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Projeto monográfico apresentado no curso de Direito da Universidade de Caxias do Sul, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito.
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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
CENTRO DE CINCIAS JURDICAS
CURSO DE DIREITO
EDUARDO ROBERTO BISCARO
A COMERCIALIZAO DO CRIME POR PARTE DA MDIA E A INFLUNCIA
DESTE FENMENO NO PROCESSO PENAL BRASILEIRO
Caxias do Sul
2014
EDUARDO ROBERTO BISCARO
A COMERCIALIZAO DO CRIME POR PARTE DA MDIA E A INFLUNCIA
DESTE FENMENO NO PROCESSO PENAL BRASILEIRO
Caxias do Sul
2014
Projeto monogrfico apresentado no curso
de Direito da Universidade de Caxias do
Sul, como requisito parcial obteno do
ttulo de Bacharel em Direito.
Orientadora: Prof. Gisele Mendes Pereira
SUMRIO
1. DADOS DE IDENTIFICAO .............................................................................. 4
2. OBJETO ............................................................................................................... 5
2.1 Tema .............................................................................................................. 5
2.2 Delimitao do tema....................................................................................... 5
2.3 Problema ........................................................................................................ 5
2.4 Hipteses ....................................................................................................... 5
2.4.1 Hiptese bsica .......................................................................................... 5
2.4.2 Hipteses secundrias ................................................................................ 5
3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 6
4 OBJETIVOS ...................................................................................................... 7
4.1 Objetivo geral ................................................................................................. 7
4.2 Objetivos especficos ..................................................................................... 7
5 FUNDAMENTAO TERICA ........................................................................ 8
Teorias miditicas .................................................................................................... 8
O poder de formao de opinio .............................................................................. 9
Comunicar x informar ............................................................................................. 11
Liberdade de expresso ......................................................................................... 13
Acesso a informao .............................................................................................. 14
Presuno de inocncia ......................................................................................... 16
Direito a intimidade ................................................................................................ 18
O fenmeno da comercializao do crime e a manipulao das notcias .............. 20
A influncia da mdia nas decises ........................................................................ 23
O problema das decises de conscincia .............................................................. 25
6. METODOLOGIA E MTODO ......................................................................... 27
7. CRONOGRAMA .............................................................................................. 29
8. REFERNCIAS ............................................................................................... 29
9. PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVISRIO ......................................... 31
4
1. DADOS DE IDENTIFICAO
Ttulo do projeto: A comercializao do crime por parte da mdia e a influncia deste
fenmeno no processo penal brasileiro.
Autor: Eduardo Roberto Biscaro.
Endereo: Av. Rio Branco, 936, apto. 61, bairro Rio Branco, CEP 95010-060, Caxias
do Sul RS.
Telefone: (54) 9903.1547.
E-mail: [email protected]
Professor orientador: Gisele Mendes Pereira
Curso: Direito
rea de concentrao: Direito penal e Constitucional
Instituio: Universidade de Caxias do Sul
mailto:[email protected]
5
2. OBJETO
2.1 Tema
Com a evoluo dos meios de comunicao a mdia passou a se interessar
mais pelos crimes considerados de comoo social. Neste sentido, na busca
inconstante da melhor notcia sobre o ocorrido, acaba distorcendo a realidade dos
fatos, influenciando a sociedade, e, at mesmo, o processo penal propriamente dito.
2.2 Delimitao do tema
A comercializao do crime por parte da mdia e a influncia deste fenmeno
do processo penal brasileiro.
2.3 Problema
At que ponto a mdia pode influenciar, transformando um crime, geralmente
de comoo social, em produto com valor comercial, desde o inqurito at a execuo
da pena no processo penal brasileiro?
2.4 Hipteses
2.4.1 Hiptese bsica
A repercusso de alguns casos no mbito penal tem seu resultado alterado
em razo da influncia da mdia. A sociedade influenciada, mas ao juiz, sobretudo
sobre a sua imparcialidade, cabe o reconhecimento e efetivao das garantias penais
e constitucionais, filtrando as informaes que recebe por parte da mdia, no momento
da prolao da sentena penal condenatria no se deixando influenciar por estas.
2.4.2 Hipteses secundrias
a) O aprimoramento das tcnicas de comunicao em razo do surgimento de
novas tecnologias fez nascer a chamada sociedade da massa. Essa
sociedade possui como caracterstica o amplo acesso s informaes, das
mais diversas possveis. Esses fatores devem ser pontos positivos para a
efetivao da justia, no havendo que se aceitar que seja um meio de
6
manipular informaes objetivando comercializar um crime e/ou a condenao
injusta de um acusado.
b) O equilbrio entre os princpios constitucionais, quais sejam, liberdade de
expresso, presuno de inocncia, devido processo legal, etc., so,
sobretudo, direito de todos os cidados na busca pela efetivao da justia.
3 JUSTIFICATIVA
Nos ltimos tempos, tem se observado um grande interesse por parte da mdia
a respeito de casos considerados de comoo social que acabam sendo
extremamente divulgados, desde a fase inicial, a partir da instaurao do inqurito
policial, at a fase final, que interessa efetivamente a sociedade e a mdia, qual seja,
a condenao do acusado.
Ocorre que, este grande interesse pelos casos acaba gerando entre os meios
de comunicao uma corrida contra o tempo para ver quem consegue ter acesso a
notcia mais recente e a divulga-la por primeiro, nem que isso implique em
manipulao de informaes, tornando-as sensacionalistas, para que se tornem mais
atrativas aos olhos do pblico em geral.
A partir disso, inmeros problemas surgem, na medida em que essas notcias
sensacionalistas, amplamente divulgadas, acabam por influenciar o julgamento da
sociedade sobre o assunto e at mesmo o do julgador do processo penal. Assim, essa
postura adotada pela imprensa e pelos julgadores que se deixam influenciar por
deixarem o seu papel de efetivadores da justia a verdadeiros pop stars tornou-se
conduta corriqueira nos dias atuais.
Portanto, com o presente, procura-se demonstrar que os princpios
constitucionais elencados na Carta Magna, bem como as garantias penais devem ser
respeitados, a fim de que seja proporcionado aos acusados o devido processo legal,
e no o devido processo miditico, na busca e efetivao da justia.
Por fim, como justificativa pessoal, alm do interesse desenvolvido pelo
assunto, imprescindvel que este tema seja profundamente analisado, pois, se est
diante de acontecimentos que sob hiptese nenhuma deveriam ocorrer no mbito
jurdico, especialmente quando se trata da condenao de um acusado pela suposta
prtica de um crime.
7
4 OBJETIVOS
4.1 Objetivo geral
Examinar o fenmeno da comercializao do crime, notcia com valor
comercial, por parte da mdia e a consequente influncia deste fenmeno no processo
penal, evidenciando, inclusive, que tal fato capaz de alterar o resultado do processo,
desde o inqurito policial at o julgamento da ao penal.
4.2 Objetivos especficos
a) Apontar os meios utilizados pela mdia para a produo das notcias a
partir da evoluo histria daquela;
b) Debater a importncia dos princpios constitucionais fundamentais que
deveriam ser aplicados ao tema;
c) Ilustrar o panorama de um caso, evidenciando as prerrogativas do
advogado que deixam de ser cumpridas em relao a este, mas no em
relao a imprensa;
d) Identificar a quem compete defender e preservar os interesses das partes
envolvidas em um processo que esteja sob o enfoque da mdia;
e) Constatar o grande problema que est por trs de decises de conscincia
influenciadas por presso social;
f) Identificar a quem compete defender e preservar os interesses das partes
envolvidas em um processo que esteja sob o enfoque da mdia;
g) Verificar meios de assegurar a efetivao da justia por meio de um
julgamento justo, imparcial e sem influncias externas.
