten~as. Em outros termos: entre dnas sentencas uma em deterrninante da outra.

    0 s vocfibulos coordenativos s5o os mesmos em qualquer dos casos, como vimos acima nos exemplos com a particula e. Outr0 exemplo: pobre mas fetiz - xangou-se mas niio tinha razcio.

    0 s conectivos s5o em principio morfemas gramaticais. Per- tencem ao mecanismo da lingua sem pressupor em si mesmos qualquer elemento do universo biossocial.

    Entretanto, hB conectivos subordinativos oracionais, ou con- jungSes subordinativas, que se reportam a urn nome ou pronome, cujo lugar substituem na enunciag80. Como tais, desempenham na orasgo em que se acham um papel que caberia a um nome ou pronome. A gram5tica tradicional os denominou (((pronome)> por causa desse papel que desempenham na ora@o; , porque estabelecem uma ccrela@o)) entre as duas oragties, como conjuncbo subordinativa) ; ex.: aqui estci 0 livro que comprei (que = livro e ao mesmo tempo subordinando a id6ia da compra B apresenta~iio do livro no momento).

    Naturalmente, esse e outros detalhes ser5o melhor tratados no capitulo referente 2 classe dos pronomes.

    De qualquer maneira, temos para os conectivos em portugugs o seguinte quadro geral:

    Coordenativos

    Conectivos { [ De vocdbulos (preposig6es) Subordinativos I

    I [ De sentengas (conjun@es)

    0 MECANISMO DA4 FLEXAO PORTUGUESA

    37. 0 termo gramatical