8
5 FUNDAMENTAO TERICA
Teorias miditicas
A partir da segunda metade do sculo XX, o poder de persuaso que a mdia
exerce sobre a sociedade passou a ser estudado com mais afinco. Neste sentido,
algumas teorias surgiram na inteno de analisar os efeitos que essa persuaso gera
no indivduo, e, principalmente, na sociedade como um todo.
As teorias miditicas nada mais so do que uma srie de estudos voltados ao
mecanismo desse fenmeno denominado Comunicao Social desde seus aspectos
cognitivos, passando pelos sociais, econmicos, polticos e tecnolgicos, englobando
ainda ramos da sociologia, filosofia e psicologia. Ainda, preciso se observar os
critrios cronolgicos, bem como o contexto social e histrico em que os meios de
comunicao em massa aparecem como ponto essencial a entender as principais
teorias que sero estudadas.
A primeira teoria possui origem Europeia e denominada Hipodrmica.
Defende que cada elemento do pblico pessoal e diretamente atingido pela
mensagem sem nenhuma resistncia. Essa teoria surge durante o perodo das
guerras mundiais, de forma que a prpria comunicao em massa se apresentava
como uma novidade, somado aos trgicos acontecimentos noticiados e tal perodo
histrico. Portanto, pressupe que quando h uma mensagem da mdia, esta penetra
o indivduo sem esbarrar em quaisquer resistncias e por isso chamada de
hipodrmica, hipo significa abaixo; derme, pele, ou seja, a agulha do mdico que
penetra diretamente as veias de seu paciente sem encontrar nenhuma resistncia.
Em outras palavras, seria dizer que a mdia injeta o seu contedo diretamente
no crebro da populao, sem que esta apresente qualquer reao. Alm disso,
segundo Wolf pode descrever-se o modelo hipodrmico como sendo uma teoria da
propaganda e sobre a propaganda;1.
Posteriormente, surge a Teoria da Persuaso, defendendo o oposto da
Hipodrmica, isto , que a mensagem recebida pelo indivduo, mas no
imediatamente assimilada. Esta teoria aborda diversos aspectos psicolgicos, de
1 WOLF, Mauro. Teorias da Comunicao. 8. ed. Lisboa: Editorial Presena, 2003. p. 7.
9
forma que o efeito no indivduo ir depender das perspectivas daquele prprio
indivduo.2
Em seguida, nasce a Teoria Emprica de Campo, tambm conhecida por
Teoria de Efeitos Limitados. Tal teoria baseia-se na Teoria da Persuaso, mas aborda,
principalmente, questes sociolgicas, entendendo que a mdia apresenta influncia
limitada perante a sociedade por ser somente parte da vida social. H uma
comparao da influncia exercida com outros ramos de fora social, quais sejam, a
Igreja, a poltica, a educao, etc., isto , o indivduo filtraria a mensagem recebida
antes de qualquer absoro, o que seria determinante para auferir o grau de
intensidade que essa mensagem produziria em cada um.3
Nesta senda, surge a Teoria Funcionalista, dedicando-se no somente o
efeito da mdia na sociedade mas tambm o papel que ela exerce, isto , sua funo.
A ao social de cada indivduo imprescindvel nesta teoria.4
Algum tempo aps, surge, na Escola de Frankfurt, a Teoria Crtica, a qual
baseia-se em teorias marxistas defendendo a tese de que a mdia um instrumento
de influncia social capitalista.5
Por fim, a Teoria Culturolgica, leva em considerao elementos nacionais,
religiosos e humansticos de cada cultura, sendo que a mdia dependeria desses
aspectos de cada sociedade para gerar os efeitos que almeja.6
Assim, que desde sua origem, a mdia busca formas, das mais diversas
possveis, para que a notcia por ela produzida penetre no indivduo, levando em
consideraes diversos fatores, conforme se depreendeu das teorias acima
apresentadas.
O poder de formao de opinio
Bem sabido que a mdia representa muito mais que uma forma de informar
a populao sobre acontecimentos do cotidiano, hoje possvel destaca-la como
grande formadora de opinio pblica. Esta ideia no nova, a muito tempo a imprensa
assumiu este papel, mas, com os avanos tecnolgicos, esse processo se
desenvolveu de forma muito mais abrangente, rpida e eficaz.
2 WOLF, Mauro. Teorias da Comunicao. 8. ed. Lisboa: Editorial Presena, 2003. P. 12-18. 3 WOLF, Mauro. Op. Cit. Pg. 18-25. 4 WOLF, Mauro. Op. Cit. Pg. 25-34. 5 WOLF, Mauro. Op. Cit. Pg. 34-42. 6 WOLF, Mauro. Op. Cit. Pg. 43-46.
10
Mas afinal, existe um conceito do que seria a mdia? Santareno, assim define:
um conjunto de meios diferentes, cada vez mais refinados tecnologicamente.
Mdia no to-somente o aparato tecnolgico. H que se compreender
mdia como associao de um suporte tecnolgico, uma linguagem adequada
e uma estratgia de ao precisa e clara.7
Por outro lado, no que tange opinio pblica, poderamos citar o conceito de
Bobbio (1998), para ele a opinio pblica se resume a
[...] uma opinio sobre assuntos que dizem respeito nao ou a outro
agregado social, expressa de maneira livre por homens que esto fora do
governo, mas que reclamam o direito de que suas opinies possam
influenciar ou determinar aes governamentais.8
Esse poder de gerar opinio pblica notoriamente importante, na medida
em que que vivemos na era da sociedade da informao. A internet, por exemplo,
nos proporciona saber o que est acontecendo em qualquer parte do mundo em
tempo real. Ainda no ano de 1984, Desmond Ficher, j trazia um atualssimo
ensinamento sobre esta questo:
Hoje, estamos emergindo de uma sociedade industrial para aquilo que os
socilogos chamam de sociedade da informao. A nfase est se
desviando da sociedade de fabricao e servios para o processamento da
informao, isto , para a preparao, transferncia e armazenamento da
informao. J mais da metade da populao trabalhadora dos Estados
Unidos estima-se est empenhada neste tipo de trabalho. Em nossos
tempos, a rea de maior desenvolvimento comercial e industrial a rea da
comunicao.9
A partir desta ideia de sociedade da informao possvel concluir que a
mdia possui consigo um grande poder na medida em que pode influenciar diversos
ramos da sociedade, desde a poltica at o comportamento do prprio indivduo.
Usando de vrios mtodos para atingir seu objetivo, poderia se afirmar que
um dos cernes da questo a neutralidade (ou no) por parte da imprensa, ante a
veiculao de uma notcia. Isto , quando no h neutralidade, por obvio que alguma
7 Santareno, 2007. 8 Bobbio, 1998. 9 FISCHER, Desmond. O Direito de comunicar. Expresso, informao e liberdade. So Paulo:
Brasiliense, 1984. p. 12.
11
coisa ou algum ser mais favorecido do que outro. Nesta seara, percebe-se que a
imprensa entrega ao indivduo, cada vez mais, uma notcia pronta, mastigada,
resumida, sendo que, automaticamente, este ir tomar um partido, a favor ou contra,
e esse o problema, afinal, as pessoas acabam formando uma opinio sem conhecer
a fundo do que se trata aquele assunto, apenas diante dessa imposio final que
lhes apresentada pelos meios de comunicao. Assim, diante da ausncia da
imparcialidade, a mdia sempre tenta persuadir algum a adotar determinada
posio10.
Ainda segundo, as palavras fazem coisas, criam fantasias, medos, fobias ou
simplesmente, representaes falsas11.
Portanto, a mdia exerce grande influncia no processo de formao da
opinio pblica no nosso atual cenrio, principalmente, pois vivemos na era da
Sociedade da Comunicao, de forma que a notcia no mais passada ao pblico
de forma neutra, sempre buscado convencer os receptores destas notcias a
assumirem determinada posio.
Comunicar x informar
Conforme j fora apresentado nos tpicos anteriores do presente estudo,
vivemos na era da sociedade da comunicao, sendo que a evoluo tecnolgica
transformou as noes de comunicao at ento existentes. Essa transformao dos
mecanismos de comunicao resultou na alterao dos padres de interao social
entre os entes envolvidos nessas relaes, sendo necessria uma anlise sobre os
conceitos de informao e comunicao e o que eles representam para a sociedade
atualmente.
Ficher, j trazia a ideia da evoluo da informao/comunicao:
Hoje, a informao encarada em termos diferentes. No apenas o
contedo do processo de informao que est sendo considerado: o prprio
processo. O desenvolvimento tecnolgico nas comunicaes trouxe a
capacidade de comunicar ao alcance de muito mais pessoas. Os meios de
comunicao em massa esto dando lugar mini-mdia.12
10 Lane e Sears, 1964. 11 Bourdieu, 1997. 12 FISCHER, Desmond. O Direito de comunicar. Expresso, informao e liberdade. So Paulo:
Brasiliense, 1984. p. 29.
12
Do latim informare, que significa dar forma, informao poderia ser definida
como Ato ou efeito de informar. No entanto, este ato ou efeito de informar unilateral,
ou seja, apresenta-se em um sentido nico sem o emissor da informao se preocupar
com a interpretao realizada por parte do receptor, que no possui nenhuma
obrigao em demonstrar a compreenso do contedo, tanto que no h a
possibilidade nem de expressar suas concluses sobre o tema.
Por outro lado, o conceito de comunicar est pautado ao estabelecimento de
um dilogo, vem do latim comunicare, troca de opinio, conferenciar. No dicionrio13,
h as seguintes definies: ao de transmitir uma mensagem e, eventualmente,
receber outra mensagem como resposta ou ainda, processo que envolve a
transmisso e a recepo de mensagens entre uma fonte emissora e um destinatrio
receptor. Ou seja, a comunicao gera reaes ao receptor da mensagem e este
geralmente produz uma resposta a essa mensagem recebida. Esta seria a principal
diferena entre informar e comunicar, isto , na comunicao, o receptor elabora um
raciocnio sobre a mensagem, de forma que pode at corrigir a ideia que lhe passada
pelo emissor.
Observemos que toda tcnica miditica atual est pautada na possibilidade
de informar o seu pblico e no de comunica-lo. E tendo em vista a grande quantidade
de informaes a que temos acesso diariamente, sendo elas diretas, quando o prprio
indivduo a busca ou indireta, quando lhes passada no cotidiano, preciso tecer
anlises crticas sobre essas informaes, visando transformar a informao em
comunicao, afinal,
O mundo uma aldeia global do ponto de vista tecnolgico. No dos homens,
nem das culturas e das vises de mundo. A a torre de Babel. Se tudo se
mistura na rede, o mesmo no ocorre na realidade. Quanto mais o ponto a
ponto se intensifica, mais necessrio distinguir na realidade os contedos,
pois ningum pode tudo misturar e absorver.14
O importante observar que a comunicao e a informao, apesar de terem
conceitos distintos, conforme acima explanado, na realidade, so inseparveis e, sem
dvidas, foram fundamentais para que o homem evolusse e desenvolvesse o seu
senso crtico. No entanto, no se pode deixar que isto se perca diante da manipulao
13 Disponvel em < http://www.nossalinguaportuguesa.com.br/dicionario/comunica%e7%e3o/> Acesso
em 07/10/2014. 14 WOLTON, Dominique. Informar no comunicar. Porto Alegre: Meridional/Sulina, 2010. p. 82.
http://www.nossalinguaportuguesa.com.br/dicionario/comunica%e7%e3o/
13
e comercializao de notcias e ideais prontas, sem que o receptor tenha as condies
necessrias para formar sua prpria opinio a respeito de determinado vinculado pela
mdia.
Liberdade de expresso
sabido que a Liberdade de Expresso no Brasil consequncia de uma
incansvel e constante luta histrica. Neste sentido, desde o fim da ditadura militar no
ano de 1985, vigora a ideia da livre expresso.
A Constituio Federal Brasileira de 1988, elenca em seu artigo 5, inciso, IX,
que livre a expresso da atividade intelectual, artstica, cientfica e de comunicao,
independentemente de censura ou licena. Assim, de acordo com BULOS (2008), A
liberdade de expressar o pensamento, por atividade intelectual, artstica, cientfica e
de comunicao, compactua-se, com a democracia, implantada gide do Estado de
Direito, consagrado em 05 de outubro de 2008.15 Disto, depreende-se o entendimento
de que a censura quanto a possibilidade de exteriorizao de percepes na religio,
poltica, moral, artes, cincia, etc., totalmente intolervel.
Neste diapaso, Leyser afirma, A liberdade de manifestao de pensamento
nada mais do que um dos aspectos extremos da liberdade de opinio.16
Outrossim, embora a legislao nacional estabelea o princpio da Liberdade
de expresso, o Brasil signatrio de alguns Tratados Internacionais tambm neste
sentido. Atualmente, esses tratados so: Declarao Universal dos Direitos do
Homem, o Tratado Internacional de Chapultepec, a Declarao Americana Sobre
Direitos Humanos, a Carta Democrtica Interamericana e a Declarao de Princpios
sobre Liberdade de Expresso. Na legislao nacional, especificamente, podemos
observar a existncia dos crimes contra a honra, por exemplo, calnia, difamao e
injria. Estes crimes esto previstos tanto no Cdigo Penal Brasileiro, quanto na Lei
de Imprensa (Lei n 5.250 de 09 de Fevereiro de 1967).
Necessrio se faz esclarecer que o princpio da Liberdade de Expresso nem
sempre pleno, de forma que em algumas excees, sua aplicao torna-se
dependente de outras legislaes, e por consequncia, da aplicao legal dessas leis.
o caso, por exemplo, da Lei 7.170/83 (Lei de Segurana Nacional), Lei 7.192/86
15 BULOS, Uadi Lammgo. Constituio Federal Anotada. 8 ed. So Paulo: Saraiva, 2008. p. 144. 16 LEYSER, Maria Ftima Ramalho. Direito Liberdade de Imprensa. So Paulo: Juarez de Oliveira,
1999. p. 50.
14
(crimes contra o sistema financeiro nacional), alm da j acima referida, Lei de
Imprensa e o Cdigo Penal. Isto porque, podem ser considerados crimes a
propaganda de guerra, a veiculao de notcias falsas ou verdade incompleta que
incitem desconfiana sobre determinada instituio financeira, a divulgao de
segredo de Estado, entre outros.
Nesta seara, se h liberdade de expresso, se faz necessrio que haja um
direito de resposta. E por certo, na prpria Constituio Federal Brasileira h
dispositivos que o garantem, qual seja o inciso V do artigo 5. Na mesma linha, a Lei
5.250/67 (Lei de Imprensa) no captulo IV, artigos 29 a 36, que cuidam da liberdade
de manifestao do pensamento e da informao. O direito de resposta
fundamental, afinal, A liberdade de opinio, embora seja um direito consagrado nos
regimes democrticos, no pode ser agente de perturbao ou destruio social [...]17
de forma que assegurar a resposta evitar a perturbao e destruio dos laos entre
existentes na sociedade.
Ou seja, percebe-se que o princpio da Liberdade de Expresso quando da
sua previso na Lei Maior, apresenta-se como verdadeiro divisor de guas, uma
verdadeira conquista no s para a imprensa, que sofrera com a censura no perodo
da ditadura militar, mas principalmente a todos os cidados, que podem se expressar
de forma livre, exercendo a sua democracia.
Acesso a informao
Direito de informar e de ser informado. Sem dvidas essa mxima o que
mais bem define o princpio do acesso a informao. Conforme j fora exposto nos
tpicos anteriores do presente estudo, vivemos na sociedade da massa, e assim
sendo, informar e ser informado premissa bsica para o regular andamento deste
modelo de sociedade.
Juridicamente, poderamos dizer que Direito Informao o conjunto de
normas jurdicas que tm por objetivo a tutela, a regulamentao e a delimitao do
direito de obter e difundir ideias, opinies e fatos noticiveis18. Por outro lado, usando
de um conceito no to formal, elaborado por Albino Grecco, diramos que:
17 LEYSER, Maria Ftima Ramalho. Direito Liberdade de Imprensa. So Paulo: Juarez de Oliveira,
1999. p. 49. 18 Ren Ariel Dotti, Proteo da vida privada e da liberdade de informao. p. 181.
15
Por informao se entende o conhecimento dos fatos, de acontecimentos, de
situaes de interesse geral e particular que implica, do ponto de vista
jurdico, duas direes: a do direito de informar e a do direito de ser informado.
O mesmo dizer que a liberdade de informao compreende a liberdade de
informar e a liberdade de se informar. A primeira coincide com a liberdade de
manifestao do pensamento pela palavra, por escrito ou por qualquer outro
meio de difuso; a segunda indica o interesse sempre crescente da
coletividade para que tanto os indivduos como a comunidade estejam
informados para o exerccio consciente das liberdades pblicas.19
A Constituio Federal Brasileira de 1988, em seu artigo 5, inciso XXXIII,
assim determinou: todos tm direito a receber dos rgos pblicos informaes de
seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindvel segurana da sociedade e do Estado;. Ora, uma vez tratado como
direito de todo cidado, ante a previso da Lei Maior, compete, principalmente, ao
Estado a fiscalizao no sentido de cumprimento efetivo desta garantia constitucional.
claro que aqui no se encaixam apenas informaes referentes aos rgos
pblicos, por exemplo, mas sim a notcias de um modo geral, isto , com a inteno
de informar toda a populao, e porque no, de formar opinio do pblico receptor
dessas notcias. Dotti, j afirmava:
A liberdade de informao em senso lato compreende tanto a aquisio
como a comunicao de conhecimentos. Por preciso de nomenclatura
prope-se individualizar tal direito com a frmula: liberdade de expresso. A
ideia de uma liberdade de informao conexa s liberdades de opinio e de
expresso dos pensamentos, determina a preocupao em no conduzir
estas duas aspiraes e confrontos que possam trazer consequncias
drsticas para o desenvolvimento da cultura e da civilizao.20
E ainda vai mais alm:
O direito informao considerado tambm sob a perspectiva de um direito
notcia de um direito ao fato. A notcia pode ser definida como a relao de
conhecimento entre um sujeito e uma realidade (a manifestao, o fato, um
19 GRECCO, Albino. La libert di stampa nell ordenamento giuridico italiano. p. 38. 20 Idem. Pg. 157-8.
16
documento). o resultado de uma atividade informativa em cujo
desenvolvimento surge tal relao de conhecimento.21
De acordo com Silva na liberdade de informao jornalstica que se centra
a liberdade de informao, que assume caractersticas modernas, superadoras da
velha liberdade de imprensa. Nela se contra a liberdade de informar e nela ou
atravs dela que se realiza o direito coletivo informao, isto , a liberdade de ser
informado. Por isso, que a ordem jurdica lhes confere um regime especfico, que
lhe garanta a atuao e lhe coba os abusos22.
O grande problema se encontra na relativizao deste princpio. A
superexposio de determinados acontecimentos pode acabar prejudicando as
pessoas envolvidas naquele contexto. Especialmente, no Brasil, possvel observar
e analisar esse fenmeno nos casos de crimes de grande repercusso e comoo
social.
Geralmente nesses casos, a populao passa a buscar as informaes sobre
todos os atos praticados pelas autoridades e pelos ento acusados ou investigados,
e o que deveria ser sigiloso passa a ser amplamente divulgado pelos veculos de
comunicao pois aquele fato assumiu o patamar de interesse social.
Portanto, preciso ter uma certa cautela com a aplicabilidade ou no deste
princpio, sempre levando em conta a razoabilidade, o contexto e a proporcionalidade
da sua aplicao. De toda sorte, a populao tem a garantia constitucional de acesso
as informaes, por mais diversas que sejam. Contudo, no se pode banalizar tal
princpio sob pena de extrapolar os direitos conferidos na Carta Magna.
Presuno de inocncia
O princpio da Presuno de Inocncia no mbito jurdico brasileiro teve por
inspirao o direito Italiano, especificamente, o artigo 27.2 da Constituio Italiana de
1948, que assim tratava L'imputato non considerato colpevole sino alla condanna
definitiva.
Conforme se observa do prprio texto da Constituio Federal de 1988,
possvel notar uma imensa semelhana para com o texto da Constituio Italiana. O
21 GRECCO, Albino. Op. Cit. pg.169. 22 SILVA, Jos Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo, p. 239.
17
inciso LVII do artigo 5 da CF/88 dispe: ningum ser considerado culpado at o
trnsito em julgado da sentena penal condenatria;. de se observar, outrossim,
que este princpio no aparecia nas constituies federais brasileiras passadas de
forma expressa, muito embora seu objetivo fosse sanado pelo contraditrio e a ampla
defesa.
Ainda nesta linha, historicamente, Filho, aduz:
O princpio remonta o art. 9. da Declarao dos Direitos do Homem e do
Cidado proclamada em Paris em 26-8-1789 e que, por sua vez, deita razes
no movimento filosfico- humanitrio chamado Iluminismo, ou Sculo das
Luzes, que teve frente, dentre outros, o Marques de Beccaria, Voltaire e
Montesquieu, Rousseau. Foi um movimento de ruptura com a mentalidade
da poca, em que, alm das acusaes secretas e torturas, o acusado era
tido com objeto do processo e no tinha nenhuma garantia. Dizia Bercaria
que a perda da liberdade sendo j uma pena, esta s deve preceder a
condenao na estrita medida que a necessidade o exige (Dos delitos e das
penas, So Paulo, Atena Ed.,1954, p.106).
H mais de duzentos anos, ou, precisamente, no dia 26-8-1979, os franceses,
inspirados naquele movimento, dispuseram da referida Declarao que: Tout
homme tant prsum innocent jusqu cequil ait t dclar coupable; s il
est jug indispensable de I arrter, toute rigueur qui ne serait ncessaire
pours assurer de s persone, doit tre svrement reprime par la loi (Todo
homem sendo presumidamente inocente at que seja declerado culpado,
sefor indispensvel prend-lo, todo rigor que no seja necessrio para
assegurar sua pessoa deve ser severamente reprimido pela lei).
Mais tarde, em 10-12-1948, a Assemblia das Naes Unidas, reunida em
Paris, repetia essa mesma proclamao.
A est o princpio: enquanto no definitivamente condenado, presume-se o
ru inocente23
Destarte, o princpio da presuno de inocncia poderia ser aplicado com
outros princpios elencados pela Lei Maior, quais sejam, o do devido processo legal,
im dubio pro reu, nulla poena sine culpa e o contraditrio e ampla defesa. Nada mais
do que a presena do Estado Democrtico de Direito.
Para Giuseppe Sabatini,
23 TOURINHO FILHO, 2009, p. 29-30.
18
A presuno de inocncia representa o consagrado ditame constitucional do
favor libertis, e a situao de dvida, originria do processo, no se desfaz
seno com a sentena transitada em julgado. Essa situao, no mbito do
processo penal faz persistir a presuno de inocncia at quando a dvida
seja desfeita pelo juiz.24
Com efeito, pode-se dizer que o acusado permanecer considerado
inocente at que passe em julgado a sentena penal que o condenar. Ocorre que,
nem sempre isto observado. O que se observa hoje, muito pelo contrrio, que o
acusado considerado culpado, pela mdia e pela sociedade, antes mesmo da
existncia de qualquer processo sobre o fato, por exemplo, ainda quando s h o
inqurito policial, que deveria ser sigiloso e acaba sendo revelado a todos.
Isto , a aplicabilidade deste princpio fundamental de maneira a
garantir o tratamento digno ao acusado, evitando que o prejulgamento de um caso,
por parte da sociedade, venha a causar prejuzos e constrangimentos quele. No
mbito jurdico, fundamental para que o acusado no venha a ser punido
antecipadamente. Por fim, o princpio ainda pode ser aplicado quando necessrio a
priso cautelar do acusado, que se d antes do transito em julgado da sentena
condenatria. Cabe lembrar que este ltimo caso medida excepcional em que s
admitida quando a liberdade do acusado poder influenciar no andamento do
processo e, ainda, para ser deferida necessria a presena do fumus boni iuris e o
periculum in mora.
Desta forma, possvel concluir que somente se pode auferir a culpa a
um indivduo aps o transito em julgado da sentena penal condenatria. O objetivo
sempre na linha do in dubio pro reu, sendo imprescindvel garantir, principalmente, a
liberdade daquele, devendo ser tratado como inocente at o final da ao penal. No
se trata de simples favorecimento aos acusados, mas sim uma proteo aos inocentes
que respondem uma ao penal injustamente.
Direito a intimidade
Atualmente, muito difcil encontrar um conceito capaz de exprimir a ideia de
intimidade, o que poderia ser abrangido por este conceito e o que ficaria de fora dele.
Assim:
24 SABATINI, Giuseppe. Principii costituzionalli del processo penale. Napoli, Jovene, 1976. p. 49.
19
Temos que encar-lo como um fenmeno scio psquico, em que os valores
vigentes em cada poca e lugar exercem influncia significativa sobre o
indivduo, que em razo desses mesmos valores sente a necessidade de
resguardar do conhecimento das outras pessoas aspectos mais particulares
da sua vida.25
Ou seja, a partir desta ideia possvel observar que o direito intimidade
sempre atual, pois com o passar dos tempos a prpria evoluo se encarrega de
transformar automaticamente paradigmas do que se pretende manter em foro ntimo,
do que se compartilha com o resto da sociedade.
Da mesma forma, imprescindvel o entendimento do conceito de vida
privada, muito difcil de ser definido. Rene Arial Dotti (1980) assim o define:
Genericamente, a vida privada abrange todos os aspectos que por qualquer
razo no gostaramos de ver cair no domnio pblico; tudo que no deve
ser objeto do direito informao nem da curiosidade da sociedade moderna
que, para tanto, conta com aparelhos altamente sofisticados.26
A partir disso possvel observar que as definies de intimidade e de vida
privada, apesar de muito parecidas, no podem ser confundidas, mas sim analisadas
como um conjunto, paralelamente, pois ambos os conceitos so conexos.
A nossa Carta Magna, em seu artigo 5, inciso X, aduz que So inviolveis
a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito
a indenizao pelo dano material ou moral decorrente da sua violao. A possvel
notar a importncia da pequena diferenciao entre a intimidade e a vida privada, bem
como a necessidade de interpretao conexa dos mesmos a fim de que se possa
reconhecer a autonomia dos dois institutos. Por bvio, a principal inteno do
constituinte foi a de preservao da cidadania do indivduo, alm da defesa do Estado
Democrtico de Direito, protegendo o mesmo de eventuais ataques esta esfera
demasiadamente importante.
Na seara cvel, o direito intimidade aparece como direito da personalidade,
estritamente ligado ao prprio homem. Se apresenta como um direito subjetivo
absoluto, pois plenamente exercvel e que produz efeito erga omnes. Ainda nesse
25 SILVA, Edson Ferreira. Direito intimidade. 2 ed. So Paulo: Juarez de Oliveira, 2003. p. 41. 26 Dotti, Rene Ariel. Proteo da vida privada e liberdade de informao. So Paulo: Revista dos
Tribunais, 1980. p. 71.
20
sentido, o Cdigo Civil de 2002, em seu artigo 21 assim determina A vida privada da
pessoa natural inviolvel, e o juiz, a requerimento do interessado, adotar as
providencias necessrias para impedir ou fazer cessar ato contrrio a esta norma.
Dada a importncia a proteo a intimidade e a vida privada do indivduo,
somente poderia se admitir que tais institutos fossem feridos, quando o fato a ser
transmitido for de relevncia pblica. Para tanto, se aplicaria os princpios do acesso
a informao e da liberdade de expresso, ambos j apresentados nos tpicos
anteriores do presente estudo. Portanto, nota-se uma coliso de princpios na inteno
de apurar o que do interesse da sociedade e o que interesse apenas do indivduo.
A grande questo, no entanto, at que ponto esta coliso acontece de forma
proporcional ou no, pois, no se pode admitir que alguma parte saia lesada nesta
relao.
Jnatas Machado apresenta a teoria segundo a qual o direito privacidade
deve ser protegido, no seu contedo essencial, mesmo quando se trate de pessoas
extrovertidas e figuras pblicas em locais pblicos, particularmente num contexto
tecnolgico de muito fcil captao de imagens e sons. No por acaso que
constitucionalistas vm adotando a citada teoria, afirmando que os direitos da
personalidade configuram limites constitucionalmente imanentes das liberdades de
comunicao e vice-versa.27
Portanto, afirma-se que embora parecidos, os conceitos de intimidade e vida
privada so diferentes um do outro, mas demasiadamente importante que sua
interpretao se de forma conexa. Outrossim, embora vivamos na era da
comunicao em massa e da grande exposio pessoal, principalmente em razo dos
meios de comunicao e redes sociais, necessrio que se proteja ambos os
institutos, sob pena de se ver ferido o princpio da dignidade da pessoa humana, o
qual origina toda proteo com relao ao indivduo. Por fim, preciso analisar at
que ponto a exposio de fatos do indivduo e da vida privada pode ser contraposto
com base nos princpios do acesso a informao e a liberdade de expresso.
O fenmeno da comercializao do crime e a manipulao das notcias
27 MARQUES, Andra Neves Gonzaga. Liberdade de expresso e a coliso entre direitos fundamentais. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 2010, p. 110.
21
O avano da tecnologia implicou em inmeras alteraes no fenmeno da
comunicao. Atualmente, possvel notar que a sociedade se interessa cada vez
mais em acompanhar os desfechos e investigaes de crimes que seriam
considerados de comoo social e que carregam este ttulo pela brutalidade e frieza
da sua persecuo, ou que assim se tornaram dada a distoro e produo de notcias
sensacionalistas por parte da mdia.
Em nossos tempos, a rea de maior desenvolvimento comercial e industrial
a rea da comunicao.28 Isto porque, vive-se na sociedade da massa, a internet
proporciona acesso rpido, em tempo real, a assuntos que so do interesse social.
Ocorre que, como dito anteriormente, o cidado passou a se interessar pelo
acompanhamento de crimes que so considerados de comoo social, muitas vezes
ttulo atribudo pela prpria mdia. Assim, os veculos de informao se aproveitam
deste interesse, originando o fenmeno da comercializao do crime e as
consequentes notcias deste que passam a ser o centro das atenes por um
determinado perodo de tempo, caindo, posteriormente, no esquecimento da
populao.
Nos sutis meandros dos conflitos de poder, se a informao farta, corre
tambm o risco de ser manipulada.29 Isto , a busca por entregar a notcia em primeira
mo, somado ao fato de que esta deve ser divulgada de maneira atraente aos olhos
do pblico, so fatores que levam a manipulao e distoro dos fatos.
Como todos os produtos comerciais a informao fabricada. Diversas
pessoas se envolvem na sua preparao. Alguns so profissionais da
comunicao assessores de imprensa, consultores e outros, mais
numerosos, no so especialistas juzes, policiais, diretores de empresas,
polticos, diplomatas, militares.30
certo que mdia no pode ficar alheia aos fatos ocorrentes na sociedade,
sendo seu dever transmitir estes fatos. O problema comea quando esta exposio
passa a ocorrer de maneira sensacionalista, objetivando impressionar o receptor da
notcia, at mesmo visando tocar os sentimentos destes.
28 FISCHER, Desmond. O Direito de comunicar. Expresso, informao e liberdade. So Paulo:
Brasiliense, 1984. p. 12. 29 MAMOU, Yves. A culpa da imprensa. Ensaio sobre a fabricao da informao. So Paulo: Marco
Zero, 1992. p. 08. 30 Idem. p. 09.
22
Segundo Vieira:
A notcia que interfere na opinio pblica capaz de sensibilizar o leitor
ouvinte ou telespectador. Ela intensa, ela produz impacto que fortalece a
informao. O redator da notcia transforma o ato comum em sensacional,
cria um clima de tenso por meio de ttulos e imagens fortes, contundentes,
que atingem e condicional a opinio pblica.31
H quem diga que em casos de comoo social, o princpio do devido
processo penal esquecido, deixado de lado, dando lugar ao princpio do devido
processo miditico. E aqui a questo no se restringe apenas a imprensa, delegados,
promotores e juzes nunca se expuseram tanto em entrevistas coletivas como nos
tempos atuais, afinal, nos perodos de forte tenso social, os meios de comunicao
sempre acabam por desempenhar um papel.32
Neste sentido, Angrimani desenvolveu um perfil para traar o meio de
comunicao sensacionalista:
O meio de comunio sensacionalista se assemelha a um neurtico
obsessivo, um ego que deseja dar vazo a mltiplas aes transgressoras
que busca satisfao no fetichismo, voyeurismo, sadomasoquismo, coprofilia,
incesto, pedofilia, necrofilia ao mesmo tempo em que reprimido por um
superego cruel e implacvel. nesse pndulo (transgresso-punio) que o
sensacionalismo se apoia. A mensagem sensacionalista , ao mesmo tempo,
imoral-moralista e no limita com rigor o domnio da realidade e da
representao.33
H que se observar que nesses casos nem mesmo a questo do sigilo desses
processos respeitado. Inclusive, antes mesmo da existncia da ao penal,
propriamente dita, ainda na fase do inqurito policial esse princpio vem sendo
quebrado com a ampla divulgao de informaes l constantes.
A notcia do crime comercializada como um produto, com valor comercial, fere
at mesmo o princpio da dignidade da pessoa humana, a partir do momento em que
31 VIEIRA, Ana Lcia Menezes. Processo Penal e Mdia. So Paulo: Revistas dos Tribunais, 2003. p.
54 32 MAMOU, Yves. A culpa da imprensa. Ensaio sobre a fabricao da informao. So Paulo: Marco
Zero, 1992. p. 21. 33 ANGRIMANI SOBRINHO, Danilo. Espreme que sai sangue: um estudo do sensacionalismo na
imprensa. So Paulo: Summus, 1995. p. 17.
23
a imprensa explora para tanto o choro da vtima ou o uso desnecessrio das algemas
no ru, porque sim, neste espetculo que se produz, ambas as partes so exploradas.
Ora, a priso necessria como meio coercitivo, fundamental, mas no pode ser
um produto a venda leiloado aos jornais, a TV, internet.
Os prprios rgos do Estado, que deveriam atuar de maneira equilibrada,
cautelosa, reservada, se apresentam como pop stars perante a sociedade nesses
casos, e mais, assim o querem, no a mdia que os coloca como tal, so os prprios
rgos que assim se impe. Essa necessidade de apario acaba por gerar uma
espcie de competio entre esses rgos estatais na inteno de demonstrar que
uns so melhores que os outros, uma verdadeira mquina de vaidade, que leva ao
esquecimento os fins a que realmente se destinam.
Aqui observamos a grande confuso que todos esses fatos podem gerar no
pensamento do pblico que recebe/adquire este produto. Passeti e Silva aduzem:
O imaginrio popular, com efeitos, impulsionado por notcias e interpretaes
tendenciosas dos meios de comunicao escrita e falada, v na priso o instrumento
de vingana legtima do Estado e da recuperao do apenado.34
Nesta seara, afirma-se que o fenmeno da comercializao da notcia e do
crime tem influenciado, alm de toda populao, at mesmo os rgos estatais que
deveriam agir com zelo e de maneira cautelosa e reservada. Ou seja, a mdia capaz
de influenciar facilmente o processo penal, conforme se estudar a seguir.
A influncia da mdia nas decises
Conforme estudado no tpico anterior, a mdia tem divulgado amplamente
casos de comoo social, assumindo um papel no mbito do processo penal, ou seja,
alm de influenciar a populao receptora das notcias, acaba por influenciar, atravs
da presso que capaz de exercer at mesmo o juiz no momento da prolao da
sentena penal condenatria.
No faltam exemplos de casos extremamente parecidos, isto , o modus
operandi ou tipo legal, em que as sentenas condenatrias prolatadas foram
extremamente diferentes no quesito dosimetria, justamente pelo fato de um deles ser
34 PASSETI, Edson, SILVA, Roberto Baptista da. Conversaes Abololicionistas: uma crtica do sistema
penal e da sociedade punitiva. So Paulo: IBCrim, 1997. Regras editoriais da Central Globo de Jornalismo. p. 141.
24
amplamente divulgado pelos meios de comunicao e o outro correr sob sigilo,
afastado das lentes das cmeras, da superexposio e do olhar atento da sociedade.
Essa ideia vai de encontro aos julgamentos de conscincia, mas este problema ser
tema de estudo do prximo tpico.
fato que sempre houve, e continuar existindo, uma grande tenso
constitucional entre a liberdade de informao e de expresso e os direitos da
personalidade. Neste sentido, o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Menezes
Direito, em seu voto na ADPF 130/ DF (Arguio de Descumprimento de Preceito
Fundamental), entendeu que
Quando se tem um conflito possvel entre a liberdade e sua restrio deve-se
defender a liberdade. O preo do silncio para a sade institucional dos povos
muito mais alto do que o preo da livre circulao das ideias.35
H de se concordar em parte com tal ideia, afinal, no se pode admitir que
sob o prisma da liberdade de expresso a imprensa continue cometendo os excessos
que se percebe atualmente, principalmente no mbito do processo penal. Ora,
influenciar decises e noticiar notcias caluniosas est totalmente contra os preceitos
constitucionais elencados na Carta Maior, e mais, uma verdadeira afronta ao Estado
Democrtico de Direito em que vivemos.
Outrossim, para Batista, a mdia transparece sociedade a ideia de que a
pena a soluo para a criminalidade, e esta, acaba por acreditar neste ideal absurdo,
se no veja-se:
O novo credo criminolgico da mdia tem seu ncleo irradiador na prpria
ideia de pena: antes de mais nada, crem na pena como rito sagrado de
soluo de conflitos. Pouco importa o fundamento legitimante: se na
universidade um retribucionista e um preventista sistmico podem
desentender-se, na mdia complementam-se harmoniosamente. No h
debate, no h atrito: todo e qualquer discurso legitimante da pena bem
aceito e imediatamente incorporado massa argumentativa dos editoriais e
das crnicas. Pouco importa o fracasso histrico real de todos os
preventinismos capazes de serem submetidos constatao emprica, como
35 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Arguio de Descumprimento de Preceito Fundamental 130 /
DF. Relator: BRITTO, Carlos. Julgado em 01.04.2009. P. 91. Disponvel em http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=605411. Acesso em 11 de nov. de 2014.
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=605411
25
pouco importa o fato de um retribucionismo puro, se que existiu, no passar
de um ato de f.36
Este entendimento por parte da mdia o preferido pelo senso comum, afinal,
a priso dos criminosos a melhor forma de afast-los do convvio com o restante
da sociedade. O que chama ateno que o discurso miditico condena sem provas,
influencia sem argumentos e esta sim a conduta que deveria ser repudiada pela
sociedade, que na maioria das vezes nem percebe que est sendo corrompida.
O que falar de um programa televisivo que brinca de perito forense
reproduzindo cenas do suposto crime ocorrido? E aquele que, ao vivo, entrevista um
sequestrador e a vtima na mesma linha telefnica utilizada pelos negociadores da
polcia? No possvel observar outra inteno alm daquela de produzir e vender
esse espetculo, influenciando a opinio pblica. o tipo de interveno
desnecessria, que no ajuda e s atrapalha.
Levando em considerao esses aspectos, fato notrio que a mdia traz
consigo o poder de influenciar a sociedade e at mesmo o julgamento de um caso.
Reproduz assim um verdadeiro espetculo de comercializao do crime. No entanto,
imprescindvel a necessidade de anlise dessas alegaes sob pena de o interesse
miditico se sobrepor busca pela verdade, produo da prova e a consequente
elucidao dos fatos.
O problema das decises de conscincia
Especialmente quando os casos a serem decididos esto sob o enfoque da
mdia, muito comum nos depararmos como uma deciso de conscincia no caso
concreto. Isto , o julgador deixa de lado seu lado racional para tentar, por meio de
seu julgamento, demonstrar sociedade que a justia est sendo cumprida. No
entanto, precisamos nos questionar at que ponto essas decises so relevantes.
Dias, assim entende por deciso de conscincia:
A deciso de conscincia uma deciso tomada por dever (moral), por
respeito lei prtica e consiste no em enunciados gerais mas no juzo de
dever relativamente s possibilidades concretas de conduta. essa
36 BATISTA, Nilo. Mdia e sistema penal no Capitalismo Tardio. Disponvel em: http://www.bocc.ubi.pt.
Acesso em 11 de nov. de 2014. p. 03-04.
http://www.bocc.ubi.pt/
26
assuno do imperativo na conscincia e no o evento produzido que h-de
sindicar-se racionalmente. O que submetido ao discurso moral que o
indivduo decidiu fazer e com base no qual se prope actuar. Perante cada
situao a conscincia dita o que deve fazer-se ou omitir-se de acordo com
os princpios ticos assinalados que asseguram deciso tomada uma
natureza moral.37
sabido que a conscincia do julgador importante no momento do
julgamento, afinal, a aplicao da letra morta da lei no sinnimo de justia. Neste
sentido, Calamandrei aduz que no basta que os magistrados conheam com
perfeio as leis tais como so escritas; seria necessrio que conhecessem
igualmente a sociedade em que essas leis devem viver38. Isto , o juiz que usa a
conscincia para julgar estaria demonstrando a sua preocupao para com a
sociedade, buscando o caminho mais justo.
Quando da aplicao da lei ao caso concreto, no poder se afastar o juiz,
nem frustar, nem tergiversar com o princpio fundamental que lhe impe
assegurar a igualdade de maneira efetiva e no formal com o objetivo de
erradicar a pobreza e construir uma sociedade livre, justa e solidria. (...) O
juiz j no pode ser o inflexvel aplicador da letra de uma lei estratificada, mas
algum provido de conscincia a respeito das consequncias concretas de
sua deciso. O juiz no apenas conhece da demanda, mas atua no sentido
de realizar o justo.39
A partir disto possvel observar a importncia do papel social do juiz perante
a sociedade, papel este que discutido amplamente pela doutrina e que se mostra de
extrema importncia efetivao da justia, pois, unanime a ideia de que o
julgamento justo quando o juiz cumpre, alm da lei, a sua prpria conduta social.
O problema das decises de conscincia se inicia no momento em que os
valores levados em considerao extrapolam os limites positivos chocando-se
diretamente com os valores, traumas, preconceitos do prprio indivduo que est
37 DIAS, Augusto Silva. A relevncia jurdico penal das decises de conscincia. Coimbra: Almedina,
1986. p. 55. 38 CALAMANDREI, Piero. Eles, os juzes, vistos por um advogado. So Paulo: Martins Fontes, 1995.
p. 183. 39 NALINI, Jos Renato. O juiz e o acesso justia. 2. ed., rev., atual. e ampl. So Paulo: Revista dos
Tribunais, 2000. p. 117.
27
julgando. Streck, notvel jurista gacho, afirma que as decises judiciais no devem
ser tomadas a partir de critrios pessoais, e vai mais alm:
Estar compromissado apenas com a sua conscincia passa a ser o elemento
que sustenta o imaginrio de parcela considervel dos magistrados
brasileiros, o que se pode perceber em pronunciamento do ento Presidente
do Superior Tribunal de Justia, Min. Costa Leite, respondendo a uma
indagao sobre o racionamento de energia eltrica que atingia o pas, no
sentido de que, no momento de proferir a deciso (caso concreto), o juiz no
se subordina a ningum, seno Lei e sua conscincia, assim como
importante deciso do mesmo Tribunal em sede de Habeas Corpus: Em face
do princpio do livre convencimento motivado ou da persuaso racional, o
Magistrado, no exerccio de sua funo judicante, no estar adstrito a
qualquer critrio de apreciao das provas carreadas aos autos, podendo
valor-las como sua conscincia indicar, uma vez que soberano dos
elementos probatrios apresentados. (...) A pergunta que se pe : onde
ficam a tradio, a coerncia e a integridade do direito? Cada deciso parte
(ou estabelece) um grau zero de sentido?40
Isto , pode-se concluir que apesar da boa vontade do julgador, bem como, a
necessidade do cumprimento das suas obrigaes de carter social, no se pode
admitir que as decises de conscincia se tornem preceitos jurdicos, isto , o julgador
pode levar em considerao a sua conscincia, o que no pode ocorrer sobrep-la
aos valores do ordenamento jurdico vigente, sobretudo, levando em conta a
Constituio Federal.
6. METODOLOGIA E MTODO
O presente trabalho ter como metodologia a reviso bibliogrfica tradicional,
buscando-se, a partir da doutrina existente no ramo do Direito Penal, Constitucional e
da prpria publicidade, o conhecimento disponvel, discutindo e analisando as teorias
existentes, a fim de esclarecer da melhor maneira o tema proposto. Para que se possa
40 STRECK, Lnio Luis. O que isto... p. 26.
28
atingir este objetivo, o mtodo utilizado ser o dedutivo, que segundo Lakatos tem o
propsito de explicitar o contedo das premissas41
Num primeiro momento, ser apresentada a evoluo da mdia dentro do
cenrio brasileiro, por meio do mtodo de procedimento histrico que consiste em
investigar acontecimentos, processos e instituies do passado para verificar sua
influncia na sociedade de hoje42. Para tanto, sero conceituadas diversas teorias
que a anos so estudas e levadas em considerao para a produo de uma notcia.
A seguir, ser apresentado um estudo sobre os princpios fundamentais e
demais que se aplicam ao tema, igualmente importantes, os quais encontram-se
elencados na Constituio Federal de 1988, possibilitando uma anlise a fundo das
principais diferenas entre eles e a aplicabilidade, ou inaplicabilidade, conforme cada
situao, no caso concreto. Neste momento, tambm ser imprescindvel uma anlise
a respeito das prerrogativas do advogado, que em alguns casos no so cumpridas
em relao a estes, mas so inversamente permitidas imprensa.
Por fim, a delimitao do tema ser investigada, ou seja, a comercializao
do crime por parte da mdia e a influncia desse fenmeno no processo penal
brasileiro, momento em que sero apresentados subsdios que corroboram
existncia deste fenmeno, atravs de doutrinas e exemplos concretos, utilizando-se
do mtodo dedutivo, ao mesmo tempo que ser apresentada uma soluo ao
problema, empregando-se uma cadeia principiolgica em conjunto com os institutos
processuais correspondentes.
41 LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Metodologia cientfica. Cincia do
conhecimento cientifico, mtodos, teoria, hipteses e variveis. Metodologia Jurdica. 3. ed. So Paulo: Atlas, 2000. p. 64.
42 Idem. p. 91.
29
7. CRONOGRAMA
ATIVIDADES MARO ABRIL MAIO JUNHO
1 CAPTULO X
2 CAPTULO X
3 CAPTULO X X
REVISO X
DEFESA DA MONOGRAFIA
X
ENTREGA DO CD COM MONO I E II
X
8. REFERNCIAS
ANGRIMANI SOBRINHO, Danilo. Espreme que sai sangue: um estudo do
sensacionalismo na imprensa. So Paulo: Summus, 1995.
BATISTA, Nilo. Mdia e sistema penal no Capitalismo Tardio. Disponvel em:
http://www.bocc.ubi.pt. Acesso em 11 de nov. de 2014.
BOURDIEU, P. Sobre a televiso. seguido de a influncia do jornalismo e os jogos
olmpicos. Traduo Lcia Machado. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Arguio de Descumprimento de Preceito
Fundamental 130 / DF. Relator: BRITTO, Carlos. Julgado em 01.04.2009. P. 91.
Disponvel em
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=605411. Acesso
em 11 de nov. de 2014.
BULOS, Uadi Lammgo. Constituio Federal Anotada. 8 ed. So Paulo: Saraiva,
2008.
CALAMANDREI, Piero. Eles, os juzes, vistos por um advogado. So Paulo: Martins
Fontes, 1995.
http://www.bocc.ubi.pt/http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=605411
30
DIAS, Augusto Silva. A relevncia jurdico penal das decises de conscincia.
Coimbra: Almedina, 1986.
DOTTI, Ren Ariel. Proteo da vida privada e liberdade de informao. So Paulo:
Revista dos Tribunais, 1990.
FISCHER, Desmond. O Direito de comunicar. Expresso, informao e liberdade. So
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GRECCO, A. La libert di stampa nellordinamento giuridico italiano. Roma: Bulzioni,
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LEYSER, Maria Ftima Ramalho. Direito Liberdade de Imprensa. So Paulo: Juarez
de Oliveira, 1999.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Metodologia cientfica. Cincia
do conhecimento cientifico, mtodos, teoria, hipteses e variveis. Metodologia
Jurdica. 3. ed. So Paulo: Atlas, 2000.
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crtica do sistema penal e da sociedade punitiva. So Paulo: IBCrim, 1997. Regras
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STRECK, Lnio Luiz. O que isto decido conforme minha conscincia? Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2010.
31
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Paulo: Saraiva, 2009.
VIEIRA, Ana Lcia Menezes. Processo Penal e Mdia. So Paulo: Revistas dos
Tribunais, 2003.
WOLF, Mauro. Teorias da Comunicao. 8. ed. Lisboa: Editorial Presena, 2003.
WOLTON, Dominique. Informar no comunicar. Porto Alegre: Meridional/Sulina,
2010.
9. PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVISRIO
1. MDIA: HISTORICIDADE
1.1 Origem e evoluo;
1.2 Teorias Miditicas;
1.3 O poder de formao de opinio;
1.4 Comunicar x Informar.
2. A CONSTITUIO FEDERAL BRASILEIRA E OS PRINCPIOS
FUNDAMENTAIS
2.1 Liberdade de expresso;
2.2 Acesso a informao;
2.3 Presuno de inocncia;
2.4 Direito a intimidade;
2.5 Devido processo legal;
3. MDIA E PROCESSO PENAL
3.1 O fenmeno da comercializao do crime e a manipulao das notcias;
3.2 Mdia e as prerrogativas do advogado;
3.3 A influncia da mdia nas decises;
3.4 O Problema das decises de conscincia.